Buscar

APS 1 Direito Constitucional II

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA – UNISUAM
ALUNA:
ISABELE BRANDÃO FARIAS DE ARRUDA 
MARIANA DE ABREU BRITO 
WINNETON LIMA 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA
Rio de Janeiro
2020
ISABELE BRANDÃO FARIAS DE ARRUDA – MATRÍCULA: 18102651
MARIANA DE ABREU BRITO - MATRÍCULA: 18102434
WINNETON LIMA – MATRÍCULA: 19103869
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA
Trabalho apresentado na forma de Atividade Prática Supervisionada (APS), como formação parcial de nota na disciplina Direito Constitucional II, ministrada pelo professor Adinan Rodrigues da Silveira, em 2020.2.
Rio de Janeiro
2020
A imunidade parlamentar está previsto em nossa Constituição Federal do artigo 53 a 56, com a redação dada pela Emenda Constitucional n.35/2001. É nada mais que uma prerrogativa inerente a função, são aquelas que se referem à prisão, ao processo e a prerrogativa de foro. Com isso, o parlamentar é impedido de ser processado. Contudo, dentro de uma regra de expedição de diploma, onde estabelece uma relação jurídica e o parlamentar e o seu eleitorado, dando inicio a fase inicial.
Dentro do mesmo contexto, podemos dividir a imunidade em material e formal. A primeira refere-se à liberdade que o parlamentar possui de se expressar, podendo elucidar suas opiniões, palavras e votos. Já a segunda será analisada de duas formas, em âmbito processual e prisional. Entretanto, devemos ter atenção que essa imunidade não alcança os crimes praticados pelo parlamentar fora do mandato, pois abrange apenas a responsabilidade penal, civil, disciplinar ou politica.
A imunidade formal como já vimos antes, apresentar duas formas de analise, a processual e a prisional, sendo que a processual, é apenas estabelecida em crimes cometidos após a diplomação, o que ocorre é que por iniciativa de partido politico e pela maioria dos votos absolutos de seus membros, possam sustentar o andamento da ação até a decisão final, e a imunidade formal que parte para o lado prisional, estabelece que os parlamentares não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, e como o conceito de José Afonso da Silva sobre a imunidade processual e prisional: “quanto a prisão, estatui-se que, salvo flagrante de crime inafiançável, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos dentro do período que vai desde de a sua diplomação até o encerramento definitivo de seu mandato por qualquer motivo, incluindo a não relação. Podem, pois, ser presos nos casos de flagrante de crime inafiançável, mas, os autos serão remetidos, dentro de 24 horas, à Câmara respectiva, para que, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, resolva sobre a prisão.” [1] 
O mandato parlamentar é um título que se dá a uma determinada pessoa, que é escolhida por votação popular para realizar prerrogativas constitucionalmente reconhecidas, visando uma autonomia e plenitude no mandato do titular. Pode ocorrer a perda do mandato por alguns motivos, porém como uma medida excepcional, ocorrendo apenas nos casos com estritos termos que são previstos pela CRFB, e a doutrina estabelece que a perda do mandato possui 2 formas possíveis, sendo a cassação, que ocorre quando o titular do mandato comete uma falta funcional, levando a perda do mandato onde a sanção é a cassação, e esta perda é decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senador Federal; e a extinção ou vacância do cargo que ocorre quando não há mais possibilidade de investidura no cargo, sendo uma situação definitiva a qual não há mais possibilidade de gerar sucessão do cargo, como casos em que há a morte, a renúncia do titular do cargo ou a falta de sessões legislativas. Há também outras hipóteses para a perda do mandato, como descreve o art. 55, inciso I da Constituição Federal, como a falta de 1/3 das sessões ordinárias, falta de decoro, perda ou suspensão dos direitos políticos, quando a Justiça Eleitoral decretar ou sofrer uma condenação criminal em sentença penal transitada em julgado, ocupação de cargos ou funções que sejam demissíveis, ser titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo, aceitar ou exercer um cargo, função ou emprego remunerado em empresas públicas, sociedades de serviços públicos e a quebra de qualquer regra prevista em lei que infrinja o descrito para a capacidade do cargo na qual o candidato se elegeu. 
A imunidade formal processual pode ser exemplificada em alguns casos que ocorreram atualmente, como no caso do pedido de impeachment do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, pelo fato haver uma denuncia de facilidades e privilégios oferecidos por Crivella a um grupo de evangélicos durante uma reunião privada no Palácio da Cidade, sede do governo, e assim houve um desrespeito a dignidade e ao decoro do cargo, exercendo funções além das que são permitidas no seu cargo e oferecendo privilégios quebrando a impessoalidade e ética que um prefeito deve obter no cargo, sendo este crime de responsabilidade dando lastro a cassação do mandato por quebra de decoro e falta de ética. E como a imunidade formal dispõe, o prefeito já possui sua diplomação, por tanto, não pode ser preso devido ao foro privilegiado, mas ocorrendo o crime, cabe a Câmara a resolução do caso, neste caso, a Procuradoria da Câmara definiu que para haver a cassação do mandato do Prefeito para ocorrer o impeachment, seria necessário a maioria simples dos votos, no caso a metade mais um dos votos dos vereadores presentes para que fosse realizado a um eventual processo de impeachment, sendo o quórum mínimo para abertura de uma sessão de 26 parlamentares. O Supremo Tribunal Federal possui uma ementa que prevê um caso de analise do rito de impeachment de Presidente de um Presidente da República: 
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. PROCESSO DE IMPEACHMENT. DEFINIÇÃO DA LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO RITO PREVISTO NA LEI Nº 1.079/1950. ADOÇÃO, COMO LINHA GERAL, DAS MESMAS REGRAS SEGUIDAS EM 1992. CABIMENTO DA AÇÃO E CONCESSÃO PARCIAL DE MEDIDAS CAUTELARES. CONVERSÃO EM JULGAMENTO DEFINITIVO. I. CABIMENTO DA ADPF E DAS MEDIDAS CAUTELARES INCIDENTAIS 1. A presente ação tem por objeto central analisar a compatibilidade do rito de impeachment de Presidente da República previsto na Lei nº 1.079/1950 com a Constituição de 1988. A ação é cabível, mesmo se considerarmos que requer, indiretamente, a declaração de inconstitucionalidade de norma posterior à Constituição e que pretende superar omissão parcial inconstitucional. Fungibilidade das ações diretas que se prestam a viabilizar o controle de constitucionalidade abstrato e em tese. Atendimento ao requisito da subsidiariedade, tendo em vista que somente a apreciação cumulativa de tais pedidos é capaz de assegurar o amplo esclarecimento do rito do impeachment por parte do STF. 2. A cautelar incidental requerida diz respeito à forma de votação (secreta ou aberta) e ao tipo de candidatura (indicação pelo líder ou candidatura avulsa) dos membros da Comissão Especial na Câmara dos Deputados. A formação da referida Comissão foi questionada na inicial, ainda que sob outro prisma. Interpretação da inicial de modo a conferir maior efetividade ao pronunciamento judicial. Pedido cautelar incidental que pode ser recebido, inclusive, como aditamento à inicial. Inocorrência de violação ao princípio do juiz natural, pois a ADPF foi à livre distribuição e os pedidos da cautelar incidental são abrangidos pelos pleitos da inicial. II. MÉRITO: DELIBERAÇÕES POR MAIORIA.
(ADPF 378 MC, Relator(a):  Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão:  Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-043 DIVULG 07-03-2016 PUBLIC 08-03-2016) [2]
Outro caso para exemplificação da imunidade parlamentar é o caso da Deputada Federal Flordelis que é acusada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro pelo assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, no final de Agosto de 2020 ocorreu a acusação, e em Junho de 2020 a execução a tiros do pastor, e que a versão dada pela mulher de Anderson foi que houveum assalto, e a polícia descreveu no primeiro momento como um latrocínio, sendo o roubo seguido de morte, porém após a denuncia do MPRJ, houve outra investigação em que teve indícios da participação da deputada como mandante do crime e em depoimento um de seus filhos revelou que seus 2 filhos, um biológico e outro adotivo, sendo o biológico o assassino e o adotivo cumplice pela compra da arma utilizada no crime, teriam participado do esquema comandado pela mãe para executar o pai. 
Neste caso por ser Deputada Federal, Flordelis responderá aos crimes no qual foi acusada, porém, como neste caso o crime não ocorreu nem antes da posse, nem em flagrante, ela possui o respaldo da Constituição Federal para responder em liberdade estas acusações, só podendo ser presa se houver a cassação de seu mandato. Neste caso, a Deputada não está em liberdade pelo foro privilegiado e sim pela imunidade parlamentar, pois o foro privilegiado é o direito de ser julgado por instâncias judiciais superiores e é quando há prerrogativa de função, portanto é decorrente a crimes decorrentes a sua função, e neste caso foi um crime comum, porém pelo cargo há a imunidade parlamentar para que responda em liberdade podendo exercer sua função.
Outro caso é do Ministério Público do Rio de Janeiro que aponta o senador Flávio Bolsonaro, como chefe de uma organização criminosa que atuou no período de quando ainda era deputado da Assembleia Legislativa do estado.
O esquema de ‘rachadinha’, teve uma estimativa de movimentação de cerca de R$ 2,3 milhões, no qual o salário que os funcionários do Flávio recebiam na Alerj, era devolvido certa parte. De acordo com a investigação, o dinheiro era aplicado em uma loja de chocolates, com o objetivo de lavar o dinheiro. A loja foi alvo de busca e apreensão na investigação sobre o movimento encontramos como suspeita o ex- policial militar Fabricio Queiroz e, segundo os promotores, o esquema criminoso existiu de forma estabilizada entre 2007 e 2018. Fabricio Queiroz, de 54 anos, é amigo de Bolsonaro, trabalhou dentro do gabinete do Flávio Bolsonaro, e além de Queiroz, sua esposa, Márcia Oliveira de Aguiar, e as filhas Nathalia e Evelyn Queiroz já trabalharam para Flávio. Por meio da quebra de sigilo de Queiroz, o Ministério Público do Rio identificou que o ex- funcionário recebeu R$ 2 milhões por meio de 483 depósitos de dinheiro feitos por 13 assessores ligados ao gabinete. O dinheiro desviado, segundo o Ministério Público seria utilizado para o pagamento de mensalidades escolares das duas filhas do Flávio e também para o pagamento do plano de saúde da família, ambos feitos por Queiroz. A operação que trouxe à tona a denúncia do esquema de ‘rachadinha’ no gabinete de Flávio teria sido adiada para não afetar a eleição de seu pai.
No mês de janeiro de 2019, a pedido de Flávio, o ministro do STF Luiz fux decidiu suspender a investigação instaurada pelo Mistério Público do Rio, apontando em sua reclamação acolhida por Fux, uma série de ilegalidades na instauração do procedimento investigatório, pois informações protegidas por sigilo bancário teria sido sem autorização judicial.
Com abertura e fechamento do processo ao decorrer do tempo, os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça do Rio. Queiroz foi encontrado pelo Gaeco, responsável pelo levantamento do terreno e pela confirmação do alvo da operação e ele estava na residência do advogado do Flávio, Frederick Wassef. Entretanto, o advogado da família, negou ter conhecimento do paradeiro de Queiroz. A prisão faz parte da chamada Operação Anjo, com outras medidas cautelares autorizadas pela Justiça contra outros suspeitos relacionada ao inquérito da ‘rachadinha’.
Na nona tentativa de recurso judicial, Flávio obteve um resultado favorável sobre acusação, a Justiça do Rio de Janeiro entendeu que o caso deveria ser enviado à segunda instância do Tribunal de Justiça, pelo motivo de ser deputado é ter direito a foro privilegiado, ele alega ter tido sempre o foro privilegiado, e o seu objetivo é levar o caso para o STF.
Disposto todos os trechos sobre o caso, podemos perceber que a briga é em relação ao foro privilegiado que o Flávio Bolsonaro tentar se enquadra, pelo motivo do caso ter ocorrido em seu mandato de deputado. O assunto é debatido, para ver se o caso é julgado em primeira instância ou na segunda. A decorrência em questão basear-se na imunidade parlamentar. Porém, o STF em seu relatório firmou o julgamento em primeira instância. Entretanto, o TJ-RJ contrariou a decisão, pois alega que a partir do momento que seu mandato de deputado acabou o caso volta para a primeira instância, com a afirmativa de que ser eleito a senador não tem nenhuma importância. E há a quebra da ética que compatível com as exigências dadas ao cargo em que se exercer, havendo a quebra do decoro parlamentar sendo configurando como uma das infrações para a perda de mandato do cargo. 
Referências Bibliográficas: 
· ANDRADE, Hanrrikson de. Três pontos para entender o pedido de impeachment de Crivella no Rio. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/07/12/tres-pontos-cruciais-para-entender-o-pedido-de-impeachment-de-crivella-no-rio.htm> Acesso em: 05 de Out. 2020.
· BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADPF 378 MC, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO. Pesquisa de Jurisprudência. Ementa, 17 Dez. 2015. Disponível em: <http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=000251140&base=baseAcordaos> Acesso em: 05 de Out. 2020. [2]
· Catraca Livre. Tudo sobre Flordelis e o assassinato do pastor Anderson, seu marido. Disponível em: <https://catracalivre.com.br/cidadania/tudo-sobre-flordelis-e-o-assassinato-do-pastor-anderson-seu-marido/> Acesso em: 05 de Out. 2020.
· MELITO, Leandro; SUDRÉ, Lu. Entenda o caso Queiroz e as denúncias dos crimes que envolvem a família Bolsonaro. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2020/06/18/entenda-o-caso-queiroz-e-as-denuncias-dos-crimes-que-envolvem-a-familia-bolsonaro> Acesso em: 05 de Out. 2020. 
· Pleno News. Foro privilegiado e imunidade parlamentar: Caso Flordelis. Disponível em: <https://pleno.news/brasil/politica-nacional/foro-privilegiado-e-imunidade-parlamentar-caso-flordelis.html> Acesso em: 05 de Out. 2020.
· Silva, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2009. P. 535. [1]

Continue navegando