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Regularização de vazão Prof. Marcos Filgueiras Jorge Descrição A medição de vazão e o dimensionamento de reservatórios, obtenção e análise de dados hidrológicos e dos impactos ambientais. Propósito A análise criteriosa da disponibilidade hídrica a partir de dados hidrológicos e ferramentas estatísticas, e utilização consciente de métodos de dimensionamento de reservatório é essencial ao profissional na tomada de decisão sobre a regularização da vazão, a fim de minimizar riscos e impactos ambientais. Objetivos Módulo 1 Análise de dados hidrológicos Reconhecer diferentes técnicas de análise de dados hidrológicos. Módulo 2 Reservatórios Identificar os principais componentes de um reservatório. Módulo 3 Dimensionamento de reservatórios Analisar alguns métodos utilizados no dimensionamento de reservatórios. Módulo 4 Impactos ambientais Avaliar possíveis impactos ambientais decorrentes da regularização de vazão. Introdução Para iniciar, veja um panorama geral do que é regularização de vazão. Vamos lá! 1 - Análise de dados hidrológicos Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer diferentes técnicas de análise de dados hidrológicos. Vamos começar! Análise de dados hidrológicos Por meio do ciclo hidrológico, processos, como evaporação, condensação, precipitação, escoamento superficial, infiltração e evapotranspiração, se alternam continuamente, alterando a quantidade e a qualidade da água, cuja distribuição irregular, espacial e temporal, pode ser descrita por variáveis hidrológicas. As variáveis hidrológicas quantitativas podem ser divididas em contínuas ou discretas. Ao longo de nosso estudo, vamos conhecer algumas técnicas para análise de dados utilizando estatística hidrológica discreta. Medição da vazão de rios A vazão é uma grandeza característica do escoamento superficial da água. É uma ferramenta essencial na representação integrada de uma bacia hidrográfica que também fornece informações importantes sobre o regime hidrológico de um rio. A vazão é definida pelo volume de água que passa por uma seção de um rio, em determinado intervalo de tempo. Sua expressão usual é dada em metro cúbico por segundo (m3/s) ou litro por segundo (l/s). Saiba mais Para determinar a área de uma bacia hidrográfica, deve-se considerar a seção onde é medida a vazão. Na seção de um rio, é instalada uma estação hidrométrica ou fluviométrica que fornece dados sistemáticos referentes ao local, dentre eles a vazão. A medição da vazão é realizada por diferentes técnicas e, geralmente, de maneira indireta. É comum que seja feita por meio da medida do nível da água e a partir de dados da área e velocidade de escoamento da água. Alguns instrumentos de uso convencional utilizados na medição são molinetes, flutuadores e calha Parshall. Existem equipamentos para medição da vazão tendo como referência a tecnologia Doppler que conferem maior rapidez às medições e maior qualidade das informações obtidas. Porém, esses instrumentos possuem custo elevado e medição parcial de velocidades em algumas seções. ecnologia doppler Medidores de vazão por efeito Doppler são aqueles que emitem feixes ultrassônicos, ou seja, utilizam vibrações acústicas para medição de volume. Medição por molinetes O molinete é uma hélice que se movimenta pela ação da corrente de água. Seu uso é frequente quando se pretende estimar a vazão, com base em medições de velocidade em diversos pontos de uma seção transversal de um rio. Com os dados obtidos a partir da relação entre o número de rotações da hélice e as velocidades medidas, é gerada uma curva de calibração. Medição por �utuadores ç p A medição de vazão feita por meio de um flutuador é baseada em trechos predeterminados. Durante essa medição, um objeto flutuante percorre a superfície da água em determinado tempo. É um método bastante utilizado principalmente em locais de difícil acesso e emprego de equipamentos sofisticados, ou em rios que apresentam baixa disponibilidade hídrica. Medição por calha Parshall A calha Parshall é uma adaptação do princípio de Venturi, sendo utilizada mundialmente na medição de vazão em cursos abertos de água, por gravidade. É composta por três partes distintas: seção convergente ou entrada, seção estrangulada ou garganta e seção divergente ou saída. É um medidor de baixo custo que evita acúmulo de material suspenso e funciona em condições distintas de descarga, em escoamento livre e afogado. No caso de avaliação da necessidade de regularização da vazão, é necessário um olhar cuidadoso sobre a vazão pretendida para a retirada e a vazão natural de um rio. Quando a vazão natural do rio é consideravelmente maior do que a quantidade a ser retirada, no mesmo período de estiagem, não se justifica a construção de um reservatório. Em situação oposta, é necessário construir o reservatório prevendo uma retirada de vazão superior à mínima natural do rio. Reservatório para regularização de vazão em um curso d’água. Ao usar dados já disponíveis, devem ser avaliados aqueles pertencentes à séries temporais de vazões de um rio, pois possibilitam uma maior compreensão sobre possíveis alterações que ocorreram em um local ao longo do tempo, como, por exemplo, aquelas derivadas da presença antrópica, ou seja, interferência humana. Saiba mais A vazão representada por Q7,10 é a vazão mínima anual que tem 7 dias de duração e tempo de retorno de 10 anos. É adotada como referência em alguns estados brasileiros para fins de outorga de direito de uso da água. Dados hidrológicos e apresentação grá�ca Dados hidrológicos e apresentação grá�ca O ciclo hidrológico em suas fases distintas sofre influência de diversos fatores e com interação complexa, o que ocasiona uma aleatoriedade nos fenômenos hidrológicos. A geração e a análise de dados a partir de incertezas nesse contexto requerem uma investigação organizada e a aplicação de estatística descritiva. As técnicas aplicadas à hidrologia proporcionam uma avaliação de magnitude de ocorrência de um fenômeno hidrológico. Rio Tocantins. A coleta sistemática de dados proporciona a quantificação de processos hidrológicos. Quanto maior a extensão e robustez dos dados coletados, maior será a compreensão sobre eles. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) produzem e disponibilizam grande quantidade de dados hidrológicos e hidrometeorológicos obtidos em estações. Existe a possibilidade de que os dados coletados apresentem erro, alguns suportados pela hidrologia estatística, como os relativos à amostragem e às variações de fenômenos naturais. Entretanto, erros aleatórios relativos à imprecisão de leitura, os grosseiros atrelados a falhas humanas e aqueles sistemáticos, por exemplo os originados a partir de calibração equivocada de equipamentos de medição, não são aceitáveis pela hidrologia estatística. Na forma tabular, pode ser difícil visualizar as observações coletadas em relação a uma variável hidrológica. Nesse caso, o emprego de representações gráficas é de grande utilidade. Vamos conhecer a seguir alguns exemplos de gráficos utilizados nessas representações. Diagrama de linha O diagrama de linha é um representante da frequência em que ocorre uma variável hidrológica, dentro da amostra. Apresenta dois eixos: no horizontal, são representados os possíveis valores da variável; no vertical, os números de ocorrências da mesma variável. Diagrama uniaxial de pontos Quando há interesse em comparar e analisar a distribuição dos dados em uma amostra, o diagrama de pontos é utilizado. A representação gráfica ocorre a partir de uma linha e cada valor ou grupo pequeno de valores é representado com um ponto. Logo, os valores das amostras são divididos em intervalos pequenos. Esse diagrama é melhor utilizado quando o tamanho da amostra não excede trinta observações e as variáveis são contínuas. Polígono de frequências Para representar graficamente a tabela de frequências, pode-se usar tambémo polígono de frequências, que possibilita a compreensão sobre o padrão de distribuição de uma variável. Sua formação está baseada na junção dos pontos médios dos topos dos retângulos de um histograma. Curva de permanência Ao avaliar a disponibilidade de água em um rio em decorrência de demandas, é necessário considerar a curva de permanência, uma função que descreve a frequência da oferta das vazões. A curva pode elucidar algumas questões, por exemplo: quando se deseja saber a porcentagem do tempo em que um rio terá vazão disponível para atender a uma certa demanda, ou seja, qual a disponibilidade hídrica de um rio. Demostra uma relação entre a vazão e a porcentagem de tempo em que ela é superada ou igualada durante o tempo de construção. É frequentemente empregada no estudo de vazões para planejamento e projeto de sistemas de recursos hídricos e como instrumento de outorga de direito de uso da água em algumas localidades. Histograma A distribuição de frequências de dados de uma amostra pode ser demonstrada por um gráfico de barras chamado de histograma. Por meio dele, pode-se analisar a representação de dados quantitativos, em grupos de classes de frequência. Ainda é possível identificar em um histograma o valor e a simetria na distribuição dos dados, ou seja, é utilizado para facilitar a visualização dos dados de uma amostra. Cada barra tem em sua base a representação da classe, enquanto a altura exibe a frequência de ocorrência de cada classe. Estatística descritiva e construção de diagramas A estatística descritiva sintetiza o padrão de distribuição de uma variável. Medidas frequentemente utilizadas são de tendência central ou de dispersão. Medidas de tendência central ou de posição Permitem a determinação de um valor central, em torno do qual o conjunto de dados se aglomera. Confira as mais conhecidas! Para se obter a média aritmética simples, todos os elementos de um conjunto de dados devem ser somados e, na sequência, divididos pelo número de elementos desse conjunto. Para uma amostra , é dada por: Na média ponderada, deve-se multiplicar cada elemento pelo respectivo peso, somar todos esses resultados e dividi-los pela soma de todos os pesos. Outras médias são a harmônica e a geométrica . Para a primeira, considere o exemplo em que a vazão média de um rio no trecho 1 é de 22 m3/s e no trecho 2 é de 30 m3/s, obtendo-se: A média geométrica geralmente é aplicada a valores que aumentam sucessivamente. Por exemplo: o aumento consecutivo na precipitação média mensal em uma região, em três meses, foi de 8%, 10% e 15%. Inicialmente, a precipitação era de 100%, aumentou para 108%, 110% e 115%. Na forma decimal, são representados como 1,08, 1,10 e 1,15, respectivamente. O aumento da precipitação mensal foi, em média, de 11%. Média A = {a1, a2, … , an} x̄ = a1 + a2 + … + an n x̄p = a1 ⋅ p1 + a2 ⋅ p2 + … + an ⋅ pn p1 + p2 + … + pn (x̄h) (x̄g) xg = n√a1 ⋅ a2 ⋯ ⋅ an = 3√1, 08 ⋅ 1, 10 ⋅ 1, 15 = 3√1, 37 = 1, 11– É o resultado mais recorrente da amostra. Supondo que a temperatura média mensal de uma região, para os meses de janeiro a abril de um ano, consecutivamente, gerou a amostra de dados A = {35°,33°,33°,28°}. A moda é 33°C. Permite que os dados sejam analisados com menos distorções do que a média aritmética. Para dados ordenados de uma amostra A, temos: 1º caso — Quantidade par de elementos: 2º caso — Quantidade ímpar de elementos: Medidas de variabilidade ou dispersão Representam o grau de variabilidade dos dados de uma amostra em torno do valor central. As principais medidas são: É a diferença entre o maior e o menor valor de uma amostra. Como alguns elementos da amostra são ignorados nessa abordagem, essa medida é pouco representativa. Moda Mediana A = {a1, a2, a3, a4} xmd = a2 + a3 2 A = {a1, a2, a3} xmd = a2 Amplitude É a média das distâncias entre cada dado da amostra e o valor central (média). O cálculo é laborioso e, considerando uma amostra , é dado por: Proporciona uma análise da distância entre cada elemento de uma amostra e o valor central. Para uma amostra , com média , temos: Utilizado alternativamente ao desvio médio absoluto. Quando os valores da amostra estão próximos da média, o desvio padrão é baixo. É dado por . Por exemplo, as temperaturas mínimas registradas em três dias, em dois municípios diferentes, foram 10°C, 9°C, 11°C e 6°C, 10°C e 14°C, respectivamente. A temperatura média em ambos foi de 10°C, porém o desvio padrão é menor no primeiro município. Técnicas gráficas dessas abordagens são o diagrama box plot e o gráfico ramo e folha. Diagrama box plot: proporciona uma visão geral de possíveis alterações nos dados do conjunto e identifica onde estão situados 50% dos valores mais prováveis, os valores extremos e a mediana. Gráfico ramo e folha: frequentemente utilizado para conjunto amostral pequeno, evita a perda de informações dos dados e destaca os pontos extremos do conjunto. Variáveis aleatórias discretas Desvio médio absoluto A = {a1, … , an} d = |a1 − x| + ⋯ + |an − x| n –– Variância A = {a1, a2, … , an} x̄ s2 = (a1 − x̄) 2 + … + (an − x̄) 2 n − 1 Desvio padrão s = √ variância = √s2 Variáveis aleatórias discretas As variáveis aleatórias são abordadas dentro da teoria de probabilidade, desse modo as distribuições de probabilidade atuam como ferramentas na modelagem de fenômenos aleatórios. Precipitação, evaporação, transpiração, escoamento superficial e escoamento subterrâneo são exemplos de fenômenos aleatórios e, portanto, estão sujeitos à análise a partir de variáveis aleatórias. O ciclo da água. As variáveis aleatórias são funções reais definidas em um espaço amostral e podem ser discretas ou contínuas. É chamada de discreta quando o número de valores possíveis de uma variável, ou seja, sua imagem, for um conjunto finito ou enumerável. Um exemplo de variável hidrológica discreta é o número de meses em um ano, em que a vazão de um rio de determinada localidade está abaixo da esperada, sendo que os valores possíveis estão contidos na amostra {0, 1, 2, 3, 4, ..., 12} de números inteiros. Em hidrologia, existem três categorias que reúnem os modelos de variáveis aleatórias discretas mais conhecidos. A primeira trata dos processos de Bernoulli, a segunda é referente aos processos de Poisson e a terceira apresenta as distribuições hipergeométricas e multinomiais. Processos de Bernoulli O Processo de Bernoulli está relacionado a experimentos aleatórios que produzem eventos, dando origem a somente dois resultados possíveis e contrários. Por exemplo, cada nova barragem criada é uma tentativa, que poderá gerar como resultados “com defeito” ou “sem defeito”, que se traduzem em “sucesso” ou “fracasso”. No processo de Bernoulli, as tentativas são independentes e a probabilidade de sucesso permanece constante. Considerando o espaço amostral do exemplo acima como {S, F}, com probabilidade p de ocorrência de um evento e variável aleatória X (x = 0,1) associada, a função massa de probabilidades é dada por: Rotacione a tela. Três diferentes tipos de variáveis aleatórias discretas estão associados aos processos de Bernoulli. Vejamos! Binomial p(x) = px(1 − p)1−x, com 0 ≤ p ≤ 1 Binomial Quando está relacionada ao número de sucessos em n repetições. Geométrica Quando está relacionada às repetições independentes e suficientes para que o sucesso seja único. Binomial negativa Quando há repetições independentes e suficientes para que determinado número de sucessos aconteça. Processos de Poisson Dentre os processos estocásticos, ou seja, os conjuntos de variáveis aleatórias que demonstram a evolução de um sistema hídrico de modo global, os de Poisson apresentam elevada importância. No Processo de Poisson, o tempo exato dos eventos discretos que compõem uma série de dados é aleatório, mas o tempo médio entre os eventos é conhecido. Exemplo Suponha que a cheia de retorno em determinada localidade ocorra em média a cada 10 anos. Uma ocorrêncianão afeta a probabilidade da próxima cheia. As cheias são eventos que se desenvolvem em uma escala de tempo com espaçamento aleatório e conhecemos o tempo médio entre as ocorrências. Algumas distribuições de variáveis aleatórias discretas possuem requisitos que diferem daqueles necessários à modelagem das variáveis componentes dos Processos de Bernoulli e Poisson, como a distribuição hipergeométrica e a multinomial. Distribuições hipergeométricas A distribuição hipergeométrica é utilizada quando na amostragem não há reposição do elemento amostrado de uma população finita. Sem a reposição, ocorre uma mudança sistemática na probabilidade de sucesso do evento e, nesse caso, o processo de Bernoulli não é aplicado. Exemplo Considere que a vazão em um rio durante 18 dias do mês de janeiro esteve abaixo do valor esperado e as vazões registradas foram eventos independentes. Selecionando uma amostra de 7 dias no conjunto amostral, calcula-se a probabilidade de a vazão estar baixa em 5 desses dias. Distribuições multinomiais f A distribuição multinomial é tida como uma forma generalizada de apresentação da distribuição binomial em casos com mais de dois resultados possíveis. Para que uma distribuição seja considerada multinomial, ela deve englobar n ensaios, cada qual contendo um número discreto de resultados possíveis. Saiba mais Essa distribuição é aplicada em determinadas situações, como, por exemplo, ao assumir que as temperaturas em uma localidade foram elevadas nos dias acima de 35°C, que foram baixas quando menores que 22°C e as probabilidades de ocorrências desses eventos foram de 0,3 e 0,5, respectivamente. A partir dessas informações, calcula-se a probabilidade de que, em 20 anos, tenham 6 anos com temperaturas elevadas e 8 anos com temperaturas baixas. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Na amostra de dados referente às vazões obtidas de uma seção de rio para os meses de fevereiro a julho em determinada localidade, a média, a moda e a mediana são, respectivamente: Parabéns! A alternativa C está correta. Para a média, temos: . A moda é igual a 9, pois é o valor mais recorrente na amostra. Para a mediana, devemos ordenar os valores: 3, 4, 7, 9, 9, 10. Como a quantidade de elementos na amostra é par, os dois elementos centrais são somados e divididos por dois A = {10m3/s, 9m3/s, 9m3/s, 7m3/s, 4m3/s, 3m3/s} A 10m3/s, 9m3/s e 8m3/s. B 6m3/s, 9m3/s e 10m3/s. C 7m3/s, 9m3/s e 8m3/s. D 10m3/s, 9m3/s e 8m3/s. E 7m3/s, 8m3/s e 9m3/s. média = (10 + 9 + 9 + 7 + 4 + 3) 6 = 42 6 = 7 m3/s . Questão 2 Assinale a opção que corresponde à representação gráfica a seguir. Parabéns! A alternativa D está correta. O histograma é uma representação gráfica de dados previamente tabulados, na qual são mostradas barras ou colunas que facilitam a visualização de informações. = 7 + 9 2 = 8 A Diagrama de linha B Processos de Bernoulli C Gráfico ramo e folha D Histograma E Diagrama box plot 2 - Reservatórios Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais componentes de um reservatório. Vamos começar! Reservatórios Diversos reservatórios foram construídos em atendimento à crescente demanda por água, sendo considerados um símbolo da habilidade humana de controle e utilização de um recurso da natureza, o recurso hídrico. Alguns foram projetados especialmente visando à geração de energia elétrica. Após anos de apogeu, essa tendência começou a ser substituída a partir do surgimento de outras fontes de energia, como a solar e a eólica. A construção de reservatórios de regularização tem sido uma importante ferramenta na busca da sustentabilidade hídrica em locais onde há limitação ou distribuição temporal variável de recursos hídricos. Aspectos gerais Uma das principais funções da regularização de cursos d’água é gerar uma vazão constante ou que apresente pouca variação ao longo do tempo. Construir reservatórios é de grande importância para um local, pois apresenta estreita relação com o desenvolvimento econômico. Contudo, deve-se avaliar o custo-benefício dessas construções, uma vez que pode gerar diversos impactos ambientais. A retirada a montante dos reservatórios tem motivado a geração de conflitos entre usuários, frente à redução da capacidade de regularização de vazão desses reservatórios devido ao uso da água na irrigação e na geração de energia, especialmente. Saiba mais Inicialmente, os impactos ambientais provenientes da construção de reservatórios que causavam maior preocupação eram aqueles oriundos da inundação de uma grande área de floresta e a transformação da velocidade da água, alterando um ambiente lótico em lêntico, que mudavam características de qualidade da água associadas a essa transformação. Posteriormente, ficaram notáveis os impactos causados a jusante dos reservatórios e dos pontos de captação que alteram o regime hidrológico do rio. Tanto os processos físicos como os químicos e biológicos do sistema sofrem profundas mudanças em escala temporal e espacial, com a construção de reservatórios. Para solucionar essa questão, foram impostas restrições à quantidade de água retirada de um rio para o consumo humano, de modo que uma vazão mínima deveria permanecer, a chamada vazão ecológica. Assim, ficou assegurado que a vazão remanescente nos rios durante os períodos de estiagem fosse o suficiente para não provocara escassez do oxigênio necessário para a manutenção do ecossistema fluvial. Para regular as principais bacias hidrográficas brasileiras foram construídos reservatórios, os quais, isolados ou associados em forma de cascata, configuram empreendimentos impactantes, qualitativa e quantitativamente, nos ecossistemas de águas interiores. Um reservatório é uma construção composta pela formação artificial de lagos ou por uma barragem artificial de um vale natural com vazões do curso hídrico sujeitas a controle. Independentemente de seu tamanho ou de sua finalidade, a função de um reservatório é a de regular, a fim de atender às diferentes demandas dos usuários do recurso hídrico ou à manutenção da vazão. Usina Hidrelétrica de Itaipu. Quando se trata de um reservatório de acumulação, o principal objetivo é reter o excesso de água captado no período chuvoso para aproveitá-lo no período de seca. Ainda, é possível que esse reservatório atenue os efeitos de enchentes a jusante. No caso de irrigação ou abastecimento público, os reservatórios de distribuição têm a função de regular a demanda ao longo do dia para assegurar a correta distribuição da água entre os usuários além de atender à demanda de modo regular, inclusive em horários de picos. Características de reservatórios Quanto à característica física de um reservatório, destaca-se a capacidade de armazenamento determinada a partir de levantamento topográfico. Alguns aspectos a serem considerados são profundidade, largura, comprimento, área de drenagem, área da superfície líquida, volume e comprimento das margens. Os níveis e volumes característicos podem descrever um reservatório. Veja a seguir! Nível de água mínimo operacional É referente à cota mínima necessária para o correto funcionamento do reservatório. Através dessa cota, é definido o limite superior do volume morto e o limite inferior do volume útil do reservatório. A fim de evitar que sejam formados vórtices no início da tomada de água, geralmente o nível de água mínimo operacional é estabelecido acima do limite superior da estrutura onde ocorre a tomada de á tó i água no reservatório. Volume morto Representa a fração que está inativa dentre o volume total do reservatório, ou seja, indisponível para o aproveitamento da água. Sendo assim, é o volume de água que está abaixo do nível mínimo operacional. Nível máximo operacional Estipula o limite superior do volume útil de um reservatório, correspondendo à cota máxima admitida para o funcionamento do reservatório. Frequentemente, esse nível encontra-se no mesmopatamar da crista do extravasor ou da borda superior das comportas do vertedor. Volume útil É utilizado na operação do reservatório e que atende às diferentes demandas pelo uso do recurso hídrico. As perdas de água por evaporação e por infiltração no solo devem ser mensuradas quando representarem valores significativos. O volume útil encontra-se entre os níveis de água mínimo operacional e máximo operacional. Nível máximo maximorum Está voltado para atender à demanda de ondas de cheia e está atrelado à sobrelevação máxima do nível de água. Volume de espera É também conhecido por volume para o controle de cheias e se refere à fração do volume útil do tó i tá lt d t i t d d d h i A i d t d à Balanço hídrico dos reservatórios O balanço hídrico pode ser entendido como a verificação da entrada e da saída de água no reservatório, previstas no ciclo hidrológico. Seu objetivo é confrontar a disponibilidade de água frente às demandas hídricas em quantidade e qualidade. Esse estudo é um hábil instrumento que produz estimativas mensais de disponibilidade hídrica em uma região sendo de elevada importância para os gestores, como auxiliar no planejamento e na operação de reservatórios. Elaborar um diagnóstico hídrico de modo correto diminui consideravelmente o risco de desastres, de problemas operacionais e financeiros. Os modelos de análise de cursos hídricos são geralmente categorizados como de simulação, otimização ou uma combinação das duas categorias. Ambos os modelos vislumbram conhecer as questões que possivelmente surgirão ao longo do tempo após a implementação de uma política operacional. reservatório que está voltada para o amortecimento de ondas de cheia. Assim, pode atender às restrições da vazão do rio a jusante, como a capacidade de recebimento de água pelo rio e proteção de estruturas construídas. Cota da crista do barramento É encontrada a partir de uma sobrelevação ao nível de água máximo maximorum chamada de borda livre. Sua função é impedir transbordamentos sobre a crista em condições adversas e assegurar que as ondas formadas pelo vento não ultrapassem a crista da barragem. Estação de bombeamento 1 do Eixo Norte, em Cabrobó Caso haja poucas alternativas a serem avaliadas, a simulação é frequentemente utilizada. Se a combinação de possíveis valores atribuídos às variáveis analisadas for infinita, o emprego desse método se torna dispendioso e inviável. Quando é desejável reconhecer a melhor política operacional a ser empregada, o modelo de otimização é aplicado. Os fatores envolvidos na decisão permitem variações e podem ser maximizados ou minimizados para serem aplicados em soluções de funções-objetivo. Para o cálculo do balanço hídrico quantitativo, são consideradas as disponibilidades hídricas e as demandas hídricas. O balanço é elaborado utilizando um modelo matemático, a partir de uma base hidrográfica predefinida, inserindo dados obtidos com relação à disponibilidade hídrica e de usos de água na base hidrográfica considerada. Isso proporciona uma simulação qualitativa e quantitativa, verificando os impactos dos usos sobre a disponibilidade e a qualidade da água. A equação que define o balanço hídrico pode ser escrita do seguinte modo: Onde: = precipitação; = vazão afluente; = perda por evaporação; = demandas; = vazão de restituição; = perdas por infiltração; = variação de volume de armazenamento; = variação de tempo. Em período de estiagem é igual a zero. Rotacione a tela. A bacia hidrográfica é o espaço mais apropriado para a avaliação do comportamento hídrico de um curso d’água porque delimita a área de entrada, o percurso, a saída de água e a seção do rio. No desenvolvimento de projetos, o domínio regional ou local deve ser estabelecido, o que implica na seleção dos elementos componentes mais importantes. Dentro do contexto do ciclo hidrológico, são considerados a evapotranspiração, a precipitação, o escoamento superficial da água e a percolação em níveis mais profundos, além da infiltração. Saiba mais Diversos parâmetros podem ser considerados para a avaliação do balanço hídrico, tais como: demanda bioquímica de oxigênio (DBO), oxigênio dissolvido (OD), fósforo total e suas frações (fósforo orgânico e inorgânico), coliformes termotolerantes (fecais) ou E. Coli e nitrogênio total. A escolha de parâmetros baseia-se na P + Qin − E − ΣQd − Qout − I = ΔV ol Δt P Qin E ΣQd Qout I ΔV ol Δt P identificação dos principais indicadores da qualidade da água na região a ser avaliada e por estarem correlacionados com possível uso da água, por exemplo, com o lançamento de esgoto doméstico sem tratamento. Vertedores e descarregadores de fundo Os vertedores e descarregadores de fundo podem ser definidos como paredes, diques ou aberturas sobre as quais um líquido escoa. Os descarregadores são condutos instalados próximos à base do barramento para eliminar do reservatório o sedimento depositado, sendo amplamente utilizados no controle da sedimentação de reservatórios. O termo também é aplicado aos extravasores de represas. Componentes básicos de um reservatório. Dentre as estruturas mais importantes de um reservatório, está o descarregador de fundo. Sua importância está atrelada à regulação dos níveis do reservatório e à segurança da barragem. As principais funções do descarregador de fundo são: Permitir a passagem de água do reservatório para jusante enquanto os níveis de água estão baixos e os vertedouros e outras tomadas de água estão inutilizáveis. Eliminação de cheias enquanto há construção da barragem e, no caso de o vertedouro necessitar de auxílio, evacuação de emergência para aliviar o estresse sobre a barragem. Esvaziamento do reservatório para manutenção e operações de inspeção. O modo mais apropriado de construção dos vertedores é baseado em forma geométrica definida. São considerados orifícios incompletos, por não apresentarem a parte superior. Quanto à classificação do vertedores, eles podem ser considerados como: a) Simples: triangular, retangular, trapezoidal, circular e exponencial. A retangular é utilizada para medição de grandes vazões. b) Compostos: mais de duas formas geométricas simples arranjadas em combinação. Por exemplo, caso a forma retangular esteja combinada com a triangular, esta é indicada para a medição de pequenas vazões. a) livres ou completos; b) incompletos ou afogados. a) parede espessa ou soleira espessa; b) parede delgada ou soleira fina. a) com contrações laterais; b) sem contrações laterais. Durante a elaboração do projeto para utilização dessa estrutura, é necessário considerar algumas situações que podem ocorrer quando o sistema estiver sob pressão. Por exemplo, cavitação pela alta viscosidade de escoamento, erosão nas bordas do conduto e a jusante do descarregador, além de corrosão e oxidação em peças do sistema. As equações clássicas que descrevem o funcionamento de orifícios podem ser utilizadas para estimar a vazão transportada pelos descarregadores. Quanto à forma Quanto à altura relativa da soleira Quanto à espessura da parede Quanto à altura relativa da soleira Análise da regularização de vazão de um reservatório Como medida de segurança para garantir o suprimento de demandas diferenciadas pelos usuários, pode ser adotado o princípio da superposição. Esse princípio considera que, para sistemas lineares, a resposta final da soma de dois ou mais estímulos é igual à resposta líquida para cada estímulo individual. Os reservatórios estão constantemente acumulando água mesmo quando não são feitas as retiradas. Também permitem a análise de retiradas distribuídas durante as horas diárias em que há consumo, fazendo uma correlação com a quantidade de dias no mês em que houve retirada de água. Quando o trecho a montante de um rio apresenta o somatório das vazões outorgadas superior à vazão máxima permitida para outorga, a verificação do impacto causado pela construção do reservatório de regularização sobre a disponibilidadehídrica pode ser realizada com base em fatores como capacidade de armazenamento e vazão permissível para outorga. O primeiro está baseado na influência exercida pelo armazenamento de água em relação à substituição das vazões superpostas, em detrimentos daquelas distribuídas ao longo do tempo. O segundo leva em consideração a vazão máxima permitida para outorga que esteja em condições de serem regularizadas. Geralmente, a construção de reservatórios favorece o aumento da disponibilidade hídrica tanto pelo efeito do fator, que considera a distribuição das demandas ao longo do tempo, como pelo impacto sobre a vazão permissível para outorga. Visando aumentar a potencialidade da utilização de recurso hídricos, é possível substituir as vazões superpostas por vazões distribuídas ao longo do tempo, pois ocorre uma redução considerável na vazão de demanda. Em diversas bacias hidrográficas, existe conflito pelo uso de recurso hídrico e a outorga do direito de uso é uma ferramenta essencial para a minimização desses conflitos e gerenciamento adequado do recurso. Reservatórios de grande porte tendem a ampliar as motivações para a geração de conflitos e a construção de pequenos reservatórios, dentro das permissões legais. Pode ser uma alternativa para essa questão em algumas localidades, especialmente onde há baixa disponibilidade hídrica. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A disponibilidade e a ____ hídrica são consideradas no cálculo do balanço hídrico quantitativo. Assinale a seguir a alternativa que completa corretamente a lacuna da afirmativa anterior. Parabéns! A alternativa E está correta. O balanço hídrico considera a entrada de água e a necessidade de retirada dessa água, ou seja, a demanda pelo recurso hídrico. Questão 2 Os descarregadores instalados próximos à base da barragem do reservatório têm a função de eliminar ____ do reservatório. Assinale a seguir a alternativa que completa corretamente a lacuna da afirmativa anterior. A Facilidade B Vazão C Resposta D Outorga E Demanda A Ar B Sedimento Parabéns! A alternativa B está correta. O sedimento pode acumular no reservatório e o descarregador facilita sua remoção. 3 - Dimensionamento de reservatórios Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar alguns métodos utilizados no dimensionamento de reservatórios. Vamos começar! C Cimento D Água E Peixes Vamos começar! Dimensionamento de reservatórios A capacidade de armazenamento de água por um reservatório pode ser influenciada por três fatores: a intermitência, o volume afluente médio e a variabilidade dos deflúvios anuais. Um reservatório com capacidade igual ao deflúvio médio anual é capaz de reter todas as águas do período chuvoso para que sejam utilizadas nos períodos de estiagem, considerando que em todos os anos os deflúvios sejam iguais. Caso contrário, é necessário manter um estoque de água para uso interanual. Um reservatório com o dimensionamento correto pode suportar as variações de vazão do curso hídrico e atender à demanda por água proposta para os diversos usos de modo satisfatório. Métodos de dimensionamento Diversos métodos são utilizados no dimensionamento do volume útil de reservatórios e podem ser classificados de acordo com o modo de uso dos dados e apresentação dos resultados. Dentre os métodos mais utilizados, estão os estocásticos e os determinísticos. Método estocástico Este método é representado por um conjunto de variáveis aleatórias que demonstra a evolução de um sistema hídrico de modo global. Há uma indeterminação, mesmo tendo indicativos da origem das informações iniciais em eventos aleatórios, sobre quais caminhos poderão ser seguidos durante a evolução do processo. Favorece o cálculo de probabilidades que incluem, por exemplo, a ocorrência de falhas durante o processo, e pode ser aplicado em determinação de fluxos turbulentos. O processo e o modelo são ditos estocásticos quando a probabilidade estiver inserida no modelo e a possibilidade de ocorrência das variáveis envolvidas no processo for considerada. Método determinístico Neste método, o resultado é analisado de modo único, por exemplo, quando é produzida uma saída em condições idênticas de uma mesma entrada. Propõe que as séries e vazões possam ser geradas a partir do conhecimento das condições iniciais, ou seja, de dados de entrada que representem o sistema hídrico natural como umidade do solo, volume de água precipitada e evaporada, cobertura vegetal, dentre outros. No contexto desse método, destaca-se o diagrama de massas. Para a metodologia de cálculo, existe a classificação em métodos simplificados, modelos de simulação e modelos de otimização. Esses métodos são frequentemente inseridos em projetos para a construção de reservatórios de pequeno porte ou em fase inicial da concepção de grandes reservatórios. O diagrama de massas é um método simplificado, porém apresenta algumas limitações que dificultam sua utilização em sistemas onde exige um dimensionamento complexo. Modelos matemáticos de simulação e otimização têm sido desenvolvidos com o emprego de computadores na elaboração de projetos para estudos hidrológicos e amplamente aplicados em casos complexos que exigem cálculos mais robustos e de difícil solução. Essa se tornou uma ferramenta fundamental de gestão dos recursos hídricos e auxiliar durante o planejamento. A partir da visualização do cenário em que será desenvolvido um estudo, recomenda-se uma aplicação de modelos de simulação, pois são eles que descrevem o comportamento do sistema ao longo do tempo e do espaço em função desse cenário. Esses modelos têm a capacidade e utilização de extensas séries de dados que podem ser obtidas experimentalmente ou através de bancos de dados disponíveis, preservando as características naturais do regime hidrológico, elementos norteadores da vazão e da natureza das chuvas. Já os modelos de otimização otimizam o dimensionamento e a operação do reservatório indicando um ponto representativo do sistema. A sensibilidade do modelo em virtude de alterações e variações do sistema são avaliadas. As atividades são mapeadas, e possíveis falhas ou diminuição de desempenho são identificadas por esse modelo, que dentre outras funções propõe soluções tornando os processos mais fluidos. Seja qual for o modelo hidrológico adotado, é consenso que, dentro de suas limitações, todos se propõem a sugerir um dimensionamento mais adequado para cada situação, além de propor melhorias, equacionando processos, compreendendo e simulando o funcionamento de uma bacia hidrográfica associada ao reservatório Método do diagrama de massas O método de diagrama de massas ou diagrama de Rippl é amplamente aplicável no campo da hidrologia. Um de seus usos é voltado para o cálculo do volume útil de um reservatório que compreende o volume de armazenamento necessário para alcançar uma constante regularização de vazão durante o cenário mais crítico de estiagem. Saiba mais Esse método tem como objetivo principal a equalização da vazão entre o suprimento e as diversas demandas no decorrer do tempo. É mais utilizado em situações de e demanda acumulada de água, que é aproximadamente igual ou pouco menor que o suprimento de água, pois é fundamentado com base no período crítico, ou seja, de estiagem. O diagrama de massas é um diagrama de volumes de água acumulados que fluem ao reservatório. Corresponde a integral de um hidrograma afluente ao reservatório, que apresenta uma curva de massa que foi uma das pioneiras utilizadas na aplicação de estimativa da capacidade de reservatórios. As retas tangentes a essa curva representam as vazões naturais do curso hídrico em cada instante considerado. Hidrograma de vazões médias mensais, de 1999 a 2006, no Rio Jamari, RO. As vazões a serem regularizadas são mostradas como uma porcentagem da vazão média. Caso seja considerado que a vazão a ser regularizada é a vazão média, para mantê-la durante um intervalode tempo de t1 a t2, é preciso descarregar do reservatório um volume a ser calculado. Com a utilização do diagrama de massas, a visualização gráfica do volume útil do reservatório para determinada vazão regularizada fica facilitada. Na construção do diagrama, uma reta é traçada passando pela origem tendo uma inclinação igual à vazão esperada, ou seja, é feita uma curva de vazões acumuladas de regularização. A partir daí, as retas paralelas e tangentes são traçadas. Essas apresentam em seu maior afastamento a definição do volume útil a ser considerado no armazenamento de água no reservatório. Para avaliar se haverá enchimento do reservatório, basta analisar os pontos nos quais a reta tangente à curva de massa tem inclinação maior que a vazão regularizada. Nesses pontos, o enchimento do reservatório ocorrerá; caso contrário, será esvaziado. Atenção! A tangente no diagrama de massas traz outra informação relevante sobre a utilização de reservatórios. O diagrama de massas pode determinar a partir da tangente se é necessária ou não a construção do reservatório. No caso de o diagrama de massas não apresentar tangentes com inclinação menor que a vazão a ser regularizada, não é necessária a construção do reservatório. Vantagens e limitações do método Os métodos baseados no diagrama de massas apresentam vantagens e desvantagens em seu uso. É o método mais utilizado, e a principal vantagem em seu uso é a fácil aplicação. A simplicidade e a facilidade de entendimento da estrutura de cálculo são notáveis, além de o conhecimento teórico aplicado ser de simples compreensão. O fato de considerar a sazonalidade implícita na série histórica merece destaque, pois é um fator que influencia fortemente na qualidade dos dados. Devido o método apresentar o volume do reservatório com base na área de captação e na precipitação registrada, considerando a possibilidade de não ter o armazenamento de toda a água precipitada, pode relacionar a demanda mensal de determinado uso, independente de ser constante ou variável. Espera-se que, utilizando esse método, seja possível obter maior precisão no dimensionamento do resevatório diminuindo o intervalo de coleta dos dados a serem considerados na análise. Quando os dados são inexistentes, ainda existe a possibilidade de uso desse método, substituindo os dados diários por mensais, que também apresentam resultados satisfatórios. Embora haja várias considerações positivas sobre seu uso, existem diversas críticas sobre a utilização do diagrama de massas, principalmente devido a esse método ter sido desenvolvido com a finalidade de dimensionamento para grandes reservatórios, o que poderia acarretar superestimativas do volume a ser armazenado no reservatório. Ao admitir a série histórica como repetição em ciclos, sem supor a existência de dados críticos, pode-se inferir um resultado sub ou superestimado do volume útil do reservatório. Quando se trata de volume, não são permitidas variações de vazões regularizadas relativas a volume armazenado e não são associados riscos a um volume definido. Ainda, o volume do reservatório pode ser reduzido mediante perdas por evaporação. Esse é outro fato não considerado por essse método, além de admitir que está cheio no início da operação. Outros métodos O método do diagrama de massas residual tem como base o diagrama de massas ou de Rippl. A principal vantagem desse método com relação ao método do diagrama de Rippl diz respeito à redução na escala vertical do gráfico, facilitando o manuseio da curva, a partir da retirada da vazão média do eixo das ordenadas. Veja como os seguintes métodos de dimensionamento de reservatórios são utilizados e suas características. Para dimensionar o volume útil do reservatório utilizando o diagrama de massas residual, deve-se subtrair a vazão média de longo termo dos valores individuais da série histórica. Dá-se o nome de residuais aos valores obtidos após essa ação. Na sequência, é traçado o gráfico da curva de massas dos valores residuais encontrados, demonstrando a acumulação dos valores residuais no decorrer do tempo e a reta de retirada residual. As tangentes são traçadas em associação à reta de retirada residual nos pontos críticos da curva de massas residual. O maior afastamento entre a tangente e o diagrama de massa Método diagrama de massas residual residual será considerado como sendo o volume útil do reservatório. Utilizado em dimensionamento de reservatório. O cálculo do volume do reservatório é feito com tentativas até a identificação de valores otimizados de confiança para uso e volume do reservatório. Uma característica que diferencia esse método é o fato de os valores obtidos serem mais criteriosos. Apresenta uma interface simples e de fácil uso. São considerados apenas os valores de precipitação anual e da área de captação. Assim, quanto maior for a precipitação no local instalado, maior será o volume do reservatório, sem levar em consideração a demanda de usos múltiplos. Baseia-se em dados anuais de água pluvial ou em demanda de usos múltiplos, independentemente da área de captação. A eficiência do sistema não é relevante nesse método já que trata de um cálculo empírico. Assim, o volume do reservatório considerado é o menor entre 6% do volume anual de consumo ou 6% do volume de precipitação. Curva de possibilidades de regularização Os processos de evaporação e extravasamento estão sempre presentes nas situações práticas, pois sempre ocorre perda de água por essas vias em corpos hídricos. Quando se pretende dimensionar reservatórios em situações práticas, a regularização da vazão média é inviável. Existem vários fatores que não necessariamente estão relacionados à técnica que podem afetar a regularização impondo restrições. Alguns exigem uma adequação ou supressão de projeto, tais como: Questões �nanceiras Método australiano Método prático inglês Método prático alemão Questões �nanceiras Especialmente aquelas relativas a investimentos e à manutenção. Questões econômicas Por corte de verba a fim de obter redução e custos. Questões sociais Devido à presença de habitações no entorno do reservatório, legais e ambientais. Nos casos em que altura da barragem e o volume do reservatório estão limitados, a relação entre a vazão regularizada e a vazão média da bacia, conhecida por grau de regularização, fica geralmente inferior a um. Então, a curva é traçada na abcissa, compreendendo o volume de armazenamento necessário para regularizar uma vazão, e na ordenada, compreendendo a vazão de regularização. A curva de possibilidades de regularização é construída a partir do cálculo de diversos valores de volume útil referentes a diversas vazões regularizadas. Essa curva relaciona o volume útil necessário ao reservatório com o seu grau de regularização. É uma curva assintótica, já que o volume útil tende ao infinito quando a vazão regularizada tende à vazão média. Curva de regularização do reservatório parcialmente cheio com tempo de retorno de 70 anos. Utilizando um modelo de simulação, pode-se realizar um procedimento experimental gerando inúmeras séries de dados sintéticas, ocasionando a geração de inúmeras curvas de regularização. Assim, é empregada uma estatística representativa da área do reservatório em diferentes níveis de regularização considerando a probabilidade de falha ao longo de um horizonte de planejamento. A característica estocástica dos fenômenos hidrológicos fica representada dessa forma. Portanto, a utilização dessas curvas é uma abordagem coerente a ser implementada nos projetos de dimensionamento de reservatórios. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O modelo ____ é utilizado no dimensionamento do volume útil de reservatórios e apresenta estado indeterminado com origem em eventos aleatórios. Assinale a seguir a alternativa que completa corretamente a lacuna da afirmativa anterior. Parabéns! A alternativa D está correta. Qualquer processoanalisado que utilize a teoria probabilística é estocástico. Questão 2 O volume útil de um reservatório compreende o volume de armazenamento que é necessário para alcançar uma constante regularização de vazão durante o cenário crítico de A Determinístico B Aleatório C Composto D Estocástico E Afogado A chuva. B verão. C estiagem. D manutenção. Parabéns! A alternativa C está correta. O volume útil é a diferença entre o volume máximo e o volume morto, ou seja, é o volume disponível para operação no reservatório. 4 - Impactos ambientais Ao �nal deste módulo, você será capaz de avaliar possíveis impactos ambientais decorrentes da regularização de vazão. Vamos começar! I t bi t i E erosão. Impactos ambientais As atividades desenvolvidas pelo ser humano modificam o regime natural de vazão dos rios. Esse fato foi intensificado a partir da urbanização crescente das grandes cidades, da industrialização e foi acelerado por práticas agrícolas insustentáveis. Como consequência, podemos observar a degradação da qualidade da água, a destruição de ecossistemas e a perda da biodiversidade no ambiente aquático. Alterar o regime de vazões dos rios pode prejudicar de forma irreversível os ecossistemas aquáticos. Os impactos negativos afetam a população que se beneficia dos serviços ecossistêmicos de uma região, podendo comprometer inclusive sua subsistência. Vazão ecológica Para o gerenciamento adequado dos recursos hídricos, é necessário determinar a disponibilidade hídrica a partir do conhecimento da vazão ecológica. Assim, é possível evitar danos ao ambiente, como a extinção de espécies nativas e a invasão de espécies exóticas, à medida que se assegura uma quantidade mínima de vazão para a preservação do ecossistema. Saiba mais A vazão ecológica também é conhecida como vazão ambiental, residual ou remanescente. É utilizada como ferramenta que contribui para a tomada de decisão sobre a melhor maneira de implementar um gerenciamento ecologicamente sustentável, protegendo a integridade ecológica do ecossistema local e atendendo à demanda por recurso hídrico. A vazão ecológica é definida como a quantidade mínima de água que deve ser garantida ao curso hídrico para manutenção da vida dos ecossistemas aquáticos. Essa garantia deve ser respeitada mesmo quando ocorre a captação de água para diversos usos decorrentes da atividade humana. Essa quantidade mínima de água deve permanecer no curso do rio para a preservação da fauna e flora da região. Os diferentes usos da água, como, por exemplo, geração de energia elétrica, abastecimento público e irrigação, não devem comprometer a vazão de um rio. Em alguns casos, um único valor de vazão não é suficiente para preservar as condições naturais de um rio a jusante de um local com uso intenso de água. Existem diferentes metodologias para a determinação da vazão ecológica, as quais são classificadas em quatro tipos. Vamos conhecê-las? Hidrológica São utilizados dados hidrológicos (séries temporais de vazões diárias ou mensais) que sugerem qual vazão ecológica deve ser adotada. Uma forma de apresentação do resultado é por meio de porcentagem; nesse caso, é fixado um percentual ou uma proporção da vazão natural do curso de água para indicar a vazão ecológica. Hidráulica Baseia-se em alteração das variáveis hidráulicas medidas em seção única transversal do rio, como perímetro molhado ou profundidade máxima. De habitat Visa avaliar a vazão ecológica em relação ao habitat físico disponível para as espécies que vivem na região. Nesse caso, as regras consideradas para a determinação da vazão são variáveis ou múltiplas e partem de um valor inicial com a possibilidade de lidar com alternativas variáveis, se adequando às necessidades individuais dos usuários da água prevenindo a geração de conflitos. Holística É considerado o ecossistema do rio como um todo, podendo englobar áreas próximas, como pântanos e água subterrânea. Toda a fauna, flora e qualidade da água da região avaliada podem ser afetadas pela vazão e, portanto, são relevantes no levantamento de dados. O método hidrológico é frequentemente utilizado no Brasil para requerimento de uso do recurso hídrico, a outorga. Esse método considera apenas um valor de vazão ecológica e desconsidera as variações de habitat no decorrer do curso do rio, assim como as limitações nos regimes naturais de vazões. Saiba mais Os requisitos para concessão de outorga e uso da água nos diferentes estados brasileiros é variável e os dados utilizados para a determinação da vazão ecológica são fundamentados em séries históricas de vazão. A partir da vazão ecológica, é possível identificar a disponibilidade real de água em um rio para afins de avaliação sobre a potencialidade de captação e aproveitamento. Qualidade da água Com a prerrogativa de que a demanda por recurso hídrico é mais importante para o ser humano do que para os ecossistemas aquáticos, a degradação da qualidade da água de alguns rios chegou a um nível severo e, em alguns casos, ocorre a indisponibilidade para determinados usos. É necessário avaliar os aspectos qualitativos e quantitativos dos recursos hídricos, pois são fundamentais para assegurar o equilíbrio do ambiente em um sistema fluvial. A qualidade dos mananciais está sendo afetada negativamente e de modo crescente frente à demanda mundial e à variabilidade espacial e temporal da água, agravadas pela poluição hídrica. Dentre as atividades humanas que fazem uso da água, o lançamento de efluentes industriais e domésticos nos rios comprometeram progressivamente sua qualidade. O esgoto doméstico é lançado diretamente nos rios por uma grande parcela da população mundial que não dispõe de saneamento básico, favorecendo a floração de algas e a degradação da qualidade da água por meio da eutrofização. A eutrofização é o processo natural ou artificial de incremento de nutrientes aos corpos d’água. Atividades humanas, como o esgotamento sanitário sem o tratamento adequado e a agricultura, proporcionam um aumento da velocidade da eutrofização, reduzindo a vida útil de um corpo d’água. O sistema fluvial possui uma capacidade de absorção de nutrientes, porém o excesso pode se tornar prejudicial e alterar o equilíbrio ecológico do meio, especialmente quando há lançamento elevado de matéria orgânica. A eutrofização pode causar impactos no curso hídrico, tais como: diminuição da qualidade da água que é destinada ao abastecimento; aparência desagradável pela coloração; odor ou presença de materiais suspensos; inviabilidade de utilização para recreação; alteração na concentração de oxigênio que pode provocar a mortandade de peixes; deposição e crescimento desenfreado de algas; entraves para a navegação. Ao construir um reservatório, a temperatura é um fator a ser considerado. Na superfície, a temperatura é maior do que no fundo, alterando as características naturais da água naquela região. As águas mais quentes promovem o crescimento de algas potencialmente nocivas, enquanto as mais frias podem conter elevadas concentração de minerais, tornando-se impróprias para determinados usos. O tempo de residência ou de retenção hidráulica deve ser considerado ao avaliar a qualidade da água. Dependendo do uso do reservatório, é feito o controle desse tempo, já que afeta a reciclagem e o acúmulo de nutrientes, o crescimento do fitoplâncton, o desenvolvimento de plantas aquáticas e o depósito de sedimentos. Também deve ser considerada a estratificação térmica. Quando a absorção da energia solar sofre intensa estratificação, a densidade da água é alterada e, por consequência, também é alterada a biota no meio. Com a redução da qualidade da água em um curso hídrico, a reprodução de organismos aquáticos fica prejudicada, a pesca pode ser comprometida e a saúde humana e ambiental deteriorada. Isso pode impactar negativamente a permanência humana em uma região. Os meios de subsistência de pessoas que dependem dos serviços fornecidos por esses ecossistemaspodem ser afetados, por exemplo, pela diminuição da pesca e por problemas relacionados à nutrição, causando, portanto, prejuízo econômico e social. Assoreamento O equilíbrio em relação ao transporte de sedimento em um curso d’água geralmente ocorre por arraste ou suspensão. A sedimentação natural desse material em águas com menor velocidade ocorre com variações de acordo com a granulometria das partículas do sedimento e com algumas características do curso hídrico, tais como turbulência, temperatura e demais fatores associados. Ao construir um reservatório, as características hidráulicas entre a seção a montante e a barragem do reservatório são alteradas, influenciando equilíbrio do fluxo. Nesse sentido, é promovida a desaceleração da movimentação de partículas na corrente de água. Já as partículas sólidas com maior granulometria são depositadas em áreas mais próximas da entrada do reservatório. Dependendo do local onde essas partículas são depositadas, podem ocorrer enchentes a montante e a jusante do reservatório, e ainda estimular a erosão das margens dos rios. Assoreamento na Barragem do Torto, DR. O assoreamento é o principal problema que afeta rios, lagos e reservatórios, pois reduz o volume de água utilizável. Uma consequência, por exemplo, no caso de geração de energia, é a diminuição da energia gerada. Para o ecossistema aquático, ocorre a diminuição da oferta de água e há a possibilidade de aumento na concentração de alguns elementos prejudiciais à saúde. A principal causa do assoreamento é o transporte de material em suspensão ou dissolvido, pela água da chuva e pelo próprio curso hídrico, até o reservatório onde fica retido por sedimentação. Os sedimentos sujeitos ao arraste têm origem em solos expostos por ação humana durante a supressão da cobertura vegetal ou pelo uso inadequado e esgotamento na agricultura. Atenção! ç Qualquer reservatório está sujeito à alteração na sua capacidade de armazenamento, parcial ou total, independentemente da finalidade, dimensão e operação. Logo, durante a elaboração de um projeto para construção de reservatório, a análise do processo de assoreamento deve ser parte integrante das atividades relativas à construção e manutenção, prevendo os melhores locais para a tomada de água a fim de evitar eventuais interrupções no fornecimento de água, limitações na operação ou dificuldades de operação. O sistema a jusante do local onde é construído um reservatório sofre impactos ambientais de grande importância afetando os mais variados nichos ecossistêmicos. Os ecossistemas a jusante dependem profundamente das águas, porém esse não é o único componente a ser considerado. Os sedimentos também contribuem fortemente para a qualidade da água em reservatórios, para a vida aquática como um todo e para a manutenção da vida no curso d’água. Tanto a água como o sedimento são bloqueados nos reservatórios, diminuindo assim a oferta de nutrientes necessários para a manutenção da vida de diversos organismos que ali vivem. A redução da capacidade de armazenamento de reservatórios e de rios está intimamente atrelada aos processos de erosão e assoreamento. O material sólido se acumula no reservatório e as terras a jusante tendem a sofrer uma redução na fertilidade. O leito do rio tende a ser tornar mais profundo ou devido efeitos adversos da erosão, pode ficar assoreado. Os rios servem como meios de transporte de sedimentos que alimentam a fauna e a flora que habitam em seu curso. Quando esse alimento é bloqueado nos reservatórios o resultado é a menor disponibilidade ou até mesmo ausência desse alimento e, consequentemente, a morte desses organismos. Supressão de vegetação e perda de hábitat Um reservatório atua como uma barreira física que perturba e, muitas vezes, impede o deslocamento dos organismos aquáticos, afetando a composição de espécies a montante e a jusante do reservatório. Os rios e as espécies que nele habitam existem em função de características do curso hídrico, tais como: vazão, composição do leito e das margens, composição e quantidade de sedimento deslocado e equilíbrio entre espécies. A construção de um reservatório altera o regime dos rios de lótico (mais movimento) para lêntico (menos movimento). A construção de reservatórios é responsável pela fragmentação de habitats valiosos e pela interrupção de importantes corredores migratórios. Antes da inundação dos reservatórios, comunidades humanas são deslocadas de suas terras nas quais viveram por muitos anos. Outros seres, como, por exemplo, a vegetação e algumas espécies animais, não detêm de tempo suficiente para escaparem do afogamento. Alguns conseguem escapar da inundação e são forçados a procurar outra área para sobreviverem, mas nem sempre obtêm sucesso devido à dificuldade em conseguir alimento, local seguro para o repouso ou de se adaptarem ao novo ambiente. Dentre os impactos indiretos, destacam-se perda de laços comunitários e familiares, separações e alagamentos em propriedades, diante da ruptura do espaço causada pela presença do reservatório. Também podemos destacar: De maneira geral, os reservatórios causam um empobrecimento da biodiversidade ao longo do tempo. As ilhas criadas dentro dos reservatórios são vistas como símbolo de proteção da biodiversidade, mas o impacto geral sobre a fauna e a flora dessas ilhas tem sido negativo, com alteração na densidade populacional, no aspecto Espécies aquáticas Em especial os peixes, estão suscetíveis aos impactos provocados pela construção de reservatórios. Quando o regime hidráulico de um rio é alterado, algumas espécies de peixe podem ser afetadas e ter a mobilidade comprometida, tendo, assim, dificuldade na busca por alimento, de se reproduzirem ou de retornarem ao local em que nasceram. Espécies migratórias São especialmente afetadas pelos reservatórios porque a construção impede a movimentação para área de interesse, comprometendo a sua existência. Biodiversidade Alcançam níveis variados e trazem consequências avassaladoras para espécies consideradas em extinção, tendo em vista que uma barragem pode contribuir para o seu desaparecimento à medida que promove o desequilíbrio do ambiente. comportamental e na comunidade ecológica. Os efeitos variam de acordo com cada rio, sendo necessária a avaliação integrada do rio e bacia. Os impactos ambientais podem ser definidos como reversíveis ou irreversíveis segundo a capacidade natural de recuperação do curso de água. Ainda podem ser temporários, permanentes ou cíclicos, este pela alteração da dinâmica da água. Os impactos ambientais podem ser definidos como reversíveis ou irreversíveis segundo a capacidade natural de recuperação do curso de água. Ainda podem ser temporários, permanentes ou cíclicos, este pela alteração da dinâmica da água. Além da supressão de vegetação para aumentar a área de construção do reservatório, ocorre a supressão no ato da inundação do reservatório, causando a perda de florestas e de todo o ecossistema envolvido. Os habitats daquele local são destruídos e, com o aumento da decomposição da vegetação suprimida, também aumentam a emissão de gases que contribuem com o efeito estufa. Emissões atmosféricas e evaporação Em um rio que corre naturalmente, há evaporação da água de maneira natural, como um processo pertencente ao ciclo hidrológico. Com a construção de um reservatório e o alagamento de áreas mais extensas anteriormente ocupadas pelo rio, aumenta a evaporação local. Em locais mais quentes com maior incidência de radiação solar, como em zonas tropicais, esse efeito é intensificado e a água dos reservatórios evapora constantemente. Com a redução da mobilidade de espécies e do desequilíbrio ecossistêmico provocado pela construção de um reservatório, plantas invasoras podem ser beneficiadas e se disseminar em determinada região sobre a superfície das águas, provocando a evapotranspiração. A possibilidade de represar uma grande quantidade de água pode inferir ao usuário uma sensação distanteda realidade de segurança hídrica, contribuindo para o desperdício. Para determinar a evaporação na superfície da água de reservatório, ressalta-se a necessidade de estimativas precisas de temperatura. Na interface entre a superfície da água e o ar, este último é saturado de vapor, estando a pressão de saturação na superfície em função da temperatura. Existe a visão sobre a construção de reservatórios de que são sumidouros de carbono. Reservatórios construídos com a finalidade de geração de energia elétrica estão recebendo críticas em virtude da impressão equivocada de que são fontes limpas de energia. Os gases emitidos pelos reservatórios são originados a partir da decomposição de três fontes: da biomassa original submersa com a inundação do reservatório; da biomassa formada a partir da fotossíntese que ocorre nas águas do reservatório; da matéria orgânica advinda da bacia de drenagem do reservatório. Quando os reservatórios são preenchidos com água, as florestas a montante são inundadas. À medida que a vegetação embaixo da água se decompõe, o gás metano, causador do efeito estufa, é liberado. Nesse sentido, a área onde existia a floresta viva que era considerada sumidouro de metano é transformada em fonte emissora desse gás. Nos reservatórios de hidrelétricas, a geração de metano ocorre pela ação de microrganismos via decomposição bacteriana aeróbia e anaeróbia, de material orgânico, culminando na produção de dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros gases em pequenas proporções. A intensidade do fluxo de emissão desses gases varia de acordo com a temperatura, com o vento, com a exposição ao sol e com fatores físico-químicos e biológicos da água, conferindo uma variabilidade significativa na emissão desses gases. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Como se chama a vazão definida como a quantidade mínima de água que deve ser garantida ao curso hídrico para manutenção da vida dos ecossistemas aquáticos? A Outorgada B Ecológica C Ecossistêmica D Diurna Parabéns! A alternativa B está correta. A vazão ecológica é uma garantia de que a demanda pelo recurso hídrico não poderá afetar o ecossistema fluvial. Questão 2 O ____ é o principal problema que afeta rios, lagos e reservatórios, pois reduz o volume de água utilizável. Assinale a seguir a alternativa que completa corretamente a lacuna da afirmativa anterior. Parabéns! A alternativa A está correta. O assoreamento contribui para a diminuição ou estreitamento da calha do rio. E Trófica A Assoreamento B Diagrama de massas C Equilíbrio D Manancial E Período de retorno Considerações �nais Ao longo de nosso estudo, vimos que a vazão é uma variável hidrológica que deve ser cuidadosamente avaliada, pois é fator relevante frente à crescente demanda por recursos hídricos. Os dados obtidos a partir de medições ou levantamento de informações disponibilizadas podem ser analisados pela estatística hidrológica, por diferentes técnicas. A escolha por determinada técnica é uma função do objetivo que se deseja alcançar. Dados hidrológicos apresentados de maneira tabular podem ser de difícil compreensão e a representação gráfica desses valores facilitam a visualização das informações geradas pelo manuseio dos dados obtidos. Aprendemos que a determinação de regularização de vazão deve ser baseada em projeto de dimensionamento de reservatório que utilize o método de cálculo mais apropriado e considere as características fundamentais ao bom funcionamento do reservatório. Por fim, vimos que é importante correlacionar as diferentes demandas pelo uso da água frente à disponibilidade hídrica da região. Podcast Para encerrar, relembre tópicos importantes em nosso estudo. Ouça! Referências AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. ANA. Hidroweb: Sistemas de informações hidrológicas. Consultado na internet em: 15 de dezembro de 2021. ASFORA, M. C.; CIRILO, J. A. Reservatórios de regularização: alocação de água para usos múltiplos com diferentes garantias. Revista de Gestão de Água da América Latina, v. 2, n. 2, 2005. 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Capacidade de reservatórios. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2002. MEES, A. Qualidade da Água em Reservatórios. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, 2020. NAGHETTINI, M.; PINTO, É. J. D. A. Hidrologia estatística. Belo Horizonte: CPRM, 2007. NÓBREGA, R. S.; DE SOUZA, E. P.; SOUSA, F. de A. S. Análise da utilização de dados do satélite TRMM em um modelo hidrológico semidistribuído na bacia do rio Jamari (RO). Revista Brasileira de Geografia Física, v. 1, n. 1, p. 47-61, 2008. PORTO, R. L. L.; ZAHED FILHO, K.; DOURADO, M. S. S. S.; OLIVEIRA, C. Amortecimento de Ondas de Cheia em Reservatório. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária, São Paulo, 1998. Explore + Confira agora o conteúdo indicado especialmente para você! Visite o site da Agência Nacional de Águas (ANA) e conheça os tópicos relacionados à segurança hídrica, regulação e fiscalização.
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