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Disciplina: Anatomia Sistêmica Aula 2: Sistema articular Apresentação Nesta aula, você conhecerá os tipos de articulações presentes no corpo humano, compreendendo a característica de cada uma delas e seus componentes, além de saber que algumas possuem locais específicos no corpo humano. Você identificará que, apesar de algumas articulações serem do mesmo tipo, elas apresentam subclassificações devido aos componentes que a formam ou como se movimentam. Observará, ainda, os componentes presentes nas articulações sinoviais, que são as que possuem mais mobilidade no corpo e são classificadas de acordo com sua forma e sua movimentação. Objetivos Diferenciar os tipos de articulações presentes no corpo humano; Comparar as articulações do tipo cartilaginosas; Descrever as articulações sinoviais com seus componentes e suas características. O sistema articular O sistema articular, também chamado de Artrologia, é a área da Anatomia que estuda as articulações. Mas afinal é articulação ou junta? Muitas vezes ouvimos as pessoas se referindo às articulações como juntas, mas será que isso está errado? Não está errado. Apesar de, no latim, as articulações serem chamadas de compagibus – no caso das articulações do corpo humano, elas têm origem no termo juncturae que significa acoplamento, pois é o que ocorre entre os ossos do corpo. Por isso, alguns autores da Anatomia e até mesmo da Cinesiologia e Biomecânica se referem às articulações como junturas. Fonte: Por S K Chavan / Shutterstock E de onde surge o termo articulação, então? Apesar de escritos em latim, os termos anatômicos sofrem uma influência enorme do grego, de onde veio arthroseon. Sendo assim, a Artrologia tem origem nas raízes gregas: arthron (articulação). O que é uma articulação? Em síntese, uma articulação é a junção de duas ou mais estruturas que, além de ossos, podem ser de cartilagens ou tecido fibroso. Nem toda articulação permite movimentação, cada uma tem características próprias que vão determinar a sua mobilidade junto com os tipos de tecido que a compõe. Classificação das articulações Podem ser classificadas em três tipos, que se subdividem depois. Essa classificação se dá, em partes pelo tecido que compõem, nos casos das fibrosas e cartilaginosas ou por necessitarem de um líquido para lubrificar e auxiliar na movimentação delas, a sinóvia, presente nas articulações sinoviais. Alguns autores classificam essas articulações de acordo com a sua mobilidade: SINARTROSES As articulações fibrosas são denominadas sinartroses por serem consideradas quase imóveis. ANFIARTROSES As articulações cartilaginosas recebem o nome de anfiartroses, por serem articulações semimóveis. DIARTROSES As articulações com mobilidade ampliada, que são as sinóvias, passam a se chamar diartroses. Agora, você pode estar se questionando sobre como saber a diferença entre os tipos de articulação. A primeira forma que classificamos é pelo tipo de elementos que compõem essa articulação. Vamos conhecer agora, mais detalhadamente, cada uma delas. Articulações Fibrosas ou Sinartroses Neste tipo de articulação as estruturas são mantidas unidas por tecido conjuntivo fibroso, localizado em uma camada intermediária. As articulações fibrosas são consideradas quase imóveis devido a não apresentarem mobilidade ou, em alguns casos, ter movimentação mínima. Exemplo de articulação fibrosa. | Fonte: Sobotta, 2012 Este tipo de articulação é dividido em dois tipos principais (alguns autores consideram três), que são: Sindesmoses Fonte: Sobotta, 2012 Apresentam ligamentos ou membranas interósseas formadas por uma grande quantidade de tecido conjuntivo fibroso. Um exemplo desse tipo de articulação é a membrana interóssea entre a tíbia e a fíbula ou mesmo a articulação tíbio-fibular distal. Suturas Fonte: Sobotta, 2012 Apresentam menor quantidade de tecido conjuntivo fibroso e forma conexões mais curtas. As suturas estão localizadas no crânio e se dividem em quatro formas, conforme as superfícies ósseas articulares: plana, serrátil, escamosa e esquindilese. Nas suturas planas as superfícies articulares são planas ou quase planas, resultando em uma linha reta após a junção. Nas suturas serrátil, também conhecidas como denteadas, as superfícies articulares lembram uma serra com seus dentículos. A sua linha de junção é semelhante ao encontro de duas serras. As suturas escamosas e as superfícies articulares se sobrepõem umas às outras, semelhante às escamas dos peixes. Já as suturas do tipo esquindilese e as superfícies ósseas se articulam como se fossem a crista de um osso se alojando na fenda de outro osso. Gonfoses Esse tipo de articulação se assemelha à fixação de um pino, com origem do grego gomphos (que significa prego, pino). Neste tipo um processo está inserido em uma cavidade, um exemplo clássico é a fixação dos dentes nos processos alveolares. Alguns autores preferem abordar as gonfoses dentro das suturas. Articulações cartilaginosas ou anfiartroses Neste tipo de articulação os ossos possuem pouca movimentação, devido ao seu constituinte. Pode-se afirmar que produzem movimentos elásticos, pois ocorre um retorno natural ao seu estado inicial após o movimento. Este tipo de articulação pode ser dividido em dois subtipos, baseado na natureza da camada que se interpõe entre as superfícies articulares, que são: a) Sincondrose Nas articulações desse tipo a camada entre as superfícies articulares é preenchida por cartilagem hialina. Essas articulações podem ser permanentes ou temporárias. Como o próprio nome já diz as sincondroses permanentes ficam durante toda a nossa vida sem ocorrer junção definitiva das superfícies. Exemplo: as cartilagens costais que movimentam a caixa torácica. Fonte: Sobotta, 2012 Já nas articulações sincondroses temporárias ocorre a sinostose, que é a soldadura das superfícies ósseas. Um exemplo desse tipo de articulação são as placas ou os discos epifisários existentes nos ossos longos para que ocorra o crescimento do indivíduo. Essas placas quando atingimos a idade adulta, entre 18 e 25 anos, param de crescer e com isso se transformam em osso sólido. Fonte: SCIELO | Disponível em: https://scielo.conicyt.cl/ <https://scielo.conicyt.cl/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0370- 41062013000600011> . Acesso em: 01 ago. 2018 Alguns adolescentes apresentam uma doença na placa existente no tubérculo da tíbia. Nessa idade, ainda não é uma tuberosidade. É a doença de Osgood-Schlatter. Saiba mais Leia o texto Doença de Osgood-Schlatter: o que é, quais são as causas e como tratar? <http://www.portalped.com.br/blog/especialidades-da- pediatria/pediatria-geral/doenca-de-osgood-schlatter/> b) Sínfises As articulações cartilaginosas do tipo sínfises possuem as características de terem camada de fibrocartilagem espessa recobrindo as superfícies articulares, ressaltando que estas superfícies já recebem uma fina camada de cartilagem hialina. https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0370-41062013000600011 http://www.portalped.com.br/blog/especialidades-da-pediatria/pediatria-geral/doenca-de-osgood-schlatter/ Os discos intervertebrais são exemplos clássicos de articulações do tipo sínfise. Diferente das sincondroses, não ocorre sinostose nas sínfises, exceto em casos patológicos. Fonte: Fonte: Netter, 2008 Articulações Sinoviais ou Diartroses As articulações sinoviais possuem um tecido conjuntivo vascular responsável pela formação da membrana sinovial. Essa membrana é responsável por secretar a sinóvia, o líquido sinovial, tendo como principal função lubrificar a articulação. Estas articulações possuem amplitude de movimento variáveis, que pode ser limitada pelos ligamentos, músculos, tendões e até mesmo pelo formato das superfícies ósseas articulares. Além da membrana sinovial e do líquido sinovial, as articulações sinoviais apresentam outros componentes específicos. São eles: Cavidade articular Neste tipo de articulação existe um espaço entre as superfícies articulares.Essa cavidade é completa ou parcialmente dividida por um disco ou menisco. Cápsula articular Tem a finalidade de manter a união das extremidades dos ossos que se articulam (não confunda com a superfície). Nela, existe uma cápsula espessa de tecido conjuntivo fibroso. Cartilagem articular É uma fina camada de cartilagem hialina que recobre as superfícies articulares dos ossos, e tem a função de diminuir o atrito entre as superfícies ósseas quando executamos movimentos na articulação. Ligamentos São formados por uma densa camada de tecido conjuntivo fibroso, criando um feixe. A maioria dos ligamentos possui uma função de estabilizar a articulação e limitar o movimento. Esses ligamentos recebem uma classificação específica de acordo com a sua localização. São elas: Ligamentos capsulares — formam a cápsula articular, surgem como um espessamento da cápsula articular; Ligamentos extracapsulares ou extra-articulares — localizados fora da capsula articular, isto é, com a função de ligar as estruturas articular externamente e, em alguns casos, tem apenas a função de limitar o movimento; Ligamentos intracapsulares ou intra-articulares — localizados no interior da articulação ligando as estruturas articulares internamente. Comentário Pessoas com Síndrome de Down podem apresentar hiperfrouxidão ligamentar, o que requer mais cuidado no lidar com esses indivíduos. Articulação do ombro | Fonte: Sobotta, 2012 Saiba mais Leia o artigo Instabilidade atlantoaxial e hiperfrouxidão ligamentar na Síndrome de Down <http://www.scielo.br/pdf/%0D/aob/v13n4/a01v13n4.pdf> . Classificações Classificação baseada na sua movimentação Também chamada de classificação funcional, tem relação direta com os eixos de movimento e divide-se em: Não axial Se o movimento realizado não ocorre nos eixos de movimento (deslizamento). http://www.scielo.br/pdf/%0D/aob/v13n4/a01v13n4.pdf Uniaxial Se a articulação só consegue se movimentar em um eixo (flexão e extensão do cotovelo). Biaxial Quando a articulação consegue se movimentar em dois eixos (punho), que faz flexão, extensão, desvio ulnar (adução) e desvio radial (abdução). Triaxial Quando a articulação permite movimento nos três eixos que realiza flexão, extensão, abdução, adução, rotação medial e rotação lateral (ombro). Exemplo Fonte: Shutterstock Perceba como seu ombro se movimenta em todos os eixos, realize com ele os movimentos de flexão, extensão, abdução, adução, rotação medial e rotação lateral. Observe que no simples gesto de pentear o cabelo você utiliza todos esses eixos. Assista ao vídeo Movimentos do complexo articular do ombro <https://www.youtube.com/watch?v=aYNV7ucN0ac> . https://www.youtube.com/watch?v=aYNV7ucN0ac Classificação baseada na sua forma É a que chamamos de classificação morfológica. Divide-se nos seguintes tipos: Plana É um tipo de articulação que realiza movimentos de deslizamento. É considerada uma articulação não axial. As superfícies articulares apresentam-se como planas ou ligeiramente curva. Ocorre entre os ossos cuneiformes, localizados na região do tarso, no pé. Fonte: Sobotta, 2012. Gínglimo Tem origem na palavra ginglymos (que significa dobradiça, em grego). A aparência e a movimentação da articulação se assemelha a tal, fazendo com que o movimento ocorra apenas em um eixo, tornando uma articulação uniaxial. Os movimentos que ocorrem são de flexão e extensão. Um exemplo clássico é a articulação do cotovelo (umeroulnar). Fonte: Sobotta, 2012. Atenção A articulação do joelho é tratada por alguns autores como sendo do tipo gínglimo. Porém, ela é muito mais complexa, pois possui graus de rotação medial e lateral, além de conseguir realizar uma leve abdução e adução. E para complicar mais a análise dessa articulação, as superfícies articulares são côndilos femorais se articulando com côndilos tibiais, o que poderia colocá-la na classificação de condilar. Trocoide É uma articulação que se movimenta como um pivô. Por isso, muitas vezes é utilizada essa denominação também, até porque a origem da palavra trocoide vem do grego trochos (pivô, roldana) mais eidos (semelhante a). Caracteriza- se pelo movimento que é executado em torno de um eixo vertical, realizando movimentos de rotação. Esse tipo de articulação é classificado funcionalmente como uniaxial e um exemplo é a articulação entre a primeira vértebra (atlas) e a segunda (áxis), chamada de articulação atlantoaxial, que nos permite girar a cabeça para um lado e para outro. Assista aos 3 primeiros minutos do vídeo Articulação atlantoaxial em 3D <https://www.youtube.com/watch?v=CRuSSOQO2L4> . Elipsoide https://www.youtube.com/watch?v=CRuSSOQO2L4 Alguns autores também a chamam de articulação condilar. Já outros separam as duas em classificações distintas, visto que as condilares possuem côndilos que se articulam – mas o princípio de classificação é o mesmo. Neste tipo de articulação, percebe-se que uma superfície é côncava e a outra convexa, logo são discordantes. Sua classificação funcional é do tipo biaxial, considerando que ela realiza movimentos nos eixos transversal (flexão/extensão) e sagital (abdução/adução). Como exemplo temos a articulação entre o rádio e a região do carpo. Fonte: Sobotta, 2012. Selar O nome desta articulação tem afinidade direta com sua aparência, pois possui a forma de sela. As superfícies articulares são côncavas-convexas. Este tipo também realiza movimentos nos eixos sagital e transversos, assemelhando-se com as elipsoides. Um exemplo ocorre entre o osso trapezoide e o primeiro metacarpo, ambos na mão, mais precisamente no polegar. Fonte: Sobotta, 2012. Esferoide Neste tipo de articulação, uma superfície esférica ou semiesférica se articula com uma cavidade. O professor Liberato Di Dio (2002) faz um comparativo bastante interessante ao citar a articulação como “...a superfície articular do osso proximal em forma de taça, cuja cavidade aloja uma esfera (bola) da superfície articular do osso distal”. É classificado funcionalmente como triaxial, pois realiza movimentos nos três eixos articulares. A articulação entre o úmero e a escápula é um exemplo. Fonte: Sobotta, 2012. Atividade 1. As articulações ou junturas servem para unir duas ou mais estruturas que podem inclusive ser ossos. Uma delas é composta por tecido conjuntivo fibroso, com fibras curtas e está localizada na cabeça. Esse tipo de articulação recebe o nome de: a) Suturas b) Sinovial c) Sindesmose d) Sínfese e) Sincondrose 2. Existem articulações no corpo que possuem, em sua maioria, grande mobilidade, elas também recebem o nome de diartroses. Porém, apresentam alguns componentes essenciais na sua estrutura. Assinale a opção que não representa um componente de uma articulação sinovial: a) Cápsula articular b) Líquido sinovial c) Ligamento d) Fibras longas e) Cartilagem articular 3. As articulações são união de duas ou mais estruturas que podem ser ossos, cartilagens ou tecido fibroso. Uma delas é denominada diartrose ou sinovial, possuindo alguns elementos básicos. Assinale a opção que pertence às articulações do tipo sincondroses: a) Líquido sinovial b) Ligamento c) Fibras de conexão curta d) Cartilagem hialina e) Cápsula articular 4. Correlacione o componente com a articulação respectiva: Cartilagem hialina Pouca quantidade de tecido conjuntivo fibroso Grande quantidade de tecido conjuntivo fibroso FIbrocartilagem Sinóvia Referências DÂNGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia sistêmica e segmentar. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2000. DI DIO, L. J. A. Tratado de anatomia sistêmica aplicada. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002. DRAKE, R. L.; VOGL, A. W.; MITCHELL, A. W. M. Gray’s anatomia para estudantes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. DRAKE, R. L. et al. Gray’s atlas de anatomia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. GILROY, A. M.; MACPHERSON, B. R.; ROSS, L. M. Atlas de anatomia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. HANSEN, J. T. Netter anatomia para colorir. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.MOORE, K. L.; AGUR, A. M. R. Fundamentos da anatomia clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. SNELL, R. S. Anatomia clínica para estudantes de Medicina. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. SOBOTTA, J. et al. Sobotta atlas de anatomia humana. 23. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. Próximos Passos Tipos de músculos; Componentes do músculo estriado esquelético; Classificação funcional dos músculos estriados esqueléticos. Explore mais Visite a página da MSD para profissionais de Saúde e leia o artigo Subluxação da cabeça do rádio <https://www.msdmanuals.com/pt- br/profissional/les%C3%B5es-intoxica%C3%A7%C3%A3o/fraturas,- luxa%C3%A7%C3%B5es-e-estiramentos/subluxa%C3%A7%C3%A3o- da-cabe%C3%A7a-do-r%C3%A1dio > para entender por que é comum as crianças deslocarem a cabeça do rádio e por que não devemos puxá-las pelo antebraço. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/les%C3%B5es-intoxica%C3%A7%C3%A3o/fraturas,-luxa%C3%A7%C3%B5es-e-estiramentos/subluxa%C3%A7%C3%A3o-da-cabe%C3%A7a-do-r%C3%A1dio Leia o artigo Artrite reumatoide – sintomas, causas e tratamentos <https://www.mdsaude.com/2010/02/artrite-reumatoide.html > e aprenda sobre artrite reumatoide, uma doença diretamente associada ao sistema articular. Leia o artigo Hérnia discal – procedimentos de tratamento <http://www.scielo.br/pdf/aob/v9n4/v9n4a05.pdf > e entenda um pouco sobre esse problema que incapacita diversas pessoas. https://www.mdsaude.com/2010/02/artrite-reumatoide.html http://www.scielo.br/pdf/aob/v9n4/v9n4a05.pdf
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