Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Na Mitologia Grega, os Campos Elíseos era o destino dos heróis após a morte, concebido como um paraíso cortado pelo Rio Lethe, onde homens virtuosos descansavam cercados de flores, lindas paisagens e regozijos eternos. Em analogia, a conjuntura hodierna é perceptível que à negligência do Estado com as políticas públicas de saneamento básico de grande parte das cidades brasileiras, propícia um âmbito social distante do cenário mitológico. Nesse contexto, a falta de medidas para preservar o meio ambiente, promover a saúde e melhorar a qualidade de vida da população, provoca o surgimento de um ambiente insalubre e hostil, uma vez que as precárias políticas sustentáveis contribuem para a deterioração de espaços urbanos, que carecem de limpeza urbana, abastecimento de água, esgoto sanitário, coleta de lixo e aterros sanitários, além da proliferação de doenças. Diante desse cenário, é incontrovertível que semelhante à atmosfera do filme Wall-E, os resíduos urbanos passam a adornar habitats, criando um cenário de desolação. Não obstante, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, apesar de sancionada, ainda não é atenuante, o que impede uma mudança rápida na proliferação de lixo no país. Dessa forma, em uma nação deficitária em cidadania, coleta seletiva e educação ambiental são refletidos nas grandes metrópoles um cenário de proliferação de doenças e poluição do meio ambiente, provocada por esgotos a céu aberto e a presença de lixões. Portanto, é notório que a ineficiência das políticas públicas e o avanço da disparidade social são elementos preponderantes na manutenção desse dilema. Ademais, é indubitável que a peste bubônica, doença transmitida por uma bactéria que vive em roedores selvagens e suas pulgas, matou cerca de 50 milhões de pessoas no século XIV, devido às más condições sanitárias e a escassez do saneamento básico na Europa. De maneira análoga ao conceito “cidadãos de papel” do escritor Gilberto Dimenstein, é perceptível que apesar da Lei 11.445, de 2007, estabelecer as diretrizes para o Saneamento Básico em território nacional, essas medidas ficam restritas apenas aos papéis. A carência de serviços de água potável, coleta e tratamento de esgoto, cria um ambiente propício para o desenvolvimento de doenças graves, como a diarreia, hepatite A e verminose. Segundo dados da OMS, mais de 70 mil pessoas são internadas, anualmente, por conta de enfermidades ocasionadas pela deficiência na rede de esgoto no mundo. Destarte, a negligência do Estado com o saneamento básico resvala nos espaços sociais. Logo, o MEC juntamente com as instituições de ensino, deve conscientizar os cidadãos por meio da educação ambiental e promover debates comunitários nos locais visando colocar em prática os 5 r’s. Ademais, urge a aplicabilidade da Lei de Resíduos Sólidos por parte do Governo Federal, mediante a pressão popular e apelos de ambientalistas, com o objetivo de mitigar os problemas ocasionados com o lixo, bem como a proliferação de doenças. Dessa forma, por meio da adoção de políticas públicas eficazes e a aplicabilidade das leis já existente, o Brasil poderá passar a sonhar com um local semelhante aos Campos de Elíseos.
Compartilhar