Prévia do material em texto
Trabalhando pela sua conquista. Conhecimentos Específicos 1 Conhecimentos Específicos Resumo das referências Bibliográficas PROFESSOR ANOS INICIAIS PREFEITURA MUNICIPAL DE PAROBÉ - RS TODOS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução, mesmo parcial e por qualquer processo, sem autorização expressa dos autores e da editora Cia do Estudo. Trabalhando pela sua conquista. 2 Conhecimentos Específicos CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS PARTE I 1. O Desenvolvimento da criança ..................................................................................................... 04 2. Projetos Pedagógicos e planejamento de aula ............................................................................. 04 3. Teorias educacionais .................................................................................................................... 11 4. Concepções Pedagógicas .............................................................................................................. 13 5. Mediação da Aprendizagem. ........................................................................................................ 18 6 Avaliação. ...................................................................................................................................... 19 7 Currículo ....................................................................................................................................... 19 8. A Prática Educativa ...................................................................................................................... 19 9. Sexualidade ................................................................................................................................... 49 10. Drogas ......................................................................................................................................... 51 11. Fracasso Escolar......................................................................................................................... 52 12. Formação dos Professores .......................................................................................................... 53 13.Educação de Jovens e Adultos .................................................................................................... 54 14. Mídia e Educação ....................................................................................................................... 55 15. Disciplina E Limites.................................................................................................................... 55 16. Cidadania .................................................................................................................................... 62 17. Fundamentos da Educação Inclusiva ........................................................................................ 63 18. Relacioanento Pais e Escola....................................................................................................... 68 19. Diretrizes Curriculares Nacionais gerais para a Educação Básica. Ensino Fundamental de Nove Anos - Orientações Gerais - Parecer CNE/CEB nº 7/2010. Diretrizes Curriculares Nacionais ........................................................................................................................................... 73 20. Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 e alterações. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. ......................... 81 21. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) ........................................ 119 22. Lei de improbidade administrativa - Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. ............................ 136 23. Código Penal: crimes contra a Administração Público - Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal (Arts. 312 ao 327) . .................................................................. 148 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS PROFESSOR ANOS INCIAIS 1. História da Criança e da Família. Infância: Educação e Sociedade. . ................................... 151 2. Concepções Pedagógicas. . .......................................................................................................... 12 3. Planejamento na Prática Educativa. . ......................................................................................... 18 4. Disciplina. . .................................................................................................................................. 19 5. Avaliação. . ................................................................................................................................... 19 6. Currículo. . ................................................................................................................................... 19 7. O Lúdico como Instrumento de Aprendizagem. . ..................................................................... 153 8. Desenvolvimento Infantil. . ....................................................................................................... 155 9. A Importância do Jogo na Aprendizagem. . ............................................................................. 160 10.Fracasso Escolar. . ...................................................................................................................... 51 11.Problemas Comportamentais e Dificuldades de Aprendizagem. . .......................................... 163 12.Alfabetização. . .......................................................................................................................... 164 13.Educação Inclusiva. . ................................................................................................................ 165 14.Educação de Jovens e Adultos. . ................................................................................................ 54 15.Mídia e Educação. . .................................................................................................................... 55 16.Formação de Professores. . ........................................................................................................ 53 17.Cidadania. . ................................................................................................................................. 62 18.Ensino Fundamental de Nove Anos. . ..................................................................................... 171 19.Relacionamento Pais e Escola, Ambiente Educacional e Familiar, Participação dos Pais. . . 68 Trabalhando pela sua conquista. Conhecimentos Específicos 3 20.Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. . ...................................... 73 21.Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais – Ensino de primeira à quarta série. . .............................................................................................. 172 22.Ensino Fundamental de Nove Anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. . ............................................................................................................................................. 176 23.O jogo e o ensino de Matemática. . ........................................................................................... 177 24.O Ensino e Aprendizagem da Matemática e Suas Implicações Teóricas. . ............................ 178 25.A Compreensão dos Conceitos Matemáticos pelas Crianças. . ............................................... 179 26.A Construção do Conhecimento Matemático. . ........................................................................ 183 27.Princípios de Aprendizagem. . ..................................................................................................194 28.Práticas pedagógicas. . .............................................................................................................. 195 29.O Conceito de Numeralização. . ............................................................................................... 207 30.O Ensino da Aritmética. . .......................................................................................................... 208 31.O Ensino de Frações. . .............................................................................................................. 214 32.O Ensino da Geometria. . .......................................................................................................... 216 33.Educar pela Pesquisa. . ............................................................................................................. 217 34.Teorias Educacionais. . ............................................................................................................... 10 35.Obras da Pedagogia. . ................................................................................................................ 219 36.História das Ideias Pedagógicas. . ............................................................................................ 220 37.Relação Escola, Professor, Aluno. . ......................................................................................... 221 38.Avaliação da Aprendizagem Escolar. . ..................................................................................... 222 39.Inclusão Escolar. . ..................................................................................................................... 223 40.Competências para ensinar. . .................................................................................................... 225 COLETÂNEA DE EXERCÍCIOS ................................................................................................. 226 GABARITO ............................................................................................................................ 236 Trabalhando pela sua conquista. 4 Conhecimentos Específicos 1. O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA. No processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças na Educação Infantil, o lúdico, o mo- vimento e as brincadeiras são fundamentais. Pois é através delas, que as crianças criam condições de desenvolver as suas capacidades, formam concei- tos, criam as suas hipóteses, selecionam ideias, estabelecem relações lógicas, integram percepções e se socializam. A utilização de atividades lúdicas e de materiais concretos está totalmente relacionada ao desenvolvimento cognitivo da criança. De acordo com Aribas (2004) o professor deve ―proporcionar um material mais variado possível, e apresentar situações interessantes dando o justo valor a suas interpretações, criando conflitos supe- ráveis estimulando o raciocínio são algumas pro- postas que ajudarão as crianças a avançar rumo à construção do conhecimento matemático‖. De acordo com Piaget, a criança aprende constru- indo e reconstruindo o seu pensamento, através da assimilação e acomodação das suas estruturas. Esta construção do pensamento, Piaget chamou de estágios: Estágio sensório – motor, Estágio Simbó- lico e Estágio Conceptual. Segundo Piaget no Estágio sensório-motor, que vai do zero até os 2 anos de idade, é onde se inicia o desenvolvimento das coordenações motoras, a criança aprende a diferenciar os objetos do próprio corpo e os pensamentos das crianças está vincula- do ao concreto. Já no Estágio simbólico, que é dos 2 até por volta dos 7 anos, o pensamento da cri- ança está centrado nela mesma, é um pensamen- to egocêntrico. E é nesta fase que se apresenta a linguagem, como socialização da criança, que se dá através da fala, dos desenhos e das dramatiza- ções. No último Estágio que é o Conceptual, que é dos 7 até por volta dos 11, a criança continua bastante egocêntrica, ainda tem dificuldade de se colocar no lugar do outro. E a predominância do pensamento está vinculada mais acomodações do que as assi- milações. O papel do professor no processo de aprendizagem é indiscutivelmente decisivo, suas atitudes, con- cepções e intervenções, serão fatores determinan- tes no sucesso ou fracasso escolar de seus alunos. Pois cabe ao professor fazer as intervenções ne- cessárias (com respeito, estímulo e trabalhando a autoestima). As intervenções e os estímulos são imprescindíveis, pois funcionarão como suportes da autoestima, que progressivamente levará o aluno a acreditar em si mesmo e na sua capacida- de para superar as dificuldades. O professor deve-se utilizar diversas metodológi- cas de ensino e considerar as implicações da ne- cessidade lúdica é fundamental. Pois, o lúdico dife- rencia-se das demarcações do brincar espontâneo, e passaram a ter uma conotação de experiência, pois as crianças quando brincam expressam seu verdadeiro "eu". Dessa forma, o lúdico possibilita o estudo da relação da criança com o mundo exter- no, integrando estudos específicos sobre a impor- tância do lúdico na formação da sua personalidade (Servantes, 2012) 2. PROJETOS PEDAGÓGICOS E PLANEJAMENTO DE AULA. Metas a cumprir e sonhos a realizar. O conjunto dessas aspirações, bem como os meios para concretizá- las, é o que dá forma e vida ao chamado projeto político-pedagógico - o famoso PPP. Se você prestar atenção, as próprias palavras que compõem o nome do documento dizem muito sobre ele: É projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante determinado período de tempo. É político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, res- ponsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir. É pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem. Ao juntar as três dimensões, o PPP ganha a força de um guia - aquele que indica a direção a seguir não apenas para gestores e professores mas também funcionários, alunos e famílias. Ele precisa ser completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre essa rota e flexível o bastante para se adaptar às necessida- des de aprendizagem dos alunos. Por isso, dizem os especialistas, a sua elaboração precisa contemplar os seguintes tópicos: Trabalhando pela sua conquista. Conhecimentos Específicos 5 Missão Clientela Dados sobre a aprendizagem Relação com as famílias Recursos Diretrizes pedagógicas Plano de ação Por ter tantas informações relevantes, o PPP se configura numa ferramenta de planejamento e avaliação que você e todos os membros das equipes gestora e pedagógica devem consultar a cada tomada de deci- são. Portanto, se o projeto de sua escola está engavetado, desatualizado ou inacabado, é hora de mobili- zar esforços para resgatá-lo e repensá-lo. "O PPP se torna um documento vivo e eficiente na medida em que serve de parâmetro para discutir referências, experiências e ações de curto, médio e longo prazos Finalidade Toda escola deve ter definida, para si mesma e para sua comunidade escolar, uma identidade e um con- junto orientador de princípios e de normas que iluminem a ação pedagógica cotidiana. O Projeto político pedagógico vê a escola como um todo em sua perspectiva estratégica, não apenas em sua dimensão pedagógica. É uma ferramenta gerencial que auxilia a escola a definir suas prioridades es- tratégicas, a converter as prioridades em metas educacionais e outras concretas, a decidir o que fazer para alcançar as metas de aprendizagem, a medir se os resultados foram atingidos e a avaliar o próprio desempenho. O PPP é diferentede planejamento pedagógico. É um conjunto de princípios que norteiam a elaboração e a execução dos planejamentos, por isso, envolvem diretrizes mais permanentes, que abarcam conceitos subjacentes à educação: - Conceitos Antropológicos: (relativos à existência humana) - Conceitos Epistemológicos: aquisição do conhecimento - Conceitos sobre Valores: pessoais, morais, étnico... - Político: direcionamento hierárquico, regras... Importância de um Projeto para a escola A relevância de um projeto escolar consiste no planejamento que, evita improvisação, serviço malfeito, perda de tempo e de dinheiro. Com planejamento, fica bem claro o que se pretende e o que deve ser feito para se chegar aonde se quer. Um bom Projeto Político Pedagógico dá segurança à escola. Escolhem-se as melhores estratégias o que facilita seu trabalho, pois o mesmo está fundamentado no Projeto que norteia toda Unidade Escolar. Isso se faz imprescindível para se ter um rumo, visando obtenção de resultados de forma mais eficiente, intensa, rápida e segura. O Projeto Pedagógico é o documento que define as intenções da escola, em realizar um trabalho de qualidade. O Plano de Escola diz respeito à execução dessas intenções. Tanto o Projeto Pedagógico, como o Plano de Escola, dele decorrente, devem resultar de um desejo cole- tivo, ou seja, obra de todos os que militam nessa escola, mormente, os educadores. É algo que se vai construindo aos poucos. Para a consecução desse desejo coletivo, será preciso que a comunidade docen- te assuma realmente o seu papel interagindo para alcançar as metas que estabeleceu e pretende alcan- çar. Abandonar a perseguição das metas estabelecidas pelo coletivo, ao meio do caminho, é o primeiro passo para o malogro do Projeto. O Plano de Escola é um documento para muitos anos, que se vai remo- delando após sistemáticas avaliações. Assim, na elaboração do Projeto Pedagógico, é preciso reflexão profunda sobre o que se vai fazer e como será feito o trabalho, reflexão essa fundada no diagnóstico da escola no qual levar-se-á em consideração: 1. Que funcionou e que não funcionou no ano anterior, quanto ao planejado? Essa questão deverá estar muito bem explicitada entre os professores, durante o planejamento, posto que se constituirá em pedra de toque para a organização do Projeto Pedagógico, origem das grandes li- nhas para o Plano Escolar e o verdadeiro trabalho coletivo. Faz-se necessária a realização de uma discus- são franca e honesta do coletivo, sobre os acertos e as falhas, sem subterfúgios, uma vez pretenderem todos uma melhoria do trabalho em sala de aula. Trabalhando pela sua conquista. 6 Conhecimentos Específicos - Perguntas pertinentes: a) Com que clientela a escola trabalha? De acordo com os dados coletados saber-se-á a origem socioeconômica das famílias e sua expectativa em relação à escola e às carências intelectuais entre grupos de alunos, que precisarão ser levadas em conta para recuperar, minimamente, as defasagens de aprendizado desses discentes ao se elaborar o planejamento dos conteúdos. - Que alunos apresentam deficiências crônicas? - Que alunos foram promovidos com profundas defasagens no ano. - Que a escola fez, no ano, por esses alunos? - Que fará com eles no ano seguinte? - Conhecemos realmente o "novo" aluno da escola pública? Nem sempre é fácil lidar com determinados discentes, todavia mesmo o aluno rebelde respeita o profes- sor competente e afetivo. b) Análise dos dados de aproveitamento de cada série (avaliação interna), confrontados com os resultado do SARESP (avaliações externas) e do ENEM. Essa confrontação é relevante no sentido de discutir com o corpo docente as diferenças entre essas avaliações. Refletir o coletivo sobre tão profundas diferenças de aproveitamento poderá levar a respostas, apontando pistas para mudanças qualitativas no processo pe- dagógico da unidade. Eis as primeiras questões a serem respondidas pelo coletivo ao iniciar a elaboração do Projeto Pedagógi- co. Fica claro que, os alunos promovidos com defasagens profundas devem ter um tratamento especial para que recuperem ainda que, minimamente, os conteúdos significativos não apreendidos. Em função dessas defasagens, não seria interessante o Projeto Pedagógico prever a recuperação paralela desses alunos desde o início do ano? 2. Construir o trabalho coletivo – meta fundamental - Conceituação do trabalho coletivo Perguntas pertinentes: a) O que se entende por trabalho coletivo? b) Seria possível um trabalho otimizado sem a cooperação de todos? O que se nota de maneira geral nas escolas é um trabalho individualizado, de tal maneira que cada pro- fessor o realiza isoladamente, não sabendo cada um o que os demais estão fazendo, mesmo os da mes- ma disciplina. Trabalho coletivo significa pois a integração de todos os docentes, ajudando-se mutuamente em direção a objetivos bem definidos em busca de um trabalho de qualidade em todas as disciplinas. Efetivamente, o trabalho coletivo não é algo que se desenvolve espontaneamente. Serão necessários mecanismos de con- trole das ações para se chegar à qualidade de ensino estabelecida pelo grupo. Controle esse que será exercido nas HTPCs, balizando as etapas a serem vencidas. Trabalho coletivo significa pois a integração de todos os docentes, ajudando-se mutuamente. 3. Como trabalhará o coletivo? Buscará elevar o nível de aprendizagem de acordo com as possibilidades e ritmo de cada grupo de alunos em todas as disciplinas (meta importantíssima e inegociável). 4. Como elevar o nível de aprendizagem? Por meio: a) fundamentalmente, do desenvolvimento de "habilidades" entre os alunos que explicitaremos, mais de- talhadamente, ao analisarmos as metas a serem alcançadas; Trabalhando pela sua conquista. Conhecimentos Específicos 7 b) de conteúdos mínimos significativos, nos quais fiquem expressos os conceitos básicos de cada unidade de estudo das disciplinas. Esse trabalho implicará na reflexão do docente sobre o planejamento dos con- teúdos com base no diagnóstico das séries. Perguntas pertinentes: - O que vou desenvolver sobre esses conteúdos? - Para quem vou desenvolver esses conteúdos? - Por que vou desenvolver esses conteúdos? - De que maneira vou desenvolver esses conteúdos? - Como vou verificar a aprendizagem desses conteúdos, desconsiderando o aspecto punitivo da aprendi- zagem (avaliação)?; c) da aproximação das vivências dos alunos com esses conteúdos, tanto quanto possível, aproveitando as informações, que eles absorvem dos meios de comunicação escritos e televisivos, de seu ambiente e do ambiente escolar, etc; d) de aulas bem preparadas com começo, meio e fim (vide a matéria "A Aula"), na qual o aluno tenha claro o que vai apreender (objetivos – que não devem ser muitos) e o sentido desse conteúdo. Aulas que tenham um mínimo de motivação para não entediar os alunos. Aulas improvisadas ou não preparadas, com utilização intensiva do livro didático é o primeiro passo para o tédio do aluno e os conflitos com o professor. Uma das alternativas para levar os professores a prepararem suas aulas seria reservar um es- paço nas HTPCs para fazê-los relacionar conteúdos, objetivos e estratégias, que serão utilizadas durante a semana. Seria uma forma de o corpo docente e a coordenação exercerem ações de controle sobre o que projetaram, durante o planejamento, tanto do ponto de vista do Projeto Pedagógico como do Plano Escolar; e) do diálogo constante com os alunos, mesmo com os mais rebeldes, valorizando suas realizações mais irrelevantes no sentido de elevar-lhes a autoestima; buscarem compreender lhes os problemas. Criar formas de valorizar o aluno rebelde é dar-lhe funções específicas durante a aula, como por exemplo se- cretariá-la, anotando no quadro negro algumas passagens sobre o conteúdo que o professor está expon- do; fazê-los coordenaro trabalho de grupo se se tratar de atividade em equipe entre outras ações que o professor poderá criar para fazer com que esse aluno se sinta útil (Excluídas fiscalizações sobre colegas que não estão realizando tarefas, anotações sobre os mais falantes da classe etc. Ações essas altamente deseducativas, mas muito usadas por alguns professores, mormente no Ciclo 1); f) do trabalho em equipe, no qual os grupos tenham sempre que resolver algum problema proposto pelo professor. Formar grupos para realizar trabalhos que não exijam reflexão e descoberta não tem nenhum sentido e não leva a nada; g) de pesquisa baseada em bibliografia específica, que não seria uma simples reprodução de informações contidas em jornais, revistas, enciclopédias, dicionários e manuais . A pesquisa só tem sentido se resultar em descoberta para o aluno. Por outro lado, não tem sentido o professor determinar pesquisas, se ele próprio ignora a fundamentação delas; h) de aulas (mormente, nas áreas de ciências humanas), nas quais se desenvolvam discussões políticas, sociais, econômicas e culturais através de simpósios, painéis de discussão, seminários (aproveitando no- ticiários de televisão, de jornais e de revistas) sobre temas que incutam no aluno o conceito de cidadania e valores (direitos e deveres, preservação do meio ambiente, respeito pelo patrimônio público, solidarie- dade, sexualidade, etc. (temas transversais); i) da integração das disciplinas pela coordenação de áreas, demonstrando as relações entre os conteú- dos, ou seja, a integração das disciplinas a partir de um tema específico (interdisciplinaridade-vide maté- ria específica neste manual), o que seria um passo a mais para o trabalho coletivo na medida em que todos os professores estariam envolvidos; estabelecimento de mecanismos de acompanhamento dessa integração; j) da demonstração de que o professor gosta de seus alunos, expressa pelo diálogo e pela afetividade para com eles. O bom relacionamento professor- aluno é o primeiro passo para o aprendizado. Nem sempre é fácil lidar com determinados discentes, todavia mesmo o aluno rebelde respeita o professor competente e afetivo; k) Do entrosamento família- escola, ajudando-se mutuamente, principalmente naquilo que os pais podem fazer quanto ao estudo do aluno em casa e no cumprimento das tarefas escolares (preocupação em envi- Trabalhando pela sua conquista. 8 Conhecimentos Específicos ar o aluno à escola com o material necessário às aulas, estabelecimento de horas específicas de estudo em casa). Sabe-se que os alunos, costumeiramente, não trazem material para as aulas de inglês e edu- cação artística etc. Nesse aspecto, algumas assembleias de pais, convocadas pela direção, ao longo do ano, com o comparecimento dos professores contribuiria para esse entrosamento. O aprofundamento dessas discussões no Conselho de Escola seria relevante. Dificilmente, haverá integração escola- comunidade, se o coletivo docente não se habituar a trocar ideias com os pais. A falta de entrosamento, entre pais e professores, debatendo democraticamente os fatos escolares, determina um certo receio dos docentes em comparecer a essas reuniões, quase sempre realizadas pela iniciativa de muitos diretores interessados nessa integração. É preciso acabar com essa separação pais-professores. Nenhum Projeto Pedagógico terá sucesso sem a integração escola-comunidade; l) de atividades extraclasse : confecção do jornal da escola (elaborado nos computadores); visitas a mu- seus; concursos literários; assistência a peças de teatro na escola ou fora dela, que poderá ensejar a cri- ação de grupos de teatro na unidade; campeonatos intercalasses aos sábados, se os professores de edu- cação física se dispuserem a comparecer, entre outras que poderão ser sugeridas durante o planejamen- to. A frequência irregular do professor gera problemas de toda ordem na escola. Como se pode observar, uma série de metas estão delineadas na exposição acima. Cada escola terá suas peculiaridades e as metas a serem estabelecidas a partir do Projeto Pedagógico, deverão estar em con- sonância com suas características. Devem-se estabelecer metas factíveis de serem alcançadas pela esco- la e pelos professores, individualmente, em suas disciplinas e que não deverão ser muitas. METAS A SEREM ALCANÇADAS DO PONTO DE VISTA FORMATIVO 1. Introjeção dos conceitos de cidadania, solidariedade, companheirismo etc. O conceito de cidadania a ser incorporado pelos alunos será trabalhado, inicialmente, mediante a valori- zação da imagem do professor- ser humano pleno de defeitos e virtudes. Mas isso não vem ao caso quando se trata de educar. O professor deve ter a imagem de educador. Evidentemente, não terá a ima- gem de educador aquele que: a) não respeita seus alunos como seres em formação, sujeitos, pois, a uma série de atitudes contraditó- rias, quase sempre interpretadas à luz de velhos preconceitos; b) falta, excessivamente, às aulas levando os alunos a uma falsa imagem do coletivo docente. Inassidui- dade, que provoca a ociosidade dos alunos ao longo do ano letivo. A frequência irregular do professor gera problemas de toda ordem na escola, desde a descontinuidade do processo pedagógico a distorções do conceito de cidadania, ou seja, a negação do direito de o aluno receber um ensino de qualidade. Gera o desprestígio da escola junto à comunidade e à ideia de que as aulas não têm qualquer importância. Muitos professores poderão alegar que não faltam por vontade própria, mas por motivos plenamente jus- tificados. Nesse caso, o coletivo deverá formular propostas, que possam minimizar, ou mesmo superar, o problema da inassiduidade, de tal maneira que não haja prejuízo aos alunos (sobre esse aspecto, existe um projeto de Decreto criando a função de estagiário para o Ciclo II e Ensino Médio que, se aprovado, poderá minimizar os problemas ligados à ausência do professor às aulas); As HTPCs deverão estar, em grande parte, voltadas para o acompanhamento daquilo que o coletivo se propôs a realizar. c) não valoriza o trabalho do aluno, preferindo o silêncio ou a recriminação face aos tropeços deste ou daquele discente. Os alunos precisam de incentivo e estímulo. O elogio do professor gera entusiasmo e segurança entre eles. Toda e qualquer realização do aluno deve ser elogiada. A recriminação às realiza- ções do discente deve ser banida da sala de aula, pois gera insegurança e desânimo entre os menos do- tados. 2. Respeito pelo patrimônio público. Pichações em carteiras e paredes do estabelecimento, vandalismo em banheiros com destruição de tor- neiras portas e fechaduras, tão comuns nas escolas de hoje, etc., merecem o estabelecimento de metas para solucionar ou, pelo menos, minimizar o problema. Do ponto de vista informativo: - cada professor, em sua disciplina, estabelecerá metas a serem alcançadas com os conteúdos "significa- tivos" que vai ministrar. Leve-se em conta que, fundamentalmente, o aluno deve ser levado a "aprender Trabalhando pela sua conquista. Conhecimentos Específicos 9 a apreender" ou seja deve ser levado a incorporar "habilidades". A meta ligada à incorporação de habili- dades pelos alunos deve ser inegociável, posto que, constitui o principal fundamento da aprendizagem; - desenvolver habilidades em Língua Portuguesa significará dotar o aluno da capacidade de se exprimir por escrito e oralmente com correção, interpretar textos, etc.; o que o habilitará ao bom desempenho em outras disciplinas. Mas, para a consecução dessa meta, será necessária uma série de ações que o profes- sor de Língua Portuguesa deverá por em prática, quais sejam: programas de leitura, redações com auto avaliação do aluno a partir de um texto escolhido aleatoriamente entre os alunos, que o professor irá dis- cutindo com a classe eventuais falhas apresentadas naquela redação, estímulo à escrita com sistemáticos concursos literários, a elaboração do jornalda classe ou da escola entre outras ações que o professor po- derá criar para fazer com que o aluno exercite a Língua Pátria. Essas ações deverão ser avaliadas, siste- maticamente, para que o professor possa perceber os progressos alcançados pelos alunos; A meta ligada à incorporação de habilidades pelos alunos deve ser inegociável. - desenvolver habilidades em geografia e história significará dotar o aluno do espírito crítico e compreen- são da realidade que o cerca e isso se conseguirá a partir de debates de temas sociais, econômicos políti- cos e culturais vinculados aos conteúdos, extrapolando-os para os grandes problemas nacionais e inter- nacionais do momento dos quais o discente tem algum conhecimento pelas informações obtidas nos mei- os de comunicação; - desenvolver habilidades em educação artística significará levar o aluno a compreender e sensibilizar-se com manifestações vinculadas à música (popular e erudita) e que será incutida por constantes audições, apreciação das artes plásticas (pintura, escultura e arquitetura) nas quais o professor seja capaz de reve- lar ao aluno as características dessas obras (nesse aspecto, a TV Cultura oferece vídeos sobre História da Arte, a preços módicos, que podem ser adquiridos com verbas da APM e do Estado. São programas bas- tante acessíveis aos alunos do Ciclo II e Ensino Médio). O mesmo procedimento será levado a efeito, em nível de habilidades, nas demais disciplinas. Dentre as metas essenciais a serem estabelecidas pelo coletivo, será relevante a que se refere à aula com começo, meio e fim, para se obter uma aprendizagem concreta dos conceitos básicos dos conteúdos, por meio de estratégias motivadoras, que levem o aluno a se interessar pelo que está sendo ministrado. Explicar ao aluno o sentido e a importância desses conteúdos (inserido tanto quanto possível na realidade e vivências do discente), será fundamental. A não-interiorização dos conceitos básicos, por todos os alu- nos, implicará na recuperação contínua envolvendo o reforço na própria aula, o que garantirá a aprendi- zagem e a eliminação de lacunas, assim como a recuperação paralela, realizada em período diverso das aulas. A AVALIAÇÃO DO PROJETO O Projeto Pedagógico deve ser avaliado permanentemente e, dentro da realidade de nossas escolas, es- ses momentos deverão se concretizar nas HTPCs. Assim as HTPCs deverão estar, em grande parte, vol- tadas para o acompanhamento daquilo que o coletivo se propôs a realizar, acompanhamento esse, que suscitará, em muitos momentos, a necessidade de capacitação, à medida em que determinados docentes apresentem dificuldades em realizar as ações que planejaram, até mesmo, por não dominarem com se- gurança determinados conteúdos, metodologias motivadoras, formas de relacionamento adequadas às classes. Nesses momentos é que se colocará à prova o trabalho coletivo consubstanciado na troca de ex- periências, no interesse em discutir com franqueza e honestidade as dificuldades a serem superadas por este ou aquele docente com o auxílio de todos, etc. Assim, verificar, passo a passo, se os objetivos a que todos se propuseram, estão sendo alcançados, garantirá o sucesso do Projeto Pedagógico. Projeto Pedagógico e Plano da Escola Das linhas gerais estabelecidas pelo Projeto Pedagógico e as Metas a serem alcançadas surgirá o Plano de Escola, no qual estarão inseridos o Plano de Curso (conjunto de ações que a escola irá realizar) e o Plano de Ensino, no qual os professores das diversas áreas relacionarão os conteúdos e metas estabelecidas para cada disciplina. Tudo isso deverá ser registrado. Esse registro esclarecerá o ponto de partida e o de chegada sobre o que escola quer alcançar, em seu todo e em cada disciplina, as ações a serem desenvol- vidas, a duração prevista para cada uma delas, o acompanhamento e avaliação dessas ações e seu re- planejamento, se os objetivos não forem alcançados. RESUMINDO: O Plano da Escola deve assegurar educação de qualidade para os membros da comunidade. 1 - O Plano da Escola é: Trabalhando pela sua conquista. 10 Conhecimentos Específicos - produto final do processo dinâmico que é o Planejamento. - o instrumento essencial da gestão da escola cujo objetivo é melhorar a qualidade de ensino e da apren- dizagem por meio do gerenciamento eficaz da inovação e mudança: * Como está a escola no momento? * Que mudanças precisamos fazer? * Como devemos gerenciar essas mudanças ao longo do tempo? 2 - O Plano da Escola compreende a política nacional de educação, as diretrizes da política es- tadual, as aspirações da comunidade, os objetivos e valores da escola e seus resultados atu- ais. 3 - O Plano da Escola é elaborado a partir da definição de prioridades, que serão selecionadas e planejadas em detalhe para o período de um ou mais anos e consolidados através de planos de ação. 4 - O Plano da Escola reflete, pois uma visão do futuro da escola. QUE É PLANO DE ESCOLA? O Plano da Escola é um recurso para colocar em prática os objetivos da educação nacional, adequando-os às situações regionais e locais e às necessidades específicas de cada escola; um conjunto de objetivos concretos e realistas; um plano preciso de ações coerentes, articuladas entre si, definidas a partir de ob- jetivos cujos resultados podem ser avaliados; um programa plurianual, contendo um cronograma com períodos estabelecidos para cada fase; um conjunto de atividades propostas pela comunidade escolar, com vistas a garantir maior eficiência escolar. O Plano da Escola permite uma abordagem abrangente e integrada de todos os aspectos da atividade escolar, compreendendo currículo e avaliação, capacitação de professores, administração e organização da escola, verbas e recursos. O Plano da Escola capta a visão da escola a longo prazo. A partir dessa visão, será possível estabelecer metas viáveis de curto prazo. OBJETIVOS DO PLANO DE ESCOLA O objetivo principal do Plano da Escola é explicitar os ideais de uma comunidade em relação a sua escola. O Plano delineia uma visão, isto é, pretende transformar um sonho em realidade por meio de um conjun- to de ações. Essa visão deve ser definida em termos de metas. Essas metas traduzem objetivos de me- lhoria nos seguinte aspectos: - processo ensino aprendizagem; - processo de organização do atendimento escolar; - gestão administrativa: pessoal, instalações físicas da escola; patrimônio; apoio ao aluno; - gestão financeira. ETAPAS DO PLANO DE GESTÃO DE ESCOLA - Diagnóstico. - Definição das metas e estabelecimento de prioridades. - Implementação de ações destinadas ao alcance das metas. - Avaliação do Plano. Trabalhando pela sua conquista. Conhecimentos Específicos 11 3. TEORIAS EDUCACIONAIS Há formas de cultura que são adquiridas fora da escola, fora de toda autoformação metódica e teo- rizada, que não são o fruto do trabalho do esforço, nem de nenhum plano: nascem da experiência direta da vida, nós a absorvemos sem perceber; vamos em direção a elas seguindo a inclinação da curiosidade e dos desejos; eis o que chamarei de cultura primeira‖. – Snyders (1988, p. 23). 1. Pressupostos iniciais Percebemos no momento atual um olhar positivo para aqueles que, de alguma maneira, contribuí- ram nas discussões sobre o processo de ensino- aprendizagem. Este foi, durante muito tempo, en- tendido como consequência natural do processo de ensino. Nem todos os teóricos, todavia, pensam dessa maneira. Tendo como pressuposto a Escola e sua ação em meio à sociedade; e, algumas das teorias educaci- onais, como pano de fundo, queremos fazer uma reflexão sobre o que se baseiam algumas dessas teorias, que aqui serão elencadas, para a nossa análise. Para tanto, temos alguns estudiosos que se posici- onam sobre a temática que envolve os processos de ensino-aprendizagem: Piaget, Henri Wal- lon, Vygotsky.Temos acima uma reflexão de Piaget e Vygotsky. Os debates dos dois teóricos nortearam (e ainda norteiam) muitos estudiosos modernos. Tratare- mos aqui de Vygotsky. 2. Vygotsky Lev Semenovich Vygotsky nasceu em 1896 na cidade de Orsha, na Rússia, e morreu em Moscou em 1934, com apenas 38 anos. Formou-se em Direito, História e Filosofia nas Universidades de Moscou e A. L. Shanyavskii, respectivamente. Por esses dados biográficos podemos perceber de iní- cio o pano de fundo que influenciou decisivamente a sua formação e o seu trabalho: a revolução rus- sa de 1917 e o período de solidificação que se su- cede. Vygotsky é um marxista e tenta desenvolver uma Psicologia com estas características. A esse respeito é necessário que se estabeleça de saída uma diferença fundamental entre o trabalho de Vygotsky e o trabalho de outros teóricos da formação de conceitos, como Piaget ou Ausubel: Vygotsky não deixou uma teoria acabada e pronta. Muito mais apontou caminhos a serem seguidos por outros pesquisadores, na forma de grandes linhas de pesquisa a serem desenvolvidas, do que sistematizou um corpo de conhecimentos a respei- to da mente humana. Outro ponto que também diferencia Vygotsky de outros teóricos, Piaget principalmente, é a sua preocupação com as situações de aprendizagem em sala de aula, o que o aproxima em certo senti- do de Ausubel. A teoria de Vygotsky chega ao ocidente através de dois livros básicos: Pensamento e Linguagem e A Formação Social da Mente (respectivamente Vygotsky 1993 e Vygotsky 1991). O primeiro tem a sua tradução feita do russo para o inglês apenas em 1962 e o segundo em 1978. Ambos não são livros completos no sentido de que são compila- ções de trabalhos esparsos, muitas vezes redun- dantes. Devido à doença de Vygotsky, que o levaria à mor- te com apenas 38 anos, o estilo nessas obras é bastante sintético e muitas vezes há apenas um delineamento de ideias. Dentro da própria União Soviética o trabalho de Vygotsky foi proibido por 20 anos. Daí para o Brasil se vão mais alguns anos e, portanto, somente na década de 90 Vygotsky aparece como um teórico da aprendizagem influ- ente na cena educacional brasileira. Qual a razão da importância crescente de Vygotsky no Brasil? Uma hipótese que podemos levantar é que Vygotsky fornece uma espécie de elo que faltava à teoria piagetiana, que havia sido o principal referencial ao longo da década de 80, com o meio social, vertente essa que, como já vi- mos, surge muito forte no cenário educacional brasileiro com a Pedagogia Crítica dos Conteúdos. Em Vygotsky o Homem é um ser social formado dentro de um ambiente cultural historicamente definido. Esse é o ponto fundamental da teoria de Vygotsky. Vygotsky é um psicólogo experimental. Esta é a característica básica de seu trabalho. Todas as su- as construções teóricas têm os experimentos como seu ponto de partida. Nos textos, no entanto, mui- tas vezes, os experimentos são apenas apontados ou são de terceiros. Outra característica de Vygotsky é ser um construtivista em oposição aos comportamentalistas do início do século XX, embo- ra já tenha sido apontado como neocomportamen- talista. O caráter processual do conhecimento é fortemen- te defendido pela Teoria Sócio-interacionista, de Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934), conhecida como histórico-cultural ou sócio-histórica, que en- fatiza a importância do meio social no desenvolvi- mento das estruturas psicológicas superiores, uma vez que ―(...) o aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vi- da intelectual daquelas que as cercam‖. (VYGOTSKY, 1991, p. 99). (itálico no original). Nos princípios do século passado, os psicólogos comportamentalistas (Pavlov e Watson) afirma- vam que o comportamento do Homem assemelha- Trabalhando pela sua conquista. 12 Conhecimentos Específicos va-se ao do animal, que funciona num esquema de estímuloresposta. Levantando-se contra esses, os gestaltistas (Wertheimer, Kohler, Koffka e Lewin) defendiam a ideia de que as funções psicológicas superiores – pensamento, linguagem e comporta- mento volitivo – não se estruturavam da mesma forma que as simples, resultado da maturação da base instintiva. Vygotsky (1991, p. 33), influencia- do pelo materialismo dialético de Marx e Engels, advogava que o contexto social, que é histórico, exerce grande importância no desenvolvimento das funções superiores humanas: Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social e, sendo dirigidas a objetos definidos, são refrata- das através do prisma do ambiente da criança. O caminho do objeto até a criança e desta até o ob- jeto passa através de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social. 3. Vygotsky e a Zona de desenvolvimento proximal: Conceito que define a distância entre o nível de desenvolvimento real de um indivíduo e que é de- terminado pela capacidade de resolver um pro- blema sem ajuda e o nível de desenvolvimento potencial, este determinado pela resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em conjunto com outro parceiro. É a gama de infor- mações que a pessoa detém e que lhe propicia a potencialidade de aprender, mas ainda sem haver completado o processo. Ou seja, os conhecimentos estão fora de alcance, mas podem ser alcançados. (a chamada ZDP). É algo semelhante a: o indivíduo não pode cons- truir conhecimento novo sem uma fundamentação, ou uma aprendizagem prévia. Lev Vygotsky afirma que o indivíduo não pode chegar a uma fase de aprendizagem sem algum um conhecimento ante- rior, de forma a ligar as partes e absorver o novo. A ZDP é equivocadamente entendida como um dos níveis de desenvolvimento. Contudo, se trata do setor intermediário do processo. Sendo o desen- volvimento potencial de valor desconhecido, já que não foi ainda atingido, Vygotsky defende que a sua identificação através do entendimento da ZDP. Premissa A: Desenvolvimento real é aquilo que o individuo sedimentou autonomamente. Premissa B: Desenvolvimento Potencial é a base no que o sujeito consegue resolver algo com ajuda. Conclu- são: A zona proximal fornece indicativos do poten- cial, possibilitando que os sistemas educativos atuem de forma processual e individual. A ZDP é a diferença entre a capacidade real, ou seja, aquilo que a criança ou adolescente é capaz de realizar sozinha (o) e aquilo que ela (e) é capaz de realizar com a colaboração e mediação de outra pessoa, sejam professores, ou os próprios amigos. 4. O Papel do Ensino Escolar, segundo Vygotsky Vygotsky distinguia diferenças nos conhecimentos construídos na experiência pessoal, concreta e co- tidiana das crianças, que dividiu assim: - Conceitos Cotidianos, ou Espontâneos; - Elaborados em Sala de Aula / Ensino Sistemático, ou Científicos. Este é o período da complementaridade do saber natural com saber técnico. Se a criança tiver sorte, sendo bem realista diante de nossa conjuntura, e for absorvida por um sistema escolar comprometi- do com o conhecimento, com pedagogia e menos com administração financeira e política, haverá boas chances de ela ser formada com um volume considerável de saberes. Traz de casa o saber do que é um ―calango, ca- rambolo‖ (um lagarto). Conhece o que faz e o que come. Quantas vezes balança a cabeça parecendo dizer ―sim‖ para o infinito. A escola o ensinará que tipo de animal é aquele. A classificação científica. É um animal de fato? É mamífero, ovíparo, verte- brado, quanto tempo vive em média, entre outras tantas informações. Ou seja, receberá muitas e muitas informações que a natureza não lhe pode dar, lembrando Rousseau e o homem no estadode natureza. Essas conceituações devem ser transmitidas com a máxima sabedoria, como alerta Rego: ―Portanto, um conceito não é aprendido por meio de um trei- namento mecânico, nem tão pouco pode ser me- ramente transmitido pelo professor ao aluno. O ensino direto de conceitos é impossível e infrutífe- ro‖. É um processo de formação que começa nas fases iniciais da infância, cujas funções intelectuais em combinação serão responsáveis pela formação da base psicológica que irão muito firmemente até a puberdade. O ambiente, a escola se insere nele, deve exigir o máximo possível dessa criança e depois, da mes- ma maneira, na condição de adolescente. Deve instigar e desafiar, exigir e estimular o intelecto para que esse processo não culmine em atraso intelectual de alguém não sujeitado a esses proce- dimentos. Os que nessa sistemática caírem terão ―estágios mais elevado de raciocínio‖ (REGO, 1985, Pág. 79). A capacidade potencial de gerar conceitos é o grande ganho nessa fase se atendi- das as solicitações descritas. Vygotsky alertava que os conceitos não eram completamente assimilados, mesmo num projeto modelo. No entanto, a sistemática em si propicia ao elemento (a criança) o acesso ao conhecimento acumulado e construído pelo homem no decorrer do tempo. Possibilita que os sensos críticos das crianças as situem no seu tempo e compare o que sabe através do mundo da natureza com o mundo científico e construam com isso suas próprias ―es- Trabalhando pela sua conquista. Conhecimentos Específicos 13 tradas mentais‖, ou ―processos metacognitivos‖, como ele preferia chamar. 5. Considerações finais A escola exerce grande influência no desenvolvi- mento das funções intelectual e social de seus alu- nos, que tornar-se-ão cidadãos críticos e conscien- tes. Essa interferência se dá de diversos mo- dos. Não se sabe, pelo menos não se tem um consenso, se Vygotsky é interacionista, sócio- interacionista ou, nenhum dos dois ou ainda, as duas correntes. As discussões são inacabadas. Então, a ZDP torna-se ponto de partida e espaço para que o professor se posicione como intermedi- ário. O conhecimento já pronto, Real, acabado em que os alunos trazem consigo, não se tem neces- sidade de aprofundamento/esforço para a aprendi- zagem. Aquilo, no entanto, que está em processo de aprendizagem deve ser aproveitamento para que o professor trabalhe seu aluno, propiciando o cogni- tivo discente, de maneira mais rápida e completa. Que estratégias então, ou de que maneira, deve se comportar o professor para que essa teoria defen- dida por Vygotsky tenha êxito? Até que ponto ela ajuda? Ela é eficaz? Há falhas? Ficam aqui as indagações acima. Com certeza, como professor já atuante em sala de aula, eu aproveito tudo àquilo que já é bagagem trazida pelo aluno como pressuposto para encaminhamen- to e desenvolvimento cognitivo do discente. 4. CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS. Concepção sobre os processos de desenvolvimento e aprendizagem VEJA A QUESTÃO DE CONCURSO: 1. Vigotski afirma que a atividade responsável pela diferenciação histórica entre o homem e as outras espécies foi: a) A guerra b) O trabalho c) A linguagem d) A brincadeira 2. Qual dos termos abaixo não pertence ao conjunto de princípios responsáveis pelos processos de de- senvolvimento e de aprendizagem, para Piaget? a) Controle b) Assimilação c) Acomodação d) Equilibração1 1 RESPOSTA: 1. B 2. A Trabalhando pela sua conquista. 14 Conhecimentos Específicos A noção de desenvolvimento está atrelada a um contínuo de evolução, em que nós cami- nharíamos ao longo de todo o ciclo vital. Essa evolução, nem sempre linear, se dá em diversos campos da existência, tais como afetivo, cogniti- vo, social e motor. Este caminhar contínuo não é determinado apenas por processos de maturação biológicos ou genéticos. O meio (e por meio entenda-se algo muito amplo, que envolve cultura, socieda- de, práticas e interações) é fator de máxima im- portância no desenvolvimento humano. Os seres humanos nascem ―mergulhados em cultura‖, e é claro que esta será uma das principais influências no desenvolvimento. Pela interação social, aprendemos e nos desenvolvemos, criamos novas formas de agir no mundo, ampliando nossas ferramentas de atuação neste contexto cultural complexo que nos recebeu, durante todo o ciclo vital. Para os teóricos Construcionistas, tendo como ícone Piaget, o desenvolvimento é cons- truído a partir de uma interação entre o desen- volvimento biológico e as aquisições da criança com o meio. Temos ainda uma abordagem So- ciointeracionista, de Vygotsky, segundo a qual o desenvolvimento humano se dá em relação nas trocas entre parceiros sociais, através de processos de interação e mediação. Para os teó- ricos Construcionistas, tendo como ícone Pi- aget, o desenvolvimento é construído a partir de uma interação entre o desenvolvimento biológico e as aquisições da criança com o meio. Temos ainda uma abordagem Sociointeracionista, de Vygotsky, segundo a qual o desenvolvimento humano se dá em relação nas trocas entre par- ceiros sociais, através de processos de interação e mediação. Vygotsky construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como re- sultado de um processo sócio histórico, enfati- zando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria consi- derada histórico-social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Uma ideia central para a compreensão de suas concepções sobre o desenvolvimento hu- mano como processo sócio histórico é a ideia de mediação. Enquanto sujeito do conhecimento o homem não tem acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, através de recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos de que dis- põe, portanto enfatiza a construção do conheci- mento como uma interação mediada por várias relações, ou seja, o conhecimento não está sen- do visto como uma ação do sujeito sobre a reali- dade, assim como no construtivismo e sim, pela mediação feita por outros sujeitos. O desenvolvimento sociocultural do indiví- duo é o desenvolvimento de um indivíduo histó- rico, portanto situado na história social humana. Para que esse desenvolvimento ocorra é neces- sário que o indivíduo se aproprie dos produtos culturais, tanto aqueles da cultura material como aqueles da cultura intelectual. Essa apropriação da cultura pela criança é mediatizada pelos adul- tos que já se apropriaram da mesma cultura, isto é, o processo de apropriação é um processo mediatizado, um processo que exige a interação entre adultos e crianças Nessa concepção vigotskiana do desenvol- vimento da personalidade através do conheci- mento mais profundo da realidade objetiva, in- cluídas nesta as ações realizadas pelos seres humanos e pelo próprio indivíduo em desenvol- vimento, evidencia-se a importância da educa- ção escolar, da transmissão do saber objetivo pelo trabalho educativo na escola. Ao conseguir que o indivíduo se aproprie desse saber, conver- tendo-o em "órgão de sua individualidade" (se- gundo uma expressão de Marx), o trabalho edu- cativo estará possibilitando que o indivíduo pos- sa ir além dos conceitos cotidianos, possa ter esses conceitos superados por incorporação pe- los conceitos científicos e assim possa conhecer de forma mais concreta, pela mediação das abs- trações, a realidade da qual ele é parte. Conforme PIAGET, "primeiramente gos- taria de tornar claro a diferença entre dois problemas: o problema do desenvolvimen- to em geral, e o problema da aprendiza- gem. Penso que estes problemas são muito diferentes, ainda que algumas pessoas não façam esta distinção.” O desenvolvimento do conhecimento é um processo espontâneo, ligado ao pro- cesso global da embriogênese. A embriogê- nese diz respeito ao desenvolvimentodo corpo, mas também ao desenvolvimento do sistema nervoso e ao desenvolvimento das funções men- tais. No caso do desenvolvimento do conheci- mento nas crianças, a embriogênese só termina na vida adulta. É um processo de desenvolvi- mento total que devemos resituar no contexto geral biológico e psicológico. Em outras pala- vras, o desenvolvimento é um processo que se relaciona com a totalidade de estruturas do conhecimento. A aprendizagem apresenta o caso oposto. Em geral, a aprendizagem é provocada por situações - provocada por um experimenta- dor psicológico; ou por um professor, com referência a algum ponto didático; ou por uma situação externa. Ela é provocada, em geral, como oposta ao que é espontâneo. Além disso, é um processo limitado a um proble- ma simples ou uma estrutura simples. Assim, o desenvolvimento explica a aprendizagem, e esta opinião é contrária a opinião amplamente sustentada de que o de- senvolvimento é uma soma de unidades de experiências de aprendizagem. Para alguns psicólogos o desenvolvimento é reduzido a uma série de itens específicos aprendidos, e então o desenvolvimento seria a soma, a acumulação dessa série de itens específicos. Na realidade, o desenvolvimento é o processo essencial e cada elemento da aprendizagem ocorre como uma função do desenvolvimento total, em lugar de ser um elemento que explica o desenvolvimento. Para compreender o desenvolvimento do conhecimento, devemos começar com uma ideia que parece central para -- a ideia de uma opera- ção. O conhecimento não é uma cópia da reali- dade. Para conhecer um objeto, para conhecer Trabalhando pela sua conquista. Conhecimentos Específicos 15 um acontecimento não é simplesmente olhar e fazer uma cópia mental, ou imagem, do mesmo. Para conhecer um objeto é necessário agir sobre ele. Conhecer é modificar, transformar o objeto, é compreender o processo dessa transformação e, consequentemente, compreender o modo co- mo o objeto é construído. Uma operação é, as- sim, a essência do conhecimento. É uma ação interiorizada que modifica o objeto do conheci- mento. Por exemplo, uma operação consistiria na reunião de objetos em uma classe, para construir uma classificação. Ou uma operação consistiria na ordenação ou colocação de coisas em uma série. Ou uma operação consistiria em contagem ou mensuração. Em outras palavras, é um grupo de ações modificando o objeto, e possibilitando ao sujeito do conhecimento alcan- çar as estruturas da transformação. Conforme KAHHALE, (2002)2: Entendemos que o homem se constitui historicamente enquanto homem porque se constitui em sociedade transformando a nature- za para produção de sua existência. Neste pro- cesso produz bens materiais e espirituais, ou seja, produz objetos e ideias. O conjunto de ideias produzidas pelo ho- mem inclui crenças, valores e conhecimentos de toda ordem. As ideias e conhecimentos produzi- dos em um determinado momento histórico re- fletem a realidade desse momento histórico. Es- sas ideias, por sua vez, orientam a ação dos homens e, nesse sentido, modificam e desenvol- vem a ação, processo no qual também é modifi- cadas. Trata-se de um processo contínuo de re- lação, que ocorre de forma dialética, expressan- do a unidade contraditória entre real e racional, numa perspectiva materialista. Isto significa en- tender que, embora as ideias tenham seu pró- prio movimento, que deve ser descrito e anali- sado a partir da comparação de diferentes auto- res, conceitos, representações, na sua contrapo- sição e desenvolvimento, tal movimento deve, por outro lado, ser sempre situado na sua rela- ção com o movimento da base material e, em última instância, como representação dela.‖ É necessário lembrar que nem sempre aquilo que o sujeito faz (desempenho ou com- portamento), reflete na íntegra, aquilo que ele aprendeu (o conhecimento) e menos ainda corresponde a uma medida exata do que poderia fazer em condições ideais (sua capacidade). Conforme VYGOTSKY. L.S. IN.: Formação social da mente. Martins Fontes. São Paulo. 2007. Interação entre aprendizado e desen- volvimento Para Vygotsky, as concepções sobre a re- lação entre os processos de aprendizado e de- senvolvimento reduzem-se a três posições teóri- cas, todas por ele rejeitadas: 1ª. Parte da premissa que o aprendizado segue a trilha do desenvolvimento, pressupondo que o desenvolvimento é independente do 2 KAHHALE, E. M. P. (Org.). A diversidade da psicologia: uma constru- ção teórica. São Paulo: Cortez, 2002. aprendizado. O aprendizado seria um processo externo que se utiliza dos avanços do desenvol- vimento mas não o impulsiona nem altera seu curso. O desenvolvimento (ou maturação) é considerado pré-condição para o aprendizado e nunca o resultado dele. Se as funções mentais de uma criança não amadureceram o suficiente para aprender um determinado assunto, ne- nhuma instrução se mostrará útil. Piaget seria representante desta linha; 2ª. Postula que aprendizagem é desenvol- vimento. O desenvolvimento é visto como o do- mínio dos reflexos condicionados. A diferença com relação ao primeiro grupo relaciona-se ao tempo. Para os primeiros, o desenvolvimento precede a aprendizagem. Para estes, os dois processos são simultâneos. James representa esta linha; 3ª. Tenta superar os extremos das duas primeiras, combinando-as. Para os defensores desta linha (Koffka, gestaltistas), o desenvolvi- mento se baseia em dois processos diferentes (maturação e aprendizado), porém relacionados e mutuamente dependentes, sendo que um in- fluencia o outro. Assim, a maturação (desenvol- vimento do sistema nervoso) torna possível o aprendizado e este estimula a maturação. As- sim, ao aprender determinada operação, a cri- ança cria estruturas mentais de um certo tipo independentemente dos materiais e elementos envolvidos. Portanto, o desenvolvimento é sempre um conjunto maior que o aprendizado. Segundo Vygotsky, essa discussão leva a um velho problema pedagógico: a relação entre disciplina formal e transferência de aprendiza- gem. Movimentos pedagógicos tradicionais tem justificado a ênfase em disciplinas aparentemen- te irrelevantes para a vida diária (línguas clássi- cas, por exemplo), por sua influência sobre o desenvolvimento global: se o estudante aumen- ta sua atenção ao estudar gramática latina, au- mentaria sua capacidade de focalizar atenção sobre qualquer outra tarefa. O pressuposto é que as capacidades mentais funcionam indepen- dentemente do material com que operam. Para o autor, Thorndike e Woodworth desmontaram esse argumento ao demonstrar, por exemplo, que a velocidade de somar números não está relacionada à velocidade de dizer antônimos. Zona de desenvolvimento proximal: uma nova abordagem Vigotsky apresenta uma nova posição com relação às três anteriores. O aprendizado, diz ele, começa muito antes de as crianças frequen- tarem a escola. Qualquer situação de aprendiza- do escolar leem uma história prévia. Por exem- plo, antes de aprender aritmética a criança já lidou com noções de quantidade, de adição e outras operações, de comparação de tamanhos etc. A diferença é que o aprendizado escolar es- tá voltado para a assimilação de fundamentos do conhecimento científico. Diz o autor: "Aprendi- zagem e desenvolvimento estão inter- relacionados desde o primeiro dia de vida da criança" (p. 95). O aprendizado escolar produz algo novo no desenvolvimento da criança, além Trabalhando pela sua conquista. 16 Conhecimentos Específicos da pura sistematização. Para esclarecer esse "algo novo", Vygotsky apresenta o conceito de zona de desenvolvimento proximal. Para ele, existem dois níveis de desenvolvimento: 1° - nível de desenvolvimento real, que é o resultado ou produto final de ciclos de desenvolvimento já completados. Por exemplo, a idade mental de uma criança medida numteste. Esse nível é dado por aquilo que a criança con- segue fazer por si mesma, isto é, pela solução independente de problemas. Ele caracteriza o desenvolvimento mental retrospectivamente. 2° - nível de desenvolvimento proxi- mal, que define as funções que estão em pro- cesso de maturação, o estado dinâmico de de- senvolvimento: é a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvi- mento potencial. O nível de desenvolvimento proximal é determinado através da solução de problemas sob a orientação de adultos e em co- laboração com companheiros mais capazes (quando o professor inicia a solução e a criança completa, por exemplo). Ele caracteriza o de- senvolvimento mental prospectivamente. Assim, aquilo que é zona de desenvolvi- mento proximal hoje será zona de desenvolvi- mento real amanhã. Ou, em outras palavras, o que a criança faz hoje com assistência, amanhã fará sozinha. O conceito de zona de desenvolvimento proximal leva a uma reavaliação do papel da imitação no aprendizado. Para Vygotsky, a imi- tação não é um processo meramente mecânico, uma pessoa só consegue imitar aquilo que está no seu nível de desenvolvimento. Por exemplo, se o professor usa material concreto para resol- ver um problema, a criança entende; caso ele utilize processos matemáticos superiores, a cri- ança não compreende a solução, não importa quantas vezes a copie. Uma consequência disso é a mudança nas conclusões que podem ser tiradas de testes di- agnósticos de desenvolvimento. A zona de de- senvolvimento real medida pelos testes orienta "o aprendizado de ontem", isto é, os estágios já completados, sendo, portanto, ineficaz para ori- entar o aprendizado futuro. A zona de desenvol- vimento proximal permite propor uma nova fór- mula: o bom aprendizado é aquele que se adian- ta ao desenvolvimento. Assim, para Vygotsky, o aprendizado desperta processos internos de de- senvolvimento que são capazes de operar so- mente quando a criança interage em seu ambi- ente e em cooperação com seus companheiros, uma vez internalizados, esses processos tor- nam-se aquisições independentes. A grande diferença do homem com o ani- mal é que este último não consegue resolver problemas de forma independente, por mais que seja treinado. Resumindo, para Vygotsky, os processos de desenvolvimento não coincidem com os pro- cessos de aprendizado. O desenvolvimento pro- gride de forma mais lenta e atrás de aprendiza- do. Organização dos conteúdos de aprendizagem Questão de concurso 1. Os conteúdos de Aprendizagem não se reduzem unicamente às contribuições das disciplinas ou maté- rias tradicionais. Dentro desse enfoque estão os estudos de Antoni Zabala no seu livro ―A prática Educati- va – como ensinar‖ (1998), o qual aponta a compreensão dos diferentes tipos conteúdos: Segundo Zabala (1998, p.41-46) (...) por conteúdos ______________se entende o conhecimento de acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares. Por aprendizagem dos conteúdos ________________ se entende ao conjunto de fatos, objetos ou símbolos que têm características co- muns. Já os conteúdos ________________incluem entre outras coisas as regras, as técnicas, os méto- dos, as destrezas ou habilidades e as estratégias. E por último os conteúdos _______________que en- globam uma série de conteúdos que por sua vez podemos agrupar em valores, atitudes e normas. A alternativa que apresenta a sequência correta é: A. factuais, conceituais, procedimentais e atitudinais. B. factuais, conceituais, atitudinais e procedimentais. C. atitudinais, factuais, procedimentais e conceituais. D. conceituais, factuais, procedimentais e atitudinais. E. N.D.A. (Nenhuma das Alternativas Anteriores). 3 Para ZABALA, quanto aos conteúdos da aprendizagem, seus significados são ampliados para além da questão do que ensinar, encontrando sentido na indagação sobre por que ensinar. Deste modo, acabam por envolver os objetivos educacionais, definindo suas ações no âmbito concreto do ambiente de aula. Esses conteúdos assumem o papel de envolver todas as dimensões da pessoa, caracterizando as seguintes tipolo- gias de aprendizagem: factual e conceitual (o que se deve aprender?); procedimental (o que se deve fa- zer?); e atitudinal (como se deve ser?). Existe uma relação entre o processo de apreensão e o tipo de conteúdo trabalhado; Zabala (1998)4 diferencia na aprendizagem as características de quatro tipos de conteúdos: os conteúdos factuais: conhecimentos de fatos, acontecimentos, situações, fenômenos con- cretos e singulares, às vezes menosprezados, mas indispensáveis, e cuja aprendizagem é verifi- cada pela reprodução literal; os conteúdos procedimentais: conjunto de ações ordenadas e com um fim, incluindo regras, 3 RESPOSTA: 1. A 4 Zabala, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998 Trabalhando pela sua conquista. Conhecimentos Específicos 17 técnicas, métodos, destrezas e habilidades, estratégias e procedimentos, verificados pela reali- zação das ações dominadas pela exercitação múltipla e tornados conscientes pela reflexão sobre a própria atividade; os conteúdos atitudinais: que podem ser agrupados em valores, atitudes e normas, verifica- dos por sua interiorização e aceitação, o que implica conhecimento, avaliação, análise e elabo- ração; e a aprendizagem de conceitos (conjunto de fatos, objetos ou símbolos) e princípios (leis e regras que se produz num fato, objeto ou situação) possibilita elaboração e construção pessoal, nas interpretações e transferências para novas situações. Cada uma dessas aprendizagens exige rotina, pois não ocorrerão de forma espontaneísta ou mági- ca, além de exigir, em virtude da intencionalidade e da busca do êxito contidos na ensinarem, a escolha e a execução de uma metodologia, que se operacionaliza nas estratégias selecionadas, que seja adequada aos objetivos, aos conteúdos do objeto de ensino e principalmente aos estudantes. Cabe ao professor planejar e conduzir esse processo contínuo de ações que possibilitem aos estu- dantes, inclusive aos que têm maiores dificuldades, irem construindo, agarrando, apreendendo o quadro teórico-prático pretendido, em momentos sequenciais e de complexidade crescente. Essas atividades de ensino e de aprendizagem deverão atender às características do Projeto Políti- co Pedagógico do curso, que se reflete na área de estudo, com seu conteúdo (seja factual, conceitual, procedimental, atitudinal) e, principalmente, nas características dos sujeitos do processo, podendo ser estratégias realizadas individual ou coletivamente e propostas para a sala de aula ou outros espaços. Es- paços onde coabitem tanto o dizer da ciência através ou não do dizer do professor, quanto à leitura da (e a ação sobre a) realidade, da qual o aluno, como futuro profissional, terá que dar conta, além dos recur- sos ambientais, tecnológicos, sociais, culturais, etc. Sabemos que o CURRÍCULO cerne da educação escolar, é um fenômeno histórico. Resultado de for- ças sociais, políticas e pedagógicas que expressa a organização dos saberes vinculados à construção de su- jeitos sociais. Nessa perspectiva, currículo é ação, é trajetória, é caminhada construída coletivamente e em cada realidade escolar de forma diferenciada. É um processo dinâmico, mutante, sujeito a inúmeras influências, portanto, aberto e flexível. Essa concepção de currículo veicula toda uma concepção de pessoa, sociedade, conhecimento, cultura, poder e destinação das classes sociais às quais os indivíduos pertencem, portanto, referida sempre a uma proposta político-pedagógica que explicita intenções e revela sempre graus diferen- ciados da consciência e do compromisso social. Quando definimos currículo estamos descrevendo a concretização das funções da própria escola e a forma particular de enfocá-las num momento histórico e social determinado, paraum nível ou modalidade de educação, e, ainda, no nosso caso, numa rede pública e institucional. Currículo é uma PRÁTICA E EXPRESSÃO DA FUNÇÃO SOCIALIZADORA E CULTURAL DE UMA INSTITUIÇÃO no conjunto de atividades mediante as quais um grupo assegura que seus membros adqui- ram a experiência social historicamente acumulada e culturalmente organizada. Os instrumentos cognitivos de natureza simbólica e seus usos e os processos psicológicos superiores, formam parte desta experiência. As atividades educativas adotam diferentes modos de organização social, segundo o volume e também o conteúdo concreto do legado cultural. É uma prática em que se estabelece um diálogo entre agentes, edu- candos e educadores. É importante lembrar aqui que as instituições escolares selecionam, organizam e divulgam determi- nados significados socioculturais, normas e valores que preservam e/ou problematizam a relação de domi- nação estabelecida na esfera do poder econômico. Desse modo, é preciso ver os envolvidos no processo curricular não apenas como sujeitos cognitivos, mas, também como sujeitos sociais. Nessa direção o currículo constitui-se não só nas oportunidades que a escola provêm, mas, igual- mente, no modo pelo qual o educando vive essas oportunidades, no sentido de ampliar sua maneira de ver o mundo. Assim, é sempre uma construção social, uma prática que revela seu compromisso com os sujei- tos, com a história, com a sociedade e com a cultura. Qualquer tipo de organização curricular possui um modelo pedagógico subjacente. O processo peda- gógico para uma Escola Cidadã deve contemplar, além de tudo, alguns temas que são geralmente excluídos do cotidiano das demais escolas, tais como CRITICIDADE, CRIATIVIDADE, CURIOSIDADE, CONFLITO, CONTRADIÇÕES DA REALIDADE, PROBLEMATIZAÇÃO, A CONSTRUÇÃO E A PROVISORIEDADE DO CONHECIMENTO, A AVALIAÇÃO EMANCIPATÓRIA, A DISTRIBUIÇÃO DEMOCRÁTICA E SOLIDÁ- RIA DO TEMPO NA ESCOLA, A GESTÃO COLETIVA DA VIDA ESCOLAR, etc. Nesse sentido, o currículo procura responder algumas perguntas fundamentais, o que ensinar, quan- do ensinar, como ensinar e da mesma forma o que, quando e como avaliar explicitando que futuro quere- mos construir. Acrescenta-se, ainda, a pergunta “COM QUEM”, PLANEJAR, ENSINAR E AVALIAR. Currículo e conhecimento são duas ideias indissociáveis, pois o currículo tem a ver com o processo pelo qual o indivíduo adquire, assimile e constrói conhecimentos em um tipo particular de experiências, proporcionada pela práxis da escola. Ressaltamos que, o conhecimento deve ser construído pelo grupo envolvido, e que a mudança no currículo só acontecerá se o professor desenvolver consciência política, competência técnica e visão coleti- va. Isso significa que não podemos nos limitar a discutir programas, conteúdos, grades e cargas horá- Trabalhando pela sua conquista. 18 Conhecimentos Específicos rias. Experiência dessa ordem já foram realizadas várias vezes, sem que de fato a escola tenha se trans- formado. Necessariamente, o que se busca com a nova organização curricular é a interrelação entre as áreas do conhecimento, entre essas e a sociedade mais ampla. Diante de uma nova perspectiva curricular, é preciso ter claro uma linha de ação que ofereça um ponto de partida sobre o qual “PLANO DE TRABALHO” de cada área de conhecimento se organizará. 5. MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM. O QUE É MEDIAÇÃO NO PROCESSO DE APRENDI- ZAGEM? É uma interação professor-aluno muito especial, a ponto de desenvolver o cérebro do aluno! An- tigamente o foco era simplesmente na aprendi- zagem de conteúdo, mas hoje deve ser diferen- te, pois os conteúdos estarão cada vez mais à disposição dos alunos. O foco atual deve ser no desenvolvimento da autonomia e da inteligência do estudante. QUAL É A IMPORTÂNCIA DO MEDIADOR PARA NOSSO APRENDIZADO? A falta de um mediador pode provocar a estag- nação do desenvolvimento da inteligência. Prova disso são as ―crianças lobo‖ que sobreviveram sozinhas na floresta. Ao serem resgatadas, pou- co conseguiram se desenvolver ou aprender. O motivo é que não tiveram um mediador consci- ente de suas funções. VOCÊ PODE CITAR 3 ELEMENTOS FUNDAMEN- TAIS PARA UMA BOA MEDIAÇÃO? Os três mais importantes são os que o próprio Feuerstein, autor da teoria da mediação, defen- de: Intencionalidade e reciprocidade, que é uma coisa só: o professor quer ensinar e conquista a vontade de aprender do aluno. A segunda é a transcendência, ou seja, aquilo que o aluno aprende em uma situação, consegue aplicar em qualquer outra. E a terceira é a mediação do significado, em que o professor ajuda o aluno a interligar as informações construídas. Um professor com essas características, já é um mediador. E se ele articular as outras 9 em sua forma de lecionar, será um mediador excelente. QUALQUER PESSOA PODE SER MEDIADORA EM UM PROCESSO DE APRENDIZAGEM? PROFESSOR, PAI, MONITOR…? Sim! Qualquer pessoa. Incluindo as crianças que podem sim mediar o conhecimento a outras ou até a nós adultos. Mediador é aquele que intera- ge de tal forma que faz a aprendizagem se tor- nar real, constante e autogeradora de novas. AUTODIDATAS NÃO TÊM MEDIADORES? PODE DAR 3 DICAS PARA AS PESSOAS QUE QUEREM APRENDER SOZINHAS? Um autodidata já teve tão bons mediadores que agora ele pode aprender sozinho. Quanto mais autodidata é alguém, melhor será seu desenvol- vimento, pois sabe aprender sozinho e, portan- to, desenvolver-se continuamente. A melhor forma de se tornar autodidata é escolher uma área da qual se gosta muito e ler, estudar a res- peito. Ser autodidata em áreas de que não se gosta é mais difícil, apesar de não ser impossí- vel. Infelizmente, a maioria das escolas não incenti- va o autodidatismo, como se tivessem medo de alunos que sabem mais que os professores. Pelo contrário, alunos que aprendem sozinhos podem aprofundar seu conhecimento com os professo- res, mesmo que seja ensinando-os a respeito do que estão aprendendo, já que ensinar aprofunda o conhecimento. A função principal do mediador é tornar-se cada vez menos necessário, ou seja, fazer com que o aluno possa caminhar sozinho. QUAL O PAPEL DO MEDIADOR NO DESENVOLVI- MENTO DE HABILIDADES COGNITIVAS EM ADULTOS? Praticamente fundamental. O mediador, pela sua forma de agir, acaba provocando, incentivando e motivando seus alunos a serem mais autôno- mos, o que desenvolve as funções cognitivas. A boa notícia é que novas conexões cerebrais po- dem se formar até o fim da vida, ou seja, nós adultos podemos continuar nosso desenvolvi- mento, desde que, logicamente, sejamos autô- nomos na aprendizagem de múltiplas áreas. Ser professor é muito mais do que expressar con- teúdos verbalmente, ou simplesmente passar fo- lhas xerocadas. Ser professor é ser um sujeito pesquisador, pensante, que planeja seus objetivos e os coloca em prática, de maneira que todos compreendam. Mas para isto, é necessário auto- disciplina. Planejar aulas que coincidem com a rea- lidade do aluno, com a bagagem de conhecimen- tos que o mesmo já possua, bem como, auto ava- liações que demonstram o que esta sendo com- preendido, para assim, avaliar nossos erros e cor- rigi-los. A ação de planejamento consiste em ação- reflexão, conversação com todos os segmentos escolares e familiares, grade curricular, plano polí- tico pedagógico, respeito às diferenças e as manei- ras de aplicar determinadas atividades para que se torne algo prazeroso e não obrigatório, desmoti- vando, talvez, os alunos a não participarem do Trabalhando pela sua conquista. Conhecimentos Específicos 19 restante da aula. Após uma extensa reflexão a cerca disto, formu- lamos o nosso plano de ensino diário, onde consta- rá os objetivos gerais, conteúdos, objetivos especí- ficos, atividades de rotina, desenvolvimento das atividades e materiais de uso e por fim, a avalia- ção. Nesta ultima ação, percebemos os avanços de cada aluno individualmente e de