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DIFERENÇA DE RESPONSABILIDADE E SOLIDARIEDADE: 1) Fundamento legal diferente: Responsabilidade : art. 128, CTN. Solidariedade : art. 124, CTN 2) Tipos diferentes: Responsabilidade se dá por dois tipos: responsabilidade por transferência e a responsabilidade por substituição . Já a solidariedade tem dois tipos também: a de fato e a de direito . 3) Quanto a prática do fato gerador: Na responsabilidade o contribuinte pratica o fato gerador, mas é uma terceira pessoa que vai ser chamada para pagar o tributo. Já na solidariedade, daquela que decorre da natureza de fato, todos os devedores solidários praticam o fato gerador RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA: Responsabilidade por transferência é quando o contribuinte pratica o fato gerador e tem que pagar o tributo - por exemplo, ele é dono de um imóvel, tem que pagar o IPTU; ele aufere renda, tem que pagar o imposto de renda - ele é o devedor porque é o contribuinte. POR QUE QUE O CÓDIGO TRANSFERE A RESPONSABILIDADE? Porque acontece alguma coisa. Depois de ocorrido o fato gerador, acontece alguma coisa. No caso acima, vamos supor que o contribuinte tenha falecido - ocorreu um evento posterior (contribuinte morreu) - a lei transfere a responsabilidade para outra pessoa. Nesse caso, a responsabilidade foi transferida para outra pessoa, por exemplo o herdeiro, espólio que vai pagar o tributo. Por isso existe a transferência - o contribuinte praticou o fato gerador, ou seja, ele deve tributo, mas se acontece alguma coisa (exemplos: morte do contribuinte, venda de imóvel, a empresa muda de dono e é incorporada por outra). O fato posterior que vai acarretar a transferência dessa responsabilidade. Portanto o dever de pagar é repassado a terceiro. Isso ocorre após o fato gerador. ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA O CTN trata da responsabilidade por transferência em três tópicos: 1 - Responsabilidade dos Sucessores ; 2 - Responsabilidade de Terceiros; 3 - Responsabilidade por Infrações à Lei Tributária. RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES: 3 tipos de sucessores , que pode ser de imóveis, de empresa e de pessoas : 1) Sucessão Imobiliária: O imóvel do João é vendido para Manoel → sucessão de proprietários do imóvel (chamada de sucessão imobiliária). Está regulada no art.130 CTN. Em regra, a responsabilidade pelos impostos, pelas taxas, pelas contribuições de melhoria, quem responde é o adquirente (regra geral). “Salvo quando conste do título a prova de sua quitação.” → isso são as exceções. 1ª Exceção: se na escritura pública de compra e venda constar que foi apresentada certidão negativa de débito, aí o adquirente não responde. 2ª Exceção: é aquele caso que envolve o arrematado em leilão (exemplo: hasta pública). Se esse imóvel foi arrematado em leilão, o adquirente não precisa pagar os tributos devidos - no caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. → parágrafo único do art. 130 do CTN. Sub-rogar é passar o dever ou o direito para outra pessoa. Sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço : significa que quando tem o leilão e tem débito tributário, da onde sai o dinheiro para cobrir esse débito tributário? do valor que o arrematante ofereceu de lance e depositou. Exemplo: um cara está arrematando um imóvel em leilão por R$100.000,00 e tem um débito tributário de R$30.000,00. Um cara deposita os R$100.00,00, os R$30.000,00 vai para pagar o tributo e os R$ 70.000,00 vai para o credor. Sobre essa questão, temos um entendimento do STJ. O art. 130 CTN diz o seguinte: Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes , salvo quando conste do título a prova de sua quitação. Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. . O STF diz que: afastada a responsabilidade do arrematante pelos débitos tributários anteriores à arrematação, incidentes sobre o imóvel, em consequência de previsão em edital de leilão. “Afastada a responsabilidade do arrematante pelos débitos tributários anteriores à arrematação ” → o sujeito, num leilão, ofereceu de lance e arrematou um bem por R$100.000,00. Mas, vamos imaginar, que esse bem imóvel tinha uma dívida tributária de R$120.000,00 (faltam R$20.000,00). Quem paga os R$20.000,00? o arrematante? Não, o devedor anterior continua em débito por esses R$20.000,00. Portanto, quem paga o tributo devido é o preço que for depositado pelo arrematante. Há outro julgado do STJ sobre o mesmo tema que diz que se tiver previsão expressa do edital do leilão, aí sim o adquirente responde pelo tributo devido, pois o edital é a lei/regra do leilão. 2) Sucessão Empresarial: João tem um carrinho de picolé e vende para Manoel. A sucessão empresarial ocorre quando uma empresa sucede a outra. Exemplo: você adquire da sua amiga toda a carteira dela de clientes da Jequiti, pega os contatos desses clientes, etc. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de uma fusão/transformação/incorporação em outra, responde pelos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas/transformadas/incorporadas: CTN, Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Traduzindo: uma empresa nova que resultar de outra responde pelos tributos da empresa antiga. Fusão: duas empresas ou mais viram outra. Transformação: quando a empresa muda o tipo societário. Exemplo: empresa abre capital na bolsa de valores - vira uma S/A, empresa com ações negociadas na bolsa. Portanto, há uma transformação de tipo societário. Incorporação: empresa é absorvida por outra. Por exemplo: Atacadão, Maxi, Makro. Atacadão é do Carrefour, que comprou o Maxi, que também comprou o Makro, portanto, muita gente está comprando do Carrefour aqui em Franca, pois ele incorporou essas empresas todas. Cisão: é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. 1 Em regra, a empresa nova responde pelos tributos da antiga. E se a pessoa jurídica fechar? quem responde pelos tributos devidos? Subsiste a responsabilidade do caso de extinção da pessoa jurídica de direito privado quando a exploração do negócio for continuada por sócio ou seu espólio sobre a mesma outra determinação em firma individual? CTN, Art. 132, Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploraçãoda respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. A empresa fechou, mas o sócio continua exercendo atividade → ele responde pelos débitos daquela empresa. IMPORTANTE!!!! O que acontece quando alguém compra uma empresa ou parte de uma empresa: Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I - integralmente (ou seja, sozinho) , se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; ⚠ II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. Exemplo: você comprou a revistinha da Jequiti, pegou os clientes, etc, quem responde pelos tributos devidos até então? Se você adquire fundo de comércio do estabelecimento e quem vendeu parou/cessou, quem adquiriu responde sozinho. → regra geral. Se o cara que vendeu continuar com o negócio, pode ser até de outro ramo, por exemplo, você comprou uma sorveteria do sujeito e o cara que te vendeu, se dentro de 6 meses ele voltar a exercer atividade comercial (exemplo: se dentro de 6 meses ele abriu uma pastelaria), pode ser outro ramo totalmente diferente, se ele abrir algo dentro de 6 meses na frente da sorveteria, aí quem responde é ele. Mas, se ele não pagar, o fisco vai até você → responsabilidade subsidiária. 1 https://lageportilhojardim.com.br/blog/cisao-empresarial/ https://lageportilhojardim.com.br/blog/cisao-empresarial/ Passou de 6 meses, responde sozinho. 3) Sucessão Pessoal: alguém aliena um título, morte de alguém. São 3 casos: a) Quando uma pessoa vende um direito ou um bem móvel. A regra é que o adquirente responde. Exemplo: o automóvel - se você compra um automóvel, o adquirente está cheio de dívidas, você responde. b) Sucessor e espólio: CTN, Art. 131. São pessoalmente responsáveis: III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. Imagine que o sujeito faleceu. O morto não deve tributo. Sobra então os bens dele. Quem tem que pagar o tributo que o morto devia é o espólio. Quem paga é o espólio. Depois tem o inventário (arrolamento) e depois tem a partilha e aí vai para os herdeiros, meeiros, etc. Então, até a partilha, quem responde é o espólio. Depois é que os herdeiros respondem. Imagine que o sujeito tinha R$500.000,00 de herança e 5 herdeiros. Imagine que o débito tributário dele fosse de R$500.000,00, os herdeiros vão pagar essa diferença? Não, os herdeiros só respondem até o limite da herança. E os tributos que o próprio espólio deve? Ele é o contribuinte e o inventariante é o terceiro responsável. E se os tributos que o espólio devem não forem pagos, o inventariante é terceiro responsável, mas os herdeiros também vão ser responsabilizados por esses tributos que o espólio deve. Em regra o adquirente sempre responde. RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS: A capacidade no direito civil independe da incapacidade civil. Por exemplo: a criança de 2 anos é contribuinte, mas ela não tem condições para isso, então os pais respondem pelos menores. Não foi o pai que praticou o fato gerador, mas ele responde por lei pois ele é responsável pelos atos do seu filho. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES À LEI TRIBUTÁRIA: Acontece quando há uma infração de lei, ao estatuto da empresa, por exemplo. Está prevista nos artigos 136 a 138 do Código Tributário Nacional (CTN) e significa a sujeição de alguém às consequências da prática de seus atos ou a responsabilidade pelo pagamento de multas, quando se descumpre uma obrigação. 01/11/2022 Art. 134, CTN: segundo o CTN, a responsabilidade de terceiros é solidária, mas se entende que é subsidiária por haver benefício de ordem. Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório. Responsabilidade do sócio: → Sócio gerente; → Dissolução irregular - deixa de funcionar sem comunicação aos órgãos competentes - Súmula 435, STJ: Súmula 435: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente Art. 204, CTN: Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída. Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite. Responsabilidade de Terceiros: Art. 134, CTN, parágrafo único - A matéria de penalidades, às de caráter moratório. A falta de pagamento é considerada apenas mora. Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório. Responsabilidade por atuação irregular: Art. 135, CTN: - Pessoalmente responsáveis; - Infração à lei; - Excesso de poderes; - Responsabilidade solidária/plena; - Responde todos dos incisos do art. 134 e 135. Art. 135 . São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderesou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Desconsideração da personalidade jurídica: - Art. 137, CTN - responsabilidade é pessoal ao agente - Alguns casos exige dolo específico - Crimes contra a ordem tributária Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente: I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito; II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar; III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem; b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores; c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas. Denúncia espontânea: Art. 138, CTN: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. - Quando o contribuinte informa a receita que deve o tributo espontaneamente é liberado da multa; - Deve haver o pagamento; - Deve ocorrer antes das fiscalizações; - O parcelamento não exclui a multa, não sendo considerado como denúncia espontânea - art. 155 - A, CTN. Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica.
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