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Dirigentes José Rogério Moura de Almeida Filho Presidente da FAA Antônio Celso Alves Pereira Diretor Geral do CESVA Ana Cristina Gasparete Daldegan Secretária Geral do CESVA Equipe de Desenvolvimento de Materiais Laboratório de Desenvolvimento de Material Pedagógico - LDMP Coordenação Geral do NEAD: Marcio Martins da Costa Coordenação Comercial: Josué Bellot de Mattos Assessora Pedagógica: Regina Célia Pentagna Petrillo Coordenação de Produção de Materiais: Marcio Martins da Costa Capa e Editoração: Natália Roza Revisão Textual e Normas: Regina Célia Pentagna Petrillo Suporte de Tecnologia: Matheus Oliveira Pontes, Ana Paula Munhen de Metodologia da pesquisa [recurso eletrônico] / Ana Paula Munhen de Pontes; Marcio Martins da Costa. - Valença: CESVA/FAA, 2017. 146p. Material didático utilizado pelo Núcleo de Ensino a Distância do CESVA/FAA ISBN: 978-85-87652-09-6 1.Metodologia Científica. 2. Método Científico e Processos de Pesquisa. I. Costa, Márcio Martins. II. Título. CDU: 001.8 Ficha Catalográfica 4 Sumário Apresentação ..................................................................................................5 UNIDADE I – Definições fundamentais .................................................................8 UNIDADE II –O processo de construção do conhecimento ................................13 UNIDADE III – Método, Método Científico e Técnicas de Pesquisa ....................21 UNIDADE IV – Características gerais da pesquisa ..............................................28 UNIDADE V –Procedimentos Técnicos de Pesquisa ............................................41 UNIDADE VI – A problematização: Construindo um problema de Pesquisa.......54 UNIDADE VII – Estrutura do Projeto de Pesquisa ..............................................61 UNIDADE VIII – Trabalhos Acadêmicos e Científicos nos cursos de graduação e de Pós-graduação ....................................................................................................75 UNIDADE IX – A construção da Pesquisa Científica ...........................................86 UNIDADE X – Aspectos Éticos da Pesquisa .......................................................95 UNIDADE XI – Projeto de Pesquisa e Trabalhos Acadêmicos ...........................107 (NBR 15287/2011 e NBR 14724/2011) .............................................................107 UNIDADE XII – Artigo em Publicação Periódica Cientifica ...............................115 UNIDADE XIII – Regras para elaboração de citações (NBR: 10520/2002) ........123 UNIDADE XIV – Formas de apresentação das referências (NBR: 6023/ 2002)..129 Referências Bibliográficas ............................................................................142 Apresentação 5 Apresentação Olá querido aluno! Seja muito bem-vindo à disciplina de Metodologia da Pesquisa- Ead. Esta será uma experiência muito rica onde você poderá construir seu conhecimento de forma autônoma, com desenvolvimento de diversas competências. Ao final desta disciplina você será capaz de: Conhecer as principais Normas Regulamenta- doras de Trabalhos Acadêmicos e Científicos; Discutir sobre os diversos tipos de conheci- mentos existentes; Conhecer os tipos de pesquisa mais desenvolvidos na graduação; Apli- car a escrita científica em seus trabalhos acadêmicos e Criar um projeto de pesquisa; Para tanto, apresentaremos conceitos e informações que o acompanharão durante toda a sua graduação. Nosso objetivo é proporcionar a você a possibilidade de aprender de for- ma mais flexível, interativa e com maior liberdade e autonomia. Quando você concluir a disciplina, estará preparado para desenvolver trabalhos acadêmicos com maior segurança, terá se aproximado da Pesquisa Científica e conhecerá suas potencialidades e importância. Afinal, você será constantemente motivado a participar de atividade científicas na sua gra- duação e deverá estar preparado para isso! Outro aspecto importante, mais relacionado com o Ensino à distância em si, é que desenvolver a capacidade de organização do seu tempo, da sua vida acadêmica e do seu cotidiano permitirá um diferencial na sua formação. A disciplina de Metodologia da Pesquisa é de extrema importância para a sua vida acadê- mica; os conteúdos discutidos serão utilizados como base em todo o seu curso e na sua qualificação profissional também, portanto é necessário que você se dedique ao estudo desta disciplina, a leitura do material e a realização das atividades propostas. Ao longo de cada Unidade você encontrará o “saiba mais” que contém dicas de leitura e curiosidades, selecionadas dentre as obras mais importantes na área da Metodologia da Pesquisa. Você poderá consultá-las na biblioteca física, virtual, ou até mesmo na internet, a fim de aprofundar seu conhecimento sobre as temáticas. Teremos muitos desafios, mas você não estará sozinho! Estou à sua disposição nos momen- tos presenciais e no fórum de discussões sempre que você precisar. Entendemos, que este livro é apenas mais um dos instrumentos didáticos para seu estudo, que também aconte- cerá nas discussões dos encontros presenciais, no acesso a outros materiais audiovisuais e nas atividades disponibilizadas no ambiente virtual de ensino e aprendizagem. Vamos juntos! Boa sorte nos seus estudos e sucesso na disciplina! 6 Plano de Estudo da Disciplina Ementa: As diferentes formas de conhecimento. O conhecimento científico. O processo de pesquisa- Etapas da pesquisa científica. Desenvolvimento e relação entre concepção e elaboração de trabalhos científicos, leituras, análise e seus desdobramentos. Métodos e técnicas de pesqui- sa. Normas para elaboração de trabalhos acadêmicos (ABNT). A organização do texto científi- co. O projeto de pesquisa. Objetivo Geral: Compreender os conceitos básicos sobre a ciência e o método científico para a elaboração de trabalhos acadêmicos e pesquisas, seguindo as normas da ABNT. Objetivos específicos: 1. Entender conceitos fundamentais sobre a produção do conhecimento científico, ressaltan- do a importância da teoria do conhecimento e o uso de técnicas de pesquisa. 2. Entender conceitos básicos sobre o método científico, a redação e a apresentação de traba- lhos científicos 3. Analisar questões fundamentais da metodologia científica pela aplicação de técnicas de es- tudo e pesquisa, objetivando a elaboração de trabalhos científicos, introduzindo os estudantes no universo da produção científica. 4. Aplicar as Normas ABNT na elaboração de trabalhos científicos e os Aspectos éticos na pes- quisa 7 Capítulo I Você está pronto para iniciar seus estudos introdutórios sobre os conceitos funda- mentais da Metodologia da Pesquisa ? Está em um local agradável e que facilite sua apren- dizagem? O capítulo I proporcionará o contato com importantes fundamentos, definições, e características da Pesquisa Científica. Trata-se de um capítulo introdutório, que apresenta aspectos teóricos referente a metodologia científica. Este Capítulo explora aspectos conceituais referentes à metodologia científica e suas características, introduzindo alguns conceitos básicos de pesquisa. Também apresenta as diferentes formas de construção do conhecimento científico. A elaboração deste capítulo foi baseada nas publicações de Fonseca (2002), Gil (2007), Lakatos e Marconi (2003), Flick (2012) e Malheiros (2011). Você pode encontrar estas obras nas bibliotecas Física e virtual da sua faculdade. OBJETIVOS: Os objetivos do capítulo 1 são: 1. Entender os conceitos-base sobre a metodologia científica e a produção do conhecimento 2. Caracterizar os diferentes tipos de conhecimento 3. Compreender os principais tipos de métodos utilizados pelocientista 4. Diferenciar os tipos de pesquisa e as suas características Boa leitura! A PESQUISA CIENTÍFICA 8 UNIDADE I – Definições fundamentais 1- Definções e características da metodologia Segundo Fonseca (2002) methodos significa organização, e logos, estudo sistemático, pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência. Etimologica- mente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa científica. A Metodologia da Pesquisa é caracterizada como uma disciplina relacionada ao ato de estudar, compreender e avaliar os métodos acessíveis para a realização de uma pesquisa acadêmica. A Metodologia busca examinar e descrever os métodos e as técnicas de pesquisa que permitem a coleta e o processamento de informações, visando ao encaminhamento e à resolução de problemas e/ou questões de investigação (PRODANOV; FREITAS, 2013). Metodologia científica pode ser considerada como um estudo sistemático e racional dos métodos utilizados nas ciências, seus fundamentos, validade e as relações que estabelece com as teorias científicas. Cabe considerar que a atividade principal da metodologia é a pes- quisa (GERHARDT, SOUZA, 2009; TARTUCE, 2006). Que metodologia e método são coisas distintas! A metodologia vai além da descrição dos procedimentos técnicos (mé- todos e técnicas a serem utilizadas na pesquisa). Metodologia é o estudo dos métodos, enquanto método é a forma como procede, é a prática da pesquisa. 9 2- Pesquisa Científica Segundo Gil (2007, p. 17), pesquisa é definida como: “(...) procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve- se por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados”. O problema de investigação é o pontapé inicial de qualquer pesquisa. O problema de pesquisa é uma questão específica que você quer investigar dentro do seu tema. Uma questão que pode e mereça ser investigada. No contexto da realização de uma pesquisa científica e, consequentemente, da defini- ção do seu problema, encontra-se a motivação, sendo esta um elemento importante no pro- cesso de pesquisa. A motivação é fundamental no processo de aprendizagem dos indivíduos e é definida por Vernon (1973, p. 11) como “uma espécie de força interna que emerge, regula e sustenta todas as nossas ações mais importantes”. Em uma definição mais recente Bzuneck (2004, p.9) acrescenta que A motivação tem sido entendida ora como um fator psicológico, ou conjunto de fato- res, ora como um processo. Existe um consenso generalizado entre os autores quanto à dinâ- mica desses fatores psicológicos ou do processo, em qualquer atividade humana. Eles levam a uma escolha, instigam, fazem iniciar um comportamento direcionado a um objetivo (Bzuneck, 2004p. .No desenvolvimento de uma pesquisa, a motivação se torna um fator crucial, uma vez que o pesquisador, sujeito que conduz a pesquisa, precisa estar envolvido com seu objeto de investigação, pois a produção e a execução do trabalho científico dependem da mobilização e do sentido que o tema apresenta para o pesquisador. Desta forma, no momento de ingressar em uma atividade de pesquisa, realizar um Trabalho de Conclusão de Curso e/ou uma investi- gação científica, em conjunto com o orientador, o aluno deve estar motivado e envolvido com o tema. Cabe considerar que este é apenas um dos aspectos exigidos para a realização de uma pesquisa, acrescentam-se ainda como elementos fundamentais: o conhecimento sobre o as- sunto a ser pesquisado, e disponibilidade de recursos humanos, materiais e financeiros para a execução da investigação. Portanto, no momento de decisão pela elaboração de um projeto A motivação tem sido entendida ora como um fator psicológico, ou conjunto de fatores, ora como um processo. Existe um consenso generalizado entre os autores quanto à dinâmica desses fatores psicológicos ou do processo, em qualquer ativida- de humana. Eles levam a uma escolha, instigam, fazem iniciar um comportamento direcionado a um objetivo (BZUNECK, 2004, p. 9). 10 de pesquisa devem ser levados em consideração nossas próprias limitações e os recursos dis- poníveis. Desta forma, o planejamento compõe a primeira etapa de uma pesquisa científica, conforme veremos na unidade 4. Muito do que vemos nos livros, nas aulas, nos artigos de revista e, até na mídia são resultados de pesquisa. Vejamos o exemplo a seguir: Trabalhar em pé ajuda a emagrecer, diz estudo. Pesquisa da Universidade de Chester, da Grã-Bretanha, conclui que hábito pode sig- nificar perda de quase quatro quilos em um ano (O Globo, 2012). Esta e outras descobertas são possíveis a partir da realização de pesquisas. Caso você queira ler toda essa reportagem, basta acessar o link: 3-Ciência De acordo com o Dicionário Aurélio, Ciência é um conjunto organizado de conhecimen- tos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio. Marconi e Lakatos (2003), em sua obra, entendem por ciência uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comporta- mento de certos fenômenos que se deseja estudar: “A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”. Cervo e Bervian (2002, p. 16) afirmam que: "a ciência é um modo de compreender e analisar o mundo empírico, envolvendo o conjunto de procedimentos e a busca do conhecimento científico". 11 A ciência é uma forma particular de conhecer o mundo, é o saber produzido através do raciocínio lógico associado à experimentação prática. Caracteriza-se por um conjunto de mo- delos de observação, identificação, descrição, investigação experimental e explanação teórica de fenômenos. (FONSECA, 2002, p.11) Segundo Marconi e Lakatos (2003), não existe um consenso na apresentação da clas- sificação das ciências; o que é ciência para alguns autores, ainda permanece como ramo de estudo para outros, e vice-versa. Mas, baseando-se em Bunge (1976), as autoras adotam a seguinte classificação: CIÊNCIAS FORMAIS E CIÊNCIAS FACTUAIS. Figura 1- Classificação e divisão das ciências. Fonte: Marconi e Lakatos (2017, p.14). Que a Ciência, como conhecemos hoje é bastante recente. Mas sua forma de estruturar análises para compreender o mundo é bem an- tiga. Por exemplo, Erastóstenes, que viveu no séc. III a.C., calculou o raio da terra sem usar nenhum instrumento. E sua medida difere em menos de 1% da medida que temos hoje! (MALHEIROS, 2011, p. 14) 12 As ciências formais se concentram no estudo das ideias, dividindo-se em lógica e ma- temática. Possuem relação com algo encontrado na realidade, não podem se valer dos con- tatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas ou da experimentação, utilizando a lógica para demonstrar rigorosamente seus teoremas. As ciências factuais se concentram no estudo dos fatos que supostamente ocorrem na realidade, dividindo-se em naturais e sociais. Recorrem, portanto, às observações e às experi- mentações para comprovar ou refutar suas hipóteses. Ciência, portanto, é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, ob- tidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza (ANDER-EGG, 1977). Etimologicamente, ciência significa conhecimento, tem origem no latim scientia. No entanto, Marconi e Lakatos (2003) afirmam que “a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade”. Etimologicamente, ciência significa conhecimento. Não há dúvida, porém, quanto àinadequação desta definição, considerando-se o atual estágio de desenvolvimento da ciência. Há conhecimentos que não pertencem à ciência, como o conhecimento vulgar, o religioso e, em certa acepção, o filosófico. O fato de não se aceitar a definição etimológica não significa, porém, que seja possível hoje definir-se de forma bastante clara o que seja ciência. Poucas coisas em ciência são tão controversas quanto sua definição, havendo mesmo autores que consideram essa discussão insolúvel (GIL, 2008, p. 2) “A classificação das ciências tem sido objeto de estu- do de variados autores. O CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvi- mento Científico e Tecnológico) utiliza a expressão áreas de conhecimento, apre- sentando extensa lista com subdivisões” Para conhecer essa classificação acesse: <http://www.cnpq.br/documents/10157/186158/TabeladeAreasdoConhecimento.pdf.> 13 4-Conhecimento Segundo dicionário Aurélio, Conhecimento é: 1. Ter noção de, saber 2. Estar convencido de Conhecimento é o processo de compreender para adquirir domínio sobre alguma par- cela do universo. É um processo de representação da realidade cujos dados são as sensações, estruturadas pela mente humana (UNESP). De acordo com Fonseca (2002, p. 10): (...) o homem é, por natureza, um animal curioso. Desde que nasce interage com a natureza e os objetos à sua volta, interpretando o universo a partir das referências sociais e culturais do meio em que vive. Apropria-se do conhecimento através das sensações, que os seres e os fenômenos lhe transmitem. A partir dessas sensações elabora representações. Contudo essas representações, não constituem o objeto real. O objeto real existe independentemente de o homem o conhecer ou não. O conhecimento humano é na sua essência um esforço para resol- ver contradições, entre as representações do objeto e a realidade do mesmo. Assim, o conhe- cimento, dependendo da forma pela qual se chega a essa representação, pode ser classificado de po O conceito de conhecimento e os diferentes tipos de conhecimento serão aprofunda- dos na próxima unidade. 1-CONHECIMENTO Vamos conhecer uma história? Desde a Antiguidade, até aos nossos dias, um camponês, mesmo iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da semeadura, a época da colheita, a necessi- (...) o homem é, por natureza, um animal curioso. Desde que nasce interage com a na- tureza e os objetos à sua volta, interpretando o universo a partir das referências sociais e culturais do meio em que vive. Apropria-se do conhecimento através das sensações, que os seres e os fenômenos lhe transmitem. A partir dessas sensações elabora repre- sentações. Contudo essas representações, não constituem o objeto real. O objeto real existe independentemente de o homem o conhecer ou não. O conhecimento humano é na sua essência um esforço para resolver contradições, entre as representações do objeto e a realidade do mesmo. Assim, o conhecimento, dependendo da forma pela qual se chega a essa representação, pode ser classificado de popular (senso comum), teológico, mítico, filosófico e científico. UNIDADE II –O processo de construção do conhecimento 14 dade da utilização de adubos, as providências a serem tomadas para a defesa das plantações de ervas daninhas e pragas e o tipo de solo adequado para as diferentes culturas. Tem também conhecimento de que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, no mesmo local, exaure o solo. Já no período feudal, o sistema de cultivo era em faixas: duas cultivadas e uma terceira “em re- pouso”, alterando-as de ano para ano, nunca cultivando a mesma planta, dois anos seguidos, numa única faixa. O início da Revolução Agrícola não se prende ao aparecimento, no século XVIll, de melhores arados, enxadas e outros tipos de maquinaria, mas à introdução, na segun- da metade do século XIV, da cultura do nabo e do trevo, pois seu plantio evitava o desperdício de deixar a terra em pousio: seu cultivo “revitalizava” o solo, permitindo o uso constante. Hoje, a agricultura utiliza-se de sementes selecionadas, de adubos químicos, de defensivos contra as pragas e tenta-se, até, o controle biológico dos insetos daninhos. (MARCONI; LAKATOS, 2003 p. 75) Na história apresentada no início da unidade misturam-se dois tipos de conhecimentos: o primeiro, vulgar ou popular, geralmente típico do camponês, transmitido de geração para geração e baseado em imita- ção e experiência pessoal; portanto, empírico. O segundo, científico, é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de proce- dimentos científicos (MARCONI; LAKATOS, 2003 p. 75). Independentemente das diferentes teorias existentes para explicar o processo do conhecimento, discutiremos agora dois tipos: o conhecimento popular (senso comum) e o conhecimento científico. 15 O conhecimento se estabelece a partir da relação entre o sujeito que conhece e o ob- jeto conhecido. Atualmente tem-se como pressuposto que, para que ocorra a construção do conhecimento, há que se estabelecer uma relação entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Marconi e Lakatos (2003) destacam dois aspectos: • A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. • Um mesmo objeto ou fenômeno - uma planta, um mineral, uma comunidade ou as relações entre chefes e subordinados, por exemplo, pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação. Você já parou para pensar nos diversos tipos de conhecimentos existentes? Segundo Galliano (1986), o conhecimen- to vulgar (senso comum) é o que todas as pessoas adquirem na vida cotidiana, ao acaso, baseado apenas na experiência vi- vida ou transmitida por alguém. Em geral resulta de repetidas experiências casuais de erro e acerto, sem observação metó- dica ou verificação sistemática, e por isso, carece de caráter científico. Pode também resultar de simples transmissão de geração para geração ou fazer parte das tradições de uma coletividade. É uma aquisição intencional, consciente e sistemática; é um processo que chegou ao máximo de seu desenvolvimento com a aplicação do método científico. De acordo com Galliano (1986), o conhe- cimento científico resulta de investigação metódica e sistemática da realidade. Ele transcende os fatos e os fenômenos em si mesmos, analisa-os para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os re- gem. Conhecimento Senso Comum Conhecimento Científico 16 Certamente no seu dia a dia você convive com alguns deles. Ao realizar a leitura desta unidade, você conseguirá identificar os conhecimentos que fazem parte da sua vida. Então, vamos lá! Existem pelo menos quatro níveis de conhecimento fundamentais: senso comum, científico, filosófico e teológico. Tartuce (2006) afirma que: • Conhecimento senso comum: É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não planejadas. Pode também resultar de simples transmissão de geração para geração. É assistemático, está relacionado com as crenças e os valores, faz parte de antigas tradições. • Conhecimento Científico: o conhecimento científico exige demonstrações, submete- -se à comprovação, ao teste. é o conhecimento real e sistemático, próximo ao exato, procuran- do conhecer além do fenômeno em si, as causas e leis. Vamos analisar o seguinte exemplo: Você já deve ter ouvido falar em chás que são ex- celentes aliados no cuidado de algumas enfermidades, mas que de acordo com os ensinamen- tos da vovó existe uma forma correta de prepará-lo, senão não funciona. Este é um exemplo de conhecimento senso comum, ou popular. No entanto, ao analisar o mesmo exemplo no contexto científico, poderia, mediante a realização de um estudo sistematizado, verificar a relaçãode causa e efeito e os princípios ativos presentes no chá que determinam o desapare- cimento dos sintomas quando da sua ingestão. • Conhecimento filosófico: Procura conhecer a realidade em seu contexto universal, sem soluções definitivas para a maioria das questões. A Filosofia é a fonte de todas as áreas do conhecimento humano, e todas as ciências não só dependem dela, como nela se incluem. É a ciência das primeiras causas e princípios. A Filosofia é destituída de objeto particular, mas 17 assume o papel orientador de cada ciência na solução de problemas universais. • Conhecimento Religioso: É o conhecimento revelado pela fé divina ou pela crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo. Por exemplo: acreditar que alguém foi curado por um milagre; acreditar em Deus. 2-Características dos tipos fundamentais de conhecimento De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 78-80) os tipos fundamentais de conheci- mento possuem as seguintes características: 2.1. Conhecimento senso comum: O conhecimento popular é valorativo, pois se fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade de re- alidades, isto é, de um lado o sujeito e, de outro, o objeto. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A Que a filosofia, é também uma forma racional de compreender o mundo? Trata-se de uma especulação sobre a verdade última das coisas. O processo de filosofar exige o uso da razão na busca das respostas. No entanto, não se trata de um processo científico, pois não está orientado por experimentações ou métodos científicos e não é verificável. 18 característica de assistemático baseia-se na “organização” particular das experiências próprias do sujeito, e não em uma sistematização das ideias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois se con- forma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas. 2.2. Conhecimento Religioso: O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas que contêm pro- posições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um co- nhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as “verdades” tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade (sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo é interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida nem sequer verificáveis. Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do conhecimento filo- sófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer deve a evidência resultar da pesquisa dos fatos ou da análise dos conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém nelas à procura de evidên- cia, pois a toma da causa primeira, ou seja, da revelação divina. 19 2.3. Conhecimento filosófico: O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóte- ses, que não poderão ser submetidas à observação: “as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação” (Trujillo, 1974: 12); Por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipó- teses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tenta- tiva de apreendê-la em sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente re- correndo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instru- mentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pela ciência experimental. 2.4. Conhecimento Científico: Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, conforme expõe Marconi e Lakatos Citando Trujillo (1974, p.12), lida com toda “forma de existência que se manifesta de algum modo”. Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experi- ência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que 20 se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente. Apesar da separação “metodológica” entre os tipos de conhecimento popular, filosó- fico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito pode penetrar nas diversas áreas, logo estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum. Ao considerar a ciência como uma forma de conhecimento que tem por objetivo for- mular, mediante linguagem rigorosa e apropriada (se possível com o auxílio da linguagem ma- temática), a partir de leis que regem os fenômenos, o conhecimento deve ser: a) OBJETIVO, porque descreve a realidade independente dos caprichos do pesquisador; b) RACIONAL, porque se vale, sobretudo, da razão e não da sensação ou impressões, para chegar a seus resultados; c) SISTEMÁTICO, porque se preocupa em construir sistemas de ideias organizadas racional- mente e em incluir os conhecimentos parciais em totalidades cada vez mais amplas; d) GERAL, porque seu interesse se dirige fundamentalmente à elaboração de leis e normas gerais, que explicam todos os fenômenos de certotipo; e) VERIFICÁVEL, porque sempre possibilita demonstrar a veracidade das informações; e f) FALÍVEL, porque ao contrário de outros sistemas de conhecimento elaborados pelo homem, reconhece sua própria capacidade de errar. Por fim, considera-se o conhecimento científico como “real” porque lida com ocor- 21 rências, fatos, fenômenos concretos e observáveis. Necessita de uma TEORIA para tornar-se legítimo, de HIPÓTESES para serem testadas e de um MÉTODO para conduzir a INVESTIGAÇÃO. 1- Método e Método Científico Meta = ao longo de. + Odos = caminho, via. MÉTODOS = caminho ao longo do qual... Conjunto de normas e procedimentos padronizados, ou caminho para levar uma investigação a atingir um determinado fim (PRODA- NOV; FREITAS, 2013). Marconi e Lakatos (2003, p. 85) o define como: “[...] o método é um conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”. A união de diversos processos utilizados em uma investigação é chamada de método. Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 23-25), o método não é inventado, na verdade, o objeto da pesquisa é o que irá definí-lo, uma vez que toda a investigação surge a partir de algum problema observado ou percebido. O objetivo fim da ciência é a busca pelo conhecimento, logo, método científico é um conjunto de procedimentos adotados com o objetivo de atingir o conhecimento. Figura 2: Características do método científico. UNIDADE III – Método, Método Científico e Técnicas de Pesquisa 22 Agora que foi possível conhecer a contribuição de diversos autores especializados no assunto sobre métodos, será apresentado um exemplo descrito por Galliano (1986, p. 4-5). Vamos imaginar uma pessoa que esta calçada com meia e sapato, se não seguir a ordem cor- reta das ações, primeiro ela calçará o sapato, depois verificará que não é possível pôr a meia, já calçada com o sapato, assim, terá de descalçá-lo, para então colocar a meia e novamente calçá-lo. O que o autor quis demonstrar com o exemplo? Que, ao deixar de seguir a ordem correta das ações no emprego do método, o resulta- do não é alcançado na primeira tentativa. Para chegar ao resultado esperado, você deve voltar ao início da sequência e fazê-la de forma correta, ou seja, observar o método, já que quando o método não é observado, você gasta tempo e energia inutilmente. O autor complementa: o método nada mais é do que o caminho para chegarmos a um fim. Logo, Marconi e Lakatos (2003, p.83) contribuem afirmando que todas as ciências ca- racterizam-se pela utilização de métodos científicos; em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências. Dessas afirmações podemos concluir que a utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científicos. Gil (1999) define método científico como um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento. Para que um conhecimento possa ser considerado científico, torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua verificação (GIL, 2008). Ou, em outras palavras, determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento. Método científico é um conjunto de procedimentos adotados com o propósito de atin- gir o conhecimento (PRODANOV; FREITAS, 2013). É o conjunto de processos ou operações mentais que devemos empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Dentre os métodos mais usuais para o desenvolvimento e a ordenação do raciocínio, Prodanov e Freitas (2013, p. 26) destacam: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético. 23 2-Classificação dos métodos científicos Os métodos científicos podem ser classificados como de abordagem, responsáveis pelo ra- ciocínio utilizado no desenvolvimento da pesquisa, e métodos de procedimentos, que consti- tuem etapas concretas da investigação científica. 2.1. MÉTODOS DE ABORDAGEM 2.1.1. Dedutivo: O método dedutivo é o método que parte do geral e passa para o particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas (GIL, 2008, p. 9). Por meio de uma serie de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Utiliza-se da lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão. Veja um clássico exemplo de raciocínio dedutivo a seguir A utilização de um ou outro método depen- de de muitos fatores: da natureza do objeto que pretende- mos pesquisar, dos recursos materiais disponíveis, do nível de abran- gência do estudo e, sobretudo, da inspiração filosófica do pesquisador. Todo homem é mortal, (premissa maior) Pedro é homem, (premissa menor) Logo, Pedro é mortal, (conclusão) 24 De acordo com Gil (2008), o método dedutivo encontra ampla aplicação em ciências como a Física e a Matemática. Já nas ciências sociais, o uso desse método é bem mais restrito, em virtude da dificuldade para obter argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colo- cada em dúvida. Uma objeção apresentada ao método dedutivo se refere às suposições de seu raciocí- nio. Gil (2008, p. 10) afirma que: De fato, partir de uma afirmação geral significa supor um conhecimento prévio. Como é que pode- mos afirmar que todo homem é mortal? Esse conhecimento não pode derivar da observação repe- tida de casos particulares, pois isso seria indução. A afirmação de que todo homem é mortal foi pr- gumentam que essi se assemelha ao adotado pelos teólogos, que partem de posições dogmáticas. 2.1.2. Indutivo: É um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral. O método indutivo procede inversamente ao dedutivo. Para Marconi e Lakatos (2007, p. 86): Indução é umrocesso mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficien- tem Neste método parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se deseja conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir as relações existen- tes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base, na relação verificada entre os fatos ou fenômenos. Vejamos o exemplo abaixo: De fato, partir de uma afirmação geral significa supor um conhecimento prévio. Como é que podemos afirmar que todo homem é mortal? Esse conhecimento não pode deri- var da observação repetida de casos particulares, pois isso seria indução. A afirmação de que todo homem é mortal foi previamente adotada e não pode ser colocada em dúvida. Por isso, os críticos do método dedutivo argumentam que esse raciocínio se assemelha ao adotado pelos teólogos, que partem de posições dogmáticas. Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam. Antonio é mortal. Benedito é mortal. Carlos é mortal. Zózimo é mortal. Ora, Antonio, Benedito, Carlos... e Zózimo são homens. Logo, (todos) os homens são mortais. 25 As conclusões obtidas por meio da indução correspondem a uma verdade não conti- da nas premissas consideradas, diferentemente do que ocorre com a dedução. Assim, se por meio da dedução chega-se a conclusões verdadeiras, já que são baseadas em premissas igual- mente verdadeiras, por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas prováveis. Conformeexposto por Gil (2008) e Marconi e Lakatos (2003) o raciocínio indutivo in- fluenciou significativamente o pensamento científico, e possui importância fundamental na constituição das ciências sociais. Figura 3: Caracterização das diferenças entre métodos indutivos e dedutivos. No raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações. Entre as críticas ao méto- do indutivo, a mais contundente é aquela que questiona a passagem (generalização) do que é constatado em alguns casos (particular) para todos os casos semelhantes (geral). (PRODANOV; FREITAS, 2013). Uma dentre outras críticas ao método dedutivo influenciou o surgimento do método hipotético dedutivo. 2.1.3. Hipotético dedutivo: O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de críticas à in- dução, expressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela primeira vez em 1935. Conforme exposto por Gil (2008, p. 12), a indução, conforme Popper, não se justifica, Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira. DEDUÇÃO Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, mas não necessariamente verdadeira. INDUÇÃO Toda a informação ou o conteúdo fatual da conclusão já estava, pelo menos implici- tamente, nas premissas. A conclusão encerra informação que não estava, nem implicitamente, nas premissas Fonte: PRODANOV; FREITAS, 2013 26 “pois o salto indutivo de ‘alguns’ para ‘todos’ exigiria que a observação de fatos isolados atin- gisse o infinito, o que nunca poderia ocorrer, por maior que fosse a quantidade de fatos obser- vados”. Para Karl R. Popper, o método científico parte de um problema (P1), ao qual se ofe- recesse uma espécie de solução provisória, uma teoria-tentativa (TT), passando-se depois a criticar a solução, com vista à eliminação do erro (EE) e, tal como no caso da dialética, esse processo se renovaria a si mesmo, dando surgimento a novos problemas (P2). (MARCONI; LAKATOS, p. 95). O método hipotético-dedutivo inicia-se com um problema ou uma lacuna no conheci- mento científico, passando pela formulação de hipóteses e por um processo de inferência de- dutiva, o qual testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela referida hipótese. [...] quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem- -se consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequência O método hipotético-dedutivo possui basicamente 3 etapas: 1.Criação do problema 2.Estabelecimento de solução 3.Teste de falseamento 2.1.4. Dialético: O método dialético, que atingiu seu auge com Hegel (GIL, 2008), depois reformulado por Marx, busca interpretar a realidade partindo do pressuposto de que todos os fenômenos apresentam características contraditórias organicamente unidas e indissolúveis. Na Antiguida- de e na Idade Média o termo era utilizado para significar simplesmente lógica. A concepção [...] quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficien- tes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as dificul- dades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la. (GIL, 2008, p. 12). 27 moderna de dialética, no entanto, fundamenta-se em Hegel. Na Mudança Dialética, a transformação ocorre por meio de contradições. Em determi- nado momento, há mudança qualitativa, pois as mudanças das coisas não podem ser sempre quantitativas. Por outro lado, como tudo está em movimento, tudo tem “duas faces” (quanti- tativa e qualitativa, positiva e negativa, velha e nova), uma se transformando na outra; a luta desses contraditórios é o conteúdo do processo de desenvolvimento. De acordo com (GIL, 2008) as leis da dialética podem ser caracterizadas por: 1.A unidade dos opostos. Todos os objetos e fenômenos apresentam aspectos contra- ditórios; 2.Quantidade e qualidade. Quantidade e qualidade são características imanentes a to- dos os objetos e fenômenos e estão inter-relacionados. 3.Negação da negação. A mudança nega o que é mudado e o resultado, por sua vez, é negado, mas esta segunda negação conduz a um desenvolvimento e não a um retorno ao que era antes. 2.2. MÉTODOS DE PROCEDIMENTO 2.2.1. Método histórico: Consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado. 2.2.2. Método comparativo: Muito utilizado para fazer comparações 2.2.3. Método monográfico: Direciona-se ao estudo de determinados indiciduos, profis- sões, condições, instituições, grupos ou comunidade. 2.2.4. Método estatístico: Permite comprovar a relação do fenômenos entre si 2.2.5. Método Tipológico: Busca criar tipos e modelos a partir de aspectos essenciais dos fenômenos. 2.2.6. Método funcionalista: É mais um método de interpretação do que de investigação 2.2.7: Método Estruturalista: É utilizado para designar correntes de pensamentos 28 3. Técnicas de Pesquisa A técnica da pesquisa está relacionada com os procedimentos práticos utilizados para realizar um trabalho científico, independente do método aplicado. A técnica serve para arma- zenar e quantificar os dados observados, e classifica-los de forma lógica, é a especificação do como fazer (OLIVEIRA, 2002, p. 58). Na realização de uma pesquisa, segundo Oliveira (2002, p. 66), algumas etapas devem ser percorridas, primeiramente são definidas as fontes de dados e o tipo de pesquisa, que pode ser de campo ou de laboratório, após é necessário identificar quais as técnicas serão utilizadas para a coleta de dados, dentre as possibilidades identificam-se os questionários, as entrevistas, a observação, os formulários e etc. Fachin (2003, p. 29) escreve: Vale a pena salientar que métodos e técnicas se relacionam, mas são distintos. O método é um conjunto de etapas ordenadamente dispostas, destinadas a realizar e antecipar uma atividade na busca de uma realidade; enquanto a técnica está ligada ao modo de se realizar a atividade de forma mais hábil, mais perfeita. [...] O método se refere ao atendimento de um objetivo, 1- Pesquisa Muitas vezes ao longo do curso de graduação é exigida, do discente, alguma atividade de pesquisa. No entanto, não raro, esta tem sido quase sempre mal interpretada quanto à sua natureza e à finalidade por parte de alguns alunos e professores. Mas afinal, o que é pesquisa? Essa pergunta pode ser respondida de muitas formas. De forma mais simples, pesquisa significa procurar respostas para indagações, logo, é possível afir- mar que pesquisar é buscar conhecimento. As pessoas pesquisam durante todo o tempo, em diversas circunstâncias e situações cotidianas, mas, nem sempre é realizada de modo científico. Para Demo (2000, p. 20), “Pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabri- cação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento”. Vale a pena salientar que métodos e técnicas se relacionam, mas são distintos. O mé- todo é um conjunto de etapas ordenadamente dispostas, destinadas a realizar e anteci- par uma atividade na busca de uma realidade; enquanto a técnica está ligada ao modo de se realizar a atividade de forma mais hábil, mais perfeita.[...] O método se refere ao atendimento de um objetivo, enquanto a técnica operacionaliza o método. UNIDADE IV – Características gerais da pesquisa 29 A finalidade da pesquisa de acordo com Prodanov e Freitas (2013) é “resolver proble- mas e solucionar dúvidas, mediante a utilização de procedimentos científicos” (BARROS; LEH- FELD, 2000, p. 14) Pela pesquisa, chega-se a uma maior precisão teórica sobre os fenômenos ou problemas da realidade. Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 157), a pesquisa pode ser considerada “um pro- cedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.” Significa muito mais do que apenas procurar a verdade, mas descobrir respostas para pergun- tas ou soluções para os problemas levantados através do emprego de métodos científicos. 2. Características da Pesquisa A pesquisa sempre parte de um problema, de uma interrogação, uma situação para a qual o repertório de conhecimento disponível não gera resposta adequada. Para solucionar esse problema, são levantadas hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas pela inves- tigação científica. A pesquisa científica é uma atividade humana, cujo objetivo é conhecer e explicar os fenômenos, fornecendo respostas às questões significativas para a compreensão da natureza. Para essa tarefa, o pesquisador utiliza o conhecimento anterior acumulado e manipula cuida- dosamente os diferentes métodos e técnicas para obter resultado pertinente às suas indaga- Que o conceito amplo de pesquisa, tratado como: procurar uma informação que não sabemos e que pre- cisamos saber, consultar livros e revistas, verificar documentos, con- versar com pessoas, fazendo perguntas para obter respostas, se opõe ao conceito de pesquisa como tratamento de investigação científica que tem por ob- jetivo comprovar uma hipótese levantada, através do uso de processos científicos. 30 ções. (PRODANOV; FREITAS, 2013). Pesquisa é a construção de conhecimento original de acordo com certas exigências científicas. Para que seu estudo seja considerado científico você deve obedecer aos critérios de coerência, consistência, originalidade e objetivação. É desejável que uma pesquisa científica preencha os seguintes requisitos: (GOLDEM- BERG, 1999, p.106). “a) a existência de uma pergunta que se deseja responder; b) a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; c) a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida” De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 73) a pesquisa é a construção de conhe- cimento original de acordo com certas exigências científicas. Para que um estudo seja consi- derado científico, devem ser observados critérios de coerência, consistência, originalidade e objetivação. É desejável que uma pesquisa científica preencha os seguintes requisitos: a exis- tência de uma pergunta a que desejamos responder; a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida. O planejamento de uma pesquisa, ou seja, o projeto de pesquisa, dependerá basica- mente de três fases: 1.Fase decisória: referente à escolha do tema, à definição e à delimitação do problema de pesquisa; 2.Fase construtiva: referente à construção de um plano de pesquisa e à execução da pesquisa propriamente dita; 3.Fase redacional: referente à análise dos dados e informações obtidas na fase cons- trutiva. É a organização das ideias de forma sistematizada visando à elaboração do relatório final. A apresentação do relatório de pesquisa deverá obedecer às formalidades requeridas pela Academia. Destacamos que “o planejamento de uma pesquisa depende tanto do problema a ser estudado, da sua natureza e situação espaço-temporal em que se encontra, quanto da nature- za e nível de conhecimento do pesquisador.” (KÖCHE, 2007, p. 122). Isso significa que podem 31 existir vários tipos de pesquisa. Cada tipo possui, além do núcleo comum de procedimentos, suas peculiaridades próprias. De acordo com Demo (2000), destacam-se abaixo os seguintes tipos de pesquisa: 1.Teórica: dedicada a estudar teorias; 2.Metodológica: que se ocupa dos modos de se fazer ciência; 3.Empírica: dedicada a codificar a face mensurável da realidade social; 4.Prática: ou pesquisa-ação, voltada para intervir na realidade social. Você provavelmente, já viu nos jornais e revistas, por exemplo, notícias sobre a divul- gação de resultados de pesquisas. Censos demográficos que contam a população, pesquisas clínicas sobre novos tratamentos médicos, pesquisas de intenção de voto que buscam prever o resultado de uma eleição. Todas essas pesquisas são iguais? Ou podemos classifica-las de formas distintas? 3. Classificações das Pesquisas As pesquisas podem ser classificadas quanto à sua natureza, quanto à sua abordagem, quanto aos seus objetivos e aos procedimentos técnicos. Figura 4: Classificação das Pesquisas. Fonte: adaptada de Prodanov e Freitas (2013, p. 51) 32 3.1. A Natureza da Pesquisa: Pesquisa Básica: objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem apli- cação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. Também chamada de pura, conta com a busca de novos conhecimentos sem finalidade de uso prático imediato, mas con- tribui para o avanço da ciência como um todo. Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. Como o nome diz, objetiva desco- bertas ou novas formas de interpretar algo para serem utilizadas imediatamente. 3.2. A abordagem da Pesquisa: Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.). Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas es- tatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados, e busca-se compreender o fenômeno pela ótica do sujeito. Que as diversas áreas possuem pesquisas puras e aplicadas. Por exemplo, é possível estudar os métodos de ensino na década de 50, conhecimento que não será imediatamente aplicado. No entan- to, também é possível estudar a melhor modalidade de ensino para disciplina de metodologia, e o resultado ser aplicado na próxima turma. (MALHEIROS, 2011) 33 Minayo & Minayo-Gómez (2003, p.118) nos fazem a esse respeito três considerações importantes: 1) Não há nenhum método melhor do que o outro, o método, “caminho do pensamento”, ou seja, o bom método será sempre aquele capaz de conduzir o investigador a alcançar as respostas para suas perguntas, ou dizendo de outra forma, a desenvolver seu objeto, explicá- -lo ou compreendê-lo, dependendo de sua proposta (adequação do método ao problema de pesquisa); 2) Os números (uma das formas explicativas da realidade) são uma linguagem, assim como as categorias empíricas na abordagem qualitativa o são e cada abordagem pode ter seu espaço específico e adequado; 3) Entendendo que a questão central da cientificidade de cada uma delas é de outra ordem [...] a qualidade, tanto quantitativa quanto qualitativa depende da pertinência, relevância e uso adequado de todos os instrumentos. Hoje se sabe que as pesquisas não precisam ser exclusivamente quantitativas ou qua- litativas. Respeitados pesquisadores têmcombinado o uso destas duas abordagens no sen- tido de possibilitar uma maior compreensão do fenômeno estudado. Alguns pesquisadores chamam essa combinação de quanti-qualitativa ou, simplesmente quanti-quali. Desta forma, é possível realizar o levantamento de dados quantitativos para compreender determinada si- tuação em uma dada população e, daí, retirar uma amostra que aprofunde as vivências de um determinado grupo. Pesquisas quantitativas buscam transformar a realidade em dados quantificáveis. Já as qualitativas têm o objetivo de compreender a percepção dos sujeitos. A pesquisa quanti-quali combinam as duas visões. 34 Figura 5: quadro comparativo entre pesquisa quantitativa e qualitativa. Fonte: UNASUS/UFSC 3.3. Os objetivos da Pesquisa: Pesquisa Exploratória: É desenvolvida com o objetivo de proporcionar visão geral acerca de determinado fato. Realizada quando o tema escolhido é pouco explorado. Envolve levanta- mento bibliográfico, documental e entrevistas não padronizadas; e estudos de caso, muitas vezes estas pesquisas constituem a primeira etapa de uma investigação mais ampla. Gil (2008) afirma que as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais pre- cisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis. Pesquisa Descritiva: De acordo com Gil (2008) busca descrever as características de deter- QUALITATIVO QUANTITATIVO Explicativo, dedutivo ou nomológico casual (predicação de leis e regularidades). Reflete os estudos dos atributos do homem, em termos mensuráveis. Medidas fisiológicas, psicológicas e socioló- gicas (formulário, questionário, entrevista estruturada e experimentação). O pesquisador não interfere na pesquisa (geralmente); analisa dados por compara- ções numéricas, interferências estatísticas (usa tabelas, quadros, gráficos). MODELO DE PENSAMENTO COLETA DE DADOS ANÁLISE DE DADOS Compreensivo. Reflete o estudo das experiências vividas do homem, em termos não-mensuráveis. Observação participante e não participante, entrevistas semies- truturadas ou não estruturadas, dinâmicas de grupos, história de vida, diário de campo. O pesquisador participa na descoberta do significado das ex- periências vividas dos participantes (análise de conteúdo, análise de discurso). 35 minada população, fenômeno ou relações entre variáveis, buscam identificar a natureza da relação entre as variáveis; envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: ques- tionário e observação sistemática; Assume, em geral, a forma de Levantamento. Nas pesquisas descritivas, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles. Dentre as pesquisas descritivas salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as caracte- rísticas de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, nível de renda, estado de saúde física e mental etc. Por vezes, pesquisas definidas como descritivas vão além da simples identificação da existên- cia de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso, pode-se dizer que temos uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. As pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisa- dores sociais preocupados com a Atuação Prática. Pesquisa Explicativa: Quando o pesquisador procura explicar os porquês das coisas e suas causas, por meio do registro, da análise, da classificação e da interpretação dos fenômenos observados. Visa a identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos; “aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das coisas.” (GIL, 2008, p. 28). Este tipo de pesquisa é mais complexa e delicada, pois o risco de conter erros aumenta consideravelmente. Afirma-se que o conhecimento científico está assentado nos resultados oferecidos pela pesquisa explicativa. As pesquisas explicativas assu- mem, em geral, a formas de Pesquisa Experimental, quando aplicadas às Ciências Naturais, e da observação, quando utiliza das Ciências Sociais. Vejamos o texto abaixo: O pesquisador iniciante mais explora do que explica Vale lembrar, conforme Doxsey e De Riz (2002-2003, p. 26-7), que “pesquisadores iniciantes, como é o caso dos estudantes de graduação e de pós-graduação lato sensu, geralmente rea- lizam pesquisas de caráter exploratório. É preciso esclarecer que a exploração do fenômeno 36 tem como objetivos desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias. Esse tipo de pes- quisa é realizado especialmente quando há poucas informações disponíveis sobre o tema ao qual se relaciona o objeto de estudo. Justamente devido ao escasso conhecimento do assunto, o planejamento é flexível, de forma que os vários aspectos relativos ao fato possam ser con- siderados. A escassez de informações torna difícil a formulação de hipóteses, como requerem as pesquisas descritivas e explicativas. Na verdade, é sobre as pesquisas científicas que des- crevem e explicam os fenômenos que você mais ouve falar. Bons trabalhos científicos mui- tas vezes são trabalhos simples. Pesquisadores iniciantes não precisam confeccionar projetos complicados ou ficar imobilizados pela mistificação desnecessária da pesquisa. É importante ter foco no problema a ser estudado, traçar um plano executável com os recursos e o tempo disponível e usar procedimentos adequados para a proposta”. O texto acima nos mostra que comumente pesquisadores iniciantes utilizam-se de pes- quisas exploratórias e descritivas para desenvolver seus estudos. Considera-se ser mais impor- tante neste estágio da formação a realização de pesquisas com problemas bem delimitados e planejamento exequível ao invés de pesquisas mais complexas. 4. Os Procedimentos Técnicos da Pesquisa: Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa pode ser classificada em: • Pesquisa Bibliográfica • Pesquisa Documental • Pesquisa experimental • Estudo de coorte • Etnografia • Pesquisa Narrativa Este tópico será aprofundado na próxima unidade. • Levantamento • Estudo de Caso • Estudo de Campo • Pesquisa Ex post-fato • Pesquisa Ação • Pesquisa Participante 37 ATIVIDADE DO CAPÍTULO I EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 01. Agora que você já conhece a importância da pesquisa, que tal simular uma pesquisa qualitativa? Para isso, faça a seguinte pergunta a alguns de seus professores: Qual a importância da pesquisa na sua área de atuação? Anote as respostas, em seguida tente encontrar as similaridades entre elas. Ao final, dê destaque às semelhanças e dê retorno aos professores. Se você conseguiu concluir este primeiro trabalho, parabéns! Você já fez uma pequena pesquisa! E só por curiosidade, foi uma pesquisa qualitativa, com coleta de dados utilizando entrevista. Mas lembre-se esta atividade trata-se apenas de um exercício, pois uma pesquisa de fato abrange muitos aspectos que não foram abordados neste momento, inclusive a aprovação do comitê de ética em pesquisa, que veremos mais adiante. 02. Classifique as situações seguintes como Conhecimento Senso Comum (CS) ou Conhecimento Científico (CC): ( ) Para realizarmos trabalhos acadêmicos, utilizamos as normas definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). ( ) Segundo os ditos populares, não podemos comer manga e leite ao mesmo tempo, porque isso causa dor de estômago. ( ) A certificação ISO 9001, versão 2000, que versa sobre Sistema de Gestãoda Qualidade, garante sucesso ao processo de qualidade implantado pelas organizações. ( ) Para elaborar citações, a melhor fonte de informações é a NBR 10520 da ABNT. ( ) Antigamente, muitas mulheres, quando concebiam um filho, ficavam de resguardo na alimentação e não lavavam a cabeça por 40 dias, porque isso poderia causar problemas de saúde para a vida toda. 38 ( ) O Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) cuida da normalização de produtos e serviços de qualidade. 03. Preencha o espaço em branco com uma palavra que complete corretamente a afirmativa: a) O _________________ é um conjunto de procedimentos sistemáticos que devem ser seguidos, para a realização de trabalhos científicos acadêmicos, a fim de dar ordenamento ao assunto abordado, de forma fidedigna, havendo maior possibilidade de generalizar os resultados para outros casos. b) Classificamos como método ___________________ aquele que parte de uma análise de dados particulares, devidamente constatados, a partir dos quais podemos inferir verdades universais. c) O método ____________________ parte do geral para chegar à realidade de casos específicos. d) Miranda Neto (2005) acrescenta dois métodos científicos: _______________, que consiste em detalhar partes para melhor exame do todo e o ________________, que, ao contrário, reúne e compõe os elementos de um todo, previamente separado e decomposto pela análise; porém, as operações desses métodos são inseparáveis. e) A grande diferença entre o método e a técnica é que o método estabelece ___________ e a técnica especifica ____________. 39 GABARITO COMENTADO CAPÍTULO I 01. Esta é uma atividade para sua reflexão e construção individual, em caso de dificuldade, estarei à disposição Via Ambiente Virtual de Aprendizagem e em nossos momentos presenciais para dirimirmos as dúvidas. Para elaborá-la, você pode se basear nos exemplos que utilizamos ao longo do capítulo. 02. 1.CC; 2.CS; 3.CC; 4.CC; 5.CS; 6.CC; 03. a. método; b. indutivo; c. dedutivo; d. indutivo, dedutivo. e. o que fazer, como fazer 40 Capítulo II Você está pronto para iniciar seus estudos sobre a construção do Projeto de Pesqui- sa? Está em um local agradável e que facilite sua aprendizagem? O capítulo II é composto por três unidades e proporcionará o contato com impor- tantes elementos que compõe o projeto de pesquisa. Trata-se de um capítulo que explora aspectos referentes as diferentes técnicas de pesquisa, o processo de problematização e a estrutura do Projeto. Neste capítulo você conhecerá os elementos que integram o projeto de pesquisa e será capaz de construí-lo. A elaboração deste capítulo foi baseada nas publicações de Fonseca (2002), Gil (2007), Lakatos e Marconi (2003), Flick (2012) e Malheiros (2011). Você pode encontrar estas obras nas bibliotecas Física e virtual da sua faculdade. OBJETIVOS: Os objetivos do capítulo 2 são: 1. Diferenciar os procedimentos técnicos de pesquisa 2. Entender o processo de problematização científica 3. Aprender a construir um problema de pesquisa 4. Aprender a definir os objetivos de uma pesquisa 5. Conhecer as etapas que compõem um projeto de pesquisa 6. Elaborar os elementos que compõe um projeto de pesquisa Boa leitura! A CONSTRUÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA 41 UNIDADE V –Procedimentos Técnicos de Pesquisa 1-DIVERSIDADE DE DELINEAMENTOS Com relação aos procedimentos técnicos da pesquisa, ou seja, a forma como obtemos os dados necessários para a sua elaboração, torna-se necessário traçar um modelo conceitual denominado delineamento. De acordo com Gil (2008, p. 49) “o delineamento refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, envolvendo tanto a sua diagramação, quanto a sua previsão de análise e interpretação dos dados. Entre outros aspectos, o delineamento considera o ambiente em que são coletados os dados, bem como as formas de controle das variáveis envolvidas”. De acordo com Marconi e Lakatos (2003) técnica é um conjunto de processos de que se utiliza a ciência ou a arte; é a habilidade para usar essas normas, a parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus resultados. Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregadas. O elemento mais importante presente na fase de delineamento é o procedimento técnico adotado para a coleta de dados. Estes procedimentos são organizados em dois grupos, o primeiro relacionado àqueles que possuem suas fontes em papel (pesquisa bibliográfica e pesquisa documental) e àqueles onde a fonte de dados são as pessoas ou animais (pesquisa experimental, pesquisa ex-postfacto, o estudo de campo, o levantamento, o estudo de caso, a pesquisa-ação). Não esgotaremos todos os procedimentos técnicos de pesquisa nesta disciplina, porém aprofundaremos a discussão para aqueles mais utilizados nos cursos de graduação. 1. Pesquisa Bibliográfica: Esta abordagem de pesquisa é útil quando o problema que foi formulado já foi pesquisado exaustivamente. Também deve ser o procedimento escolhido quando se busca uma visão geral do assunto. Busca essencialmente comparar as ideias de alguns autores, 42 procurando pontos de similaridade e divergência. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo (GIL, 2008). A finalidade da pesquisa bibliográfica é identificar na literatura disponível as contribuições científicas sobre um tema específico. Consiste em identificar o que já foi pesquisado em diversas fontes, confrontando seus resultados. Muitas vezes confundem-se a pesquisa bibliográfica com o referencial teórico, no entanto, isso não deve ser feito, uma vez que o referencial teórico é parte obrigatória de qualquer trabalho científico, já pesquisa bibliográfica é a pesquisa em si. Ao realizar a pesquisa bibliográfica os dados são obtidos a partir de fontes bibliográficas, na literatura é possível encontrar 3 tipos de fontes: • Fonte primária: Refere-se a trabalhos originais, que geram uma teoria ou princípio. • Fonte secundária: Diz respeito a trabalhos que não são originais, mas citam, revisam ou dão uma interpretação ao original. • Fonte terciária: São bases de dados que categorizam as fontes primárias e terciárias. A pesquisa bibliográfica não exige que se vá a campo coletar dados, porém isso não a torna mais simples do que as demais abordagens metodológicas. 43 A principal vantagem da pesquisa bibliográfica está no fato de permitir ao pesquisador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço, ou em uma pesquisa histórica, por exemplo. Estas vantagens da pesquisa bibliográfica têm, contudo, uma contrapartida que pode comprometer em muito a qualidade da pesquisa. Muitas vezes as fontes secundárias apresentam dados coletados ou processados de forma equivocada. Assim, um trabalho fundamentado nessas fontes tenderá a reproduzir ou mesmo a ampliar seus erros (GIL, 2008). VANTAGENS: 1. Permite ao pesquisador cobrir uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. 2. Praticidade 3. Baixo Custo LIMITAÇÕES: As fontes secundárias podem apresentar dados coletados ou processados de forma equivocada, o erro seria ampliado De acordo com Malheiros (2011) os procedimentos adotados para realização dapesquisa bibliográfica são: 1. Identificar o problema de pesquisa 2. Levantar literatura disponível 3. Fazer análise crítica dos materiais 4. Estruturar o relatório final 44 Como a pesquisa bibliográfica não exige que se vá a campo levantar dados, é comum que alguns alunos elejam essa abordagem para realizar seu trabalho na medida, em que, a primeira vista, parece mais simples. Na verdade, esta é uma abordagem trabalhosa que exige muito esforço. E não é útil para responder qualquer tipo de pergunta! 2. Pesquisa Documental: A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A única diferença entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. A pesquisa documental tem seus dados extraídos exclusivamente de documentos (escritos ou não), muito utilizada na área de ciências humanas e sociais. O desenvolvimento da pesquisa documental segue passos semelhantes ao da pesquisa bibliográfica. Apenas há que se considerar que o primeiro passo consiste na exploração das fontes documentais, que são em grande número. Existem, de um lado, os documentos de primeira mão, que não receberam qualquer tratamento analítico, tais como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc. De outro lado, existem os documentos de segunda mão, que de alguma forma já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc. Os procedimentos para condução da pesquisa, de acordo com Malheiros (2011), são: 1. Definir o problema 2. Identificar os documentos, que devem ser capazes de responder a pergunta formulada 3. Analisar os documentos, relacionando o problema que precisa ser respondido 4. Redigir o relatório final após ter sido efetuada a análise dos documentos 45 Este tipo de pesquisa deve der utilizado quando existe a necessidade de se analisar, criticar, rever ou ainda compreender um fenômeno específico ou fazer alguma consideração que utilize como base de dados para análise, documentos. Frequentemente atribui-se aos estudos históricos a grande responsabilidade pela realização de pesquisas documentais. Os principais documentos que são utilizados em pesquisas documentais são: documentos oficiais (leis, relatórios, etc.), publicações governamentais, documentos jurídicos, fontes estatísticas (censos, etc.), fotografias, filmes, dentre outros. 3. Pesquisa Levantamento: A pesquisa do tipo levantamento, também chamada de Survey é um procedimento muito utilizado em diversas áreas. O objetivo central deste tipo de pesquisa é identificar fatores que caracterizam uma determinada população. Para isso são utilizadas técnicas como questionários, entrevistas ou outros instrumentos que permitam medir ou descrever. Gil (2008) afirma que as pesquisas deste tipo se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes dos dados coletados. A pesquisa documental não se presta a responder qualquer problema científico. Por meio dela só é possível responder a questões que demandam a análise e a investigação de documentos. 46 Na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da população estudada. Antes seleciona-se, mediante procedimentos estatísticos, uma amostra significativa de todo o universo, que é tomada como objeto de investigação. As conclusões obtidas a partir desta amostra são projetadas para a totalidade do universo, levando em consideração a margem de erro, que é obtida mediante cálculos estatísticos (GIL, 2008) Dentre as principais vantagens dos levantamentos estão (GIL, 2008, p. 56): a) Conhecimento direto da realidade. À medida que as próprias pessoas informam acerca de seu comportamento, crenças e opiniões, a investigação torna-se mais livre de interpretações calcadas no subjetivismo dos pesquisadores. b) Economia e rapidez. Desde que se tenha uma equipe de entrevistadores, codificadores e tabuladores devidamente treinados, torna-se possível a obtenção de grande quantidade de dados em curto espaço de tempo. Por outro lado, quando os dados são obtidos mediante questionários, os custos tornam-se relativamente baixos. c) Quantificação. Os dados obtidos mediante levantamentos podem ser agrupados em tabelas, possibilitando a sua análise estatística. As variáveis em estudo podem ser codificadas, permitindo o uso de correlações e outros procedimentos estatísticos. À medida que os levantamentos se valem de amostras probabilísticas, torna-se possível até mesmo conhecer a margem de erro dos resultados obtidos. Dentre as principais limitações dos levantamentos estão (GIL, 2008, p. 56): a) Ênfase nos aspectos perspectivos. Os levantamentos recolhem dados referentes à Censo demográfico, pesquisa de opinião, pesquisas epidemio- lógicas, pesquisas de preferência do consumidor, dentre outros tipos de levantamentos estão presentes todo o tempo na vida das pessoas. Alguns auto- res acreditam que este tipo de pesquisa é claramente quantitativo. 47 percepção que as pessoas têm acerca de si mesmas. Ora, a percepção é subjetiva, o que pode resultar em dados distorcidos. Há muita diferença entre o que as pessoas fazem ou sentem e o que elas dizem a esse respeito. Existem alguns recursos para contornar este problema. É possível, em primeiro lugar, omitir as perguntas que sabiamente a maioria das pessoas não sabe ou não quer responder. Também se pode, mediante perguntas indiretas, controlar as respostas dadas pelo informante. Todavia, estes recursos, em muitos dos casos, são insuficientes para sanar os problemas considerados. b) Pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais. Mediante levantamentos é possível a obtenção de grande quantidade de dados a respeito dos indivíduos. Como, porém, os fenômenos sociais são determinados sobretudo por fatores interpessoais e institucionais, os levantamentos mostram-se pouco adequados para a investigação profunda desses fenômenos. c) Limitada apreensão do processo de mudança. O levantamento, de modo geral, proporciona uma visão estática do fenômeno estudado. Oferece, por assim dizer, uma espécie de fotografia de determinado problema. Considerando as vantagens e limitações expostas, pode-se dizer que os levantamentos se tornam muito mais adequados para estudos descritivos que explicativos. São inapropriados para o aprofundamento dos aspectos psicológicos e psicossociais mais complexos. Os procedimentos para condução de uma pesquisa de levantamento, de acordo com Malheiros (2011), são: 1. Identificar com clareza o problema de pesquisa 2. Definir o grupo com o qual será feito o levantamento 3. Definir o instrumento que será utilizado para o levantamento 4. Realizar o levantamento dos dados 5. Analisar os dados 6. Elaborar o relatório final 48 4. Pesquisa Narrativa: A pesquisa narrativa está associada ao ato de narrar, relatar de forma organizada um acontecimento. A pesquisa narrativa é frequentemente utilizada nas ciências humanas, principalmente na psicologia. Seu objetivo principal é compreender a história de vida ou a história social de grupo restrito de pessoas. Trata-se de uma pesquisa eminentemente qualitativa, pois baseia-se na história que é contada por uma pessoa. Ao levantar a história com uma pessoa, que irá compor a narração, é preciso analisar o discurso para se chegar a uma conclusão. Por se tratar de pesquisa
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