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Revista Brasileira de Direito Processual

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Cassio Scarpinella Bueno
A realização de convenções processuais no âmbito da tutela coletiva: um passo em direção à eficiência da justiça
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(In)constitucionalidade da tutela de evidência liminar diante do processo no Estado Democrático de Direito: uma 
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334 do CPC
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da Lei nº 11.101/2005
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Do modelo cooperativo ao ambiente de negociação processual na Justiça do Trabalho: relevância da autonomia privada 
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Sérgio Cabral dos Reis
NOTAS E COMENTÁRIOS
¡Hoy me leo y no me reconozco!: “Batalhas de Eugenia” pelo Garantismo Processual
Glauco Gumerato Ramos
Discurso proferido na ocasião do lançamento da obra Embargos de Terceiro (Editora Saraiva, 2017), de autoria do 
Professor Donaldo Armelin, na sede social da Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo – APESP, em 
22.06.2017
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Em memória de Aristóteles Atheniense
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Revista Brasileira de D
IREITO
 PRO
CESSU
A
L
ano 28 . out./dez. 2020
R
B
D
P
ro
112
REVISTA BRASILEIRA DE DIREITO PROCESSUAL - RBDPro
ano 28 . n. 112 . outubro/dezembro 2020 - Publicação trimestral
112 
DOUTRINA e RESENHAS
ISSN 0100-2589
Diretores
Eduardo José da Fonseca Costa
Fernando Rossi
Lúcio Del� no
RBDPro
Revista Brasileira de
DIREITO PROCESSUAL
Programa Qualis da Capes
Estrato Indicativo
Revista Brasileira de
DIREITO PROCESSUAL
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 Adormecida por aproximadamente 16 anos, a 
tradicional Revista Brasileira de Direito Pro ces sual – 
RBDPro renasce. Inicialmente produ zida no seio 
da cidade de Uberaba, MG, pela Editora Vitória, 
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agora, nesta novíssima fase, a empreitada é 
assumida pela entusiasta equipe da Editora Fórum.
 E a novidade surge em boa hora. A� nal, 
as mudanças na legislação processual são uma 
constante. Na busca de maiores celeridade e efe-
ti vidade, as alterações legislativas assumem a 
dianteira e obrigam o jurista a revisitar institutos 
e conceitos, muitos dos quais já se tinham por 
consolidados, para, se necessário, conferir-lhes 
um novo colorido, mais adequado aos novos 
tempos. À doutrina e aos veículos editoriais res-
ponsáveis por sua divulgação atribui-se respon-
sabilidade inques tio nável nesse propósito. 
 É diante desse cenário de transformações 
que a RBDPro ressurge. Sua aparência encontra-
se renovada, mas seus propósitos e objetivos 
permanecem os mesmos que levaram à sua 
criação, quando dirigida pelos notáveis Edson 
Prata e Ronaldo Cunha Campos. En� m, o que se 
pretende é proporcionar um espaço, de alcance 
nacional e internacional, apto a fomentar o debate 
cientí� co e a contribuir com o desenvolvimento 
da ciência processual, mediante a difusão de 
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R. bras. Dir. Proc. – RBDPro | Belo Horizonte, ano 28, n. 112, p. 41-61, out./dez. 2020 41
Modulação para proteger direitos 
subjetivos
Caroline Pomjé
Mestra em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Advogada em 
Porto Alegre (Rio Grande do Sul). E-mail: caroline@scarparo.adv.br. ORCID: https://orcid.
org/0000-0001-8726-6474.
Eduardo Scarparo
Doutor em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor 
Adjunto de Direito Processual Civil na Faculdade de Direito da UFRGS e no Programa de 
Pós-Graduação em Direito da mesma instituição. Membro do Instituto Brasileiro de Direito 
Processual (IBDP). Advogado em Porto Alegre (Rio Grande do Sul). E-mail: scarparo@ufrgs.
br. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7535-5111.
Resumo: O artigo analisa, em caráter exploratório, a viabilidade de modulação dos efeitos das decisões 
com o intuito de tutelar direitos subjetivos das partes e de terceiros, inclusive em instâncias locais. Para 
tanto, parte do estudo sobre as hipóteses de modulação já previstas na legislação vinculadas ao direito 
objetivo e à superação de precedentes, relacionando a possibilidade de modulação a circunstânciasque 
demandem especial proteção à segurança e à previsibilidade.
Palavras-chave: Modulação de efeitos. Jurisdição constitucional. Precedentes. Recursos cíveis. Teoria 
geral dos recursos.
Sumário: 1 Introdução – 2 Modulações voltadas à proteção de legítima confiança no direito objetivo – 
3 Situando a questão na teoria geral dos recursos e os horizontes de sua aplicabilidade em favor de 
direitos subjetivos – 4 Conclusão – Referências
1 Introdução
Modular efeitos significa regular ope judicis a eficácia temporal de uma decisão, 
retroagindo ou não seus efeitos. O tema é historicamente ligado ao controle de 
constitucionalidade, tendo também alcançado importância quando há superação 
de precedentes (CPC/2015, art. 927, §3º). No primeiro caso, a modulação condiz 
com a garantia da constitucionalidade do ordenamento jurídico tendo-se em conta a 
estabilidade social; no segundo, vincula-se à função de prover unidade à interpretação 
do direito. A modulação de efeitos assim, em primeira linha, é concebida para a 
proteção ao direito objetivamente considerado. Busca fornecer segurança jurídica, 
a partir do pressuposto de que os cidadãos devem confiar nas decisões do Poder 
Público, a fim de permitir que a vida em sociedade seja estruturada e organizada 
em termos previsíveis.
DOI: 10.52028/RBDPro.v21i112.200406RS
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CAROLINE POMJÉ, EDUARDO SCARPARO
Confiança e previsibilidade, contudo, não são atributos exclusivamente desejáveis 
nas funções jurisdicionais vinculadas ao direito objetivo, sendo valiosas em quaisquer 
outros atos do Estado, inclusive nas decisões que tratam primariamente de direitos 
subjetivos. Tanto é verdade que o ordenamento jurídico busca promovê-los, sendo 
bastante ilustrativa a previsão de coisa julgada, cuja aplicação protege posições 
subjetivas de interesse em dadas situações.
Sem esquecer das peculiaridades que resguardam a modulação e seus 
usos excepcionais na jurisdição, no presente ensaio cogita-se sobre hipóteses de 
modulação de efeitos de decisões tomadas não apenas para trato no controle de 
constitucionalidade ou com precedentes. Enquanto que nesses casos a modulação 
ampara-se na segurança jurídica em face de mudanças sobre a interpretação ou a 
validade do ordenamento jurídico considerado objetivamente, considera-se também 
a dinamização da eficácia temporal ope judicis para proteção de direitos subjetivos 
em decorrência da reforma ou mudança de decisões particulares, especialmente 
em instâncias locais, relacionando-se a casos e excepcionalidades que demandam 
segurança em face das partes e de terceiros.
A regulação da eficácia no tempo de decisões tem um endereço doutrinário 
conhecido na teoria geral dos recursos. Quanto às decisões sujeitas a recursos, o efeito 
suspensivo encaminha a questão; já diante de recursos julgados, com referências ao 
seu caráter substitutivo, tradicionalmente, afirma-se que o pronunciamento recursal 
toma o lugar da decisão recorrida, estabelecendo temporalmente a eficácia ex tunc.1
Em certas situações, contudo, pode-se conjecturar sobre determinações 
judiciais acerca da eficácia no tempo de decisão proferida na jurisdição, tanto em 
primeiro grau quanto em instâncias recursais. Assim especialmente quando diante 
de situações que demandem proteção de segurança e confiabilidade. Antes de 
especificar estritamente essa possibilidade, contudo, convém tratar dos propósitos 
e características inerentes à modulação junto às suas aplicações mais conhecidas.
1 “É usual em doutrina a alusão a um binômio representativo dos efeitos do julgamento dos recursos e 
composto pela cassação e substituição. Esses efeitos, porém, abrangem somente as hipóteses em que o 
recurso é conhecido, ou seja, as hipóteses em que o tribunal destinatário aprecia o seu mérito, seja para 
dar-lhe provimento, seja para negá-lo. Não conhecido o recurso, o ato jurídico fica intacto, sem cassação 
e muito menos substituição. Ao conhecer do recurso, seja para provê-lo ou improvê-lo, o tribunal cassa a 
sentença ou decisão porque a retira do mundo jurídico, para que não mais produza efeitos; e também a 
substitui por outra decisão, que é essa que ele próprio está a proferir (CPC, art. 1.008). Essa substituição 
do ato inferior pelo superior se dá sempre que o mérito recursal seja julgado, ainda quando o recurso seja 
improvido e, portanto, confirmada a sentença ou decisão: a partir da publicação do acórdão este se reputa 
o ato julgador da causa ou incidente e a responsabilidade por ele é do órgão julgador do recurso, e não do 
juiz a quo” (DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 
2016. p. 207-208).
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MODULAÇÃO PARA PROTEGER DIREITOS SUBJETIVOS
2 Modulações voltadas à proteção de legítima confiança no 
direito objetivo
Entender o direito como um conhecimento independente dos fatos da vida 
pressupõe uma concepção idealista. O lugar para se trabalhar apenas com ideias é 
a abstração e isso faz com que, nessa concepção, as questões contingentes sejam 
excluídas de apreciação. Essa consideração da formação do conhecimento por meio 
da abstração teve um particular impulso com o racionalismo moderno,2 sendo o 
direito marcado, a partir daí, por seu desenvolvimento dogmático e ideal.
Com isso, as contingências que se fizessem presentes perante a jurisdição 
deveriam ser encaradas com indesejáveis casuísmos e, assim, ignoradas para permitir 
uma aplicação científica do direito. Natural, nesse cenário, que a eficácia temporal 
de uma decisão fosse tema de pouca abertura, mormente pelo inquestionável 
favorecimento de soluções de caráter legal (ope legis) em detrimento daquelas que 
se estruturam em atos judiciais (ope judicis).
Aproximando-se do tema desse ensaio, observa-se que a declaração de 
inconstitucionalidade reverbera como um caminho de consequências pré-estabelecidas 
e dissociadas das contingências. Afinal, se é inconstitucional a lei, esse vício lhe 
transfere a imprestabilidade desde o início, com o expurgo de todo e qualquer efeito 
jurídico, independentemente dos casuísmos ocorridos na vida em sociedade. A 
mesma linha de pensamento aplicar-se-ia ao precedente reformado, de modo que 
a nova orientação seria melhor e, por isso, deveria ser aplicável a todos os casos, 
por bem da unidade do direito.
Isso quer dizer que, tendo-se em consideração estritamente o ordenamento 
jurídico em caráter ideal, não haveria motivos para que leis inconstitucionais ou 
entendimentos revogados tivessem aplicação sequer cogitada. Todavia, quando se 
atenta que o direito regula relações contingentes, pode-se compreender a necessidade 
de se permitir ajustes temporais e casuísticos de eficácia. Tais adaptações no tempo 
de vigência da tutela jurisdicional não podem ser predefinidas aprioristicamente pela 
lei, justamente por seu caráter contingente, sendo inevitável conceber a viabilidade 
de adequação da eficácia temporal dessas decisões em caráter ope judicis, ou, se 
a expressão soa mais familiar, via modulação dos efeitos.
2 Sobre o tema, ver SILVA, O. A. B. da. Processo e ideologia: o paradigma racionalista. Rio de Janeiro: Forense, 
2004. p. 5-34.
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CAROLINE POMJÉ, EDUARDO SCARPARO
2.1 Modulação dos efeitos das decisões na jurisdição 
constitucional
Kelsen, na obra Teoria Pura do Direito, sustentou que a ordem normativa é 
formada a partir da junção de todas as normas cuja validade pode ser reconduzidaà 
conhecida formulação da norma fundamental.3 Assim, diante da desconformidade de 
uma norma inferior (como leis, decretos, portarias ou mesmo atos administrativos) 
com a Constituição, tem-se a inconstitucionalidade da primeira, a qual pode ser de 
duas ordens: material (intrínseca) ou formal (extrínseca).4
Tradicionalmente, a consequência atribuída pelo ordenamento jurídico à norma 
eivada de inconstitucionalidade é a sua nulidade.5 Apesar de o entendimento 
jurisprudencial e doutrinário manter-se alinhado à tese da inconstitucionalidade 
como nulidade, fato é que o ordenamento jurídico nacional apresenta situações que 
autorizam a flexibilização temporal da decisão de inconstitucionalidade, especialmente 
tendo em vista “valores como boa-fé, justiça e segurança jurídica”.6 Assim, apesar 
de a CF/1988 não conter dispositivo que, expressamente, autorize a limitação dos 
efeitos ex tunc da decisão que declare inconstitucional um ato normativo, essa 
3 “Todas as normas cuja validade pode ser reconduzida a uma e mesma norma fundamental formam um 
sistema de normas, uma ordem normativa. A norma fundamental é a fonte comum da validade de todas 
as normas pertencentes a uma e mesma ordem normativa, o seu fundamento de validade comum. O fato 
de uma norma pertencer a uma determinada ordem normativa baseia-se em que o seu último fundamento 
de validade é a norma fundamental desta ordem. É a norma fundamental que constitui a unidade de uma 
pluralidade de normas enquanto representa o fundamento da validade de todas as normas pertencentes a 
essa ordem normativa” (KELSEN, H. Teoria pura do direito. Tradução de João Baptista Machado. 8. ed. São 
Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. p. 217).
4 CARRAZZA, R. A. Segurança jurídica e eficácia temporal das alterações jurisprudenciais: competência dos 
tribunais superiores para fixá-la – questões conexas. In: FERRAZ JR., T. S.; CARRAZZA, R. A.; NERY JR., N. 
Efeito ex nunc e as decisões do STJ. 2. ed. Barueri: Manole, 2009. p. 38.
5 “Nenhum ato legislativo contrário à Constituição pode ser válido. E a falta de validade traz como consequência 
a nulidade ou a anulabilidade. No caso da lei inconstitucional, aplica-se a sanção mais grave, que é a de 
nulidade. Ato inconstitucional é ato nulo de pleno direito. Tal doutrina já vinha proclamada no Federalista e 
foi acolhida por Marshall, em Marbury v. Madison. [...]. A lógica do raciocínio é irrefutável. Se a Constituição 
é a lei suprema, admitir a aplicação de uma lei com ela incompatível é violar sua supremacia. Se uma lei 
inconstitucional puder reger dada situação e produzir efeitos regulares e válidos, isso representaria a negativa 
de vigência da Constituição naquele mesmo período, em relação àquela matéria. A teoria constitucional não 
poderia conviver com essa contradição sem sacrificar o postulado sobre o qual se assenta. Daí por que a 
inconstitucionalidade deve ser tida como uma forma de nulidade, conceito que denuncia o vício de origem 
e a impossibilidade de convalidação do ato. Corolário natural da teoria da nulidade é que a decisão que 
reconhece a inconstitucionalidade tem caráter declaratório – e não constitutivo –, limitando-se a reconhecer 
uma situação preexistente. Como consequência, seus efeitos se produzem retroativamente, colhendo a lei 
desde o momento de sua entrada no mundo jurídico. Disso resulta que, como regra, não serão admitidos 
efeitos válidos à lei inconstitucional, devendo todas as relações jurídicas constituídas com base nela voltarem 
ao status quo ante. Na prática, como se verá mais à frente, algumas situações se tornam irreversíveis e exigem 
um tratamento peculiar, mas têm caráter excepcional” (BARROSO, L. R. O controle de constitucionalidade no 
direito brasileiro: exposição sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. 6. ed. rev. e atual. 
São Paulo: Saraiva, 2012. p. 37-38).
6 BARROSO, L. R. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro: exposição sistemática da doutrina e 
análise crítica da jurisprudência. 6. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 43.
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MODULAÇÃO PARA PROTEGER DIREITOS SUBJETIVOS
chancela ocorre na Lei nº 9.868/99 e na Lei nº 9.882/99,7 8 que versam sobre o 
processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade, da ação declaratória 
de constitucionalidade e da arguição de descumprimento de preceito fundamental. 
Essa legislação insere-se no âmbito do controle concentrado de constitucionalidade 
e traz consigo a autorização para que a declaração de inconstitucionalidade de uma 
norma não produza efeitos retroativos (Lei nº 9.868/99, art. 27, e Lei nº 9.882/99, 
art. 11). Essas hipóteses representam a versão mais conhecida da modulação dos 
efeitos da decisão.
Ainda que dita legislação se insira em um contexto do controle concentrado 
de constitucionalidade, o STF tem ampliado o alcance da técnica de modulação 
também para as decisões que, no âmbito do controle difuso de constitucionalidade, 
reconheçam incidentalmente a inconstitucionalidade de uma norma.9 10 Assim, é 
correto aferir que a prática do tribunal “tem demonstrado que essas novas técnicas 
de decisão têm guarida também no controle difuso de constitucionalidade”.11
As diferentes formas de modulação, em sede de controle de constitucionalidade, 
destinam-se a (a) restringir os efeitos da declaração, estabelecendo um “termo inicial 
para a cassação de efeitos que seja posterior à publicação da norma e anterior à 
7 “Levando em conta que a práxis, pelo Supremo, vem sendo de determinação retroativa dos efeitos do 
controle, esse dispositivo [art. 27 da Lei nº 9.868/99] representa certo avanço na medida em que oficializa a 
possibilidade de flexibilização na atribuição dos efeitos. De fato, a aplicação indiscriminada do efeito ex tunc 
pode gerar situações de lesão a direitos individuais, de insegurança jurídica e de contrariedade aos ditames 
da justiça. A lei inconstitucional, ao nascer com presunção de constitucionalidade, dá origem a inúmeras 
relações jurídicas que se estabelecem durante a sua vigência criando, em seus destinatários, a legítima 
expectativa de que sua pauta de conduta seja cumprida” (ÁVILA, A. P. A modulação dos efeitos temporais 
pelo STF no controle de constitucionalidade. Ponderação e regras de argumentação para a interpretação 
conforme a Constituição do art. 27 da Lei nº 9.868/99. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. 
p. 57).
8 “Essa doutrina, que afirma a nulidade da norma inconstitucional e a natureza declaratória da sentença que 
a reconhece, não fica, de modo algum, comprometida com a regra constante do art. 27 da Lei 9.868, de 
10.11.1999 [...]. Tal dispositivo, na verdade, reafirma a tese, pois deixa implícito que os atos praticados 
com base em lei inconstitucional são nulos e que somente podem ser mantidos em virtude de fatores 
extravagantes, ou seja, ‘por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social’” (ZAVASCKI, T. 
A. Eficácia das sentenças na jurisdição constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 49).
9 “O STF tem admitido a utilização da modulação de efeitos no controle difuso de constitucionalidade e, 
também, na hipótese de mudança de jurisprudência. No caso do controle difuso, adota a aplicação analógica 
do art. 27 da Lei nº 9.868, de 1999, já na superação o admite de forma autônoma, a partir da incidência de 
princípios constitucionais, mesmo que sem autorização expressa no texto normativo” (PEIXOTO, R. Superação 
do precedente e segurança jurídica. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 279).
10 “Atualmente, encara-se com relativa tranquilidade a modulação de efeitos em sede de controle concentrado 
de constitucionalidade (as discussões mais intensas concentram-se na análise da inexistência, da nulidade 
ou da anulabilidade do ato impugnado). Igualmente,as razões de ‘segurança jurídica’ ou ‘excepcional 
interesse social’, por comportarem cláusula aberta passível de interpretação casuística são tranquilamente 
materializáveis (a dificuldade imposta pelo legislador reside muito mais no quórum de dois terços para a 
modulação). Por fim, em rápido processo de ‘tranquilização’ está a questão da modulação de efeitos em 
sede de controle difuso tomando-se emprestada a regulamentação do controle concentrado” (LAZARI, R. J. 
N. de; RAZABONI JR., R. B. A modulação de efeitos no controle difuso de constitucionalidade: análise com 
base em caso concreto. Revista de Direito Constitucional e Internacional, São Paulo, v. 105, p. 15-28, jan./
fev. 2018. p. 5).
11 FERRAZ JR., T. S.; CARRAZZA, R. A.; NERY JR., N. Efeito ex nunc e as decisões do STJ. 2. ed. Barueri: Manole, 
2009. p. XXIV.
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R. bras. Dir. Proc. – RBDPro | Belo Horizonte, ano 28, n. 112, p. 41-61, out./dez. 202046
CAROLINE POMJÉ, EDUARDO SCARPARO
decisão declaratória de inconstitucionalidade” (ex tunc parcial ou relativo);12 (b) 
determinar que os efeitos da norma cessem apenas após o trânsito em julgado da 
decisão que reconheceu sua inconstitucionalidade;13 e (c) determinar que os efeitos 
da norma cessem apenas após o advento de determinada data futura.14 15
Dependem, igualmente, que a decisão pela modulação seja tomada pela maioria 
qualificada de dois terços dos membros do tribunal,16 sendo “sempre do Pleno do 
Supremo Tribunal Federal a competência para o exame dos efeitos nos termos daquele 
dispositivo”.17 Igualmente, em caráter material, é preciso que esteja presente razão 
de segurança jurídica ou de excepcional interesse social.
Um dos problemas existentes em torno das hipóteses de modulação dos efeitos 
das decisões na jurisdição constitucional decorre da indeterminação dos conceitos 
utilizados pelo legislador (“razão de segurança jurídica” e “excepcional interesse 
social”). Conforme aponta Gilmar Mendes, em regra, ter-se-á a eficácia ex tunc 
das decisões de inconstitucionalidade, devendo ser excepcionais as modulações e 
permitidas apenas mediante “um severo juízo de ponderação que, tendo em vista 
12 ÁVILA, A. P. A modulação dos efeitos temporais pelo STF no controle de constitucionalidade. Ponderação e 
regras de argumentação para a interpretação conforme a Constituição do art. 27 da Lei nº 9.868/99. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p. 57-58.
13 “Assim, tendo em vista razões de segurança jurídica, o Tribunal poderá afirmar a inconstitucionalidade 
com eficácia ex nunc. Nessa hipótese a decisão de inconstitucionalidade eliminará a lei do ordenamento 
jurídico a partir do trânsito em julgado da lei (cessação da ultra-atividade da lei)” (MENDES, G. F. Jurisdição 
constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 
395-396).
14 “Outra hipótese [...] expressamente prevista no art. 27 diz respeito à declaração de inconstitucionalidade 
com eficácia a partir de um dado momento futuro (declaração de inconstitucionalidade com efeito pro futuro). 
Nesse caso a lei reconhecida como inconstitucional, tendo em vista fortes razões de segurança jurídica ou de 
interesse social, continuará a ser aplicada dentro do prazo fixado pelo Tribunal. A eliminação da lei declarada 
inconstitucional do ordenamento submete-se a um termo pré-fixo. Considerando que o legislador não fixou o 
limite temporal para a aplicação excepcional da lei inconstitucional, caberá ao próprio Tribunal essa definição” 
(MENDES, G. F. Jurisdição constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. 5. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2005. p. 396).
15 Essas hipóteses de modulação são também encontradas no ordenamento jurídico norte-americano, como se 
extrai da lição de Tercio Sampaio Ferraz Jr.: “Segundo a doutrina, a jurisprudência americana evoluiu para admitir, 
ao lado da decisão de inconstitucionalidade com efeitos retroativos amplos ou limitados (limited retrospectivity), 
a superação prospectiva (prospective overruling), que tanto pode ser limitada (limited prospectivity), aplicável 
a processos iniciados após a decisão, inclusive ao processo originário, como ilimitada (pure prospectivity), 
que sequer se aplica ao processo que lhe deu origem. Vê-se, pois, que o sistema difuso ou incidental mais 
tradicional do mundo passou a admitir a mitigação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade e, em 
casos determinados, acolheu até mesmo a pura declaração de inconstitucionalidade com efeito exclusivamente 
pro futuro” (FERRAZ JR., T. S. Irretroatividade e jurisprudência judicial. In: FERRAZ JR., T. S.; CARRAZZA, R. 
A.; NERY JR., N. Efeito ex nunc e as decisões do STJ. 2. ed. Barueri: Manole, 2009. p. XVII).
16 Sobre o requisito formal estabelecido pela legislação, Ana Paula Ávila destaca que “Esse requisito, de certa 
forma, dificulta o que antes era uma faculdade que o Tribunal exercia através da simples interpretação da 
situação que lhe era dada a examinar, sem a exigência de um quórum mínimo de manifestações no mesmo 
sentido” (ÁVILA, A. P. A modulação dos efeitos temporais pelo STF no controle de constitucionalidade. 
Ponderação e regras de argumentação para a interpretação conforme a Constituição do art. 27 da Lei nº 
9.868/99. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p. 58).
17 ÁVILA, A. P. A modulação dos efeitos temporais pelo STF no controle de constitucionalidade. Ponderação e 
regras de argumentação para a interpretação conforme a Constituição do art. 27 da Lei nº 9.868/99. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p. 60.
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MODULAÇÃO PARA PROTEGER DIREITOS SUBJETIVOS
a análise fundada no princípio da proporcionalidade, faça prevalecer a ideia de 
segurança jurídica ou outro princípio constitucionalmente relevante manifestado sob 
a forma de interesse social relevante”.18
A segurança jurídica, tal qual mencionada nos dispositivos que autorizam a 
modulação de efeitos, tem sido compreendida em seu aspecto subjetivo, relacionado 
com a proteção à confiança.19 Entretanto, essa proteção alcança também uma 
dimensão coletiva, diante do propósito de preservação da ordem jurídica para toda a 
coletividade;20 ela estaria vinculada ao “conjunto de condições que tornam possível 
às pessoas ter previsibilidade, isto é, o conhecimento antecipado e reflexivo das 
consequências diretas de seus atos e de seus fatos à luz da liberdade reconheci-
da”.21 22 Para tanto, haveria duas formas de se assegurar sobre a situação jurídica 
de um indivíduo: a segurança em perspectiva anterior, que permite o conhecimento e 
interpretação do direito e em consideração posterior, que promove meios de garantir 
estabilidade às soluções jurídicas.23
Já o requisito de excepcional interesse social tem sido compreendido como aquele 
correspondente aos interesses dos administrados, ou seja, da sociedade. Isso quer 
dizer que a motriz de uma alteração na eficácia temporal de uma decisão que declara 
a inconstitucionalidade está diretamente vinculada ao interesse social fundado na 
estabilidade e na confiança gerada por atos do Estado, ou mais especificamente, 
no caso, pela lei. A sociedade pode ter interesse legítimo em se ver resguardada de 
mudanças repentinas de orientação de atos que foram praticados pelo Estado.24
18 MENDES, G. F. Jurisdição constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. 5. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2005. p. 395.
19 “A tutela da segurança jurídica constitui garantia expressamente consignada no texto constitucional, expondo, 
logo no caput do art. 5º, constituir direito fundamental inviolável. Mesmo se assim não fosse, negar a 
proteção da segurança no Estado Constitucionalé retirar um dos seus elementos fundamentais, porquanto 
a própria noção de Estado Democrático de Direito é umbilicalmente ligada à ideia de segurança. Mesmo 
em ordenamentos jurídicos em que não há expressa previsão, como ocorre na Alemanha, a doutrina e a 
jurisprudência não tergiversam ao identificá-la como decorrência das mais evidentes do princípio do Estado 
de Direito” (OLIVEIRA, P. M. de. Coisa julgada e precedente: limites temporais e as relações jurídicas de 
trato continuado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. [Coleção O Novo Processo Civil]. p. 27).
20 ÁVILA, H. Teoria da segurança jurídica. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Malheiros Editores, 2014. p. 168.
21 ÁVILA, A. P. A modulação dos efeitos temporais pelo STF no controle de constitucionalidade. Ponderação e 
regras de argumentação para a interpretação conforme a Constituição do art. 27 da Lei nº 9.868/99. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p. 147.
22 “A segurança jurídica do processo assegura de uma parte a certeza, aplicabilidade e confiabilidade do direito 
e das garantias processuais e de outra parte a estabilidade e efetividade das situações jurídicas processuais” 
(TAKOI, S. M. O princípio constitucional da segurança jurídica no processo. Revista de Direito Constitucional 
e Internacional, São Paulo, v. 94, p. 249-262, jan./mar. 2016).
23 ÁVILA, A. P. A modulação dos efeitos temporais pelo STF no controle de constitucionalidade. Ponderação e 
regras de argumentação para a interpretação conforme a Constituição do art. 27 da Lei nº 9.868/99. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p. 148.
24 “Quanto à interpretação da expressão excepcional interesse social, também há que ser conforme a Constituição. 
Verificam-se duas alternativas. Por um lado, a expressão pode ser considerada inconstitucional, uma vez que, 
sua ampla indeterminação, ambiguidade e fluidez contrastam com as exigências de previsibilidade e certeza, 
decorrentes do princípio constitucional da segurança jurídica, que constitui, neste particular, fundamento do 
próprio Estado de Direito. Por outro lado, para que sua aplicação seja válida, através do seu emprego deverá 
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Nesses termos, o núcleo para a análise acerca da possibilidade de modulação 
em sede constitucional encontra-se no preenchimento dos conceitos jurídicos 
indeterminados de segurança jurídica e excepcional interesse social. A tônica que rege 
a possibilidade de modulação dos efeitos das decisões na jurisdição constitucional 
reside na manutenção da higidez de situações jurídicas pretéritas, as quais foram 
concretizadas a partir de um estado de coisas inconstitucional. Isso para que a 
segurança dos indivíduos, enquanto confiabilidade nas diretivas que emanam do 
Poder Público, seja resguardada. Esse cenário admite que a Corte fixe ope judicis 
um critério distinto para a eficácia temporal de suas decisões.
2.2 Modulação dos efeitos das decisões que revogam 
precedentes
A possibilidade de modulação de efeitos de decisões com fundamento no 
resguardo da segurança jurídica também ocorre diante de revogação ou modificação 
de precedentes. Nesse caso, se a decisão for capaz de gerar instabilidade, é possível 
modular os respectivos efeitos atentando-se ao interesse social e à segurança jurídica 
(CPC/2015, art. 927, §3º). De início, é relevante o alerta de Luiz Guilherme Marinoni 
de que a expressão “modulação dos efeitos” empregada na lei processual enseja uma 
indevida relação dessa modulação com aquela referente às decisões declaratórias 
de inconstitucionalidade, de modo que é preciso destacar a diferenciação entre a 
possibilidade de modulação de efeitos no controle de constitucionalidade (art. 27 
da Lei nº 9.868/99 e art. 11 da Lei nº 9.882/99) e a possibilidade de atribuição de 
efeitos prospectivos aos precedentes (art. 927, §3º, CPC/2015).25
Lidar com precedentes exige atenção à ratio decidendi, ou seja, às “razões 
jurídicas necessárias e suficientes que resultam da justificação das decisões 
prolatadas pelas Cortes Supremas a pretexto de solucionar casos concretos e que 
servem para vincular o comportamento de todas as instâncias administrativas e 
judiciais do Estado Constitucional e orientar juridicamente a conduta dos indivíduos 
e da sociedade civil”.26 27 Nesse sentido, embora um precedente seja editado para 
ter prevalência o interesse da sociedade, quando contraposto aos interesses do próprio Estado” (ÁVILA, A. 
P. A modulação dos efeitos temporais pelo STF no controle de constitucionalidade. Ponderação e regras de 
argumentação para a interpretação conforme a Constituição do art. 27 da Lei nº 9.868/99. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado Editora, 2009. p. 175).
25 MARINONI, L. G. Comentários ao Código de Processo Civil: artigos 926 ao 975. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2016. (Coleção Comentários ao Código de Processo Civil, v. 15). p. 177-178.
26 MITIDIERO, D. Precedentes: da persuasão à vinculação. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2017. p. 89-90.
27 Sobre o valor da uniformidade promovida pelos precedentes, ver Taruffo. “L’uniformità nella interpretazione 
e nell’applicazione del diritto costituisce da molto tempo un valore fondamentale (si potrebbe dire addirittura: 
un oggetto del desiderio) presente in pressoché tutti gli ordinamenti, che tentano in vario modo – comi si 
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perdurar, os contextos jurídico e social são inevitavelmente dinâmicos, exigindo-se, 
de tempos em tempos, a superação de dado entendimento. A esse respeito, é 
preciso o apontamento de José Rogério Cruz e Tucci ao destacar que a mudança de 
paradigmas sociais enseja a evolução das teses jurídicas e, consequentemente, a 
modificação do posicionamento dos Tribunais. Por isso “os precedentes judiciais 
do passado, sobre inúmeras questões, vão sendo superados por novas orientações 
que decorrem da dinâmica do direito”.28 29
A superação do precedente “pode ser total (overruling) ou parcial (overturning). A 
superação parcial do precedente pode ocorrer por força de uma reescrita (overriding) 
ou transformação (transformation)”.30 Geralmente, a modulação de efeitos por 
conta de modificação de precedentes é associada à superação total, designando 
o fenômeno de prospective overrulling.31 No entanto, nada impede que também 
sejam modulados efeitos de uma reformulação parcial. Em termos bem objetivos, 
modulação quer dizer que o novo paradigma decisório será aplicável, conforme fixação 
do tribunal, apenas a partir de certo momento, seja ao futuro da decisão, seja após 
algum período de tempo determinável.32
A modulação nos precedentes tem o objetivo precípuo de tutelar a segurança 
jurídica de indivíduos que observavam e pautavam suas condutas conforme o 
precedente superado. Afinal, “a mudança do precedente não pode causar surpresa 
injusta (unfair surprise) nem ocasionar um tratamento não isonômico entre pessoas 
vedrà – di realizzarlo nella più ampia misura possibile” (TARUFFO, M. Le funzioni delle Corti Supreme tra 
uniformità e giustizia. In: DIDIER JR., F. et al. Precedentes. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 251-262. p. 251).
28 TUCCI, J. R. C. e. O regime do precedente judicial no novo CPC. In: DIDIER JR., F. et al. Precedentes. Salvador: 
Juspodivm, 2015. p. 445-457. p. 448.
29 Nesse sentido: “A adoção do stare decisis não significa, de forma alguma, o engessamento do direito. 
Existem diversas técnicas desenvolvidas pela jurisprudência e doutrina do common law, para além da própria 
interpretação da ratio decidendi, aptas a permitirum maior dinamismo na aplicação dos precedentes. A 
principal delas, para efeito deste trabalho, é superação, denominação atribuída à técnica de alteração de um 
entendimento anterior sobre o mesmo objeto agora em julgamento; técnica essencial para qualquer sistema 
de precedentes, permitindo que o sistema possa evoluir. Ao contrário do que possa parecer, a superação de 
precedentes, desde que utilizada com os devidos cuidados, promove o stare decisis, em vez de enfraquecê-
-lo, ao demonstrar que a existência de precedentes obrigatórios não significa impossibilidade de evolução 
do direito. Para além da vinculação de precedentes, a manutenção de um entendimento jurisprudencial 
estabelece uma nova camada na concretização do princípio da segurança jurídica. Consoante aponta Jeremy 
Waldron, não se trata apenas de garantir previsibilidade pela vinculação, mas sim ‘conceder tempo aos 
jurisdicionados para se acostumar com a norma jurisdicional e a internalizar como base para a sua tomada 
de decisões’. Não por acaso, a doutrina estabelece uma série de requisitos para a sua utilização” (PEIXOTO, 
R. Aspectos materiais e processuais da superação de precedentes no direito brasileiro. In: DIDIER JR., F. et 
al. Precedentes. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 538-563. p. 541).
30 MARINONI, L. G. Comentários ao Código de Processo Civil: artigos 926 ao 975. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2016. (Coleção Comentários ao Código de Processo Civil, v. 15). p. 147.
31 “I propose to speak about some of the problems, techniques, and results of that aspect of the judicial 
process that is called ‘prospective overruling’. By that term I mean the phenomenon that occurs when a 
court overrules one of its own precedents, but limits in some manner the customary retroactive sweep of its 
overruling decision” (SCHAEFER, W. V. The control of “sunbursts”: techniques of prospective overruling. 42 
NYU Law Review 631, 1967. p. 1).
32 MARINONI, L. G. Eficácia temporal da revogação da jurisprudência consolidada dos Tribunais Superior. Revista 
dos Tribunais, São Paulo, v. 906, p. 255-284, abr. 2011. p. 7.
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que se encontram temporalmente em situações idênticas ou semelhantes”.33 No 
mesmo sentido, Ravi Peixoto destacou que “quando há superação de entendimento 
consolidado, os jurisdicionados serão surpreendidos por ela. Muito embora o direito 
material, quando processualizado, se torne incerto, as decisões anteriores geram 
uma previsibilidade na atuação concreta dos sujeitos de direito”.34
Apesar disso, não é qualquer confiança no precedente que necessariamente 
ensejará sua superação com efeitos unicamente prospectivos: “a confiança apenas 
merece tutela, diante da revogação de precedente, quando há ‘confiança justificada’, ou 
seja, confiança qualificada por critérios que façam ver que o precedente racionalmente 
merecia confiança à época em que os fatos se passaram”.35
Nesse cenário, assim como na declaração de inconstitucionalidade, também na 
revogação de precedentes se estabelece a possibilidade de modulação dos efeitos 
das decisões atrelada à necessidade de tutela da segurança jurídica dos indivíduos, 
especialmente diante da necessidade de proteção da confiança legítima depositada 
sobre as orientações que emanam do Estado.
3 Situando a questão na teoria geral dos recursos e os 
horizontes de sua aplicabilidade em favor de direitos 
subjetivos
Não apenas o direito constitucional se erigiu a partir de uma estrutura de aplicação 
e formação dissociada do caso; o próprio processo nasceu desse ideário e carrega 
incontáveis impactos dessa origem em sua construção e aplicação.36 Embora sejam 
muitas as decorrências disso no direito processual civil, para os estritos fins deste 
ensaio interessa especificamente o sistema recursal. Em especial avoca atenção a 
premente conjugação entre o contingente e os recursos para se tornar viável cogitar 
da atribuição de eficácias moduladas a decisões para a tutela de direitos subjetivos 
e, inclusive, nas instâncias locais.
33 MARINONI, L. G.; ARENHART, S. C.; MITIDIERO, D. Novo Curso de Processo Civil: tutela dos direitos mediante 
procedimento comum. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. v. 2. p. 660.
34 PEIXOTO, R. Superação do precedente e segurança jurídica. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 269.
35 MARINONI, L. G.; ARENHART, S. C.; MITIDIERO, D. Novo Curso de Processo Civil: tutela dos direitos mediante 
procedimento comum. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. v. 2. p. 663.
36 São inúmeros os exemplos sobre como o idealismo conduziu a um esquema não contingente de resolução 
de litígios: a teoria puramente abstrata da ação, a jurisdição declaratória da vontade da lei, o processo 
como relação jurídica, a desconexão entre atividades de conhecimento e execução, a tipicidade de formas 
executivas, exigências formais inócuas, a relutância na aceitação das tutelas fundadas em probabilidade, 
o desprestigio de decisões meritórias parciais, o enfraquecimento do contraditório, a tratativa de questões 
coletivas, entre tantas e praticamente incontáveis outras repercussões.
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3.1 A eficácia das decisões no tempo
Para tratar da eficácia temporal de decisões que julgam recursos, deve-se 
atentar à operação do exame de admissibilidade e da substitutividade recursal. 
Também gera interesse a regulação do efeito suspensivo sobre os recursos, capaz 
de regular a eficácia de decisões recorridas durante a tramitação recursal. Esses 
pontos servem para saber qual a eficácia da decisão recorrida enquanto não julgado 
o recurso, bem como a partir de que momento a decisão a quo tem sua eficácia 
substituída por aquela ad quem.
Quanto ao exame de admissibilidade recursal, a lição majoritária afirma que ele 
tem caráter declaratório.37 Isso quer dizer que o Tribunal, ao constatar a presença 
ou ausência dos requisitos de admissibilidade no recurso interposto, tão somente 
declara seu preenchimento, cuja eficácia estaria presente desde a distribuição do 
recurso.38 Nesse sentido, os efeitos decorrentes da existência de um recurso teriam 
operação desde sua interposição, independentemente de qualquer manifestação 
judicial. O passo lógico subsequente a essa tese é o de que a decisão que nega 
admissibilidade a um recurso não promove alterações jurídicas, mas tão somente 
declara um estado de coisas que já estava presente na distribuição do recurso.39
Se for aceita essa construção teórica (atualmente majoritária),40 é forçoso 
reconhecer que o exame negativo de admissibilidade tem eficácia geral ex tunc, 
ou seja, a decisão recorrida, durante todo o período de tramitação recursal, estaria 
apta a produzir seus efeitos. Como consequência disso, excepcionado o prazo 
para rescisória, tudo o que for deliberado no procedimento recursal, mostrar-se-ia 
desprovido de eficácia, já que a conclusão de inadmissibilidade é quase equivalente 
a dizer que sequer tenha existido o recurso.41
37 “Positivo ou negativo, o juízo de admissibilidade é essencialmente declaratório” (MOREIRA, J. C. B. Comentários 
ao Código de Processo Civil: Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973: arts. 476 a 565. Rio de Janeiro: Forense, 
2013. v. V. p. 265).
38 NERY JR., N. Princípios fundamentais: Teoria Geral dos Recursos. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2000. p. 234.
39 “O juízo de admissibilidade, seja positivo ou negativo, tem natureza declaratória [...] O maior problema 
advindo da conclusão de que o juízo de admissibilidade dos recursos tem natureza declaratória, dizrespeito 
aos efeitos da decisão que assim se pronuncia. De fato, sendo declaratória a pretensão, os efeitos serão 
ex tunc, decorrendo daí a constatação de que os efeitos da decisão impugnada já existem, mesmo durante 
o processamento do recurso interposto, caso não venha a ser conhecido” (JORGE, F. C. Teoria Geral dos 
Recursos Cíveis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. Item 6.1.3).
40 Em sentido diverso, apresentando tese que se mostra acertada aos autores deste ensaio, Fredie Didier Jr. 
e Leonardo Carneiro da Cunha: “a) se for positivo, o juízo de admissibilidade é declaratório da eficácia do 
recurso, decorrente da constatação da validade do procedimento (aptidão para a prolação da decisão sobre 
o objeto litigioso); b) se negativo, o juízo de admissibilidade será constitutivo negativo, em que se aplica a 
sanção da inadmissibilidade (invalidade) ao ato-complexo, que se apresenta defeituoso/viciado” (DIDIER JR., 
F.; CUNHA, L. C. da. Curso de Direito Processual Civil. Meios de impugnação a decisões judiciais e processo 
no Tribunais. 13. ed. reform. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 131).
41 Araken de Assis acaba por defender a tese majoritária, mas afirma que a eficácia seria ex nunc. Contudo, 
apresenta dita conclusão exclusivamente no que diz respeito ao prazo decadencial rescisório, não explicitando, 
s.m.j., se a eficácia ex nunc estaria restrita a esse efeito ou se alcançaria todas as demais consequências 
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Quando, por outro lado, há o exame de mérito recursal, a solução de eficácia 
temporal dos recursos opera sob o nome de efeito substitutivo dos recursos. Isso 
quer dizer que a decisão ad quem toma o lugar daquela ad quo, substituindo-a desde 
o início. Aqui, apesar de haver uma inovação no estado jurídico, com a eliminação de 
uma decisão e aposição de outra em seu lugar, também se afirma a regra geral de 
eficácia ex tunc das decisões sobre o mérito recursal, de modo que retroagem seus 
efeitos a fim de reverter as situações jurídicas decorrentes do ato impugnado.42 43
Dessa forma, para a doutrina tradicional, admitido ou não o recurso, a decisão 
recursal retroage seus efeitos, operando ex tunc, excepcionada tão somente a 
contagem do prazo rescisório que foi regulada especificamente ope legis no art. 
975 do CPC/2015. O idealismo aqui se manifesta, dado que a eficácia geral ex tunc 
ao julgamento dos recursos, por qualquer de seus motivos (inadmissibilidade ou 
substitutividade meritória), tem ao fundo a despreocupação teórica sobre a dinâmica 
dos fatos sociais e da relação jurídica durante o procedimento recursal. Também age 
no sentido de restringir a atuação judicial no que condiz com a eficácia temporal de 
suas decisões, cuja regulação ope judis sequer é cogitada.
Por isso, enquanto não se tem uma solução definitiva acerca do problema 
jurídico discutido no recurso, até o trânsito em julgado, o processo civil trata como 
se as relações decorrentes desse debate estivessem paralisadas. Toda a dinâmica 
das relações sociais seria, assim, irrelevante para os efeitos dos recursos no tempo, 
sendo esse um assunto alheio à própria tomada de decisão. Ou porque não importa 
o direito vivido ou porque se acredita que tudo possa ser revertido, sem maiores 
celeumas, com o trânsito em julgado. Efetivamente, em boa parte dos casos, é 
possível simplesmente reverter os efeitos do julgamento reformado, sem maiores 
consequências; todavia, em certas hipóteses, a decisão recorrida, ainda que sujeita 
a recurso, promove situações que interferem na dinâmica das relações sociais e 
do procedimento recursal. Em suas palavras: “a decisão acerca do juízo de admissibilidade tem natureza 
declaratória. Entretanto, no direito brasileiro, os respectivos efeitos operam ex nunc. E isso para não 
comprometer a nitidez e precisão do termo inicial do prazo da rescisória e, assim, evitar seu ajuizamento de 
modo antecipado. A eficácia ex nunc livra o recorrente da retroação de um eventual juízo negativo quanto ao 
recurso pendente, e, nesta contingência, impede a perda do prazo hábil para rescindir o julgado” (ASSIS, A. 
de. Manual dos Recursos. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. Item 16.1).
42 A afetação dos efeitos anteriores da decisão agora reformada se dá porque “o julgamento proferido pelo 
órgão ad quem necessariamente substitui a decisão recorrida, nos limites da impugnação – ou, em termos 
mais exatos, nos limites em que dela conheceu o tribunal do recurso” (MOREIRA, J. C. B. Comentários ao 
Código de Processo Civil: Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973: arts. 476 a 565. Rio de Janeiro: Forense, 
2013. v. V. p. 269).
43 “Às vezes, o ato decisório substituído surtiu efeitos até a substituição, porque ao recurso pendente, e que 
provocou a ulterior substituição, faltava o efeito suspensivo, que é a regra (art. 995, caput). Também se 
mostra necessário atentar aos efeitos que se produzem independentemente da suspensão. Eles se sujeitam, 
por identidade de razões, a idêntico regime. Nessas hipóteses, o provimento do recurso, por qualquer motivo 
(error in iudicando e error in procedendo), implicará o retorno das partes ao estado anterior” (ASSIS, A. de. 
Manual dos Recursos. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. Item 26.5).
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que não são passíveis de paralisação. Nesses casos, a modulação para tutela de 
direitos subjetivos envolvidos pode ser necessária.
3.2 Expedientes análogos à modulação da eficácia recursal 
já admitidos nas cortes locais
As funções para tutela de direitos subjetivos, ou seja, a resolução de casos 
para atribuir ao autor ou ao réu os respectivos direitos e deveres são essencialmente 
diferentes daquelas exercidas na jurisdição constitucional e pelas Cortes Supremas 
na fixação de padrões decisórios. Comparativamente, se de um lado a edição de 
precedentes e o controle de constitucionalidade produzem efeitos apenas indiretos 
às relações particulares, no outro, especialmente nas instâncias locais, as decisões 
são diretamente afeitas à resolução de conflitos subjetivos mediados pelo direito. 
Por isso, se em uma feição a resolução da tese jurídica é em si mesmo o problema 
a resolver, na outra, figura como um meio para a resolução de uma lide.44
Essa diferença não desmerece a necessidade de proteção de indivíduos que 
pautaram suas condutas por decisões judiciais, ainda que passíveis de revogação 
ou reforma. Diversas são as situações em que a segurança e confiabilidade em 
decisões proferidas, mesmo nas instâncias locais, são afetadas por conta da 
ausência de mecanismos disponíveis para sua proteção. Talvez por isso, ainda 
que sem reconhecer a atribuição ope judicis de regulação de eficácia temporal de 
decisões que versem sobre direitos subjetivos, há construções de caráter legal e 
jurisprudencial no âmbito material e processual que acabam por alcançar soluções 
equivalentes. São, no entanto, respostas pontuais para problemas identificados, 
sem que se tenha o desenho de um instituto geral sobre o qual se possa aquilatar 
situações semelhantes não previstas nessa casuística.
Como exemplo de uma solução estabelecida por força de lei, tem-se a proteção 
da confiança que ampara a manutenção da eficácia da arrematação, mesmo que 
desfeitos os alicerces da penhora e, por conseguinte, da expropriação (CPC/2015, 
art. 903). Nesses casos, ainda que se reconheça, ao fim e ao cabo, que o executado 
não deveria ter seus bens expropriados, protege-se o arrematante que se submeteu 
ao leilão, confiando nas decisões judiciais que o definiram e o homologaram,consolidando a aquisição do bem. Especificamente, trata-se de escolha do legislador 
de proteger os interesses do terceiro arrematante (considerado de boa-fé), para prover 
segurança e confiança e moldar a execução civil de forma mais célere e efetiva.45 
44 Sobre o tema, ver MITIDIERO, D. Cortes superiores e cortes supremas: do controle à interpretação da 
jurisprudência ao precedente. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
45 Em análise pertinente: “A norma visa a proteger o arrematante, considerado terceiro de boa-fé. Além disto, se 
o arrematante pudesse perder o bem arrematado diante da procedência da impugnação, certamente ninguém 
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Trata-se, aqui, de regulação ope legis, razão pela qual não se pode dizer que equivale 
a uma modulação dos efeitos da decisão. Inegavelmente, no entanto, trata-se de 
uma regulação temporal excepcional para proteção de confiança que sustenta 
um reequilíbrio de valores considerando relações jurídicas que se desenvolvem 
dinamicamente, na pendência de julgamentos.
Também como um expediente análogo, que não equivale à modulação de 
efeitos, mas dela pode ser aproximada por sua operação, pode-se cogitar sobre a 
excepcionalidade assentada, por construção jurisprudencial, no direito material de 
que as verbas alimentares são irrepetíveis.46 Com isso, se houve a concessão de 
alimentos indevidamente, as parcelas já desembolsadas não serão devolvidas pelo 
alimentado, sob o argumento de que foram consumidas para fins de subsistência. 
Essa hipótese é especialmente interessante, já que aponta uma solução que o 
direito material engendrou a um problema passível de também ser remodelado, no 
âmbito do direito processual, como de configuração temporal da eficácia de decisões 
revogatórias.
Há, por fim, algumas construções pretorianas de caráter processual mal 
explicadas, quando considerada a teoria dos recursos. Exemplo disso é a tese 
construída jurisprudencialmente sob a vigência do CPC/1973 de que o prazo bienal 
rescisório contar-se-ia apenas da última decisão, ainda que diante de decisões 
que não conhecem o recurso, fixando-se nisso uma sui generis eficácia ex nunc no 
exame de admissibilidade.47 Nesse caso, a bem da verdade, fixou-se, ope judicis, 
mais adquiriria bem em hasta pública enquanto não definida a impugnação, o que eliminaria a celeridade que 
se pretendeu outorgar à execução com a previsão de não suspensividade, como regra, da impugnação. Ou 
então, diante do risco inerente à aquisição do bem nesta condição, a sua arrematação apenas se daria por 
valor bem mais baixo do que o de mercado, suficiente para tornar a sua compra atraente, diante do risco da 
sua perda em decorrência da procedência da impugnação. Esta última situação, como é intuitivo, favoreceria 
apenas a especulação, causando evidente prejuízo à atividade jurisdicional, ao instituto da execução e às 
partes” (MARINONI, L. G.; ARENHART, S. C.; MITIDIERO, D. Novo Curso de Processo Civil: tutela dos direitos 
mediante procedimento comum. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. v. 2. 
p. 1.047).
46 “Os alimentos são irrepetíveis, pois o alimentante não os pode repetir (pedir de volta) e o alimentando não 
está obrigado a devolvê-los, se indevidamente recebidos, como nas hipóteses de casamento declarado nulo 
ou anulável ou dos concedidos por mera liberalidade, com intuito apenas assistencial” (LÔBO, P. Direito Civil: 
famílias. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 369).
47 Construiu-se jurisprudencialmente o entendimento de que o prazo bienal rescisório apenas teria termo inicial 
quando do julgamento de todos os recursos, independentemente se conhecidos ou não, como se observa da 
Súmula nº 401, do STJ, de acordo com a qual “o prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando 
não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”. A súmula foi editada sob a vigência do 
CPC/1973, mas seu sentido foi incorporado no texto do art. 975, caput, do CPC/2015. O motivo de sua 
adoção é bastante pertinente: por vezes o tempo de tramitação de um recurso superaria o prazo rescisório se 
o trânsito em julgado retroagisse ao tempo equivalente à ausência de recurso, levando à peculiar necessidade 
de proposituras de ações rescisórias condicionais. Mesmo se adotada a tese de que a decisão que avalia 
sobre a admissibilidade dos recursos estaria melhor considerada como avaliação de validade dos recursos 
interpostos e não sobre a sua existência – o que apesar de ser tese minoritária, parece ser correta –, ainda 
assim as soluções sobre a eficácia dos julgamentos negativos de admissibilidade seria igual: tem-se como 
producentes os efeitos da decisão recorrida desde o início, ou seja, ex tunc. A respeito: “o referido entendimento 
mostra-se relevante em razão do fato de que a decisão (monocrática ou acórdão) que reconhece não estarem 
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uma eficácia temporal ativa para atribuição de um diferente marco temporal inicial 
de contagem rescisória. Diferentemente dos outros dois casos, aqui o problema 
poderia ser explicado como uma modulação em consideração de direitos subjetivos.48
Também parece mal explicada a regulação retroativa de eventual efeito 
suspensivo concedido, bem como de tutelas provisórias recursais, quando há a 
respectiva revogação ao tempo da prolação da decisão do recurso. Como exemplo, 
considere-se o caso de ser interposto recurso sobre decisão que fixa multa diária 
para que seja cumprida dada providência pelo réu. Atribuído efeito suspensivo ao 
agravo de instrumento (CPC/2015, art. 1.019, I), tem-se a regular tramitação recursal 
para, após alguns meses, em sessão, realizar-se o julgamento de inadmissibilidade 
recursal. Aqui a questão posta é: acumulou-se a multa do período compreendido 
entre a concessão do efeito suspensivo e o julgamento?
Se aplicável a doutrina majoritária sobre a eficácia temporal da inadmissibilidade 
(a decisão que não conhece recurso é declaratória e opera ex tunc), não há suporte 
para se admitir eficácia em uma decisão provisória recursal que interrompeu a eficácia 
da decisão recorrida, especialmente porque o recurso inadmissível funciona “como se 
não houvesse sequer existido”. Há, contudo, fundados motivos para desaconselhar 
o acúmulo de multa no período de suspensividade. Esses motivos, no entanto, não 
são usualmente trabalhados na teoria dos recursos, sendo igualmente passíveis de 
melhor consideração se introduzida a hipótese de regulação temporal da eficácia 
recursal em caráter ope judicis.
3.3 Outras hipóteses de modulação para proteção de direitos 
subjetivos, em caráter ilustrativo
Considere que foi expedido, no curso de um processo de inventário, alvará 
para venda de bem pelo inventariante (CPC/2015, art. 619, I), estando pendente de 
julgamento recurso de agravo de instrumento (CPC/2015, art. 1.015, parágrafo único), 
sem a atribuição de efeito suspensivo. Realizada a venda do bem a terceiro de boa-fé, 
posteriormente é provido o recurso. Pois, aplicando-se sem qualquer temperamento 
presentes os pressupostos de admissibilidade recursal tem natureza declaratória, isto é, declara que, no 
momento da interposição do recurso, o recorrente não poderia ter se utilizado do remédio endoprocessual. 
Tratando-se de decisão declaratória, sua eficácia dar-se-ia retroativamente, ou seja, ex tunc. Admitindo-se a 
eficácia ex tunc, ter-se-ia que no momento da interposição do recurso inadmissível, já deveria a parte ajuizar 
ação rescisória, caso vislumbrasse vício rescisório. Casoa decisão do órgão ad quem tardasse mais de dois 
anos a ser proferida, dever-se-ia ter por decaído o direito à rescisão do julgado” (ALVIM, A. A.; FERREIRA, E. 
A.; ALVIM, E. A. Os efeitos devolutivo e translativo da apelação no CPC/2015. In: Aspectos Polêmicos dos 
Recursos Cíveis e Assuntos Afins. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. Item 2).
48 Essa conclusão é válida como exemplo considerado o CPC/1973, vigente quando da edição da solução em 
comento. Já tendo em conta a redação do CPC/2015, não mais se trataria de modulação, diante do caráter 
ope legis fixado no art. 975.
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as linhas majoritárias da teoria geral dos recursos, dir-se-ia que a eficácia da decisão 
recursal desfaz a autorização para venda e, por consequência, atinge-se o ato de 
alienação.49 Se, de um lado, a analogia com o art. 903 do CPC/2015 poderia buscar 
resolver tangencialmente o conflito valorativo, por outro, pode-se também encontrar 
resposta na aptidão das cortes locais de regularem temporalmente a eficácia de 
suas decisões, ou seja, de modularem os respectivos efeitos.
No caso, o próprio recorrido e o terceiro adquirente, no momento da realização 
do negócio jurídico, pautaram suas condutas em ato então autorizado pelo Poder 
Judiciário, uma vez que não havia sido atribuído efeito suspensivo ao recurso de 
agravo de instrumento – o que legitima a alienação realizada, considerando o teor 
do disposto no art. 995, caput, do CPC/2015. Haveria necessidade, diante desse 
cenário, de fornecer ao terceiro adquirente algum mecanismo apto a tutelar seus 
interesses, para além da possibilidade de mera reparação pela via processual 
adequada em eventual ação de perdas e danos. A proteção da confiança depositada 
na decisão de primeiro grau e na decisão de não suspensividade do recurso pode, 
assim, demandar ajustes ope judicis temporais de eficácia recursal.
Em outra aplicação, considere o caso de uma empresa em recuperação judicial, 
que produz e comercializa vestuário e acessórios. Com o plano de recuperação 
aprovado pela Assembleia-Geral de Credores, um dos credores recorre contra a 
decisão judicial homologatória (Lei nº 11.101/2005, art. 58, §1º).50 Sem efeito 
suspensivo no recurso, tem-se início a realização das operações previstas no plano, 
podendo envolver contratações, demissões, alienação de bens etc. Com o recurso 
provido, a situação dos terceiros envolvidos fica bastante delicada se houver a 
imperiosidade de retorno ao status quo ante.51 Diferente pode ser a questão se 
admitida a modulação da eficácia recursal.
49 Tal possibilidade de modificação se dá porque, conforme leciona Ovídio Araújo Baptista da Silva, “Recurso, 
em direito processual, é o procedimento através do qual a parte, ou quem esteja legitimado a intervir na 
causa, provoca o reexame das decisões judiciais, a fim de que elas sejam invalidadas ou reformadas pelo 
próprio magistrado que as proferiu ou por algum órgão de jurisdição superior” (SILVA, O. A. B. da. Curso 
de Processo Civil: processo de conhecimento. 6. ed. rev. e atual. com as Leis 10.352, 10.358/2001 e 
10.444/2002. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. v. 1. p. 405).
50 “O procedimento da recuperação judicial, no direito brasileiro, visa criar um ambiente favorável à negociação 
entre o devedor em crise e seus credores. O ato do procedimento judicial em que privilegiadamente se 
percebe o objetivo da ambientação favorável ao acordo é, sem dúvida, a assembleia dos credores. Por esta 
razão, a deliberação assemblear não pode ser alterada ou questionada pelo Judiciário, a não ser em casos 
excepcionais como a hipótese do art. 58, §1º, ou a demonstração de abuso de direito de credor em condições 
formais de rejeitar, sem fundamentos, o plano articulado pelo devedor” (COELHO, F. U. Comentários à Lei 
de Falências e de recuperação de empresas. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 234-235).
51 Ao tratar sobre a Assembleia Geral de Credores, a Lei nº 11.101/2005 destaca, no art. 39, §3º, que em 
caso de “posterior invalidação de deliberação da assembleia, ficam resguardados os direitos de terceiros de 
boa-fé, respondendo os credores que aprovarem a deliberação pelos prejuízos comprovados causados por 
dolo ou culpa”. Referido dispositivo, consequentemente, fornece indicativos sobre a possibilidade de que 
uma decisão assemblear venha a ser objeto de superveniente anulação e, ainda, como em tal circunstância 
os interesses dos terceiros de boa-fé devem ser resguardados.
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Fato é que o ordenamento jurídico brasileiro, diante de situações tais, não 
traz soluções razoáveis considerando a necessidade de tutela aos interesses de 
terceiros. O simples retorno das partes ao status quo ante, com a consideração da 
ineficácia das transações realizadas, parece não satisfazer os interesses envolvidos 
e a necessidade de manutenção de alguma previsibilidade e segurança dos negócios. 
Além disso, atribuir solução que pressupõe a paralisação das situações da vida 
enquanto não julgado o recurso tem impactos no sistema de preservação da empresa, 
a ser protegido nas recuperações judiciais.
Note-se que, enquanto no âmbito dos direitos subjetivos não é possível identificar, 
a priori, uma solução adequada à situação envolvendo administradores e terceiros, 
no plano do direito objetivo, verifica-se a existência de meio idôneo para a tutela dos 
interesses de terceiros: a possibilidade de modulação dos efeitos das decisões, 
amparada no resguardo à segurança jurídica enquanto confiabilidade. É verdade 
que tais problemas inexistiriam se houvesse a atribuição de efeito suspensivo aos 
recursos; contudo, outras graves consequências tomar-lhe-iam o lugar. Suspendendo-se 
o plano por qualquer recurso tampouco se viabilizaria minimamente a recuperação 
de uma empresa ou o respeito ao tempo de um negócio quiçá importante para sua 
preservação. Além disso, uma tal solução envolveria reconhecer que o tempo não 
age sobre a formação e desenvolvimento dos direitos subjetivos. A solução judiciária, 
reconhecida tempos após a dinâmica dos fatos da vida, seria claramente insuficiente 
para a realização dos direitos subjetivos envolvidos.52
Modulações, no entanto, podem ajustar as situações a partir da consideração 
de valor sobre juízos prováveis, na medida em que o direito se desenvolve no tempo. 
Se, antes do julgamento do recurso, é possível regular a eficácia da decisão recorrida 
(tratativa sobre o efeito suspensivo), definindo-se, no tempo, se ela produzirá ou não 
efeitos desde logo, no momento de julgamento do recurso, pode-se também considerar 
a partir de quando a reversão gera efeitos, buscando proteger situações jurídicas 
construídas sob albergue de confiança nas atuações jurisdicionais, especialmente 
para proteção de terceiros.
Com isso, quer-se situar o ajuste no tempo da eficácia como um poder inerente 
a julgamento (ope judicis) que avalia não uma situação estática, mas dinâmica com a 
formação e desenvolvimento dos direitos. Tal consideração apenas tem lugar quando 
se concebe o direito não afastado da experiência. Entende-se que o direito tem tão 
intensa relação com o contexto que as soluções juridicamente realmente aplicáveis 
aos casos são impossíveis de serem tomadas em cenário exclusivamente ideal. 
52 Em última análise, a atribuição de efeito suspensivo, por cautela excessiva, paralisaria o direito no tempo, 
enquanto que a realidade de incidência do direito movimentar-se-ia em direção à derrota do processo como 
instrumento de resolução justa: a perda do objeto por intempestividadeda tutela jurisdicional.
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Há, nisso, uma mudança paradigmática de estruturação da atuação jurisdicional, 
projetando também significação de maior potência aos atos jurisdicionais.
Em termos práticos, nos exemplos sugeridos, o tribunal, quando do julgamento 
dos recursos, poderia estabelecer eficácias contidas dos julgamentos recursais. 
Com isso, v.g., definir que, na recuperação judicial, os negócios celebrados seriam 
considerados para a homologação de novo plano de recuperação ou mesmo mantidos 
se convertida a recuperação em falência, fixando-se, eficácia ex nunc à tutela decorrente 
do provimento do recurso. No exemplo do alvará, poderia decidir pela mantença do 
negócio e eventual dever de reparação do espólio pelo agravado, na hipótese de a 
alienação autorizada mostrar-se danosa aos interesses dos demais sucessores.
Com tal proceder, os atos realizados no curso dos processos – com autorização 
judicial –, enquanto pendente de julgamento recurso ao qual não foi atribuído efeito 
suspensivo, seriam resguardados, com tutela da segurança jurídica dos terceiros 
que, pautados em uma situação legítima, entabularam negócios com alguma das 
partes no decorrer do procedimento. Ademais, preservar-se-ia, com isso, não apenas 
a confiança de terceiros diante de decisões judiciais, mas também viabilizaria uma 
jurisdição ao tempo devido, diante de probabilidades possíveis.
4 Conclusão
Atos estatais não devem ser instáveis, sendo a confiança de legitimidade de 
atos normativos e decisões judiciais essencial para se ter segurança na própria 
atividade jurisdicional. Isso fundamenta essencialmente hipóteses de modulação 
em sede de controle de constitucionalidade e, também, diante da superação de 
precedentes. Esses vinculam-se ao direito considerado objetivamente, de modo que 
os indivíduos possam ajustar e programar sua vida de acordo com um direito e com 
interpretações previsíveis e estáveis.
Já a solução tradicional pela via da teoria dos recursos, aplicável a uma gama 
muito maior de situações e, inclusive, nas instâncias locais, explicita a inadequação 
das técnicas processuais atuais para resguardo integral dos direitos subjetivos, 
em situações como aquelas narradas supra. Isso porque, seja pela compreensão 
doutrinária majoritária acerca da natureza do exame de admissibilidade, seja pela 
regra de substitutividade recursal, afirma-se a eficácia geral ex tunc das decisões 
recursais. Essa, fixada em caráter ope legis, embora seja compatível e importante 
ao processo devido, em certas circunstâncias não trata bem de excepcionalidades 
relevantes ao operar do direito processual, tendo em conta direitos subjetivos e a 
dinâmica de variadas relações jurídicas e sociais.
Diante dessa constatação, nesse ensaio de perfil eminentemente exploratório 
conjecturou-se a viabilidade de proteção de segurança e confiabilidade também 
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quando diante de julgamentos para proteção de direitos subjetivos, especialmente 
nas instâncias locais, como um poder inerente ao julgamento (ope judicis) de fixar 
a regulação temporal da eficácia recursal. A importância disso pode decorrer de 
especificidades sobre o próprio exercício do direito fundado em decisão judicial 
passível de reforma, envolvendo-se questões de operação dinâmica das relações 
jurídicas entre as partes e, também dizer respeito a terceiros.
Modulation to protect subjective rights
Abstract: The article analyzes, on an exploratory character, the feasibility of modulation in order to 
protect the subjective rights of the parties and third parties, also by local judges. Therefore, the article 
starts from the study on the hypotheses of modulation already provided in the legislation linked to 
objective law and overcoming of precedents, relating the possibility of modulation to circumstances that 
demand special protection to security and predictability.
Keywords: Effects modulation. Constitutional jurisdiction. Precedents. Civil reviews. General review 
theory.
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MENDES, G. F. Jurisdição constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. 
5. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
MITIDIERO, D. Cortes superiores e cortes supremas: do controle à interpretação da jurisprudência 
ao precedente.

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