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Aula 2 A formulação de um problema de pesquisa

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO 
CURSO: Psicologia 
DISCIPLINA: Métodos de Observação e Coleta de Dados (SDE3934) 
PERÍODO: 2022.2 
PROFESSOR: Danilo Mariano Pereira 
UNIDADE I: Metodologia da Pesquisa Científica 
AULA 2: A formulação de um problema de pesquisa 
Temas de aprendizagem 
- Elementos constituintes de uma pesquisa científica 
- Problemas científicos e problemas em sentido comum 
- Exemplos de problemas científicos nas ciências, em geral, e nas ciências humanas e sociais 
- Algumas reflexões sobre a justificativa da pesquisa: a pesquisa básica e a aplicada 
- As oportunidades de pesquisa e o processo de escolha do tema/problema 
- As fases e as regras para formulação de um problema de pesquisa 
Situação-problema 
- Toda pesquisa científica começa com a formulação de um problema. Trata-se do componente 
mais importante da pesquisa, pois define a própria essência do trabalho a ser desenvolvido. É também 
um dos componentes mais difíceis de desenvolver, já que, por um lado, consiste em um exercício 
intuitivo de imaginação e até mesmo especulação; mas, por outro lado, exige rigor conceitual, 
delimitação metodológica, conhecimento aprofundado sobre o tema, realização de pesquisas 
preliminares, diálogo com outros pesquisadores, leitura da bibliografia de referência etc. 
- Pergunta-se: O que é e como formular um problema de pesquisa científica? 
Referências 
GIL, Antonio Carlos. “Formulação do problema”. In: Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª 
edição. São Paulo: Editora Atlas, 2008. 
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências 
sociais. Rio de Janeiro & São Paulo: Editora Record, 2004. 
Atividade Verificadora da Aprendizagem 
- Formule um problema de pesquisa. Pode ser sobre um tema que você pretende desenvolver 
em seu TCC ou simplesmente um assunto de seu interesse. Deve ser formulado em até três linhas. 
 
 
Elementos constituintes de uma pesquisa científica 
Toda pesquisa científica constitui-se, basicamente, dos seguintes elementos: 
1. Problema (ou tema): é a pergunta central que se buscará responder com a pesquisa. É o 
tema, o assunto, o objeto da pesquisa. O problema fornece a resposta para a pergunta “O que?”. 
Assim, quando nos perguntam: “Sobre o que é sua pesquisa? O que você está pesquisando?”, devemos 
responder com o problema. É considerada a parte mais importante da pesquisa científica, pois todos os 
outros componentes podem variar durante a execução do projeto, sem acarretar grandes danos. Já o 
problema define a própria essência do trabalho a ser desenvolvido. 
2. Justificativa (ou relevância): é a motivação da pesquisa; a relevância, isto é, o que torna a 
pesquisa importante, seja para toda a sociedade ou para a ciência em particular. A justificativa fornece 
a resposta para a pergunta “Por que?”. Assim, quando nos perguntam: “Por que você está pesquisando 
esse tema? O que te motivou a realizar essa pesquisar?”, devemos responder com a justificativa. Esse 
componente é importante porque nos permite (i) explicar e legitimar nosso trabalho perante o público 
leigo e a sociedade como um todo; (ii) cooperar com pesquisadores ou profissionais de outras áreas de 
conhecimento; (iii) pleitear financiamento a organizações públicas, privadas ou internacionais etc. 
3. Metodologia: é o método da pesquisa; o modo como o pesquisador obterá os dados e as 
informações necessárias para resolver o problema ou responder à pergunta central da pesquisa. O 
método fornece a resposta para a pergunta “Como?”. Assim, quando nos perguntam: “Como você vai 
realizar sua pesquisa? Que meios você pretende empregar para solucionar as questões propostas?”, 
devemos responder com a metodologia da pesquisa. Esse componente é fundamental para demonstrar, 
a quem quer que seja, a viabilidade técnica e operacional da pesquisa, além de definir os caminhos e 
os instrumentos necessários para realizá-la. 
4. Referencial teórico (bibliografia): É o diálogo que o pesquisador estabelece com outros 
pesquisadores. Trata-se dos instrumentos teóricos e conceituais que serão usados e que servirão de 
fundamentos para a pesquisa. O referencial teórico fornece a resposta para a pergunta “Com base em 
que?”. Assim, quando nos perguntam: “Quais são os fundamentos, as premissas, os conceitos básicos 
de sua pesquisa?”, devemos responder com o referencial teórico. 
Problemas científicos e problemas em sentido comum 
Como foi dito, a primeira tarefa de um pesquisador, ao iniciar seu trabalho, é definir o 
problema da pesquisa. Para isso, é preciso enfrentar alguns desafios teóricos. O primeiro deles é saber 
a diferença e a semelhança entre um problema científico e um problema em sentido comum. Em 
linhas gerais, um problema, em sentido comum, significa algum tipo de desordem, um prejuízo, um 
dano causado por algum fator adverso, um sofrimento ou mal-estar provocado por algo indesejado. 
 
 
Já um problema científico deve ser entendido, essencialmente, como uma pergunta, uma 
indagação ou uma questão para a qual ainda não haja resposta ou cujas respostas existentes sejam 
consideradas insuficientes ou insatisfatórias. 
Quando se diz que toda pesquisa tem início com algum tipo de problema, torna-se 
conveniente esclarecer o significado deste termo. Uma acepção bastante corrente identifica 
problema com (...) algo que provoca desequilíbrio, mal-estar, sofrimento ou constrangimento 
às pessoas. Contudo, na acepção científica, problema é qualquer questão não solvida e que é 
objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento. (Gil, 2008, p. 33). 
São exemplos de problemas científicos em geral: “Qual a composição da atmosfera de Vénus? 
Qual a causa da enxaqueca? Qual a origem do homem americano? Qual a probabilidade de êxito das 
operações para transplante de fígado?”. (Gil, 2008, p. 33). 
São exemplos de problemas científicos no âmbito específico das ciências humanas e sociais: 
[...] será que a propaganda de cigarro pela TV induz ao hábito de fumar? Em que 
medida a delinquência juvenil está relacionada à carência afetiva? Qual a relação entre 
subdesenvolvimento e dependência econômica? Que fatores determinam a deterioração de 
uma área urbana? Quais as possíveis consequências culturais da abertura de uma estrada em 
território indígena? Qual a atitude dos alunos universitários em relação aos trabalhos em 
grupo? Como a população vê a inserção da Igreja nos movimentos sociais? (Gil, 2008, p. 33). 
No entanto, a fronteira entre problemas em sentido comum e problemas científicos não é tão 
clara, tampouco facilmente demarcável. Há inúmeros problemas comuns para os quais a ciência pode 
e deve contribuir para solucionar. Nesse sentido, são problemas comuns que se transformam em 
problemas científicos. Por exemplo: “Como fazer para melhorar os transportes urbanos? O que pode 
ser feito para se conseguir melhor distribuição de renda? O que pode ser feito para melhorar a 
situação dos pobres?”. (Gil, 2008, p. 33-34). Pode-se mesmo dizer que boa parte dos problemas 
científicos derivam da necessidade de resolver algum problema comum, afinal a ciência faz parte da 
sociedade e busca contribuir para seu desenvolvimento e aprimoramento. 
A distinção entre essas duas classes de problemas consiste no fato de que os problemas 
comuns envolvem muitas variáveis alheias à ciência, ou seja, constituem-se de muitas dimensões 
diferentes, como a política, a moral, a religião, as ideologias etc. A melhoria dos transportes urbanos, 
por exemplo, não depende apenas do bom trabalho do urbanista ou do engenheiro de tráfego, mas 
também da resolução de questões políticas. Já o combate à pobreza e a distribuição de renda, além de 
soluções econômicas e jurídicas, suscitam controvérsias ideológicas e morais. E assim por diante. 
Nesse sentido, pode-se dizer que problemas científicos são aqueles cujas soluções dependem 
exclusivamente ou majoritariamente de estudos, análises, aferições ou avaliaçõescientíficas. São 
perguntas cujas principais variáveis ou principais dimensões podem ser abordadas cientificamente. 
A partir destas considerações pode-se dizer que um problema é testável 
cientificamente quando envolve variáveis que podem ser observadas ou manipuladas. As 
proposições que se seguem podem ser tidas como testáveis: em que medida a escolaridade 
influencia a preferência político-partidária? A desnutrição contribui para o rebaixamento 
 
 
intelectual? Técnicas de dinâmica de grupo facilitam a interação entre os alunos? Todos estes 
problemas envolvem variáveis suscetíveis de observação ou de manipulação. É perfeitamente 
possível, por exemplo, verificar a preferência político-partidária de determinado grupo, bem 
como o seu nível de escolaridade, para depois determinar em que medida essas variáveis estão 
relacionadas entre si. (Gil, 2008, p. 34). 
Algumas reflexões sobre a justificativa da pesquisa: a pesquisa básica e a aplicada 
Atenção! As perguntas citadas no trecho a seguir fazem parte da justificativa da pesquisa, não 
do problema. “No processo de investigação social, a primeira tarefa é escolher o problema a ser 
pesquisado. Esta escolha, por sua vez, conduz a indagações. Por que pesquisar? Qual a importância 
do fenômeno a ser pesquisado? Que pessoas ou grupos se beneficiarão com os seus resultados?”. 
(Gil, 2008, p. 34). 
No caso das chamadas pesquisas aplicadas, a justificativa, isto é, a relevância do problema, 
consiste nos benefícios que serão proporcionados para o proponente da pesquisa. São os casos de 
pesquisas encomendadas por órgãos de governo visando subsidiar políticas públicas; pesquisas 
realizadas por organizações da sociedade civil com o objetivo de mapear suas áreas de atuação; ou 
pesquisas financiadas por empresas, a fim de gerar novos produtos, serviços etc. 
A relevância prática do problema está nos benefícios que podem decorrer de sua 
solução. Muitas pesquisas são propostas por órgãos governamentais, associações de classe, 
empresas, instituições educacionais ou partidos políticos, visando à utilização prática de seus 
resultados. Assim, o problema será relevante à medida em que as respostas obtidas trouxerem 
consequências favoráveis a quem o propôs. (Gil, 2008, p. 35). 
Há também a chamada pesquisa básica, isto é, pesquisas cujo objetivo é “apenas” conhecer 
melhor determinados fenômenos, objetos ou acontecimentos. Muito comum nas ciências exatas e da 
natureza, essas pesquisas não têm qualquer aplicação prática predeterminada. No entanto, podem vir a 
ser (e geralmente são) extremamente úteis no futuro. São exemplos de pesquisa básica os estudos 
sobre vírus, micro-organismos, insetos etc.; sobre fenômenos naturais parcialmente incompreensíveis, 
como os buracos negros e outros do âmbito da astronomia; estudos essencialmente teóricos etc. 
Nesses casos, a justificativa da pesquisa consiste na promoção do próprio desenvolvimento científico. 
As oportunidades de pesquisa e o processo de escolha do tema/problema 
Há também as chamadas oportunidades de pesquisa, isto é, situações que favorecem a 
realização da pesquisa, o que eventualmente condiciona a escolha do problema e da metodologia. 
A oportunidade de pesquisa mais comum é o acesso facilitado ao campo, proporcionado aos 
pesquisadores que decidem analisar o próprio ambiente de trabalho (como uma unidade de saúde, 
escola, repartição pública, consultório, empresa etc.), o bairro onde nasceram e vivem, uma 
comunidade à qual pertencem ou um movimento social do qual fazem parte. 
 
 
Outra oportunidade comum é a oferta de bolsas de pesquisas ou financiamento por 
organizações diversas. Estudantes e pesquisadores em início de carreira devem sempre aproveitar as 
oportunidades de pesquisa disponíveis, pois, muitas vezes, essa é sua única chance de viabilizar uma 
pesquisa científica de qualidade. Em geral, sobretudo no Brasil, fazer ciência não significa escolher 
livremente os temas para pesquisar, mas sim aproveitar as oportunidades de pesquisa que aparecem. 
Muitas vezes a escolha de um problema é determinada não por sua relevância, mas 
pela oportunidade que oferecem determinadas instituições. Há entidades que oferecem 
financiamento para pesquisas em determinada área. Outras, embora não proporcionando os 
meios financeiros, oferecem certas condições materiais para o desenvolvimento de pesquisas. 
Essas condições podem ser o acesso a determinada população, o uso de documentos [etc.]. Em 
ambas as situações, o direcionamento da pesquisa será determinado mais pelas circunstâncias 
das organizações do que por seu interesse científico. Isto não impede, porém, que pesquisas 
importantes possam ser desenvolvidas com estes condicionantes. O que se torna necessário é a 
suficiente habilidade do pesquisador no sentido de adequar as oportunidades oferecidas a 
objetivos adequados. (Gil, 2008, p. 35-36). 
Não se pode falar em liberdade de escolha na definição de um tema de pesquisa, pois essa 
escolha é sempre pressionada por diversos fatores sociais e epistemológicos que são inerentes à vida 
acadêmica e científica. 
Existe uma hierarquia de legitimidade dentro do campo científico traçada de acordo 
com os temas que dão prestígio, recursos para a pesquisa, cargos universitários, publicações 
em editoras prestigiadas etc. Assim, falar de “liberdade de escolha” neste campo é 
desconsiderar as pressões (evidentes ou sutis) às quais o pesquisador permanentemente se 
submete. Tendo consciência de tais pressões, muitas contradições e dificuldades podem ser 
mais bem compreendidas na escolha de um assunto e na sua formulação como um projeto de 
pesquisa. (Goldenberg, 2004, p. 69). 
Outros fatores que influenciam a escolha dos problemas são (i) a influência da comunidade 
científica internacional; e (ii) a repercussão que certos fenômenos geram na mídia e na sociedade 
como um todo. Tais influências não podem ser vistas apenas como “modismo”, pois é totalmente 
normal e legítimo que os pesquisadores procurem seguir as tendências da comunidade científica 
nacional ou internacional, bem como analisar os temas considerados mais relevantes pela sociedade. 
O compromisso dos cientistas não deve ser, obrigatoriamente, com a inovação ou com o ineditismo 
dos temas pesquisados, mas sim com a relevância social e científica de sua pesquisa e com o rigor 
metodológico de suas análises. 
É frequente ser a escolha de um problema determinada por modismo. Quando em 
países mais desenvolvidos são realizadas com sucesso investigações em determinada área, 
verifica-se a tendência para reproduzi-las em outros países. Esta situação pode ser claramente 
verificada no desenvolvimento da pesquisa social no Brasil. (...). A realização de estudos 
sobre preconceito racial nos Estados Unidos influenciou muitos cientistas sociais brasileiros 
na investigação desse fenômeno. Por outro lado, quando um assunto é amplamente debatido 
sobretudo pelos meios de comunicação, passa a ser objeto de interesse dos pesquisadores 
sociais. Por exemplo, as eleições de 1974 no Brasil, com a significativa vitória das oposições, 
determinou o interesse pela pesquisa do comportamento eleitoral. Da mesma forma, assuntos 
como divórcio, legalização do aborto, interesse por futebol, crença em discos voadores, 
também amplamente debatidos e divulgados pelos meios de divulgação, tornaram-se objeto de 
atenção dos pesquisadores sociais. (Gil, 2008, p. 36-37). 
 
 
As fases e as regras para formulação de um problema de pesquisa 
A formulação de um problema de pesquisa não é instantânea, e sim processual. Inicialmente, o 
problema deve ser formulado de maneira provisória, para, em seguida, ser amadurecido por meio das 
chamada pesquisas preliminares, isto é, leituras, aproximações com o tema e com o campo e, 
eventualmente, algumas entrevistas com pessoas-chave. Deve-se salientar que, nessa fase, o problema 
da pesquisa ainda não foi plenamente definido, mas, sim,está em processo de definição. 
A adequada formulação de um problema de pesquisa não é tarefa das mais fáceis. 
(...). De modo geral, nas pesquisas sociais, começa-se com uma pergunta formulada de 
maneira provisória, ou seja, uma pergunta de partida, que poderá mudar de perspectiva ao 
longo do caminho [...]. Sugere-se que após essa formulação provisória do problema sejam 
feitas leituras e entrevistas exploratórias tanto com especialistas na área quanto com pessoas 
que integram a população a que o estudo se refere. (...) à medida que as leituras e entrevistas 
vão sendo realizadas, o problema vai se aprimorando, tornando-se mais claro e mais 
específico, o que irá contribuir (...) para a construção de hipóteses mais pertinentes e 
elaboração de instrumentos mais adequados para a coleta de dados. (Gil, 2008, p. 37). 
Uma vez definido o problema da pesquisa, seguem-se as seguintes fases: (i) exploratória, em 
que se busca o máximo possível de dados e informações sobre o problema; (ii) aprofundamento, em 
que se buscam informações específicas sobre questões que se mostraram particularmente relevantes e 
merecem ser aprofundadas; (iii) organização, em que se encerra a fase de campo e procede-se a 
sistematização e a organização dos dados obtidos; e (iv) distanciamento, em que são selecionadas 
partes do material empírico para a produção de artigos, livros, apresentações em congressos etc. 
A pesquisa apresenta diferentes fases. A fase inicial, que pode ser chamada de 
exploratória, lembra uma “paquera” (...). É o momento em que se tenta descobrir algo sobre o 
objeto de desejo, quem mais escreveu (ou se interessou) sobre ele, como poderia haver uma 
aproximação (...). Em seguida, vem a fase que equivale ao “namoro”, uma fase de maior 
compromisso que exige um conhecimento mais profundo, uma dedicação quase que exclusiva 
ao objeto de paixão. É a fase de elaboração do projeto de pesquisa em que o estudioso 
mergulha profundamente no tema estudado. A terceira fase é o “casamento”, em que a 
pesquisa exige fidelidade, dedicação, atenção ao seu cotidiano, que é feito de altos e baixos. O 
pesquisador deve resolver todos os problemas que vão aparecendo (...). Por último, a fase de 
"separação", em que o pesquisador precisa se distanciar do seu objeto para escrever o relatório 
final da pesquisa. É o momento em que é necessário olhar o mais criticamente possível o 
objeto estudado, em que é preciso fazer rupturas, sugerir novas pesquisas. É o momento de ver 
os defeitos e qualidades do objeto amado. (Goldenberg, 2004, p. 72-73). 
A formulação de um problema de pesquisa deve seguir certas regras. As mais importantes são: 
(i) deve ser uma pergunta (o que? Qual? Como?). Formular um problema com frases declarativas (por 
exemplo, “o objetivo é fazer”) antecipa as ações da pesquisa, tornando o texto confuso. 
A forma interrogativa apresenta a vantagem de ser simples e direta. As perguntas são 
um convite para uma resposta e ajudam a centrar a atenção do pesquisador nos dados 
necessários para proporcionar tal resposta. Mas há pesquisadores que preferem elaborar seus 
enunciados na forma declarativa, como o enunciado de um objetivo, como, por exemplo: o 
objetivo desta pesquisa é verificar a relação entre o nível de ansiedade dos candidatos a 
emprego e seu desempenho em provas situacionais. O pesquisador que adota esta postura 
indica, de certa forma, os procedimentos a serem adotados para a busca dos dados necessários. 
(Gil, 2008, p. 38). 
 
 
(ii) deve ser específico, delimitado, recortado. Geralmente, pesquisadores formulam problemas 
amplos, genéricos e abstratos, mas, durante a fase preliminar, vão reduzindo, especificando, 
detalhando esse problema, de modo a torná-lo possível de ser solucionado. 
Pesquisadores iniciantes tendem a formular problemas tão amplos e genéricos que se 
torna inviável a realização da pesquisa. Já pesquisadores experientes preferem formular um 
problema amplo e, a seguir, mediante revisão da literatura e discussão com pessoas que 
tiveram experiência com o assunto, vão progressivamente tornando o problema mais 
específico. É preciso, portanto, rejeitar a ambição de formular um problema num curto espaço 
de tempo. A formulação de um problema viável é algo que se faz pacientemente, e não é 
despropositado afirmar que esta etapa requer dispêndio de tempo e energia superior às demais 
etapas da pesquisa. (Gil, 2008, p. 38). 
(iii) deve ser claro, direto, sem ambiguidades. Os termos mais importantes, como as palavras-
chaves da pesquisa, devem ser definidos com clareza e rigor conceitual. 
Os termos utilizados na formulação do problema devem ser claros, deixando explícito 
o significado com que estão sendo utilizados. Convém, portanto, utilizar termos próprios do 
vocabulário científico. Um problema que envolva, por exemplo, o termo socialização, deve ser 
esclarecido. Em Sociologia esse termo refere-se ao processo de integração dos indivíduos aos 
grupos sociais. A acepção com que esse termo é mais utilizado, no entanto, é a de extensão de 
vantagens particulares à sociedade inteira. (Gil, 2008, p. 38). 
(iv) Não obstante a regra anterior, um problema de pesquisa não deve ser formulado em termos 
demasiadamente teóricos ou abstratos, mas sim com vocabulário simples, preferencialmente do senso 
comum. o pesquisador deve usar uma linguagem compreensível por qualquer pessoa, não apenas 
especialistas. E, acima de tudo, deve ser curto. A enunciação do problema não pode ser 
excessivamente longa, caso contrário, será inevitavelmente confusa. 
O estudo científico deve ser claro, interessante e objetivo, tanto para as pessoas 
familiarizadas com o assunto quanto para as que não são. A maior parte dos cientistas se perde 
em parágrafos herméticos que muitas vezes não são compreendidos nem pelos seus pares. O 
verdadeiro pesquisador não precisa utilizar termos obscuros para parecer profundo. A 
profundidade e seriedade do estudo pode ser mais bem percebida se o pesquisador utiliza uma 
linguagem compreensível para o maior número de leitores. (Goldenberg, 2004, p. 72).

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