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Autor: Prof. Fernando Gorni Neto Colaboradores: Prof. Ricardo Calasans Profa. Christiane Mazur Doi Profa. Tânia Sandroni Normas Técnicas e Internacionais de SST Professor conteudista: Fernando Gorni Neto Graduado e pós-graduado em Marketing pela Universidade Nove de Julho (Uninove). Pós-graduado em Agronegócios pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em Formação em Educação a Distância pela Universidade Paulista (UNIP). Tem mais de trinta anos de experiência em comércio internacional nas áreas de desembaraço aduaneiro de importação e exportação, tráfego marítimo internacional de granéis tramp, tráfego marítimo de navios liners, distribuição de produtos por via rodoviária, ferroviária e marítima de cabotagem, e business. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) G661n Gorni Neto, Fernando. Normas Técnicas e Internacionais de SST / Fernando Gorni Neto. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 204 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Normas. 2. ISO. 3. Segurança do trabalho. I. Título. CDU 658.382.3 U509.15 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Ricardo Duarte Ana Fazzio Sumário Normas Técnicas e Internacionais de SST APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 NORMAS E ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO ..........................................................9 1.1 O que são normas? .................................................................................................................................9 1.1.1 Quem as normas beneficiam? ........................................................................................................... 15 1.1.2 O que são riscos?..................................................................................................................................... 16 1.2 Histórico da segurança e saúde no trabalho ............................................................................ 18 1.3 Histórico da Organização Internacional do Trabalho ............................................................ 20 1.4 Organização Internacional do Trabalho ...................................................................................... 22 1.4.1 OIT no Brasil .............................................................................................................................................. 25 1.5 Normas internacionais ....................................................................................................................... 26 2 IEC, ANSI, NFPA, API E IMO ......................................................................................................................... 29 2.1 Normas IEC ............................................................................................................................................. 29 2.2 Normas Ansi ........................................................................................................................................... 38 2.3 Normas NFPA ......................................................................................................................................... 41 2.4 Normas API ............................................................................................................................................. 44 2.5 Organização Marítima Internacional (IMO) ............................................................................... 49 2.5.1 Código IMO ............................................................................................................................................... 51 2.5.2 Incoterms 2020 ........................................................................................................................................ 53 Unidade II 3 ASTM, OSHA E HACCP ................................................................................................................................... 58 3.1 Normas ASTM ........................................................................................................................................ 58 3.2 Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (Osha) ................................................ 60 3.3 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACCP) ................................................. 73 3.3.1 Programas de pré-requisito ................................................................................................................ 74 3.3.2 HACCP e ISO 22000 ............................................................................................................................... 75 4 ISO ......................................................................................................................................................................... 76 4.1 ISO 9000 ................................................................................................................................................... 78 4.2 ISO 14000 ................................................................................................................................................ 83 4.2.1 Vantagens da ISO 14000 ..................................................................................................................... 84 4.3 ISO 17025 ................................................................................................................................................ 88 4.3.1 Vantagens da ISO 17025 ...................................................................................................................... 89 4.4 ISO 22000 ................................................................................................................................................ 90 4.4.1 Vantagens da ISO 22000 ..................................................................................................................... 92 Unidade III 5 GFSI, CODEX ALIMENTARIUS E NORMAS ISO 26000, 56000 E 27001 ....................................... 96 5.1 Iniciativa Global de Segurança Alimentar (GFSI) .................................................................... 96 5.2 Codex Alimentarius ............................................................................................................................. 98 5.3 ISO 26000 ..............................................................................................................................................105 5.3.1 Vantagens da ISO 26000 ...................................................................................................................107 5.4 ISO 56000 ..............................................................................................................................................1085.5 ISO 27001 ..............................................................................................................................................110 5.5.1 Vantagens da ISO 27001 .....................................................................................................................111 6 NORMAS INTERNACIONAIS DO TRABALHO ......................................................................................112 6.1 Mecanismos de controle da OIT ...................................................................................................114 6.2 Liberdade sindical: mecanismos de controle especiais .......................................................115 6.3 Convenções fundamentais da OIT ...............................................................................................116 6.4 Convenções ratificadas pelo Brasil ..............................................................................................118 6.5 Convenções não ratificadas pelo Brasil .....................................................................................151 Unidade IV 7 NORMAS PARA A INDÚSTRIA AEROESPACIAL ..................................................................................160 7.1 AS/EN 9100 ...........................................................................................................................................160 7.2 AS/EN 9110 ............................................................................................................................................160 7.3 AS/EN 9120 ...........................................................................................................................................160 7.4 AS 9003 ..................................................................................................................................................161 8 ISO 45001, VALOR DAS NORMAS INTERNACIONAIS E AGRONEGÓCIO ..................................161 8.1 ISO 45001 ..............................................................................................................................................161 8.1.1 Vantagens da ISO 45001 ................................................................................................................... 167 8.2 Valor das normas internacionais ..................................................................................................168 8.2.1 SA 8000 .....................................................................................................................................................170 8.2.2 OHSAS 18001 ........................................................................................................................................ 174 8.2.3 AA 1000 ................................................................................................................................................... 174 8.3 Normas internacionais e agronegócio .......................................................................................175 7 APRESENTAÇÃO A segurança do trabalho é um conjunto de normas, tanto nacionais como internacionais, e as ações, as atividades e as medidas preventivas destinadas à melhoria do ambiente de trabalho, prevenção de ocorrência de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais e proteção à integridade e capacidade do trabalhador. O objetivo desta disciplina é introduzir o aluno na área de normas internacionais de SST, proporcionando meios para formar uma visão geral das atividades de saúde e segurança dos trabalhadores exigidas nas organizações em que atuarão, através do estudo das normas técnicas, bem como conscientizá-lo dos problemas que a segurança e saúde no trabalho enfrenta diante da necessidade cada vez maior de atender a empresas e trabalhadores. Assim, este livro-texto foi elaborado buscando apresentar as principais estruturas mundiais que tratam de segurança do trabalho e também abordar algumas das principais normas e legislações internacionais que fazem parte do mercado globalizado. Para alcançar esse conhecimento, trabalharemos os objetivos da disciplina, levando os alunos a: • compreender a terminologia usual das normas técnicas e internacionais de SST; • identificar os elementos que constituem essas normas; • entender as implicações do uso delas no ambiente de trabalho, além dos recursos utilizados na disseminação, interna e externa, da informação na organização; • conhecer os principais tipos de norma que atendam aos diversos níveis hierárquicos e aplicabilidades no ambiente empresarial, bem como aos negócios da empresa. Dessa forma, estruturamos o livro-texto com o objetivo de estabelecer linhas de conhecimento sobre as normas empresariais, partindo de conceitos organizacionais que vão prepará-lo para o uso das normas nas organizações, envolvendo a segurança e saúde do trabalho, cuja atuação é um exemplo das melhorias promovidas nas empresas para a manutenção da integridade das pessoas. Ela não serve apenas para identificar a origem, os motivos e as ocorrências dos riscos, mas também para a sua prevenção. Finalmente, o foco será o conhecimento das atividades voltadas ao agronegócio relacionadas às normas internacionais. Bons estudos! 8 INTRODUÇÃO Nesta disciplina, você terá a oportunidade de aumentar seus conhecimentos sobre os assuntos de segurança do trabalho, já que ela busca abordar algumas das principais normas e legislações internacionais. Isso demandará certo esforço, porém os benefícios serão notáveis, logo compensando as energias empreendidas, abordando a rotina do universo corporativo. Da perspectiva internacional, a multiplicidade e a diversidade de normas adotadas pelos países tendem a promover a fragmentação dos mercados, especialmente em decorrência da pluralidade de tecnologias incompatíveis umas com as outras, podendo tornar difíceis e onerosos para as empresas o desenvolvimento e a comercialização de produtos e serviços sujeitos a normas e discussões sobre problemas de segurança do trabalho. Não se pode prescindir de gestão e inovação nem em pequenas nem em médias empresas. Aliás, são elas as que mais precisam desse conhecimento para enfrentar os mercados extremamente competitivos, e não raro extremamente hostis. Este livro-texto procura mostrar as mais relevantes estruturas mundiais acerca da segurança do trabalho, assinalando as normas e legislações internacionais que integram o mercado globalizado. Ao final deste estudo, espera-se que você tenha formado habilidades para administrar, saber agir, analisar e fazer julgamentos profissionais. 9 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Unidade I 1 NORMAS E ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO 1.1 O que são normas? Observe a seguinte definição de norma. Norma é um termo que vem do latim e significa “esquadro”. Uma norma é uma regra que deve ser respeitada e que permite ajustar determinadas condutas ou atividades. No âmbito do direito, uma norma é um preceito jurídico. Se uma pessoa não segue essa norma, então ela é considerada uma “infratora” ou será vista com maus olhos pelos demais. […] As normas podem ser determinadas tanto pela sociedade quanto pelo próprio indivíduo, sendo que, nesse último caso, as normas têm o objetivo de reger e guiar a vida de uma determinada pessoa, com o intuito de organizar seus princípios. Já as normas impostas pela sociedade devem ser seguidas não somente por um, mas por todos os indivíduos que compõem essa sociedade (CONCEITO…, 2019). As normas asseguram as características desejáveis – seja de produtos, seja de serviços –, como qualidade, segurança, confiabilidade, eficiência, intercambialidade e respeito ambiental, e tudo isso a um custo econômico. Assim, trataremos de normas elaboradas por órgãos técnicos, privados ou públicos, que instituem padrões nacionais ou internacionais para produtos, processos, atividades e serviços, de forma a assegurar qualidade, segurança e/ou eficiência a eles. Para facilitar o entendimento, seguemalgumas definições sobre normas e leis aplicáveis. • Norma (Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT) Documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. • Norma técnica (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro) Documento aprovado por uma instituição reconhecida, que prevê, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para os produtos ou processos e métodos de produção conexos, 10 Unidade I e cuja observância não é obrigatória. Também pode incluir prescrições em matéria de terminologia, símbolos, embalagem, marcação ou etiquetagem aplicáveis a um produto, processo ou método de produção, ou tratar exclusivamente delas. • Regulamento técnico (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro) Documento aprovado por órgãos governamentais em que se estabelecem as características de um produto ou dos processos e métodos de produção a ele relacionados, com inclusão das disposições administrativas aplicáveis e cuja observância é obrigatória. É publicado através de portaria. • Norma regulamentadora (Ministério da Economia, Secretaria do Trabalho) As normas regulamentadoras (NRs), relativas a segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas, pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos do Legislativo e do Judiciário que tenham empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. • Avaliação da conformidade (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro) Todo procedimento utilizado, direta ou indiretamente, para determinar que se cumpram as prescrições pertinentes dos regulamentos técnicos ou normas. Os procedimentos para a avaliação da conformidade compreendem, entre outros, os de amostragem, prova e inspeção; avaliação, verificação e garantia da conformidade; e registro, acreditação e aprovação, separadamente ou em distintas combinações. • Legislação (Câmara dos Deputados) Nos regimes democráticos, três poderes apresentam-se bem definidos e atuantes: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. Ao Executivo compete exercer o comando da nação, conforme os limites estabelecidos pela Constituição ou Carta Magna do país. O Poder Judiciário tem a incumbência de aplicar a lei em casos concretos, assegurar a justiça e a realização dos direitos individuais e coletivos no processo das relações sociais, além de velar pelo respeito e cumprimento do ordenamento constitucional. Quanto ao Poder Legislativo, a ele compete produzir e manter o sistema normativo, ou seja, o conjunto de leis que asseguram a soberania da justiça para todos – cidadãos, instituições públicas e empresas privadas. Em resumo, a legislação de um Estado Democrático de Direito é originária de um processo legislativo que constrói, a partir de uma sucessão de atos, fatos e decisões políticas, econômicas e sociais, um conjunto de leis com valor jurídico, nos planos nacional e internacional, para assegurar estabilidade governamental e segurança jurídica às relações sociais entre cidadãos, instituições e empresas. • Legislação de segurança e saúde no trabalho (Ministério da Economia, Secretaria do Trabalho) Relativa a leis do trabalho, é de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas, pelos órgãos públicos da administração indireta e direta, bem como pelos órgãos do Legislativo e do 11 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Judiciário que tenham empregados regidos pela CLT. Obriga, nos termos da lei, empregadores (empresa individual ou coletiva) e empregados (a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a um empregador), urbanos e rurais. Observa-se que as normas e os regulamentos técnicos apresentam implicações na saúde e segurança do trabalho. As normas técnicas internacionais, que por definição são de caráter voluntário, passam a ser revestidas de caráter obrigatório por imposição de acordos, limitando assim a margem de atuação dos países na adoção de normas e regulamentos técnicos domésticos. O atendimento a normas técnicas, nacionais ou internacionais, é um assunto amplo, controverso e que merece atenção; porém, a questão central que se pretende abordar é se esse atendimento é compulsório ou apenas uma boa prática. Isso está previsto no Decreto n. 10.229, de 5 de fevereiro de 2020, que regulamenta os requisitos para aferição da situação concreta, os procedimentos, o momento e as condições dos efeitos dos requerimentos para desenvolver, executar, operar ou comercializar novas modalidades de produtos e de serviços quando as normas infralegais se tornarem desatualizadas por força de desenvolvimento tecnológico consolidado internacionalmente. No art. 3º, o decreto determina: Art. 3º É direito de toda pessoa, natural ou jurídica, desenvolver, executar, operar ou comercializar novas modalidades de produtos e de serviços quando as normas infralegais se tornarem desatualizadas por força de desenvolvimento tecnológico consolidado internacionalmente, desde que não restringido em lei e que observe o seguinte: I – na hipótese de existir norma infralegal vigente que restrinja o exercício integral do direito, o particular poderá fazer uso do procedimento disposto nos art. 4º ao art. 8º; e II – na hipótese de inexistir restrição em ato normativo, a administração pública respeitará o pleno exercício do direito de que trata este artigo. Parágrafo único. Para os fins do disposto no inciso II do caput, em casos de dúvida, interpreta-se a norma em favor do particular de boa-fé, nos termos do disposto no § 2º do art. 1º e no inciso V do caput do art. 3º da Lei n. 13.874, de 2019 (BRASIL, 2020). Mais adiante no decreto, lemos: Prazo para manifestação Art. 7º O prazo para manifestação do órgão ou da entidade sobre o pedido de revisão da norma desatualizada é de seis meses. 12 Unidade I § 1º O prazo de que trata o caput ficará suspenso por eventual intimação do órgão ou da entidade para complementação da instrução, vedada a suspensão na hipótese de segundo pedido de complementação. § 2º Até o fim do prazo de que trata o caput, o órgão ou a entidade fica obrigado a decidir pelo: I – não conhecimento do requerimento; II – indeferimento do requerimento; ou III – deferimento do requerimento, total ou parcial, com a edição de norma técnica com o conteúdo internacionalmente aceito. § 3º Também se considera deferimento, para os fins do disposto no inciso III do § 2º, a revogação da norma interna desatualizada. § 4º Nas hipóteses de que trata o inciso III do § 2º ou o § 3º, o prazo para publicação do ato é de um mês, contado da data da decisão. Descumprimento dos prazos Art. 8º O requerente poderá optar por cumprir a norma utilizada internacionalmente em detrimento da norma interna apontada como desatualizada se: I – complementar a instrução do pedido de que trata o art. 7º com declaração, em instrumento público, de responsabilidade: a) objetiva e irrestrita por quaisquer danos, perante entes públicos ou particulares, advindos da exploração da atividade econômica; e b) por quaisquer gastos ou obrigações decorrentes do encerramento da atividade econômica por força de rejeição posterior do pedido de revisão da norma apontada como desatualizada; e II – o órgão ou a entidade pública não: a) se manifestar na forma prevista nos § 2º ao § 4º do art. 7º nos prazos estabelecidos; e b) rejeitar, de modo fundamentado, no prazo de seis meses, contado da data do pedido, a pretensão de afastamento da norma interna apontada como desatualizada. 13 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Parágrafo único. Ressalvado o disposto no caput, o descumprimento dos prazosprevistos no art. 7º pelo órgão ou pela entidade não legitima o descumprimento da norma vigente (BRASIL, 2020). Do ponto de vista jurídico, as normas técnicas não são normas legais, e assim não têm qualquer poder vinculante (que significa que se atrela a algo), cabendo a deliberação sobre sua aplicação técnica aos profissionais habilitados nas diversas áreas de atuação. Dessa forma, não há que falar em obrigatoriedade do atendimento e uso dessas normas, sendo elas voluntárias. Assim, a norma jurídica vincula toda a coletividade. Temos ainda normas que preveem necessidade de atendimento a normas técnicas sem especificar quais são elas, como é o caso da NR-20, que em seu item 20.5.1 determina: 20.5.1 As instalações para extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis devem ser projetadas considerando os aspectos de segurança, saúde e meio ambiente que impactem sobre a integridade física dos trabalhadores previstos nas normas regulamentadoras, normas técnicas nacionais e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais, convenções e acordos coletivos, bem como nas demais regulamentações pertinentes em vigor (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 1978d). Diante disso, a parte técnica da empresa deve pesquisar quais normas serão aplicáveis ao caso, sejam elas nacionais ou internacionais, e determinar quais serão utilizadas como orientação. Inseridas em um ambiente de violenta concorrência resultante da abertura comercial, as empresas buscam ferramentas como um fator significativo para aumentar a sua competitividade. Entre estas, a normalização e a utilização de norma técnicas são, reconhecidamente, fatores relevantes para o crescimento e para a promoção da competitividade das empresas tanto no mercado interno quanto no mercado externo. Nas questões sobre a segurança do trabalho, encontraremos o tema sendo estudado através das mais diversas normas técnicas. Portanto, é fundamental compreendê-las. As normas técnicas constituem parte importante do acervo tecnológico do país. É nessa perspectiva que se definem requisitos de qualidade, desempenho e segurança, além de procedimentos, formas, dimensões, classificações ou terminologias e glossários. É possível ainda estabelecer a maneira de medir ou de determinar características do produto, processo ou serviço. Existem diversos tipos de norma. Especificações, procedimentos, métodos de ensaio, classificações, padronizações e terminologia são os mais comuns. A normalização é uma atividade da sociedade e pode ser descrita como a sua autorregulação, considerando-se que é essencialmente voluntária e construída de comum acordo entre os interessados, tendo como base o consenso. 14 Unidade I Esse processo é conduzido por instituições especializadas (públicas, privadas ou mistas), denominadas organismos de normalização. Nessa atividade, eles seguem os princípios conhecidos internacionalmente. Os princípios são a voluntariedade, a representatividade, a paridade, o consenso, a transparência e a atualização. • O princípio da voluntariedade diz respeito tanto à participação eletiva no desenvolvimento da norma (isto é, ninguém é obrigado a participar) quanto ao seu uso, como resultante de uma decisão racional na qual se percebem mais vantagens em aplicá-la do que em não aplicá-la. • O princípio da representatividade refere-se à necessidade de participação dos fornecedores, dos consumidores e de outras partes interessadas (universidades, laboratórios, institutos de pesquisa, governo), de modo que a opinião de todos os envolvidos seja considerada na definição da norma. • O princípio da paridade concerne ao equilíbrio característico das diversas disposições em questão, evitando-se assim a imposição de uma sobre as demais por conta do número maior de prepostos. • O princípio do consenso assegura que a norma expressa a solução aceitável para as partes interessadas, sem a predominância de nenhuma atenção em particular. • O princípio da transparência estabelece que o processo de normalização é aberto, público e previsível, de maneira que os potenciais interessados ou afetados possam dele tomar conhecimento e nele participar, se assim o entenderem. • O princípio da atualização diz que as normas técnicas devem ser periodicamente revisadas, a fim de afiançar que estão atualizadas no tocante à tecnologia disponível e em uso. O processo de normalização tem quatro etapas: planejamento, elaboração, aprovação e publicação. Na fase de planejamento, é realizada a identificação e qualificação das demandas, a caracterização dos temas que devem ser abordados e a designação de prioridades e de um plano de normalização de acordo com a vontade da sociedade. O estágio de elaboração ocorre quando os textos são desenvolvidos. Então, procura-se assegurar que os projetos de norma atendem às necessidades identificadas na fase de planejamento e apresentam soluções aceitáveis para todas as partes interessadas. Por conseguinte, são apresentadas soluções técnicas consistentes, que depois se constituem em uma base efetiva para o desenvolvimento tecnológico do setor. No ciclo de aprovação, o texto proposto se converte formalmente numa norma técnica. Em geral, envolve uma consulta mais ampla a um público que não participou da criação do projeto, com o fito de endossar que houve oportunidade para conhecimento e apreciação pelos interessados. Na etapa de publicação, a norma é disponibilizada à sociedade. 15 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST 1.1.1 Quem as normas beneficiam? O objetivo da normalização é o estabelecimento de soluções, por consenso dos stakeholders, ou seja, das partes interessadas, para assuntos que têm caráter repetitivo, tornando-se uma ferramenta poderosa na disciplina dos agentes ativos dos mercados, pois é necessário compreender que normas e valores comportam uma dimensão social, e vários sistemas normativos circulam na sociedade. Assim, a segurança do trabalho é definida por normas regulamentadoras, que são disposições complementares ao capítulo V da CLT, compreendendo obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos por empregadores e trabalhadores com o objetivo de garantir trabalho seguro e saudável, prevenindo a incidência de doenças e acidentes de trabalho. A elaboração/revisão das NRs é realizada pelo Ministério da Economia, através da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, adotando o sistema tripartite (Comissão Tripartite de Segurança e Saúde no Trabalho – CT-SST) – instituído pela Portaria Interministerial n. 152, de 13 de maio de 2008 –, por meio de grupos e comissões compostos de representantes do governo, de empregadores e de empregados, com o objetivo de avaliar e propor medidas para a implementação no país da Convenção n. 187 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da estrutura de promoção da segurança e saúde no trabalho. O Brasil também segue as convenções internacionais da OIT. As normas criam vários benefícios. Vejamos a quem elas beneficiam. • Empresas: com a aceitação das normas, os fornecedores de produtos e serviços podem desenvolver e oferecer produtos e serviços que atendam aos critérios que têm ampla aceitação em seu campo de atuação. Empresas que utilizam normas internacionais podem concorrer em muito mais mercados no mundo. • Empreendedores de novas tecnologias: as normas têm impacto em terminologia, compatibilidade e segurança, e aceleram a difusão das inovações e o desenvolvimento de produtos viáveis de fabricar e transacionar. • Clientes: a conformidade da tecnologia em todo o mundo, que é atingida quando produtos e serviços são baseados em normas, fornece aos clientes uma ampla série de ofertas. Os clientes também se beneficiam dos resultados da concorrência entre fornecedores. • Consumidores: por causa da conformidade dos produtos e serviços com as normas, oferecem-se garantias sobre qualidade, segurança e credibilidade. • Quaisquer pessoas: as normas colaborampara a qualidade de vida, em geral possibilitando que o transporte, as máquinas e as ferramentas sejam mais seguros. • Governos: as normas proporcionam as bases tecnológicas e científicas que atestam a saúde, a segurança e a legislação ambiental. 16 Unidade I • Comércio internacional: as normas internacionais criam uma equivalência para todos os concorrentes nesses mercados e são os recursos técnicos pelos quais a política de acordos comerciais pode ser aplicada. • Países em desenvolvimento: as normas internacionais são uma fonte importante de conhecimento tecnológico, definindo as especificidades dos produtos e serviços para atender aos mercados de exportação. Assim, elas fornecem aos países em desenvolvimento uma base para investir seus escassos recursos e evitar esbanjamento. • O planeta que habitamos: as normas sobre a qualidade do ar, da água e dos solos, sobre a emissão de gases e sobre o aspecto ambiental de produtos (conforme os 3 Rs da sustentabilidade, ou seja, reúso, reciclagem e redução, práticas capazes de minimizar o impacto ambiental causado pelo desperdício de materiais) podem contribuir para os esforços de preservar o meio ambiente. Cabe salientar que normas diferem de leis, pois estas são preceitos que regulam a sociedade. São elas que definem nossos direitos e deveres e como deve ser a conduta do cidadão, garantindo assim a convivência harmoniosa entre os semelhantes. 1.1.2 O que são riscos? Observe a definição de riscos apresentada por Tosmann (2019): Riscos ocupacionais são aqueles aos quais os colaboradores estão expostos durante sua rotina de trabalho. Para que uma empresa tenha ambientes de trabalho seguros é preciso que haja uma gestão de segurança interna voltada para a análise de riscos relacionados às atividades que são executadas em cada local. Qualquer situação que apresente risco de dano à saúde do trabalhador é caracterizada como um risco ocupacional. Isso inclui desde acidentes com risco de morte e afastamento até problemas ergonômicos, que passam desapercebidos em muitas empresas. O Ministério do Trabalho, por meio da NR-9, da NR-12 e da Portaria n. 25/1994, classifica os riscos ocupacionais em cinco tipos: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentais. Além disso, existe uma classificação por cor para facilitar a elaboração do mapa de riscos ocupacionais e a adoção de medidas de prevenção de acidentes – por exemplo, o uso de dispositivos de segurança, como equipamentos de proteção individual (EPIs) e equipamentos de proteção coletiva (EPCs). 17 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Tosmann (2019) informa ainda quais são os riscos a que um trabalhador está sujeito: Riscos físicos São agentes de risco físico: ruído, calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, vibração e quaisquer outras formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores. Para cada tipo de risco é indicada uma limitação permitida. No caso de ruídos, o máximo de decibéis, por exemplo. Riscos químicos São substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, como gases, poeiras, fumos ou vapores, além de outros que possam ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. É o nível de toxicidade do agente químico que determina o período máximo que o colaborador pode ter exposição. Riscos biológicos São bactérias, vírus, fungos e protozoários, e as medidas de prevenção variam de acordo com a patogenicidade à qual o trabalhador está exposto em sua atividade. Riscos ergonômicos Postura inadequada de trabalho, levantamento e transporte de peso, jornadas prolongadas de turno e quaisquer outras situações que exijam esforço físico demasiado ou em que haja estresse físico. A avaliação desses riscos é feita por meio de um laudo ergonômico. Riscos de acidentes São situações perigosas que colocam o trabalhador em risco de acidente: iluminação ruim, operar máquinas e equipamentos sem proteção, estruturas de trabalho inadequadas (ferramentas descalibradas, armazenamento de materiais de forma incorreta) e situações como trabalho em altura, risco iminente de choque elétrico, incêndio, atmosferas explosivas e manuseio de máquinas pesadas. Estas são as razões de existirem as normas nacionais e internacionais. Elas são um meio de reduzir os riscos do trabalho aos colaboradores da empresa – afinal, somente em 2018, mais de 800 mil acidentes de trabalho foram registrados no Brasil. Entre 2012 e 2018, foram registrados 4.503.631 acidentes de trabalho, o que resultou num gasto de R$ 26.235.501.489,00 em benefícios acidentários, como pensão 18 Unidade I por morte, auxílio-acidente, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, apurando-se 351.796.758 dias de trabalho perdidos, conforme o site SmartLab – Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Ressalte-se que esses números se referem apenas aos trabalhadores com carteira assinada, não incluindo servidores estatutários e trabalhadores informais. Saiba mais Caso queira saber mais sobre acidentes de trabalho no Brasil, recomendamos que acesse o site SmartLab: https://smartlabbr.org/sst 1.2 Histórico da segurança e saúde no trabalho Para podermos falar sobre as normas internacionais é importante retroceder no tempo, pois, para que se possa compreender adequadamente o presente, torna-se necessário que se saiba um pouco da história e de onde se deu a origem das instituições que conhecemos hoje. Iremos retroceder até a Antiguidade. Nessa época, as atividades eram todas artesanais. O próprio artesão criava o seu ambiente de trabalho (geralmente adaptando parte da sua própria moradia para essa finalidade) e definia seus métodos, sua jornada, suas ferramentas etc. Em muitos casos, os demais membros da família também participavam dessas atividades. Assim, a questão da jornada de trabalho e a da participação de crianças e mulheres no trabalho eram assuntos que diziam respeito apenas ao artesão e à sua família. Algumas vezes, havia aprendizes ou ajudantes, que se submetiam às condições impostas pelo artesão. No início do século XVIII, porém, os estudos do francês Denis Papin, que deram origem à panela de pressão, também serviram de base para a invenção da máquina a vapor. Essa invenção revolucionou a humanidade e permitiu a criação de diversas máquinas, que se beneficiaram do movimento mecânico gerado na conversão do calor em energia cinética. Começou assim a era da industrialização. Com o surgimento das indústrias e a migração das pessoas do campo para as cidades, novos problemas apareceram – no âmbito do trabalho, havia muitos acidentes, que causavam sequelas permanentes ou até mesmo a morte. Em decorrência das condições de trabalho severas impostas pelas indústrias que se multiplicavam, começou a se formar um movimento operário, com o intuito de lutar por melhores condições. Assim, na segunda metade do século XIX, através de diversas correntes do movimento operário, foi criada a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT). 19 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Essa foi a primeira organização no mundo industrializado que buscou juntar as várias correntes operárias em prol de uma luta comum pelas condições de trabalho. Isso se deu quando um grupo de operários franceses, em 1862, participou de uma exposição realizada em Londres e assim teve contato com sindicalistas ingleses. Em 1864, em Londres, foi fundada a AIT, que era composta por representantes de organizações de trabalhadores de diferentes países europeus. Nessa época, a Europa vivia uma diversidade muito grande de movimentos, com características bastante específicas. Para que se pudesse coordenar os trabalhos da AIT, criou-se um conselho-geral, do qual Karl Marx ficou responsável. Foi ele quem redigiu os estatutos da AIT. É interessante saber que a AIT, entre tantas ideias, propostas e reivindicações, tratava de questões como a solidariedade entre os trabalhadores,a solidariedade entre as suas lutas, a busca pela redução da jornada de trabalho das mulheres e das crianças, a promoção da cooperação entre todos os trabalhadores, a definição de uma jornada de trabalho reduzida para dez horas, e muitos outros pontos que marcaram uma luta de interesses entre o capital e o trabalho. No entanto, devido às distintas correntes existentes e às disputas pelo controle e pela linha de ação da AIT, ela acabou sendo extinta em 1876, e não houve mais nenhuma organização capaz de reunir a variedade de correntes que essa associação havia conseguido agrupar. Depois de tudo isso, os movimentos foram se multiplicando, as classes trabalhadoras se organizando, e as informações sendo compartilhadas, com a consciência de que havia a necessidade de uma luta em nível mundial para melhorar as condições dos trabalhadores. Em 1919, logo após o término da Primeira Guerra Mundial, na mesma Conferência de Paz que aprovou o Tratado de Versalhes, fundou-se a Organização Internacional do Trabalho, pois se acreditava que era primordial para a manutenção da paz universal que ela estivesse calcada na justiça social. Buscou-se com isso combater razões históricas para a guerra, ou seja, a pobreza, a miséria, a fome e o desemprego. Figura 1 – Prédio da ONU 20 Unidade I Figura 2 – Sala de conferência da ONU Entre todas as agências criadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), a OIT é a única que conta com representantes de governantes, de empregadores e de trabalhadores, estrutura tripartite que foi utilizada como referência pelo nosso Ministério do Trabalho e é aplicada até hoje nas comissões permanentes que estudam, criam e atualizam as normas regulamentadoras e outras relacionadas ao trabalho. Observação O Brasil esteve presente desde a primeira conferência da OIT. 1.3 Histórico da Organização Internacional do Trabalho Como visto, a OIT foi criada pela Conferência de Paz ocorrida após a Primeira Guerra Mundial, a fim de refletir a crença de que a paz universal e duradoura só pode ser alcançada se for baseada na justiça social. A sua Constituição converteu-se na parte XIII do Tratado de Versalhes, tratado assinado pelas potências europeias que encerrou oficialmente a guerra. A Constituição da OIT foi elaborada no início de 1919 pela Comissão do Trabalho, presidida por Samuel Gompers, chefe da Federação Americana do Trabalho, nos Estados Unidos. Era composta por representantes de nove países: Bélgica, Cuba, Tchecoslováquia, França, Itália, Japão, Polônia, Reino Unido e Estados Unidos. As forças motrizes para a criação da OIT surgiram de considerações de segurança, humanitárias, políticas e econômicas. Seus fundadores reconheceram a importância da justiça social para garantir a paz, em um contexto de exploração dos trabalhadores nas nações em industrialização. Havia também uma compreensão cada vez maior da interdependência econômica mundial e da necessidade de cooperação para obter condições de trabalho semelhantes em países que competem por mercados. 21 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST A OIT mudou-se para Genebra, na Suíça, no verão de 1920, onde ainda está sediada, tendo o francês Albert Thomas como seu primeiro diretor. Nove convenções internacionais do trabalho e dez recomendações foram adotadas em menos de dois anos. Esses padrões cobriam questões-chave, incluindo: • horas de trabalho; • desemprego; • proteção à maternidade; • trabalho noturno para mulheres; • idade mínima para o trabalho; • trabalho noturno para jovens. O americano John Winant assumiu a chefia da OIT em 1939, quando a Segunda Guerra Mundial era iminente. Em maio de 1940, ele mudou a sede da OIT temporariamente para Montreal, no Canadá, por razões de segurança. Em 1946, à luz dos efeitos da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial, a Declaração da Filadélfia foi anexada à Constituição da OIT. A Constituição assim revista substituiu a adotada em 1919, que fora emendada nos anos seguintes. Sua vigência teve início em 20 de abril de 1948. A Declaração antecipou e serviu de modelo para a Carta das Nações Unidas e para a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Delegados governamentais, empregadores e trabalhadores de 41 países adotaram a Declaração da Filadélfia como um anexo à Constituição da OIT. A Declaração ainda constitui a Carta das metas e objetivos da OIT. A Declaração estabelece os princípios-chave para o trabalho da OIT após o fim da Segunda Guerra Mundial. Isso inclui a ideia de que o trabalho não é uma mercadoria e que todos os seres humanos, independentemente de raça, credo ou sexo, têm o direito de buscar seu bem-estar material e seu desenvolvimento espiritual em condições de liberdade, dignidade, segurança e igualdade de oportunidades. A OIT é a única agência das Nações Unidas que tem estrutura tripartite. Representantes de governos, de empregadores e de trabalhadores participam em situação de igualdade nas atividades dos diversos órgãos da organização. Seus 187 Estados-membros concorrem para estabelecer normas de trabalho, desenvolver políticas e elaborar programas que promovam o trabalho decente para mulheres e homens. Em 1969, em seu quinquagésimo aniversário, a organização foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz. Em 1998, após o fim da Guerra Fria, foi adotada a declaração da OIT sobre os princípios e direitos fundamentais no trabalho e seu seguimento. O documento é uma reafirmação universal da obrigação 22 Unidade I de respeitar, promover e tornar realidade os princípios refletidos nas convenções fundamentais da OIT, ainda que não tenham sido ratificados pelos Estados-membros. É importante entender o papel da OIT no cenário mundial. Ela é responsável por formular e aplicar as Normas Internacionais do Trabalho e, para isso, ela faz recomendações e cria convenções. Mas como isso funciona? A Conferência Internacional do Trabalho, que ocorre desde a criação da OIT, é realizada anualmente, no mês de junho, em Genebra. Dessa conferência participam os delegados dos governos, dos empregadores e dos empregados, representantes de todos os países-membros e seus ministros do Trabalho, que fazem intervenções ao longo do evento. Nessa conferência, obedecendo-se às políticas gerais da organização, debatem-se questões laborais de nível internacional, bem como questões relacionadas a problemas sociais e às Normas Internacionais do Trabalho. Deve-se ressaltar que a OIT, embora vinculada à ONU, mantém sua personalidade jurídica independente. Existe um Conselho de Administração, formado por 28 representantes dos governos, 14 dos empregadores e mais 14 dos trabalhadores. Trata-se de um órgão executivo da OIT que se reúne três vezes ao ano em Genebra, e que toma as medidas necessárias para elaborar o projeto do programa de trabalho e orçamento, bem como para programar a política da organização. O Brasil ratificou o instrumento de emenda da Constituição da OIT em 13 de abril de 1948, conforme o Decreto n. 25.696, de 20 de outubro de 1948. 1.4 Organização Internacional do Trabalho A OIT, especializada em questões trabalhistas, tem a finalidade de garantir direitos do trabalho e exerce um importante papel na fiscalização das condições de trabalho. Figura 3 – Símbolo da OIT Brasil Entende-se por trabalho decente um trabalho produtivo e com qualidade, exercido com respeito aos direitos humanos, como a dignidade da pessoa humana, considerada também um dos princípios basilares do Estado Democrático de Direito. Além de exercer/promover a fiscalização das condições de trabalho, a OIT funciona como orgão internacional de informações, pesquisas e estatísticas sobre o trabalho. 23 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Figura 4 – Símbolo da ONU A necessidade de pensar numa legislação trabalhista internacional surgiu como resultado das reflexões humanitárias, econômicas e político-sociais embasadas principalmente nas condições de trabalho decorrentes da Revolução Industrial. Observação A Revolução Industrialfoi um processo de grandes transformações econômico-sociais que começou na Inglaterra, no século XVIII, e se espalhou pelo mundo durante o século XIX e o início do século XX. Entre suas várias atribuições, a OIT tem uma atuação importante no cenário internacional em três campos principais (OIT…, [s.d.]): • político, a fim de assegurar bases sólidas para a paz mundial; • econômico, a fim de garantir a concorrência mundial; • humanitário, a fim de denunciar os abusos e irregularidades relacionados às condições de trabalho, sempre no intuito de diminuir as injustiças. Saiba mais Para ter acesso a indicadores de trabalho no mundo, acesse o site a seguir: https://ilostat.ilo.org/data/country-profiles/ 24 Unidade I Ressalte-se que a figura do Estado se destaca à medida que é necessária a criação de legislação trabalhista, bem como a sua aplicabilidade. Por ser um organismo responsável pelo controle e emissão de normas trabalhistas no âmbito internacional, a função exercida pela OIT é materializada através de convenções, recomendações e resoluções, visando proteger as relações entre empregados e empregadores. Essas convenções, recomendações e resoluções, que tratam das relações de trabalho, são fruto da Conferência Internacional do Trabalho, realizada anualmente, com a presença de representantes dos 187 Estados-membros. Todos os membros da OIT têm um compromisso com a organização, oriundo da Declaração sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho – o compromisso de respeitar, promover e realizar, de boa-fé e em conformidade com a Constituição, os princípios relativos aos direitos fundamentais que são objeto das convenções: • a liberdade de associação e o efetivo reconhecimento do direito de negociação coletiva; • a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório; • a abolição efetiva do trabalho infantil; • a eliminação da discriminação em matéria de emprego e função. É importante observar que há um contrapeso em relação ao compromisso dos membros da OIT. Reconheceu-se formalmente na Declaração sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho a obrigação da OIT de ajudar seus membros, em resposta às necessidades que tenham estabelecido e expressado, a alcançar esses objetivos fazendo pleno uso de seus recursos constitucionais, de funcionamento e pressupostos, inclusive a mobilização de apoio externo, assim como alentado por outras organizações internacionais com as quais a OIT tenha firmado relações, em conformidade com o art. 12 de sua Constituição, para apoiar tais esforços: • oferecendo cooperação técnica e serviços de assessoramento destinados a promover a ratificação e a aplicação das convenções fundamentais; • assistindo os membros que ainda não estejam em condições de ratificar todas ou algumas dessas convenções em seus esforços por respeitar, promover e realizar os princípios relativos aos direitos fundamentais que são objeto dessas convenções; • ajudando os membros em seus esforços para criar um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico e social. 25 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Saiba mais A Constituição da OIT pode ser consultada no site indicado a seguir. OIT. Constituição da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e seu anexo (Declaração da Filadélfia). [s.d.]. Disponível em: https://www.ilo.org/ wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-brasilia/documents/ genericdocument/wcms_336957.pdf. Acesso em: 21 set. 2020. 1.4.1 OIT no Brasil Desde a década de 1950, a OIT tem mantido representação no Brasil, com programas e atividades que refletem os objetivos da organização. Além de promover as normas internacionais do trabalho, do emprego, da melhoria das condições laborais e da ampliação da proteção social, a atuação da OIT no Brasil tem se caracterizado pelo apoio ao esforço nacional de promoção: • da dignidade em áreas tão importantes como o combate ao trabalho forçado, ao trabalho infantil e ao tráfico de pessoas para fins de exploração sexual e comercial; • da igualdade de oportunidades e de tratamento de gênero e raça no trabalho; • do trabalho decente para os jovens. Entre 2003 e 2010, instâncias consultivas e deliberativas foram constituídas, tendo sido possível construir consensos importantes no campo da promoção do trabalho decente no país. Em maio de 2006, a Agenda Nacional de Trabalho Decente (ANTD) foi lançada em Brasília pelo ministro do Trabalho e Emprego (MTE) por ocasião da XVI Reunião Regional Americana da OIT, durante a qual também foi lançada, pelo diretor-geral da OIT, a Agenda Hemisférica do Trabalho Decente (AHTD). Com o objetivo de contribuir para a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais, a ANTD se estrutura em torno de três prioridades: • a geração de mais e melhores empregos, com igualdade de oportunidade e de tratamento; • a erradicação do trabalho escravo e do trabalho infantil, em especial em suas piores formas; • o fortalecimento dos atores tripartites e do diálogo social como instrumento de governabilidade democrática. 26 Unidade I Elaborada por um grupo de trabalho interministerial coordenado pelo MTE, com assistência técnica permanente da OIT, e submetida à consulta no âmbito da Comissão Tripartite de Relações Internacionais (CTRI), a ANTD estabelece resultados esperados e linhas de ação para cada uma das prioridades definidas. O processo de implementação da ANTD ganhou novo impulso no final de 2007, com a constituição de um Grupo Técnico Tripartite (GTT) de consulta e monitoramento. Também houve progresso, nesse período, na discussão sobre os indicadores para monitorar os avanços nas diversas dimensões do trabalho decente e na experiência pioneira de elaboração de agendas estaduais (Bahia, Mato Grosso) e intermunicipais (região do ABC Paulista) de trabalho decente. O passo seguinte foi a elaboração do Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente (PNETD), a partir de uma proposta formulada por um grupo interministerial mais amplo que o anterior, também coordenado pelo MTE e com a assistência técnica da OIT. No dia 4 de junho de 2009 foi formalizado, por decreto presidencial, o Comitê Executivo Interministerial encarregado da elaboração do PNETD, concebido como um instrumento de implementação da ANTD. Durante 2009, o PNETD foi intensamente discutido por diversas áreas do governo federal e pelo GTT, em um importante processo de diálogo social. Como resultado, foi construído um consenso tripartite em torno das prioridades e resultados do PNETD, referendado por um documento firmado por representantes de governo, empregadores e trabalhadores durante a XCVIII Conferência Internacional do Trabalho (junho de 2009). Na ocasião, uma declaração conjunta assinada pelo presidente Lula e pelo diretor-geral da OIT reafirmou o compromisso entre o governo brasileiro e a OIT em relação ao tema. O mesmo decreto que criou o Comitê Interministerial instituiu o Subcomitê da Juventude, com o objetivo de elaborar uma Agenda Nacional de Trabalho Decente para a Juventude (ANTDJ). Esse objetivo foi cumprido durante o ano de 2010, através de um amplo e produtivo processo de diálogo tripartite. A ANTDJ se organiza em torno de quatro prioridades: • mais e melhor educação; • conciliação entre estudo, trabalho e vida familiar; • inserção digna e ativa no mundo do trabalho; • diálogo social. 1.5 Normas internacionais A padronização dos métodos de gestão, produção e aferição pode ser feita por meio de normas técnicas. Segundo definição internacional, uma norma técnica é um documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece para uso comum e repetitivo regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando obter um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. 27 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Tradicionalmente, cada país na Europa dispõe de um ou mais institutos de normalização próprios. Na Alemanha, por exemplo,o Instituto Alemão de Normalização (Deutsche Institut für Normung – DIN) é responsável pela edição das normas nacionais. Figura 5 – Logotipo do Instituto Alemão de Normalização As normas técnicas são desenvolvidas com a cooperação de todos os interessados, para o benefício de cada um e, em particular, para a promoção da economia global, levando em conta as condições funcionais e os requisitos de segurança. Em geral, as normas podem ser desenvolvidas em quatro níveis: • Nível internacional: normas para uso internacional, elaboradas com a participação de vários países com interesses comuns. Por exemplo, as normas da Organização Internacional de Normalização (International Organization for Standardization – ISO) e da Comissão Eletrotécnica Internacional (International Electrotechnical Commission – IEC). • Nível regional: normas para uso regional, elaboradas por um grupo limitado de países de um mesmo continente. Por exemplo, as normas do Comitê Europeu de Normalização (CEN), da Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas (Copant) e da Associação Mercosul de Normalização (AMN). • Nível nacional: normas para uso nacional, elaboradas por um grupo de interessados a partir de uma organização nacional reconhecida como autoridade no respectivo país. Por exemplo, as normas da ABNT, foro nacional de normalização por reconhecimento da sociedade brasileira desde a sua fundação, em 28 de setembro de 1940, o que é confirmado pelo governo federal por meio de diversos instrumentos legais; da Associação Francesa de Normalização (Association Française de Normalization – Afnor), que projeta e implementa soluções baseadas em padrões voluntários em todo o mundo; do DIN, organização nacional para a padronização na Alemanha, representante da Organização Internacional de Normalização no país; do Comitê de Padrões Industriais do Japão (Japanese Industrial Standards Committee – JISC), órgão nacional que desempenha um papel central no desenvolvimento de padrões no Japão, cobrindo uma ampla gama de produtos e tecnologias, de robôs a pictogramas; do Instituto Britânico de Normalização (British Standards Institution – BSI), organização sem fins lucrativos que oferece serviços globais nas áreas de padronização, avaliação de sistemas, certificação de produto, treinamento e consultoria; e da Associação Espanhola de Normalização e Certificação (Asociación Española de Normalización y Certificación – Aenor), entidade dedicada ao desenvolvimento da normalização e certificação em todos os setores industriais e de serviços espanhóis . • Nível empresarial: normas criadas para uso interno em empresas ou organizações, com a finalidade de reduzir custos, evitar acidentes etc. 28 Unidade I As normas técnicas são aplicáveis a produtos, serviços, processos, sistemas de gestão, ambientes, pessoal etc. Elas podem: • prescrever requisitos de qualidade, de desempenho e de segurança (seja no fornecimento de algo, no seu uso ou mesmo na sua destinação final); • estabelecer procedimentos; • padronizar formas, dimensões, tipos e usos; • fixar classificações ou terminologias e glossários; • definir a maneira de medir ou determinar as características, como os métodos de ensaio. Frequentemente uma norma se refere a outras normas que são necessárias para a sua aplicação. Exemplo de aplicação Leia o texto apresentado a seguir. Principais dificuldades do técnico de segurança na empresa A profissão técnico de segurança do trabalho, assim como todas as outras, tem suas dificuldades. Vejamos alguma delas. 1. Falta de apoio da direção da empresa Quando a direção da empresa não apoia a causa da segurança do trabalho, a situação normalmente se complica para o técnico de segurança. Ele, que lida direto com os empregadores e funcionários, acaba ficando sem chão. Pois quem deveria dar a firmeza necessária para a realização do trabalho simplesmente o deixa só. A segurança do trabalho normalmente só prospera na empresa se vier de cima para baixo. Quando o técnico de segurança não tem o apoio da empresa, ele tende a tentar resolver as coisas sozinho. E isso normalmente acaba não dando certo. Os funcionários não o respeitarão, e muitos não terão o cuidado de usar os EPIs. Enfim, o fracasso da gestão de segurança do trabalho é quase certo. 2. Falta de dinheiro para executar os trabalhos Esse problema é a continuação do primeiro. Quando a empresa não apoia a causa da prevenção, acaba não investindo, e infelizmente não temos como fazer gestão de segurança do trabalho sem dinheiro. EPIs, Semanas Internas de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipats), treinamentos, cursos, materiais para campanhas de segurança, tudo isso tem um custo. Alguns podemos contornar. Por exemplo: os custos com palestrantes de Sipats podem até ficar no zero se optarmos por instituições 29 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST que ministram de graça (algumas de graça e com qualidade). Porém, quando se trata de EPI, a coisa se complica muito. Nem sempre o EPI barato atende às necessidades do ambiente de trabalho. Alguns são até desconfortáveis. O EPI é algo básico em uma empresa no que se refere à prevenção. O técnico de segurança deve estar atento a esses detalhes. Se não há dinheiro ou comprometimento, às vezes é melhor abandonar o barco imediatamente 3. Empresas terceirizadas/prestadoras de serviços Algumas terceirizadas são uma dor de cabeça constante para a gestão de segurança da empresa. Muitos funcionários terceiros não se importam nem um pouco com a própria segurança. E como o técnico da empresa não é superior imediato deles, fica difícil cobrar. Simplesmente, na maioria dos casos, o técnico de segurança terá de ir ao superior do funcionário e solicitar que sejam tomadas as providências necessárias. E é claro que alguns líderes dos terceiros não ligam para a reivindicação do técnico de segurança. E lá vai o técnico de segurança usar a cabeça para encontrar uma forma de fazer os terceiros seguirem as normas de segurança da empresa. Para essa situação, recomendamos que a empresa contratante formule um Contrato de Prestação de Serviços para as terceiras (contratadas). Nele a empresa contratante colocará as normas de segurança que os terceiros deverão cumprir e as penalidades pelo não cumprimento. As penalidades poderão variar da expulsão do funcionário reincidente com multa para a empresa contratada até o rompimento imediato do contrato. Adaptado de: Principais… (2019). Como futuro técnico em segurança do trabalho, como você vê as dificuldades apresentadas no texto? Como aplicar as normas nacionais e internacionais do trabalho, se faltam recursos financeiros na empresa? Pense nisso. 2 IEC, ANSI, NFPA, API E IMO 2.1 Normas IEC As normas internacionais são normas técnicas e foram estabelecidas por um organismo internacional de normalização para que sejam aplicadas em âmbito mundial. Existem diversos desses organismos em campos específicos, como a ISO (para a maioria dos setores) e a IEC (para a área elétrica e eletrônica). A IEC é uma das três organizações irmãs globais – IEC, ISO e ITU (International Telecommunication Union – União Internacional de Telecomunicações) – que desenvolvem padrões internacionais para o mundo. Fundada em 1906, a IEC é a organização líder mundial na preparação e publicação de normas internacionais para todas as tecnologias elétricas e eletrônicas, conhecidas coletivamente como eletrotecnologia, cobrindo toda a área de elétrica, eletrônica e tecnologias associadas na terra, no mar 30 Unidade I e no ar; disciplinas relacionadas, como terminologia, compatibilidade eletromagnética, performance, segurança e meio ambiente; e trabalhos na otimização da eficiência energética e no desenvolvimento de normas para energias renováveis. As normas da IEC apoiam o comércio entre países, fornecendo uma referência para o funcionamento do acordo sobre barreiras técnicas ao comércio da Organização Mundial do Comércio (OMC). Observação Barreiras técnicas são barreirascomerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos técnicos não transparentes ou não embasados em normas internacionalmente aceitas, ou decorrentes da adoção de procedimentos de avaliação da conformidade não transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas. Quando apropriado, a IEC coopera com a ISO ou com a ITU, a fim de garantir que as normas internacionais se encaixem perfeitamente e se complementem. Os comitês conjuntos garantem que as normas internacionais combinem todo o conhecimento relevante de especialistas que trabalham em áreas relacionadas. As normas IEC são desenvolvidas nas suas diversas comissões técnicas (IEC/TC), organizadas numa base temática com representantes dos seus membros. As representações são nacionais. A aprovação das normas IEC é feita mediante votação entre seus membros. As normas IEC são voluntárias, cabendo aos membros decidirem se as adotam como nacionais ou não. A adoção de uma norma IEC como brasileira recebe a designação NBR IEC. As normas internacionais da IEC são totalmente baseadas em consenso e representam as necessidades das principais partes interessadas de todos os países participantes do trabalho da IEC. Todo país-membro, não importa quão grande ou pequeno, tem um voto. Afinal, são milhões de dispositivos que contêm eletrônicos e usam ou produzem eletricidade, ou seja, que dependem dos padrões internacionais da IEC e dos sistemas de avaliação de conformidade para executar, ajustar e trabalhar com segurança juntos. Observação O desenvolvimento e publicação de uma norma é feito em um comitê conjunto envolvendo a ISO e a IEC. Nesse caso, a designação internacional consta como norma ISO/IEC e, no Brasil, NBR ISO/IEC. 31 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST A estrutura de governo da IEC está direcionada para os dois principais ramos de trabalho da instituição: a preparação das normas internacionais IEC e o gerenciamento da certificação IEC ou esquemas de avaliação da conformidade. Os membros da IEC são conhecidos como comitês nacionais – um por país. Cada comitê nacional é um completo representante de todas as partes interessadas na área de eletrotecnologia em nível nacional. Os comitês nacionais tipicamente compreendem representantes de indústrias, agências governamentais, academias, associações de comércio, usuários finais e desenvolvedores de normas. Os comitês nacionais da IEC são constituídos de várias formas. Alguns são somente do setor público, outros são uma combinação do setor público com o setor privado, e outros ainda são somente do setor privado. Existem duas categorias de membro: membro pleno e membro associado. O membro pleno tem garantido o direito de participar completamente em todas as atividades de normalização da IEC, incluindo o direito de votar em todas as matérias. Também tem acesso a todas as normas internacionais da IEC e documentos. O membro associado tem uma participação mais limitada nas atividades de normalização da IEC, embora tenha o mesmo direito de acesso que o membro pleno. O Programa de Países Afiliados da IEC tem como alvo os países em desenvolvimento em todo o mundo e oferece uma participação limitada nos trabalhos da IEC e no uso das normas IEC. Um comitê técnico (TC) ou um subcomitê (SC) prepara as normas internacionais para uma área específica da eletrotecnologia. Exemplos: TC 11 (linhas de transmissão aéreas), TC 36 (isoladores), TC 61 (segurança de eletrodomésticos e aparelhos elétricos similares), TC 86 (fibras óticas) e TC 105 (células combustíveis). Todos os comitês nacionais são livres para participar no trabalho de quaisquer comitês técnicos, seja como participante ou membro P, com a obrigação de votar em todos os estágios e comparecer às reuniões, seja como observador ou membro O, com a obrigação de votar o projeto final de norma internacional. Para a participação brasileira em reuniões internacionais são criadas delegações, que colaborarão na elaboração da norma internacional. A obrigação do delegado brasileiro ao atuar em comitês técnicos, subcomitês ou grupos de trabalho (working groups – WG) da IEC é defender e promover a posição nacional em relação ao tema da reunião, a qual foi estabelecida anteriormente pelo Comitê Brasileiro (CB), através de sua Comissão de Estudo (CE). Vale lembrar que o delegado brasileiro não é membro da IEC, mas da delegação brasileira que representará como membro P ou membro O. Esses especialistas brasileiros não devem emitir opiniões individuais nas reuniões com representantes das demais delegações, mas sim o posicionamento nacional previamente estabelecido pela CE. 32 Unidade I A designação de um membro da delegação é feita por proposta do CB ao comitê nacional da IEC. Devem-se levar em conta pontos como experiência comprovada no tema, capacidade de decisão para aceitar ou defender as propostas discutidas e capacidade para se expressar em inglês. Nas delegações compostas de mais de um delegado, o CB deve propor um chefe da delegação, que será o representante dela na reunião. Os produtos ou publicações que resultam do trabalho dos comitês técnicos e subcomitês dividem-se em duas grandes categorias: normativa e informativa. As publicações normativas são as normas internacionais, as especificações técnicas, as especificações disponíveis publicamente e os acordos técnicos industriais. Os participantes no nível nacional alimentam com ideias e propostas seus comitês nacionais, que em seguida as trazem como novos projetos de trabalho. Se aprovados pelos membros da IEC, seguem para um comitê técnico apropriado ou para subcomitês da IEC, que transformam as ideias e propostas em normas internacionais e outros tipos de publicação. Figura 6 – Logotipo da IEC Os sistemas de avaliação global de conformidade da IEC são baseados nas normas internacionais IEC. Seu objetivo é auxiliar a redução das barreiras técnicas ao comércio causadas por diferentes critérios de certificação em diferentes países. Remover significantes atrasos e custos dos múltiplos testes e aprovações permite à indústria ser mais rápida e mais competitiva para o mercado com seus produtos. A IEC opera três desses sistemas: • IECEE: sistema de ensaios de conformidade e certificação de equipamentos eletrotécnicos e componentes. • IECQ: sistema de avaliação de qualidade para componentes eletrônicos. • IECEx: sistema de certificação de normas para equipamentos para atmosferas explosivas. Usar as normas internacionais IEC para a certificação em nível nacional assegura que o produto foi fabricado e testado em ensaios de tipo bem estabelecido e com critérios rigorosos. O usuário final pode ter certeza de que o produto respeita as normas mínimas de qualidade (usualmente altas) e não precisa se preocupar com novos testes ou avaliações do produto. 33 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Há várias normas da IEC em vigor. A seguir, abordamos algumas delas, pois não cabe aqui especificar todas as normas internacionais, e sim dar conhecimento da existência delas. • IEC 60079-11: atmosferas explosivas: parte 11: proteção de equipamentos por segurança intrínseca “i”. Esta norma especifica a construção e o ensaio de aparelhos seguros para uso em atmosferas explosivas, e de aparelhos associados, que se destinam à conexão com circuitos de segurança em que entram essas atmosferas. Tais equipamentos elétricos são construídos de modo a não causar, sob condições específicas, a ignição da atmosfera explosiva ao seu redor. Esse tipo de proteção é aplicável a equipamentos elétricos cujo circuito elétrico é incapaz de causar uma explosão em atmosferas explosivas. Esta norma é também aplicável ao equipamento elétrico (ou a partes dele) localizado fora da atmosfera explosiva ou protegido por outros tipos de proteção, listados na IEC 60079-0, em que a segurança intrínseca dos circuitos elétricos na atmosfera explosiva pode depender da concepção e construção dos equipamentos elétricosou de partes deles. Os circuitos elétricos expostos à atmosfera explosiva são avaliados para uso em tal atmosfera através da aplicação da norma. Os requisitos para os sistemas de segurança são fornecidos na IEC 60079-25: atmosferas explosivas: parte 25: sistemas elétricos intrinsecamente seguros. • IEC 60092-352: instalações elétricas em navios: parte 352: escolha e instalação de cabos elétricos. • IEC 60092-401: instalações elétricas em navios: parte 401: instalação e teste de instalação concluída. • IEC 60287-1-1: cabos elétricos: cálculo da potência nominal: parte 1-1: equações de potência nominal (100% de fatores de carga) e cálculo de perdas. • IEC 60364: instalações elétricas de baixa tensão. Especifica instalações elétricas de baixa tensão, com regras para a concepção, a montagem e a verificação das instalações elétricas. As regras destinam-se a garantir a segurança de pessoas, animais domésticos e bens contra os perigos e danos que possam surgir do uso racional de instalações elétricas e fornecer parâmetros para o bom funcionamento dessas instalações. Segundo a Norma Regulamentadora 10 (NR-10), baixa tensão é uma tensão superior a 50 volts em corrente alternada, ou 120 volts em corrente contínua, e igual ou inferior a 1.000 volts em corrente alternada, ou a 1.500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. Esta norma é dividida em: — Parte 1: princípios fundamentais: determinação das características gerais: definições. — Parte 2: vaga. — Parte 3: vaga. — Parte 4: proteção para garantir segurança. - IEC 60364-4-41: proteção contra choques elétricos. 34 Unidade I - IEC 60364-4-42: proteção contra os efeitos térmicos. - IEC 60364-4-43: proteção contra sobrecorrentes. - IEC 60364-4-44: proteção contra perturbações de tensão e perturbações eletromagnéticas. — Parte 5: seleção e instalação de produtos elétricos. - IEC 60364-5-51: regras comuns. - IEC 60364-5-52: linhas elétricas. - IEC 60364-5-53: seccionamento, manobra e comando. - IEC 60364-5-54: aterramento e condutores de proteção. - IEC 60364-5-55: outros produtos. - IEC 60364-5-56: serviços de segurança. — Parte 6: verificação. — Parte 7: requisitos complementares para instalações ou locais específicos. - IEC 60364-7-701: locais contendo banheira ou chuveiro. - IEC 60364-7-702: piscinas e fontes. - IEC 60364-7-703: locais contendo aquecedores de sauna. - IEC 60364-7-704: instalações de canteiros de obras, de construção e de demolição. - IEC 60364-7-705: instalações elétricas em estabelecimentos agrícolas e hortícolas. - IEC 60364-7-706: compartimentos condutivos exíguos. - IEC 60364-7-708: instalações elétricas de áreas de concentração de reboques, áreas de acampamento e locais análogos. - IEC 60364-7-709: marinas e locais análogos. - IEC 60364-7-710: locais de atendimento médico (NBR 13534: requisitos específicos para instalação em estabelecimentos assistenciais de saúde). 35 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST - IEC 60364-7-711: exposições, espetáculos e feiras. - IEC 60364-7-712: instalações fotovoltaicas. - IEC 60364-7-713: mobília. - IEC 60364-7-714: instalações de iluminação externa. - IEC 60364-7-715: instalações de iluminação em extrabaixa tensão. - IEC 60364-7-717: unidades móveis ou transportáveis. - IEC 60364-7-718: estabelecimentos com afluência de público e locais de trabalho. - IEC 60364-7-721: instalações elétricas em trailers (reboques). - IEC 60364-7-729: passagens de operação ou manutenção. - IEC 60364-7-740: instalações elétricas temporárias para estruturas, conjuntos de entretenimento e estandes, em feiras, parques de diversão e circos. - IEC 60364-7-753: sistemas de aquecimento para piso e teto. • IEC 60617: símbolos gráficos para diagramas. Saiba mais Caso queira saber mais sobre símbolos gráficos para diagramas, pois são a representação gráfica e escrita dos componentes na instalação, com todos os seus detalhes na planta do projeto elétrico, recomendamos que consulte o arquivo indicado a seguir. ISO/IEC. Graphical symbols for use on equipment. 2017. Disponível em: http://paginapessoal.utfpr.edu.br/luizpepplow/desenho-eletrico/normas- abnt/simbolos%20graficos%20info_iec60417_DB.pdf/at_download/file. Acesso em: 21 set. 2020. • IEC 60909-0: curto-circuito: cálculo atual trifásico: corrente alternada: sistemas: parte 0: cálculo das correntes. • IEC 61363-1: descreve procedimentos para calcular correntes de curto-circuito que podem ocorrer em uma instalação elétrica de corrente alternada marítima ou offshore. Instalações elétricas de 36 Unidade I navios: unidades marítimas móveis e fixas: parte 1: procedimentos para o cálculo de correntes de curto-circuito no AC trifásico. • IEC 61850-1: conjunto de normas e padrões que estabelece uma arquitetura de comunicação para sistemas elétricos. Redes e sistemas em subestações de comunicação: parte 1: introdução e visão geral. • IEC 61850-2: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 2: glossário. • IEC 61850-3: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 3: requisitos gerais. • IEC 61850-4: redes e sistemas em subestações de comunicação: parte 4: gestão de projetos de sistemas. • IEC 61850-5: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 5: requisitos de comunicação para funções e modelos de dispositivos. • IEC 61850-6: redes e sistemas em subestações de comunicação: parte 6: linguagem de descrição e configuração de subestações elétricas baseadas em dispositivos eletrônicos inteligentes (intelligent electronic devices – IEDs). • IEC 61850-7-1: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 7-1: estrutura de comunicação básica para subestação e equipamentos alimentadores: princípios e modelos. • IEC 61850-7-2: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 7-2: estrutura de comunicação básica para subestação e equipamentos alimentadores: interface de serviço de comunicação abstrata (abstract communication service interface – ACSI). • IEC 61850-7-3: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 7-3: estrutura de comunicação básica para subestação e equipamentos alimentadores: classes de dados comuns. • IEC 61850-7-4: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 7-4: estrutura de comunicação básica para subestação e equipamentos alimentadores: classes nó lógico compatível e classes de dados. • IEC 61850-8-1: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 8-1: mapeamento de serviço específico de comunicação (SCSM): mapeamentos para MMS (ISO 9506-1 e ISO 9506-2) e para ISO/IEC 8802-3. • IEC 61850-9-1: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 9-1: mapeamento de serviço específico de comunicação (SCSM): valores amostrados sobre conexão serial unidirecional ponto a ponto. 37 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST • IEC 61850-9-2: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 9-2: mapeamento de serviço específico de comunicação (SCSM): valores recolhidos durante ISO/IEC 8802-3. • IEC 61850-10: redes e sistemas de comunicação em subestações: parte 10: teste de conformidade. • IEC 61892-2: unidades marítimas móveis e fixas: instalações elétricas: parte 2: projeto de sistemas elétricos. • IEC 61892-3: unidades marítimas móveis e fixas: instalações elétricas: parte 3: equipamento. • IEC 61892-4: unidades marítimas móveis e fixas: instalações elétricas: parte 4: cabos. • IEC 61892-5: unidades marítimas móveis e fixas: instalações elétricas: parte 5: unidades móveis. • IEC 61892-6: unidades marítimas móveis e fixas: instalações elétricas: parte 6: instalação. • IEC 61892-7: unidades marítimas móveis e fixas: instalações elétricas: parte 7: áreas classificadas. • IEC 62305-1: proteção contra raios: parte 1: princípios gerais. • IEC 62305-2: proteção contra raios: parte 2: gestão de riscos. • IEC 62305-3: proteção contra raios: parte 3: avarias na estrutura e perigo de vida. • IEC 62305-4: proteção contra raios: parte 4:sistemas elétricos e eletrônicos dentro de estruturas. Figura 7 – Raios são perigosos para a rede elétrica 38 Unidade I Observação As normas da IEC aplicam-se a todas as empresas fabricantes e até mesmo importadoras de equipamentos elétricos para atmosferas explosivas de gases, vapores inflamáveis e poeiras combustíveis. 2.2 Normas Ansi O Instituto Nacional Americano de Padronização (American National Standards Institute – Ansi) atua como administrador e coordenador do sistema voluntário de padronização do setor privado dos Estados Unidos há mais de cem anos. Fundado em 1918 por cinco sociedades de engenharia e três agências governamentais, o instituto continua sendo uma organização privada sem fins lucrativos, apoiada por um grupo diversificado de organizações do setor público e do setor privado. Figura 8 – Logotipo do Ansi O instituto representa os interesses de mais de 1.200 empresas, organizações, agências governamentais, membros institucionais e internacionais por meio de seu escritório na cidade de Nova York e de sua sede em Washington. O Ansi não desenvolve padrões; antes, facilita o desenvolvimento deles, estabelecendo um consenso entre os grupos qualificados. Esses grupos trabalham em cooperação para desenvolver padrões voluntários de consenso nacional. A acreditação pelo Ansi significa que os procedimentos usados pelo organismo de padrões, em conexão com o desenvolvimento das normas nacionais americanas, atendem aos requisitos essenciais do instituto, quanto a abertura, equilíbrio e consenso. O Ansi é frequentemente questionado sobre o número total de padrões (e órgãos de definição de padrões) nos Estados Unidos. Estima-se que hoje nos EUA existem centenas de organizações “tradicionais” em desenvolvimento de padrões – com os vinte maiores escritórios de diversidade de fornecedores (supplier diversity offices – SDOs) produzindo 90% dos padrões – e centenas de outros organismos “não tradicionais”, como os consórcios. Isso significa que o nível de participação nos EUA é bastante amplo, pois os próprios grupos são compostos por comitês individuais, formados por especialistas que atendem aos requisitos técnicos das normas em sua área de especialização. 39 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Em janeiro de 2020, havia mais de 240 desenvolvedores de padrões credenciados pelo Ansi, e mais de 11.500 padrões nacionais americanos. Para manter a acreditação Ansi, os desenvolvedores de padrões devem aderir a um conjunto de requisitos ou procedimentos conhecidos como Requisitos Essenciais do ANSI, que governam o processo de desenvolvimento de consenso. O devido processo é a chave para garantir que os padrões nacionais americanos (american national standards – ANSs) sejam desenvolvidos em um ambiente equitativo, acessível e responsivo aos requisitos de várias partes interessadas. O processo aberto do ANS garante que todas as partes interessadas e afetadas tenham a oportunidade de participar do desenvolvimento de uma norma, além de servir e proteger o interesse público, desde que os desenvolvedores de normas tenham sido acreditados. Os ANSs são geralmente referidos como padrões abertos porque integram um processo usado por um organismo reconhecido para desenvolver e aprovar um padrão. A definição de abertura do instituto possui muitos elementos, mas diz respeito basicamente a um processo de aprovação colaborativo, equilibrado e baseado em consenso. O conteúdo desses padrões pode estar relacionado a produtos, processos, serviços, sistemas ou pessoal. Em seu papel de único credenciador de organizações de desenvolvimento de padrões de consenso voluntário nos EUA, o Ansi ajuda a garantir a integridade dos desenvolvedores de padrões que usam os Requisitos Essenciais do Ansi. Um processo separado, com base nos mesmos princípios, determina se os padrões atendem aos critérios necessários para serem aprovados como ANSs. O processo de aprovação desses padrões visa verificar se os princípios de abertura e devido processo foram seguidos e se foi alcançado um consenso entre todos os grupos interessados. As características desse processo incluem os seguintes elementos: • O consenso deve ser alcançado pelos representantes das partes materialmente afetadas e interessadas. • Os padrões devem passar por revisões públicas, quando qualquer membro do público pode enviar comentários. • Os comentários do órgão de consenso e dos revisores públicos devem ser respondidos de boa-fé. • Um processo de apelação é necessário. O uso pelo Ansi dos termos aberto e abertura para descrever padrões visa caracterizar documentos que passaram por esse tipo de processo transparente, baseado em consenso. 40 Unidade I Todos os desenvolvedores de padrões credenciados pelo Ansi seguem os Requisitos Essenciais, que adotam princípios de padronização aceitos globalmente, implementados por reconhecidos organismos internacionais de padrões, como a ITU, a ISO e a IEC. Os termos e condições usados no desenvolvimento de padrões abertos devem equilibrar os interesses daqueles que implementarão o padrão com os interesses e a cooperação voluntária daqueles que possuem direitos de propriedade intelectual essenciais para o padrão. Tais termos e condições devem promover prontamente, e não sobrecarregar excessivamente, a acessibilidade ao padrão para as comunidades interessadas. Para alcançar esse equilíbrio, o pagamento de taxas razoáveis de licença e/ou outros termos razoáveis e não discriminatórios da licença podem ser exigidos pelos detentores dos direitos de propriedade intelectual. Esse saldo de direitos de licenciamento (em vez de renúncia) é consistente com um padrão aberto. O processo Ansi atende a todos os esforços de padronização nos Estados Unidos, fornecendo e promovendo um processo que resiste ao escrutínio, enquanto protege os direitos e interesses de todos os participantes. Em essência, os padrões Ansi aceleram a aceitação dos produtos no mercado, deixando claro como melhorar a segurança desses produtos para a proteção dos consumidores. Na sequência, apresenta-se uma lista parcial de normas de segurança industrial que podem ser obtidas contatando-se o Ansi. Figura 9 – Padrão de sistema de energia elétrica • Ansi IEEE Std C37.2: padrão de sistema de energia elétrica em função do dispositivo e do contato. • Ansi IEEE Std C37.91: guia para aplicações de relés de proteção para transformadores de potência. • Ansi IEEE Std C37.96: guia para AC proteção de motores. • Ansi IEEE Std C37.97: guia para aplicações de relés de proteção para barramento em sistema de potência. 41 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST • Ansi IEEE Std C37.101: guia de proteção de terra gerador. • Ansi IEEE Std C37.102: guia para AC proteção de gerador. • Ansi IEEE Std C37.110: guia para a aplicação de transformadores de corrente utilizados para a proteção e a afinação fins. • Ansi IEEE Std C37.111: formato comum para a troca de dados transitória (transient data exchange) para sistemas. • Ansi IEEE Std 80: guia para a segurança no AC de aterramento da subestação. • Ansi IEEE Std 141: prática recomendada de distribuição de energia elétrica para plantas industriais IEEE. • Ansi IEEE Std 142: prática recomendada para o aterramento de sistemas industrial e comercial IEEE. • Ansi IEEE Std 242: prática recomendada para a proteção e a coordenação de sistemas de potência industrial e comercial IEEE. • Ansi IEEE Std 519: prática recomendada e requisitos para controle harmônico em sistemas elétricos de potência. • Ansi IEEE Std 1100: prática recomendada para a alimentação e o aterramento de equipamentos eletrônicos IEEE. • Ansi IEEE Std 1531: guia para aplicação e a especificação de filtros harmônicos. • Ansi IEEE Std 1584: guia para atuação em arc-flash para cálculos de perigos em contatos. 2.3 Normas NFPA A Associação Nacional de Proteção contra Incêndios (National Fire Protection Association – NFPA) foi organizada em 1896. Tem como missão reduziros incêndios a fim de promover a qualidade de vida da população, defendendo os códigos de consenso com base científica e normas, pesquisa e educação para o fogo e as questões relacionadas com a segurança. Todos os que trabalham em ou perto de equipamentos elétricos, ou que supervisionam alguém que o faz, precisam de orientação para salvar vidas. Praticamente todos os edifícios, processos, serviços, projetos e instalações são afetados pelos mais de 275 códigos e padrões da NFPA. A NFPA patrocina muitos padrões com o intuito de cumprir sua missão. Dois padrões muito importantes relacionados com a segurança industrial e a proteção são o Código Elétrico Nacional (National Electric Code – NEC) e a Norma Elétrica para Máquinas Industriais (Electrical Standard for Industrial Machinery). 42 Unidade I O NEC não deve ser confundido com o Código Nacional de Segurança Elétrica (National Electrical Safety Code – Nesc), publicado pelo Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE). O Nesc é usado para sistemas de energia elétrica e serviços públicos de comunicação, incluindo linhas aéreas e subterrâneas e subestações de energia. O NEC, por sua vez, é desenvolvido pelo Comitê do Código Elétrico Nacional da NFPA, que consiste em vinte painéis de criação de código e um comitê técnico de correlação. O trabalho no NEC é patrocinado pela NFPA. O NEC é aprovado como um padrão nacional americano pelo Ansi. É formalmente identificado como Ansi/NFPA 70. A NFPA atua como patrocinador do NEC desde 1911. O documento original foi desenvolvido em 1897, como resultado da união de esforços de diferentes segmentos – por exemplo, seguradoras e indústrias elétricas. O NEC foi atualizado várias vezes. Ele é revisto a cada três anos. O art. 670 do NEC trata de alguns detalhes sobre máquinas industriais e remete o leitor à Norma Elétrica para Máquinas Industriais, NFPA 79. Todos os códigos e padrões da NFPA são revisados periodicamente por mais de 9 mil membros voluntários do comitê, os quais têm uma ampla gama de experiência profissional. Figura 10 – Logotipo da NFPA A NFPA 79 aplica-se a equipamentos eletroeletrônicos, aparelhos ou sistemas de máquinas industriais que operam a partir de uma tensão nominal de 600 volts ou menos. O objetivo da NFPA 79 é fornecer informações detalhadas para a aplicação de equipamentos elétricos/eletrônicos, aparelhos ou sistemas fornecidos como parte de máquinas industriais – informações que promovam segurança à vida e à propriedade. A NFPA 79, oficialmente adotada pelo Ansi em 1962, é muito semelhante em conteúdo à norma IEC 60204-1. Máquinas não abrangidas pelas normas específicas da Lei de Segurança e Saúde Ocupacional (Occupational Safety and Health Act – Osha) devem estar livres de perigos conhecidos que podem causar morte ou ferimentos graves. Essas máquinas devem ser projetadas e mantidas para atender ou exceder os requisitos das normas aplicáveis ao setor. A NFPA 79 é uma norma que se aplica a máquinas não abrangidas especificamente pelas normas da Osha. Entre as principais normas da NFPA, temos: • NFPA 20: padrão para a instalação de bombas estacionárias para proteção contra incêndios. • NFPA 30: Código de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis. 43 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST • NFPA 70: Código Elétrico Nacional. • NFPA 70E: norma para a segurança elétrica no ambiente de trabalho. • NFPA 497: prática recomendada para a classificação de líquidos inflamáveis, gases ou vapores e de locais perigosos para instalações elétricas em áreas de processos químicos. • NFPA 110: padrão de emergência e sistemas de potência stand-by. • NFPA 780: padrão para a instalação de sistemas de proteção contra raios. Figura 11 – Um incêndio é perigoso para qualquer pessoa ou instalação Se você é um arquiteto, deve garantir que seus planos e especificações estão preparados para satisfazer os requisitos necessários para passar no processo de aprovação, incluindo esses requisitos nos códigos e padrões referenciados. Afinal de contas, os incêndios permanecem entre os perigos mais prevalentes em nossa sociedade, ceifando quase 4 mil vidas a cada ano apenas nos Estados Unidos. Frequentemente, a diferença entre a vida e a morte é algo tão simples quanto o uso de alarmes de fumaça e a prática de hábitos básicos de prevenção de incêndio. O porquê desta norma? Simples: incêndios são corriqueiros no mundo todo, seja em florestas, em edifícios ou em qualquer outro tipo de instalação, e se você é um contratante ou um instalador, deve certificar-se de que sua instalação está em conformidade com todos os requisitos necessários, incluindo os presentes em códigos e padrões. O Código de Segurança de Vida (Life Safety Code – LSC) é a fonte mais amplamente referenciada para estratégias de segurança de ocupantes de instalações comerciais ou industriais com base em recursos de construção, proteção e ocupação em todos os estágios do ciclo de vida de um edifício. Relevante para a segurança da vida em estruturas novas e existentes, a NFPA 101 cobre tudo, desde meios de saída e recursos de proteção contra incêndio até emergências com materiais perigosos, lesões por quedas e comunicações de emergência. 44 Unidade I Se você é uma autoridade com jurisdição (authority having jurisdiction – AHJ), ou seja, uma autoridade local de combate a incêndios, deve garantir o seu processo de revisão de planos e inspeções no local e verificar a conformidade com todos os aspectos do código. O código se aplica a quase todos os tipos de ocupação e estrutura, incluindo residências, espaços mercantis, industriais ou de assistência médica, creches e ocupações. Se você é proprietário de edifício ou gerente de instalação, deve garantir que segue os requisitos de inspeção, testes e manutenção (ITM) dos documentos referenciados, a fim de manter o edifício, os ocupantes e os conteúdos seguros em uma base contínua. Saiba mais Caso queira conhecer as normas existentes da NFPA, consulte a página indicada na sequência. NFPA. List of NFPA codes & standards. 2020. Disponível em: https://www. nfpa.org/codes-and-standards/all-codes-and-standards/list-of-codes-and- standards?mode=code&code=72&DocNum=72. Acesso em: 3 jun. 2020. 2.4 Normas API O Instituto Americano de Petróleo (American Petroleum Institute – API) foi formado em 1919 como uma organização de definição de padrões e é líder global na convocação de especialistas no assunto em vários segmentos a fim de estabelecer, manter e distribuir padrões de consenso para o setor de petróleo e gás, sendo a única associação comercial nacional norte-americana que representa todos os aspectos da indústria de petróleo e gás natural da América. Conta com 650 membros corporativos, que incluem desde a maior empresa de petróleo até a menor (os chamados independentes), provenientes de todos os segmentos da indústria. Entre eles estão produtores, refinadores, fornecedores, comerciantes, operadores de gasodutos e transportadores marítimos. Desde 1924, o API é fundamental no estabelecimento e manutenção de padrões para a indústria mundial de petróleo e gás natural. Seu trabalho ajuda o setor a inventar e fabricar produtos superiores de forma consistente e a fornecer serviços críticos, a fim de garantir a imparcialidade no mercado tanto para empresas como para consumidores e promover a aceitação de produtos e práticas pelo setor e por governos em todo o mundo. O foco é principalmente a área doméstica, mas nos últimos anos o trabalho se expandiu para incluir uma dimensão internacional, e hoje o API é reconhecido em todo o mundo pela sua ampla gama de programas. 45 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST O API tem levado o desenvolvimento de normas de petróleo e equipamentos para a indústria petroquímica a todos os continentes do mundo, o que representa a sabedoria coletiva da indústria, de brocas a proteção ambiental, de práticas de engenharia a equipamentos e materiais intercambiáveis. O API mantém 685 normas epráticas recomendadas, e muitas têm sido incorporadas em regulamentos estaduais e federais. Além disso, cada vez mais elas vem sendo adotadas pela ISO. Entre as normas do API, podemos citar: • API RP 14 FZ: recommended practice for design and installation of electrical systems for fixed and floating offshore petroleum facilities for unclassified and class I, zone 0, zone 1 and zone 2 locations (que podemos traduzir como: prática recomendada para o projeto e instalação de sistemas elétricos de instalações offshore de petróleo fixas e variáveis, para não classificados e classe I, zona 0, zona 1 e zona 2). • API RP 505: recommended practice for classification of locations for electrical installations at petroleum facilities classified as class I, zone 0, zone 1, and zone 2 (que podemos traduzir como: prática recomendada para a classificação de locais para instalações elétricas em instalações de petróleo classificadas como classe I, zona 0, zona 1 e zona 2). Os padrões do API são amplamente reconhecidos e usados em todo o mundo. São 444 as referências aos padrões API identificadas através de um exame de código aberto de leis, regulamentos, normas, orientação técnica e manuais operacionais. Figura 12 – Logotipo do API Provavelmente, subestima-se o uso dos padrões do API, já que uma parte substancial das referências de definição de padrões não é abertamente disponível, e o uso de padrões do API em alguns mercados é governado pela prática do setor. Os padrões API são desenvolvidos de acordo com o processo credenciado do Ansi, garantindo que os padrões API sejam reconhecidos não apenas por seu rigor técnico, mas também por sua acreditação de terceiros, o que facilita a aceitação por reguladores estaduais, federais e cada vez mais internacionais. Como parte do compromisso da indústria petrolífera com melhorias contínuas de segurança de processo, o API, em colaboração com parceiros da indústria, desenvolveu o Programa de Avaliação de Segurança de Processo (Process Safety Site Assessment Program – PSSAP). Esse programa envolve principalmente a avaliação dos sistemas de segurança de processo de um local por equipes terceirizadas 46 Unidade I independentes e confiáveis, com avaliadores especialistas em segurança qualificados pela indústria. A seguir, apresenta-se a lista das áreas de segurança de processo que podem ser avaliadas: • liderança de segurança de processo; • práticas operacionais; • integridade mecânica (com foco em equipamentos fixos); • práticas de trabalho seguro; • gestão da mudança (management of change – MOC); • análise de perigos de processo (preliminary hazard analysis – PHA); • localização das instalações; • armazenamento e transferência de produtos; • aprendizagem de incidentes. No Brasil, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), conselho interministerial que assessora o presidente do Brasil em políticas de energia, estabelece diretrizes amplas e toma decisões de alto nível para o setor de petróleo e gás. No site do Ministério de Minas e Energia (s.d.), consta o seguinte: A Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (SPG) tem a atribuição de propor diretrizes para licitações das áreas destinadas à exploração e produção de petróleo e gás natural; promover estudos das bacias sedimentares brasileiras e coordenar os estudos de planejamento plurianual dos setores de petróleo, gás natural e biocombustíveis; monitorar e avaliar, em conjunto com as agências reguladoras e as instituições competentes, condições e evolução dos abastecimentos de combustíveis, a satisfação dos consumidores e propor medidas que minimizem o risco de desabastecimento em situações excepcionais; coordenar e promover programas de incentivos e ações para atrair investimentos e negócios para os setores nacionais de petróleo, gás natural e biocombustíveis; facilitar a interação entre o setor produtivo e os órgãos de meio ambiente; propor diretrizes a serem observadas pela ANP para elaboração das minutas dos editais e dos contratos de partilha de produção; coordenar o processo de outorgas e autorizações do setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis; e assistir tecnicamente o CNPE, entre outros. 47 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Além disso, o Ministério de Minas e Energia e sua Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) devem regulamentar e supervisionar diretamente as atividades de petróleo e gás a montante e a jusante no Brasil. Figura 13 – Extração de petróleo Observação O petróleo é um líquido viscoso, menos denso que a água e formado por uma mistura complexa de compostos orgânicos, principalmente hidrocarbonetos (compostos cujas moléculas são formadas somente por átomos de carbono e de hidrogênio), associados a pequenas quantidades de outras classes de compostos que contêm nitrogênio, oxigênio e enxofre. A legislação brasileira exige o envolvimento da empresa estatal de petróleo, a Petrobras, em alguns tipos de atividade de exploração e produção. A Petrobras também participa de operações de downstream, que é a fase do transporte, distribuição e comercialização dos derivados do petróleo, da refinaria até os locais de consumo. Os impactos das atividades de petróleo e gás no meio ambiente estão sujeitos à regulamentação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), um braço do Ministério do Meio Ambiente do Brasil. Observação Enquanto o downstream aponta para o que está depois da perfuração do petróleo, como transporte, distribuição e comercialização dos derivados do petróleo da refinaria até os pontos de venda ao consumidor final, o upstream designa a parte da cadeia produtiva que antecede o refino, abrangendo as atividades de exploração, desenvolvimento, produção e transporte para beneficiamento. 48 Unidade I No Brasil, a agência de certificação e padrões governamentais é o Inmetro, uma autarquia federal vinculada à Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, do Ministério da Economia. O Inmetro requer o cumprimento de certas normas e regulamentações técnicas obrigatórias. Os padrões obrigatórios atuais e os regulamentos técnicos para o setor de petróleo e gás são: • requisitos de conformidade para contêineres transportáveis para gás liquefeito de petróleo (GLP); • requisitos de conformidade para reguladores de baixa pressão para GLPs com capacidade de vazão de até 4 kg/h; • requisitos de conformidade para o serviço de reclassificador transportável de GLP; • requisitos de conformidade para tanques de armazenamento aéreo de produtos petrolíferos e outros combustíveis; • requisitos de conformidade para mangueiras de GLP de PVC plastificado. Os padrões voluntários e regulamentações técnicas relevantes do Inmetro incluem requisitos de conformidade para válvulas industriais para exploração, produção, refino e instalações de transporte. Organização nacional privada de desenvolvimento de padrões, sem fins lucrativos, a ABNT também contribui significativamente para o desenvolvimento de padrões. Embora os padrões da ABNT sejam voluntários, muitos são referenciados pelas normas e regulamentos técnicos obrigatórios do Inmetro. Dentro da ABNT estão os comitês técnicos responsáveis pelo desenvolvimento de normas. Isso inclui o Comitê de Materiais, Equipamentos e Estruturas Oceânicas para a Indústria de Petróleo e Gás Natural, cuja secretaria técnica é a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A ABNT emitiu mais de quatrocentas normas relevantes para o setor de petróleo e gás. As normas emitidas pelo Inmetro para o setor de petróleo e gás fazem referência a normas internacionais, como ISO, Asme (American Society of Mechanical Engineers – Sociedade dos Engenheiros Mecânicos dos Estados Unidos) – que desenvolve uma ampla gama de tópicos de engenharia, incluindo bioengenharia, manufatura, energia e robótica –, IEC e Ansi. Entretanto, nenhuma norma do Inmetro, voluntária ourequerida, atende diretamente a padrões de referência do API. Por outro lado, os padrões voluntários da ABNT para o setor de petróleo e gás fazem referência normativa a padrões API, bem como a outros padrões internacionais, incluindo os padrões ISO e Asme. Dezoito são os padrões da ABNT que fazem referência aos padrões do API, incluindo o Manual de Padrões de Medição do Petróleo (Manual of Petroleum Measurement Standards – MPMS). 49 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST 2.5 Organização Marítima Internacional (IMO) A Organização Marítima Internacional (International Maritime Organization – IMO) é a agência especializada das Nações Unidas responsável pela segurança e proteção dos navios e pela prevenção da poluição marinha e atmosférica por navios. Em 1948, uma conferência internacional em Genebra adotou uma convenção estabelecendo formalmente a IMO. Observação O nome original era Organização Consultiva Marítima Intergovernamental (Intergovernmental Maritime Consultative Organization – IMCO), mas foi alterado em 1982. A convenção da IMO entrou em vigor em 1958, e a nova organização reuniu-se pela primeira vez no ano seguinte. Os objetivos da organização, conforme resumido pelo art. 1a da convenção, incluem fornecer mecanismos para a cooperação entre os governos no campo da regulamentação governamental e das práticas relativas a questões técnicas de todos os tipos que afetam o transporte marítimo envolvido no comércio internacional, para encorajar e facilitar a adoção geral dos mais elevados padrões praticáveis em matéria de segurança marítima, eficiência da navegação e prevenção e controle da poluição marinha por navios. A organização também tem competência para tratar de questões administrativas e jurídicas relacionadas a esses fins. A primeira tarefa da IMO foi adotar uma nova versão da Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar (Safety of Life at Sea – Solas), o mais importante de todos os tratados que tratam da segurança marítima. Isso foi feito em 1960, e a IMO voltou então sua atenção para questões como facilitação do tráfego marítimo internacional, linhas de carga e transporte de mercadorias perigosas, enquanto o sistema de medição da tonelagem dos navios era revisado. Durante os anos seguintes, a IMO introduziu uma série de medidas destinadas a prevenir acidentes com petroleiros e minimizar suas consequências. Também abordou a ameaça ambiental causada por operações de rotina, como a limpeza de tanques de carga de óleo e o descarte de resíduos da casa de máquinas – em termos de tonelagem, uma ameaça maior do que a poluição acidental. A mais importante de todas essas medidas foi a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (International Convention for the Prevention of Pollution from Ships – Marpol), em 1973, modificada pelo protocolo de 1978 relativo a ela. Abrange não apenas a poluição acidental e operacional por óleo, mas também a poluição por produtos químicos, produtos embalados, esgoto, lixo e poluição do ar. Como agência especializada das Nações Unidas, a IMO é a autoridade global de definição de padrões para segurança, proteção e desempenho ambiental do transporte marítimo internacional. Sua principal função é criar uma estrutura regulatória para a indústria naval que seja justa e eficaz, universalmente adotada e implementada. Atualmente a organização conta com 174 nações como Estados-membros e 50 Unidade I três como membros associados (Ilhas Faroe, Hong Kong e Macau). O Brasil é um Estado-membro desde 1963. O Estado-membro mais antigo é o Canadá, membro desde 1948, seguido por Reino Unido e Irlanda do Norte, além dos Países Baixos, que se filiaram em 1949, e os Estados Unidos, que se filiaram em 1950. Em outras palavras, seu papel é criar condições de concorrência iguais para que os operadores de navios não resolvam seus problemas financeiros simplesmente comprometendo a segurança, a proteção e o desempenho ambiental. Essa abordagem também incentiva a inovação e a eficiência. O transporte marítimo é uma indústria verdadeiramente internacional e só pode operar de forma eficaz se os próprios regulamentos e padrões forem acordados, adotados e implementados em uma base internacional. A IMO é o fórum em que esse processo ocorre. O transporte marítimo internacional transporta mais de 80% do comércio global para povos e comunidades em todo o mundo. O transporte marítimo é o método de transporte internacional mais eficiente e econômico para a maioria das mercadorias. Ele fornece um meio confiável e de baixo custo de transporte de mercadorias globalmente, facilitando o comércio e ajudando a criar prosperidade entre nações e povos. Figura 14 – Símbolo da IMO O mundo depende de uma indústria de transporte marítimo internacional segura e eficiente, e isso é fornecido pela estrutura regulatória desenvolvida e mantida pela IMO. As medidas da IMO cobrem todos os aspectos do transporte marítimo internacional – incluindo projeto, construção, equipamento, tripulação, operação e descarte de navios – para garantir que esse setor vital permaneça seguro, ambientalmente correto, energeticamente eficiente e protegido. O transporte marítimo é um componente essencial de qualquer programa de crescimento econômico sustentável futuro. Por meio da IMO, os Estados-membros da organização, a sociedade civil e a indústria naval trabalham em conjunto para garantir uma contribuição contínua e fortalecida para uma economia verde e um crescimento sustentável. A promoção do transporte marítimo sustentável e do desenvolvimento marítimo sustentável é uma das principais prioridades da IMO para os próximos anos. Como parte das Nações Unidas, a IMO trabalha ativamente para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) associados. De fato, a maioria dos elementos da Agenda 2030 só será realizada com um setor de transporte sustentável apoiando o comércio mundial e facilitando a economia global. O Comitê de Cooperação Técnica da IMO aprovou formalmente os vínculos entre o trabalho de assistência técnica da organização e os ODS. Embora a meta dos oceanos – ODS 14, conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos 51 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável – seja central para a IMO, aspectos do trabalho da organização podem ser vinculados a todos os ODS individuais. Eficiência energética, novas tecnologias e inovação, educação e treinamento marítimo, segurança marítima, gestão do tráfego marítimo e desenvolvimento da infraestrutura marítima: o desenvolvimento e a implementação, através da IMO, de padrões globais cobrindo estas e outras questões vão sustentar o compromisso da IMO em fornecer um quadro institucional necessário para um sistema de transporte marítimo global verde e sustentável. Figura 15 – Navio petroleiro, um dos alvos da IMO, por possibilidade de poluição Além disso, a IMO tem o Subcomitê de Prevenção e Resposta à Poluição (Sub-Committee on Pollution Prevention and Response – PPR), que trata de todas as questões relacionadas com prevenção e resposta que são de responsabilidade da IMO. Isso abrange desde os anexos da Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios até o controle e a gestão de: organismos aquáticos prejudiciais na água de lastro e nos sedimentos dos navios; bioincrustação; sistema anti-incrustante; preparação, resposta e cooperação para poluição de petróleo e substâncias perigosas e nocivas; e reciclagem segura e ecologicamente correta de navios. O Grupo de Trabalho sobre a Avaliação de Riscos de Segurança e Poluição de Produtos Químicos trabalha sob os auspícios do Subcomitê PPR. 2.5.1 Código IMO Leia o trecho sobre carga perigosa apresentado na sequência. É considerada perigosa qualquer substância que, em condições normais, tenha alguma instabilidade inerente que, sozinha ou combinada com outras cargas, possa causar incêndio,explosão, corrosão de outros materiais, ou ainda que seja suficientemente tóxica para ameaçar a vida ou a saúde 52 Unidade I pública se não for adequadamente controlada (IMDG Code: Código para Cargas Perigosas). Essas regras são analisadas e reclassificadas a cada dois anos pelo IMDG. [...] A autorização de transporte de carga IMO, no entanto, cabe exclusivamente ao armador e à cia aérea contratados e, sempre que é feito esse tipo de transporte, é necessário apresentar o MSDS (do inglês, Material Safety Data Sheet), emitido pelo transportador/fabricante da carga. Cargas perigosas requerem sempre cuidados e medidas específicas, pois os riscos podem variar de contaminação de outras cargas/ambientes até acidentes como explosões, por exemplo. [...] Além disso, o IMDG Code estabelece normas para a segregação a bordo dos navios e aviões, mas, em geral, essa tabela é aplicada também nas áreas portuárias e/ou alfandegadas, oferecendo uma segurança ainda maior na movimentação (CARGA…, 2017). Vejamos o Código Marítimo Internacional para Cargas Perigosas (International Maritime Dangerous Goods Code – IMDG Code), que é dividido em nove classes. • Classe 1: explosivos em geral. Substâncias que podem explodir sob efeito de calor, choque ou fricção. A temperatura de detonação é muito variável. Certas substâncias formam misturas explosivas com outras. Por exemplo, cloratos com certos materiais combustíveis. • Classe 2: gases comprimidos, liquefeitos ou dissolvidos sob pressão. • Classe 3: líquidos inflamáveis. São líquidos que produzem vapores inflamáveis, como gasolina e solventes. • Classe 4: sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas à combustão espontânea e substâncias que em contato com a água emitem gases inflamáveis, como fósforo e carvão. • Classe 5: substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos. 5.1: substâncias oxidantes. Embora não sendo necessariamente combustíveis, podem liberar oxigênio e causar combustão. 5.2: peróxido orgânico. Esses produtos contêm oxigênio e se comportam como oxidante perigoso. Por exemplo, cloretos e nitratos. • Classe 6: substâncias venenosas (tóxicas), substâncias infectantes. 6.1: substâncias tóxicas. Podem levar à morte se ingeridas, bebidas ou se entrarem em contato com a pele. Por exemplo, cloro e amônia. 6.2: substâncias infectantes. Contêm micro-organismos que provocam doenças em seres humanos e animais. • Classe 7: materiais radioativos. São substâncias que emitem radiação, como o urânio. 53 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST • Classe 8: substâncias corrosivas. São substâncias que podem causar danos severos quando em contato com tecidos vivos e que também apresentam outros riscos. Por exemplo, ácido sulfúrico e ácido nítrico. • Classe 9: substâncias perigosas diversas. Incluem-se nesta classe as substâncias e artigos que durante o transporte apresentam um risco não abrangido pelas outras classes. As mudanças apresentadas na IMO 2020 vieram para preservar o meio ambiente, diminuindo a quantidade de óxido de enxofre produzida por atividades marítimas. Essa medida deve trazer melhorias para o meio ambiente e a saúde humana, especialmente para aqueles que vivem à beira-mar, reduzindo as doenças respiratórias, entre outras enfermidades que afetam todos os seres vivos do planeta. A IMO 2020 aconselha quatro métodos para que os navios atendam a padrões de emissão de enxofre mais baixos: • uso de óleo combustível com teor de enxofre reduzido (baixo teor de enxofre – BTE); • uso de gás como combustível; • uso do metanol como combustível alternativo; • instalação de sistema de limpeza de gases de escape ou catalisadores, cuja função é limpar a emissão de gases antes mesmo de ser liberada na atmosfera. E o que a IMO tem a ver com você? Se você for um exportador ou um importador de produtos químicos, deverá seguir as regras da IMO, pois poderá ser responsabilizado por qualquer acidente que seu produto vier a causar ao navio (ou avião), à tripulação ou aos portos (ou aeroportos) caso não haja uma declaração correta das particularidades do produto exportado ou importado por sua empresa. 2.5.2 Incoterms 2020 A Câmara Internacional do Comércio (International Chamber of Commerce – ICC) é a maior organização empresarial mundial, cuja rede abrange mais de 6 milhões de empresas e associações empresariais em 130 países. Sua sede fica em Paris, e conta com comitês nacionais em mais de oitenta países. No Brasil, ela fica em São Paulo. Se você trabalha em comércio exterior, há uma regra a ser seguida: os Termos Internacionais de Comércio (International Commercial Terms – Incoterms), que são muito importantes porque têm o papel de deixar clara a alocação de riscos, custos e obrigações entre o comprador e o vendedor no contrato de compra e venda de mercadorias. Uma nova versão dos Incoterms foi lançada globalmente em setembro de 2019 e entrou em vigor em 1º de janeiro de 2020. A função dos Incoterms é definir os direitos e obrigações do exportador e do importador, estabelecendo a responsabilidade e os deveres entre comprador e vendedor. Eles definem: 54 Unidade I • qual é o local onde o exportador deve entregar a mercadoria; • quem deve pagar o frete internacional; • quem deve realizar e pagar as formalidades de exportação e importação; • quem deve contratar e pagar o seguro da mercadoria; • quais são os limites dos riscos de cada um (comprador e vendedor). São estes os Incoterms 2020: • EXW: Ex Works – Na Origem (local de entrega nomeado). • FCA: Free Carrier – Livre no Transportador (local de entrega nomeado). • FAS: Free Alongside Ship – Livre ao Lado do Navio (porto de embarque nomeado). • FOB: Free on Board – Livre a Bordo (porto de embarque nomeado). • CPT: Carriage Paid to – Transporte Pago Até (local de destino nomeado). • CIP: Carriage and Insurance Paid to – Transporte e Seguro Pagos Até (local de destino nomeado). • CFR: Cost and Freight – Custo e Frete (porto de destino nomeado). • CIF: Cost, Insurance and Freight – Custo, Seguro e Frete (porto de destino nomeado). • DAP: Delivered at Place – Entregue no Local (local de destino nomeado). • DPU: Delivered at Place Unloaded – Entregue no Local Desembarcado (local de destino nomeado). • DDP: Delivered Duty Paid – Entregue com Direitos Pagos (local de destino nomeado). Vale lembrar que, nessa nova versão, os Incoterms podem ser usados também em compra e venda de mercado interno, ou seja, não somente nas negociações internacionais. Ressalte-se ainda que os termos não têm qualquer impacto sobre os contratos de transporte entre o cliente e o armador (dono do navio), de seguro, carta de crédito, relações bancárias, despachantes aduaneiros etc. Eles regulam apenas a relação entre o comprador e o vendedor/fornecedor. 55 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Resumo Nesta unidade, vimos o histórico da OIT e sua trajetória na defesa do trabalhador. Também verificamos o que são normas e o motivo da existência delas. Vimos ainda o histórico da segurança e saúde no trabalho e a influência da OIT na vida do trabalhador, além da existência da OIT no Brasil. Depois estudamos as normas internacionais IEC, Ansi, NFPA e API, bem como as convenções adotadas pela IMO. Exercícios Questão 1. Leia o texto a seguir. Em um mercado cada vez mais competitivo e dinâmico, é necessário que as empresas ofereçam a segurança do trabalho, com condições favoráveis para que os funcionários desempenhem suas funções da melhor forma possível. Nesse contexto, o investimento em segurança é uma das principais questões – afinal, um ambiente protegido é fundamental para a prática segura de todas as atividades corporativas. Por isso, é importante conhecer as principais normas de segurança no trabalho. Abreviadas como NRs, elas são responsáveis por estabelecer as regras e oferecer informações sobre os processos obrigatórios relacionados à medicina e à segurança do trabalho. Desenvolvidas para preservar os trabalhadores, asNRs são parte da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e traduzem as exigências mínimas que precisam ser respeitadas por todas as organizações públicas e privadas do país. Compostas por 28 diretrizes no primeiro conjunto, hoje em dia, os profissionais brasileiros contam com 36 normas de segurança do trabalho para assegurar sua proteção no ambiente corporativo. Disponível em: https://blog.conexasaude.com.br/seguranca-do-trabalho -as-principais-normas/. Acesso em: 11 out. 2020. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. I – As normas regulamentadoras (NRs), relativas à segurança no trabalho, são importantes para o crescimento da empresa, mas a obediência a elas é facultativa e determinada pelos gestores. II – As normas regulamentadoras (NRs) estão previstas na CLT para a segurança dos trabalhadores registrados. Por isso, não têm impacto em outros grupos, internos ou externos à empresa. 56 Unidade I III – A obediência às normas regulamentadoras (NRs) visa a reduzir os riscos a que estão expostos os trabalhadores e beneficia a todos os stakeholders da empresa. É correto o que se afirma apenas em: A) I. B) II. C) III. D) I e III. E) I e II. Resposta correta: alternativa C. Análise da questão As normas regulamentadoras (NRs), relativas à segurança e à medicina do trabalho, estão previstas na CLT. A obediência a elas é obrigatória e beneficia a todos os stakeholders, ou seja, a todos os grupos, internos ou externos, relacionados à empresa. Questão 2. Os riscos ocupacionais, que correspondem aos riscos de acidentes aos quais os trabalhadores estão sujeitos no ambiente laboral, são classificados nos grupos indicados na sequência e representados na figura. • Grupo 1 (verde): riscos físicos. • Grupo 2 (vermelho): riscos químicos. • Grupo 3 (marrom): riscos biológicos. • Grupo 4 (amarelo): riscos ergonômicos. • Grupo 5 (azul): riscos de acidentes. Representação gráfica das cores dos riscos ErgonômicosQuímicos AcidentesBiológicosFísicos Figura Disponível em: http://ambientesst.com.br/mapa-de-riscos/. Acesso em: 12 out. 2020. 57 NORMAS TÉCNICAS E INTERNACIONAIS DE SST Assinale a alternativa que mostra correta e respectivamente riscos dos grupos 1, 2, 3, 4 e 5. A) Vibrações, fungos, protozoários, ferramentas pontiagudas e esforço físico excessivo. B) Radiações ionizantes, esforço físico excessivo, protozoários, neblinas e ferramentas inapropriadas. C) Radiações ionizantes, névoas, protozoários, esforço físico excessivo e ferramentas inapropriadas. D) Pressões anormais, vírus, protozoários, transporte de peso exagerado e estresse físico. E) Radiações ionizantes, névoas, protozoários, transporte de peso exagerado e estresse psicológico. Resposta correta: alternativa C. Análise da questão A seguir, temos alguns exemplos dos riscos dos grupos 1, 2, 3, 4 e 5 relativos aos riscos ocupacionais. • Grupo 1 (verde): riscos físicos. Exemplos: radiações ionizantes, vibrações, temperaturas extremas, pressões anormais e umidade inadequada. • Grupo 2 (vermelho): riscos químicos. Exemplos: contaminantes químicos, vapores, gases, fumos, névoas e neblinas. • Grupo 3 (marrom): riscos biológicos. Exemplos: vírus, bactérias, fungos, protozoários, parasitas e bacilos. • Grupo 4 (amarelo): riscos ergonômicos. Exemplos: estresse físico ou psicológico, esforço físico excessivo e transporte de peso exagerado. • Grupo 5 (azul): riscos de acidentes. Exemplos: uso de ferramentas inadequadas e não utilização de equipamentos de proteção individual.