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Direito administrativo I Data: 10/08/2020 Professor: Marcelo Chaves Vade Mecum de Direito Administrativo – Luiz Oliveira Castro Jungstedt Manual de Direito Administrativo – Carvalhinho Direito administrativo - Maria Silvia De Pietro Direito Administrativo - Celso Antônio Bandeira de Mello (linguagem pesada) Aula 1 Tripartição das funções e não dos poderes, pois o poder é uno, indivisível e emana do povo. O povo não consegue exercer o poder diretamente, então se dividem as funções, não os poderes. 3 poderes: Função típica inerente a sua existência, mas não impede que eles de forma atípica venham a exercer funções próprias dos outros. Funções Típicas Executivo: Administrar Legislativo: Elaborar leis e fiscalizar Judiciário: Julgar Funções Atípicas: Judiciário: Função administrativa, função legisferante Legislativo: Função administrativa, função judiciária Executivo: Função legisferante, Diz o professor que o nosso Estado é neoliberal de acordo com a constituição de 1988. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores. § 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. § 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade. § 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. § 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Art. 175. Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; II - os direitos dos usuários; III - política tarifária; IV - a obrigação de manter serviço adequado. Palavras do Professor: Classicamente, as funções estatais estão divididas em administrativa, legisferante e judicante. Para cada uma delas há determinado “poder” que tem como missão precípua o seu exercício. Em outras palavras, cada um dos “poderes” exerce uma função típica. O judiciário, por exemplo, tem como sua principal função a de julgar, isto não o impede de atipicamente exercer as funções legislativa (elaboração de regimento interno) e administrativa (realização de concurso público). O Legislativo possui como principais funções a legisferante e a fiscalizadora, porém, de forma excepcional também administra (licitação para aquisição de bens e serviços) e julga (presidente da república nos crimes de responsabilidade). Em relação ao executivo, cuja função típica é a de administrar, percebemos também o exercício da função legisferante exercida atipicamente. Modernamente não se admite a assertiva de que o poder executivo possa exercer a função julgadora, uma vez que esta é privativa do poder judiciário sendo excepcionada tão somente por previsão na constituição. Processo administrativo não é processo mas sim procedimento. Apesar da independência desses poderes, nossa constituição admite o controle de uns sobre os outros de forma que eventual abuso perpetrado por qualquer um deles seja corrigido por outro. Trata-se do modelo norte-americano checks and balances (sistema dos freios e contrapesos). A função administrativa é, portanto, o objeto de estudo do direito administrativo, mas é importante destacar que não se trata do estudo do poder executivo, uma vez que essa função também é exercida pelos outros poderes. Também não é correto afirmar que o direito administrativo tenha por fim o estudo da administração pública, notadamente em razão do modelo neoliberal adotado por nossa constituição. A constituição de 1988, como dito acima, adotou sistema neoliberal remodelando a estrutura do Estado brasileiro abandonando a postura estatizante adotada pela constituição anterior. Durante aquele ordenamento jurídico, especialmente no período do “milagre econômico”, o regime militar tinha postura de intervenção direta na economia, em especial na criação de empresas estatais por conveniência ou oportunidade (Decreto-Lei 200/67) e realização de grandes obras (ponte rio-niterói). Com a crise econômica dos anos 80, entendeu-se que o modelo intervencionista não mais atenderia as necessidades da sociedade brasileira e o com o nascimento da constituição de 1988 foi adotado, em relação à ordem econômica, um modelo de Estado gerencial ou mínimo. O artigo 170 da constituição pauta a ordem econômica sobre os princípios da livre iniciativa, da livre concorrência, e do livre exercício. Em outras palavras, a ordem econômica deve ser impulsionada, como regra, pelo particular. O Estado somente poderá atuar diretamente na economia por imperativo de segurança nacional ou relevante interesse coletivo, não se admitindo mais a criação de empresas estatais por conveniência ou oportunidade. Até mesmo a execução de serviços públicos (atividade tipicamente estatal) é possível que seja exercida pelo particular por meio de concessão (comum ou especial) ou permissão, na forma do que dispõe o artigo 175 da CF de nossa magna carta. Mais o que diferencia o Estado neoliberal brasileiro de um estado liberal é a previsão contida no artigo 174 da constituição que determina as funções estatais a serem desempenhadas pelo Estado na ordem econômica, ou seja, funções de fiscalização, incentivo e planejamento por meio de normatização e regulação.
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