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O cuidado rizomático no enfrentamento da gordofobia nos serviços de saúde.

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Mariana Nayah Gama de Souza
Thiago de Sousa Freitas Lima
Psicologia Aplicada à Nutrição
17 de Outubro de 2022
O cuidado rizomático no enfrentamento da gordofobia nos serviços de saúde.
O fenômeno da obesidade tem crescido muito nos últimos anos e se tornado um
problema de saúde pública, além de tomar centro de discussões políticas, sanitárias,
culturais e sociais. A prevalência dessa epidemia de obesidade continua a crescer
independente da raça, religião, classe social, idade, gênero e entre outros. Dessa
forma, tem sido necessária a criação de projetos no âmbito nacional e internacional
a fim de enfrentar esse quadro epidemiológico.
Conceito de gordofobia
A escritora militante Jarid Arraes traz como conceito de gordofobia a desvalorização,
estigmatização e hostilização de pessoas gordas e seus corpos. Portanto, o podcast
reflete que a gordofobia são atitudes e crenças negativas em direção a pessoas
devido ao seu peso. Outro conceito de gordofobia citado no arquivo digital de mídia
é a incapacidade de incluir certos corpos a um regime de afetos que circulam na
comunidade. Sendo assim, por conta de determinadas formas e tamanhos maiores
que o padronizado incluindo tamanhos de objetos, roupas, artigos domiciliares e
hospitalares, que foram determinados pela mídia e pela sociedade como o ideal de
um corpo, a pessoa que foge desses padrões são estigmatizados e se torna difícil a
inclusão dessas pessoas dentro da capacidade de qualquer outro em sentir e ter
mérito próprio. Portanto, esses padrões afetam não só o físico da pessoa acima do
peso em relação à sua mobilidade e modo de vida como também seu psicológico
quando falamos de autoestima, de sentir-se amada e desejada da mesma forma que
uma pessoa considerada em seu peso ideal. Dessa forma, é importante deixar claro
que o corpo gordo vai muito além de uma condição clínica. A gordofobia, quando
apontada como uma prática social, é como uma atrofia da sociedade de entender e
abraçar certos modos de vida, é como a falta de capacidade de compreender e
incluir corpos gordos na sociedade de maneira geral.
A capacidade de reconhecer um corpo clinicamente gordo
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a obesidade é o excesso de
gordura corporal em uma quantidade que pode trazer malefícios para a saúde e o
índice recomendado para a medida da obesidade em nível populacional é o IMC
(Índice de Massa Corporal) que é uma estimativa com relação entre o peso e a
altura. Portanto, uma pessoa é considerada obesa quando este IMC é maior ou igual
a 30 quilos por metro quadrado. A taxa de normalidade desse índice varia entre 18 e
25 quilos por metro quadrado. No entanto, é necessário problematizar um pouco
mais a questão do uso do IMC como medida para determinação do quadro de
pessoas acima da massa corporal já que fisiculturistas também seriam considerados
obesos mórbidos segundo seu IMC. Por isso, existem estudos que sugerem o uso
da CC (Composição Corporal) para determinar obesidade. Em adição, o podcast
traz que o reconhecimento de um corpo gordo é aquele que não tem a inclusão na
sociedade devido aos fatores já citados anteriormente e também aquele que pode
trazer malefícios à saúde da pessoa.
Como promover um atendimento adequado para corpos grandes
Devido a alta responsabilização individual que os profissionais da área da saúde
promovem com base na regulação moral por parte destes profissionais. Portanto, os
desafios estão ligados principalmente nos discursos normativos focados mais na
doença e no monitoramento da quantidade de calorias ingeridas, o modelo
biométrico prejudica o cuidado que devemos ter com essas pessoas quando
desconsideramos a autonomia dos indivíduos acima do peso. Desse modo, uma
opção a se levar em conta é a inclusão desse tema na formação de novos
profissionais da saúde a fim de dar a eles mais conhecimento de como lidar com
pessoas que estão acima do peso. Assim, poderemos trabalhar para retirar o
estigma social em relação às pessoas gordas. Em razão a essa estigmatização, é
possível ver que pessoas gordas têm seus atendimentos clínicos com tempo
reduzido ou que apenas procuram algum atendimento para a saúde quando estão
em extrema urgência, isso graças ao aumento da atrofia dentro da saúde que
subjetiva a pessoa e tira seu lugar de sujeito singular para enquadrá-lo em uma
forma padronizada que pode afetar a visão da pessoa gorda não só pelo serviço de
saúde para também para como é seu corpo e a faz odiar a si mesma. Por fim, a
Associação pela Diversidade de Tamanho e Saúde (ASDAH), citada no podcast, traz
alguns eixos que ajudam a pensar em um atendimento apropriado para sujeitos
acima do peso. O primeiro eixo seria abordagem do peso de maneira inclusiva, pois
é preciso promover aceitação e respeito aos diversos tipos de corpos e rejeitar as
idealizações de pesos ideais. O segundo eixo é o foco na melhora da saúde tratando
as questões envolvidas no corpo seja política, cultural, social e entre outros. O
terceiro eixo é o comer para o bem estar reavendo a possibilidade do prazer na
alimentação e na vida, além de promover o movimentar-se para melhorar a
qualidade de vida do indivíduo.
Perspectiva rizomática no enfrentamento da gordofobia
Levando em conta que a postura normativa desconsidera o sujeito, é fundamental
incentivar que o indivíduo se aproprie do seu próprio corpo rompendo com o
tratamento passivo que torna o corpo um objeto de cobrança e sofrimento. Na
perspectiva rizomática, é exatamente para sugerir novas formas de organização. É
necessário entender o problema da obesidade bastante ampla pensando
principalmente nos sistemas alimentares que cercam a sociedade e não que a
obesidade é uma fraqueza pessoal ou falta de força de vontade. Ademais, é preciso
saber diferenciar doença do que é adoecer pois dentro do serviço de saúde não é
com a doença que estaremos lidando e sim com a experiência do sujeito em sua
condição clínica.
Conclusão
Portanto, é possível concluir através deste podcast que a atrofia e a exclusão do
indivíduo gordo é um grande problema na sociedade e na área da saúde sendo
preciso intervir não só durante a atuação dos profissionais de saúde mas também
durante toda sua formação. Em adição, a aversão ao corpo gordo traz não só
sofrimento físico, quando se diz respeito a uma dieta ou exercício feitos sem
orientação especializada, como emocional, com exemplo da repulsa social ou
afetiva, mas também moral quando em relação a dignidade da existência do
indivíduo fora dos padrões sociais. Desse modo, o jeito de enfrentar a obesidade
não deve significar luta contra as pessoas ou se restringir apenas à lutar contra o
peso corporal de forma individual. Assim como o respeito com as pessoas gordas e
o enfrentamento da estigmatização também não deve ser tratado como uma defesa
da obesidade, pois não existe saúde sem o reconhecimento da humanidade do
próximo. A fim de mitigar a responsabilização individual, o CFN número 304 de 26
de dezembro de 2003, estabeleceu que ao realizar alguma prescrição dietética
deve-se considerar o indivíduo globalmente respeitando suas condições clínicas,
individuais, socioeconômicas, culturais e religiosas para assegurar o cuidado com a
saúde de forma humanizada, digna e respeitosa.
Referências
RIZOMACAST. O cuidado rizomático no enfrentamento da gordofobia nos serviços de saúde. [S.I]. 11
mar. Podcast. Disponível em: <
https://open.spotify.com/episode/3WSIJULs4OLUy4Xx5oG3q4?si=d1d67126ac6f46a2 > Acessado
em: 17 Out 2022.
LIVE “NUTRIÇÃO E CIDADANIA: RESPEITO E ACOLHIMENTO”: um convite à reflexão sobre o
movimento contra a gordofobia e o fenômeno da obesidade. Disponível em: <
https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2020/10/NOTA-GORDOFOBIA.pdf > Acessado em: 17 Out
2022.
https://open.spotify.com/episode/3WSIJULs4OLUy4Xx5oG3q4?si=d1d67126ac6f46a2
https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2020/10/NOTA-GORDOFOBIA.pdf

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