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CRÉDITO DIDITAL PSI. SOCIAL

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Teoria das representações 
sociais 
Princípios teóricos 
Origens da teoria das representações sociais 
As origens da teoria das representações sociais estão presentes tanto na sociologia 
e antropologia, com os estudos de Émile Durkheim (1858-1917) e Lucien Lévy-Bruhl 
(1857-1939), quanto na psicologia construtivista, sócio-histórica e cultural, com os 
estudos de Jean Piaget (1896-1980) e Lev Vygotsky (1896-1934), resultando em um 
vínculo entre o social e o individual (BERTONI; GALINKIN, 2017). 
Essa teoria foi inicialmente proposta pelo psicólogo social Serge Moscovici (1925-
2014), com a publicação do livro La psychanalyse, son image et son public (1961). É 
uma abordagem psicossociológica do processo de construção do pensamento 
social. 
O estudo das representações sociais pode ser compreendido como o ato de 
identificar a “visão de mundo” que grupos ou indivíduos possuem ou empregam na 
sua forma de agir e posicionar. 
Assim, a teoria pode ser vista como um pensamento social que resulta das 
experiências, crenças e trocas de informações contidas na vida rotineira, 
propagadas ou recebidas pela comunicação e tradições. 
As representações sociais constituem um conjunto de conceitos, imagens e 
explicações que se originam no senso comum, em se tratando das interações e 
comunicações interpessoais. Sobre tais circunstâncias, elas vão se modificando à 
medida que novos significados vão sendo agregados à realidade. 
Um exemplo de representação social muito comum nos anos 1980 foi a boneca 
Barbie. Nela, havia embutidos conceitos de beleza e feminilidade do senso comum. 
Muitas meninas queriam ser a Barbie. 
As representações sociais têm como função dar sentido ao desconhecido, 
convertendo o não familiar em algo familiar. Para que isso ocorra, os processos de 
ancoragem e objetivação são usados como apoio. 
Processo de ancoragem 
Como afirma Moscovici: 
[...] quando estudamos representações sociais, nós estudamos o 
ser humano, enquanto ele faz perguntas e procura respostas ou 
pensa, e não enquanto ele processa informação ou se comporta. 
Mais precisamente enquanto seu objetivo não é comportar-se, mas 
compreender”. 
MOSCOVICI, 2003, p. 43 apud CAMINO et al., 2013, p. 423 
As representações sociais possuem a capacidade de criar relações entre as 
abstrações do saber e das crenças e a concretude da vida do sujeito em seus 
processos de interação social, porque: 
As representações sociais são construídas na fronteira entre o psicológico e o social. 
A ancoragem tem como função inserir o fenômeno não familiar em um conjunto de 
categorias e imagens familiares, de forma que ele possa ser interpretado 
(FERREIRA, 2010). 
As pessoas, de um modo geral, quando não conseguem descrever algo e comunicá-
lo para outros indivíduos, criam uma resistência e experimentam um negacionismo. 
Esse acontecimento ou objeto que foi incapaz de ser descrito por elas deve ser 
incluído nos sistemas de crenças delas. 
Portanto, ancorar é atribuir nomes e categorias à realidade, colocando-as em um 
contexto comum e familiar. Quando damos um nome ou uma classificação a algo 
que não era familiar, ele passa a ser familiar, e podemos imaginá-lo, representá-lo. 
Assim, asseguramos sua incorporação social. 
Durante o processo de ancoragem, o novo objeto é reajustado, para que possa se 
inserir em uma categoria conhecida, passando a possuir características dessa 
categoria, tornando-se algo familiar e com sentido. 
Exemplo 
Para lidar com as incertezas e todas as mudanças advindas do coronavírus durante 
a pandemia, muitas pessoas passaram a usar a expressão “o novo normal”, 
buscando ancorar todas as alterações em nossa rotina e em nosso comportamento 
como uma nova condição do que seria normalidade nesse momento, procurando 
diminuir o desconforto gerado. 
Processo de objetivação 
A objetivação visa transformar o que é abstrato em algo concreto e que, por 
conseguinte, possa ser assim tocado (FERREIRA, 2010). Objetivar é transformar 
uma imagem, algo mental, em algo concreto, tangível, ao invés de ser apenas um 
elemento do pensamento. 
O processo de objetivação implica três movimentos simultâneos. São eles: 
Seleção e descontextualização 
Leva em conta valores religiosos ou culturais, experiências anteriores, 
conhecimentos prévios etc., os sujeitos retiram algumas informações a respeito do 
objeto que eles querem representar de um conjunto total informações. 
Formação do núcleo figurativo 
É a construção de um modelo figurativo, de imagens estruturadas, que reproduzirão 
de um modo visível algo que antes não passava de um conceito. 
Naturalização dos elementos 
Os elementos que foram construídos passam a ser identificados como elementos 
da realidade do objeto. Aquilo, que antes era estranho, passa a ser naturalizado e é 
incorporado. 
Exemplo 
Retomando o exemplo do coronavírus, foram feitas representações concretas que 
destacavam a importância do uso de máscaras para vencer a resistência inicial em 
relação à população. Ao entenderem os riscos de como o vírus se propagava, a 
máscara passou a ser um objeto de uso comum, e as pessoas passaram a 
implementá-lo em seu cotidiano. 
De acordo com Moscovici (2003 apud CAMINO et al., 2013), os indivíduos não se 
resumem a receptores passivos de informação, muito menos a meros seguidores 
de ideologias ou crenças coletivas. 
Os indivíduos são pensadores ativos que, ao se defrontarem com os mais diversos 
eventos presentes no dia a dia das interações sociais, criam e comunicam suas 
próprias representações e soluções apropriadas para as questões nas quais se 
encontram. 
Desse modo, a influência do social não é vista como um estímulo que atinge o 
indivíduo, e sim como um contexto de relações nas quais o pensamento é formado. 
Funções e abordagens 
Universos reificados e consensuais 
Existem dois tipos de universos de pensamento. Confira a seguir: 
Universo reificado 
É considerado o lado científico do pensamento, no qual são definidos o certo e o errado, verdadeiro 
e falso. Nele, existem papéis e categorias definidos segundo os contextos apresentados. O nível de 
participação na produção de conhecimento é determinado unicamente pelo nível de qualificação. 
Existe uma objetividade, uma lógica e uma metodologia. 
Universo consensual 
Diz respeito a atividades intelectuais da interação social cotidiana. Esse universo se encontra em 
constante movimento. É composto pelas representações sociais, mas a matéria-prima para a 
formação dessas realidades consensuais se origina do universo reificado e do saber cotidiano. Por 
exemplo, construímos opiniões de noções apreendidas e compartilhadas na escola, em casa, na rua, 
na mídia. 
Funções das representações sociais 
Para que possamos compreender a dinâmica das interações sociais e esclarecer os 
determinantes das práticas sociais, é indispensável identificar as funções das 
representações sociais. 
De acordo com Camino et al. (2013), há quatro funções essenciais. Confira a seguir quais são 
elas: 
Conhecimento 
Possibilidade de os indivíduos compreenderem e explicarem a realidade, a partir das 
representações sociais, está relacionada à função de conhecimento. As 
representações sociais definem o quadro de referência comum que permite e 
facilita a comunicação social, concedendo a transmissão e divulgação do 
conhecimento prático do senso comum. 
Identitária 
 Refere aos processos de comparação social, é de extrema importância a função 
identitária das representações sociais, uma vez que estas definem a identidade e 
concedem a proteção da especificidade dos grupos. Ao mesmo tempo, esta função 
assume um papel fundamental no controle social exercido pela coletividade sobre 
cada um de seus membros. 
Orientação 
 Representações são responsáveis por guiar os comportamentos e as práticas 
sociais. Assim, existe um sistema de pré-decodificação da realidade, um manual 
orientador para ação. 
Justificadora 
 Representaçõessociais possibilitam justificar os comportamentos e as tomadas de 
posição por parte dos sujeitos. Desse modo, nas relações entre grupos, essa função 
esclarece alguns comportamentos postos em uso frente a outro grupo. Portanto, as 
representações mantêm e justificam a diferenciação social, sendo capaz de 
estereotipar as relações entre grupos, colaborando para a discriminação ou 
mantendo entre eles um afastamento social. 
Observando a descrição das funções das representações sociais, vimos que elas 
não são somente um conceito teórico e abstrato, mas também são fundamentais 
nas relações sociais. Outra coisa que também fica evidente é sua relação com as 
atividades práticas do cotidiano. 
As representações sociais são eventos observáveis complexos, sempre ativados e 
em ação na vida social, que contêm uma riqueza de elementos informativos, 
ideológicos, cognitivos, normativos, valores, atitudes, opiniões, crenças e imagens. 
Teoria do núcleo central 
 
O pesquisador Abric e seus colaboradores propuseram a teoria do núcleo central – 
uma extensão do trabalho de Moscovici (1961). Essa teoria defende que toda 
representação social se dispõe em torno de um núcleo central e de elementos 
periféricos (BERTONI; GALINKIN, 2017). 
O núcleo central se fundamenta no elemento principal da representação, com o 
objetivo de organizar e dar sentido a ela. O núcleo tem como apoio a memória 
coletiva do grupo, em suas condições históricas e sociais. Além disso, é mais rígido 
e resistente às mudanças e influências das circunstâncias de uma situação 
imediata. 
Entretanto, os componentes periféricos são mais flexíveis e móveis, o que 
possibilita a junção de histórias e experiências distintas. Eles aceitam as 
contradições, assim como a diversidade grupal. Desse modo, são sensíveis às 
circunstâncias de uma situação imediata e têm uma característica evolutiva, que 
possibilita se ajustar à realidade concreta e à diferença de conteúdo. 
Confira a seguir a função dos componentes periféricos: 
Possibilitar o ajuste de grupos e indivíduos a certas situações 
Proteger a estabilidade do núcleo central 
Dessa forma, o núcleo central é regulamentário, e os elementos periféricos, por sua 
vez, são funcionais, pois possibilitam a ancoragem da representação na realidade 
do momento. 
Após a introdução da sociopsicologia na literatura, a teoria das representações 
sociais foi amplamente disseminada, especialmente entre os psicólogos europeus e 
latino-americanos, procurando aplicar seus princípios teóricos a inúmeros eventos, 
aos quais podem ser atribuídos significados que surgem do senso comum. 
 
 
Estudos sobre família 
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a família como ambiente de 
socialização e transmissão cultural primária. 
Origem e constituição histórica da família 
Etimologia de família 
A palavra família deriva do vocábulo famulus, do latim, que significa conjunto das 
posses de alguém, o que inclui escravos e parentes. Então, o conceito originalmente 
não é como usamos hoje e ia além dos laços consanguíneos, passando por todos 
aqueles que viviam sob o domínio de um senhor. 
É a instituição social mais antiga entre os humanos e está presente em todas as 
organizações culturais. Uma instituição social é aquele conjunto de normas 
interrelacionadas que têm como ponto de partida valores compartilhados pelos 
indivíduos e que lhes garante segurança e estabilidade para viver. 
Toda sociedade tem instituições sociais, responsáveis pela manutenção e 
transmissão da ordem social vigente por meio dos seus códigos e tradições. 
Tradicional é aquilo que, repetido, deu certo e sobreviveu ao teste do tempo. O que 
não quer dizer que deu certo em sua plenitude e que é perfeito, mas que se tornou o 
modelo mais eficaz nos contextos históricos em que se desenvolveu e foi 
experimentado comparativamente com outros arranjos. 
Família: uma instituição social 
A família é considerada uma instituição social porque é uma forma socialmente 
reconhecida de relacionamentos entre indivíduos, que supre as necessidades 
sociais como reprodução e construção de um ambiente de socialização primária, 
por meio do qual concepções, regras e práticas culturais são transmitidas. 
Como instituição social, é historicamente construída, portanto, não é estática, 
mudando sua configuração ao longo do tempo e das gerações. Atualmente, não 
está limitada à consanguinidade e relações de família, heterossexualidade e 
derivação reprodutiva, condições e hierarquias socioeconômicas. 
A seguir, confira o que configura uma família: 
• União; 
• Respeito; 
• Amor; 
• Compartilhamento; 
• Suporte mútuo. 
A Constituição Federal de 1988 promoveu profundas mudanças na concepção do 
conceito família. O matrimônio deixa de ser a única forma aceita de constituição 
familiar. Anteriormente, um grupo constituído de pai, mãe e filho(s) precisava passar 
por casamento civil e religioso. A constituição, então, reconhece e legitima famílias 
com base nos laços de afetividade, do companheirismo e do respeito. 
O papel da família 
Diferentes concepções de família 
As funções básicas de uma família, qualquer que seja sua composição, dependem 
da criação de um ambiente de cuidados, proteção, afeição, regras e valores 
civilizatórios da cultura vigente, transmitindo-os durante o processo de socialização 
de novos membros. Pode ser definida, então, como uma comunidade formada por 
indivíduos unidos por laços naturais, afinidades e afetividade, ou por vontade 
expressa, que vivem em uma unidade doméstica. 
Nesse sentido, diferentes concepções de família emergiram, como: 
 
Nesse sentido, diferentes concepções de família emergiram, como: 
 
Nuclear, matrimonial ou tradicional Decorre do casamento como ato formal, litúrgico 
e é composta por pai, mãe e filho(s). Surgiu no Concílio de Trento em 1563, por meio 
da contrarreforma da Igreja Católica. 
Informal Formada pela união estável, ou seja, quando duas pessoas decidem viver 
juntas sem quaisquer formalidades, nem civil, nem religiosa. 
Monoparental Formada quando apenas um dos pais arca com cuidados e 
responsabilidades do(s) filho(s). Amparada pelo artigo 226 da Constituição Federal 
que prevê que a família é a comunidade formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes. 
Reconstruída ou recombinada Aquela em que os parceiros unidos vieram de 
divórcios e trouxeram seus descendentes. 
Ampliada Refere-se àquela em que pais, avós e outros parentes ou afetos vivem 
juntos. 
Homoafetiva Decorre da união de pessoas do mesmo sexo, homem ou mulher, e 
que se unem para a constituição de um vínculo familiar, também reconhecida pelo 
Estado brasileiro. 
Eudemonista Decorrente da convivência de pessoas por laços afetivos e 
solidariedade mútua, como é o caso de amigos que vivem juntos no mesmo lar, 
rateando despesas, dividindo tarefas, compartilhando alegrias e tristezas, como se 
fossem irmãos. 
Unitária Aquela em que, mesmo morando sozinho, o indivíduo vive em um entorno 
com indivíduos com quem socializa, compartilha e sente-se unido. 
Novos arranjos familiares 
É importante observamos algumas questões quando falamos de novos arranjos 
famíliares. Confira a seguir algumas situações: 
• Novos arranjos de conjugalidade poligâmicos, seja poligênico (um homem 
com mais de uma mulher) ou poliândrico (uma mulher com mais de um 
homem), legalizados em muitos países; 
• Considerável aumento no número de divórcios; 
• Crescente nas atividades femininas extralar, o que significa maior autonomia 
das mulheres em relação aos homens e, no caso das famílias, da esposa 
frente ao marido, muitas vezes, tornando-se a renda principal da casa; 
• Desenvolvimento de práticas contraceptivas e a legalização da interrupção 
voluntária da gravidez (aborto) em muitos países, com graduais diminuições 
de fecundidade e baixo índice de renovação de gerações; 
• Diferentes formas de conjugalidade e vivências da sexualidadeentre casais; 
• Altos índices de violência intrafamiliar; 
• Quantidade de abandono de incapazes; 
• Negligência com as responsabilidades parentais. 
Podemos nos perguntar: a família está em crise e deteriorando ou está sendo 
remodelada e diversificada? A remodelação ou diversificação familiar, como 
instituição social, melhorará ou irá piorar a sociedade? As respostas para essas 
perguntas não estão dadas e só o tempo dirá. 
 
 
Psicologia Social e saúde 
Visão histórico-social do indivíduo e participação social 
Relação entre Psicologia Social e saúde 
Neste primeiro momento, conheceremos a relação entre Psicologia Social e saúde. 
Vamos aprender sobre a importância da visão histórico-social do indivíduo e o 
potencial transformador que a participação social tem na afirmação da saúde 
mental enquanto direito. Vamos também compreender sobre a relevância da 
consolidação da saúde como direito, fato que contribui para entender as 
perspectivas de atuação da Psicologia na construção de um Sistema Único de 
Saúde universal, equitativo e integral. 
Além disso, as informações encontradas aqui permitirão que você amplie seu 
conhecimento sobre a diversidade na relação entre Psicologia Social e saúde, que 
compreende aspectos culturais, clínicos, institucionais e sobretudo políticos, uma 
vez que o campo de atuação da saúde é amplo e multifacetado. Este conteúdo será 
de grande valor para sua atuação profissional. Aproveite! 
Mas, afinal, quais são as dimensões da Psicologia Social na saúde? 
Segundo Motta (2015), o movimento de revisão das práticas do psicólogo no 
contexto da saúde pública contribuiu com a perspectiva social e política para o 
exercício profissional, promovendo um diálogo entre a Psicologia Social e a saúde, 
ampliando a compreensão das forças sociais e dos aspectos históricos que afetam 
os processos de intervenção em saúde. 
Todas as estratégias de atuação nos processos relacionados à saúde mental têm 
como objetivo a possibilidade de construção de ações singulares que representam 
projetos voltados para os usuários de saúde mental e em função da produção de 
meios de transformação em sua vida concreta. 
A Psicologia Social da saúde sai das perspectivas tradicionais intraindividuais para 
uma ótica coletiva. Por isso, ela é embasada em autores que estudam as formas de 
organização coletiva da sociedade e atua em serviços voltados à atenção primária, 
na prevenção e promoção da saúde e em contextos comunitários, no sentido das 
questões sociais e políticas, além de estar presente em conselhos, comissões e 
fóruns que colaborem com as políticas púbicas. 
Saiba mais 
De acordo com Rosa e Zanerato (2015), as ações voltadas para a atenção básica em saúde 
mental são essenciais a partir da inserção do sujeito na comunidade, na compreensão da 
organização social, configurações familiares, manutenção de vínculos e situações de 
sofrimento, marcados por condições sociais, culturais e econômicas. 
Além disso, esse panorama indica a amplitude de atuações do psicólogo social no 
âmbito da saúde por meio do cuidado em saúde e da construção da participação 
social nas políticas públicas de saúde mental e atenção básica a partir de ações de 
acolhimento, integração e intervenção psicológica e psicossocial que respondam às 
necessidades contextuais da população (MOTTA, 2015). 
Por isso, devemos olhar para o processo de saúde versus doença como algo 
multideterminado, produzidos historicamente enquanto resultado das interrelações 
vivenciadas pelo sujeito enquanto ser social e histórico, mas também como 
protagonista, já que sua subjetividade não se constrói puramente na transposição 
do social para o individual (ROSA; ZANERATO, 2015). 
Histórico da Psicologia Social na saúde 
Os primeiros cursos de Psicologia Social no Brasil ocorreram na década de 1930, 
com Raul Briquet (1887-1953). Em 1960, ocorre a consolidação da Psicologia Social 
enquanto uma disciplina ligada à Psicologia. Esse processo é atribuído à 
regulamentação da profissão de psicólogo em 1962, que incluiu a matéria de 
Psicologia Social como obrigatória na formação em Psicologia no Brasil. 
Curiosidade 
A Psicologia Social nasceu no Brasil a partir de uma concepção de comunidade da 
Psicologia Social norte-americana que surgia como resposta aos movimentos que 
criticavam a atuação exclusivamente institucional na questão da saúde mental e buscavam 
não apenas o tratamento das doenças psiquiátricas, mas também ações preventivas, 
deslocando a atenção exclusiva ao indivíduo para seu entorno: a comunidade. 
Embora ainda seja um processo em desenvolvimento, a ênfase na atenção primária 
à saúde e nas formas de organização baseadas em equipe interdisciplinar abriu 
novos espaços para os psicólogos que, sobretudo a partir da Constituição Federal 
(BRASIL, 1988) e do surgimento do Sistema Único de Saúde – SUS (BRASIL, 1990), 
passaram a fazer parte dos serviços de saúde nas unidades básicas de saúde e nos 
serviços especializados nas unidades de saúde. Ainda que inicialmente não 
houvesse documentos oficiais que regulamentassem a atuação do psicólogo nas 
instituições, o próprio conceito ampliado de saúde representou um arcabouço para 
a atuação do psicólogo nesses setores. 
Existindo demandas comunitárias de atenção à saúde mental de diversas esferas 
sociais, ocorre a ampliação da participação da Psicologia no SUS. O seu marco 
ocorre com o movimento da reforma psiquiátrica, com a substituição dos modelos 
asilares por Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), e das equipes do Núcleo de 
Apoio à Saúde da Família (NASF), traçando, assim, a Política Nacional de 
Humanização (PNH) que contribuiu com a transformação das práticas profissionais 
por meio do acolhimento. 
A atenção básica possui papel fundamental na efetivação de estratégias de ação na 
comunidade e nos esforços em prol da qualidade em saúde mental. Nesse sentido, 
os CAPS vêm como importante instrumento substitutivo decorrente da reforma 
psiquiátrica. Mas, antes de seguirmos nosso estudo, é importante entendermos o 
que foi a reforma psiquiátrica brasileira. 
Reforma psiquiátrica brasileira e o SUS 
Atenção integral e universal à saúde 
A reforma psiquiátrica tem sua origem nas lutas pelo direito à atenção integral e 
universal à saúde e se consolidou a partir da reforma sanitária e com a instituição 
do Sistema Único de Saúde (SUS), que reconhece o indivíduo enquanto sujeito 
singular e, ao mesmo tempo, pertencente a uma comunidade. 
Saiba mais 
A desinstitucionalização da saúde mental permitiu a articulação de políticas de atendimento 
intersetorial e interdisciplinar em rede, promovendo autonomia e reabilitação psicossocial 
dos usuários e seus familiares, a partir das estratégias de saúde da família (ESF) no 
acompanhamento terapêutico no contexto da atenção básica. 
A reforma psiquiátrica é um processo que se iniciou a partir da análise crítica do 
conceito de doença mental e das estruturas que se desdobraram em virtude das 
repercussões do processo saúde versus doença. Concepções e teorias sobre a 
saúde e os limites do sofrimento mental foram modificadas, definindo o cuidado em 
saúde mental de acordo com as diretrizes do SUS e tornando a atenção básica a 
porta de entrada para o usuário do sistema de saúde. 
Descentralizar a Saúde Mental para os territórios foi uma conquista 
cara à Reforma Psiquiátrica e consideramos necessário aprimorar 
esse modelo, vinculando cada vez mais a assistência com a 
análise e utilização do território e da rede social, a fim de 
desenvolver uma clínica implicada com a constituição de sujeitos 
mais saudáveis em sua afetividade e em suas relações sociais, e 
mais potentes para transformar a realidade. 
(ROSA; ZANERATO, 2015, p. 234) 
SUS: Diretrizes para a saúde mental na atenção básica 
A saúde é o componente central e fundamento constituinte do contexto social, pois 
a saúde de uma população é uma questão social, de responsabilidadecoletiva e o 
resultado das condições de vida e de trabalho da sociedade. Assim, se faz 
necessário o aprimoramento de um olhar para a saúde de uma forma ampliada, 
muito além da doença. Aqui, a saúde é entendida como um processo e como uma 
possibilidade de enfretamento das questões cotidianas, portanto, a construção da 
Psicologia Social se faz importante nesse entendimento. 
O SUS se configura como principal cenário de expressão dessa construção, já que 
ele é o maior empregador de psicólogos da atualidade, com foco na articulação 
entre políticas públicas e os serviços de saúde mental. As intervenções psicológicas 
passam a considerar a perspectiva do outro na construção da identidade dos atores 
sociais, e se apresentam em um contínuo jogo de construção e desconstrução de 
representações sociais. Essas representações se tornam uma continuidade do 
processo de contextualização social da saúde e se configuram como um legado da 
Psicologia Social à saúde: a atuação centrada no coletivo. 
Nesse sentido, a coletividade e os aspectos sociais da atuação vão ao encontro das 
estratégias de trabalho esperadas pelo SUS, em que as práticas de intervenção são 
construídas a partir das experiências de trabalho e vivências sociais. 
Atualmente, os psicólogos do SUS atuam construindo e respeitando diretrizes para 
a saúde mental na atenção básica. São muitos exemplos de áreas e serviços com a 
absorção de inúmeros serviços internos (centros de formação e educação do 
trabalhador de saúde; apoio técnico aos programas da mulher, idoso, criança e 
adolescente; saúde mental; serviços de epidemiologia, de hemoterapia, de práticas 
alternativas em saúde): 
• Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS); 
• Nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); 
• Em centros de convivência, cooperativa e cultura; em ambulatórios de saúde 
mental; 
• Em hospitais-dia; 
• Em centros de reabilitação física; 
• Em centros de referência à saúde do trabalhador; centros de apoio e 
orientação sobre DST/AIDS; 
• Equipes de atenção a presidiários; 
• Hospitais gerais e hospitais psiquiátricos (CAMPOS; GUARIDA, 2007). 
Aplicações da Psicologia Social à saúde 
Atribuição de causalidade e os estilos explanatórios 
São tantas contribuições da Psicologia Social à saúde que ela se tornou uma nova 
área dentro da Psicologia da saúde, que continua se desenvolvendo de forma 
acelerada. Dentre as diversas descobertas dos psicólogos sobre a relação existente 
entre fatores situacionais e saúde física e suas contribuições em fatores de 
natureza psicossocial, Rodrigues, Assmar e Jablonski (2009) destacam que as 
pessoas, internamente, tendem a atribuir causas aos eventos negativos – também 
chamadas de estilo explanatório – que interferem diretamente na saúde do 
indivíduo. 
Estudos indicam também que a percepção de controle influencia a saúde dos 
indivíduos, que apresentam maior estabilidade emocional e melhora no estado de 
humor, aumentando, consequentemente, sua qualidade de vida e longevidade. De 
maneira geral, a autopercepção de controle em algum grau significativo contribui 
para a melhoria nos estados relacionados a doenças crônicas e ao aumento da 
imunidade. 
Bandura (1997) apresentou o conceito de crença na própria eficácia, que consiste 
em acreditar que possui o controle para realizar o que é necessário para o 
cumprimento de metas em situações específicas, onde pessoas com grau elevado 
de crença na própria eficácia são capazes de enfrentar situações adversas. Dessa 
forma, diferentes estudos apontam em direção a uma integração dos 
conhecimentos médicos e psicológicos em busca de uma melhor compreensão das 
relações entre mente e corpo nos sistemas nervoso, endócrino, imunológico e suas 
reações aos fatores psicossociais. 
Esse conceito baseia-se na noção de que o indivíduo com percepção de controle 
positiva é capaz de se opor às forças ambientais, lutando, provocando mudanças, 
atingindo seus ideais e desfrutando de satisfação pessoal, enquanto os que não 
acreditam em sua eficácia se resignam, desistem de lutar e mostram apatia diante 
das adversidades. 
Saiba mais 
O apoio pessoal refere-se à demonstração de empatia, o que promove sensação de 
pertencimento a um grupo e suporte emocional propriamente dito, uma vez que pessoas 
que vivem em grupos predominantemente coletivistas sofrem menos estresse que aqueles 
pertencentes a culturas individualistas. 
Dessa maneira, a interdependência e o apoio mútuo constante são instrumentos de 
enfrentamento em situações estressoras nas quais a segurança de cuidados, 
amparo e suporte proporcionam maior probabilidade de sucesso a indivíduos que, 
diante de tais situações, sentem-se apoiados. 
Mudança de hábitos prejudiciais à saúde 
Um estudo conduzido por De Vries (1995) indicou que hábitos são influenciados por 
normas ou pressão social, ou comportamento de pessoas significativas – ainda que 
sejam hábitos inadequados. Nesse contexto, a Psicologia Social indica técnicas que 
permitem mudanças de hábitos e atitudes. 
Saiba mais 
Segundo a Psicologia Social, uma atitude é formada por componentes cognitivos, afetivos e 
comportamentais, e a alteração em um desses componentes resulta em uma reorganização 
cognitiva e de atitude. Assim, conhecer os fatores influenciadores colaboram com a 
compensação e alteração de atitudes. 
Chegamos ao final do módulo! A partir das informações apresentadas pudemos 
conhecer o movimento que a Psicologia Social vivenciou dentro da saúde, 
sobretudo a partir da institucionalização e das práticas promovidas pelo SUS, 
demonstrando a importância da coletividade da perspectiva social para o campo da 
saúde e se construindo por meio de práticas que buscam proporcionar um 
atendimento à saúde de forma integral e equitativa. 
 
Psicologia Social e escola 
A experiência escolar 
Caracterização da Psicologia Escolar 
Agora, você verá os conceitos ligados à Psicologia Social no ambiente educacional 
e como ela pode impactar na construção do protagonismo estudantil e no processo 
de ensino-aprendizagem. Um dos papéis da escola é permitir e incentivar a 
participação de pais, alunos, professores e demais membros da equipe e da 
comunidade em prol da qualidade na educação. O grande desafio da escola está em 
garantir um padrão de qualidade para todos e, ao mesmo tempo, respeitar a 
diversidade local, étnica, social e cultural. 
Por muito tempo, a Psicologia Escolar se resumiu a uma área específica para 
intervenção de crianças com problemas de aprendizagem e ajustamento escolar, 
deixando de lado aspectos como as metodologias de ensino, a participação da 
escola na comunidade e a interação entre professores e alunos, além de demais 
aspectos sociais da escola (LIBÂNEO, 1989). 
Esse enfoque estritamente psicológico ignora o ato educativo em sua totalidade e a 
influência das condições sociais e políticas nos comportamentos, transformando os 
problemas gerados pelas estruturas sociais e econômicas em reflexos exclusivos 
da subjetividade. 
O ambiente escolar 
O ambiente escolar é caracterizado pela constante avaliação, na qual a percepção 
subjetiva de situações avaliativas pode aumentar ou diminuir a autoestima do 
estudante, além de influenciar diretamente no desempenho escolar do indivíduo. 
Veja abaixo a diferença ato e espaço educativo no ambiente escolar: 
Ato educativo 
É um processo amplo que engloba fatores psicológicos, econômicos e sociais, que 
permitem à criança se constituir enquanto ser social, apropriada do conhecimento a 
partir de condições biológicas, sociais e psíquicas que são construídas com base na 
mediação entre indivíduo e sociedade. 
Espaço educativo 
É por si só um ambiente dinâmico e abrangente que é formado a partir de diferentes 
relações sociais, históricas e materiais que permitem a articulação das realidades 
subjetivas e objetivas dos sujeitos ali inseridos, considerando suas relações com a 
coletividade. 
Existem dispositivospróprios da relação pedagógica que englobam tanto 
mediações de natureza político-social quanto análise da experiência individual e até 
mesmo a eficácia da situação de ensino-aprendizagem. Por isso, as situações 
pedagógicas antecedem o ato educativo em si, uma vez que o papel da Psicologia 
Escolar é explicar problemas enfrentados em sala de aula resultantes de fatores 
estruturais mais amplos (LIBÂNEO, 1989). 
Entender o contexto psicológico dentro do pedagógico e ambos dentro do contexto 
social amplo significa assumir a posição de que a escola é, para os alunos, uma 
mediação entre determinantes gerais que caracterizam seus antecedentes sociais e 
o seu destino social de classe. Isso quer dizer que as finalidades da escola são, 
acima de tudo, sociais, seja no sentido de adaptação à sociedade vigente, seja no 
sentido de sua transformação. 
Saiba mais 
A experiência escolar deve ser baseada na experimentação dos diferentes objetos e 
interrelações sociais, pois a interação social promove o desenvolvimento cognitivo. 
Nesse sentido, a escola é uma instituição social com uma função igualmente social, 
devendo ser um espaço de convívio democrático que permita trocas de experiências 
sociais em um processo reflexivo aberto. 
Compreender os condicionantes sociais do ato pedagógico significa entender o 
aluno enquanto sujeito concreto, resultado de diversas determinações numa 
dimensão histórico-cultural do grupo social onde ele nasce. Portanto, uma 
Psicologia não individualista é voltada para as relações sociais nas quais as 
aptidões são determinadas por situações externas ao indivíduo. 
Qual é a relação entre a escola e a Psicologia Social? 
Instituição formativa 
O reconhecimento da escola enquanto instituição formativa permite observar a ação 
educativa dela enquanto instituição social e analisar o impacto das relações sociais 
nas manifestações da inteligência, do pensamento, da criticidade, da ética e dos 
valores no processo de apropriação da realidade como fenômeno sociocultural. 
Estudos realizados por Deutsch e Krauss (1960) indicam que ambientes escolares 
cooperativos aumentam o desempenho dos alunos, fortalecendo sua autoestima e 
interferindo em suas atrações interpessoais (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 
2009). 
A escola possui então uma relação dialética entre indivíduo e sociedade, na qual é 
importante conseguir realizar esses processos de forma bem-sucedida e mantendo 
o vínculo com o todo social a partir da mediação entre a condição concreta do ser 
versus destinação social. 
A Psicologia Escolar Social deve ser permeada por ações transformadoras a partir 
de pensamentos críticos e criativos, relações interpessoais e convivências, tornando 
o bem-estar coletivo e individual como parte do seu dia a dia. 
Portanto, a escola deve contribuir com a formação do sujeito reflexivo ao oferecer à 
criança experiências que envolvam relações sociais interpessoais, cumprindo, 
assim, sua função socializadora. 
Ações inovadoras, transformadoras e significativas 
Sabemos que nossa percepção de outras pessoas é formada segundo nossos 
interesses, atitudes, conceitos e esquemas sociais. Como o ambiente escolar é 
repleto de interações sociais, é fundamental que o educador compreenda o 
fenômeno de percepção social, além dos esquemas sociais que influenciam nossas 
percepções. 
Como a Psicologia pode contribuir com ações inovadoras, transformadoras e 
significativas? 
A Psicologia Escolar Social é um campo de atuação que articula os aspectos 
individuais, sociais, institucionais e culturais dos indivíduos, equilibrando suas 
necessidades com a capacidade de produzir respostas para as demandas que 
surgem. 
Estudos conduzidos por psicólogos sociais indicam também que a atribuição de 
causalidade vista no módulo anterior também impacta o ambiente educacional, 
sendo que fracassos atribuídos a causas internas, estáveis e incontroláveis podem 
levar ao desânimo e à evasão, sendo a Psicologia Social essencial no processo de 
intervenção desses casos (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009). 
Por isso a Psicologia Escolar Social deve colaborar com o desenvolvimento de uma 
consciência crítica e transformadora, além da capacidade em lidar com problemas 
cotidianos. 
O desempenho dos estudantes 
Bases fundamentais de influência 
A influência social também pode ser chamada de “prova social”. Esse é um 
fenômeno psicológico no qual uma pessoa repete o comportamento de outra, 
usando esse comportamento como referência para definir-se e decidir como deve 
agir. Segundo Rodrigues, Assmar e Jablonski (2009), a influência social também 
pode ser utilizada no ambiente escolar de forma cooperativa, aumentando o 
desempenho de estudantes. Existem seis bases fundamentais de influência social 
para professores nos ambientes disciplinar, acadêmico, cooperativo e comunitário. 
São elas: 
Poder de recompensa É quando a influência é exercida pela possibilidade de se 
receber uma recompensa com a obediência (ex.: obedecer a alguém em troca de um 
prêmio possível). 
Poder de coerção É quando a influência é exercida pelo medo de se receber algum 
castigo caso seja desobedecido (ex.: obedecer a alguém por medo de apanhar). 
Poder de legitimidade É quando a influência é exercida em nome de valores sociais 
ou de tradição (ex.: obedecer às regras do chefe do grupo – escoteiros, religiosos 
etc.). 
Poder de referência É quando a influência acontece por meio de propaganda ou 
slogans (pode ser negativa ou positiva). 
Poder de conhecimento É quando a influência acontece com base no conhecimento 
(ex.: o médico que influencia a tomada de medicamentos). 
Poder de informação É quando a influência é exercida a partir da informação sobre 
o assunto (ex.: o vendedor que mostra informações importantes que convençam da 
qualidade de um produto). 
Em um exemplo dentro do contexto escolar, o professor exerce uma grande 
influência na sala de aula expressando sua filosofia, seus objetivos, sua 
organização, sua proposta curricular, sua forma didática de falar e usar os materiais 
pedagógicos, e até mesmo sua visão disciplinar sobre limites e deveres dos alunos. 
Estabelecer direitos e deveres de toda a comunidade escolar dentro dos aspectos 
disciplinares, acadêmicos, cooperativos e comunitários pode promover maior 
rendimento escolar e, de outra forma, a influência por coerção pode provocar maior 
desmotivação. 
O projeto do psicólogo deve se constituir a partir da criação de espaços de reflexão 
para a comunidade escolar (professores, alunos, pais, direção, funcionários) em 
centros educativos formais (escolas) e informais (ONGs, comunidades estruturadas, 
centros de atendimento a jovens etc.). 
(ALVES; SILVA, 2006, p. 195) 
Para isso, o professor deve estar amparado por uma base teórica para atuar 
enquanto produto e elemento produtivo nas relações sociais e realizar intervenções 
positivas na construção do saber social. 
Orientação e intervenção em conflitos 
Considera-se que a motivação causada por uma realização pode influenciar o 
desempenho dos estudantes e ainda ser considerada como resultado de 
características pessoais (menor ou maior valorização do bom desempenho), da 
probabilidade de sucesso percebida ou do valor positivo do sucesso. 
Essas características pessoais e motivacionais podem ser desenvolvidas pelo 
professor a partir de algumas técnicas, são elas: discussões de histórias com 
avaliação de categorias de realização em imagens; biografia de pessoas de 
sucesso; entrevista com pessoas populares famosas e discussão de planos 
vocacionais para o futuro (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009). 
Um exemplo de gerenciamento de conflito é uma ação pedagógica com alunos de 
ensino superior de Psicologia que foram orientados a seguir o roteiro com liberdade 
para acrescentar ou adaptar informações ao contexto de uma disciplina. Durante 
toda a disciplina, foi destacada a importância de os alunos desenvolverem suaautonomia e o pensamento criativo. Todas as avaliações, com exceção da prova 
final, bem como a dinâmica das aulas e até mesmo algumas bibliografias, foram 
definidas a partir de decisões da turma com o professor. 
Essa postura do professor não foi livre de conflitos, uma vez que muitos alunos 
manifestaram angústia diante das dificuldades de se definir democraticamente os 
processos avaliativos. A discordância entre os alunos não foi algo com que a turma 
lidou com facilidade. Dessa forma, o professor é fundamental para orientação e 
intervenção em conflitos, desenvolvimento de habilidades e manutenção de 
referências sociais que se expressam de diversas maneiras no ambiente escolar, 
aumentando o espaço de comunicação de conteúdos históricos, políticos e culturais 
dos diferentes grupos de convívio escolar (SANT'ANA, 2005). 
Do mesmo modo, dentro das organizações, um funcionário pode ser impactado em 
uma empresa e ser afetado na sua satisfação e motivação no trabalho e nos 
relacionamentos pessoais, prejudicando a sinergia de uma equipe. 
Os líderes das equipes e o RH podem usar estratégicas de intervenção e 
gerenciamento de conflito. Uma dessas ações educativas empresariais são as 
universidades corporativas, que capacitam os funcionários antigos, alinhando o 
serviço com novos colaboradores, aproximando gerações e setores de trabalho, 
retomando a motivação e a produtividade, engajando a equipe e criando um 
ambiente de compartilhamento de conhecimento. Essa ação de capacitação 
também é uma ação de prevenção de conflitos e gerenciamento de interesses. 
Chegamos ao final deste módulo! Aqui pudemos conhecer todos os aspectos da 
educação sob o enfoque da Psicologia Social e compreender as práticas 
educacionais rumo ao desenvolvimento do protagonismo estudantil e corporativo. 
Que as informações deste módulo se transformem em conhecimento significativo e 
auxiliem você em sua atuação profissional futura! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	Teoria das representações sociais
	Princípios teóricos
	Origens da teoria das representações sociais
	Processo de ancoragem
	Exemplo
	Processo de objetivação
	Exemplo
	Funções e abordagens
	Universos reificados e consensuais
	Universo reificado
	Universo consensual
	Funções das representações sociais
	Teoria do núcleo central
	Possibilitar o ajuste de grupos e indivíduos a certas situações
	Proteger a estabilidade do núcleo central
	Estudos sobre família
	Origem e constituição histórica da família
	Etimologia de família
	Família: uma instituição social
	O papel da família
	Diferentes concepções de família
	Novos arranjos familiares
	Psicologia Social e saúde
	Visão histórico-social do indivíduo e participação social
	Relação entre Psicologia Social e saúde
	Saiba mais
	Histórico da Psicologia Social na saúde
	Curiosidade
	Reforma psiquiátrica brasileira e o SUS
	Atenção integral e universal à saúde
	Saiba mais
	SUS: Diretrizes para a saúde mental na atenção básica
	Aplicações da Psicologia Social à saúde
	Atribuição de causalidade e os estilos explanatórios
	Saiba mais
	Mudança de hábitos prejudiciais à saúde
	Saiba mais
	Psicologia Social e escola
	A experiência escolar
	Caracterização da Psicologia Escolar
	O ambiente escolar
	Ato educativo
	Espaço educativo
	Saiba mais
	Qual é a relação entre a escola e a Psicologia Social?
	Instituição formativa
	Ações inovadoras, transformadoras e significativas
	O desempenho dos estudantes
	Bases fundamentais de influência
	Orientação e intervenção em conflitos

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