Buscar

Dir Adm I aula 10

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

DIREITO ADMINISTRATIVO I 
 
 
FUNDAÇÕES PÚBLICAS 
 
Introdução 
 
A fundação, como pessoa jurídica oriunda do direito privado, se caracteriza pela 
circunstância de ser atribuída personalidade jurídica a um patrimônio preordenado a 
certo fim social. Trata-se de uma das categorias das pessoas jurídicas de direito privado, 
estando reguladas nos arts. 62 a 69 do Código Civil. 
Esse tipo de entidade não pode abstrair-se da figura daquele que faz a dotação 
patrimonial - o instituidor - e, embora a lei civil não seja expressa, é também inerente às 
fundações sua finalidade social, vale dizer, a perseguição a objetivos que, de alguma 
forma, produzam benefícios aos membros da coletividade. Essa finalidade as distancia 
de alvos que visem à percepção de lucros, deixando-as em agrupamento diverso 
daquele em que se encontram, por exemplo, as sociedades comerciais. Pode mesmo 
dizer-se que são essas as características básicas das fundações: 
1) a figura do instituidor; 
2) o fim social da entidade; e 
3) a ausência de fins lucrativos. 
Foi com esse parâmetro que nasceram as fundações públicas, sem alteração, inclusive, 
dos citados elementos básicos caracterizadores. Mudança, na verdade, temos apenas na 
natureza do instituidor, que agora passou a ser o Estado. Desse modo, podemos 
considerar, já de início, uma primeira divisão para as fundações: 
1) as fundações privadas, instituídas por pessoas da iniciativa privada; e 
2) as fundações públicas, quando o Estado tiver sido o instituidor. 
Na prática, várias têm sido as denominações atribuídas às fundações públicas: 
fundações instituídas pelo Poder Público, fundações instituídas e mantidas pelo Poder 
Público (art. 71, lI, CF), fundações controladas pelo Poder Público (art. 163, lI, CF), 
fundações sob controle estatal (art. 8°, § 5°, ADCT, CF), fundações públicas (art. 19, 
ADCT, CF), fundações governamentais e outras do gênero. 
O ponto que deve ser lembrado é realmente o de que essas fundações são criadas pelo 
Poder Público, que, por isso mesmo, assume o papel de instituidor das entidades. 
 
2. A Polêmica sobre a Natureza Jurídica das Fundações 
 
A grande discussão que se tem travado, há algum tempo, sobre as fundações públicas 
diz respeito à natureza jurídica das entidades. Está longe ainda o momento de 
pacificação dos diversos pensamentos que tratam da questão da personalidade jurídica 
das fundações instituídas pelo Poder Público, o que é realmente lamentável. 
Há duas correntes sobre a matéria. 
 A primeira, hoje dominante, defende a existência de dois tipos de fundações públicas: as 
fundações de direito público e as de direito privado, aquelas ostentando personalidade 
jurídica de direito público e estas sendo dotadas de personalidade jurídica de direito 
privado. Por esse entendimento, as fundações de direito público são caracterizadas 
como verdadeiras autarquias, razão por que são denominadas algumas vezes, de 
fundações autárquicas ou autarquias fundacionais. Seriam elas uma espécie do gênero 
autarquias. 
O STF optou por esse entendimento, quando deixou assentado que "nem toda fundação 
instituída pelo Poder Público é fundação de direito privado. As fundações, instituídas pelo 
Poder Público, que assumem a gestão de serviço estatal e se submetem a regime 
administrativo previsto, nos Estados-membros, por leis estadual, são fundações de 
direito público, e, portanto, pessoas jurídicas de direito público. Tais fundações são 
espécie do gênero autarquia, aplicando-se a elas a vedação a que alude o § 2° do art. 99 
da Constituição Federal". 
A segunda corrente advoga a tese de que, mesmo instituídas pelo Poder Público, as 
fundações públicas têm sempre personalidade jurídica de direito privado, inerente a esse 
tipo de pessoas jurídicas. O fato de ser o Estado o instituidor não desmente a 
caracterização dessas entidades, até porque é o Estado quem dá criação a sociedades 
de economia mista e a empresas públicas, e essas entidades, como já visto, têm 
personalidade jurídica de direito privado. 
Essa era a opinião clássica de HELY LOPES MEIRELLES, para quem constituía uma 
contradictio in tenninis expressões como autarquias fundacional ou fundações públicas, 
explicando que se a entidade era uma fundação estaria ínsita sua personalidade privada 
e que, se era uma autarquia, a personalidade seria de direito público. 
Advertia o saudoso jurista que "uma entidade não pode, ao mesmo tempo, ser fundação 
e autarquia; ser pessoas de direito privado e ter personalidade de direito público! E 
rematava: o fato de o Estado servir-se de instituto de direito privado para a realização de 
atividades de interesse público não transfigura a instituição civil em entidade pública, 
nem autarquia esse meio de ação particular". 
Com o advento da Constituição de 1988, o autor passou a entender que a referência a 
fundações públicas e denominações análogas permitia inferir que tais entidades teriam 
personalidade de direito público. Apesar disso, mostrava ainda certo inconformismo em 
relação à posição adotada pelo STF: "Não entendemos como uma entidade (fundação) 
possa ser espécie de outra (autarquia) sem se confundirem nos seus conceitos". 
Vários autores perfilham o entendimento de que as fundações instituídas pelo Poder 
Público teriam personalidade de direito privado. 
Em nosso entender, sempre nos pareceu mais lógico e coerente o pensamento de HELY 
LOPES MEIRELLES. Na verdade, causa grande estranheza que uma fundação criada 
pelo Estado se qualifique como pessoa de direito público, ainda mais quando se sabe 
que o recurso do Poder Público a esse tipo de entidade de direito privado visava a 
possibilitar maior flexibilidade no desempenho de atividades sociais exatamente iguais às 
colimadas pelas fundações instituídas por particulares. Causa também grande confusão 
e parece bastante incongruente a caracterização das fundações públicas como espécie 
do gênero autarquia. Ora, se uma entidade tem personalidade jurídica de direito público 
e se reveste de todos os elementos que formam o perfil das autarquias, seria muito mais 
razoável que não fosse ela denominada de fundação, mas sim de autarquia. E, assim, há 
que se chegar necessariamente à conclusão de que existem fundações que são 
autarquias e fundações que não o são. Realmente, nota-se um semblante de 
perplexidade em todos aqueles que passam a conhecer esse tipo de distinção adotada 
pela maior parte da doutrina. 
A hesitação alcança também o próprio Judiciário. Em recente ação movida contra a 
Fundação Nacional de Saúde - FNS, instituída pelo Governo Federal, o Juiz da 2a Vara 
Federal de Sergipe declinou de sua competência para a Justiça Estadual, que também 
se julgou incompetente. Suscitado o conflito negativo, foi ele decidido pelo Superior 
Tribunal de Justiça, que indicou, como competente, o juiz estadual. Em Recurso 
Extraordinário, o Supremo Tribunal Federal reformou a decisão do STJ, declarando a 
competência da Justiça Federal. Flagrante a hesitação, eis a ementa da decisão: 
Fundação Pública -Autarquia - Justiça Federal. 
 
1. A Fundação Nacional de Saúde, que é mantida por recursos orçamentários oficiais da 
União e por ela instituída, é entidade de direito público. 
2. Conflito de competência entre a Justiça Comum e a Federal. Artigo 109, 1, da 
Constituição Federal. Compete à Justiça Federal processar e julgar ação em que figura 
como parte fundação pública, tendo em vista sua natureza jurídica conceitual 
assemelhar-se ,em sua origem, às autarquias. 
3. Ainda que o m. 109,1da Constituição Federal não se refira expressamente às 
fundações, ,o entendimento desta Corte é o de que a finalidade, a origem dos recursos e 
o regime administrativo de tutela absoluta a que, por lei, estão sujeitas, fazem delas 
espécie do gênero autarquia. 
4. Recurso extraordinário conhecido e provido para declarar a competência da Justiça 
Federal. 
Não é difícil observar, pelo texto da própria ementa, que inexiste precisão absoluta para 
a caracterização desse tipo de fundações. Por outro lado,o enquadramento dessas 
fundações como categoria-espécie do gênero autarquias é feito por similitude, já que 
reconhecidamente a Constituição não alude à categoria fundacional no art. 109,I. 
 
De qualquer modo, são quatro os fatores diferenciais trazidos pelo STF para a distinção 
entre as fundações governamentais de direito público e as de direito privado: 
 
a) desempenho de serviço estatal; 
b) regime administrativo; 
c) finalidade; e 
d) origem dos recursos. 
O primeiro fator nos parece frágil, pois que tanto as primeiras como as últimas sempre 
exercem atividade qualificada como serviço público. O regime administrativo não é causa 
da distinção, mas efeito dela; de fato, o regime será um ou outro conforme se qualifique, 
como premissa, a fundação como inserida nesta ou naquela categoria, sendo, pois, 
insatisfatório esse fator distintivo. A finalidade é rigorosamente a mesma para ambas, ou 
seja, a execução de serviço público não lucrativo. Aliás, nem há propriamente distinção 
de finalidade entre fundações públicas e autarquias. Sendo assim, o único fator do qual 
se pode extrair pequeno elemento de diferenciação reside na origem dos recursos, 
admitindo-se que serão fundações estatais de direito público aquelas cujos recursos 
tiverem previsão própria no orçamento da pessoa federativa e que, por isso mesmo, 
sejam mantidas por tais verbas, ao passo que de direito privado serão aquelas que 
sobreviverem basicamente com as rendas dos serviços que prestem e com outras 
rendas e doações oriundas de terceiros. 
Como nos mais diversos exemplos que se têm verificado, seja em nível federal, seja em 
nível estadual, distrital e municipal, as fundações governamentais dependem diretamente 
do orçamento público e subsistem à custa dos recursos públicos oriundos do erário da 
respectiva pessoa política que as controla, será forçoso reconhecer que, à luz da 
distinção acima, restaram poucas dentre as fundações públicas que podem ser 
qualificadas como fundações governamentais de direito privado. 
 
2.1. Conceito no Decreto-Lei n° 200/67 
 
Este diploma, por muitos anos, relacionou como pessoas da Administração Indireta 
federal apenas as autarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. 
A Lei n° 7.596, de 10/4/1987, porém, acrescentou ao art. 5° do Decreto-Lei n° 200/67 o 
inciso IV, pelo qual as fundações públicas passaram a integrar, ao lado daquelas, a 
Administração Indireta. Vejamos o teor do dispositivo: 
 
"Fundação pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem 
fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de 
atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com 
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, 
e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes". 
 
 Complementando a inovação, a mesma lei criou o § 3° do art. 5° do Decreto-Lei 200/67, 
explicitando que "as entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem 
personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública de sua constituição no 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições do 
Código Civil concernentes às fundações". 
Não parece haver dúvida de que o legislador tinha em mente a já consolidada idéia 
relativa às fundações instituídas pelo Poder Público, como pessoas jurídicas de direito 
privado, dotada de muitos pontos de assemelhação com as fundações criadas pela 
iniciativa privada, inclusive quanto à aquisição da personalidade jurídica através do 
registro do ato constitutivo. Desse modo, é indiscutível que as entidades introduzidas na 
Administração Indireta se caracterizam como fundações públicas com personalidade 
jurídica de direito privado e com sua configuração estrutural básica regulada pelo Direito 
Civil. A Constituição de 1988 por várias vezes se referiu às fundações instituídas e 
mantidas pelo Poder Público, mas em nenhum momento tratou de sua personalidade 
jurídica. Sendo assim, tem-se que as fundações públicas de direito privado, previstas no 
Decreto-Lei n° 200/67, não guardam qualquer incompatibilidade com as regras 
constitucionais, o que permite inferir que a regra que as definiu tem inteira eficácia. Em 
compensação, o lamentável dilema continua provocando uma pergunta: afinal, por que 
tanta confusão e incoerência no trato das fundações instituídas pelo Estado? 
 
O Tratamento da Matéria 
 
Em virtude da posição dicotômica, majoritária como já dissemos, não teremos outra 
forma de tratar das fundações, que não a de sempre distinguir as fundações públicas de 
direito privado, de um lado, e as de direito público, de outro, estas últimas consideradas 
como espécies das autarquias. 
Relembre-se, por oportuno, que, por serem uma espécie de autarquias, as fundações de 
direito público receberão o influxo das mesmas prerrogativas e especificidades atribuídas 
àquela categoria de pessoas administrativas. 
 
Característica Fundamental 
 
As fundações foram inspiradas pela intenção do instituidor de dotar bens para a 
formação de um patrimônio destinado a atividades pias, sociais, beneficentes. O novo 
Código Civil delimitou os objetivos fundacionais catalogando-os em quatro modalidades: 
fins religiosos, morais, culturais ou de assistência (art. 62, parágrafo único). 
Desse modo, é de se reconhecer que tal objetivo não pode comportar o intuito de 
obtenção de lucros, assim havidos como a parcela de rendimentos que decorre das 
atividades de caráter econômico. O lucro é somente compatível com as sociedades civis 
e comerciais que visem, na verdade, a distribuir tais rendimentos a seus sócios. 
Não é o caso das fundações. São elas entidades de fins não-lucrativos e se, em sua 
atividade, houver valores que ultrapassem os custos de execução, tais valores não se 
configurarão tipicamente como lucro, mas sim como superavit, necessário ao pagamento 
de novos custos operacionais, sempre com o intuito de melhorar o atendimento dos fins 
sociais. Nelas, portanto, o aspecto social sobreleva ao fator econômico. 
A definição legal das fundações, contida, como vimos, no art. 5°, inc. IV, do Decreto-Lei 
200/67, indica expressamente a característica dos fins não-lucrativos. A despeito de a 
referência constar da conceituação das fundações públicas com personalidade de direito 
privado, aplica-se também às fundações autárquicas, já que idênticos os objetivos de 
ambas as categorias. 
 
Objeto 
 
Os fins a que se destinam as fundações públicas são sempre de caráter social e suas 
atividades se caracterizam como serviços públicos. Por esse motivo, jamais poderá o 
Estado instituir fundações públicas quando pretender intervir no domínio econômico e 
atuar no mesmo plano em que o fazem os particulares; para esse objetivo, já se viu, 
criará empresas públicas e sociedades de economia mista. O comum é que as 
fundações públicas se destinem às seguintes atividades: 
 
1) assistência social; 
2) assistência médica e hospitalar; 
3) educação e ensino; 
4) pesquisa; e 
5) atividades culturais. 
 
Vejamos alguns exemplos de fundações da esfera federal: Fundação Escola de 
Administração Pública; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 
Fundação Casa de Rui Barbosa; Fundação Nacional do Índio; Fundação Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística; Fundação Nacional de Saúde e outras tantas 
ligadas à Administração. 
Vale a pena tecer uma última consideração sobre o objeto das fundações 
governamentais. Segundo entendemos, se a fundação pública é instituída com a adoção, 
basicamente, do regime de direito privado, deverá sujeitar-se ao modelo previsto no 
Código Civil, inclusive quanto ao objeto, constituído, como vimos, das finalidades a que 
alude o art. 62, parágrafo único, do novo Código Civil. Não obstante, se tratar de 
fundação de direito público, poderá o legislador indicar objeto diverso dos que constam 
no diploma civilístico. A razão é que tais fundações têm naturezaautárquica, o que 
permite ao legislador fixar sua finalidade institucional, considerando o interesse público 
perseguido, naquele caso específico, pela Administração. 
 
Criação e Extinção 
 
Temos que distinguir os dois tipos de fundação pública, embora para ambos seja 
necessária a edição de lei. 
No caso de fundações públicas de direito privado, a lei apenas autoriza a criação da 
entidade. Como bem registra o art. 5°, § 3°, do Decreto-Lei n° 200/67, a personalidade 
dessas fundações é adquirida com a inscrição da escritura pública de sua constituição no 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas. São, pois, dois atos diversos: a lei é autorizadora da 
criação da entidade, ao passo que o ato de registro é que dá início a sua personalidade 
jurídica. 
Se a fundação pública for de natureza autárquica, ou seja, de direito público, a 
regra a ser aplicada é a mesma que incide sobre as autarquias, vale dizer, a própria lei 
dá nascimento à entidade, porque essa é a regra adotada para o nascimento da 
personalidade jurídica de pessoas jurídicas de direito público. 
 
A extinção das fundações públicas decorre também de lei, como ocorre com as demais 
pessoas administrativas. Mas, retomando à distinção, a lei autorizará a extinção de 
fundações de direito privado e ela mesma extinguirá as de direito público,nesta última 
hipótese tal como sucede com as autarquias. 
 
Regime Jurídico 
 
Embora já nos tenhamos referido, de passagem, ao regime jurídico das fundações 
públicas, entendemos, por questão de método, que devemos deixar bem claras as linhas 
desse regime no que concerne às referidas entidades. 
As fundações públicas de direito público não se distinguem, nesse particular,das 
autarquias: sujeitam-se ao regime de direito público. Em conseqüência, estarão 
descartadas as normas de direito privado reguladoras das fundações particulares. 
 
Prerrogativas 
 
Recebendo o influxo desse quadro normativo, pode-se concluir que as fundações 
públicas de direito público fazem jus às mesmas prerrogativas que a ordem jurídica 
atribui às autarquias, tanto de direito substantivo, como de direito processual. E nem 
poderia ser de outro modo, na medida em que são consideradas como espécie do 
gênero autarquia. 
Em relação às fundações públicas com personalidade de direito privado, temos que 
reconhecer que a lei criou para elas um regime especial. Na verdade, deveriam elas 
reger-se, basicamente, pelas normas de direito civil sobre a matéria fundacional,e só 
supletivamente pelas regras de direito público, principalmente, como vimos 
oportunamente, na relação que vincula as entidades da Administração Indireta à 
respectiva Administração Direta. Todavia, o já citado art. 5°, § 3°, do Decreto-Lei 
n°200/67, embora tenha previsto a aquisição da personalidade jurídica pelo registro da 
escritura pública de constituição, consignou que não lhes são aplicáveis as demais 
disposições do Código Civil concernentes às fundações. Podemos, pois, concluir que o 
regime jurídico aplicável sobre as fundações públicas de direito privado tem caráter 
híbrido, isto é, em parte (quanto à constituição e ao registro) recebem o influxo de 
normas de direito privado e noutra parte incidirão normas de direito público, normas que, 
diga-se de passagem, visarão a adequar as entidades à sua situação especial de pessoa 
da Administração Indireta. 
No que concerne, porém, às prerrogativas processuais atinentes aos prazos 
para contestar e recorrer (art. 188, CPC) e ao duplo grau obrigatório de jurisdição 
(art.475, I e 11,CPC), deve entender-se que não incidem sobre as fundações 
governamentais de direito privado, mas apenas sobre as fundações de direito público por 
serem espécies de autarquias. O art. 475, I, do CPC, por exemplo, com a alteração que 
sofreu pela Lei n° 10.352, de 26/12/2001, deixa expresso que está sujeita ao duplo grau 
de jurisdição, só produzindo efeito após confirmada pelo tribunal, a sentença proferida 
contra as pessoas federativas e as respectivas autarquias e fundações de direito público. 
Nota-se, assim, que o legislador pretendeu afastar deliberadamente as fundações de 
direito privado, ainda que instituídas pelo Poder Público. Numa interpretação sistemática 
há de se inferir que somente as fundações autárquicas têm a garantia daquelas 
prerrogativas, o que não ocorre com as fundações privadas, às quais devem ser 
aplicadas as regras processuais comuns às partes em geral. 
 
Privilégios Tributários 
 
Dispõe o art. 150, § 2°, da CF que o princípio da imunidade tributária, relativa aos 
impostos sobre a renda, o patrimônio e os serviços federais, estaduais e municipais (art. 
150, VI, "a"), é extensivo às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. 
Empregando essa expressão, de amplo alcance e sem qualquer restrição, desnecessário 
se torna, nesse aspecto, distinguir os dois tipos de fundações públicas. 
Ambas as modalidades fazem jus à referida imunidade, não incidindo, pois, impostos 
sobre a sua renda, o seu patrimônio e os seus serviços. 
 
Patrimônio 
 
Da mesma forma que as autarquias, os bens do patrimônio das fundações públicas de 
direito público são caracterizados como bens públicos, protegidos por todas as 
prerrogativas que o ordenamento jurídico contempla. 
As fundações públicas de direito privado, contrariamente, têm seu patrimônio 
constituído de bens privados, incumbindo sua gestão aos órgãos dirigentes da entidade 
na forma definida no respectivo estatuto. Somente se houver na lei autorizadora 
restrições e impedimentos quanto à gestão dos bens fundacionais é que os órgãos 
dirigentes deverão obedecer. Fora dessa hipótese, o poder de gestão é da própria 
fundação, cabendo, no caso de desvio de finalidade, a responsabilização civil e criminal 
dos responsáveis. 
 
Pessoal 
 
Poderá ser adotado tanto o regime estatutário como o trabalhista, a exemplo, aliás, do 
que poderá ocorrer com a própria Administração Direta e suas autarquias. 
Já no caso de fundações públicas de direito privado, o pessoal, em nosso entender,deve 
sujeitar-se normalmente ao regime trabalhista comum, traçado na CLT. 
Aplicam-se aos empregados dessas fundações as restrições de nível 
constitucional,como, por exemplo, a vedação à acumulação de cargos e empregos (art. 
37,XVII) e a necessidade de prévia aprovação em concurso público de provas ou de 
provas e títulos antes da contratação dos empregados (art. 37, 11). 
 
Controle 
Controle Institucional 
Como sucede com as pessoas da Administração Indireta, as fundações públicas, 
qualquer que seja a sua natureza, sujeitam-se a controle pela respectiva Administração 
Direta. 
 
Esse controle pode ser exercido sob três prismas: 
 
1) o controle político, que decorre da relação de confiança entre os órgãos de controle 
e os dirigentes da entidade controlada (estes são indicados e nomeados por aqueles); 
2) o controle administrativo, pelo qual a Administração Direta fiscaliza se a fundação 
está desenvolvendo atividade consoante com os fins para os quais foi instituída; e 
3) controle financeiro, exercido pelo Tribunal de Contas, tendo a entidade o encargo de 
oferecer sua prestação de contas para apreciação por aquele Colegiado (arts. 70 e 71, lI, 
da CF). 
 
Outros dispositivos que contêm alguma forma de controle fundacional são os 
arts. 52, VII, 165, §§ 5° e 9°, e 169, parágrafo único, da CF. 
 
Controle do Ministério Público 
 
Nos termos do art. 66 do Código Civil, velará pelas fundações o Ministério Público 
do Estado, onde situadas. Em virtude desse dispositivo, o Ministério Público em cada 
Estado tem, em sua organização funcional, órgão de execução,normalmente a Curadoria 
de Fundações, destinado à fiscalização dessas entidades, quando se trata de instituidor 
privado. 
O novo Código Civil introduziu alteração quanto à hipótese em que a fundação atua no 
Distrito Federal ou em Território: o órgão controlador será o Ministério Público Federal 
(art. 66, § 1°). Além disso, se a atividade se estender por mais de um Estado, o controle 
institucional caberá, emcada um deles, ao respectivo Ministério Público Estadual (art. 
66, § 2°). 
A função ministerial, no caso, se justifica pela necessidade de fiscalizar se a fundação 
está efetivamente perseguindo os fins para os quais foi instituída. Trata-se,portanto, de 
controle finalístico. 
No caso de fundações governamentais, é dispensável essa fiscalização, 
independentemente da natureza da entidade, haja vista que o controle finalístico já é 
exercido pela respectiva Administração Direta. Haveria, em conseqüência, duplicidade de 
controle para os mesmos fins. Esse é o motivo pelo qual em várias leis orgânicas 
estaduais do Ministério Público há a expressa menção de que a Curadoria de Fundações 
não tem atribuições para fiscalizar fundações governamentais. 
 
Controle Judicial 
 
As fundações públicas de direito público podem dar origem a atos de direito privado e a 
atos administrativos. No primeiro caso, o controle judicial se dará pelas vias comuns, e 
no segundo específico ( mandado de segurança e ação popular). 
Se se tratar de fundações governamentais com personalidade de direito privado,a regra 
será que pratique atos de natureza privada, controláveis pelas vias processuais comuns. 
). Entretanto, quando praticar ato no exercício de função delegada do Poder Público, 
esse ato se caracterizará como administrativo e, como tal, sujeito a controle também 
pelas mesmas vias especiais acima mencionadas. 
 
Foro dos Litígios 
 
No que concerne às fundações públicas com personalidade de direito público, a 
competência de foro para os litígios judiciais segue o que dissemos a respeito das 
autarquias. Tratando-se de fundação de direito público federal, seus litígios são dirimidos 
na Justiça Federal, inclusive aqueles que decorram da relação estatutária entre a 
fundação e seus servidores. 
Se se tratar de fundação governamental de direito privado, seja qual for a esfera a que 
esteja vinculada, a regra de foro é a comum para as pessoas privadas, ou seja, a Justiça 
estadual. Como o pessoal dessas fundações deve reger-se pela lei trabalhista, será 
competente a Justiça do Trabalho para dirimir os conflitos dessa natureza. 
 
Atos e Contratos 
 
Ainda aqui é preciso distinguir a natureza das fundações governamentais. 
Como as fundações de direito público são espécie do gênero autarquia, as 
manifestações de vontade de seus agentes se formalizam, normalmente, por atos 
administrativos ,regulados basicamente por regras especiais de direito público. Poderão, 
é claro, ser praticados atos de natureza privada e, nesse caso, se sujeitarão às normas 
do Direito Civil ou Comercial. Seus contratos também se caracterizam como 
administrativos, razão pela qual incide a disciplina da Lei n° 8.666/93, inclusive quanto à 
obrigatoriedade de licitação prévia. 
As fundações públicas de direito privado praticam, em regra, atos de direito privado. 
Só serão considerados atos administrativos aqueles praticados no exercício de 
função delegada do Poder Público. Em relação aos contratos, deveriam elas celebrar 
ajustes regulados pelo direito privado, tal como ocorre com as demais pessoas privadas. 
Todavia, o art. 1°, parágrafo único, da Lei n° 8.666/93 determinou sua aplicação também 
às fundações públicas, sem fazer qualquer distinção sobre a natureza dessas entidades. 
Assim sendo, não só se obrigam a realizar licitação, como também têm seus contratos 
regidos pelas respectivas normas daquele diploma. 
 
Responsabilidade Civil 
 
A questão da responsabilidade civil se aplica às duas modalidades de fundação pública. 
De acordo com o art. 37, § 6°, da CF, são civilmente responsáveis por atos de seus 
agentes tanto as pessoas jurídicas de direito público como as pessoas de direito privado 
prestadoras de serviços públicos. 
As fundações, como já visto, não se prestam à exploração de atividades econômicas; ao 
contrário, são criadas pelo Estado para a execução de atividades de caráter social e que, 
obviamente, retratam verdadeiros serviços públicos. 
Conclui-se, portanto, que as fundações governamentais sujeitam-se à responsabilidade 
objetiva, consagrada no referido mandamento, a exemplo do que se passa com as 
sociedades de economia mista e as empresas públicas quando prestadoras de serviços 
públicos. Aqui não é preciso distinguir os dois tipos de fundações públicas: se forem de 
direito público, estarão dentre as pessoas jurídicas de direito público; se forem de direito 
privado, incluir-se-ão entre as pessoas de direito privado prestadoras de serviços 
públicos. Ambas têm previsão no art. 37, § 6°,da CF. 
A responsabilidade das fundações é primária, ou seja, elas é que devem, em princípio, 
responder pelos prejuízos que seus agentes causem a terceiros. A pessoa estatal 
instituidora, como já tivemos a oportunidade de assinalar quando tratamos das outras 
entidades administrativas privadas, tem responsabilidade subsidiária, vale dizer, só se 
torna responsável se e quando a fundação for incapaz de reparar integralmente os 
prejuízos.

Outros materiais