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Livro Dores Crônicas

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Prévia do material em texto

Adrianna Loduca
Graduada em Psicologia pela PUC/SP
(1990), mestrado (1998) e doutorado
(2007) em Psicologia (Psicologia
Clínica) pela PUC/SP. Atualmente é
professora da Faculdade de Ciências
psicóloga clínica em clínica interdisci-
plinar, psicóloga colaboradora e
coordenadora da equipe de psicólogos
no Centro de Dor do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, docente e
membro da equipe de organização do
curso de pós-graduação – Avaliação e
Tratamento Interdisciplinar de Dor do
Centro de Dor do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP.
Sócia e diretora da empresa TAPSI
(Treinamento e Assistência Psicológica),
que presta atendimento assistencial
a pessoas com dores crônicas e cursos
e treinamentos para profissionais
da área da saúde sobre os temas
dor e psicologia.
Adrianna Loduca
Sabemos que conviver com dores 
crônicas não é fácil, pode impac-
tar o seu dia a dia de forma inten-
sa e trazer sofrimento. 
Este livro foi desenvolvido para 
ajudá-lo a lidar com esta 
experiência, te explicando como a 
dor funciona no seu corpo e 
fornecendo dicas de como você 
pode se beneficiar mais do seu 
tratamento. Ele te conduzirá a 
uma jornada de autoconhecimen-
to e maior percepção de sua 
situação clínica atual, permitindo 
que você fortaleça suas estraté-
gias de enfrentamento e não se 
sinta refém de suas dores. 
Profissionais de saúde, familiares 
e cuidadores também poderão 
aprender com esta obra como 
ajudar aqueles que sofrem com 
dores crônicas, assim como 
maneiras de melhorar a sua 
própria qualidade de vida.
Boa leitura!
Apoio
LIDANDO MELHOR COM AS MIN
HAS
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
 
21-57840 CDD-150
Índices para catálogo sistemático:
1. Psicologia 150:
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
Loduca, Adrianna
Lidando melhor com as minhas dores crônicas / Adrianna Loduca;
ilustração Mariana Eller Caetano. -- 1. ed. -- São Paulo : TAPSI -
Treinamento e Assistência Psicológica, 2021.
ISBN 978-65-993946-0-7
1. Psicologia I. Caetano, Mariana Eller. II. Título. 
Autora:
Adrianna Loduca
Colaboradores
Barbara Maria Müller
Claudio Samuelian
Revisão:
Jorge Makssoudian
Ilustrações:
Mariana Eller Caetano
Diagramação e projeto gráfico:
Vogel Design
LIDANDO MELHOR COM AS MIN
HAS
LIDANDO MELHOR COM AS MIN
HAS
Dra. Adrianna Loduca
 
Copyright © 2021
por Adrianna Loduca
São Paulo • 2021
Apoio:
Todos os direitos reservados
e protegidos pela Lei nº 9.610, de
19/2/1998. Nenhuma parte deste
livro, sem autorização prévia da
autora, pode ser reproduzida ou
transmitida sejam quais forem os
meios empregados: eletrônicos,
mecânicos, fotográficos,
gravação ou quaisquer outros.
LIDANDO MELHOR COM AS MIN
HAS
1ª Edição
5
Agradecimentos
Agradecemos a indústria farmacêutica Libbs, que apoiou este projeto 
e compartilha ideias semelhantes quando enfatiza a importância de olhar o 
paciente por inteiro ao tratar de suas dores.
Também somos gratos a todos os pacientes que confiaram no nosso 
trabalho, permitindo que nos baseássemos em suas narrativas para desen-
volver este livro. Obrigado por nos confidenciar as suas histórias, partilhar 
as suas conquistas, dúvidas, medos e até mesmo frustrações e fracassos em 
relação a tratamentos previamente realizados, nos revelando as suas neces-
sidades. Juntos desenvolvemos alternativas que os ajudaram a lidar com as 
suas dores e que apresentamos aqui, para que outras pessoas que sofrem 
com dores crônicas também possam se beneficiar.
Não podemos deixar de mencionar o apoio de diversos profissionais 
da área da saúde e estudantes de Psicologia da Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo (PUC-SP) que, de diferentes formas, contribuíram com 
informações que foram agregadas a este livro, em especial a psicóloga Andrea 
Souza e os estudantes Bruno Giorgetti e Carmela Pedicini (in memoriam). 
Muito obrigada à Dra. Lin Tchia Yeng e ao Dr. Manoel Jacobsen Teixeira, 
que sempre respeitaram e incentivaram os nossos projetos no Centro de Dor 
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São 
Paulo (USP), em especial no Instituto de Ortopedia e Traumatologia.
Sumário
Carta paciente ................................................................................................. 9
Prefácio ...............................................................................................13
Capítulo um Dor crônica é um problema sério ..................................17
Capítulo dois O impacto da dor no meu cotidiano.............................25
Capítulo três O sentido da dor na minha vida.....................................65
Capítulo quatro Convívio com minhas dores crônicas ..........................73
Capítulo cinco Como funciona a dor no meu corpo.............................81
Capítulo seis Minhas fontes de motivação
para o manejo da dor ..................................................... 99
Capítulo sete Os hormônios da felicidade e as suas funções.........119
Capítulo oito O que faz o estresse, as emoções
e os sentimentos no meu corpo ..................................129
Capítulo nove Como posso cuidar melhor de mim............................153
Capítulo dez Como navegar pela internet .........................................173
Referências bibliográficas ..............................................................................183
9
carta paciente
Feliz! É como posso descrever o sentimento de ler “Lidando 
melhor com minhas dores crônicas”. Parece que alguém leu meus 
pensamentos como se entrasse no íntimo dos meus sentimentos, 
para colocar em palavras cada um deles. 
Não há bancos de escola ou faculdade que possam descrever 
cada detalhe de nossa experiência. Eu, como paciente fibromiálgica 
e dor crônica lombar, posso afirmar que os sentimentos aqui lidos 
e relatados, tanto por Dolores como por Salvador, serão facilmente 
identificados por todos os leitores.
Sentimentos de raiva e desamparo, cheios de incertezas, 
pessoas perdidas e vítimas, para então começar a aceitar e a querer 
aprender como enfrentar um monstro que vira amigo. Cada dica dada 
será importante para reflexão, adoção e vivência dos leitores.
A autora Dra. Adrianna Loduca conheceu a dor crônica de perto, 
ela relata isso. Então, consegue compreender cada minúsculo passo 
e a dimensão do que nós vivemos, na busca por qualidade de vida, 
compreensão, empatia e até mesmo para aderir aos tratamentos. 
C o m p r e e n d e r 
o que acontece com o 
nosso corpo é tão impor-
tante quanto qualquer 
outra forma de tratamento. 
Essa compreensão nos ajuda 
a buscar recursos e a assimilar 
melhor aquilo que nosso “corpo 
fala”. Apenas deixar de sentir dor é o 
suficiente? É isso que nos motiva a seguir 
o tratamento?
Ao interferir na vida, acreditamos que a dor 
nos rouba o tempo, a alegria, a convivência, o emprego, 
a família, os amigos, a vida. Mas, e então? Fazer o quê? Há 
saídas? O que há para aprender com a dor e tudo o que ela envolve?
A vida deve continuar? Há algo que depende apenas de nós? 
Só os profissionais têm as chaves dos segredos nas mãos? 
Eu voltarei a ser como antes ou posso ser ainda melhor? São tantas as 
perguntas, certo? Não vou dar um spoiler desta obra. Você precisa ler 
para crer. Mas garanto que vai ser muito prazerosa e proveitosa a leitura. 
Na minha experiência pessoal e trabalhando voluntariamente 
há 14 anos com pacientes fibromiálgicos na Abrafibro - Associação 
Brasileira dos Fibromiálgicos - que ajudei a fundar e sou presidente 
atual, posso responder da seguinte forma a essas e tantas outras 
perguntas: depende de você! 
1 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
O quão generosa(o) e comprometida(o) você estiver consigo 
por sua vida, melhores resultados poderá alcançar. 
Este livro dará a você uma série de informações importantes 
para esta caminhada. Outras, você irá descobrir ao longo de sua 
própria jornada. Aproveitetodas as oportunidades que conquistar ou 
que a vida lhe oferecer para ser ainda melhor. 
Como voluntária há tantos anos, faço um pedido muito espe-
cial: compartilhe suas experiências e fontes confiáveis de informação, 
como este livro. 
Haverá sempre alguém ansioso como você está ou já esteve, 
buscando respostas... uma luz! Ajude-os!
Dra. Adrianna Loduca, em nome dos pacientes com dores 
crônicas agradeço o prazer que me trouxe ao ler sua obra. Vá adiante 
com seu projeto! Sua obra é maravilhosa, interessante e que aborda 
com respeito nossos sentimentos. 
Ajudará muitos, como nós, a perceber e reconhecer as portas de 
saída em meio ao labirinto. Gosto de pensar que todos, pacientes ou 
não, somos como borboleta que, para voar, precisam “metamorfar”. 
Acreditem! Podemos voar!
Sandra Santos
Fundadora e presidente Abrafibro
Associação Brasileira dos Fibromiálgicos
CARTA PACIENTE 1 ADRIANNA LODUCA 1 1
Esta experiência 
me deu muita bagagem
para voltar para o 
Brasil e entender 
que os mecanismos 
de ação da dor eram 
mais complexos [...]
Adrianna Loduca
1 3
PREFÁCIO
Quero começar contando um pouco sobre 
a minha trajetória profissional para ajudá-lo(a) a 
compreender como surgiu a ideia deste livro. 
Sou psicóloga e há 28 anos atendo pessoas que 
convivem com dores crônicas junto com profissionais 
de outras áreas da saúde: médicos, fisioterapeutas, 
nutricionistas, enfermeiros, profissionais de educação 
física, entre outros.
Quando comecei a trabalhar nesta área, em 1992, 
a maior parte dos textos científicos sobre psicologia na 
área da dor eram internacionais, não havia literatura 
nacional que discorresse sobre o papel do psicólogo no 
tratamento de dores crônicas. 
1 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Tive a oportunidade, em 1994, de fazer um treina-
mento em um Programa Interdisciplinar de Dor chamado 
Pain Management Programme (PMP) no Walton Centre 
Hospital (reconhecido pela Associação Internacional para 
Estudos da Dor), em Liverpool (Inglaterra), com o objetivo 
de aprender mais sobre como ajudar os pacientes com 
dores crônicas que, na época, atendia no Serviço de Terapia 
da Dor e Medicina Paliativa da Santa Casa de Misericórdia 
de São Paulo. Lembro-me que, naquele período, sentia-me 
despreparada para auxiliar o paciente a lidar com o papel 
de sofredor, quando muitos sentiam-se reféns do quadro 
álgico (dor). Durante quatro meses, participei de reuniões 
de equipe e de grupos psicoeducativos do PMP (misto de 
aulas e atividades práticas sobre temas relacionados ao 
manejo da dor) desenvolvidos para que as pessoas que 
sofriam com dores crônicas aprendessem a lidar melhor 
com esta condição e, de fato, ao término dos grupos, era 
notória a mudança. Elas se sentiam menos vítimas de suas 
dores, com mais estima e conhecedoras de recursos que 
elas próprias dispunham para o manejo delas.
PREFÁCIO 1 ADRIANNA LODUCA 1 5
Resumindo, esta experiência me deu muita bagagem 
para voltar ao Brasil e entender que os mecanismos de ação da 
dor eram mais complexos e que, neste processo, o cérebro e os 
aspectos psicossociais tinham papéis fundamentais para manter, 
piorar ou amenizar as dores de uma pessoa.
Você agora deve estar pensando que estou dizendo isso 
porque nunca senti o que você está sentindo. Eu posso dizer que 
sim, também já tive dores crônicas. Fui tratada de lombalgia (dor 
nas costas) e nevralgia do trigêmeo (dor em um nervo localizado 
na face), e estas experiências, aliadas ao conhecimento adquirido 
na Inglaterra e à possibilidade de ter sido cuidada por uma equipe 
multidisciplinar, me propiciaram amadurecimentos que me 
ajudaram a me empoderar da minha saúde de outra maneira.
Com o passar dos anos, fui deixando de trabalhar 
sozinha e novos psicólogos começaram a compartilhar dos 
conhecimentos que vinham construindo e a integrar a equipe 
multidisciplinar da qual eu fazia parte, assim como outros 
ingressaram em outras equipes pelo Brasil. 
Hoje conto com um grupo de psicólogos, partilhamos 
experiências, e eles me auxiliam na construção de 
novas ferramentas nacionais para melhorar a 
assistência e a educação na área da dor. 
1 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Nosso projeto de educação em dor chama-se TRANSFORMAdor
e já desenvolvemos um livro para auxiliar profissionais de saúde na escolha de 
condutas terapêuticas mais efetivas para as necessidades e o momento de 
cada paciente (e-book Dores Crônicas: como melhorar a adesão ao 
tratamento). Este é o segundo livro do projeto e é dirigido a você que 
sofre com dores crônicas! Queremos ajudá-lo a se empoderar de sua 
saúde e bem-estar. Esperamos que aprecie a leitura, pois sabemos 
que não é fácil conviver com dores. 
Adrianna Loduca
Adriannnnnnaa
Lododucucaa
COMO 
MELHO
RAR A
ADESÃO
AO TRA
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rodução
Baixe o e-book
COMO MELHORAR A AD
ESÃO
AO TRATAMENTO
Adrianna 
Loduca
COMO 
MELHOR
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O
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odução
1 7
Capítulo Um
DOR CRÔNICA 
É UM PROBLEMA SÉRIO
Este livro foi feito para você, que vem sofrendo com dores 
crônicas e não sabe mais o que fazer, ou porque nunca procurou 
assistência especializada ou porque já passou por vários tratamentos 
sem sucesso. 
Compreendemos que não é fácil conviver com dores por 
um longo período. Normalmente, quando recebemos pessoas 
que sofrem com dores, encaminhadas por médicos ou outros 
profissionais da área da saúde, notamos que, infelizmente, elas 
já vêm lidando há anos com esse 
desconforto pelo corpo e se sentem 
cansadas, frustradas ou com receio 
de que não vão conseguir melhorar. 
Aqui não há receitas ou passos 
genéricos de como se deve agir, mas 
este é um convite para que você faça 
reflexões que têm como objetivo 
Queremos que você 
saiba mais sobre o seu 
problema e encontre 
alternativas que levem 
à reabilitação e, 
se possível, ao alívio 
de suas dores.
1 711
1 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
auxiliar a encontrar o seu próprio caminho. Queremos que você saiba 
mais sobre o seu problema e encontre alternativas que levem à reabi-
litação e, se possível, ao alívio de suas dores.
Todo mundo já sentiu alguma 
dor, mas não podemos garantir 
que o sofrimento vivenciado é igual 
para todos. A experiência de dor é 
única, e a maneira como cada um a 
descreve é exclusiva e subjetiva. 
Em nosso trabalho, criamos dois personagens, Salvador 
e Dolores, ambos baseados nas histórias reais de centenas de 
pessoas que tiveram dores crônicas e que tivemos a oportunidade 
de atender ao longo desses anos. Queremos agradecer a cada uma 
delas que nos confidenciaram suas histórias e confiaram no nosso 
trabalho e, assim, nos permitiram também aprender e desenvolver 
novos conhecimentos.
Ao longo do livro, discutiremos temas importantes para que 
você lide melhor com as suas dores, que, em conjunto com os 
depoimentos de nossos personagens, ajudarão você a olhar para 
o seu problema com outros olhos. Você conhecerá as histórias, 
as dúvidas e os caminhos que Salvador e Dolores seguiram 
até conseguir se libertar da sensação de impotência que a dor 
provocou no dia a dia deles.
Primeiro, você conhecerá nossa personagem Dolores, que vai 
auxiliá-lo a perceber o quanto a dor interferiu em diferentes áreas de 
sua vida; e depois Salvador, que contará a maneira como estava convi-
vendo com sua dor crônica e de como foi compreendendo o sentido 
dela no seu cotidiano. Depois, falaremos sobre os mecanismos de 
A experiência de dor é 
única, e a maneira como 
cada um a descreve é 
exclusiva e subjetiva.
Capítulo um 1 DOR CRÔNICA É UM PROBLEMA SÉRIO 1 9
ação da dor para que você conheça e identifique estressores (fatores 
que desencadeiam estresse) que podem aumentar, provocar ou 
diminuir a intensidade das suas dores. A seguir, Dolores e Salvador 
contarão como encontraram fontes de motivação para seguir com 
os tratamentos indicados. Você também aprenderá sobre o papel do 
estresse e de suas emoções e sentimentos para a buscade bem-estar 
e de que maneira os hormônios da felicidade e a qualidade dos rela-
cionamentos que mantém podem auxiliá-lo a se sentir saudável e 
satisfeito com a sua vida. Ferramentas que podem contribuir com a 
melhora de sua qualidade de vida também serão discutidas. E, por 
fim, falaremos sobre como você pode se beneficiar da navegação pela 
internet na busca de informações a respeito do seu problema e as 
possibilidades de tratamento. 
É indiscutível que tratar de dores crônicas requer um olhar mais 
amplo, que necessita, muitas vezes, de cuidados multidisciplinares e, 
dentre eles, os de aspecto psicológico, assunto deste material. 
A dor crônica é um fenômeno complexo que não apresenta 
apenas uma causa, mas várias, que, muitas vezes, são difíceis de ser 
identificadas. O sucesso do tratamento depende da realização de um 
diagnóstico preciso, da escolha dos medicamentos e das condutas 
SALVADORDolores
2 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
terapêuticas mais adequadas para cada situação (acupuntura, sessões 
de fisioterapia, sessões de psicoterapia, reeducação alimentar, entre 
outras possibilidades terapêuticas). Outra parte que também contribui 
para a melhora ou a piora de uma dor diz respeito à pessoa dispor 
de recursos próprios de enfrentamento (são os esforços, cognitivos
e comportamentais, que cada um utiliza para lidar com situações
estressantes), mostrando-se mais ativo e comprometido com o seu 
tratamento e autocuidado.
Como você descreve as suas dores?
Uma sensação tão intensa tem se tornado um desafio para 
ser descrito e definido! A primeira definição surgiu em 1979 pela 
Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP), e nos últimos 
anos têm ocorrido muitas tentativas de redefinição. Recentemente 
(2020)1 amu“arap9791edoãçinifedausauolumroferPSAIairpórpa,
experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou seme-
lhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”, ou 
seja, uma experiência associada a uma lesão existente ou que pode 
surgir na pele, no músculo, no nervo ou na articulação de órgãos ou 
partes do corpo. Se por um lado tem sido complicado para a área 
da saúde chegar a um consenso para definir o conceito de dor, por 
outro é indiscutível que ela, especial-
mente quando crônica, é um problema 
de saúde pública. 
Com certeza, não é fácil lidar com 
dores, ainda mais quando perduram por 
um período superior a três meses e não 
diminuem com o uso de medicamentos. 
As dores crônicas não são sintomas ou 
As dores crônicas 
não são sintomas
ou sinais de alerta 
da presença de alguma 
doença, mas são 
entendidas como 
a própria doença. 
Capítulo um 1 DOR CRÔNICA É UM PROBLEMA SÉRIO 2 1
sinais de alerta da presença de alguma doença, mas são entendidas 
como a própria doença. 
A dor pode surgir em qualquer parte do corpo e, de acordo 
com o diagnóstico definido, o tratamento pode mudar, já que existem 
diferentes tipos de dor.
Você sabe o seu diagnóstico?
Você entende o porquê de tomar 
determinados medicamentos ou 
a necessidade de seguir, em algumas 
circunstâncias, em tratamento 
com profissionais de diferentes
áreas da saúde? 
A dor crônica, mundialmente, tem provocado significativo 
impacto biopsicossocial, econômico e está entre as principais causas 
de incapacidade relacionada ao trabalho. Ela é o maior motivo de 
procura por assistência médica e a cada ano 1 entre 10 pacientes
é diagnosticado com dores crônicas no mundo2-4. Infelizmente, 
na América Latina não temos dados claros de sua prevalência na 
população, mas no Brasil estudos recentes apontam que ela afeta 
entre 40% e 76% dos brasileiros5,6.
2 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
As dores crônicas podem provocar impactos no cotidiano de 
uma pessoa nas áreas7-11:
Psicológica: pode causar ansiedade, depressão, raiva e pensamentos pessimistas. 
Física: pode reduzir os movimentos, 
provocar alteração no sono e 
fadiga (cansaço muscular). 
Social: afastamento do trabalho, diminuição do lazer, problemas econômicos, 
aumento de dependência de outros e 
conflitos nas relações interpessoais.
Tais impactos comprometem, de forma global, a vida dos que 
sofrem com dores crônicas e provocam muitas repercussões ruins, 
como: incertezas, medos, desespero, desinteresse, depressão, raiva, 
preocupações, sensação de inutilidade, entre outras.
Capítulo um 1 DOR CRÔNICA É UM PROBLEMA SÉRIO 2 3
você avalia 
o impacto
da dor na 
sua ?
Como
vida
?
2 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
+
A dor pode ATRAPALHAR:
TRATAMENTO Você:
PROJETO
de vida
espiritualidade sono
sexualidadeFAMÍLIa autoimagem
atividade
física
lazer
Apoio Social
trabalho
ATRAPALHARATRAPALHAR
equipe multi /
interdisciplinar
MÉDICO, DENTISTA,
FISIOTERAPEUTA,
PSICÓLOGO E OUTROS
diagnóstico tratamentomais indicado
MUDANÇAS NO
ESTILO DE VIDA
E AUTOCUIDADO
juntos tratam
de dores crônicas
++
o impacto da
e TraTamento
DOROR
dores crônicas
atingem
dos brasileiros
a
se tem duração
de mais de
é dor crônica
Pode afetar
parte do corpo
2 5
Capítulo Dois
O IMPACTO DA DOR
NO MEU COTIDIANO
Olá, meu nome é Dolores, e por muito tempo achei 
que minha mãe tinha previsto que chegaria um dia 
que eu teria tanta dor pelo corpo e tamanho sofri-
mento que chamar Dolores seria o mais natural.
Hoje tenho 55 anos e posso dizer que conheci o que 
era ter dor crônica há muito tempo. Por tantas vezes 
me perguntei como era não sentir dor, pois esta 
sensação se perdeu nas minhas memórias depois 
de tantos anos de sofrimento. Um dia acordei e as 
dores lá estavam, insuportáveis, já não adiantava 
mais tomar comprimidos e usar pomadas. Essas 
dores estavam me impedindo de trabalhar e de 
seguir com a minha rotina. Eu me perguntava o 
que estava acontecendo com o meu corpo e não 
conseguia encontrar respostas. 
22
D
2 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Uma amiga me falou que existiam especialistas que 
tratavam de dores crônicas, e eu não tinha ideia de 
que existiam profissionais que faziam isso. Mas fez 
muita diferença! Com eles, descobri que tinha fibro-
mialgia e aprendi que, para tratar a dor, muitas vezes 
era preciso olhar e cuidar melhor de mim em várias 
áreas da minha vida, era importante entender mais 
sobre os mecanismos de ação da dor, que existem 
diferentes especialidades médicas que tratam de 
dores crônicas e que você precisa saber um pouco 
mais sobre o seu problema para entender qual é 
o médico de dor que deve procurar. Além disso, 
pude descobrir que outros profissionais da 
área da saúde também ajudam nesse processo, 
como fisioterapeuta, profissional de educação 
física, nutricionista, odontologista, enfermeiro e 
psicólogo. Todos esses profissionais podem nos 
auxiliar no manejo das dores.
A dor prolongada pode estar interferindo na sua vida 
em muitas áreas e pode afetar seus pensamentos, 
emoções e comportamentos, podendo, inclusive, 
torná-lo refém de seu sofrimento. Vou comparti-
lhar com você aquilo que aprendi e que me ajudou 
a mudar a maneira de lidar com as dores. Talvez 
minha experiência possa ajudar. Para começar, 
responda para si mesmo esta questão:
D
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 2 7
Como era a sua vida antes 
de aparecer esta(s) dor(es)?
Se está com dificuldade de responder, não se 
preocupe. Também foi difícil para eu pensar nisso, 
até que conheci um questionário que me ajudou 
a lembrar da minha vida antes da dor. Para ajudar 
você, responda ao mesmo questionário que 
preenchi quando comecei o meu tratamento.
IMPACTO PSICOSSOCIAL DA DOR (IPD) 
Este questionário foi desenvolvido para que você possa 
compreender de que forma a dor afetou sua vida. Por gentileza, 
procure responder da forma mais sincera, pois, apesar de não existir 
uma pontuação para as respostas, as perguntas auxiliarão a refletir 
sobre as áreas que foram mais afetadas pela dor.
Quais áreas da sua vida foram mais afetadas pela dor?
Assinalar até três:
Trabalho
Atividade física
Espiritualidade/religião
LazerFamíliaAutoimagem Apoio social
Sono
Sexualidade
Projeto de vida
Quais áreas da sua vida são mais importantes para você?
Assinalar até três:
Trabalho
Atividade física
Espiritualidade/religião
LazerFamília
Autoimagem Apoio social
Sono
Sexualidade
Projeto de vida
D
2 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Quando respondi ao questionário, percebi que 
minha dor me atrapalhava em duas das três áreas 
que considerava mais relevantes no meu dia a 
dia. E foi assim que comecei a entender o quanto 
esse desconforto estava me prejudicando. Esse 
questionário segue com perguntas sobre cada 
uma das áreas referidas abordando como eu as 
via antes e depois da dor. Fiquei assustada, pois 
percebi que respondia rapidamente o depois 
da dor, mas que, muitas vezes, hesitava em falar 
sobre o meu cotidiano antes de ela surgir. Pude 
perceber que estar com dores constantes e por 
um período prolongado teve consequências em 
diversas áreas da minha vida de modo diferente. 
Notei também que meus pensamentos estavam 
totalmente focados na minha trajetória de sofri-
mento e percebi que ser sofredora estava fazendo 
parte da minha identidade.
trabalho
trabalho
SONO
vida socialvida social
Família
Áreas de Maior Impacto Áreas mais importantes
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 2 9
Se quiser responder ao questionário 
inteiro, como Dolores, acesse o QR Code ou 
preencha abaixo. Responder ao IPD pode
ajudá-lo a identificar, de fato, o quanto a dor
impactou no seu dia a dia.
Assim como a Dolores mencionou, quando estamos com dor, 
além de ter que lidar com esse desconforto, que é desagradável, 
temos que administrar as limitações impostas por ela, e isso gera 
diversos sofrimentos12. Alguns se sentem mal por não conseguir seguir 
com a sua vida no mesmo ritmo de antes, outros se culpam por não 
dar conta de ser produtivos ou “multitarefa” (quando nos vemos 
obrigados a responder às mais variadas exigências, em diversas áreas, 
ao mesmo tempo). Esta forte pressão para cumprir com altas expec-
tativas vem de nós mesmos, de familiares e da sociedade como um 
todo. O não cumprimento pode gerar sentimento de culpa e, quando 
Quais áreas da sua vida foram mais afetadas pela dor?
Assinalar até três:
Trabalho
Atividade física
Espiritualidade/religião
LazerFamília
Autoimagem Apoio social
Sono
Sexualidade
Projeto de vida
Quais áreas da sua vida são mais importantes para você?
Assinalar até três:
Trabalho
Atividade física
Espiritualidade/religião
LazerFamília
Autoimagem Apoio social
Sono
Sexualidade
Projeto de vida
quanto a dor impactou 
no seu dia a dia 
também pode ser feito 
por aqui
3 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
aliado à busca pelo perfeccionismo, 
resulta em baixa satisfação com a vida 
e pouca realização pessoal. Devemos 
lembrar que querer fazer muitas coisas 
ao mesmo tempo aumenta a chance de 
cometermos erros, embora tenhamos a 
falsa impressão de que estamos dando 
conta de duas ou mais atividades!
Vivemos em uma sociedade que 
valoriza pessoas bem-sucedidas, especialmente financeiramente, 
e, sob esta referência, uma pessoa com dores pode se desvalorizar, 
o que, por sua vez, interfere na sua autoestima assim como pode 
afetar o humor. Também é comum que a pessoa se sinta ansiosa 
ou deprimida ou oscile entre momentos que provoquem traços 
de ansiedade e de depressão. Você já notou se seu humor está 
diferente depois do aparecimento das dores? 
Um ponto a ser destacado é que a dor pode provocar altera-
ções de humor, assim como oscilações de humor também podem 
interferir na percepção da dor. É comum, além disso, a presença 
de traços de ansiedade e/ou depressão quando a pessoa está com 
dores crônicas e não segue nenhum tratamento ou quando segue 
e não percebe melhora expressiva. 
SMOaodnuges,euqéodatlasserresaetnatropmiodadmU
(Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país mais ansioso do 
mundo e está em quarto lugar quando se refere à depressão13, ou 
seja, os brasileiros que sofrem desses transtornos de humor podem 
ficar mais vulneráveis à piora ou à manutenção de quadros de dor, 
uma vez que fatores psicológicos podem alterar a sensibilidade 
do sistema nervoso central, resultando em dores mais intensas14,
a dor pode provocar 
alterações de 
humor, assim 
como oscilações 
de humor também 
podem interferir na 
percepção da dor.
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 3 1
o que reforça a importância de conhecermos melhor esse processo 
dentro do nosso corpo. 
Nas próximas páginas, com o auxílio da Dolores, vamos 
discutir sobre algumas áreas da nossa vida que são importantes 
para o nosso bem-estar e que podem ter sido afetadas pelo 
impacto da dor.
PROJETO
de vida espiritualidade
sono
sexualidade FAMÍLIa
autoimagem
atividade
física
lazer
Apoio Social
trabalho
A dor pode ATRAPALHAR:ATRAPALHARATRAPALHAR
3 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
O trabalho é imposto para nós como uma condição 
necessária, algo natural, inerente a nossa subsis-
tência, em que todos na sociedade desenvolvem 
algum tipo de atividade, enquanto aquele que nada 
faz é visto como alguém improdutivo, que está fadado à alienação 
(condenado à indiferença) e costuma ser desvalorizado socialmente. 
Muito embora a palavra “trabalho” esteja comumente associada às 
pessoas que fazem alguma atividade profissional regular e remune-
rada, hoje temos a legitimação de trabalhos voluntários, que não 
envolvem salário, espaço que também pode ser considerado para as 
pessoas que fazem atividades do lar, que não têm em troca ganho 
financeiro. Ao mesmo tempo que o trabalho nos traz status e reflete 
nosso papel na sociedade, ele pode, pela cobrança de alta perfor-
mance nossa ou da instituição, se tornar uma sobrecarga. A inci-
dência maior de estresse no ambiente de trabalho pode acentuar 
a intensidade de dor ou a cronificação deste processo15,16. Devemos 
considerar também que os estudos podem sobrecarregar a pessoa 
que está com dores a querer cumprir com as suas obrigações e ativi-
dades com rigor, sem mencionar a possível dificuldade de assimilar 
conhecimentos devido à intensidade de dor ou efeitos colaterais de 
alguns medicamentos.
trabalho
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 3 3
Eu trabalhava em banco e tinha um ritmo acelerado, 
mas quando minhas dores ficaram muito fortes 
precisei me afastar do emprego. Tive vários afasta-
mentos pelo INSS, e quando retornava ao trabalho 
rapidamente tudo o que tinha melhorado desapa-
recia e precisava solicitar novo afastamento para 
me tratar. Na época, estava com 32 anos e ninguém 
pensaria em aposentar por invalidez. Fiquei mais 
dez anos trabalhando no banco, acumulando 
afastamentos, até não dar mais para voltar. Hoje 
me pergunto se valeu a pena ter me forçado tanto 
tempo em permanecer em um trabalho que não me 
fazia feliz e me conformo pensando que precisava 
do dinheiro. Às vezes, o que fazemos não é tão 
agradável quanto gostaríamos devido ao ritmo 
exigido, outras vezes pela atividade, mas percebo 
hoje que o que mais me afetava era o ambiente e 
a relação com os meus colegas, pois havia muita 
competição, “puxadas de tapete” e fofocas. Notei 
que as relações no trabalho eram bem superficiais, 
pois quando ficava ruim e me afastava ninguém se 
preocupava em me telefonar ou me visitar. Logo 
entendi que enquanto era útil, era bem tratada 
pelos colegas e pela chefia, mas depois que passei a 
ter restrições de movimentos não havia mais solida-
riedade, é como se pudesse ler em suas mentes: “Se 
vira, já tivemos que fazer a sua parte enquanto você 
descansava em casa”. 
D
3 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Procure identificar se suas
dores se acentuaram ou pioraram 
devido a questões ligadas à sua
atividade ocupacional. 
Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende 
que esta área está prejudicada no seu dia a 
dia, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 totalmente 
prejudicada.
Para você refletir 
• A dor atrapalha ou impede você de trabalhar?
• Vocêse pressiona ou se sente pressio-
nado pelos outros para melhorar o seu 
desempenho? 
• Estava satisfeito com as suas condições e/ou 
relações no trabalho?
• Se sente improdutivo e se deprecia por não 
estar cumprindo com suas tarefas? 
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 3 5
Entendemos rede de apoio social como as relações 
que podem ser fonte de suporte (círculo de 
amizades, colegas de trabalho, membros de comu-
nidade ou igreja, vizinhos, outras pessoas com quem você conviva), 
que podem interferir de forma positiva ou negativa no seu processo 
de melhora. O apoio social é uma das chaves para o enfrentamento 
positivo da dor crônica. Portanto, a qualidade das relações sociais que 
estabelecemos são fatores importantes17. É fundamental que você 
avalie a qualidade dos relacionamentos que mantém no seu dia a dia, 
assim como da sua interação com os profissionais da área de saúde, 
caso esteja fazendo tratamento. Deve-se lembrar que, atualmente, a 
rede de apoio social é comumente confundida com as redes sociais 
da internet (Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp, entre outras). 
Claro que essa realidade traz novos caminhos de relacionamento pelo 
meio digital, mas não necessariamente promovem benefícios seme-
lhantes à qualidade de relacionamentos desenvolvidos presencial-
mente e, dificilmente, podem ser ponderados como apoio efetivo na 
vida das pessoas. A dor pode atrapalhar o desempenho de atividades 
sociais valorizadas pelas pessoas que o cercam ou por você mesmo 
e impedir de alcançar o grau de engajamento social que esperam ou 
que você desejaria atingir, provocando sofrimento e, assim, podendo 
aumentar a intensidade do quadro álgico (quadro de dor). 
É comum que pessoas que estão com dores crônicas, quando 
em um contexto social, sofram pressão para se comportar de determi-
nada maneira e acabem se sentindo inferiores e apresentando receios 
diante dos outros. Muitos se sentem confortáveis apenas em casa, 
retraindo-se cada vez mais, buscando isolamento social por sentirem 
falta de acolhimento dos outros para sua situação atual18.
Apoio Social
3 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Você já vivenciou ou
está passando por um
momento semelhante? 
Existem estudos que têm mostrado que, quando a pessoa com 
dores crônicas se sente excluída ou pouco compreendida por pessoas 
próximas, a solidão é vivenciada de modo negativo e torna-se um 
fator que pode prever maior intensidade de dor18.
Quando encontramos com alguém na rua que 
não vemos há muito tempo, é comum que surja 
a pergunta: O que você tem feito? As pessoas 
esperam respostas que falem sobre o seu status 
social e produtividade. Quando eu respondia que 
estava me tratando de dores crônicas, percebia a 
cara de surpresa e a expressão de pena do outro. E 
aí vinha outra pergunta: Faz tempo? Já melhorou? 
Dependendo do momento do encontro, era difícil 
responder, pois passei por vários tratamentos malsu-
cedidos, e quando falava que não estava melho-
rando e que já havia passado por vários médicos, 
rapidamente o outro disfarçava, dava uma desculpa 
e logo se despedia, mas sempre com um comentário 
de “incentivo”: “Tudo vai melhorar, se mantenha 
animada, pois pensamentos negativos não ajudam!”. 
Ou ainda partiam para dar conselhos, dicas ou indicar 
profissionais que conheciam ou tinham um familiar 
que também estava com dores, mas que agora 
estava bem e que eu deveria procurar esse novo 
caminho. Nossa, quantas frases como essas escutei. 
Ficava muito irritada com conselhos quando não 
estava solicitando nada disso! Eu pensava: será que 
acham que assim estão me ajudando? Mas não dizia 
nada, meus lábios procuravam esboçar um sorriso 
D
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 3 7
contido e torcia para não encontrar de novo com 
aquelas pessoas. Acho que assim fui me afastando 
do convívio social com a plena convicção de que os 
outros não me entendiam.
Assim como Dolores, outras pessoas que têm dor mencionam 
que nem sempre se sentem compreendidas. A qualidade dos relacio-
namentos é um dos aspectos muito importantes para o bem-estar de 
uma pessoa. Um estudo realizado em Harvard acompanhou, durante 
75 anos, a vida de 724 indivíduos, ano após ano, avaliando o trabalho, a 
vida doméstica e a saúde, e concluiu que os participantes que viveram 
mais tempo e com mais qualidade de vida foram os que se apoiaram nas 
relações com a família, com os amigos ou com a comunidade. 
Avalie a qualidade dos seus
relacionamentos sociais.
Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta área 
está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 totalmente 
prejudicada.
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Para você refletir
• Você acha que a dor tem atrapalhado a sua vida social? 
• Sente falta de compreensão e/ou apoio das pessoas com 
quem convive?
• Já ficou chateado com comentários de incentivo dos outros 
ou se sentiu criticado por eles?
• Acha que o apoio de pessoas próximas é fundamental para 
motivá-lo a lidar com as suas dores? 
3 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Hoje todo mundo sabe que fazer atividade física 
traz bem-estar físico e mental, além de satis-
fação com a própria vida. Podemos dizer que os 
confortos e as facilidades da vida moderna têm 
feito do sedentarismo (falta, ausência ou diminuição de atividades 
físicas ou esportivas) a doença do século. É comum as pessoas terem 
um gasto calórico reduzido semanalmente pela ausência de exercí-
cios, o que acarreta perda de flexibilidade articular e compromete o 
funcionamento de vários órgãos, assim como é uma das principais 
causas de diferentes doenças, como diabetes, obesidade, aumento 
do colesterol e infarto do miocárdio. A prática de exercícios pode 
evitar doenças crônicas como também melhorar o humor, diminuir 
dores com a liberação de endorfina, ajudar na memória e nas funções 
cerebrais, melhorar a qualidade do sono e trazer benefícios na perfor-
mance sexual e no prazer, entre outros ganhos.
É importante identificar se, antes da dor, você já fazia regular-
mente alguma atividade física ou se permanecia mais sedentário, 
usando desculpas como falta de tempo, que fazer exercício é chato ou 
difícil, ou ainda que não praticava com medo de adquirir lesões. 
As atividades físicas para uma pessoa que sofre de dores 
crônicas podem levar, de diversas maneiras (seja por ação/liberação 
de neurotransmissores, por relaxamento muscular ou diminuição de 
processos inflamatórios), ao alívio da intensidade da dor, quando 
realizadas de modo adequado e sob orientação profissional19.
Deve-se tomar cuidado, pois, às vezes, ao sentir dor, a pessoa, por 
medo, reduz a prática de exercícios, podendo provocar um ciclo de 
desuso de funções corporais, e assim começa a sentir o seu corpo 
cada vez mais incapacitado20.
atividade
física
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 3 9
Você já vivenciou ou
está sentindo este medo? 
O medo de movimentar o corpo, denominado cinesiofobia, 
é quando a pessoa apresenta medo irracional de sofrer lesões por 
acreditar que seu corpo é extremamente frágil. Assim, a expectativa da 
dor pode ser mais devastadora que a dor real, levando a pessoa a não 
realizar atividades que foram indicadas21.
Nunca fui de fazer atividade física com regularidade. 
Na verdade, não tinha jeito para nenhum esporte, 
e fazer exercício sempre me pareceu difícil e chato. 
Quando vieram as dores e procurei tratamento, 
todo médico me dizia que precisava fazer fisiote-
rapia, que isso iria ajudar a diminuir o meu descon-
forto, mas eu não conseguia entender por que não 
me davam logo um remédio que tirasse aquelas 
dores. Como fazer exercício poderia melhorar 
minhas dores quando nem podia me mexer direito 
que meu corpo já reclamava? Nas primeiras sessões 
de fisioterapia, senti muito desconforto, mas segui 
fazendo, pois precisava acreditar que, de algum 
modo, todo aquele esforço seria recompensando 
com a diminuição da intensidade das minhas dores.Confesso que não foi fácil seguir as orientações, mas 
aos poucos comecei a sentir alívio, que ainda não 
durava muito. Com o tempo fui percebendo que 
ficava mais períodos com menos dor e, aos poucos, 
minhas dores estavam diferentes, mais amenas.
D
4 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Existem pessoas que, diferentemente de Dolores, gostam e se 
comprometem com a prática de exercícios, às vezes até exageram 
correndo o risco de se lesionar. Quando essas pessoas ficam com dor, 
sofrem, pois têm que limitar seus movimentos. Nestas circunstâncias, 
é fundamental compreender que atividades ou esforços físicos podem 
prejudicá-lo dadas as suas condições físicas atuais e respeitar a neces-
sidade de autocuidado até o momento de poder, gradativamente, 
retomar seu dinamismo (ritmo de atividades físicas) sob orientação 
de profissionais ou de desenvolver novas possibilidades caso o ritmo 
anterior não seja mais viável em função de comprometimento físico. 
Você é daqueles que gostam e valorizam
fazer exercícios ou é mais parecido com Dolores, 
que tinha uma vida mais sedentária? 
Avalie sobre como a atividade física ocupava espaço na sua 
rotina e de que maneira isso acontece hoje. Dê uma nota de 
0 a 5 para o quanto entende que esta área está prejudicada, 
sendo 0 nenhum prejuízo e 5 totalmente prejudicada.
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Para você refletir
• Antes de estar com dores, você fazia exercícios ou praticava 
algum esporte?
• Acredita que fazer atividades físicas pode auxiliá-lo a 
diminuir suas dores?
• Percebe que desenvolveu medo do movimento (cinesio-
fobia) depois que suas dores surgiram? 
• Fazer exercícios traz a você sensação de bem-estar? 
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 4 1
Para começar, você precisa saber que espi-
ritualidade e religião não estão, necessaria-
mente, ligadas. Espiritualidade tem a ver com 
o propósito e o sentido que a pessoa encontra para a sua vida, ou seja, 
vai variar de acordo com as crenças e os valores de cada um. Algumas 
pessoas encontram essa conexão com a religião ou com o divino, 
enquanto outras associam à convivência com pessoas queridas, 
à arte, à natureza etc. Nos últimos anos, estudos têm evidenciado 
que a espiritualidade pode favorecer o tratamento da dor crônica, 
pois proporciona experiências emocionais positivas na medida em 
que pode elevar a presença de mediadores químicos no corpo que 
diminuem a percepção da dor, como serotonina, GABA (conhecido 
como calmante natural) e dopamina. Além disso, ela pode melhorar o 
humor e reduzir a tensão muscular, que, muitas vezes, é responsável 
pela manutenção ou piora do sofrimento e do quadro álgico22.
Quanto à religião, ela pode ser uma fonte de inspiração para 
a espiritualidade. Também existem pesquisas22-24 que mostram que 
a atividade religiosa pode ter papel ativo na redução do estresse do 
paciente e, assim, obter maiores indicadores de saúde mental — 
sabe-se que o índice de estresse pode aumentar em consequência da 
dor como também quando elevado pode ser um potencializador dela. 
Tanto a espiritualidade quanto seguir alguma religião podem 
auxiliá-lo a lidar com suas dores de modo positivo, mas você deve 
ter cuidado, pois, se está compreendendo que o seu sofrimento 
pode ser um “castigo divino” ou faz parte do seu “destino”, ou até 
mesmo que não precisa procurar tratamento pois “Deus irá curá-lo”, 
está assumindo a postura de resignação, aceitando a condição atual 
de modo passivo e, deste modo não contribuirá para a sua melhora. 
Mesmo que siga todas as orientações dadas por profissionais, 
espiritualidade
4 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
é fundamental acreditar no seu próprio poder de melhora para 
alcançar resultados mais satisfatórios com o tratamento.
Sou católica, mas nunca fui muito praticante. 
Quando as dores começaram, primeiro me revoltei 
com Deus, pois não entendia o motivo pelo qual 
estava sendo punida. Entendia que aquelas dores 
só poderiam ser um castigo divino. Então comecei 
a rezar muito e a frequentar missas esperando ser 
perdoada. Com o tempo, percebi que a minha 
fé não podia ficar associada à possibilidade de 
melhora, mas sim à vontade de me conectar com 
Deus e encontrar paz dentro de mim, e assim 
passei a rezar em busca de bem-estar. Notei que 
quando modifiquei minhas expectativas, passei a 
ficar menos estressada e mais confiante de que eu 
poderia manejar minhas dores com a ajuda de Deus 
e do tratamento, desde que me mantivesse ativa e 
cuidando melhor de mim.
Dolores percebeu que a religião poderia contribuir para o seu 
bem-estar quando pôde se conectar à sua fé com expectativas dife-
rentes. É importante que você saiba que a espiritualidade ou a religião 
podem funcionar como elementos que ajudam a efetividade do trata-
mento, pois, quando esta conexão traz experiências positivas, estas 
promovem bem-estar e impedem que você entre em um ciclo vicioso 
em que situações de estresse podem manter ou aumentar a intensi-
dade de suas dores.
D
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 4 3
Avalie sobre como a espiritualidade/religião
tem espaço na sua rotina hoje.
Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta 
área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 total-
mente prejudicada.
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Para você refletir
• Você identifica algum sentido para a sua vida 
(espiritualidade)?
• Percebe se ter fé e seguir alguma religião auxilia você a 
diminuir suas dores ou sofrimento?
• Acredita que sentir dor faça parte do seu destino?
• Você acha que sua dor pode ser um castigo? 
4 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
A família representa a união entre pessoas que possuem 
laços sanguíneos, de convivência e baseados no 
afeto. Ela é compreendida como a primeira instituição 
responsável pela socialização dos indivíduos. Ao longo 
dos anos, o significado de família vem sendo alterado e novos tipos de 
família têm surgido além da família nuclear (formada por pai, mãe e 
filhos) e da extensa (que inclui parentes próximos).
Estudos25-27 com pessoas com dores crônicas evidenciam que 
a qualidade do relacionamento entre quem está com dor e seus 
familiares interfere na maneira como ele vai lidar com o sofrimento 
e no seu compromisso com o tratamento. Os familiares podem 
ser acolhedores e o apoiarem, considerando suas dificuldades e 
necessidades, ou serem críticos e cobrarem a melhora do adoeci-
mento e o desempenho de papéis sociais que deixou de assumir 
em função da doença/dor. Há famílias que superprotegem, fazendo 
pela pessoa que está com dor atividades que ela poderia realizar, 
o que pode reforçar a sensação de improdutividade ou estimular a 
sensação de vitimização pela dor. Outros reforçam a sensação de 
desamparo, mostrando-se indiferentes ou tendo atitudes de rejeição 
à sua condição atual e ao sofrimento associado. Também deve-se 
ponderar se o papel que a pessoa que está com dor sempre ocupou 
no ambiente familiar modificou-se muito em função do adoeci-
mento, podendo gerar tensão nas relações em casa. 
Minha família sempre teve um papel importante 
na minha vida. Meus pais, irmãos, marido e filhos 
continuamente foram minhas preocupações e moti-
vações para viver. Sempre ocupei o papel de dar 
bons conselhos e ser aquela que zelava pela família, 
procurando mediar os problemas. Quando vieram 
FAMÍLIa
D
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 4 5
as minhas dores, sinto que todos perderam o chão, 
pois eu, Dolores, aquela que estava sempre disposta 
a ajudar quando alguém precisasse, desabei! No 
começo escondi o meu sofrimento e minhas limi-
tações, mas como não passava ficou impossível 
ignorar que já não podia mais dar conta do papel 
que todos esperavam. Me senti mal, envergonhada 
e fracassada quando percebi que já não podia agir 
como antes. Aos poucos, entendi que precisava 
respeitar meus limites e que meus familiares neces-
sitavam entender que a situação havia mudado 
e quetodos precisavam rever suas posições na 
família. Hoje percebo que não sabia valorizar 
minhas necessidades, os outros sempre estavam 
em primeiro lugar. 
É importante que você se lembre que, assim como a dor 
interfere na sua vida, ela também traz reflexos para o cotidiano 
daqueles que convivem com você. O sofrimento causado pela dor é 
singular, mas, quando convivemos no ambiente familiar, nossos fami-
liares compartilham da nossa experiência. Por vezes o apoio deles 
pode nos ajudar (ser funcional), incentivando e motivando para não 
nos tornarmos reféns da dor, mas há momentos, por outo lado, em 
que podemos sentir falta de acolhimento e entendimento por parte 
de nossos entes queridos em relação ao que estamos vivenciando 
e sentir que eles não conseguem oferecer o apoio de que realmente 
necessitamos28,29. Muitos estudos mostram que o ambiente familiar 
é o primeiro espaço de aprendizado de como iremos expressar dor e 
sofrimento, depois vêm o reforço social e a influência da cultura, que 
pode reconhecer ou não o que estamos sentindo. 
D
4 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Minha família tinha uma imagem de mim de que 
eu jamais precisaria de auxílio, me viam como uma 
supermulher! Atualmente percebo o quanto querer 
corresponder a esta expectativa interferiu no meu 
autocuidado e enfraqueceu minha autoestima. 
 E você, como vê a relação com a sua família
antes e depois que começou a ter dores? 
Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta 
área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 
totalmente prejudicada. 
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Para você refletir 
• O quanto a sua família é importante para você?
• A dor provocou impacto na sua vida familiar? 
• A atitude da sua família tem ajudado você a manejar a dor? 
• Você acha que seus familiares compreendem a sua situação?
D
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 4 7
Falar sobre sexualidade, normalmente, é visto como 
um assunto delicado e complexo. Embora a sexuali-
dade seja uma condição humana que é construída 
durante toda a vida de uma pessoa, é comum que 
fiquemos pouco à vontade para falar sobre este tema. Para começar, 
não é fácil conceituá-la, já que envolve mais do que as características 
dos sistemas genitais masculino e feminino e dos mecanismos de 
reprodução, como o ato sexual. Segundo a Organização Mundial da 
Saúde (OMS)30, a sexualidade é um dos pilares da qualidade de vida:
A sexualidade é um aspecto central do ser humano 
ao longo da vida e abrange sexo, papéis e identidade 
de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, 
intimidade e reprodução. A sexualidade é vivenciada
e expressa por meio de pensamentos, fantasias, desejos, 
crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, 
papéis e relacionamentos. Embora a sexualidade 
possa incluir todas essas dimensões, nem todas são 
sempre vivenciadas ou expressas, uma vez que ela 
é influenciada pela interação de fatores biológicos, 
psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, 
éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais.
Logo, a sexualidade não é sinônimo de relação sexual e não 
se limita à ocorrência ou não de orgasmo. É muito mais que isso, é 
a energia que nos motiva a encontrar amor, contato e intimidade, e 
se expressa na forma de sentir, nos nossos movimentos, e de como 
tocamos e somos tocados. A sexualidade influencia nossos pensa-
mentos, sentimentos, ações e interações e, portanto, a nossa saúde 
física e mental. 
sexualidade
4 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
É um conceito que está baseado na atração sexual e na afeti-
vidade compartilhada entre as pessoas, e é muito comum logo ser 
associada a sexo (o termo “sexo” refere-se ou aos órgãos genitais ou 
ao ato sexual). Todavia, existem muitos outros elementos que podem 
mobilizar esta energia, como referido pela OMS. 
A sexualidade é relativa e pessoal, visto que o que pode ser 
considerado prazeroso para alguns pode não ser para outros. Além 
disso, ela se desenvolve de acordo com as experiências de cada 
pessoa. Além dos fatores biológicos (anatômicos, fisiológicos etc.), 
a sexualidade de uma pessoa pode ser fortemente afetada pelo 
ambiente sociocultural e religioso em que ela está inserida31. 
Muitas pessoas que têm dores crônicas dizem que a vida 
sexual ficou prejudicada devido à dor: medo de que a prática de 
sexo possa exacerbar o desconforto físico, reclamações sobre os 
efeitos colaterais das medicações tomadas, que podem diminuir 
a libido, dificuldades na performance e nas posições realizadas 
durante o ato sexual, entre outras insatisfações. Em outros casos, o 
relacionamento afetivo já estava desgastado por outros fatores, e a 
dor ou a medicação são vistas como bode expiatório, ou seja, como 
justificativas para evitar o relacionamento sexual ou o contato mais 
íntimo com o parceiro(a)32,33.
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 4 9
Quando começaram as dores, comecei a ficar com 
medo de fazer sexo com o meu marido, pois acredi-
tava que só ia piorar o que estava sentindo. Alguns 
remédios diminuíram a minha libido. Lembro que 
algumas vezes só fiz sexo para agradar o meu 
marido, já que não fazíamos mais com a mesma 
frequência. Voltar a ter vontade de ter relação sexual 
foi uma das últimas coisas que recuperei com o 
progresso do tratamento. 
É certo que muitas pessoas como a Dolores percebem que a 
vida sexual foi prejudicada com as dores, mas o que não sabem é que 
diferentes estudos comprovaram que a prática de atividade sexual 
regular pode levar ao alívio parcial ou completo da dor, especial-
mente de cefaleias e enxaquecas, dentre outros benefícios para a 
saúde da pessoa.
E você, como vai esta área na sua vida?
Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta 
área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 
totalmente prejudicada.
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Para você refletir 
• Você tinha uma vida sexual satisfatória antes da dor?
• Percebeu se suas dores pioram quando tem relações sexuais?
• Sente que a dor afetou sua sexualidade de forma mais ampla?
• Consegue notar benefícios na troca de carinho e outras inti-
midades para o alívio de suas dores?
D
5 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
O sono é essencial à saúde porque repara, regenera 
e revigora o organismo. Extensos períodos de 
privação desse descanso podem aumentar o risco 
de problemas no coração, obesidade, câncer, diabetes, depressão 
ou queixas relacionadas à dor. A boa qualidade do sono pode ser 
um grande aliado no tratamento da dor crônica ou, quando ruim, 
pode prejudicar, estimulando ou intensificando a dor. Estudos 
clínicos e experimentais, tanto em humanos como em animais, 
confirmam a associação entre a redução da eficiência do sono e 
manifestações dolorosas: o sono torna-se fragmentado, obser-
va-se aumento no número de despertares, assim como dificuldade 
para dormir ou acordar34,35.
Como está a qualidade do seu sono? 
Você identifica algumas das
dificuldades aqui mencionadas? 
Segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), 
aproximadamente 50% dos pacientes com dor crônica relatam
algum problema de sono, como dificuldade para dormir e para 
despertar, sendo que estes problemas estão intimamente associados 
à gravidade da dor36. Um estudo mais recente34 atualizou estes dados 
afirmando que os problemas de sono estão presentes em 67% a 88% 
dos pacientes com dor crônica e, em pelo menos 50% das pessoas, a 
insônia aparece como o distúrbio do sono mais diagnosticado.
Tanto a dor pode prejudicar a qualidade do
sono quanto o sono pode intensificar a dor, 
logo o tratamento deve enfocar não apenas no
alívio da dor, mas também nos distúrbios do sono.
sono
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 5 1
Deve-se levar em conta a influência de fatores emocionais, a 
disfunção respiratória, a limitação motora, o condicionamento físico e 
o uso de medicamentos que alteram o padrão do sono. Nos distúrbios 
do sono,além da sonolência diurna, outras manifestações devem ser 
levadas em conta, como a fadiga, os distúrbios de humor e as dificul-
dades de raciocínio37.
Nunca dormi 8 horas como costumam dizer que é 
bom, pois a noite era o momento que tinha para ver 
televisão e me distrair um pouco e, muitas vezes, 
dormia tarde porque ficava entretida jogando no 
celular ou olhando meu Facebook e Instagram. 
Quando as dores vieram, tudo piorou, pois não 
tinha mais posição na cama que fosse confor-
tável, e pegar no sono ficou ainda mais difícil. 
Passei a dormir menos de 5 horas por noite e me 
levantar ficou muito difícil. Sempre acordava com a 
sensação de que precisava ter dormido mais. Meu 
corpo vivia dolorido, cansado e pesado, e me sentia 
sem energia nenhuma para seguir com o meu dia. 
Quando comecei a tomar medicamento para ajudar 
no sono, pude entender o que os médicos diziam 
sobre a importância de dormir bem, pois a falta 
de energia e o cansaço constante começaram a 
diminuir e passei a me sentir mais disposta. 
D
5 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Verificar o quanto o seu sono tem qualidade é fundamental, 
pois hoje se sabe o quanto distúrbios do sono podem prejudicar a 
saúde, inclusive atrapalhando a nossa capacidade de memorizar e de 
aprender38. Uma pessoa com privação de sono não consegue focar a 
atenção de forma ideal e, portanto, não pode aprender com eficiência. 
Além disso, o próprio sono tem um papel na consolidação da 
memória, o que é essencial para o aprendizado de novas informações.
Você precisa melhorar a qualidade do seu sono? 
Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta 
área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 
totalmente prejudicada.
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Para você refletir 
• Quando você vai dormir: é sempre no mesmo horário, o 
ambiente é quieto, com pouca luz e bem ventilado?
• Apresenta dificuldade para dormir ou não consegue ter 
um sono contínuo? 
• Seu sono geralmente é reparador, ou seja, acorda com 
energia? 
• Faz uso de medicamentos para facilitar o sono com orien-
tação médica?
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 5 3
Lazer é a prática de alguma atividade durante um 
determinado tempo do dia que funciona como estra-
tégia para distração ou relaxamento e que permite a 
descarga de nossas tensões, proporcionando prazer e estimulando 
a nossa motivação. Essas atividades podem ser desde ler um livro, 
assistir à televisão, ouvir uma música, dançar, correr, jogar boliche, 
praticar tênis, andar de bicicleta, fazer caminhada, nadar, fazer 
ginástica, praticar lutas, participar de jogos, ir ao cinema/teatro, 
viajar... Enfim, qualquer atividade que tenha como fim promover 
bem-estar pode ser incluída aqui.
Logo, quando optamos por uma prática de lazer, optamos, na 
verdade, por experiências que sejam agradáveis, adequadas ao tempo 
livre e ao interesse pessoal, que podem estar associadas, ou não, a 
ganhos para a nossa saúde física e funcional. Ou seja: atividades de 
lazer podem trazer benefícios biológicos e aumentar a nossa parti-
cipação e interação social, o que, certamente, também pode levar a 
resultados na manutenção da saúde e da qualidade de vida.
Vários estudos39-42 demonstram que pessoas que
sofrem com dores crônicas e que têm práticas de
lazer apresentam vários benefícios: aumento 
da força muscular, diminuição de dor,
melhora do humor, diminuição da perda 
óssea e aumento da capacidade funcional.
lazer
5 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Nos atendimentos, muitas vezes, nossos pacientes dizem que 
ficam tão focados em tratar da dor que não têm tempo para atividades 
de lazer, e assim deixam de utilizar um caminho que pode beneficiá-
-los também em relação à dor. Sabemos que não é fácil encontrar 
ações que nos distraiam da dor ou que nos divirtam quando ela 
está forte, mas, se fizermos um esforço e nos dedicarmos a procurar, 
podemos, aos poucos, romper com o ciclo dor-desânimo-dor.
Sempre gostei muito de sair com meus familiares 
nos finais de semana para nos divertir, mas quando 
as dores vieram já não conseguia mais. Não tinha 
disposição, nada me distraía e nem me achava boa 
companhia, já que tinha dor em qualquer posição. 
Fui deixando de fazer coisas que me traziam 
bem-estar, como ouvir música e assistir à televisão, 
e percebi que justificava pela dor, mas na verdade 
era muito mais o meu humor. Em alguns momentos 
me sentia triste e em outros revoltada. Conforme 
iniciei o tratamento, os profissionais falavam sobre a 
importância de fazer atividades que me distraíssem 
da dor e me trouxessem bem-estar. Diziam que não 
precisava retomar tudo de uma vez e que também 
poderia encontrar outras formas de me distrair, 
caso o que quisesse fazer, no momento, não fosse 
possível devido às dores. Assim, aos poucos fui 
retomando algumas atividades e descobrindo 
novas, e percebi que me ajudavam a ficar menos 
desanimada e a ter mais energia para lidar com as 
minhas dores, que ainda eram muito fortes.
D
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 5 5
Como anda o seu lazer? 
Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta 
área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 
totalmente prejudicada.
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Para você refletir 
• Você praticava atividades de lazer antes da dor? Ainda pratica? 
• Percebe se no seu tempo livre busca fazer algo que seja 
agradável para você?
• Já notou se as atividades de lazer que pratica funcionam 
como válvula de escape para quando está tenso?
• Considera importante reservar um tempo para realizar ativi-
dades de lazer? 
5 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
A autoimagem se refere à percepçãoque a pessoa 
tem sobre si mesma nos diversos papéis que 
ela exerce. Dependendo de como a pessoa se 
vê, ela irá desenvolver seu autoconceito e, consequentemente, sua 
autoestima. Assim, a forma como eu me vejo (autoimagem) e a forma 
como eu me percebo (autoconceito) influenciam diretamente o nível 
de o quanto eu me aprecio (autoestima).
A autoestima pode ser entendida como uma avaliação positiva 
ou negativa que uma pessoa faz de si mesma. Estar com boa autoes-
tima significa se amar e se aceitar reconhecendo suas próprias 
fraquezas e defeitos. 
Pensando nisto, tente responder:
Como você se vê (autoimagem)? 
Qual é a ideia que você faz de si mesmo (autoconceito)? 
O quanto você se valoriza pelo que é (autoestima)?
Saiba que a autoimagem, o autoconceito e a autoestima nos 
auxiliam a nos sentir seguros e confiantes em nossas habilidades e 
competências, permitindo que fiquemos mais flexíveis para lidar com 
mudanças e dificuldades, assim como nos ajudam a manter relações 
mais saudáveis com os demais. Neste sentido, nossa autoestima 
pode interferir também na percepção de dor. Estudos43,44 mostram 
que pessoas que se sentem inseguras apresentam pouca credibili-
dade em suas próprias capacidades de lidar com a dor (ou seja, baixo 
senso de eficácia — mais detalhes no capítulo oito) e, assim, acabam 
permitindo que ela tome o controle de suas vidas — sentem-se prisio-
neiras desse desconforto ou impotentes para diminuir a sua condição 
de sofredores. Algumas pessoas têm necessidade de se mostrar tão 
autoimagem
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 5 7
fortes que negam suas fragilidades e, por vezes, desrespeitam suas 
limitações atuais, brigando contra a dor a qualquer custo, o que pode 
aumentar sua intensidade e gerar crises de dor.
Engordei 20 quilos depois que começaram as dores 
e infinitos tratamentos sem sucesso. De início, 
comia doces para aliviar meu mal-estar por sentir 
muitas dores e não ver perspectiva de melhora, 
mas com o tempo passei a comer por desânimo e 
ansiedade de ver minha vida totalmente diferente, 
na verdade prejudicada devido a essas dores que 
pareciam incontroláveis. Percebi que, além de não 
estar contente com a minha aparência, comecei a 
ficar mais retraída e sem paciência com meus fami-liares e amigos. Entrei em um círculo vicioso, pois 
passei a comer para aliviar meu sofrimento ora 
devido às dores fortes e ora devido à minha insatis-
fação comigo mesma e com o meu corpo. É como 
se nada pudesse fazer eu me sentir bem. Mesmo 
os chocolates que passei a comer sem controle 
me davam a sensação de bem-estar por pouco 
tempo, logo vinha a culpa e a raiva pela minha falta 
de autocuidado. Acredito que, muitas vezes, o fato 
de não estar bem comigo mesma não só afetou o 
meu relacionamento com pessoas com quem eu 
me importava como também me fez perceber que a 
falta de autoestima parecia uma bomba-relógio que 
facilitava eu me sentir incapaz de poder manejar 
minhas dores, e isto dificultava a minha adesão com 
o tratamento. Quando comecei a lidar com esse 
meu lado “sabotador”, pude aos poucos perceber 
que eu também estava atrapalhando a possibili-
dade de sucesso do meu tratamento.
D
5 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Como você avalia que está a sua autoimagem, 
seu autoconceito e sua autoestima? 
Acredita que isto pode estar interferindo na maneira 
como vem lidando com suas dores ou de como tem se 
comprometido com o seu tratamento?
Dê uma nota de 0 a 5 para o quanto entende que esta 
área está prejudicada, sendo 0 nenhum prejuízo e 5 
totalmente prejudicada. 
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Para você refletir 
• Você valoriza suas conquistas e tenta aprender 
com suas derrotas?
• Evita se comparar com os outros?
• Reconhece seus defeitos e qualidades?
• Tem tentado se transformar em uma pessoa melhor?
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 5 9
Projeto de vida é o plano que uma pessoa traça 
para seguir na vida. Ele é um esquema vital que se 
encaixa na ordem de prioridades, valores e expecta-
tivas para ser realizado ao longo de sua existência. Está vinculado à 
busca de felicidade e autorrealização, uma vez que inclui planos para 
promover bem-estar e trazer para a pessoa a consciência daquilo que 
ela quer e luta para conseguir. 
Você tem objetivos definidos
e claros para a sua vida?
Acredita que pode realizá-los? A dor crônica pode interferir na 
vida de uma pessoa funcionando como um bloqueio que interrompe 
ou desorganiza o projeto de vida estabelecido. Quando ela ocupa um 
papel tão central no dia a dia, os esforços e a motivação se dirigem 
para a busca da cura, transformando-se no único ou no maior projeto 
pessoal. Outras vezes, a pessoa tem dificuldades para seguir com 
suas metas, pois seu quadro álgico (dor) impede ou dificulta a reali-
zação desses planos, e a sensação de fracasso ou de irritabilidade 
passa a ser mais frequente. Há também aqueles que estão com dor e 
percebem que nunca investiram em um projeto de vida claro ou bem 
definido, mesmo antes da dor. Desse modo, fica mais difícil buscar 
outras fontes de motivação que não seja se livrar dela a qualquer 
custo, pois passam a vê-la como um grande inimigo a ser combatido.
Não se trata de vencer a dor ou perder para ela, mas é 
preciso transformá-la em uma experiência que aumente seus 
conhecimentos sobre você mesmo, que permita identificar suas 
prioridades e avaliar o quanto investe nelas no seu dia a dia ou se 
seus planos são aqueles que nunca realizou ou que não acredita 
que possa colocá-los em ação45.
PROJETO
de vida
6 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
É comum que nos dediquemos à busca de uma vida confor-
tável cujas conquistas materiais permitam que os outros reconheçam 
nosso sucesso e, muitas vezes, este é um dos fatores que podem 
aumentar ou diminuir nossa autoestima. Uma pessoa com uma boa 
autoestima é impulsionada a pensar com mais clareza e se mostra 
capaz de utilizar recursos próprios para progredir e alcançar o que 
almeja fazendo planejamentos mais eficientes.
Nos últimos anos, tem crescido o número de estudos na área 
da Psicologia evidenciando que não existe receita para a felicidade 
e que esses momentos são consequência de realizações de planos 
pessoais. Falaremos um pouco mais adiante, no capítulo seis, sobre 
nossas fontes de motivação e do quanto elas podem contribuir para 
a nossa sensação de bem-estar e realização do nosso projeto de vida.
Vamos ver o que a Dolores tem a dizer sobre o seu projeto de vida.
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 6 1
D
Percebi que, fora pagar minhas despesas e me 
dedicar às necessidades da minha família, nunca 
organizei, de fato, um projeto de vida. Acho que, 
quando as dores vieram, ficou mais claro isto para 
mim. Me senti frustrada e impotente, já que não 
estava recebendo financeiramente como antes 
e não tinha força nem disposição para continuar 
cuidando de meus familiares como fazia. Fiquei com 
muita raiva da dor que me colocou nesta posição 
de impotência, mas aos poucos pude perceber 
que eu não olhava para as minhas próprias neces-
sidades muito antes de começar a sentir dores e 
que as minhas fontes de motivação estavam mais 
centradas fora de mim, o que aumentava a minha 
insatisfação comigo depois que adoeci. Lembro-me 
de ter sido questionada sobre minhas prioridades 
na vida e, fora querer ficar sem dor, não conseguia 
identificar mais nada que naquela fase me impul-
sionasse no meu cotidiano. Me sentia frustrada, e as 
limitações físicas representavam a minha sensação 
de fracasso na vida. 
O depoimento de Dolores reforça a importância de que 
toda pessoa saiba o que realmente quer e o que a satisfaz, pois 
a falta de clareza pode provocar insatisfação consigo mesma, 
mal-estar e tristeza e, sobretudo, a sensação de não estar conse-
guindo aproveitar o tempo que tem, vinculando muito este apro-
veitamento à produtividade. 
Quando uma pessoa desenvolve um projeto pessoal, o 
mais importante é que ele tenha objetivos claros e possíveis de ser 
D
6 2 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
alcançados, mas, principalmente, que seja um desafio, que faça a 
pessoa olhar para a frente e que traga benefícios para o seu desenvol-
vimento pessoal. 
Existem situações que podem bloquear ou atrapalhar a reali-
zação de nosso projeto. Como já citado, a falta de objetivos claros ou 
de levantamento de nossas prioridades pode atrapalhar os planos 
estabelecidos, mas isso também ocorre quando a pessoa percebe 
que em um determinado momento do seu ciclo de vida não realizou 
o que planejou ou o que sonhou para aquela fase. Outro ponto a ser 
considerado é a possibilidade de atrito entre as pessoas quando o 
projeto de uma cruza com o de outra e eles não são compatíveis — as 
diferenças, muitas vezes, são difíceis de ser conciliadas. Todos esses 
entraves exigem a necessidade de reavaliar o projeto e fazer ajustes 
que permitam novos planejamentos ou adaptações aos que foram 
estabelecidos anteriormente.
Devemos lembrar que não são apenas esses os motivos que 
podem impedir você de desenvolver o seu projeto de vida, mas o 
ser humano tem uma tendência a procrastinar diante de tarefas. A 
procrastinação46,47 é o ato de atrasar ou mesmo de adiar uma ou mais 
tarefas, é uma força que nos impede de seguir adiante com o que foi 
proposto ou planejado. Existem muitos estudos focados na procras-
tinação que têm mostrado que, quando uma pessoa procrastina, ela 
passa à frente tarefas em detrimento daquilo que realmente deveria 
fazer, podendo, assim, justificar a falta de tempo e esconder de si 
mesma que está evitando a tarefa.
É comum quando alguém está procrastinando não ter controle 
das tarefas, adiar decisões importantes, deixar para fazer sempre 
para a última hora e, no geral, isso provoca a sensação de culpa, gera 
estresse, desmotivação e falta de confiança no seu potencial. Se você 
Capítulo DOIS 1 O IMPACTO DA DOR NO MEU COTIDIANO 6 3
se vê procrastinando muito, identifique se não está com medo de 
fracassar ou de receber críticas, ou, ainda, de ter sucesso. 
Reconhecer nossos verdadeiros propósitos, ou seja, aquilo que 
nos move na vida, é o primeiro passo fundamental para nos manter 
motivados em seguir com nossos planejamentos.
Dêuma nota de 0 a 5 para o quanto entende
que esta área está prejudicada, sendo 0 nenhum
prejuízo e 5 totalmente prejudicada. 
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Para você refletir 
• Você tem sido específico para definir seus objetivos?
• Seus objetivos podem fazer diferença na sua vida?
• Suas metas podem ser avaliadas e alcançadas?
• Estabeleceu prazos para alcançar suas metas? 
6 4 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
É fundamental 
minimizar 
o impacto
da dor no
seu dia a dia.
6 5
Capítulo TRÊS
O sentido da dor
na minha vida
Olá! Eu sou o Salvador. Sim, este é meu nome. 
Estou aqui, como a Dolores, para contar a minha 
trajetória e ensiná-lo a olhar para a sua situação 
com outros olhos. Olhos que permitam encontrar 
“uma luz no final do túnel”. 
Hoje estou com 40 anos. Trabalhava na área de infor-
mática de uma multinacional conceituada de São 
Paulo. Há cinco anos, comecei a ter dor na coluna 
lombar e, desde que ela começou, minha vida foi 
sofrendo mudanças radicais. Estava afastado do 
trabalho há dois anos quando resolvi que precisava 
buscar novas possibilidades de tratamento. Fui a 
vários médicos, que me receitaram muitos remédios, 
ficava dopado, mas a dor continuava lá. Conforme 
eu não melhorava e questionava os meus médicos, 
eles alegavam que o meu problema era estresse 
ou talvez que eu não quisesse voltar a trabalhar. 
SS
6 6 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Muitos me questionavam se estava processando a
empresa em que trabalhava e punham em dúvida
minha real condição clínica. Estava muito irritado
com toda essa situação e com pouca esperança
de me recuperar. É muito duro lidar com as limi-
tações e o sofrimento que dores fortes provocam
e ainda precisar provar para as pessoas que tudo
o que eu sentia era legítimo. Primeiro, achei que
pudesse estar com câncer, já que havia perdido um
tio com tumor na coluna, e foi um alívio quando os
médicos descartaram essa possibilidade. Cheguei,
eu mesmo, a questionar minha sanidade mental
e a me perguntar se eu não estaria criando tudo
aquilo! Mas a troco de que iria criar uma dor que
em nada havia melhorado a minha vida, muito
pelo contrário, já não me reconhecia mais! Sem
trabalhar, afastado de amigos, se é que posso
chamá-los de amigos, que somem quando mais
precisamos, contava apenas com o apoio da minha
esposa e tinha que lidar com o meu filho de 6 anos
que não conseguia entender o porquê de seu pai
ficar em casa, muitas vezes, queixando-se de dores
e sem disponibilidade para brincar com ele. Assim
estava há dois anos, quando iniciei o tratamento
com esta equipe multidisciplinar.
Um dos pontos que me chamou a atenção foi que, 
conversando com a psicóloga, comecei a perceber 
que extensão a dor havia ocupado na minha vida. 
Ela me solicitou que imaginasse que eu poderia 
dar uma forma para a minha dor, e em seguida 
SS
Capítulo TRÊS 1 O sentido da dor na minha vida 6 7
me pediu para tentar desenhá-la. A princípio achei 
engraçado, fora este não ser um dom meu, nunca 
havia pensado na minha dor desta forma. Quando 
deixei de lado o medo de não saber desenhar ou de 
o desenho ficar esteticamente feio, eu fiz.
Eu desenhei um diabo 
porque a dor me infernizava 
s e m p r e . B a t i z e i e l a d e 
maldita, pois refletia plena-
mente a minha irritação. 
Meu desenho mostrava bem 
a minha raiva por estar 
me vendo na condição de
sofredor. Na época, acreditava 
que apenas remédios e bloqueios (injeções de 
anestesia/anestésico) poderiam melhorar minha 
situação, o que me colocava em uma postura 
passiva, aguardando que médicos, remédios ou 
procedimentos, como infiltrações e bloqueios, 
pudessem resolver o meu problema. Fiz o 
desenho com lápis preto, pois para mim a dor 
pesava e retirava o colorido da minha vida.
Qual é a cara da sua dor? 
Pegue uma folha de papel e desenhe a sua também sem preo-
cupação artística. Lembre-se de que não existe certo ou errado e, se 
precisar, feche os olhos e se concentre no seu desconforto, tentando 
visualizar como poderia representá-lo. Depois de desenhar a dor, 
respondi algumas perguntas sobre o meu desenho que vou comparti-
lhar aqui e convido você para responder sobre o seu também.
6 8 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
Após você ter lido o inquérito de Salvador e ter dado as suas 
respostas, vale refletir um pouco mais sobre o Retrato da Dor. 
INQUÉRITO
igual à sua idade
superior ao tempo de
convívio com a dor
impacto emocional: tristeza; raiva; mágoa; desgosto; angústia; 
preocupação; impotência; indiferença; culpa; dó; alívio; outros.
impacto físico: desconforto; dor; incômodo; queimação; limitação; 
incapacidade; outros. 
impacto socioeconômico: perda de status social; perda financeira; 
inutilidade; improdutividade; outros.
igual ao tempo de convívio com a dor
inferior ao tempo de convívio com a dor
outros
ruim (convívio negativo)
aprendizado (vivência positiva)
sem associação positiva ou negativa (se acostumou)
outros
1. Dê um nome para a sua dor: Maldita.
Qual o motivo de escolher este nome? Sinto que ela só trouxe coisas ruins!
2. Quantos anos ela tem? 5 anos
3. O que você sente quando olha para ela? 
(assinalar quantas alternativas forem necessárias)
4. Como é conviver com a dor?
5. Alguém ou algo pode ajudar a diminuir a sua dor? 
Os médicos, os remédios e as agulhas! Não acho que outros profissionais possam me ajudar
Ao lado das respostas do Salvador, você pode marcar as suas! 
Ou, se preferir, acesse o questionário digital no QR Code. 
Capítulo TRÊS 1 O sentido da dor na minha vida 6 9
6. E você pode fazer alguma coisa? 
Seguir com o tratamento indicado, embora não tenha certeza de que vá funcionar.
7. Teve algum momento na sua vida que tivesse sido igual
ou pior do que esta dor? Não precisa estar relacionado com
doença, pode ser qualquer coisa que se assemelhe ao seu
sofrimento atual.
 igual pior nada se compara a esta dor
Fizemos um estudo em São Paulo que analisou o desenho 
da dor de 150 pacientes, e os principais resultados obtidos foram 
os seguintes:
• Os participantes fizeram desenhos que puderam ser classifi-
cados em oito categorias diferentes: cenas, animais, objetos, 
elementos da natureza, partes ou corpo inteiro, figuras 
geométricas, rabiscos e monstros. Salvador fez um monstro, 
e você, o que desenhou? Se ainda não o fez, aproveite para 
desenhar agora.
• A maioria das pessoas descreveu o convívio com a dor 
como sendo horrível, assim como Salvador. E você, como
responderia? 
• Mais da metade acreditava que os médicos e os remédios
poderiam diminuir suas dores, e, quando questionados sobre 
seu papel no tratamento, eles revelaram o predomínio de 
postura passiva, alegando não saber como poderiam ajudar no 
tratamento. A resposta de Salvador não foi diferente, e a sua?
7 0 LIDANDO melhor COM AS MINHAS DORES CRÔNICAS
• Em relação a situações de sofrimento iguais ou piores que a 
experiência de dor, observou-se que a proporção de pacientes 
que associaram suas dores a eventos de impacto emocional 
correspondeu à metade do total de pessoas que participaram 
da pesquisa. Essas pessoas compararam o sofrimento de 
suas dores à perda de entes queridos e a traições em relações 
amorosas ou de trabalho, destacando a importância dos rela-
cionamentos na maneira como irão tolerar mais ou menos 
situações de desconforto. Quanto ao impacto físico, desta-
cou-se a lembrança de outras dores e de doenças agudas ou 
crônicas. Salvador disse que nada se comparava à dor dele. E 
você, o que diria da sua experiência?
• Quanto às cores utilizadas nos desenhos, a maioria utilizou 
poucas cores, prevalecendo o preto e o cinza, como no 
desenho de Salvador. Você colocou outras cores no seu? 
Se quiser saber mais a respeito de como as pessoas 
com dor representam esta experiência, você pode 
baixar pelo QR Code ao lado um e-book gratuito, que 
a autora deste livro e a sua equipe desenvolveram com 
base em diferentes retratos de dor, em pacientes com 
vários diagnósticos,

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