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Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Finalizado no dia 07/12/2001 Introdução: Este mini curso tem como intuito auxiliar todas as pessoas que utilizam a voz profissionalmente, sejam cantores (profissionais ou amadores), professores, jornalistas, locutores, advogados, atores, vendedores, operadores de telemarketing, telefonistas ou você que gosta de cantar no banheiro, em festinhas, em videokê, enfim, todos aqueles que se interessarem em utilizar as técnicas apresentadas aqui em prol da melhoria da sua qualidade vocal. Informamos que este curso não dispensa as aulas de canto ou sessões de fonaudiologia, ao contrário, é o primeiro passo para que você se conscientize do quão importante é a presença de um profissional para acompanhar seu progresso. Vamos lá! Daniela Menezes Administradora do Curso Capítulo 1: Dicas Iniciais 1ª Parte – Noções Básicas sobre a Produção do Som Para que consigamos produzir o som através da nossa voz, recorremos a vários órgãos do nosso corpo que trabalham conjuntamente para viabilizar este processo. São eles: o Aparelho Respiratório, a laringe, as pregas vocais, os ressonadores, (como a cavidade nasal, a cavidade craniana, a cavidade toráxica, a cavidade bucal e a faringe), os articuladores (língua, lábios, palato duro (céu da boca), palato mole, dentes e mandíbula. A produção do som acontece quando o ar ao ser expirado, passa pelas pregas vocais fazendo-as vibrar. Neste momento entram em ação os articuladores cuja função, neste contexto, é levar o som para as cavidades de ressonância. Como vemos, não cantamos ou falamos "pela garganta" como muitos pensam, e sim com todo o conjunto de órgãos que se interligam são os responsáveis diretos pela transformação do ar inspirado em som. A esse conjunto de órgãos poderemos chamar de "Aparelho Fonador". VOCÊ SABIA QUE... * Pregas vocais é o nome correto e não "cordas vocais", pois tratam-se de pregas de tecido fibro-elástico e muscular revestidas por uma mucosa. * A pessoas que necessitam do uso mais intenso da voz, devem conscientizar-se que há um considerável gasto de energia neste evento, sendo de grande importância a ingestão de alimentos de fácil digestão antes das atividades vocais. 1ª Parte – Saúde Vocal Neste capítulo iremos apresentar hábitos e alimentações saudáveis ou não para uma boa higiene vocal. Prestem bastante atenção e vamos, desde já, procurar cuidar bastante do nosso instrumento de trabalho que é precioso e único, nosso Aparelho Vocal. 1 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Permitido Evitar Proibido Beba bastante água em temperatura natural! (no mínimo 2 litros por dia) para manter as pregas vocais hidratadas e em boa condição de vibração. Coma maçã! A maçã possui propriedades adstringentes que auxiliam na limpeza da boca e da faringe, favorecendo uma voz com melhor ressonância. Beba suco de frutas! (Principalmente de frutas cítricas) Evite usar roupas apertadas, principalmente nas regiões do abdômen, cintura, peito e pescoço, pois isso poderá dificultar a respiração Não use pastilhas, sprays, anestésicos sem orientação médica, pois para cada caso existe uma medicação específica, portanto não se automedique nunca! Evite alimentos gordurosos e "pesados" antes das apresentações, pois dificultam a digestão. Dê preferência aos alimentos leves e de fácil digestão (verduras, frutas, peixe, frango) Durma bem! Procure dormir, no mínimo, 8 horas por dia. Não durma de estômago cheio pois pode provocar refluxo gastresofágico que é altamente prejudicial às pregas vocais. Não cante se estiver doente! Quando cantamos envolvemos todo o nosso corpo e gastamos muita energia, então recupere-se antes de voltar a cantar. Evite ficar exposto por muitas horas em ambiente que utiliza ar-condicionado pois provoca o ressecamento das pregas vocais. Em casos onde isso não for possível, procure estar sempre lubrificando as pregas vocais com água ou suco sem gelo. Evite ambiente com mofo, poeira ou cheiros muito fortes, principalmente se você for alérgico. Evite a competição sonora, ou seja, falar ou cantar em lugares muito barulhentos. Evite choques bruscos de temperatura Evite bebidas geladas Evite cochichar pois, ao contrário do que pensamos, no ato de cochichar submentemos nossas pregas vocais a um grande esforço provocando um desgaste muitas vezes maior do que se conversarmos normalmente. É proibido gritar, pigarrear, falar durante muito tempo sem lubrificar as pregas vocais, fumar, ingerir bebidas alcoólicas antes de cantar para "melhorar" a voz. IMPORTANTE!!! 2 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Se você utiliza sua voz profissionalmente, é indispensável a consulta com um médico especialista para que ele possa fazer uma avaliação do seu aparelho vocal. Não se esqueça de que o nosso "instrumento de trabalho" é único e merece toda a nossa dedicação e atenção. Nossas pregas vocais são a nossa identidade, são nosso registro pessoal, portanto não se esforce para cantar músicas em tons que não lhes são confortáveis pois assim você estará prejudicando-as. Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Parte I 3ª Parte – A Postura Ideal Devemos estar atentos a alguns aspectos relacionados à postura no canto: - Os pés devem estar afastados na direção dos ombros - Coluna reta Ombros e braços relaxados a fim de não tencionar o pescoço - Queixo reto, olhando sempre para frente - Não fixar o olhar em nenhum ponto para não perder a concentração Podemos também cantar sentados observando: - Sentar na ponta da cadeira sobre os ossos das nádegas (faça o movimento para os lados, como uma canoa e verifique se está na posição correta) - Manter a coluna e o queixo retos - Braços e ombros relaxados 4ª Parte – A respiração "Respirando bem, cantamos bem" Para uma boa projeção da voz no canto, é necessário obter o controle da respiração. Para realizarmos uma respiração correta, devemos estar numa postura adequada, pois a postura e a respiração andam juntas. A inspiração deverá ser sempre nasal, pois o nariz funciona como um filtro de ar. Se inspirarmos pela boca, estaremos inspirando todas as impurezas podendo ocasionar doenças inflamatórias do aparelho respiratório. Caso você não consiga respirar pelo nariz, sugiro que procure imediatamente um médico especialista. Utilizaremos para o canto a respiração chamada diafragmática, costo-diafragmática, ou abdominal-intercostal. 1- Devemos inspirar pelo nariz e canalizarmos esse ar em direção à região abdominal (enchendo a barriga de ar). É importante que os ombros e o peito não se movam. 2- Expire pela boca observando que enquanto o ar é expelido a barriga vai esvaziando lentamente até chegar ao normal. 3 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL ATENÇÃO!!! Cuidado para não utilizar o ar de reserva, ou seja, não pressione a barriga forçando-a a se esvaziar mais depressa que o normal pois este feito poderá causar mal-estar. EXERCÍCIO PARA CONTROLE DA RESPIRAÇÃO 1- Inspire lentamente (pelo nariz) até encher bastante as paredes abdominais. 2- Coloque o dorso da mão em frete à boca e expire lentamente . 3- Observe que o ar expirado estará quente 4- Repita este exercício por 15 vezes (3 seqüências de 5) em frente a um espelho (de preferência vertical) para que você possa corrigir a postura e observar os ombros e peito (que não deverão se movimentar) 5- Lembre-se de que ao término de cada sequência, você deverá relaxar, respirar fundo, encher os pulmões e soltar o ar pela boca por 3 vezes para evitar mal-estar. LEMBRE-SE: Este tipo de respiração é uma novidade para muitos de vocês, sendo assim, não deverá ser usada no dia-a-dia sem que haja necessidade. Em caso de dúvidas, entre em contato comigo. Estarei sempre pronta a ouvi-los.Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Parte I Capítulo 2: O Pré-Aquecimento Vocal O que é pré-aquecimento vocal? É, como o nome já diz, um aquecimento prévio da voz ou simplesmente a preparação da voz para o seu uso por um tempo prolongado e intenso. Podemos aquecer nossa voz através de sons que irão "massagear" nossas pregas vocais (que são músculos) que como todo músculo precisam ser preparadas e aquecidas antes de serem utilizadas na sua plenitude. Lembrem-se que este pré aquecimento pode (e deve) ser feito não só pelos cantores mas também por todos os profissionais da voz, ou seja, todas as pessoas que trabalham falando. EXERCÍCIO 1: 1) Inspire (armazenando o ar na região abdominal, como vocês já aprenderam) até que a barriga esteja repleta de ar. 2) Agora solte o ar aos pouco utilizando o som: 4 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Prrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...... Observe que neste exercício a língua deve vibrar bastante!!!! Caso a sua língua não vibre e você esteja forçando para emitir este som, PARE! Pois estará fazendo da forma errada. Entre em contato comigo se surgir alguma dúvida, certo? Mas se você conseguiu emitir o som com a vibração constante da língua, repita este exercício todos os dias pelo menos durante 10 minutos. Se for cantar em uma apresentação ou videokê ou ensaiar com sua banda por muito tempo, pré-aqueça sua voz durante 20 minutos (no mínimo) antes de começar a cantar. Pode-se também utilizar outras consoantes que possibilitarão o mesmo efeito como, por exemplo, o som: Trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr... Como se você fosse imitar o som do telefone (' TRRRRRIM!!!), mas lembrando de prolongar bastante os erres (RRRR...) até acabar o ar. EXERCÍCIO 2: Depois de já haver treinado bastante e já estar emitindo os sons PRRRR... e TRRRR... Sem falhas ou interrupções, vamos repetir o exercício anterior com uma diferença: No final de cada som iremos acrescentar as vogais A,E,I,O,U. Exemplo1: PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÁ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÉ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÍ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÓ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÚ!!!! Exemplo2: TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÁ!!!! TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÉ!!!! TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÍ!!!! TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÓ!!!! 5 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÚ!!!! IMPORTANTE!!! C Assim como nos exemplos acima, o som que você estiver produzindo para pré- aquecer, deverá estar no mesmo volume, intensidade e tom. = ***NÃO BRINQUE COM ESTE EXERCÍCIO FAZENDO SONS MUITO AGUDOS, MUITO GRAVES OU MISTURANDO OS DOIS TONS.*** C Repita os exercício SEMPRE no seu tom natural. Como fazer para identificar o seu tom natural? É simples, o seu tom natural é aquele que você emite sem "forçar a garganta", é um som natural que sai sem esforço nenhum, como se você estivesse falando. C Se você não conseguiu fazer estes exercícios até acabar o ar armazenado (sem utilizar o ar de reserva, certo???), ou seja, você começou bem mas no meio do exercício o som falhou, Pare! Respire fundo por 3 vezes, relaxe um pouco e só então recomece. É muito comum, no início, não conseguirmos emitir estes sons até o final, pois trata- se de sons que nós não estamos habituados a produzir, mas com o treino diário, fica cada vez mais fácil, acreditem!!! Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Parte I Capítulo 3: Dicas e Dúvidas iniciais para a função vocal Postura de Cantor A postura é muito importante para o cantor, pois apesar de termos que ficar bem à vontade e descontraídos, temos também de observar alguns pontos importantes tais como: • Pés paralelos na direção dos ombros • Braços e ombros relaxados • Coluna reta Observando também que como utilizamos a respiração diafragmática, devemos deixar a região abdominal livre para que o diafragma funcione tranqüilamente. Procurar seguir estes passos não significa que devamos ficar parados nesta posição para que tenhamos um bom resultado, mas ficarmos soltos, relaxados e principalmente nos sentirmos bem e à vontade quando estamos cantando, pois cantar tem que ser sempre prazeroso. 6 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Podemos também cantar sentados observando a postura reta deixando o diafragma livre para funcionar bem. Movimento das Pregas Vocais As pregas vocais fazem o movimento abre-fecha, ou seja, quando estamos calados elas estão abertas (momento da respiração) e quando falamos ou cantamos elas se fecham (momento da fonação) infelizmente elas não fazem somente estes movimentos mas também se chocam quando são submetidas a abusos vocais como: gritos, pigarreios e tosses excessivos, utilizar tons graves ou agudos demais, praticar esportes falando, competição sonora, etc... Estes choques pode prejudicar demasiadamente as pregas vocais. Eu cuido bem da minha voz??? Responda as questões a seguir como uma forma de auto-avaliação sobre o cuidado que você tem com sua voz. 1. Você percebe se ao final de um dia de trabalho (ou apresentação) sua voz está mais fraca? 2. Você canta em diversos tons? 3. Quando você canta, leciona ou fala em público, suas veias ou músculos do pescoço saltam? 4. Você sente dores na região do pescoço? 5. Após cantar você sente dor de cabeça? 6. Quando você canta acompanhando um cd, por exemplo, você segue sempre o tom do cantor? 7. Você canta freqüentemente? 8. Você canta ou ensaia durante horas seguidas? 9. Você tem resfriados freqüentes? 10. Você fuma? 11. Você pigarreia muito? 12. Você tem alergia das vias respiratórias? 13. Você tem faringite, amigdalite ou laringite freqüentes? 14. Você se auto-medica quando tem problemas na voz? 15. Você tem dificuldades digestivas? (azia, úlcera, refluxo gastresofágico) OBS: • SE VOCÊ MARCOU MAIS QUE 4 ITENS FIQUE ATENTO E PROCURE TOMAR ALGUMA PROVIDENCIA NO SENTIDO DE MODIFICAR SEUS HÁBITOS. • SE VOCÊ MARCOU MAIS DE 6 ITENS PROCURE UM ESPECIALISTA PARA QUE ELE AVALIE O ESTADO DE SUAS PREGAS VOCAIS POIS COM ESTES SINTOMAS VOCÊ JÁ TEM QUE FICAR ATENTO PARA QUE NÃO OCORRA PROBLEMAS MAIORES FUTURAMENTE. Quais as conseqüências que os abusos vocais podem me causar? Estes abusos podem provocar alterações como: o Calos vocais 7 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL o Nódulos o Pólipos o Edemas o Fendas Dentre outras alterações ocasionadas pelas constantes formas de abuso vocal. Qual o primeiro passo a ser tomado para cuidar da minha voz? A primeira providência a ser tomada é a consulta a um especialista, o OTORRINOLARINGOLOGISTA, que é o médico que poderá detectar se há ou não alguma alteração no seu aparelho fonador. À partir do diagnóstico feito pelo Otorrinolaringologista, se necessário o médico indicará o tratamento para a correção de tais alterações com outro especialista, o FONAUDIÓLOGO, que fará a correção destes problemas através de exercícios. Que tipo de exame é feito para detectar alterações no meu aparelho fonador? Um primeiro e importantíssimo exame a ser feito e que é rápido e indolor, é a LARINGOSCOPIA, que é o exame médico das cordas vocais. À partir deste exame se o médico julgar necessário, solicitará outros exames mais específicos. Estes cuidados servem para todos ou apenas para os cantores? " As normas de cuidados com a voz devem ser seguidas por todos, particularmentepor aqueles que utilizam mais a voz ou que apresentam tendências a alterações vocais. Esses são chamados de Profissionais da Voz, ou seja, professores, atores, cantores, locutores, apresentadores, advogados, telefonistas, telemarketing, vendedores, palestristas, dentre outros. Entretanto muitos destes profissionais muitas vezes por falta de tempo para se dedicar ao cuidado de sua voz, podem estar cultivando um distúrbio vocal decorrente do abuso ou mal uso da voz". Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Parte I Capítulo 4: Classificação Vocal Este assunto é muito importante pois muitas vezes acontece de não conseguirmos alcançar tons muito agudos (finos) ou muito graves (grossos) sem saber que isso se dá porque temos um naipe vocal característico. Existem 3 classificações básicas para a voz masculina e para a voz feminina como indicado abaixo: HOMENS MULHERES 8 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL BAIXO (Voz Grave) CONTRALTO (Voz Grave) BARÍTONO (Voz Média) MEIO-SOPRANO ou MEZZO-SOPRANO (Voz Média) TENOR (Voz Aguda) SOPRANO (Voz Aguda) Para saber a sua classificação vocal, você tem de ser avaliado por um professor de Canto/Técnica Vocal que irá, através de exercícios vocais (vocalises) classificar sua voz dentro das três opções acima. Quase sempre nos espelhamos em algum canto/cantora/banda da qual somos fãs e tentamos imita-los sem saber que podemos agredir nossas pregas vocais tentando cantar numa extensão vocal que não é a nossa. Podemos cantar qualquer música que quisermos desde que ela esteja no nosso tom. O que significa a música estar no meu tom? • Quer dizer que eu consigo cantá-la sem me esforçar demais até minha garganta doer ou minha voz falhar ou até mesmo eu engasgar. Isso acontece com muita freqüência por falta de informação e orientação. Muitas vezes é difícil, principalmente para quem não toca nenhum instrumento, identificar em que tom está a música que queremos cantar e mais ainda qual é o tom confortável para mim. Pois bem, vai aí uma dica: Escolha uma música de sua preferência e cante junto com o cantor observando alguns pontos: o Não deixe que as veias do seu pescoço saltem o Não se esforce até ficar vermelho o Não se preocupe em imitar a voz do cantor, cante do seu jeito, com sua voz natural. o Não se preocupe se está desafinando, pense apenas em seguir a música de uma forma bem confortável para você. Se ao final da música você verificou que: • Suas veias do pescoço não saltaram • Você não ficou vermelho • Não engasgou e sua voz não falhou em momento algum... PARABÉNS!!!!!! VOCÊ ACABA DE DESCOBRIR E CANTAR NO SEU TOM!!!! AGORA É MOSTRAR PARA UM PROFESSOR DE MÚSICA OU ALGUM AMIGO SEU QUE CONHEÇA A MÚSICA PARA TE DIZER EM QUE TOM VOCÊ CANTOU. 9 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Agora é só criar o seu estilo para cantar pois devemos sim ter ídolos e nos espelharmos neles mas à partir daí, devemos descobrir o nosso próprio modo de cantar. SEJA CRIATIVO SEMPRE!!!! Mini-Curso Básico de Técnica Vocal Guia de introdução para o aperfeiçoamento da voz Parte I Capítulo 5: Exercícios de Relaxamento Faça esses exercícios com roupas confortáveis e ambiente tranqüilo. DEITADO • Deite-se de costas, certifique-se de que sua coluna esteja em contato com o chão. • Observe a oscilação natural de sua respiração, que se expande e contrai, por meio de seu tórax e abdomem, e pelo ouvir atento dos sons que emanam do interior. • Apenas observe e ouça as ações de seu corpo. Não as manipule, não as controle. Apenas respire e conscientize-se de sua respiração. EM PÉ • Fique ereto, com as pernas afastadas e na direção dos ombros. • Distribua o peso igualmente. • Imagine-se agora segurando uma bola de praia debaixo de cada axila e sinta os espaços respiratórios que se abrem. (Isso o encorajará a alongar os seus ombros e a abrir as suas axilas e, conseqüentemente, expandir o volume de seu tórax para uma respiração mais profunda) • Seu pescoço e cabeça devem estar alongados e livres. • Matenha essa posição por um minuto ou mais. • Desfrute a extensão de sua coluna dorsal, o espaço respiratório extra e a sensação de equilíbrio adequado entre o estado de calmaria e o de atenção. EXERCÍCIOS DINÂMICOS Os exercícios dinâmicos combinam o movimento com o controle da respiração. RISO Sorria para o mundo! Em círculos, movimente, vigorosamente, as suas mãos, braços, pernas e pés. Permita-se alguns segundos de relaxamento entre cada rotação. Mas continue sorrindo. Você pode fazer este exercício em pé, sentado ou deitado. EQUILÍBRIO O equilíbrio é importante. Tente estipular um horário para o exercício de "comportamento modal" – o andar, o virar-se e o inclinar-se com livros sobre a 10 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL cabeça. Respire suave e conscientemente, em harmonia com os movimentos de seu corpo. Isto encoraja a coordenação suave graciosa dos músculos. EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO COMPLETA 1. Permaneça com seus pés confortavelmente dissociados dos seus ombros, que apontam para cima; os braços e as mãos soltas ao lado do corpo. Concentre-se em sim mesmo, confira a sua postura.Inspire pelo nariz o mais demoradamente possível e expire todo o ar também devagar e silenciosamente. Quando sentir-se vazio de ar, tussa e mostre para você mesmo que ainda possui reservas de ar escondidas. Tente tocar o solo com a ponta dos dedos, curve os joelhos se necessário. Segure sua respiração por alguns segundos. 2. Conforme você respira, silenciosamente, pelo nariz, você, gradativamente, torna-se ereto. Estenda os braços como asas, erguendo-as calma e suavemente, até equilibra-los horizontalmente. 3. Assim que você completar o movimento e a inspiração, coloque as mãos juntas acima da cabeça (como se estivesse em oração). Lembre-se que as mãos postas devem estar acima do topo de sua cabeça. Segure a inspiração. 4. Quando você estiver preparado, silenciosamente, expire pela boca, e abaixe os seus braços, reta e vagarosamente, até que estejam abaixo da horizontal. Rapidamente solte o ar que sobrou em um suspiro forte e permita que a parte superior do seu corpo caia pesadamente , curve o quadril para a frente, deixando a cabeça pendente. Conscientemente libere todo o ar "usado", de que você não mais precisa. Relaxe por algum tempo e repita o exercício desde o início. EXERCÍCIO DE LIBERAÇÃO DA VOZ Algumas pessoas sentem-se incapazes de facilitar e de liberar as suas vocalizações. Elas podem sentir sua voz natural, de alguma forma, bloqueada, amarrada ou suprimida. Tente este exercício de liberação da voz como parte de seu programa vocal. Sente-se de cócoras, dobre e recurve o seu corpo em um nó, teso e compacto, de braços e pernas; tente condensar-se em uma menor massa possível. Segure a sua respiração e os órgãos vocalizadores no centro desta massa. Como último esforço, respire e estique-se, rápida e vigorosamente. Solte a sua voz num profundo "UGH", por meio do som mais profundo que você possa encontrar. Maximize e aproveite o espreguiçamento. Descanse por um minuto. Repita o exercício por até dez vezes. A cada vez, interiorize mais, e projete sua voz relaxada mais forte e prolongue cada vez mais o som. Observe que você envolve todo os seu corpo na vocalização, particularmente a pélvis e o diafragma. OBS: Exercícios extraídos do livro: "A cura pelo som" de Olivea Dewhurst-Maddock 11 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL12 Erimilson Lopes Pereira Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Brinde do site: www.erimilson.hpg.com.br Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Erimilson Lopes Pereira São Paulo – SP © 20002 13 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL brinde do site: www.erimilson.hpg.com.br contato: erimilson@ibest.com.br Como você estava planejando ler apenas este primeiro parágrafo de introdução e pular imediatamente para o próximo capitulo– ninguém lê as introduções dos livros --, vou começar alertando que a atenção que você deverá dar ao treinamento é o fator principal e determinante para o seu êxito. Caso continue com essa preguiça toda não chegará a lugar nenhum. Você tem em mãos um trabalho extraído de muito suor. Portanto, faça jus a ele e repasse-o para outros com dedicação de quem quer expandir a música e a cultura para substituir toda essa ignorância e violência que prospera em nossos dias. Este curso é dirigido àqueles que desejam deixar de incomodar os ouvidos dos outros. Quer aprender ou aperfeiçoar a voz e o canto para enfeitar o mundo lá fora. Esta é a sai chance de evoluir e até, quem sabe, impulsionar sua carreira musical ou mesmo aumentar o número do coral da sua igreja. Se for um daqueles que só canta dentro do banheiro – talvez temendo uma chuva de tomates --, há dois caminhos; levar a banheira para o palco ou ler e seguir todo o conteúdo deste material. Talvez esteja se perguntando sobre sua condição atual. “Eu tenho voz? Eu posso melhorar? Eu conseguirei chegar perto de um Pavarotti?”. A menos que seja 14 “A música é tão forte que, ainda que as bocas se calem, as ondas, as tempestades ou até mesmo as pedras cantam”. Erimilson Lopes Pereira II - Introdução Curso Completo de TÉCNICA VOCAL mudo, tenha fumado tanto que o cigarro tenha comido suas entranhas ou esteja muito bêbado, é provável que a resposta seja “SIM” para as duas primeiras indagações. E quanto à terceira, eu creio que não dê a mínima para ópera. Ah, você é gago? Dependendo do grau, não tem problema. Inclusive Nelson Gonçalves (uma das vozes mais bonitas que já ouvi) era gago ao falar. Será de extrema serventia se você tiver algum conhecimento em algum instrumento musical. Caso contrário, sugiro que considere a possibilidade desde já. E para sua sorte, destro desde curso você encontrará auxilio para sua iniciação. Tomaremos por base três deles. A saber, teclado, violão e flauta doce. Não terá de aprender a tocar como um Sivuca ou Hermetto Paschoal (dois excelentes instrumentistas). Bastará apenas extrair algumas notas para medir com seu gogó. Coisa muito simples. Mas eu não impediria que quisesse ser tão bom quantos os meus colegas que citei. Se você ainda estiver aí – e acordado -- leve em conta estas dicas para melhor aproveitar este caderno: Leia tudo com calma e atenção. Se não tiver captado uma instrução, releia tantas vezes for preciso até que fique claro. Reserve duas horas diárias para o treinamento. Procure um lugar adequado (com conforto, silencio e privacidade). Mantenha acessível um instrumento musical (sugerimos violão ou piano). Caso esteja estudando em grupo -- o que é uma boa idéia -- estabeleça um comando e programação homogênea a todos. Tenha em mente que cigarro, bebida alcoólica e água gelada são seus inimigos. Seja obediente ao programa deste curso. Disciplina é uma grande virtude. Se não ler tudo ou se abdicar dos exercícios propostos nada conseguirá. Estou confiante que terá bom proveito deste curso. Será muito satisfatório pra mim se receber seu e-mail dizendo do seu sucesso ou receber seu CD autografado. Que Deus te ilumine e conceda todo o que for favorável. Erimilson Lopes Pereira O autor II-1 O templo humano Se alguém lhe perguntar com que você canta, certamente você dirá que é com a boca – e talvez nem responda a uma questão tão idiota. De fato a indagação é pertinente, pois, não cantamos apenas com a boca, mas com o corpo e a mente. Isso quer dizer que precisamos de uma boa condição física (não me refiro aos músculos de Silvester Stallone ou a cintura de Giselle Büchen) e muita concentração (quem sabe até igual ao um monge). 15 IIII – Voz; Corpo e mente Curso Completo de TÉCNICA VOCAL O bom estado do corpo é imprescindível para uma performance satisfatória. Não apenas da garganta, mas todo o templo humano. A começar pela postura. A coluna reta é uma exigência elementar. Um grande número de músculos interage quando falamos ou cantamos. É preciso que eles tenham sido preparados para um funcionamento extenso. Por esta razão nós adotaremos alguns exercícios físicos para aquecimento muscular. Não desconsidere essa prática sob pena de provocar tensão muscular e limitar seu rendimento. Não é à toa que se ouve dizer que “o homem canta com a alma”. A concentração é uma espécie de veneração, uma expressão sentimental. Difícil imaginar alguém cantar sem emoção ou prazer. Com efeito, devemos estar envolvidos com o canto assim como o ator está para o personagem que representa. A nossa afinação depende muito dessa concentração. II-2 O canal vocal Você detesta aula de biologia? Eu também, mas... Vamos viajar um pouco na teoria cientifica e saber sobre o canal vocal. O som produzido é exteriorizado pela boca e ainda pelo nariz – sim, pelo nariz. O som é produzido e qualificado por uma série de elementos em nosso corpo. O ar da nossa respiração é uma espécie de matéria prima. É ele que ecoa nossa voz através do esforço de alguns de nossos órgãos (diafragma, pulmões, cordas vocais...). Para que tudo isso saia perfeito, necessário se faz que os órgãos estejam com saúde. É recomendável que se cante em pé e com a cabeça levemente erguida. A explicação é que assim o diafragma trabalha melhor, ou seja, acomoda mais e melhor, o oxigênio além do som sai reto pelo canal da garganta. Você já reparou isso nos corais? II-3 Respiração correta Quem não ouviu aquela citação clássica de marcha “Barriga pra dentro e peito pra fora” na hora respirar? Aí está o mal-entendido. Na hora de inspirar (receber) o ar o sujeito estufa o peito e espreme as tripas fazendo com que o diafragma se retraia impedindo que o oxigênio entre tranqüilamente. E depois para expirar (soltar) o ar que mal entrou, ele incha a barriga de nada – sem contar a careta que faz. A forma correta de trabalhar a respiração é receber o ar (de preferência pelo nariz) em boa quantidade. Na hora de soltar o ar, use o nariz (e a boca quando for cantar). O diafragma é um grande auxiliar para a respiração. Trata-se de um músculo localizado próximo ao abdome que se estica e encolhe conforme nossos impulsos. Ao relaxar, ele abre a caixa torácica para guardar o ar e a fecha ao se encolher. O diafragma também movimenta os pulmões, que por sua vez elimina o gás carbono do corpo junto com o ar. Na verdade, quando inchamos ou retraímos a barriga por própria vontade, é com ele quem trabalhamos. Portanto, na hora de inspirar, relaxe o diafragma para receber bem o oxigênio e o encolha para expirar o ar velho. 16 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL II-4 Cadê o gogó? E tem gente que acha que não tem gogó. O que ocorre é que a garganta é um dos mais sensíveis lugares do corpo humano. Isso porque é por onde respiramos e ingerimos comida e bebida – nem sempre com a qualidade desejada. Desta feita, a qualidade do som dependerá bastante da condição física do seu gogó. Cordas vocais são membranas (tecidos que envolvem os órgãos) sustentadas pela laringe, que vibram e produzem e qualificam os sons no ato da expiração. São elas que determinam o seu timbre vocal e a variação dos tons entre grave (grosso) e agudo (fino). Também os movimentos da faringe, língua e da boca dão características aos sons. É preciso, portanto, ter um certo domínio sobre elas. Cuide bem do seu gogó: • Evite álcool para não ressecar os órgãos. • Fuja de comidas ou bebidas muito quentes ou estupidamente geladas. Há um limite de temperatura aceitável. • Cigarro é inadmissível. • Acidez dos alimentos pode prejudicar a parte bucal. • Não grite jamais. A vibração desordenada das cordas vocais danifica seu potencial. • Mantenha sua boca sempre hidratada. A sede faz estragos. • A ingestãode bons alimentos (especialmente frutas) ajuda a conservação bucal. • Um gargarejo de água e sal (uma pitadinha de nada) regularmente funciona como soro. Atenção; nada de sal em excesso, conhaque ou vinagre. Caninha 51 também nem pensar. II-5 Se liga nessa O grande maestro do nosso corpo é o cérebro e dele parte todos os impulsos (ordens) a serem obedecidos pelos órgãos. Conclusão, o estado de espírito é fator determinante na hora de soltar a voz. Então, você terá dificuldades em entrar no palco sabendo que seu cunhado bateu com seu carro. Do mesmo modo, não faria melhor se soubesse que acertou o grande prêmio da mega-sena (e quem iria ao palco depois de um prêmio desses?). Como já dissemos, a concentração define a afinação. Isso porque a distração faz o cérebro perder o controle da vibração das cordas vocais – que é coisa muito sensível. Além do mais, se as cordas não forem bem adestradas não produzem o som esperado. Por isso que tem gente que não tem afinação; não tem controle sobre os órgãos. Se você é um deles e quando quer cantar um “A” sai um “Ô”, esqueça seu passado e se prepare para sua nova carreira. 17 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Aquecimento físico Você já conhece o valor do seu corpo para a voz. Por esta razão, iniciemos a aula prática com exercícios de alongamento e relaxamento. Use roupas leves e folgadas para não dificultar os movimentos. 1. Alongamento: de pé, levante os dois braços e vá se esticando suavemente para cima como se quisesse alcançar uma corda que está um pouco acima de sua cabeça. Mantenha os pés bem fixos no chão. De 1 a 3 minutos. 2. Relaxamento: movimente os braços e as pernas livre e suavemente para ativar melhor a circulação sangüínea e aquecer a musculação (dê chutes curtos no vento e simule natação, por exemplo). De 3 a 5 minutos. 3. Respiração: conforme os padrões teóricos aplicados anteriormente, trabalhe sua respiração e aproveite para entrar em estado de concentração máxima. Procure sentir o ar entrando e se espalhando em seu corpo através do sangue. Trabalhe os impulsos cerebrais para as partes do seu corpo (como leves movimentos dos dedos das mãos e pés). De 2 a 3 minutos. 4. Acorde o diafragma: se você leu todo o capitulo anterior (duvido) sabe da relevância deste músculo. Portanto, vamos desenvolver ainda mais suas atividades; inspire e expire rapidamente dando sopapos no diafragma como se estivéssemos bombardeando o abdome. De 1 a 2 minutos. 5. Aquecimento muscular do pescoço: abaixe completamente a cabeça (coluna reta, por gentileza) e comece a ergue-la vagarosamente até onde puder enquanto inspira. Segure o ar por algum tempo e desça a cabeça e vá soltando o ar devagar. Sincroniza o tempo do movimento com a respiração. Ou seja, o tempo do movimento deve ser igual ao da respiração. Vá retardando o tempo do movimento e da respiração aos poucos até alcançar a média de 30 segundos para levantar a cabeça (e inspirar), 10 para prender o ar e 30 para abaixar a cabeça (e expirar o ar). ATENÇÃO: observe sua capacidade. Se der para prolongar mais ainda o tempo, faça-lo. Do contrário, diminua o limite. Execute de 5 a 10 vezes nesse sentido e depois inverta a ordem do movimento e a respiração. 6. Aquecimento muscular do pescoço II: semelhante ao exercício acima, sincronize a respiração de acordo com os movimentos do pescoço. Entretanto, troque o movimento vertical pelo horizontal; ponha a cabeça no limite que ela se move para um lado e vá virando para o outro trabalhando a respiração. 7. Acionamento bucal: faça movimentos com a boca (caretas mesmo) para acionar a musculatura da boca; abrindo e fechando, esticando para os lados, etc. Esses exercícios devem ser executados a cada aula prática ou de 2 a 3 vezes por semana. Cadê as aulas práticas de canto? Prometa na próxima. 18 AulaAula Curso Completo de TÉCNICA VOCAL III-1 Som e tonalidade Som é tudo quanto podemos escutar – inclusive o estralo do cabo de vassoura da mulher quando o cara chega tarde em casa. A voz humana quando falada, o barulho de um motor ou um trovão são sons simples e puros. Mas existem alguns sons com uma particularidade especial; tonalidade. Sons com uma variação de tom tornam possível a existência da música. Sem a diferença de tons não há melodia. Quando falamos não emitimos tonalidade e, no entanto, cantamos ao produzir sons com a variação de tons. III-2 Timbre É a identidade sonora. Ninguém é capaz de confundir o piano de um placa de zinco sendo arrastada. Portanto, cada som teu seu timbre e ele é quem caracteriza cada som. O timbre é quem difere o som de uma guitarra de um violino, mesmo que eles toquem o mesmo tom. Também serve para distinguir a voz de uma pessoa. Considere ainda que, por parecidas que sejam duas vozes, há discriminação técnicas entre elas. Não é à toa que existem muitos equipamentos de segurança por reconhecimento da voz. III-3 Clareza Enquanto tem tanta gente querendo aprender a cantar há outras que, se quer, sabem falar. Uma propriedade fundamental da voz é a clarividência. Se você fala e por três vezes a outra pessoa não entende e pede para repetir não quer dizer necessariamente que ela seja surda. Você pode não estar pronunciando bem o que fala. Veja essa: Dois sujeitos que não se entendiam se cruzaram: -- Oi Fulano, tu vais pescar? -- Não Cicrano, eu vou pescar. -- Ah bom. Eu pensei que fosse pescar. Se bem que nesse caso, os dois eram surdos mesmo. 19 IIIIII – Propriedades da Voz Curso Completo de TÉCNICA VOCAL III-4 Aprenda a falar Dizem que carioca é tão preguiçoso que nem falam a palavra toda. Discordo disso porque não são apenas os cariocas. O fato é que devemos ter mais qualidade ao pronunciar os verbetes. Dê atenção especial a todas as silabas para que fique claro o quer dizer. Enrolar a fala é prática de quem esqueceu a letra da música na hora do show. No entanto, a clareza é um dos quesitos avaliados os calouros. Cuidado para não fazer a junção de duas ou mais palavras na hora de falar. Isso pode deturpar o significado da mensagem. Espie essa clássica cantada (e funciona): “Ô, meu bem; meu coração por ti gela!”. Pronuncie as ultimas palavras juntas e confira o resultado (um belo fora). Atenção especial com palavras iniciadas vogal. No caso de “América”, pó exemplo, separe bem o “A” de “me”. Já em “Ambrósio” é diferente; separe “Am” de “bró”. Palavras terminadas em “te” não são iguais que com “t”. No primeiro caso o “e” deve soar bem, enquanto que no outro o som é rápido e quase imperceptível. Exemplos; “carinhosamente” e “pierrot”. Aliás, letras consoantes como d, f, p, t, e v isoladas no fim da sílaba não devem ser pronunciadas como são faladas no alfabeto. No ABC lemos v como “vê”. Porém, na palavra Tchaikovsky seu som é um “v” rápido. A onomatopéia (representação escrita dos sons) “zzzzzz” não deve ser lida como “zêzêzê...”. Apenas como o som seco de z prolongadamente. Em geral, respeitando a divisão silábica, procure falar mais ou menos articuladamente. Ou melhor, ar-ti-cu-la-da-men-te. Isso vale para quando for cantar também. Palavrões (palavras enormes) devem ser ligeiramente divididos em duas ou três silabas na hora de serem pronunciadas. Ex. “Tessalonicenses” pode lido com uma divisão bem rápida em “Tessalo-nicenses”. III-5 Volume Quando dizemos “Fale mais alto” (não esqueça do “por favor”), estamos pedindo para que o outra aumente o volume do som. Contudo, na música (com sons variáveis de tonalidade) alto e baixo diz respeito a grave e agudo (veremos isso mais tarde). Nesse caso devemos especificar “mais volume” ou “menos volume”. O volume da voz esta atrelada diretamente à força com que jorramos o ar boca a fora. Daí a necessidade de uma boa respiração e conservação dos órgãos internos. Cada um tem seu limite para o volume. Não force jamais o volume da sua voz. Nem ao cantar,nem ao falar. Mas é possível dar mais consistência a ela com o decorrer do treinamento adequado, buscando o que você tem e não desenvolveu. III-6 Variação do tom 20 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Em torno do som grave (grosso) e agudo (fino) construímos a melodia, ou seja, a música em si. Existe, portanto, uma escala de tonalidades representadas por notas musicais com padrão internacional a serem executadas por instrumentos ou pela voz humana. Cantar consiste em representar fielmente (não esqueça disso) as notas musicais estabelecidas na melodia. Para tanto, é mister dominar a voz. Para saber a importância dessa variação, pegue uma música (pode ser “Parabéns pra você”) e cante numa nota só e veja se agrada – verifique se não tem ninguém estranho por perto. Aquecimento físico Favor realizar os exercícios de aquecimento físico passados na aula prática passada. Só após prossiga. Não seja teimoso! Aquecimento vocal Esse exercício serve para desenvolver o controle vocal dos sons. É importantíssimo para o desenrolar da voz. Não ignore a boa postura e também esteja bem hidratado (com água natural). 1. Moído: feche a boca e comece soando som “hummmmm” igual a uma vaca preguiçosa. Note que o som (grave) fica armazenado na faringe (cavidade no começo da garganta). Inicie com um tempo de 10 segundos para o som, pare, respire fundo e recomece aumentando o tempo de execução do som. 10 vezes. 2. Fonfom: o mesmo exercício acima, desta vez, trazendo o som para o nariz. 3. Staccato: vamos repetir o exercício 1 e 2 em staccato (você não sabe o que é staccato?). Quer dizer, som cortado em seqüências rápidas e fortes. “Hum... hum... hum... hum”. Use o diafragma para impulsionar o som. 4. Pianinho: é semelhante ao staccato, mas com uma diferença; soe baixinho. 5. Exercício: agora de boca aberta, trabalhe nos moldes acima um “psiu” com o som de “ssssssss”. 10 vezes normal e 10 staccato. 6. Exercício: ainda seguindo o modelo anterior, execute “Zzzzzzzzzzz”. 10 vezes normal e 10 em staccato. 7. Exercício: vamos trabalhar o volume calculando o tempo de execução e dividindo em dois; do zero para o mais alto possível e daí para o zero novamente. Ou seja, vá aumentando o som e depois diminuindo. Faça duas vezes com cada som já treinado. 8. Exercício: agora para relaxar, produza o som “Ffffffff” semelhante a um pneu vazando ar. Em seguida, uma chuva; “Xxxxxxxxx” e finalmente, uma 21 AulaAula Curso Completo de TÉCNICA VOCAL metralhadora; “Rrrrrrrr”. Para este último, coloque e tremule a língua no céu da boca. 5 vezes cada. Exercício de fonologia Procure pronunciar bem os textos a seguir: “O sapo sabia que a sapa soube que se sabiá soubesse saber que ser seria sabido será sábio”. “Apapiru jadad irab ramát. E coso mular terbiá, ycalabjiady rifar teerã. Mojerikitu raja caluberê ati jivá, e pot unire qal deliatibá”. OBS: se algum vocábulo do ultimo texto for algum palavrão em algum idioma que você conheça, leve em conta minha ignorância. Trará-se apenas de um jogo de silabas criadas para trinar a articulação. IV-1 Escala das notas Notas musicais representam a tonalidade (variação grave-agudo) dos sons. Para um vocalista profissional – ainda que tenha medo de instrumentos – conhece-las é questão de fisiologismo. Ou aprende ou não é cantor que se preze. O padrão internacional estabelece 7 notas chamadas de tom inteiro e mais 5 semitons chamados de sustenidos e bemóis. Para sua compreensão, comecemos com o que toda criança (exceto no Afeganistão) sabe: as notas inteiras. Observe ainda a ordem da variação grave- agudo: Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si GRAVE AGUDO Comparando as tonalidades, vemos que Ré é mais agudo que Dó e mais grave que Mi. Ou seja, na medida em que escala cresce cada nota seguida se torna mais fina. Só que ao invés de escrever o nome das notas, convencionou-se usar letras para representação gráfica. Escrevemos as letras e lemos o nome original delas. Veja abaixo, a tabela das letras, agora começando por Lá: Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol A B C D E F G 22 IVIV – Notas Musicais Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Acontece que entre esses tons (notas) existem outros semitons. Eles poderiam receber outros nomes (por exemplo, “Tá”, “Nó” ou quem sabe, meu nome). Porém, os doutores da música preferiram associa-los às notas inteiras. Resultado; surgiu o sustenido (#) (semitom relativo meio-tom à frente da nota inteira); e o bemol (b) (semitom relativo meio-tom atrás da nota inteira). Portanto, encontrando semitons entre as notas C e D, vamos chamá-los de: C C# Db D Quer dizer que depois da nota C (Dó) vem o semitom C# (Dó sustenido). Em seguida, Db (Ré bemol) que é o semitom antecessor de D (Ré). Mesmo entre uma nota inteira e um semitom existe outra variação sonora, mas foram ignoradas. Na verdade, os dois semitons (sustenido e bemol) foram agrupados numa só nota. Existente entre dois tons inteiros. Elas recebem os dois nomes relativos aos seus vizinhos. No caso anterior, C# e Db formam uma mesma nota (entre C e D). Já não são mais dois semitons, mas uma nota tanto sustenida (em relação à nota anterior) e ao mesmo tempo bemol (em relação à nota seguinte). Esqueça os outros semitons. Você só terá que aprender a escala completa das notas. Observe abaixo: Note que a seqüência que termina em G (Sol) recomeça em A (Lá). Isso porque a escala é contínua. Existe uma tonalidade padrão para as notas. Desta forma, a altura de C em um piano é a mesma em um violão ou na voz humana. Essa medida som padrão de recebe o nome de diapasão. Também é chamado de diapasão um instrumento que emite uma ou mais notas da altura padrão que serve como base para afinar um outro instrumento (violão, por exemplo). Diz-se que uma pessoa é dotada de diapasão quando ela tem em mente e canta a tonalidade original da nota. Explicando melhor; ela canta F no som padrão de F. Aprenderemos a guardar o diapasão de cabeça breve. No entanto, é necessário ter de onde extrair o som que servirá como base. Para isso nós estudaremos a estrutura das notas em alguns instrumentos. IV-2 Teclado (ou piano) Instrumentos de teclas emitem sons correspondentes a uma nota para cada tecla. O teclado é composto por várias oitavas. Oitava é um conjunto de oito notas inteiras (de 7um Dó a outro Dó) representas pelas teclas inferiores (brancas). Repare: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 A A# B C C# D D# E F F# G G# Bb Db Eb Gb Ab 23 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL As teclas superiores (pretas) são os sustenidos e bemóis. Assim, entre as teclas de D e E tem a tecla do semitom D# e Eb. Observe a gravura: Espie na figura abaixo a representação de um teclado de 4 oitavas: Cada tecla tem então a sua identidade quanto a sua nota e quanto à oitava. Então, o D depois do C2 é o Ré da 2a oitava, ou seja, o segundo D2. Agora você já sabe extrair as notas de um teclado. Tocando nas teclas é possível identificar a diferença entre o som de cada uma. Pela variação de tonalidade, o som vai ficando cada vez mais fino na ordem crescente das notas. Então, cada tecla à direita é mais aguda que a anterior. O mesmo acontece com as notas iguais; o C1 é mais grave que o C2. IV-3 Violão Além de ser o mais popular, o violão é de uma beleza acústica inigualável. O som é executado a partir da vibração das cordas que selecionam as notas quando pressionadas conforme a ordem das casas no braço do instrumento. Olhando a figura ao lado, vemos a distribuição das cordas e das casas do braço do violão. As cordas são enumeradas de 1 a 6 começando de baixo pra cima – das cordas mais finas para as mais grossas. As casas são separadas pelos trastes e enumeradas na ordem da do cabeçalho à boca do violão. As cordas tocadas soltascorrespondem a casa zero. Apertando-as depois do primeiro traste passam a ser da primeira casa e assim sucessivamente. A tonalidade também segue essa ordem. Quanto mais alta for a casa mais fino será o som. ATENÇÃO: aperte as cordas com a cabeça do dedo e dentro casa e não sobre o traste. A distribuição das notas no violão começa das cordas soltas (casa zero) e cresce com a numeração das casas. Exemplo; a primeira corda solta é E. Na casa 1 será F, na outra casa F#/Gb, depois G, G#/Ab, A e etc. Veja a escala até a oitava casa ilustrada abaixo: 24 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Repare que a ordem das notas é inversa. Ela cresce no agudo voltando para a boca do violão. Note também que ficaram algumas casas sem notas. Pois fique sabendo que elas têm notas sim e são os sustenidos e bemóis. Por exemplo, a nota da corda 1 na casa 2 é F# e Gb. Para simplificar a descrição de cada nota, vamos usar a letra da nota e mais um número; o primeiro para a corda e o seguinte para a casa. Combinado assim, a nota C35 será C na corda 3 e casa 5. A nota D da quarta corda solta (casa zero) será D40. Se você ainda não dormiu com a leitura, deve ter notado a grande quantidade de notas que o violão tem. Só até a oitava casa – conforme a figura acima --, encontramos 5 notas E. Mas isso não quer dizer que são tantas oitavas quanto é o número de notas, pois, há notas iguais de uma mesma oitava em diferentes cordas. Pra ser exato, começando da nota mais grave E60, seguimos até a quinta casa e descemos para a corda abaixo. As notas, a partir desta casa, serão semelhantes às casas da corda abaixo. Exemplo, A65 e A50, A#66 e A#51. Seguindo nesta corda, alcançamos a nota D55 e descemos para D40 e assim por diante. Agora você também já sabe onde estão as notas no violão. IV-4 Flauta Doce Nem teclado nem violão? Tudo bem. Vamos de flauta doce. Fácil de tocar, transportar e é encontrada até nas lojinhas de R$ 1,99. Veja como é a estrutura das notas em flauta doce: Veja o modelo da flauta na gravura acima e, ao lado, a simbologia de como se comportam os buracos na representação das notas. 25 EQUIVALENCIA DE NOTAS ENTRE INSTRUMENTOS Teclado = E2 F2 G2 A2 B2 C3 D3 E3 F3 G3 A3 B3 C4 D4 E4 F4 G4 A4 Violão = E60 F61 G63 A65 B52 C53 D55 E42 F43 G45 A32 B34 C21 D23 E25 F11 G13 A15 Ou = -- -- -- A50 B67 C68 D40 E57 F58 G30 A47 B20 C35 D37 E10 F26 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL À esquerda, olhe como usar as mãos para apertar os orifícios do canudo musical. Perceba também que o furo traseiro da flauta é apertado (quando ordenado) pelo polegar direito. Agora conheça algumas notas na flauta. IV-5 Melodia e acompanhamento A melodia é a parte expressa da música. A parte cantada (voz principal) é a expressão da própria musica, portanto, a melodia. Por sua vez, o acompanhamento é o som de fundo feito com acordes. Acorde é uma união de várias notas predeterminadas que formam uma posição. O acompanhamento pode ser recheado de introdução, solo e arranjos. Podemos citar um exemplo dessa separação na canção “COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ” de Roberto Carlos. Ela tem um acompanhamento completo (bateria, contra-baixo, guitarra, etc.) e se inicia com uma introdução em flauta. Em seguida entra a melodia com a letra cantada sobre a seqüência de acordes do acompanhamento. Durante a melodia, a flauta volta a aparecer com pequenos arranjos. No fim da letra, vem o solo, também em flauta, isolado com o acompanhamento. Depois do solo, a melodia é repetida no verso “Nem mesmo o céu...”. Pois essa melodia é uma seqüência de notas que deve ser executada junto com as palavras. Melhor dizendo, cantada. Normalmente, cada silaba recebe uma nota. Veja: “EU TE – NHO TAN – TO PRA LHE FA - LAR...” B B D D C A C A C (Notas musicais) Mas pode acontecer de duas ou mais silabas serem anexadas numa só nota. Repare: “CO – MO É GRAN - DE O MEU A - MOR...” G E G E E G E D# Ou ainda, que uma única silaba seja flexionada em duas ou mais notas. Tire a prova cantando esse verso do clássico “ASA BRANCA” de Luiz Gonzaga: “EU PER – GUN – TE - EI A DEUS DO CÉU UAI...” 26 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL G G A B D D B A G C IV-6 Potencia vocal Entre o homem e a mulher há mais diferenças do que o peito cabeludo e o bigode. A voz natural do masculino é um ou duas oitavas mais baixa (grave) que a delas. Podemos dizer que o eles cantam na faixa da primeira para a quarta oitava e elas dentro da segunda para a quinta oitava, conforme a potencia de cada um. Quando o homem tem a voz super grave, ele fatalmente se enquadra dentro da categoria baixo. Para cantar, ele alcança em torno da primeira até a segunda oitava. A categoria média é chamada de barítono. Os sopranos alcançam entre a segunda à quarta oitava. A terceira classificação é o tenor. Neste caso, os dotados dessa classe são mais agudos e cantam no tom semelhante aos das damas, além de alcançarem também as oitavas dos barítonos. A classificação das vozes femininas começa com contralto para aquelas que tem voz de macho e fala grosso. Na hora de cantar, elas utilizam-se da segunda para a terceira oitava. A categoria intermediária é conhecida como semi-soprano. Nestas condições, as medianas cantam na faixa da terceira para quarta oitava. As poderosas da terceira classe seguem a ordem do grau soprano. As cantoras desse nível cantam da terceira para além da quinta oitava. Cada categoria canta em torno de dezoito notas inteiras, o que é quase três oitavas. Como uma melodia normalmente é escrita com notas que variam entre duas oitavas, isso quer dizer que, adequadamente, uma pessoa pode cantar qualquer música. Quando digo “adequadamente” me refiro a usar as notas apropriadas para cada voz. Assim, se numa música, a mulher usar as notas C, D, E, F e G da quinta oitava, a voz masculina fatalmente não conseguirá cantar essa melodia com este tom tão agudo. Mas se ele pegar essas mesmas notas e transportar para uma oitava menor ele certamente cantará a mesma música certinho. Vamos tentar fazer isso; veja alguns versos da música “ASA BRANCA” com as notas adequadas para cada sexo. Toque no instrumento e depois cante na oitava apropriada: “QUAN-DO O-LHEI A TER-RA AR-DEN-DO / QUÃO FO-GUEI-RA DE SÃO JOÃO” C D E G G E F F C D E G G F E Portanto, na prática, não importa ser barítono, tenor ou soprano. Em qualquer situação você pode cantar corretamente as suas canções preferidas. Também é verdade que existe tenha uma potencia extraordinária capaz de se enquadrar em duas categorias ao mesmo tempo, trocando em miúdos, que canta notas superiores a três oitavas. Com isso, ele tem condições de imitar vozes masculinas e femininas perfeitamente. Mas não fique com inveja não porque isso não é muita vantagem, se o quer é apenas cantar. 27 AulaAula Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Aquecimento físico Comece com o exercício de aquecimento físico descrito anteriormente. Aquecimento vocal Faça o aquecimento vocal que já aprendeu. Qual é a sua potencia? Qual é a capacidade da sua voz? Será que você é um Pavarotti ou um Louis Armstrong? Sua voz é fina ou grossa? Que notas e que oitavas você alcança? Façamos o teste com o auxílio de um instrumento (teclado ou violão). PARA HOMEM Toque e ouça bem a nota E (E3 teclado e E42 violão) e tente cantá-la. Soa confortável? Ótimo. Agora vamos medir a sua capacidade até o limite mais grave. Toque e cante diminuindo uma nota inteira, ou seja, engrossando uma nota. Meça e anote até quenota grave você alcança -- sem forçar. Teclado = E3 D3 C3 B2 A2 G2 F2 E2 D2 C2 B1 Violão = E42 D55 C53 B52 A65 G63 F61 E60 Agora vamos medir seu limite agudo aumentando uma nota inteira. Teclado = E3 F3 G3 A3 B3 C4 D4 E4 F4 G4 A4 B4 C5 D6 Violão = E42 F43 G45 A32 B34 C21 D23 E25 F11 G13 A15 B17 C18 D20 PARA MULHER Toque e ouça bem a nota B (B3 teclado e B34 violão) e tente cantá-la. Soa confortável? Ótimo. Agora vamos medir a sua capacidade até o limite mais grave. Toque e cante diminuindo uma nota inteira, ou seja, engrossando uma nota. Meça e anote até que nota grave você alcança -- sem forçar. Teclado = B3 A3 G3 F3 E3 D3 C3 B2 Violão = B34 A32 G45 F43 E42 D55 C53 B52 Agora vamos medir seu limite agudo aumentando uma nota inteira. 28 RESULTADO Baixo alcança abaixo de F2 - F61 como limite grave e vai até os agudos C4 – C21. Barítono canta naturalmente entre os graves perto de B2 – B52 e topa no limite agudo próximo de A4 – A15. Tenor começa perto da nota grave C3 - C53 e tem limite agudo superior à C5 – C18. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Teclado = B3 C4 D4 E4 F4 G4 A4 B4 C5 D5 E5 F5 G5 Violão = B34 C21 D23 E25 F11 G13 A15 B17 C18 D20 E22 F23 Soando notas Vamos soar uma seqüência de notas para começar a treinar a voz. Use a oitava adequada para sua voz, começando pela mais grave. Por exemplo, o barítono começa por C3 – C53 e a soprano por C4 – C21. Toque as notas, escute-as bem e cante. 1a Seqüência: a) Toque as notas; C D E F E D C (aproximadamente 2 segundos para cada nota). b) Pegue o som “ê” e cante a seqüência de notas acima (com o mesmo tempo). c) Agora repita a seqüência uma vez para cada estilo; normal, moído, fonfom, staccato e pianinho. Gostou? Então repita o exercício trocando o som de “ê” por “a”, “ô”, “ó”, “i” e “u”. 2a Seqüência: Repita o exercício anterior, dessa vez trocando a seqüência descrita acima por esta nova; D E F# G F# E D. 3a Seqüência: Do mesmo jeito, agora com a seqüência; E F# G# A G# F# E. 4a Seqüência: Idem com essa seqüência; F G A Bb A G F. 5a Seqüência: Novamente uma outra seqüência; G A B C B A G. 6a Seqüência: Está acabando; A B C# D C# B A. 7a Seqüência: 29 RESULTADO: Contralto alcança abaixo de E3 – E42 como limite grave e vai até os agudos G4 – G13. Semi-soprano canta naturalmente entre os graves perto de G3 – G45 e topa no limite agudo próximo de C5 – C18. Soprano começa perto da nota grave A3 – A32 e tem limite agudo superior à F5 – F23. Curso Completo de TÉCNICA VOCAL E a saidera; A B C# D C# B A. V-1 Você é esperto? Se você é uma pessoa atenciosa – e cumpre a recomendação de fazer direitinho os exercícios --, deve ter percebido uma coisa interessante no último exercício; as notas foram alteradas de uma seqüência a outra, mas o som conjunto da seqüência (a melodia da seqüência) era muito parecido – ou melhor, igual. Apenas havia uma pequena variação de tonalidade. Por acaso se trocássemos o som das letras por um verso, teríamos uma melodia de palavras cantadas. Vamos supor que a composição fosse: “EU VOU PRA LÁ E PRA CÁ” C D E F E D C Se substituirmos a seqüência acima por todas as outras dadas na derradeira aula prática, nós cantaríamos essa original letra com seqüências diferentes – quer dizer, em várias tonalidades – e a melodia não seria alterada. Por quê? Conclusão em breve. V-2 Valor das notas Para tocar uma nota num violão basta seguir a tabela das cordas e casas, apertar e bater. No teclado, é só localizar a tecla e empurrar o dedo nela. Mas tem mais. Cada nota, inclusive os semitons (sustenidos e bemóis), tem um segredo a contar; elas são soadas a partir de um som de ondas repartidas em pequenos pedaços que ninguém percebe de ouvido, como se fossem seminotas inferiores. De fato, são três pedaços de ondas sonoras que formam uma nota. Como não dá pra diferenciar essas ondas a ouvido nu – e nem nos interessa --, os musicólogos resolverem elevar a potencia dessas seminotas inferiores a uma nota e a união das notas correspondentes a um acorde. Entendeu? Não? Mais uma vez; um fanático por música com olhar e cabelos de cientista louco não tinha o que fazer e foi fuçar, fuçar e fuçar até que, descobriu que a nota C era formada por três ondas sonora inferiores, respectivamente semelhantes às notas C, E e G. Então, se a junção dessas ondas formava uma nota, conseqüentemente a união de notas iguais formaria alguma coisa – que ele deu o nome de acorde. Portanto, as notas C, E e G formam o acorde de C. Por isso, existem as posições (cifras) para violão e teclado que tocam várias notas ao mesmo tempo. Se estiver estudando em grupo, selecione três pessoas e determine para cada uma voz as notas que formam o acorde de C para conferir a teoria. 30 VV – Acordes Curso Completo de TÉCNICA VOCAL V-3 Acorde para os acordes Depois de descobrir as notas de C, não houve obstáculo para achar as demais. Na verdade, essa tabela de valores das notas foi tão levado a sério que dela, surgiram novas propriedades da música. As descobertas mais relevantes foram uma grande safra de acordes para cada nota; maiores, menores, com sétima, com sétima menor, etc. A seguir, a tabela de valores das notas para cada acorde, sendo que, cada nota tem uma versão de acorde maior e acorde menor. TABELA DE NOTAS PARA ACORDES Acor de Not a 1 2 3 4 5 6 7 8 A A B C# D E F# G# A F#m F# G# A B C# D E F# B B C# D# E F# G# A# N G#m G# A# B C# D# E F# G# C C D E F G A B C Am A B C D E F G C D D E F# G A B C# D Bm B C# D E F# G A B E E F# G# A B C# D# E C#m C# D# E F# G# A B C# F F G A Bb C D E F Dm D E F G A Bb C D G G A B C D E F# G Em E F# G A B C D E A# A# C D D# F G A A# Gm G$ A A# C D D# F G# C# C# D# F F# G# A# C C# A#m A# C C# D# F F# G# A D# D# F G G# A# C D D# Cm C D D# F G G# A# C F# F# G# A# B C# D# F F# D#m D# F F# G# A$ B C# D# G# G# A# C C# D# F G G# Fm F G G# A# C C# D# F Vamos estudar algumas propriedades usando a tabela acima. a) Cada seqüência de notas é diferente entre os acordes. b) O primeiro valor (nota 1) é sempre igual ao oitavo. c) Usamos apenas a descrição dos sustenidos para os semitons. Entretanto, subtende-se também que são bemóis. Por exemplo, é G# igual a Ab. d) A tabela não acaba no oitavo valor, ela continua do nono a partir do segundo. Assim, a nona nota é igual à nota 2 e o décimo valor é o mesmo que o terceiro, etc. e) As notas da tabela criam uma equivalência de valor das notas para cada acorde. Isso significa que a nota F está para C assim como D# está para A#, pois representam o quarto valor na tabela para os respectivos acordes. 31 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL f) Se as notas C, E e G formam o acorde de C (Dó maior), podemos concluir que esse acorde maior é formado pelos valores 1, 3 e 5. Com isso, podemos determinar que, valendo-se da relação de valores, eu posso formar todos os demais acordes apenas selecionando as notas equivalentes. Por exemplo, o acorde D será formado pela 1a, 3a e 5a nota de sua seqüência. Consultando a tabela, verificamos então que esse acorde será composto pelas notas D, F# e A. g) Não precisamos aprofundar muito, mas vale adiantar que os acordes menores também são formados pelas notas 1, 3 e 5 de suas escalas menores. Logo, o acorde de Cm existirá com a soma das notas C, D# e G. V-4 Acompanhando a melodia Lembra-se quando falamos sobre melodia e acompanhamento? (ver IV- 5) pois não estávamos brincando. Por trás da melodia (cantada ou em forma de arranjo instrumental) existe uma seqüência de acordes. Como o que você quer é cantar e não aprender acompanhamento instrumental, vale dizer que os acordes devem estar de acordo com a melodia. A regra é clara; a nota da melodia deve coincidir com uma das notas do acorde e não necessariamente com o próprio acorde. Com isso, o instrumentofaz um único acorde e dentro dele, poderão ser executadas várias notas para a melodia. Quando precisar de notas diferentes para compor a melodia, altera-se o acorde. V-5 Valor prático das notas O interessante nisso tudo para quem quer cantar é ter em mente o valor das notas de uma seqüência. Você toca a primeira nota e sabe soar as demais na ordem e fora dela. Por exemplo, você canta as notas 1, 2, 3 e 4 e reconhece o valor de cada uma delas nessa ordem e, com um pouco de prática, pode pular da nota 1 para a 4 sem ter que fazer a escadinha (tocar as notas entre elas). Aí você saberá o valor que é a 1a e a 4a nota. Quando tiver esses valores infiltrados na sua cuca, automaticamente você saberá distinguir as notas de uma melodia assim que escutar pela primeira vez. Também saberá transportar as notas de uma tonalidade para outra. Confira a seguir. V-6 Transporte de tonalidades Recorde o verso da música “ASA BRANCA” que cantamos em IV-5. Sua seqüência de notas pertence à escala de G. “CO – MO É GRAN - DE O MEU A – MOR POR VO - CÊ” G E G E E G E F# D B G Podemos dizer que as notas usadas G, E, F# e B na seqüência de G corresponde respectivamente, aos valores 1, 6, 7 e 3. Sabendo disso, podemos usar esses valores para transportar essa melodia da escala de para qualquer outra. Vamos mostrar isso mudando a tonalidade G de para B: “CO – MO É GRAN - DE O MEU A – MOR POR VO - CÊ” B G# B G# G# B G# A# F# A# B 32 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL De maneira similar, podemos fazer transposição de tonalidades facilmente para um objetivo convincente; adequar a melodia à sua voz. Cante o verso acima nas duas tonalidades (G e B) e repare em qual delas sua voz se adapta melhor. Se nenhuma servir, procure outra. Exercícios Básicos Sabe aqueles exercícios chatos da aula prática passada? Trate de gostar deles e comece esta – e todas as outras – por aí. Reconhecimento de valores das notas Esta aula visa treinar sua habilidade de reconhecimento de notas. Mais precisamente, dos valores das notas em uma seqüência. Vamos tomar por base a escala de C (Dó maior). Para tanto, procure a nota C da oitava mais adequada à sua voz e cante a seguinte seqüência, procurando compreender o valor de cada nota em relação a esta tonalidade. 1a seqüência = escala completa com todos os valores: C D E F G A B C 2a seqüência = valores originais do acorde maior (1, 3 e 5): C E G 3a seqüência = 1 (a nota original) e 4: C F C 4a seqüência = escala completa com todos os valores: C D E F G A B C 5a seqüência = 1 (nota original) e 2: C D C 33 AulaAula Curso Completo de TÉCNICA VOCAL 6a seqüência = 1 (nota original) e 7: C B C 7a seqüência = escala completa com todos os valores: C D E F G A B C 8a seqüência = 1 (nota original) e 5: C G C 9a seqüência = 1 (nota original) e 6: C A C 10a seqüência = escala completa com todos os valores: C D E F G A B C Cadê o ouvido? I Deu pra pegar? Teste seu ouvido tocando notas sortidas sem olhar para o instrumento, e procure descobrir que nota é. Cadê o ouvido? II Vamos pegar a música mais tocada no mundo como exemplo; “PARABÉNS PRA VOCÊ” e cantá-la no acorde de C (procure a oitava de acordo com sua voz). Para começar, vamos tocar no instrumento o primeiro verso e depois cantar. “PA – RA - BÉNS PRA VO – CÊ / NES – AS DA – TA QUE – RI - DA” G3 G3 A3 G3 C4 B3 G3 G3 A3 G3 D4 C4 C4 Moleza, não? Agora escreva o restante da letra da música com as respectivas notas se valendo da sua voz e seu ouvido. Cante o verso e procure as notas através da técnica dos valores das tonalidades. Cadê o ouvido? III Agora vai um truque infalível para você aprender a guardar na sua cabeça, de uma vez por todas, o som original e padrão de cada nota. É como se você instalasse um diapasão no seu ouvido. Pegue uma música que você conhece e canta com freqüência. Cante-a na tonalidade mais fiel à gravação original e procure descobrir no instrumento qual a nota da primeira silaba cantada. Agora confira se você cantou a nota na mesma tonalidade da gravação comparando as notas (a que escreveu depois que cantou e à nota original no disco). Se você cantou a nota corretamente é porque tem a tonalidade desta música de cabeça. Logo, sabendo que nota é essa, você poderá chegar a toda a escala comparando os valores das notas. Eu, por exemplo, quando quero cantar as notas no tom original, procuro me lembrar da música “UNCHAINED MELODY” (tema do Filme “Ghost – Do Outro lado da Vida”) que é da tonalidade de C maior e começa também com uma nota C. A partir dela eu calculo a altura das demais. 34 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL VI-1 Cadê a segunda voz? A segunda voz se popularizou na música sertaneja e invadiu os espaços de outros ritmos. Mas, existe mesmo segunda voz? Se é que sim, como isso funciona? Existem sim, e não só a segunda como outras vozes que você poderá enumerar de terceira, quarta, quinta, sábado ou raios que o partam. Acontece que quando você tem um acompanhamento sobre a melodia, você conta com uma série de notas que formam o acorde tocado. A melodia original – a primeira voz -- terá que escolher uma das notas para cada tempo. Ficará então uma brecha das outras notas que poderão ser cantadas por outras vozes. Pegue este abaixo verso com sua melodia original e depois troque as notas: “PA – RA - BÉNS PRA VO – CÊ / NES – AS DA – TA QUE – RI - DA” Original = G3 G3 A3 G3 C4 B3 G3 G3 A3 G3 D4 C4 C4 2a Voz = E4 E4 E4 C4 E4 D4 D4 D4 D4 B3 B3 D4 E4 3a Voz = C4 D4 E4 E4 D4 G4 G4 G4 B4 B4 A4 G4 G4 Com essa modificação radical, criou-se duas novas melodias para uma mesma letra e acompanhamento. A maneira mais prática de procurar uma nova voz para um acompanhamento é observar as demais notas de um acorde. Se estiver cantando 35 Visite regularmente o site: www.erimilson.hpg.com.br Tem uma porção de novidades a cada atualização. Aproveite também para mandar sua mensagem com critica, sugestão ou dúvida. VIVI – Vozes das notas Curso Completo de TÉCNICA VOCAL sobre o acorde de C, então você tem três notas originais que formam o acorde (C, E e G) e mais as mesmas notas em oitavas diferentes. Pegue três vozes (caso esteja em grupo) e sobre o acompanhamento de C, cantem as três notas do acorde a letra abaixo, cada um na mesma nota: “EU A – MO VO – CÊ” 1a Voz = C 2a Voz = E 3a Voz = G Sendo assim, você pode alterar qualquer melodia ou criar outras a partir da original colocando outras notas correspondentes ao acompanhamento. Reescrevendo vozes Reescreva novas vozes para musicas de apenas uma melodia, que você conhece e também procure as notas das vozes de músicas como “YOLANDA” de Chico Buarque e Simone, “POBRE MENINA” de Leno e Lilia, “NÃO APRENDI DIZER ADEUS” de Leandro e Leonardo que tem duas vozes bem definidas. VII-1 Agrado musical “Queria amanhã fosse, contudo amável. Aproximadamente vento vale conjunto”. A harmonia implica em agradar aos ouvidos com uma melodia bem composta, sons congruentes e num compasso alinhado. Noutras palavras; a música deve ter um sentido, suas notas devem ser harmônicas e combinar uma com as outras. Lendo a primeira linha deste tópico, diga-me; o que ele quer dizer? Nada, nadinha mesmo! Em matéria literária diz-se de textos sem nexo, sem harmonia, sem sentido. Embora junte palavras corretas, no geral, elas não dão um sentido a nenhuma idéia. É preciso, portanto, dar sentido à melodia executando-a fielmente de acordo com os critérios técnicos que estudaremos a seguir. VII-2 Afinação 36 AulaAula VIIVII – Harmonia e estiloCurso Completo de TÉCNICA VOCAL Como já vimos, a escala padronizada apresenta sete notas inteiras e mais cinco semitons que representam os sons em uma melodia. Porém, existe ainda uma variação de tom entre uma nota e outra que produz uma dissonância, quer dizer, um som desafinado. O vocalista deve reproduzir o mais fiel possível, as notas dentro de uma afinação que obedeça ao padrão internacional da música – o som original das notas. A dica é imitar o instrumento. Toque uma nota ou uma seqüência delas e procure reproduzir com a voz. VII-3 Suavidade Não há nada mais irritante aos ouvidos que choro de bebê e voz estridente. Isso é típico de quem está forçando a garganta tentando dar o que não tem, o que prejudica sensivelmente os órgãos fonológicos. O som, ao contrário, deve sair suave, ainda que seja alto (agudo), sem forçar o gogó. Além disso, a voz deve soar, de preferência, a partir de uma ligeira elevação do volume. Também no final, deve-se tomar cuidado para não cortar a voz. Na maioria das vezes, o som é encerrado com um declive no volume, como se fosse sendo fechando o botão do volume. Entretanto, há casos em que o som é finalizado com um corte brusco, semelhante ao staccato. Não se pode é deixar a impressão que parou por falta de voz. Para isso, é fundamental uma boa respiração. Encha bem os pulmões e vá soltando o ar de acordo com o canto e sincronizando a resistência. Antes de puxar o novo oxigênio, expulse o anterior para caber mais. VII-4 Entre no compasso Aposto que já viu essa cena antes; alguém vai cantar acompanhando o instrumento tocado por outro e fica naquele jogo de olho como que perguntando “É agora que eu entro?” Depois, ele começa a cantar tão apressado que enquanto o músico toca a estrofe ele já está cantando o refrão. Após uma bronca – e quem sabe, vaias – o vocalista dá uma maneirada exagerada e acaba demorando tanto que o cara do instrumento sai pra tomar uma água até ele sair do primeiro verso. É que esse elemento simplesmente não sabe o que é compasso. Não tem noção do tempo certo de cantar. De fato, isto não é raro e talvez você aí seja protagonista de episódios idênticos – ou melhor, era. Com um bom treinamento é possível liquidar esse problema. A chave do sucesso é atenção e um truque; usar sua bateria virtual. Para aprender a acompanhar o ritmo certinho, inicialmente o melhor é bater o pé, bater palmas ou estralar os dedos simulando a bateria. A batida do pedal da bateria é geralmente o som mais forte, seguida de toques nas caixas e tambores. De maneira igual se segue aqui. É muito difícil sair do ritmo assim, só que nem sempre é possível – e apresentável – fazer esses movimentos. Com o tempo, eles podem ser substituídos apenas por batidas imaginárias dentro da sua cabeça. Também conheço quem imite a bateria com a boca. VII-5 Interprete cantando Você quer ser um cantor (cantora) ou um ator (atriz)? Que tal os dois? Pois saiba que uma das coisas mais vistosas num espetáculo ao vivo é a expressão, a forma de o cantor interpretar a letra fisicamente. 37 Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Combina cantar “MEU BEM QUERER” de Djavan dando saltos no palco? Ou talvez dar risadas enquanto canta “GARÇOM” de Reginaldo Rossi? Dá pra imaginar uma cara triste do cantor durante a execução de um enredo de escola de samba? Claro que não. A feição deve combinar com o momento, a música em questão. Cuidado com o excesso nos gestos para não pegar mania. Por exemplo, Julio Iglesias canta apertando o estomago com a mão esquerda, José Rico, que faz dupla com Milionário, só emite agudos se imprensar o ouvido. VII-5 Volume uniforme Independente da variação de tonalidade (grave ou agudo) o som deve, em geral, se submeter a uma regularidade no volume. Pegue a canção “CANTEIROS” de Fagner e mande qualquer pé-rapado cantar o primeiro verso e ele vai cantar “Quando penso em você, fecho os olhos de...” num certo volume e em “... saudaaaaaaades” ele vai se rasgar todo. É um erro alterar o volume em proporções acentuadas. Isto acontece justamente no momento mais desnecessário; nas notas mais altas. Se a tonalidade é aguda, menos força será requisitada. Em contrapartida, no tom mais grave, onde o som é naturalmente mais baixo, requer-se mais esforço da voz para equilibrar o volume. VII-5 Microfone – o terror Ainda tem gente nesse mundo que odeia microfones. Que estupidez! Realmente há diferença entre cantar ao ar livre e cantar ao microfone. No primeiro caso, você se livra de acidentalmente engolir o objeto e no segundo, você pode cantar ou falar suavemente e ser escutado por milhares de pessoas. Ao cantar ao microfone, mantenha a voz nos mesmos moldes como se estivesse sem ele. Não precisa alterar o volume. Quem tem o trabalho de amplificar sua voz é ele. Também, não ponha o microfone dentro da sua boca. Mantenha uma distancia razoável (meio palmo aproximadamente) e regular. Esteja certo ainda que a qualidade da sua voz ao microfone dependerá tanto do equipamento e seus ajustes quanto de você. Daí, a necessidade de um agente externo. É indispensável ter som de retorno para que também escute sua voz. Cuidado também com ruídos e sons indesejáveis. O som da respiração ou um mastigado da boca podem ser captados pelo microfone. Também podem ser flagrantes alguns sopapos provocados no ato de falar ou cantar silabas com “p” ou “t”. Ou ainda, chiados prolongados com o uso de “s” ou “ce”. Conclusão Agora é hora de soltar a voz pondo em prática toda a técnica estudada aqui. Não esqueça as recomendações principais: • Postura • Aquecimento corporal 38 AulaAula Curso Completo de TÉCNICA VOCAL • Aquecimento vocal • Respiração adequada • Afinação • Suavidade na voz • Compasso • Volume uniforme • Expressão Se tiver aprendido tudo isso e conseguir por em prática, certamente estará pronto para encarar o palco. Do contrário, volte para o seu banheiro e fique por lá. # = Símbolo de sustenido. A = Letra que representa a nota de Lá e o acorde de Lá Maior. Acompanhamento = Fundo musical que preenche a melodia. Ver; Efeitos de acompanhamento. Acorde = União de notas musicais para acompanhar a melodia. Cada tonalidade tem uma série de acordes que podem ser maiores, menores ou relativos. Afinação = Harmonia entre os sons. Agudo = Variável da tonalidade do som para fino e alto. Oposto de grave. Arranjo = Efeito que se aplica sobre o acompanhamento da música. B = Letra que representa a nota de Si e o acorde de Si Maior. b = Símbolo de bemol. Baixo = Voz masculina mais grave. Cantor dotado dessa voz. Barítono = Voz masculina intermediária entre Baixo e Tenor. Cantor dotado dessa voz. C = Letra que representa a nota de Dó e o acorde de Dó Maior. Cifra = Representação gráfica de nota e acorde. Compasso = Organização do ritmo. Tempo de execução da melodia. Contralto = A voz feminina mais grave. Cantora dotada dessa voz. D = Letra que representa a nota de Ré e o acorde de Ré Maior. Desafinado = Sem harmonia entre os sons. Dissonante. Dissonância = Falta de harmonia e afinação entre os sons. Desafinação. Dó = Primeira nota musical. É representada pela letra C. E = Letra que representa a nota de Mi e o acorde de Mi Maior. Efeitos de acompanhamento = Ver; Arranjo, Introdução, Solo. 39 VIIIVIII – Vocabulário musical Curso Completo de TÉCNICA VOCAL Escala = Relação de notas ou acordes com determinada ordem e valores. Expressão = Interpretação física. F = Letra que representa a nota de Fá e o acorde de Fá Maior. Fá = Quarta nota musical. É representada pela letra F. G = Letra que representa a nota de Sol e o acorde de Sol Maior. Grave = Variável da tonalidade do som para grosso e baixo. Oposto de agudo. Harmonia = Afinação entre os sons. Introdução = Efeito de acompanhamento que precede a melodia. Lá = Sexta nota musical. É representada pela letra A. Melodia = Seqüência de notas que define