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5 - Sociedades de Advogados

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Filipe Cordeiro Kinsky 
 SOCIEDADE DE ADVOGADOS 
 
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1) Natureza Jurídica da Sociedade de Advogados 
A natureza jurídica da Sociedade de Advogados será sempre Civil. Nunca será uma Sociedade 
Empresária, por disposição expressa de lei. 
Art. 15 do Estatuto da OAB Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de 
serviço de advocacia, na forma disciplinada nesta lei e no regulamento geral. 
Vale notar ainda que a Sociedade Civil formada por advogados não se confunde com o 
escritório de advogados. A Sociedade tem personalidade jurídica própria, o escritório não.
2) Composição Societária 
A Sociedade de Advogados, por óbvio, é formada por Advogados – e só por advogados. Não 
podem ser sócios contadores, estagiários etc. –. 
Art. 16 do Estatuto da OAB, § 3º É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de 
pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a 
atividade de advocacia. 
Além disso, é exigido um mínimo de dois sócios, ou seja, não existe sociedade unipessoal de 
advogados. 
E se um sócio morre, e só fica um? O sócio que sobrou tem 180 dias para encontrar um outro 
sócio, sob pena de dissolução da sociedade. Nem por morte se aceita sociedade unipessoal.
3) Do Registro da Sociedade Civil de Advogados 
3.1) Aquisição da Personalidade Jurídica 
A Sociedade de Advogados é criada a partir do registro de seus atos constitutivos na Seccional 
da OAB em que se quer estabelecer a sede – não é na Junta Comercial, é claro, afinal, não é 
uma sociedade empresária. Mas tampouco é no Cartório de Registro civil de Pessoas 
Jurídicas!!! 
Art. 15 do Estatuto da OAB, § 1º A sociedade de advogados adquire personalidade jurídica 
com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja 
base territorial tiver sede. 
3.2) Da Razão Social 
Art. 16 do Estatuto da OAB Não são admitidas a registro, nem podem funcionar, as sociedades 
de advogados que apresentem forma ou características mercantis, que adotem denominação 
de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam sócio não inscrito 
como advogado ou totalmente proibido de advogar. 
A Razão Social – o nome da sociedade – deve conter o nome de pelo menos um dos sócios, 
completo ou abreviado. 
 Obs.: Abreviação não se confunde com sigla. O Advogado que empresta o nome à 
Sociedade deve ser identificável. Por tanto, entende-se como abreviação, por 
exemplo, apenas sobrenome. 
Filipe Cordeiro Kinsky 
 SOCIEDADE DE ADVOGADOS 
 
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E o nome fantasia? É vedada a utilização de nome fantasia, porquanto o fundamento 
existencial do nome fantasia se liga a mercantilização, o que é repudiado pela advocacia 
brasileira. 
Art. 16 do Estatuto da OAB, § 1º A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo 
menos, um advogado responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, 
desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo. 
E se o Sócio que emprestava o nome à Sociedade morreu? Em regra, o nome deve ser 
alterado. A exceção é se constava do ato constitutivo a possibilidade de permanência do nome 
mesmo após a morte. 
4) Quanto ao contrato entre a Sociedade e os Clientes 
A procuração deverá ser outorgada ao sócio, de forma individual, e não à sociedade. Ou seja, 
não podem, pelo só fato de serem sócios, outros que não aquele que figura na procuração 
atuar em juízo em nome do cliente. 
Art. 15 do Estatuto da OAB § 3º As procurações devem ser outorgadas individualmente aos 
advogados e indicar a sociedade de que façam parte. 
 Note-se que deve constar o nome da Sociedade a qual o advogado faz parte na 
procuração. Contudo, a procuração é individual. 
Além disso, por razões lógicas, não podem advogados sócios de uma mesma Sociedade 
patrocinar partes com interesses conflitantes entre si. 
Art. 15 do Estatuto da OAB § 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional 
não podem representar em juízo clientes de interesses opostos. 
Inclusive, o desrespeito a esta norma caracteriza crime previsto no Código Penal. 
Art. 355 do CP - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, 
prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
Patrocínio simultâneo ou tergiversação 
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende 
na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. 
5) Sobre a Filiação e as Filiais 
5.1) Filiação: O Advogado pode ser sócio de uma única Sociedade de Advogados dentro da 
área do Conselho Seccional onde esta sociedade esteja registrada, bem como nas áreas das 
Seccionais onde a Sociedade tiver filial. 
Art. 15 § 4º do Estatuto da OAB Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de 
advogados, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional. 
Filipe Cordeiro Kinsky 
 SOCIEDADE DE ADVOGADOS 
 
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Pormenorizando, o Advogado pode ser sócio de duas ou mais Sociedades de Advogados, 
desde que elas se localizem em Conselhos Seccionais distintos – incluídas as filiais –. 
Exemplo: Osvaldo é sócio de Sociedade de Advogados em São Paulo, sendo que esta 
Sociedade tem filial em Minas e Rio de Janeiro. Ele não poderá ser sócio de outras Sociedades 
dentro do território destas seccionais.
5.2) Filiais: Só se pode existir uma filial por base territorial. 
Art. 16 do Estatuto da OAB, § 5º O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro 
da sociedade e arquivado junto ao Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios 
obrigados à inscrição suplementar. 
Se há o intento de constituir uma filial, deve-se averbar – deve constar – os Atos Constitutivos 
no Registro da Sociedade, na Seccional original; e, além disso, deve ser arquivado junto ao 
Conselho Seccional onde for funcionar a filial. 
Por fim, aberta a filial, os Sócios ficam obrigados a realizar uma inscrição suplementar na 
Seccional da nova filial. 
6) Responsabilidade Civil da Sociedade de Advogados 
Art. 17 do Estatuto da OAB Além da sociedade, o sócio responde subsidiária e ilimitadamente 
pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem 
prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possa incorrer. 
Primeiro responderá a Sociedade. Uma vez esgotado o patrimônio societário, restando dívidas, 
os sócios responderam subsidiariamente e de forma ilimitada. 
Entre os sócios, há solidariedade frente a dívida, sendo que, uma vez que a dívida supere o 
patrimônio da sociedade, o credor poderá avançar no patrimônio de qualquer um dos sócios, 
independentemente de suas quotas-partes ou de sua responsabilidade quanto aos danos 
causados.

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