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Fundamentos da extensão rural: 
conceitos, princípios e objetivos
APRESENTAÇÃO
Diante das preocupações com o rápido crescimento industrial, as transformações nas relações de 
trabalho e o empobrecimento das comunidades rurais, surgiu, nos Estados Unidos, a chamada 
sociologia da vida rural, que tinha por objetivo a concentração de esforços no sentido de buscar 
ações estratégicas com o intuito de apoiar as comunidades rurais necessitadas, através da oferta 
de conhecimentos acerca das produções e da melhoria da qualidade de vida do produtor rural, 
utilizando métodos de organização e educação.
Nos dias atuais, a extensão rural apresenta fundamental importância no desenvolvimento das 
atividades rurais. Mesmo atuando de diferentes formas no setor agropecuário, tanto a extensão 
rural como a assistência técnica são essenciais no progresso agrário, mas é preciso compreender 
seus fundamentos a fim de que sejam adotadas as estratégias adequadas para o objetivo que se 
deseja alcançar.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá a diferença entre extensão rural e assistência 
técnica e conhecerá mais sobre o papel da extensão rural e sua função no setor agropecuário 
brasileiro.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Determinar quais são os conceitos fundamentais para 
o extensionista.
•
Distinguir a extensão rural da assistência técnica.•
Reconhecer a importância e a função da extensão rural no contexto agropecuário 
brasileiro.
•
DESAFIO
O estado do Rio Grande do Norte é o maior produtor de camarão branco marinho do Brasil. A 
região apresenta clima e condições essenciais para o cultivo da espécie Litopenaeus vannamei. 
No entanto, com a chegada do vírus da mancha branca, doença que acomete esses animais e 
causa drásticas mortalidades em pouco tempo, muitos cultivos foram acometidos, e a população 
dos viveiros de camarões foi dizimada, gerando um enorme prejuízo aos produtores. 
Percebendo o que estava ocorrendo com Jonas e algumas outras propriedades, a EMATER do 
Rio Grande do Norte encaminhou um técnico de campo para verificar a situação do produtor e 
da região. O técnico de campo com experiência em cultivo de camarões marinhos é escolhido 
para avaliar o caso. Chegando na fazenda de Jonas, o técnico da EMATER observa que o 
modelo de cultivo utilizado e as práticas realizadas na fazenda comprometem o sucesso do 
sistema produtivo.
Considerando as novas tecnologias desenvolvidas para o cultivo de camarões marinhos, estas 
apresentam bons ganhos produtivos, diminuem a oferta de ração e disponibilizam um ambiente 
mais biosseguro aos animais. Sendo você o técnico de campo, como se utilizaria da extensão 
rural para transferir o conhecimento? Reflita sobre como abordaria o assunto com os produtores 
e incentivaria o investimento e os esforços nessa nova técnica de cultivo, descreva como faria na 
prática esse trabalho.
INFOGRÁFICO
Assim como novas tecnologias foram surgindo e aprimorando o processo produtivo ao longo 
dos anos, as metodologias utilizadas 
para a extensão rural também foram sendo modificadas. Com a evolução nos processos 
produtivos e as alterações na sociedade como um todo, também é preciso voltar os olhos às 
metodologias extensionistas, a fim de garantir sua efetividade para a sociedade. 
A avaliação constante de metodologias extensionistas faz-se necessária, visto que é partir dessa 
avaliação que se pode verificar a eficiência do método escolhido para determinado grupo de 
produtores rurais. E, com as mudanças nos tipos de metodologias adotadas, também é preciso 
alterar as formas de analisar se os métodos adotados estão sendo 
bem-sucedidos.
No Infográfico a seguir, você verá alguns exemplos de indicadores de sucesso na aplicação de 
metodologias de extensão rural em diferentes níveis de abordagem.
CONTEÚDO DO LIVRO
A extensão rural é uma atividade que vem, nas últimas décadas, sofrendo mudanças profundas 
em suas diretrizes e objetivos. Diferentes entidades da sociedade têm unido forças para levar o 
serviço ao patamar agroecológico, mas ainda há muitos entraves a serem vencidos.
No capítulo Fundamentos da extensão rural: conceitos, princípios e objetivos, da obra 
Assistência Técnica e Extensão Rural, você entenderá como os profissionais dos serviços de 
extensão rural são um elo entre os produtores rurais e os demais agentes da cadeia produtiva. 
Ademais, entenderá como as capacitações de extensionistas rurais mudaram de processos 
tecnicistas para processos dialógicos. Também compreenderá a diferença entre assistência 
técnica e extensão rural e quais os profissionais que atuam em cada atividade. Você sabia que o 
serviço de extensão rural é uma importante ferramenta de desenvolvimento? Siga em frente e 
descubra a seguir.
Boa leitura.
ASSISTÊNCIA 
TÉCNICA E 
EXTENSÃO RURAL
Eliziane Silva Vieira
Fundamentos da 
extensão rural: conceitos, 
princípios e objetivos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Determinar quais são os conceitos fundamentais para o extensionista.
  Distinguir a extensão rural da assistência técnica.
  Reconhecer a importância e a função da extensão rural no contexto 
agropecuário brasileiro.
Introdução
Neste capítulo, você compreenderá a importância do serviço de extensão 
rural e o papel do extensionista na difusão de tecnologias e inovações 
para o produtor rural. Conhecerá quais são as metodologias e abordagens 
comumente aplicadas e a relação com o profissional, além de entender 
como a formação do extensionista interfere na prestação de serviços de 
extensão rural através do perfil assumido pelos extensionistas. O capítulo 
tratará, também, da capacitação incipiente em diferentes áreas (técnica, 
humana e social) e da limitação no atendimento ao público rural.
A diferença entre os serviços de extensão rural e assistência técnica 
será abordada, expondo-se quem são os prestadores de cada modalidade 
de serviço, a influência de cada um sobre a difusão de conhecimento e 
tecnologias e qual seu público-alvo. A atuação dos serviços de extensão 
rural no Brasil, o perfil conservador das metodologias ainda utilizadas e 
os esforços para que os serviços de extensão rural sejam praticados com 
base em diretrizes agroecológicas também serão foco deste capítulo.
Atividade do extensionista rural
O ambiente rural é formado por distintos agentes infl uenciadores que tornam 
esse meio complexo. Além do próprio ambiente natural, as unidades agrícolas 
são compostas por seus agricultores, vendedores de insumos agrícolas, veteri-
nários, organizações ambientais, pesquisadores, técnicos extensionistas, etc. 
Dentre todos os profi ssionais que colaboram com o funcionamento de uma 
unidade agrícola, o técnico extensionista é o profi ssional que atua realizando 
a interação entre o produtor rural e demais profi ssionais. 
 O extensionista rural desempenha um papel educacional, que tem como 
objetivo a melhoria dos métodos e técnicas utilizadas nas unidades agrícolas 
visando à sustentabilidade econômica, produtiva e ambiental. Esse objetivo 
é alcançado através do entendimento da realidade do produtor rural por parte 
do extensionista, para que este saiba cuidadosamente transformar a realidade 
do sistema produtivo tornando-o mais eficiente. A transformação deve ser 
realizada através da educação do produtor para que não se crie uma relação 
de dependência pelo trabalho do extensionista. 
Considerado um agente transformador, o extensionista rural deve atuar 
divulgando oportunidades, conhecimento e tecnologias que viabilizem uma 
produção sustentável através do diálogo compreensível. A habilidade de comu-
nicação requerida pelo extensionista é a base para o processo de transformação 
do conhecimento dos produtores rurais, na tentativa de substituir saberes 
próprios, ou mesmo ultrapassados, por novos ou alternativos. 
A atividade educacional promovidapelo extensionista rural requer um 
processo de transformação constante, de atualizações e reflexões quanto ao 
saber. O profissional deve ter, além da capacitação técnica, um conhecimento 
aprofundado nas relações humanas e na percepção das realidades locais para ser 
capaz de desenvolver métodos que atendam aos objetivos a serem alcançados 
em cada sistema produtivo. 
Diferentes métodos são utilizados pelo serviço de extensão rural para 
atender as demandas do campo. São usadas metodologias individuais, grupais 
e de massa, e o uso de meios de comunicação, conforme o Quadro 1.
Fundamentos da extensão rural: conceitos, princípios e objetivos2
 Fonte: Adaptado de Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão 
Rural (2009); Petarly (2013). 
Individual Grupal Massa Meio de 
comunicação
Visita técnica Unidade de 
demonstração 
Concurso Rádio, TV
Contato direto Demonstração 
de resultados
Exposição Multimeios 
(e-mail, website)
Unidade de 
observação
Demonstração 
prática, de 
método ou 
de campo
Campanha Jornal
Reuniões Semana especial Videoconferência
Cursos Publicações 
educativas
Excursão
Dia de campo
Dia especial
 Quadro 1. Exemplos de metodologia aplicada pelos serviços de extensão rural 
As metodologias individuais visam a atender às demandas de menor 
abrangência, mas com grande eficiência no aprendizado e no aumento real 
da sustentabilidade de sistemas produtivos. Permite a troca de ideias entre 
extensionistas e produtores, possibilitando a identificação da situação da 
unidade agrícola e da própria comunidade rural. Já as metodologias grupais 
e de massa possibilitam atingir um número considerável de produtores de 
uma única vez, e, quando a orientação é bem aceita, as mudanças de prática 
se tornam possíveis.
O uso de meios de comunicação representa uma ferramenta significativa 
na atuação do extensionista rural. Isso se deve ao fato de que variados meios 
conseguem atingir um número significativo de produtores. Embora o contato 
não ocorra de forma direta, a rapidez da disseminação das mensagens e o baixo 
custo contribui para a comunicação de forma constante. Além dos meios de 
comunicação, as publicações educativas contribuem para popularizar diferentes 
temas, mensagens e processos técnicos (ASSOCIAÇÃO RIOGRANDENSE 
3Fundamentos da extensão rural: conceitos, princípios e objetivos
DE EMPREENDIMENTOS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO 
RURAL, 2009). 
Além das metodologias aplicadas no serviço de extensão rural, os tipos 
de abordagem também influenciam o processo educativo. De acordo com 
Petarly (2013), as abordagens são divididas em diretiva, reativa e interativa.
  Abordagem diretiva: o extensionista atua de forma passiva com os 
pesquisadores e de forma ativa com os agricultores, que recebem a 
informação do extensionista sem participar dos processos de resolução 
das demandas da unidade agrícola, cabendo ao mesmo apenas aceitar 
ou não as soluções apresentadas. O foco dessa abordagem é o processo 
produtivo.
  Abordagem reativa: o extensionista assume o papel de elaborar junto aos 
pesquisadores formas de solucionar os problemas da unidade agrícola. 
O agricultor participa do processo de identificação dos problemas, no 
entanto, ainda é dependente do extensionista. O foco dessa abordagem 
também é o processo produtivo, 
  Abordagem interativa: a relação entre extensionista e agricultor ocorre 
de forma horizontal. Nessa interação ambos atuam de forma ativa, 
identificando o problema e desenvolvendo soluções. A relação de de-
pendência entre agricultor e extensionista é reduzida. O foco dessa 
abordagem é o processo socioeconômico de produção.
Formação do extensionista rural
O extensionista rural é um recurso humano que utiliza recursos e processos 
técnicos para fomentar o desenvolvimento agrícola. Para tal, é necessário que 
o profi ssional esteja sempre preparado e atualizado para atingir os objetivos 
propostos. Ele deve ser capaz de comunicar-se com o produtor rural, ser 
especializado em todos os temas que englobam a produção rural, ser fl exível 
e trabalhar em equipe. 
A ação do extensionista rural no Brasil ainda é limitada devido à carência em 
capacitações que formem o profissional para desempenhar diferentes funções 
(educador, facilitador, motivador e fiscalizador). Essa falta de qualificação 
dificulta a relação entre o extensionista e o produtor rural. Além disso, a 
vivência prática do dia a dia de uma propriedade rural é parte fundamental 
da formação, para que o extensionista entenda os problemas e dificuldades 
vivenciadas.
Fundamentos da extensão rural: conceitos, princípios e objetivos4
Assim como o meio rural vem se desenvolvendo e se atualizando, o exten-
sionista rural também deve estar em sintonia com a evolução do conhecimento 
técnico e humano. Essas duas áreas de conhecimento são essenciais ao serviço 
de extensão rural e devem trabalhar em consonância. 
Na formação de profissionais da área de extensão rural é possível notar 
que ainda há um padrão predominantemente tecnicista com hiperespecializa-
ção disciplinar, que acaba reduzindo a interação dos saberes. As disciplinas 
deixaram de se comunicar entre si para ficarem focadas apenas no seu campo 
de domínio. Mesmo com o desenvolvimento de métodos didáticos de inte-
gração entre disciplinas para resolver os problemas da hiperespecialização, o 
aperfeiçoamento dos profissionais ainda apresentam limitações na integração 
das áreas técnica, humana e social.
  Multidisciplinaridade: uso de diferentes disciplinas sem qualquer in-
teração mútua para a resolução de um estudo.
  Interdisciplinaridade: associação de conteúdos de diferentes disciplinas 
com enriquecimento mútuo.
  Transdisciplinaridade: construção de um sistema de conhecimento 
plural sem fronteira entre as disciplinas (BICALHO; OLIVEIRA, 2011).
Muitas disciplinas ainda permanecem desconexas do contexto rural, isso 
ocorre pela resistência do meio acadêmico em integrar a aplicação de inovações 
tecnológicas com a realidade observada no campo. Outro problema na formação 
de extensionistas rurais é que as disciplinas de extensão rural regularmente 
são oferecidas ao final dos cursos de graduação, dificultando a correlação da 
extensão rural com as demais disciplinas (CALLOU et al., 2008).
Paulo Freire foi o precursor na crítica ao modelo educativo aplicado nos 
serviços de extensão rural do Brasil, bem como na proposta de um método de 
relação dialética entre extensionista e produtor para a construção de conhe-
cimentos apropriados a cada realidade. A partir desse momento, iniciativas 
foram tomadas para que a extensão rural fosse reestruturada e o serviço tivesse 
como foco a agricultura familiar e o desenvolvimento sustentável do campo, 
um enfoque agroecológico (CAPORAL; RAMOS, 2006).
É possível perceber algumas mudanças nas diretrizes de ação do extensio-
nista através da implementação da Política Nacional de Assistência Técnica e 
Extensão Rural (PNATER) no ano de 2003, pelo Ministério de Desenvolvi-
mento Agrário. O profissional que antes deveria atuar de forma linear, com 
objetivos definidos, agora deve atuar de forma multidirecional, buscando 
formas de mediar as diferentes realidades das comunidades rurais. 
5Fundamentos da extensão rural: conceitos, princípios e objetivos
Para que a implementação desse novo modelo de extensão rural chegue 
ao produtor rural é necessário que haja uma articulação entre o ensino, a 
pesquisa e a extensão a fim de que o serviço alcance os objetivos esperados.
Extensão rural e assistência técnica
Os conceitos de extensão rural e assistência técnica, embora muito simila-
res, são conceitos diferentes. Basicamente o que os diferencia é o caráter 
educacional da extensão rural, enquanto a assistência técnica possuiu um 
caráter prático, de auxílio, recomendação e até mesmo prestação de serviço. O 
extensionista tem a missão de transmitir o conhecimento, sem que o produtor 
se torne dependente do auxílio constante do profi ssional,ou seja, não deve 
haver uma relação de dependência. Já o assistente técnico deve acompanhar 
o progresso do sistema produtivo.
Os serviços de extensão rural atuam através de seu mediador, o extensionista 
rural, na busca de oportunidades e inovações passíveis de serem implementadas 
e no diagnóstico e resolução de problemas em cada unidade agrícola. Essa 
atuação possuiu uma função educativa, de levar o conhecimento científico 
para o público rural e gerar novas habilidades de atuação. O assessoramento 
técnico é feito basicamente por organizações públicas e atende prioritariamente 
o pequeno produtor rural.
Já os serviços de assistência técnica ocorrem quando os produtores estão ap-
tos a identificar e elaborar soluções, sendo necessário apenas um extensionista 
para resoluções de problemas pontuais, sem haver a necessidade de capacitar 
o produtor. Empresas privadas, como indústrias de insumos e equipamentos 
agropecuários, e empresas integradoras¹ prestam serviços que podem ser 
caracterizados como assistência técnica, devido às atividades oferecidas em 
vendas e pós-vendas e no público atingido, produtores patronais e empresariais.
Serviço de assistência técnica rural
A assistência técnica rural tornou-se uma atividade com potencial comercial a 
partir do momentos que as agências públicas começaram a apresentar limitações 
na sua atuação. Com os problemas ocorridos na década de 1990, devido à falta 
de investimos nos serviços de extensão rural por parte do estado, as atividades 
foram descentralizadas e as unidades agrícolas passaram a ser atendidas em 
parte por entidades privadas.
Fundamentos da extensão rural: conceitos, princípios e objetivos6
Essas entidades privadas, que prestam assessoria técnica mediante re-
muneração, tendem a atuar de forma seletiva, atendendo um público dife-
renciado, restringindo, assim, o domínio de informações agrícolas gerais e 
especializadas e de determinadas inovações tecnológicas, e desconsiderando 
benefícios sociais. 
Os profissionais das entidades privadas (vendedores, representantes, con-
sultores) que atendem ao produtor rural são chamados comumente de técnicos. 
Isso ocorre porque as entidades privadas querem passar a ideia de que o 
profissional atua com atribuições de um extensionista. Esses profissionais 
são continuamente capacitados e atualizados em treinamentos fornecidos 
pelas entidades privadas.
Considerando isso, com a criação da PNATER, novas orientações estratégi-
cas e metodológicas foram criadas para que as entidades privadas atendessem 
ao público rural, desde que seguindo a sua missão e seus objetivos. No entanto 
o que se observa é uma baixa liberdade do agricultor quando atendidos por 
entidades privadas. Indústrias de insumos privilegiam seus produtos e empresas 
integradoras limitam a escolha das inovações tecnológicas a serem aplicadas 
(BRAGA; FUTEMMA, 2015).
Extensão rural no Brasil
Não é possível dimensionar a atuação dos serviços de extensão rural no Brasil 
devido à escassez de dados e informações históricas. Mesmo sabendo da 
sua importância, os estudos desenvolvidos na área analisam o processo de 
modernização da agricultura deixando vago a atuação do extensionista rural 
(PEIXOTO, 2009).
Embora nos últimos anos os serviços de extensão rural tenham sido apri-
morados de forma a contribuir para um melhor desenvolvimento da agricultura 
brasileira, é possível perceber que o foco da extensão rural, que no passado era 
produtivista, ainda se mantém ativo. Essa metodologia de atuação priorizou 
produtores capitalizados em detrimento dos pequenos produtores que, por 
não conseguirem acompanhar o poder produtivo dos grandes produtores, 
acabaram migrando para centros urbanos. 
Baseado em uma metodologia de difundir inovações tecnológicas, os 
extensionistas proporcionaram uma modernização considerada conservadora 
na agricultura brasileira. No Brasil esse padrão de serviço de extensão rural 
foi dominante durante algumas décadas e proporcionou resultados negativos 
7Fundamentos da extensão rural: conceitos, princípios e objetivos
– além do êxodo rural, problemas ambientais e sociais também foram gerados 
(CAPORAL; RAMOS, 2006).
Com a implantação da PNATER, as novas diretrizes focaram em atender o 
público rural e proporcionar uma melhor qualidade de vida para o agricultor 
com o desenvolvimento de uma agricultura agroecológica. No entanto é ob-
servado que ainda se mantém o uso de metodologias obsoletas, ineficientes e 
inadequadas para alcançar os objetivos agroecológicos da nova extensão rural.
A chamada “nova” extensão rural tem como objetivo promover o uso de 
práticas socioeconômicas e ambientais com vertentes sustentáveis, visando a 
qualificar os serviços de extensão rural. Mas para a implementação das novas 
diretrizes e objetivos é necessário o engajamento de profissionais e entidades. 
É necessária a cooperação de todos os atores, de forma participativa. O que se 
observa, contudo, é um discurso de mudança de ações, sem a materialização na 
prática. Mesmo com novas formas de atuação, não há um avanço significativo 
no serviço de extensão rural pois ele ainda é operado por instituições antigas, 
que pregam o uso de práticas de perfil conservador e capitalista.
Embora ainda haja resistência aos novos métodos de ação dos serviços 
de extensão rural, muitos avanços saíram do papel. A descentralização dos 
serviços, o foco na agroecologia, o aumento de recursos e a criação de uma 
lei própria são exemplos de mudanças que deram certo.
A extensão rural deve atuar de forma a melhorar as condições de vida e 
de trabalho do produtor rural, porém isso é um processo que demanda um 
fortalecimento ininterrupto na reconstrução das políticas públicas de forma 
contínua e progressiva.
Para entender melhor o conteúdo abordado neste capítulo, leia o artigo Novo modelo 
de extensão rural para transferência de tecnologias inovadoras, de Pedro Antônio Arraes 
Pereira e Maria José Del Peloso.
Fundamentos da extensão rural: conceitos, princípios e objetivos8
ASSOCIAÇÃO RIOGRANDENSE DE EMPREENDIMENTOS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E 
EXTENSÃO RURAL. Métodos e meios de comunicação em extensão rural: glossário. Porto 
Alegre: EMATER-RS; ASCAR, 2009. Disponível em: emater.tche.br/site/arquivos_pdf/
teses/METODOSDEEXTENSAOGLOSSARIO.pdf. Acesso em: 16 out. 2019.
BICALHO, L. M.; OLIVEIRA, M. Aspectos conceituais de multidisciplinaridade e da in-
terdisciplinaridade e a pesquisa em Ciência da Informação. Encontros Bibli: Revista 
Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, v. 16, n. 32, p. 
1–26, 2011. DOI: http://dx.doi.org/10.5007/1518-2924.2011v16n32p1. Disponível em: 
https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/1518-2924.2011v16n32p1/19336. 
Acesso em: 16 out. 2019.
BRAGA, A. C. R.; FUTEMMA, C. Pluralidade de assistência técnica e extensão rural: pública, 
privada e de organizações da sociedade civil. Ruris: Revista do Centro de Estudos Rurais 
— Unicamp, Campinas, v. 9, n. 2, p. 239–268, set. 2015. Disponível em: https://www.
ifch.unicamp.br/ojs/index.php/ruris/article/view/2300/1690. Acesso em: 16 out. 2019.
CALLOU, A. B. F. et al. O estado da arte do ensino da extensão rural no Brasil. Revista 
Extensão Rural, Santa Maria, ano 15, n. 16, p. 84–115, jul./dez. 2008. Disponível em: http://
w3.ufsm.br/extensaorural/art4ed16.pdf. Acesso em: 16 out. 2019.
CAPORAL, F. R.; RAMOS, L. de F. Da extensão rural convencional à extensão rural para o 
desenvolvimento sustentável: enfrentar desafios para romper a inércia. In: MONTEIRO, D. 
M. C.; MONTEIRO, M. de A. (org.). Desafios na Amazônia: uma nova assistência técnica e 
extensão rural. Belém, PA: UFPA: NAEA, 2006. p. 29-50. Disponível em: http://agroecolo-
gia.pbworks.com/f/Artigo-Caporal-Ladjane-Vers%C3%A3oFinal-ParaCircular-27-09-06.
pdf. Acesso em: 16 out. 2019.
PEIXOTO, M. A extensão privada e a privatização da extensão: uma análise da indústria 
de defensivos agrícolas. 2009. Tese (Doutorado em Ciências) — Universidade Federal 
Rural doRio de Janeiro, Seropédica, 2009. Disponível em: https://www2.senado.leg.
br/bdsf/bitstream/handle/id/161904/TESEMarcusPeixoto.pdf?sequence=7. Acesso 
em: 16 out. 2019.
PETARLY, R. R. Assistência técnica e extensão rural para quê? O caso da cooperativa agrope-
cuária de patrocínio. 2014. 100 f. Dissertação (Mestrado em Extensão Rural) — Faculdade 
Federal de Viçosa, Viçosa, 2013. Disponível em: http://www.novoscursos.ufv.br/posgrad/
ufv/posextensaorural/www/wp-content/uploads/2014/04/Renata-Rauta-Petarly.pdf. 
Acesso em: 18 out. 2019. 
9Fundamentos da extensão rural: conceitos, princípios e objetivos
DICA DO PROFESSOR
O setor agropecuário brasileiro tem papel primordial na geração de emprego e renda para a 
população e é responsável por uma grande parcela de renda do país. Nesse sentido, a extensão 
rural e a assistência técnica apresentam fundamental papel para o desenvolvimento agropecuário 
no país. 
Empresas voltadas à extensão rural e assistência técnica no Brasil são indispensáveis e 
continuam sendo importantes para o setor. Mas você reconhece a atuação ou mesmo tem 
conhecimento acerca do seu papel fundamental para a sociedade?
Nesta Dica do Professor, você perceberá a relevância da atuação de uma empresa de extensão 
rural e assistência técnica para a evolução do setor agropecuário no Brasil.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) A extensão rural e a assistência técnica têm papel fundamental no desenvolvimento 
da atividade agropecuária no Brasil. Acerca dos objetivos, conceitos e fundamentos 
da extensão rural, assinale a alternativa correta.
A) O profissional assistente técnico na área rural precisa apresentar formação na área 
educacional, além do conhecimento técnico, haja vista que em sua função de repassar 
conhecimento ao público rural precisará realizá-lo de forma adequada.
B) A extensão rural tem como foco o desenvolvimento da produção, aumentando a 
produtividade, a melhoria da qualidade de vida dos produtores rurais e a valorização do 
meio ambiente.
C) Com o intuito de melhorar a qualidade de vida do trabalhador rural, a extensão rural e a 
assistência técnica desempenham papel fundamental e não é possível diferenciar uma ação 
da outra.
D) O papel fundamental do assistente técnico em uma propriedade rural é divulgar 
oportunidades, conhecimentos e tecnologias para que os produtores rurais possam se 
apropriar desses conhecimentos em sua propriedade.
E) O fluxo fundamental para transferência de conhecimentos para os produtores rurais deve 
primeiramente iniciar pelo repasse do conhecimento do extensionista rural ao assistente 
técnico rural, e o mesmo ao produtor rural.
2) A extensão rural se utiliza de diferentes métodos para atingir seus objetivos. Os 
métodos devem ser selecionados de acordo com as características dos grupos e da 
informação a ser repassada. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.
A) As utilizações de jornais e de videoconferências são consideradas um método grupal e 
devem ser adotadas para a visualização de novas tecnologias no campo.
B) O método exposição é utilizado de forma individual, pois atinge diretamente cada pessoa 
que se interessa pelo assunto exposto e busca informações.
C) As demonstrações de resultados em fazendas que aplicam diferentes técnicas de produção 
são consideradas um método grupal.
D) As excursões e as reuniões são consideradas um método em massa, já que atingem um 
grande grupo de produtores rurais na transferência de conhecimento.
E) Assim como as campanhas, as publicações educativas são consideradas como meios de 
comunicação por serem transferidas para um grupo de pessoas.
3) Na transferência de conhecimento, além da escolha da metodologia que deve estar de 
acordo com o número de produtores, é preciso também definir o tipo de abordagem 
que será adotado, buscando a melhor forma de transferir os conhecimentos.
Com base nisso, assinale a alternativa correta.
A) Um agricultor informa ao técnico que sua plantação de alfaces está com uma praga, o 
extensionista captura uma amostra das folhas e leva para laboratório, e então, 
posteriormente, informa ao agricultor sobre a classificação da praga e a forma como deve 
tratá-la, aplicando químicas para evitar. Isso pode ser considerado uma abordagem 
diretiva.
B) Um produtor de tilápia precisou construir um pequeno viveiro para realizar a quarentena 
de peixes doentes. Para o desenvolvimento desse viveiro, contou com o apoio de um 
extensionista, mas ele mesmo também buscou informações em livros. Isso pode ser 
considerado uma abordagem diretiva por parte do extensionista.
C) Um extensionista repassou a informação de que o produtor identificou, em uma produção 
de leite, que há a formação de uma camada de gordura excessiva e junto de um 
pesquisador da área leiteira estão verificando o que poderia ser feito para solucionar o 
problema. O extensionista repassará a informação ao produtor sobre a solução. Esse tipo 
de abordagem é a interativa.
D) Em uma propriedade de caprinos, o produtor verificou que os animais estão muito magros, 
mas continuam se alimentando. Desconfiado de alguma doença, o produtor acionou um 
extensionista, e o mesmo identificou que a ração não estava adequada nutricionalmente 
para os animais, indicando que adquirisse alimento de outro fornecedor. Esse tipo de 
abordagem é a interativa.
E) A fazenda de camarões Águas Claras apresentou uma alta mortalidade de animais no 
período da manhã. Indignado com o problema, Carlos, o proprietário, acionou o 
extensionista da região, que investigou alguns parâmetros de qualidade de água e percebeu 
que estavam adequados. Para solucionar o problema, o extensionista encaminhou uma 
amostra para um pesquisador conhecido, que ficou de lhe dar um diagnóstico. Esse tipo de 
abordagem é a reativa.
A extensão rural, ao longo dos anos, foi sofrendo diversas modificações no Brasil. As 
metodologias utilizadas, as abordagens e até mesmo os objetivos foram sendo 
transformados.
4) 
Sobre a extensão rural em nosso país, assinale a alternativa correta.
A) Mesmo com os avanços, ainda hoje é difícil dimensionar a atuação dos serviços de 
extensão rural no Brasil, principalmente em função da escassez de informações e dados 
históricos.
B) Ao longo da história, tendo em vista o foco da extensão rural nos trabalhadores, a atuação 
dos extensionistas ao longo do tempo priorizou os pequenos produtores em vez de 
produtores capitalizados.
C) Com grandes movimentos desenvolvidos, os extensionistas foram considerados 
revolucionários na agricultura brasileira, proporcionando resultados negativos como o 
êxodo rural.
D) As diretrizes estabelecidas na PNATER, com o foco no desenvolvimento de uma 
agricultura agroecológica, eliminaram as metodologias obsoletas e ineficientes utilizadas 
até então para a transferência de conhecimento ao produtor rural.
E) Atualmente, já é comum observar as práticas relacionadas às diretrizes da PNATER. No 
Brasil, já se observa tanto no discurso como na prática a aplicação de metodologias com 
foco no modelo da “nova” extensão rural.
5) Atualmente, há um consenso de que são necessárias alterações no que diz respeito à 
extensão rural no Brasil, e muito ainda precisa ser realizado para que esse passo seja 
alcançado. Uma nova política de assistência técnica e extensão rural (ATER) vem 
sendo discutida, a fim de buscar estratégias de desenvolvimento rural sustentável. A 
respeito do assunto tratado, assinale a alternativa correta.
A) Um dos objetivos da uma nova política de ATER é diminuir a produção agrícola e manter 
a produção de alimentos, alcançando esses patamares sem causar danos negativos ao meio 
ambiente.
B) O Governo Federal buscará concentrar seus esforços para minimizar os problemas sociais, 
especialmente o combate à pobreza, buscando programas de fortalecimento da agricultura 
familiar.
C) Tendo em vista a economia do país, ao mesmo tempo quehá pressão pelo aumento da 
produtividade, com maior eficiência e redução de custos, a tendência é que o Governo 
apoie a implantação de empresas privadas para a extensão rural.
D) Apesar de ser considerada essencial no desenvolvimento sustentável da agricultura no 
Brasil, a extensão rural pública será utilizada de forma secundária, principalmente por 
ainda depender de agentes.
E) De forma geral, o novo serviço de extensão rural deve levar em consideração 
principalmente os grandes produtores, tendo em vista que sua produção afeta 
consideravelmente a economia do país.
NA PRÁTICA
A assistência técnica e a extensão rural desempenham fundamental papel no desenvolvimento 
das atividades agropecuárias no Brasil. Na maioria dos estados brasileiros, existem empresas 
focadas na extensão rural e na assistência técnica, buscando desenvolver a região no que diz 
respeito às atividades rurais. No entanto, é comum confundir-se o papel de cada agente 
transformador e como se pode realizar essas atividades de transferência de conhecimento e 
aplicação na prática de novas técnicas e metodologias por parte dos produtores.
Confira, Na Prática, a diferença entre o papel de extensionista rural e de assistente técnico.
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
A extensão rural no Brasil
Neste vídeo, você terá um breve relato a respeito dos serviços de assistência técnica e extensão 
rural no Brasil, através do relato do engenheiro-agrônomo Glauco Olinger.
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Extensão rural agroecológica: experiências e limites
Este é um artigo que traz uma abordagem teórica sobre uma proposta de extensão rural 
agroecológica e analisa projetos de acompanhamento técnico e extensão rural.
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A necessidade das intervenções: extensão rural como serviço ou como direito?
Neste documento, faz-se uma reflexão a respeito da extensão rural como serviço ou direito, 
através de uma abordagem por meio das dimensões epistemológica, histórica e político-jurídica.
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