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- 1 - O autor Alexandre Assaf Neto traz uma visão ampliada da análise financeira e contábil ao dizer que o administrador e o contador devem considerar os objetos da empresa e o ambiente externo quando realizar as análises financeiras. Entenda melhor no livro “Finanças corporativas e valor”. Demonstrações financeiras – interpretações das análises Aislan da Silva Nunes Introdução Olá! Neste tema, você irá estudar um pouco mais sobre a análise horizontal das demonstrações contábeis. Neste sentido, há duas técnicas de análises que são utilizadas na análise das demonstrações contábeis que são as horizontais e verticais. Você já se perguntou se é possível fazer comparações dos resultados apresentados por uma empresa em determinados períodos distintos? Quais contas se deve olhar? E o que elas refletem com relação à empresa? Espero que nesta aula, você possa compreender estas questões e várias outras que você tenha ou que venha a ter. Está animado para começar? Então, bons estudos! Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender o objetivo das análises financeiras. Análise por meio das demonstrações contábeis A estrutura das demonstrações contábeis é composta por contas que representam as atividades empresariais. Por meio destas demonstrações, a entidade pode elaborar indicadores para analisar a sua situação patrimonial, de liquidez, de rentabilidade, de endividamento, dentre outras. A análise das demonstrações contábeis e financeira é também denominada de análise de balanços (HOJI, 2017). Deste modo, todo o relatório contábil e financeiro revela fatos de um balanço dos recursos da empresa, mesmo que por óticas diferentes (NETO, 2009). Assim, quando se fala em análise de balanço, os principais relatórios utilizado são: Balanço Patrimonial (BP), Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC). SAIBA MAIS - 2 - As notas explicativas, o Relatório da Administração e o Parecer de Auditoria Independente são documentos exigidos na contabilidade de empresas cuja sociedade é anônima e de capital aberto. As notas explicativas disponibilizam aos usuários explicações detalhadas que esclarecem a situação patrimonial da empresa. A análise de balanço, além de considerar os dados do BP, DRE e DFC, também pode utilizar as informações contidas nas Notas Explicativas sempre que a empresa despuser deste documento, pois, segundo Hoji (2017), são fontes de informações que visam a uma melhor interpretação dos dados e a realização de análises de tendências, por isso auxiliam na análise da situação patrimonial e financeira da empresa (HOJI, 2017). FIQUE ATENTO Para realizar análises de balanços não existe uma fórmula única. Segundo Hoji (2017, p. 278) “dependendo do grau de conhecimento teórico, conhecendo o ramo, experiência prática, sensibilidade e intuição, cada analista poderá produzir diagnósticos diferentes a partir de um mesmo conjunto de dados”. Geralmente, quem realiza a análise de balanços são: os administradores de empresa, os acionistas, as instituições financeiras, os fornecedores e os órgãos governamentais, e cada um enfoca a análise de balanços de acordo com suas necessidades (HOJI, 2017). Hoji (2017) afirma que é necessário reclassificar as demonstrações contábeis, como, por exemplo, no caso do balanço patrimonial, em que precisam ser reclassificados os empréstimos; e na demonstração de resultado, em que as receitas e despesas precisam ser reclassificadas como financeiras e operacionais. Ainda, a reclassificação das contas do Ativo Circulante (AC) e do Passivo Circulante (PC) em operacionais e não operacionais auxilia na análise do capital de giro. Uma das técnicas de análise mais utilizadas e de fácil interpretação é a análise vertical e horizontal de dados financeiros. Essa análise pode ser aplicada em todos os demonstrativos financeiros, mas neste tópico, você conhecerá a aplicação aos dados do balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício da empresa. Figura 1 - Análise financeira Fonte: Stokkete, Shutterstock, 2019. - 3 - Imagine que o lucro líquido de uma empresa foi de R$ 15,6 milhões em 2014, e de R$ 13,0 milhões em 2015. Ao olhar para os números absolutos já se pode perceber que houve decréscimo, mas de quanto foi? É possível calcular da seguinte forma: compara-se o ano atual pelo ano base, ou seja, divide-se o lucro líquido de 2015 pelo lucro líquido de 2014 (R$ 13,0 mi /R$ 15,6 mi) = 0,80. Esse número-índice de 0,80 informa que o lucro líquido de 2015 representou 80% do montante do lucro líquido apurado no ano anterior, caracterizando assim um decréscimo de 20% (100 -0,80). De acordo com Neto (2009), uma das técnicas mais fáceis de ser aplicada aos dados financeiros é a análise horizontal e vertical. O autor diz que os dados obtidos de uma mesma demonstração financeira, como, por exemplo, o lucro relacionado como proporção das vendas ou a evolução dos diversos montantes de lucros ao longo do tempo, obtidos em demonstrações contábeis anuais, permite ao mesmo tempo acompanhar o desempenho financeiro da empresa e identificar tendências futuras. “Dessa maneira, as comparações dos valores absolutos através do tempo (análise de suas evoluções) e, entre si, relacionáveis na mesma demonstração, são desenvolvidas, respectivamente, por análise horizontal e vertical” (NETO, 2009, p. 78). Análise horizontal De acordo com Neto (2009), a análise horizontal considera a evolução dos vários itens de cada demonstração financeira em intervalos sequenciais de tempo. Hoji (2017, p. 284) complementa ao afirmar que a “análise horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução dos itens das demonstrações contábeis, por períodos. Calculam-se os números-índices estabelecendo o exercício mais antigo como índice-base 100. Podem ser calculadas, também, variações anuais”. EXEMPLO E como proceder a análise financeira em contextos inflacionários? Para Assaf Neto (2009, p. 81), “é importante que o analista desenvolva seus estudos dos principais itens patrimoniais e de resultados, baseado em suas evoluções reais, ou seja, em valores depurados da inflação”. Veja um exemplo na tabela a seguir. - 4 - Tabela 1 - Modelo de análise horizontal no Balanço Patrimonial Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em ASSAF NETO, 2009. Conforme a tabela acima, tem-se que o ano de 2013 é o ano base, e que pela variação nominal, ou seja, sem considerar a inflação, por exemplo, o ativo circulante variou 65,1% no ano de 2015 com relação ao ano de 2013. O passivo circulante variou ainda mais, 76% no mesmo período. E, assim, pode-se realizar a análise com todas as contas do balanço patrimonial. Salienta-se que neste cálculo foi considerada a base fixa no ano de 2013, o que significa que todas as comparações serão feitas a partir dos valores das contas de 2013. Veja a variação real, ou seja, a variação com o desconto da inflação. Para isso, considere que os índices gerais de preços foram respectivamente 3,5%, 4% e 4,5%, em 2013, 2014 e 2015. Aplique sobre o ativo circulante e sobre o passivo circulante da tabela a seguir para exemplificar. O mesmo raciocínio pode ser replicado para todas as contas da empresa. Tabela 2 - Modelo de análise horizontal do Balanço Patrimonial Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em ASSAF NETO, 2009. Pela tabela acima, pode-se observar que houve alteração na evolução da conta do ativo circulante. Pela análise horizontal nominal apresentou crescimento nos períodos analisados, mas pela análise horizontal real, ou seja, após o desconto da inflação, o ativo circulante do ano de 2015 apresentou um decréscimo com relação ao ano de 2013. Enquanto pelos valores nominais, o ativo circulante apresentou crescimento de 65,1%, com a variação real, o ativo circulante apresentou um decréscimo de 2,9% (100% - 97,1%). Da mesma forma,o passivo circulante, que apresentou crescimento nominal de 76%, com a variação real, apresentou um acréscimo de apenas 3,5%. - 5 - É sempre necessário comparar os resultados de rentabilidade com a taxa mínima de retorno exigida pela empresa, para fins de análise? Caso a rentabilidade calculada esteja abaixo da taxa mínima exigida, a empresa precisará rever o planejamento de suas operações, pois está perdendo valor no mercado. Neto (2009) diz que a existência de viés nos índices de preços em alguns períodos pode alterar as análises, como no caso do ativo permanente que tradicionalmente foi corrigido com base em índices oficiais de preços e que, com isso, tendia a ser subavaliado, e que isso ocorre, ainda, com o patrimônio líquido, dentre outros. Figura 2 - Técnicas de análises Fonte: Minerva Studio, Shutterstock, 2019. Hoji (2009), por sua vez, destaca que a técnica da análise horizontal apresenta algumas limitações, como, por exemplo, se a conta a ser analisada no ano base é nula, o índice não pode ser calculado, pois os números não são divisíveis por zero. Então, nesse caso, as análises devem ser realizadas pelos valores absolutos. Análise vertical Com relação à análise vertical, tem-se que, tal qual a análise horizontal, constitui-se num processo comparativo, porém, ao invés de analisar ao longo do tempo, faz a análise dentro de um determinado ano, comparando os valores entre si. Os indicadores financeiros são elaborados com base nas informações extraídas das demonstrações financeiras e servem como um guia para o administrador acompanhar o desempenho da empresa. Diversas análises podem ser construídas e infinitos indicadores podem ser estruturados, por isso, é necessário delimitar o conjunto de informações. No caso das finanças empresariais, geralmente os indicadores são analisados a partir de quatro grupos: liquidez, endividamento, atividades e rentabilidade. FIQUE ATENTO - 6 - São muitas as possibilidades de indicadores para medir as atividades da empresa, sendo que você conheceu aqui os indicadores mais utilizados na prática e que permitem obter um retrato do desempenho operacional da empresa. Fechamento Você chegou ao final desta aula sobre as análises das demonstrações contábeis e a interpretação dos índices. Neste tema, você viu, portanto, a importância da análise horizontal e vertical voltados para análise da gestão financeira, assim como identificou a importância dos índices financeiros e suas análises. Espero que você tenha gostado desta aula e aproveitado ao máximo todas as informações. Até logo e bons estudos. Referências CERBASI, G. Investimentos inteligentes. 1. ed. São Paulo: Sextante, 2013. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. HOJI, M. Administração financeira e orçamentária. 12. ed. São Paulo: Altas, 2017. MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018. NETO, A. A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2009.
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