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OAB 34 AULA 5 - ÉTICA - Processo Disciplinar docx

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AULA 5 – ÉTICA
TEMA: Processo Administrativo Disciplinar.
PROFESSOR MONITOR: Líbero Alves Rodrigues
Filho (@liberofilho).
1. PROCESSO DISCIPLINAR
Haja vista que existem condutas que constituem ataques aos valores da
Ordem (estabelecidos no Código de Ética, Regulamento Geral e Estatuto), tem-se
que precisam ser combatidas através do devido processo legal, de modo que é da
OAB a competência para processar e punir disciplinarmente os advogados inscritos
nos seus quadros que incorrerem nessas condutas vedadas ou incoerentes com o
desempenho da função..
No entanto, embora o processo disciplinar seja exclusivo da OAB, a
jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando o fato constituir crime ou
contravenção, deve haver a comunicação do fato às autoridades competentes.
Ainda nesse sentido, é aplicado de forma subsidiária a legislação processual
penal e outras normativas quando se mostrar necessário por insuficiência das
disposições inerentes à ordem.
No que tange a sua instauração, o processo disciplinar pode ser instaurado
mediante representação de qualquer autoridade ou pessoa interessada, bem como
de ofício. Vale salientar que a denúncia apócrifa (anônima) não é idônea para dar
fundamento à instauração do processo.
O processamento será, em regra, perante o Conselho Seccional em cujo
território tenha ocorrido a infração. Excepcionalmente, quando a falta for
cometida perante o Conselho Federal, tem-se que será este o competente para o
processo.
Dentro dos Conselhos Seccionais o órgão competente será o Tribunal de
Ética e Disciplina para julgar os processos de cunho disciplinares - que tenham
sido instruídos pelas subseções ou por relatores do Conselho em si.
Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br
Ao receber a notificação do ato, o Tribunal de Ética e Disciplina competente
pode, desde logo, suspender o advogado, nas situações em que a repercussão do
ato for atentatória aos valores e dignidades da advocacia. Para tanto, é preciso que
ele seja ouvido em sessão especial, sendo notificado para comparecer - salvo se não
obedecer a notificação.
Na situação supramencionada, o processo deve obedecer o prazo máximo
de até 90 dias para que seja concluído.
É mister salientar que o processo disciplinar não é público, sendo
importante que tramite em sigilo até o seu término. Assim sendo, só terão acesso
às informações pertinentes ao processo as partes, seus defensores e a autoridade
competente.
2.1 Instrução
Após configurada a representação, o Presidente da Seccional deverá
designar relator que será o responsável para efetuar a instrução do processo e
que deve oferecer o parecer preliminar que será submetido ao Tribunal de Ética e
Disciplina.
Após ser representado, ao advogado deve ser assegurado o direito de ampla
defesa, de modo que é direito dele acompanhar o processo em todos os seus
sentidos e do início ao fim, através de seu advogado constituído ou por si só -
defesa própria.
Entendendo cabível, o advogado poderá oferecer defesa prévia após ser
notificado e razões finais após a instrução e defesa oral perante o Tribunal de Ética
e Disciplina - em razão do julgamento.
No que tange o prazo para defesa prévia, tem-se que este pode ser
prorrogado desde que presente motivo relevante reconhecido pelo relator.
Se porventura houver a revelia ou ou o advogado representado não for
encontrado, deve ser designado defensor dativo para o imputado a ser designado
pelo presidente.
O relator poderá se manifestar pelo indeferimento liminar da representação
quando entender incabível o processamento do advogado após tê-lo ouvido em
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defesa prévia. Nesses casos, o entendimento deve ser notificado ao Presidente do
Conselho Seccional que decidirá se a representação será ou não arquivada.
Não sendo indeferido, o relator deverá proceder a colheita de provas e a
determinação de eventuais diligências quando entender cabível para produção do
seu juízo de valor. Ao final, é emitido parecer preliminar (contendo a conduta, as
provas e a imputação cabível) que é encaminhado para o Tribunal de Ética e
Disciplina.
1.2 Julgamento
De início deve ser designado outro relator pelo Tribunal de Ética e
Disciplina, sendo a questão colocada em pauta para a sessão de julgamento
seguinte - sendo as partes notificadas com 15 dias de antecedência.
Durante a sessão, é possível a sustentação oral que deve ser feita em até 15
minutos.
Após todo o julgamento e avaliação das teses e fatos, o TED emitirá a
lavratura do acórdão condenando ou absolvendo o advogado processado
disciplinarmente.
Vale salientar que caberá recurso dessa decisão, sendo direcionado: I- ao
Conselho Federal de todas as decisões definitivas proferidas pelo Conselho
Seccional, quando não tenham sido unânimes ou, sendo unânimes, contrariem esta
lei, decisão do Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional e, ainda, o
regulamento geral, o Código de Ética e Disciplina e os Provimentos (Além dos
interessados, o Presidente do Conselho Seccional é legitimado a interpor o recurso
referido neste artigo);
II- ao Conselho Seccional de todas as decisões proferidas por seu
Presidente, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, ou pela diretoria da Subseção ou da
Caixa de Assistência dos Advogados.
No que tange aos efeitos, tem-se que, em regra todos os recursos têm efeito
suspensivo, exceto quando tratarem: I- de eleições (arts. 63 e seguintes); II- de
suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina; III- e de
cancelamento da inscrição obtida com falsa prova.
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2. TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
Com a inclusão dos artigos 47-A e 58-A no Código de Ética e Disciplina da
OAB - CED, foi criado um mecanismo de facilitação ao cumprimento de
determinadas penalidades cometidas pelos advogados e advogadas, o famoso
Termo de Ajustamento de Conduta.
Conhecido pela abreviação TAC e presente em outros setores do direito, o
instituto chamado de Termo de Ajustamento de Conduta nasceu recentemente na
disciplina de Ética da OAB.
A partir da Resolução n. 4\2020 foram incluídos os supramencionados
artigos no CED, que enunciam:
Art. 47-A. Será admitida a celebração de termo de ajustamento de
conduta no âmbito dos Conselhos Seccionais e do Conselho Federal para
fazer cessar a publicidade irregular praticada por advogados e
estagiários.
Parágrafo único. O termo previsto neste artigo será regulamentado
mediante edição de provimento do Conselho Federal, que estabelecerá
seus requisitos e condições.
Art. 58-A. Nos casos de infração ético-disciplinar punível com censura,
será admissível a celebração de termo de ajustamento de conduta, se o
fato apurado não tiver gerado repercussão negativa à advocacia.
Parágrafo único. O termo de ajustamento de conduta previsto neste
artigo será regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB.
Na prática, o Termo de Ajustamento de Conduta tem como finalidade
transformar uma penalidade (relativamente leve) em um compromisso de que o
infrator irá mudar sua conduta e obedecer algumas imposições. Traduzindo, é uma
forma de facilitar a vida dos advogados e advogadas que incorrerem em alguma
ação incompatível com os valores da advocacia.
Todavia, tal benefício não é oferecido a todas as situações que ensejam
infração, sendo restrito a duas situações: quando os advogados e estagiários
incorrerem na prática da publicidade irregular (existe uma série de
mandamentos e proibições sobre o tema - art. 39 a art. 47 do CED) e nas situações
em que o profissional praticar uma infração ético-disciplinar que seja punível com
a penalidade de censura (art. 36 do EAOAB), desde que o fato apurado não tenha
trazido uma repercussão negativa à advocacia.
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Visando dar uma base para os procedimentos e regras que devem ser
seguidos pelos Tribunaisde Ética em sede do processo disciplinar, o Conselho
Federal emitiu o Provimento n. 200\2020, que facilita o entendimento sobre o
instituto - embora ainda exista margem para que os Conselhos Seccionais ampliem
nos setores com lacuna.
De acordo com o Art. 2º do Provimento, o TAC só poderá ser formalizado
quando o advogado ou estagiário (regularmente inscrito nos quadros da OAB) não
possuir contra si condenação transitada em julgado por alguma representação
ético-disciplinar - o que não é levado em conta nos casos em que o mesmo passou
pela reabilitação.
Ainda nesse sentido, o Parágrafo Único veda a aplicação do TAC às
situações em que o advogado ou estagiário incorrerem na prática de mais de uma
infração ético-disciplinar ou quando a conduta praticada violar, de forma
simultânea, outros dispositivos do Estatuto da Advocacia e da OAB. Também não
será aplicado, obviamente, aos processos em que já houve condenação transitada
em julgado.
Existe ainda uma vedação (Art. 4º, § 2º) de que o TAC seja oferecido ao
profissional ou estagiário que já tenha sido beneficiado com o instituto nos 3
anos anteriores à conduta alvo de apuração.
Após ciência da conduta que enseja o oferecimento do Termo de
Ajustamento de Conduta, o Órgão competente pela confecção do TAC, de ofício ou
a requerimento, irá prepará-lo mencionando:
I - qualificação do advogado ou do estagiário;
II - descrição da conduta imputada, com informação da data da ocorrência e
do meio utilizado;
III - certidão de regular inscrição na OAB e certidão negativa ou positiva
sobre a existência de punições anteriores transitadas em julgado;
IV - a capitulação da infração correspondente;
V - os termos do ajustamento de conduta a ser celebrado. (Art. 3º).
Após preparação do documento, o infrator (advogado ou estagiário) será
notificado para que manifeste, no prazo de 15 dias, o interesse em aderir ao TAC.
Caso não comunique sua aceitação, será presumida a recusa.
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Se o TAC for processado no Conselho Federal, a celebração será feita pelo
relator do processo - com a subsequente homologação pela Turma da Segunda
Câmara. Já se a competência for de Conselho Seccional, a celebração será de acordo
com o respectivo Regimento.
2.1 Obrigações
Já no que tange às obrigações do TAC, tem-se que o beneficiado deverá
obrigar-se a cessar a conduta que ensejou o benefício, reparar o dano que
eventualmente tenha causado, cesse os efeitos da infração quando se mostrar
pertinente, além de se abster de praticar a mesma conduta no prazo que será
fixado em cada caso. (Art. 4º).
Se porventura for configurada a desobediência aos termos do que foi
acordado, o Termo de Ajustamento de Conduta irá perder os seus efeitos, o que
resultará no retorno do trâmite do processo disciplinar.
O acompanhamento do cumprimento dos termos do TAC é feito pelo
Tribunal de Ética e Disciplina (no âmbito das Seccionais) e pelo Presidente da
Turma da Segunda Câmara (no Conselho Federal).
Vale salientar que os prazos prescricionais não fluem durante o prazo de
suspensão previsto no TAC.
Por fim, é mister mencionar que por ter nascido em 2020, em tese o Termo
de Ajustamento de Conduta não era oferecido aos infratores. Sendo assim, as
disposições do provimento passaram a valer a partir da data de sua edição (27\10)
tendo sua aplicabilidade expandida aos processos que estavam em trâmite durante
a data da publicação.
Líbero Alves Rodrigues Filho @liberofilho
Contatoliberoalves@gmail.com
Muito obrigado pela atenção! Nos vemos na aula às
20H. :)
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