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Doenças Causadas por Falta de Saneamento Básico - Estudo de Caso_ São Sebastião - DF

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1 
UNIVERSIDADE 
CATÓLICA DE 
BRASÍLIA 
 
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
Curso de Engenharia 
Ambiental 
 
 
 
 
A RELAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E 
SAÚDE. ESTUDO DE CASO: CIDADE 
SATELITE SÃO SEBASTIÃO-DF. 
Autores: Aline Silva Lopes 
 Helena Khalil El Chaer 
 Leandro Moulin Porto Nunes 
Orientador: Profª Dra. Lucijane Monteiro de Abreu 
BRASÍLIA 2008 
2 
Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade 
Católica de Brasília, como requisito para obtenção ao título de Bacharel em Engenharia 
Ambiental. O artigo foi aprovado por: Profª.Dra. Lucijane Monteiro de Abreu – Orientadora e 
Prof. Dr. Douglas José da Silva – Examinador. Brasília, 19 de Junho de 2008. 
 
Aline Silva Lopes 
Helena Khalil El Chaer 
Leandro Moulin Porto Nunes 
alinelops@hotmail.com 
helenakhalil@terra.com.br 
leandrompn@gmail.com 
Profª. Dra. Lucijane Monteiro de Abreu (Professora Orientadora) 
lucijanemonteiro@gmail.com 
Curso de Graduação em Engenharia Ambiental – Universidade Católica de Brasília. 
 
RESUMO 
O artigo discute aspectos conceituais e metodológicos da avaliação e da relação entre 
saúde e saneamento, situando-os no contexto do desenvolvimento da cidade de São Sebastião 
e avalia as condições sanitárias e a qualidade de vida da população. Inicialmente, apresenta-se 
um histórico do saneamento no mundo, para então apresentar a realidade vivida pela cidade 
satélite em questão. Para melhor correlação dos dados, utilizou-se o modelo FPEEEA 
proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e definiu-se os parâmetros a serem 
observados. Foram utilizados dados oficiais relacionados a saneamento básico, saúde, 
educação e desenvolvimento econômico da cidade. A análise permitiu conhecer o grau de 
educação ambiental percebido pela população. 
Palavras-chave: Saúde pública, saneamento básico, meio ambiente. 
 
 
 
 
 
 
3 
ABSTRACT 
This article discusses conceptual and methodological aspects of the evaluation and the 
relation between health and sanitation, pointing out them in the context of the development of 
the city of Sao Sebastiao and evaluates the sanitary conditions and the quality of life of the 
population. Initially, a description of the sanitation in the world is presented, for then 
presenting the reality lived by the population of the referred satellite city. For a better data 
correlation, World Wide’s Health Organization FPEEEA model has been used to define the 
parameters to be observed. Official data related to basic sanitation, health, education and 
economic development of the city were used. The analysis allowed to know the degree of 
environmental education perceived by the population. 
Word-keys: Public health, basic sanitation, environment. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
INTRODUÇÃO 
A história do saneamento básico nos remete a muitos séculos antes da Era Cristã 
e sempre esteve relacionada ao surgimento e ao crescimento das cidades. No processo 
de formação das cidades, a fixação do homem está intimamente vinculada à 
disponibilidade quantitativa e qualitativa, da energia necessária à sua subsistência: Luz 
solar, ar, água e alimento (GENDA et al, 1985). 
Segundo Moreira, 1998 apud Heller, 1997, o avanço das práticas sanitárias 
coletivas encontrou sua expressão mais marcante na Antiguidade nos aquedutos, banhos 
públicos, termas e esgotos da Roma antiga, tendo como símbolo histórico a cloaca 
máxima de Roma. 
Como lembra Moreira, 1998, no Brasil, a história do saneamento básico também 
se confunde com o aparecimento e a formação das cidades. No início do século XIX, 
com o advento do período colonial, o abastecimento de água era feito por meio de coleta 
em bicas e fontes, nos povoados que então se formavam. Com a chegada da família real 
no Brasil, deu-se início à implantação de uma infra - estrutura mínima, e execução de 
obras, tais como: pontes, estradas e abastecimento de água a população. 
Nas últimas décadas, a problemática da saúde e saneamento básico, no Brasil, 
vem sendo amplamente discutida por ser um preceito constitucional e um indicador de 
qualidade de vida. 
O ordenamento jurídico brasileiro por meio da Constituição Federal, legislações 
específicas, decretos, instruções normativas e protocolos internacionais, são 
instrumentos no que tange à questão da adoção de Políticas Públicas para fins de 
garantir a manutenção da qualidade no acesso à água e ao meio ambiente. São 
referências em destaque, os instrumentos que se seguem: 
 Constituição Federal de 1988. 
Art. 23, incisos VI, VII e IX, que estabelece a competência comum da União, 
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios de proteger o meio ambiente, 
promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições 
 
 
5 
habitacionais e de saneamento básico, além de combater a poluição em qualquer de suas 
formas e preservar as florestas, a fauna e a flora; 
Art. 196, que define a saúde como “direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, 
proteção e recuperação”; 
Art. 200, incisos II e VIII, que fixa como atribuição do Sistema Único de Saúde 
(SUS), entre outras, a execução de “ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem 
como as de saúde do trabalhador” e “colaborar na proteção do meio ambiente, nele 
compreendido o do trabalho”; 
 Lei 8080/90 – artigos 3º e 7º: refere-se à organização do 
Sistema Único de Saúde (SUS) e as atribuições relacionadas à área de 
saúde ambiental, conforme transcrito a seguir: 
Art. 3º - A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, 
a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a 
educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de 
saúde da população expressam a organização social e econômica do país; 
Art. 7º, incisos II e X - referem-se à integralidade das ações dos serviços 
preventivos e curativos e a integração das ações de saúde, meio ambiente e saneamento 
básico; 
 Decreto nº 3450 / 00: assegura a implantação da 
Vigilância Ambiental em Saúde em todo território nacional. 
 Protocolo Internacional - Agenda 21: documento produto 
da Conferência das Nações Unidas sobre Meio ambiente e 
Desenvolvimento, que estabelece orientações para integração das ações 
para o desenvolvimento sustentável visando a saúde humana e a proteção 
ao meio ambiente. Em seu capítulo 6, que tem como título “Proteção e 
promoção das condições da saúde humana”, para os objetivos do 
presente estudo pode-se destacar os programas de redução dos riscos 
 
 
6 
para a saúde decorrentes da poluição e dos perigos ambientais, além de 
proteção aos grupos vulneráveis. 
Para se localizar de forma adequada à presente discussão, é inicialmente necessário 
que se situe o conceito de saneamento e, a partir daí, sua relação com a saúde. Classicamente, 
a definição de saneamento baseia-se na formulação da Organização Mundial da Saúde 
(OMS): onde saneamento constitui o controle de todos os fatores do meio físico do homem, 
que exercem ou podem exercer efeitos deletérios sobre seu estado de bem estar físico, mental 
ou social. Neste conceito, fica clara a articulação do saneamento com o enfoque ambiental, ao 
situá-lo no campo do controle dos fatores do meio físico, e com a abordagem preventiva de 
saúde, assumindo que a própria OMS considera o bem estar físico, mental e social como 
definição de saúde. 
Assim como lembra Heller, 1997, esta conceituação mais geral contribui para a 
delimitação das ações compreendidas sob a terminologia saneamento, a partir do campo de 
intervenções a ela associados - fatores do meio físico - e das conseqüências esperadas - 
prevenção dos efeitos deletériossobre a saúde. Entretanto, o conceito admite amplas 
interpretações sobre as ações abrangidas e disciplinas envolvidas. Ao longo da trajetória 
institucional e avaliando as diversas tentativas de delimitação de seu campo de ação, 
localizam-se desde definições absolutamente estreitas até limites mais amplos para seu 
significado. 
O saneamento básico como indicador de qualidade de vida, tem por objetivo tornar 
são, habitável, remediar, restituir ao estado normal um determinado habitat. As ações de 
saneamento, além de serem fundamentais para a melhoria da saúde pública e de proteção 
ambiental, são, também, um bem de consumo coletivo, um serviço essencial, um direito do 
cidadão e um dever do Estado (OPAS, 2004). O saneamento básico tem por premissa 
solucionar os problemas relativos ao abastecimento e distribuição d’água; à coleta, tratamento 
e disposição dos esgotos sanitários; controle e poluição causada por despejos residuais e 
industriais; controle da drenagem urbana (águas pluviais) e ao acondicionamento, coleta, 
transporte e destino final dos resíduos sólidos. Tem como resultante, portanto, um fator de 
proteção à qualidade de vida, e sua inexistência compromete a saúde pública, o bem estar 
social e degrada o meio ambiente. Entende-se, portanto, que é preciso preservar o meio 
ambiente fazendo-o permanecer sadio, uma vez que a qualidade de vida e o meio ambiente 
estão intrinsecamente relacionados. 
 
 
7 
O objetivo do presente estudo é avaliar os serviços de saneamento prestados à 
população de São Sebastião, como coleta de lixo, abastecimento de água e esgotamento 
sanitário, associando os dados às doenças e indicadores epidemiológicos básicos, como 
mortalidade infantil ocorrência e mortalidade por doenças diarréicas agudas e epidemia de 
dengue. Tais fatores são facilmente correlacionados, já que quanto menos se tem ocorrência 
de saneamento do meio, maiores são os agravos repassados à população (Figura 01). 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 01: Morbidade/Mortalidade decorrente de insalubridade do meio em função do 
nível sócio-econômico. 
Fonte: IBGE, 2000. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
A fim de se ter uma base científica para estudo do assunto realizou-se pesquisa de 
campo para conhecer a realidade sanitária da Região Administrativa de São Sebastião, 
localizada a cerca de 35 quilômetros da área central de Brasília/DF, com aproximadamente 
100 000 (cem mil) moradores. 
Os dados analisados foram baseados nas informações do Censo IBGE 2000, 
CODEPLAN, Secretaria de Estado de Saúde, Secretaria de Estado de Educação, além de 
visitas técnicas a área de estudo. 
A pesquisa foi desenvolvida em três etapas distintas, que se seguem: 
 
 
8 
 Na etapa 01, foram levantadas informações junto a órgãos e instituições 
públicas responsáveis pelas ações de saúde da população (Secretaria de Estado de Saúde, 
Núcleo de Vigilância Epidemiológica de São Sebastião e Posto de Saúde); Pelo sistema de 
coleta e tratamento de resíduos (Sistema de Limpeza Urbana – SLU) e pelo órgão responsável 
pelo abastecimento de água (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal - 
CAESB). No que diz respeito à saúde da população, foram coletados dados relativos à 
incidência de doenças de veiculação hídrica (Doenças diarréicas, hepatite e dengue). Para a 
coleta e tratamento de resíduos sólidos, consultou-se dados sobre a freqüência e abrangência 
do serviço, bem como o destino final do resíduo coletado. Já no que se refere à água, foram 
solicitadas informações sobre o sistema de abastecimento de água, bem como a coleta e o 
tratamento de esgoto. 
 Durante a etapa 02, devido a uma intensa dificuldade em se encontrar 
moradores dispostos a participar de forma efetiva no presente estudo, foram aplicados 30 
(trinta) questionários, aleatoriamente, na população residente na Região Administrativa de 
São Sebastião. O levantamento em foco, teve como objetivo a coleta de informações, visando 
o conhecimento da situação vivida pela população em relação ao saneamento básico do local. 
Foram formuladas perguntas objetivas e simplificadas sobre condições de moradia (condições 
do quintal; presença de sanitários dentro ou fora da casa), água (Origem da água consumida e 
tratamentos utilizados), esgoto (sistema coletor público ou fossa) e coleta de lixo (destinação 
dos resíduos sólidos), assim como aspectos socioeconômicos e de educação sanitária e 
ambiental, tais como: o grau de instrução, de conhecimento e desenvolvimento de práticas de 
saneamento básico. 
 Por fim, na etapa 03 foram feitas análises de água em 10 pontos distribuídos ao 
longo da cidade de São Sebastião. Realizaram-se coletas de amostras de águas em poços e 
pontos de rede de distribuição objetivando conhecer o grau de contaminação da água 
consumida. Foram analisados parâmetros físico-químicos e bacteriológicos como: Cor, pH, 
turbidez, cloreto, dureza, ferro, nitrato, fluoreto, cloro livre, coliformes totais e coliformes 
fecais. A qualidade da água se refere a sua aptidão para usos benéficos, como abastecimento, 
irrigação, recreação e etc. 
Para a tabulação e análise dos dados, com vista a retratar a intrínseca relação entre 
saneamento e saúde, utilizou-se o modelo explicativo proposto pela Organização Mundial de 
Saúde – OMS (CORVALAN et al., 1996), estruturado por uma cadeia de causa e efeito, 
conhecido pela sigla FPEEEA (Forças Motrizes, Pressões, Estados, Exposições, Efeitos e 
 
 
9 
Ações), apresenta um fluxograma dos dados impactantes à inadequação ou ineficiência do 
sistema de saneamento básico (Figura 02). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 02: Estrutura do modelo FPEEEA para ações de saneamento 
Fonte: Organização Mundial de Saúde, 2004. 
 
O modelo mostra que, a correlação dos indicadores é primordial para se definir o 
problema. Alguns aspectos devem ser observados, bem como: o risco específico, o local onde 
ocorre a exposição, o resultado específico à saúde, a ação específica ou a força motriz 
relacionada e, principalmente as condições da população avaliando precariedade da vida ou 
fatores que atuem no comprometimento imunológico de tal população. 
É importante destacar que os indicadores só poderão ser elaborados a partir da 
disponibilidade de informações do local estudado e estas devem expressar a realidade das 
 
 
10 
ações nas unidades para que se possam analisar os fatores que estão contribuindo ou gerando 
efeitos na saúde da população. 
Observa-se a necessidade de definição e identificação dos dados a serem levantados 
em relação a cada indicador, assim como a fonte de dados. Pode haver o surgimento de 
problemas de diversas naturezas, como: a falta de dados do local a ser estudado, 
disponibilidade de dados em intervalos de tempo inadequados ou insuficientes para 
determinar tendências espaciais ou temporais; dificuldade de localizar dadas condições do 
meio ambiente e de saúde; dentre outros; tornando difícil a criação de vínculos entre as 
condições ambientais e as condições de saúde, ou a identificação de grupos de risco. Além 
disto, o componente subjetivo deve ser agrupado, pois está relacionado à percepção de quem 
vivencia a realidade que se quer avaliar, influenciada por aspectos culturais, econômicos, 
físicos e sociais. 
Por fim, é importante enfatizar que a construção de indicadores cumpre um objetivo 
específico da avaliação da relação saúde e ambiente, mas não é a única maneira de avaliação, 
são apenas instrumentos que facilitam a leitura de uma dada realidade. 
Segundo Giraldo et al., (2003), o Ministério da Saúde entende que através deste 
modelo, podem ser integradas as análises dos efeitos dos riscos ambientais ao 
desenvolvimento e implementação de processos decisórios, políticas públicas e práticas de 
gerenciamento de riscos. 
De acordo com Pfaff, (1975), a definição de um modelo de sistema de indicadores é 
uma opção paradigmática e, portanto,"deve ser definido de forma mais ampla como um 
modelo de controle", assumindo assim uma função estratégica, pois há um comprometimento 
com mudanças reais e é também articulado com a dinâmica da produção da realidade. 
O modelo em questão compreende a atuação do serviço público de saneamento básico 
com a finalidade de atingir elevados índices de qualidade ambiental. O estudo, no entanto, 
focou-se apenas à questão do abastecimento e tratamento de água, esgotamento sanitário e 
coleta e disposição de resíduos sólidos. 
As doenças transmitidas pela água contaminada à população acontecem na maioria 
dos casos na forma feco-oral, entre elas a febre tifóide, cólera, giardíase, amebíase, hepatite e 
diarréias (Quadro 01). Estas poderiam ser facilmente evitadas se houvesse a implantação e a 
manutenção eficientes dos sistemas de abastecimento e tratamento da água, com fornecimento 
em quantidade e qualidade para consumo humano, uso doméstico e coletivo e a proteção da 
contaminação dos mananciais e fontes de água. 
 
 
 
11 
Quadro 01: Monitoramento de Doenças Diarréicas em São Sebastião. 
 Idades 
Ano < 01 01 - 04 05 - 09 > = 10 Total População 
2000 394 768 371 416 2.128 64.322 
2001 412 975 327 470 2.368 65.774 
2002 624 878 602 466 2.701 67.291 
2003 955 2.284 707 408 4.398 68.670 
2004 1.114 2.803 852 1.206 6.061 70.044 
Fonte: MDDA/ NVEI/ São Sebastião. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 
(IBGE, 2000), indicam que o nível de cobertura de saneamento básico no Brasil é ainda 
considerado precário, principalmente no que se refere aos serviços de tratamento de esgotos e 
adequada disposição de resíduos sólidos. Tais fatores têm contribuído com a contaminação 
das fontes utilizadas na preparação de alimentos, ingestão, higiene pessoal, higiene do 
ambiente e agricultura, ocasionando sérios problemas para a saúde pública de forma geral. 
Segundo a CODEPLAN, (2004), a cidade de São Sebastião ocupa uma área de 383,71 
Km
2,
 sendo 379,15 Km
2
 composta por área rural e 4,56 Km
2 
por área urbana. Trata-se de uma 
área constituída antigamente pela junção das áreas de três fazendas, sendo elas Taboquinha, 
Papuda e Cachoeirinha. Com o início das obras da construção de Brasília, essas fazendas 
foram desapropriadas e nelas se instalaram pessoas que exploravam o comércio. Inicialmente, 
a Agrovila era habitada apenas por comerciantes de areia, cerâmica e olaria. Com a 
intensificação da imigração surgiram várias invasões de áreas públicas que, posteriormente, 
foram removidas para a localidade. 
O sistema de abastecimento de São Sebastião foi concebido em 1997, em primeira 
fase, com base na utilização de captação de águas subterrâneas, em conformidade com 
estudos geofísicos do subsolo da região realizados pela CAESB. 
O sistema é constituído por 20 poços tubulares profundos, distribuídos ao longo da 
cidade. As duas unidades de tratamento implantadas, unidade leste e unidade oeste, contam 
com sistema de cloração, utilizando equipamento de geração de cloro “in loco” e sistema de 
fluoretação, utilizando-se como agente fluoretante o ácido fluossilícico.Os poços possuem 
 
 
12 
profundidades em torno de 150 metros e diâmetros de 06 a 08 polegadas e, alguns deles 
destacam-se por possuírem vazão acima da média registrada no Distrito Federal. 
 
Esse sistema de poços, com atual disponibilidade hídrica de 218 l/s e vazão média 
tratada em 2006 de 123 l/s, representa aproximadamente 2% da vazão total produzida pela 
CAESB no ano e abastece cerca de 3% da população atendida do Distrito Federal. 
Atualmente, toda água captada é clorada e fluoretada e aduzida para dois reservatórios 
apoiados e distribuídos na rede para abastecimento da população, por essa razão, têm-se 
verificado problema no abastecimento de alguns setores da cidade, tais como pressões baixas 
e falta de água. 
A partir das informações obtidas em órgãos estaduais e locais e também através dos 
questionários além de observação in loco de aspectos como: regiões com esgoto a céu aberto e 
resíduos sólidos jogados nas ruas ou em terrenos baldios; presença de áreas inundadas ou 
alagadas foi possível observar o nível de educação sanitária percebida pela população em 
questão. 
Com base no modelo proposto pela Organização Mundial de Saúde, através do método 
FPEEEA e os questionários aplicados, pode-se observar que no quesito forças motrizes 
encontrou-se nas pesquisas um intenso processo de urbanização que não foi acompanhado 
pelo crescimento do saneamento básico, trazendo, portanto malefícios à saúde da população. 
No que se refere às pressões geradas a partir das forças motrizes, encontra-se uma baixa renda 
da população, tendo sua maioria desempregada; baixo nível de escolaridade, pois nota-se que 
a população é praticamente semi-alfabetizada; inadequação do saneamento básico, já que 
percebe-se a instalação e a utilização maciça de poços clandestinos e ausência de educação 
ambiental e sanitária. No que se refere ao estado, podemos observar o uso de água para 
consumo humano fora dos padrões de potabilidade, conforme análises físico-químicas e 
bacteriológicas realizadas; presença de lixo nas portas dos domicílios, conforme informado 
pelos moradores durante a aplicação dos questionários. Sobre a exposição, nota-se que a 
população consome águas fora do padrão de potabilidade proposto pela Portaria 518/2004 do 
Ministério da Saúde. Devido à ineficiência da coleta de lixo pelo Serviço de Limpeza Urbana 
(SLU), há também contato da população com os resíduos sólidos e roedores. Por fim, os 
efeitos dos fatores acima expostos, geram uma intensa ocorrência de doenças relacionadas à 
falta de saneamento, tais como hepatite, diarréia e dengue. 
De posse dos dados foi possível conhecer o perfil da população e fundamentalmente as 
questões de condições de moradia; caracterização e identificação dos moradores; 
 
 
13 
abastecimento de água; coleta de lixo e esgotamento sanitário, correlacionando-os com os 
aspectos epidemiológicos. Para o quesito abastecimento de água, foram propostos 
questionamentos relativos à origem da água consumida e se há tratamento residencial da água. 
Para o sistema de esgoto, foi questionado o destino do esgoto da cozinha e do banheiro e 
foram observadas as condições do quintal. Para a coleta de resíduos, foram feitas perguntas 
sobre a efetiva coleta por parte do SLU; proximidade da residência; freqüência da coleta; 
forma de armazenamento e outro destino dado ao resíduo. Por fim, questionou-se sobre os 
aspectos epidemiológicos, analisando-se histórico de diagnóstico de doenças relacionadas à 
falta de saneamento adequado. 
Do perfil da população, segundo dados da CODEPLAN (2004), pode-se perceber que 
se trata de uma população essencialmente jovem e praticamente iletrada já que 41,1% da 
população não concluíram nem ao menos o primeiro grau e apenas 2,9% possui graduação em 
nível superior completa. A cidade é massivamente composta por nordestinos e brasilienses, 
33,2% e 36,9%, respectivamente. Sobre a distribuição de domicílios, dados mostram que 52% 
dos terrenos são próprios e quitados, 28% são alugados e o restante é constituído por imóveis 
cedidos, funcionais, assentamentos e áreas arrendadas. O número médio de pessoas por 
domicílio segundo a CODEPLAN (2004) é de 3,8 pessoas por unidade domiciliar. A renda e 
ocupação dos moradores dividem-se basicamente em empregados com carteira assinada 
representando 42% e, trabalhadores autônomos representando 25,9%. A renda bruta familiar 
mensal é representada por 5,4 salários mínimos e a renda per capita é de 1,4 salários 
mínimos. 
O estudo demonstrou, a partir de dados disponibilizados pela CAESB, (2006) que a 
maior parte da população, ou 89,30%, faz uso da água de abastecimento da CAESB. Dados da 
mesma companhia apontam perdas de 35,2% no abastecimento à cidade de São Sebastiãodevido a perdas reais em unidades de abastecimento, vazamentos em unidades operacionais - 
ETA’s e reservatórios – e perdas aparentes – submedição de hidrômetros, ligações irregulares 
e controle de fraudes. Em visita a área de estudo, através dos questionários aplicados e seu 
espaço amostral, pode-se perceber que 76,66% recebem água da CAESB e ainda, que 23,33% 
dos moradores fazem uso concorrente de poços escavados ou de caixas d’água (Quadro 02). 
No caso dos usuários de caixas d’água, ao serem questionados sobre a importância da 
manutenção de suas caixas d’água, não se notou uma grande preocupação com a limpeza 
periódica das mesmas, o que incorre num risco muito grande de aparecimento de doenças. 
Dos 30 (trinta) questionários aplicados, pode-se observar que uma parcela da 
população (24 entrevistados) faz uso de tratamentos em âmbito residencial antes do consumo 
 
 
14 
da água - filtrar, coar ou desinfetar a água – Existe também aquela parcela da população (6 
entrevistados) que não pratica nenhum tipo de tratamento da água antes de seu consumo. 
 
Quadro 02: Abastecimento de água (Fins domésticos, higiene e consumo). 
Fonte de Consumo Nº de domicílios Porcentagem (%) 
CAESB. 23 76,66 
Poço. - - 
Água de Chuva. - - 
Nascente/ Bica. - - 
Caminhão Pipa. - - 
Água Mineral. - - 
CAESB e Poço. 7 23,33 
Total 30 100,00 
Fonte: Pesquisa dos autores, 2008. 
 
De acordo com dados da CAESB (2006), o sistema de esgotamento sanitário da cidade 
de São Sebastião se dá a partir da ETE São Sebastião que utiliza o sistema de tratamento por 
meio de Reator anaeróbio de manta de lodo (UASB); Escoamento Superficial (ES) e Lagoa de 
Maturação (LM). O sistema tem como corpo receptor do efluente tratado o Ribeirão Santo 
Antônio da Papuda. A disposição do esgoto doméstico é feita pela rede coletora de esgoto que 
contempla grande parte da população, ou 76,98%. Nas áreas mais pobres e não contempladas 
com a rede coletora de esgotos, são utilizadas fossas e/ou despejo ao ar livre, o que representa 
cerca de 23,02% da população. A utilização de fossas situadas em áreas irregularmente 
habitadas constitui um potencial risco de contaminação dos aqüíferos. 
No que se refere à coleta de resíduos sólidos, segundo dados obtidos junto ao Sistema 
de Limpeza Urbano (SLU), as coletas são realizadas diariamente na área de estudo e o 
material é depositado em aterro controlado (técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, 
visando à minimização dos impactos ambientais). Após a disposição do resíduo, o mesmo é 
coberto com uma camada de material inerte. O que se pode observar in loco é que realmente 
prevalece a coleta diária feita pelos caminhões do SLU. A população informa que quando, 
eventualmente, o serviço não é prestado, os mesmos deixam acumular o lixo nas portas de 
suas casas até que o serviço prestado pelo SLU se normalize. Os moradores não contemplados 
com o serviço reclamam do intenso acúmulo de resíduos e se vêem obrigados a dar uma 
 
 
15 
destinação inadequada aos resíduos e isso acarreta no aparecimento de roedores e outros 
vetores de doenças nas adjacências de suas casas. 
Sobre os aspectos epidemiológicos, pode-se notar que as doenças de veiculação 
hídrica, se caracterizam por altos índices de doenças diarréicas, seguidas por altos índices de 
Dengue. Contudo, não se notam taxas de mortalidade elevadas por conseqüência dessas 
doenças (Quadro 03). 
Quadro 03: Ocorrência de doenças de veiculação hídrica. 
Ocorrência de 
doenças 
2003 
(Nº de casos no ano) 
2004 
(Nº de casos no ano) 
2005 
(Nº de casos no ano) 
Cólera - - - 
Febre Tifóide - - - 
Amebíase - - - 
Giardíase - - - 
Hepatite 51 114 63 
Dengue 33 4 1 
Total 84 118 64 
Fonte: Dados e Indicadores Epidemiológicos; Secretaria de Estado e Saúde, 2003, 2004 e 2005. 
Dos resultados obtidos a partir de análises laboratoriais, no Laboratório de Águas da 
Universidade Católica de Brasília, pode-se inferir a partir dos parâmetros de cor; pH; 
Turbidez; Cloreto; Dureza; Ferro; Nitrato; Fluoreto; Cloro Livre; Coliformes Totais e 
Coliformes Fecais a qualidade de água consumida por parte da população. A rede da CAESB, 
correspondente ais pontos P1 e P10, atende aos padrões de potabilidade conforme a Portaria 
518/2004 do Ministério da Saúde em todos os parâmetros analisados. Ainda de acordo com a 
referida Portaria, amostras de sistemas alternativos (poços) têm o proprietário como 
responsável por garantir a boa qualidade da água consumida, devendo para tanto realizar a 
cloração. Contudo, os pontos P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9, todos referentes a águas d poços, 
apresentam concentração de Cloro Livre abaixo do limite de 0,2 mg/l, recomendado pelo 
Ministério da Saúde. A falta de cloro livre acarreta em deficiência no tratamento da água de 
abastecimento podendo interferir nos problemas de saúde da população. Para o ponto P7, 
nota-se um índice elevado no teor de ferro, o que apesar de não se constituir em um tóxico, 
 
 
16 
traz diversos problemas para o abastecimento público de água. Confere cor e sabor à água, 
provocando manchas em roupas e utensílios sanitários. Também traz o problema do 
desenvolvimento de depósitos em canalizações e de ferro-bactérias, provocando a 
contaminação biológica da água na própria rede de distribuição Os pontos P4, P5, P6 e P7 
apresentam índices de coliformes totais, correspondendo a 1; 2; 9,8 e 179 NMP/100 ml, 
respectivamente, o que de acordo com a Portaria do Ministério da Saúde em seu Art. 11 § 9.º, 
considera que em amostras individuais procedentes de poços, fontes, nascentes e outras 
formas de abastecimento sem distribuição canalizada, tolera-se a presença de coliformes 
totais, na ausência de Escherichia coli e/ou coliformes termotolerantes, nesta situação 
devendo ser investigada a origem da ocorrência, tomadas as providências imediatas de caráter 
corretivo e preventivo e realizada nova análise de coliformes não sendo, portanto, um fator 
preocupante para águas de consumo. 
 
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 
A região que contempla São Sebastião, por ser uma cidade – satélite apresenta maior 
probabilidade de ocorrência de doenças provenientes da insalubridade ambiental, já que se 
nota uma maior exposição por parte da população aos poluentes e condições precárias do 
meio. 
A partir de visitas técnicas e dados obtidos através da Secretaria Estadual de Saúde do 
Distrito Federal, pode-se observar que os resultados das coletas de dados sobre a questão 
epidemiológica, demonstram elevada ocorrência de doenças como hepatite e diarréia. Como 
se pode observar a partir dos dados levantados em órgãos governamentais e a partir dos 
questionários, o acontecimento dessas doenças, além de outras com menor intensidade, mas 
nem por isso menos importantes, têm origem provavelmente na contaminação fecal 
proveniente de hábitos pouco higiênicos, seja por meio da água ou do solo, certamente 
ocasionada pelo lançamento de dejetos diretamente sobre o terreno e os corpos hídricos ou 
pelo sistema coletor recentemente implantado que não contempla a totalidade da população. 
Há também o fator de presença de fossas sem a estrutura adequada, propiciando a 
contaminação do solo, dos mananciais superficiais e subterrâneos e o contato da população 
com vetores de doenças (moscas, baratas), fezes e outros detritos provenientes das mais 
variadas atividades. 
 
 
17 
Em São Sebastião, pode-se notar uma intermitência no abastecimento de água. Tal 
fator pode contribuir com a ocorrência de doenças, já que a população passa a buscar fontes 
alternativas do recurso (poços), concomitantemente ao uso da água de abastecimento da 
CAESB. De acordo com o que foi exposto no presente artigo e a partir dos dados levantados, 
pode-se inferir que os poços são mais susceptíveis aos processos de contaminação, uma vez 
que são comumente localizados próximos a fossas sem proteção ou não apresentam a 
manutenção básicae periódica. Uma vez que a intenção inicial do trabalho foi a de analisar os 
dados já existentes junto aos órgãos públicos e confrontar com as informações obtidas da 
população, bem como a percepção das problemáticas presentes na área de estudos por parte 
dos pesquisadores, com a motivação de se observar a qualidade da água distribuída, foram 
efetuadas análises físico-químicas e bacteriológicas da água distribuída e consumida. Assim, a 
metodologia do presente estudo, permitiu a perfeita relação entre a ocorrência de alguns 
agravos à saúde pública com a qualidade da água essencial ao padrão de potabilidade 
estabelecido pela legislação vigente proposta pelo Ministério da Saúde. 
Observou-se in loco que a presença de resíduos sólidos nas ruas, estabelecimentos e 
terrenos baldios é elevada, representando um sério problema sanitário e estético. A coleta 
realizada pelo SLU é feita em quase toda área de estudo, porém, nota-se certa ineficiência 
durante alguns períodos do ano onde segundo os moradores, o lixo chega a se acumular e os 
mesmos tentam dar uma solução mais fácil para esse problema. A omissão de uma coleta 
extensiva a toda área de estudo deixa de beneficiar as residências localizadas na parte mais 
interna da cidade onde se localizam grande parte das invasões. Segundo informações do SLU, 
as coletas feitas na área invadida de São Sebastião são realizadas diariamente, contudo, os 
questionários apresentaram uma situação diferente, uma vez que os residentes dessas áreas 
afirmam que a freqüência de coleta se dá de forma tri-semanal. 
As políticas públicas voltadas para a distribuição mais justa e eqüitativa dos recursos e 
prevenção não favorecem em sua totalidade a realidade sanitária do local, saúde e cidadania. 
O Governo do Distrito Federal vem implementando um pacote de medidas visando a melhoria 
da realidade sanitária de São Sebastião, contudo ainda há muito que se melhorar. Nos dias de 
hoje, não se tem como aceitável que uma cidade da Capital da República não apresente 
condições efetivas para boa qualidade e dignidade que os seres humanos têm direito. A 
prevenção de doenças como hepatite e diarréia, a coleta eficiente e adequada de lixo, 
esgotamento sanitário e água tratada, são um direito do cidadão e não podem de maneira 
 
 
18 
nenhuma ser negadas ou omitidas à população. Essas situações se referem à ética da 
responsabilidade pública na saúde sanitária, relacionadas com a definição das prioridades nos 
investimentos do Estado e dirigidas a esse tão importante setor. É necessário que as condições 
mínimas de sobrevivência e dignidade sejam atendidas, para evitar que doenças tão fáceis de 
se tratar, gerem sofrimento e descrença da população. 
A água consumida pela população de São Sebastião e nas invasões aqui apresentadas, 
é na sua maioria proveniente da distribuição realizada pela CAESB. Apesar disto, não se pode 
garantir a sua potabilidade de acordo com os padrões definidos pela Portaria MS n.º 
518/2004. Esse fato é baseado nas intermitências constantes na rede, a qual propicia a 
contaminação das tubulações durante a falta de água e provoca a busca em fontes alternativas 
de abastecimento. Constatou-se que a vulnerabilidade dos residentes é alta no local de estudo, 
pois as condições sanitárias insalubres acarretam elevados riscos associados às contaminações 
ambientais. 
A questão sanitária no país exige mais dos agentes responsáveis pelo saneamento e 
assistência à saúde local. Ao invés de meramente se privar de realizar atos que possam vir a 
ser nocivos, o poder público deve tomar atitudes positivas que beneficiem a sociedade que o 
mantém. O que se constata na área invadida de São Sebastião é que se trata de uma população 
exposta a riscos e à abstinência de uma intervenção efetiva por parte dos responsáveis pela 
danosa e difícil situação observada. A presença de resíduos despejados em quantidades 
significativas nas vias públicas, o esgotamento inadequado de dejetos e a intermitência 
constante na distribuição da água confrontam-se com os direitos da população e deveres dos 
tomadores de decisão, previstos na Constituição Federal, uma vez que não estão priorizando o 
bem-estar das pessoas não tratando e ou prevenindo-os do conjunto de fatores que pode 
causar-lhes danos. 
O melhor entendimento das questões levantadas neste estudo contribui para a busca da 
qualidade de vida no seu mais amplo sentido, primando por efetivar o desenvolvimento 
humano conciliando-o com a preservação do meio ambiente e a resolução dos problemas 
sanitários. 
A qualidade de vida dos moradores de São Sebastião, bem como de suas invasões, 
depende da reavaliação das questões ambientais e sanitárias e da união de todos para 
 
 
19 
conquistar o ideal desejado: dignidade e melhores condições de vida, para que saúde e meio 
ambiente caminhem juntos. 
O Governo do Distrito Federal necessita planejar melhor suas políticas públicas para o 
setor, devem ser incluídas estratégias visando mudanças efetivas do quadro atual com relação 
ao saneamento ambiental e aos aspectos sócio-econômicos verificados, com a finalidade de 
melhorar as condições dos domicílios ali presentes. A cidade de São Sebastião e suas invasões 
são ambas consideradas áreas vulneráveis do ponto de vista epidemiológico, pois todo 
cidadão tem direito a condições adequadas de higiene física e mental, sendo responsabilidade 
do Estado esses procedimentos, favorecendo a justiça distributiva dos benefícios referentes 
diretamente à saúde e cidadania das pessoas. 
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 
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1988. 
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promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos 
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 GENDA, A.; Junior, A.P. Saneamento do Meio – São Paulo. São Paulo, 1985. 
 
 
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 HELLER, L., Moraes, L.R.S.M., Monteiro, T.C.N., Salles, M.J, Almeida, L.M., 
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 SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE - Departamento de Saúde Pública - 
Subsistema de Natalidade. 2000/2004. <www.saude.df.gov.br> 
 SETTI, A.A., O saneamento no Distrito Federal: Aspectos culturais e 
socioeconômicos. 1ª ed., Brasília, 2005. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradecemos a Deus, por ter nos iluminado durante a elaboração desse trabalho. Aos 
professores que nos concederam os conhecimentos necessários à elaboração desse artigo. A 
equipe do laboratório de águas da UCB pela atenção e colaboração. Ao centro de 
comunicação da. CAESB que nos ajudou com as informações necessárias para a elaboração 
http://www.se.df.gov.br/
 
 
21 
do trabalho. Aos amigos e amigas que nos acompanharam durante todo curso e estiveram 
presentes nos momentos alegres e tristes de nossa jornada e, por fim, aos nossos familiares 
que com certeza foram e são nossos maiores apoiadores e torcedores. Muito obrigado! 
 
ANEXOS 
 
Questionário Avaliativo. 
 
 
1. Quantas pessoas residem em sua casa? 
 
 
2. Quais são as idades dos moradores? 
 
 
3. Há quanto tempo mora nessa residência? 
 
 
4. Existem banheiros dentro ou fora da casa? Quantos? 
 
 
5. Há presença de roedores próximos a residência? 
 
 
6. A coleta de lixo é feita pelo SLU? 
 
 
7. Quão próximo de sua residência se dá a coleta de lixo? 
 
 
8. Qual é a freqüência da coleta? 
 
 
 
 
22 
9. Se não há coleta de lixo, que fazem com o lixo? 
 
( ) Queima ( ) Enterra ( ) Joga em terreno baldio 
 
 
10. Existe sistema coletor de esgoto em sua residência? 
 
11. Tipo de tratamento de esgoto? 
 
( ) Fossa ( ) Joga no solo ( ) Rio 
 
 
12. De onde vem a água consumida? 
 
( ) Rede pública ( ) Cisterna ( ) Rio 
 
 
13. Faz uso de algum tratamento de água em âmbito residencial? 
 
( ) Filtrar ( ) Coar ( ) Ferver ( ) Clorar < água sanitária ou desinfetante > 
 
 
14. Há casos diagnosticados de doenças? 
 
( ) Cólera ( ) Febre Tifóide ( )Giardíase ( )Amebíase ( )Hepatite ( )Diarréia 
 
 
15. Existem menores de 05 (cinco) anos em sua casa? Já foram afetados por doenças 
diarréicas? 
 
 
16. Existe óbito devido a alguma das doenças acima? 
 
 
 
 
23 
17. Existem doenças de pele na família? 
 
 
18. Há limpeza da caixa de água?

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