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03 Abordagens da cognição humana

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Abordagens da cognição humana
Prof. Lincoln Nunes Poubel
Descrição
O desenvolvimento individual dos processos cognitivos elementares e superiores, bem como suas funções
para as interações comportamentais, com atravessamentos inerentes à condição biológica e cultural
humana.
Propósito
Os conhecimentos sobre o desenvolvimento e funções dos processos cognitivos são fundamentais para os
profissionais da educação e para os gestores, que pretendam construir processos administrativos eficientes
de seus produtos, serviços e gestão de pessoal e para os professionais da área de saúde e da educação.
Objetivos
Módulo 1
Aspectos básicos sobre os processos cognitivos
Reconhecer as diferentes capacidades cognitivas e suas funções para as atividades humanas, bem como
a estruturação evolutiva da arquitetura cognitiva.
Módulo 2
Percepção visual e atenção
Identificar a variabilidade dos processos perceptivos e atencionais e suas interligações.
Módulo 3
Memória
Analisar o processamento mnemônico da cognição humana e os tipos de memória.
Módulo 4
Linguagem e pensamento
Reconhecer a função da linguagem e do pensamento na composição da inteligência, e no
desenvolvimento de uma teoria científica ou uma explicação filosófica sobre algo.
As cognições são capacidades próprias do ser humano, que nos permitem ascender às ideias com
base em uma ampla e profunda compreensão da realidade. Além dessas habilidades nos
distinguirem dos demais seres vivos, elas podem promover a qualidade de vida, harmonia e
cooperação social, aumentando também a felicidade individual.
Através delas, podemos compartilhar experiências e conhecimentos úteis, descobrir leis da natureza,
projetar objetivos e planos de ação, coordenar um movimento coletivo, testar ideias logicamente,
recombinar elementos, passar adiante soluções conhecidas e investigar novas alternativas para
problemas complexos ou inéditos.
Entretanto, não adianta ser dotado dessas faculdades e não saber usá-las de modo eficaz. Por isso,
Introdução
1 - Aspectos básicos sobre os processos
cognitivos
Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer as diferentes
vamos estudar os processos que operam na cognitividade e suas mais sofisticadas estratégias de
aplicação de acordo com cada situação específica.
O primeiro passo será conhecer as atividades cognitivas básicas e superiores: sensação, emoção,
atenção, concentração, percepção, aprendizagem, memória. Cada uma com sua importância, assim
como as articulações possíveis entre elas. Em seguida, abordaremos uma fundamentação teórica
sobre o desenvolvimento cognitivo do ser humano. Assim, consideraremos modelos de classificação
dos “estágios” de desenvolvimento intelectual de processos elementares a partir de fatores
biológicos, individuais e sociais. Finalmente, as importantes capacidades cognitivas superiores do
intelecto – linguagem, pensamento, abstração, raciocínio e inteligência – também serão abordadas
em seus usos mais elaborados para aplicação em contextos cotidianos e institucionais diversos.
intel core i5
Sublinhado
intel core i5
Realce
Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer as diferentes
capacidades cognitivas e suas funções para as atividades humanas, bem
como a estruturação evolutiva da arquitetura cognitiva.
Os processos cognitivos básicos
Tipos de processos cognitivos e suas funções
As cognições são processos mentais que afetam os comportamentos dos indivíduos. Elas representam a
capacidade interpretativa interna de transformar as estimulações em informações para as demandas da
vida, como formas de captar e processar as informações. Assim, os processos cognitivos são atividades
comportamentais privadas, ou seja, tipos de interações ou responsividades humanas aos ambientes
internos e externos, que ocorrem encobertamente e que nos permitem relações funcionais com eles. Apesar
de variados e das distinções entre eles, é por meio de suas relações e influências que se pode compreender
a dinâmica da mente, pois os processos cognitivos interagem e dependem entre si.
Os processos cognitivos básicos incluem:
Sensações e emoções
Servem para sentirmos o ambiente e são os efeitos imediatos e automáticos (reflexos) de
seus estímulos.
Atenção
É a discriminação das estimulações.
Concentração
É a focalização prolongada e exclusiva de uma estimulação específica.
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Percepção
Serve para tornar inteligível o ambiente sensorialmente recebido de forma exteroceptiva (pela
visão, audição, olfato, paladar, tato), interoceptiva (pelas atividades de glândulas, órgãos e
músculos internos) e proprioceptiva (pelos movimentos corporais).
Memória
É o registro, armazenagem e recuperação das experiências ou, melhor dizendo, ela nos
permite responder com sensações já experimentadas à estimulação presente.
Aprendizagem
Permite a modificação do comportamento para que nos adaptemos melhor a determinado
contexto.
Motivação
É resultado da excitação, permitindo nos direcionar a objetivos a partir de contingências de
reforçamento, por exemplo.
Linguagem e comunicação
São as operações verbais.
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Sendo universais entre os humanos, processos cognitivos apresentam uma finalidade, cumprindo uma
função predeterminada pelo processo evolutivo, pela história da nossa espécie de tal forma que nossas
funções cognitivas foram selecionadas para operar de determinada maneira porque, assim ocorrendo,
garantem nossa sobrevivência. Assim, ser capaz de perceber a realidade da maneira auditiva, visual etc.,
como nós fazemos, foi selecionado durante a evolução por uma finalidade adaptativa. Isso é o
Pensamentos
São as representações via imagens e verbalizações privadas sobre os eventos para formar
conceitos e organizá-los.
Raciocínio
Permite as ponderações por evidências, probabilidades e impactos que fazemos sobre os
eventos.
Inteligência
Representa as habilidades e capacidades para desempenhos eficazes.
Personalidade
Abarca os repertórios comportamentais generalizados e que se tornam identificatórios dos
indivíduos.
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funcionalismo cognitivo.
Tais funções derivam tanto das interações de processos inatos, ou seja, aqueles que indivíduos já nascem
com genes predisponentes à estruturação de centros neurológicos necessários à atividade, quanto de
processos adquiridos através da experiência, ou seja, do contato com o meio através das vivências. As
diferenças entre os indivíduos são a velocidade e a extensão dessas capacidades, muito afetadas por sutis
variações genéticas (algumas pessoas aprendem mais rápido que outras, por exemplo), mas principalmente
pelo histórico ambiental formativo ontogenético. Ou seja, pelas oportunidades de experiências individuais
obtidas nos ambientes em que se desenvolveram. Por exemplo, alguém que tenha crescido em um território
com várias árvores, onde podia escalar e pular de galho em galho, pode ter aprimorado mais sua percepção
espacial-cinestésica em comparação a alguém criado em um apartamento.
Todos os processos cognitivos são agrupados pedagogicamente em quatro funções principais, que
normalmente trabalham juntas de forma dinâmica. Vejamos:
Funções receptivas
São aquelas ligadas a selecionar, adquirir, classificar e integrar as informações por meio da percepção do
que é recebido sensorialmente.
Memória e aprendizagem
Fazem o armazenamento e a evocação das experiências significativas para formação e modificação dos
nossos comportamentos.
Raciocínio
Corresponde à organização mental da informação.
Funções expressivas
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Sublinhado
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Realceintel core i5
Realce
Funções expressivas
Corresponde a fala, desenho, escrita, manipulação, gestos, expressões faciais e movimentos.
Desse modo, quanto mais desenvolvemos nossas capacidades cognitivas, espera-se que possamos
resolver as nossas questões de maneira mais rápida, prática, racional, econômica e, especialmente, eficaz.
Arquitectura
Estruturação evolutiva da arquitetura cognitiva
Esses processos, também chamados de operações mentais, são apresentados a partir de uma metáfora
computacional, em que a mente é vista como a tela de um computador; as atividades cognitivas são os
softwares com suas funções; e o cérebro é sua estrutura física ou hardware. A partir dessa ideia, então,
começa-se a buscar os marcadores (neuro)biológicos de todos os processos cognitivos. Em que regiões
ocorrem e que caminhos cerebrais e corporais percorrem – o que é chamado de arquitetura cognitiva, ou
seja, a estrutura de neurônios que temos e que vai fazer parte do nosso sistema nervoso.
Essa estrutura cognitiva vai participar da nossa capacidade de resolução de problemas. Por exemplo,
quando você precisa encontrar um caminho mais curto do ponto A ao ponto B, se localizar dentro de uma
cidade nova, preparar uma comida que nunca fez, ou resolver uma questão de prova, enfim, essa tradução
da realidade é feita pela nossa estrutura cognitiva para usar o pensamento como instrumento de resolução
de problemas. Isso depende do nosso aparato nervoso, nosso sistema nervoso, que basicamente é feito por
neurônios e neuroglias.
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Realce
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Sublinhado
Essa estrutura cognitiva é baseada em níveis compostos da seguinte forma:
informação (menor parte dessa estrutura cognitiva)
ideia
esquema
Juntos, formam a estrutura cognitiva. A informação é uma pequena unidade de alguma coisa que você
conhece. Por exemplo, no futebol, você sabe o que é uma bola, um chute, um gol. Tudo isso são
informações, unidades que sabemos a respeito do futebol.
Quando começamos a juntar essas informações, formamos uma ideia. Se eu pegar tudo que eu sei sobre
domínio de bola e de movimentação, eu posso ter uma ideia sobre o que seria, por exemplo, um drible.
Então, o que é uma ideia? É uma reunião de várias informações que têm algum sentido comum. Digamos
que eu sei alguma coisa a mais sobre chutes: formas de lançamento de bola, eu posso reunir também como
ideia. Tudo que eu sei sobre as regras, escanteio, impedimentos, vai me dar também uma noção sobre
regras do futebol. Então, uma ideia é a reunião de várias pequenas informações que juntas fazem algum
sentido.
Por fim, temos o que é chamado de esquema.
O que é o esquema?
O esquema é a reunião de todas as ideias sobre um assunto. Por exemplo, se juntar
tudo o que eu sei sobre drible, chutes, regras e todas as outras coisas sobre futebol, eu
vou formar um esquema sobre o esporte.
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Realce
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Então, note que um esquema é a maior parte de um conhecimento e que a ideia é a
reunião de pequenas informações.
O ponto central da nossa arquitetura cognitiva é a formação dos esquemas. Quanto mais esquemas você
tem, mais complexas são suas atividades cognitivas e a dinâmica do seu pensamento. Esses esquemas
que formamos ao longo da vida nas experiências naturais ou programadas pela educação escolar são
ativados à medida que precisamos de alguma demanda ambiental. Dessa forma, mais complexa será nossa
estrutura cognitiva à medida que mais esquemas passem a ser formados e, assim, maior será nossa
capacidade de lidar com os problemas e aprender coisas novas.
A Arquitetura Cognitiva
Veja agora os componentes e a estruturação evolutiva da arquitetura cognitiva.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Os processos cognitivos básicos
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
O funcionalismo cognitivo


Todos
Módulo 1 - Video
A Arquitetura Cognitiva
Módulo 2 - Video
Tipos de atenção
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 
Questão 1
O processo cognitivo que ocorre de modo reflexo à estimulação ambiental é chamado
de
A sensação.
B atenção.
C percepção.
D memória.
E aprendizagem.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A porta de entrada para as experiências e interações humanas, aquilo que as
tornam possíveis, são as sensações do mundo ao redor. Justamente por
serem processos automáticos (reflexos) do corpo, não requerem maior
complexidade e elaboração, sendo um dos poucos processos cognitivos que
compartilhamos com os outros animais.
Questão 2
Quando reunimos várias informações que têm algum sentido comum, temos
A um julgamento.
B uma arquitetura neural.
C uma informação.
D uma ideia.
E um esquema.
2 - Percepção visual e atenção
Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de identi�car a variabilidade
dos processos perceptivos e atencionais e suas interligações.
Ci it d ã
Parabéns! A alternativa D está correta.
Uma informação é uma pequena unidade de conhecimento, sendo sua reunião
necessária para formar uma ideia. Por isso, esta é a resposta correta. A
arquitetura neural reúne todos eles formando esquemas, que são o conjunto
de ideias sobre algo, o conhecimento mais completo que o indivíduo possui
sobre certa temática.

Circuitos de percepção
Circuito básico dos processos perceptivos
Atenção e percepção são fenômenos fundamentais associados à biologia do sistema nervoso. O nosso
corpo, como uma instituição biológica, é munido de uma série de “ferramentas” que nos ajudam a perceber
o mundo ao nosso redor. Essas ferramentas vão amadurecendo em diferentes momentos da nossa vida,
pois também podem ser treinadas. Os seres humanos têm órgãos e sistemas encarregados de realizar esse
processo de percepção.
Podemos conhecer esse aparato biológico de sistemas sensoriais que reúnem os
sentidos, tais como o paladar, olfato, tato, audição e visão. Esses são os mais
conhecidos. Mas é importante considerar que não são os únicos sentidos dos seres
humanos. Por exemplo, outro sentido útil é o equilíbrio, que nos orienta no espaço
onde estamos. Esse sentido está constantemente ativado. Só costumamos sentir a
falta de equilíbrio quando ele é alterado por uma labirintite, por exemplo, que são
inflamações no aparelho da orelha interna que acabam perturbando este tipo de
percepção humana.
Podemos a�rmar que estamos em intenso contato com o mundo ao nosso redor. E como
acontece esse processo de percepção dos estímulos?
Os sentidos são estimulados para nortear a percepção. Esses estímulos só podem ser identificados a partir
de estruturas chamadas receptores sensoriais. Tais receptores são células especializadas e distribuídas nas
mais diferentes áreas do nosso corpo que conseguem captar informações sobre o mundo que nos cerca e
também sobre o mundo interno. Por exemplo, internamente podemos sentir uma dor. Não é agradável sentir
dor, mas ter a percepção dela é fundamental, pois é um tipo de estímulo que favorece a autopreservação,
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Realce
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nos protegendo de processos que podem ser prejudiciais.
Desse modo, quando os estímulos internos ou externos entram em contato com um receptor, como a pele
ou o aparelho auditivo, isso desencadeia uma resposta que vai excitar neurônios, gerando um impulso
nervoso.
Essa corrente de “informação” neural, que acontece pela despolarização dos neurônios, chega ao sistema
nervoso central, encéfalo e medula espinhal. Se for uma informação reflexa ou primitiva, a estrutura medular
é suficiente para gerar uma resposta. Por exemplo, quando recebemos um choque e retiramos o braço, ou
quando nos aproximamos a uma superfície quente e retiramos a mão.
Por outro lado, se o estímulo for mais complexo ou inédito, um processamento ocorrerá no encéfalo paragerar respostas mais robustas e conscientes. Por exemplo, avistar algo voando e tentar identificar se é um
pássaro ou um morcego. Logo, esse é o circuito básico para que os estímulos desencadeiem percepções no
nosso organismo.
Circuitos especí�cos dos processos perceptivos
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Cada estímulo tem uma natureza e circuitos específicos.
A percepção visual, por exemplo, é originada por meio da estimulação luminosa, que consiste em energia
eletromagnética. Quando essa luz toca as células da retina, acontece uma despolarização que encaminha
essa informação ao córtex occipital por meio do nervo óptico. Essa corrente elétrica de informações forma
a visão. O olho capta a informação luminosa, mas é no cérebro occipital que ocorre a decodificação para a
pessoa enxergar de fato.
A percepção auditiva é a captação de ondas mecânicas que se deslocam no ar. Elas se chocam com a
estrutura do aparelho auditivo e, ao vibrar o tímpano, ele propaga essas vibrações para dentro do organismo
através de um nervo que leva também ao córtex temporal do cérebro, que transforma em sensação sonora.
No caso do tato, também há um envolvimento da energia mecânica. Só que na forma de uma pressão sobre
os receptores da pele, que permitem também perceber as variações de temperatura, já que nela estão
inclusas células que conseguem aferir a temperatura do ambiente. O olfato e o paladar, por sua vez, reúnem
um tipo de percepção muito parecido, que é a interação química.
Saiba mais
Na língua, há um grupo vasto de células chamadas papilas gustativas, que, ao entrar
em contato com determinada substância, essas células criam um estímulo que será
direcionado ao encéfalo.
Nas narinas acontece algo parecido. Só que as células nasais captam substâncias dispersas ou flutuantes
no ar. Por isso, quando alguém passa um perfume, de longe, a gente pode sentir. As moléculas do perfume
estão suspensas no ar na forma de aerossóis e podemos sentir a dispersão daquelas moléculas por meio
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de células olfativas. Podemos notar então que o ambiente ao nosso redor é cheio de estimulações.
Os processos atencionais
Atenção e percepção são processos interligados. Uma “via de mão dupla”. Você pode dedicar uma atenção
menor ou maior dependendo do que você percebe; ou pode perceber algo que não está tão evidente
dependendo de como você dedica atenção.
A atenção é um processo que está relacionado às percepções.
Por exemplo, você vai a uma festa com som alto, muitas luzes, pessoas circulando e se encostando,
bebidas sendo servidas, ou seja, uma profusão de estimulações. Mas você poderia se concentrar para ouvir
o que seu colega está dizendo. Esse ponto identifica um processo de atenção.
Para examinar a atenção, precisamos considerá-la como o resultado de uma série de fatores encadeados,
como grau de alerta, concentração, orientação, seleção e exploração.
Podemos observar o desenvolvimento da atenção em três grandes momentos:

Orientação

Seleção

Manutenção
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Manutenção
A atenção é um processo que permite, em meio à diversidade de estímulos que temos no dia a dia,
diferenciar ou selecionar quais são os estímulos que você vai dar preferência diante de toda essa
percepção.
A atenção funciona como um processo de “filtragem” de informações. E essa filtragem está baseada no
interesse. Qual é o seu interesse em determinado momento? Para onde a sua motivação te direciona?
Vamos utilizando a atenção para selecionar aquilo que tem significado ou valor para nossas necessidades.
Os processos atencionais também estão relacionados à evocação de recursos.
Quando você está em uma situação de risco, a atenção vai evocar em você os melhores recursos
disponíveis para desenvolver uma resposta atenta e orientada àquela situação.
A adaptação interna é como se esses processos da atenção estivessem constantemente se moldando e se
remodelando para se ajustar às diversas pressões ambientais por meio das diferentes percepções.
Há múltiplos estímulos no meio. Não é possível sentir tudo ao mesmo tempo porque nosso aparato
sensorial é limitado. Mas podemos funcionar por meio do processo de priorização de estímulos. Assim
podemos escolher perceber de maneira mais atenta àquilo que é mais significativo para cada um.
Os tipos de atenção
Existem diferentes classificações ou proposições de como a atenção se expressa em um ser humano:
seletiva, alternada, sustentada e concentrada.
Veja, a seguir, sobre cada um desses tipos:
Seletiva 
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Realce
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Sublinhado
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Realce
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Realce
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Realce
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Realce
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Realce
Na atenção seletiva, há uma escolha das informações. Imagine um momento em que você está em
um ambiente com estimulações variadas e amplas, mas você tem que selecionar aquilo que te
interessa para conseguir interagir de uma forma orientada. Haverá uma distinção entre o foco
principal (figura) e as informações adjacentes (fundo). Mesmo imerso ou focado em uma
atividade, é possível perceber pontos periféricos de atenção. Isso te permite mudar o foco. Se você
muda o foco, o estímulo principal torna-se adjacente, enquanto o outro assume a posição central.
Esse processo tem um caráter de economia de energia devido à omissão das informações
irrelevantes. Isto é, aquelas informações que podem ficar em “segundo plano”, porque você não
identifica valor ou utilidade naquele momento, não consomem sua energia e você poderá destinar
maior tempo e esforço ao estímulo em foco.
Na atenção alternada, a pessoa tem a alternância de foco sem perceber, mantendo diferentes
pontos focais. Normalmente, isso ocorre com tarefas que combinam diferentes requisitos. Por
exemplo, uma atividade em que um aluno precisa equacionar coordenação motora e associação de
cores e sons. Outra atividade comum de atenção alternada é dirigir um automóvel, que requer
várias ações, como apertar pedais, passar o câmbio, girar volante, estar atento ao trânsito.
A atenção sustentada é necessária quando a pessoa precisa se manter focada por um período
longo. A propriedade principal aqui é a quantidade de tempo em que a atenção é mantida. Esse
tipo de atenção é identificável em circunstâncias em que uma atividade é extensa, considerando
também que a concentração é uma habilidade que pode ser desenvolvida ao longo do tempo.
A atenção concentrada, por sua vez, é diferente da sustentada, porque leva em conta a dedicação
de atenção que foi empregada para uma atividade. Às vezes, uma tarefa é curta, mas demanda um
estado de adesão ou dedicação grande. Diferentemente também da atenção seletiva em que o
Alternada 
Sustentada 
Concentrada 
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Realce
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Realce
indivíduo mantém um foco junto com informações periféricas. Esse processo de alta concentração
também foi denominado de “flow” – é aquele momento em que um indivíduo dentro de uma
atividade consegue entregar toda sua atenção e “mergulha” na experiência.
Tipos de atenção
Veja agora as características e a utilidade dos diversos tipos de atenção.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
A percepção de estímulos internos e externos e as correntes de informação neural
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
A relação entre atenção e canais perceptivos


Todos
Módulo 1 - Video
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo4 
Questão 1
Basicamente, diversos fatores encadeados estruturam o funcionamento atencional,
como
A respondentes, pareamentos, estímulo neutro e condicionamento.
B grau de alerta, concentração, orientação, seleção e exploração.
C estágio sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e formal.
D informação, ideia e esquema.
intel core i5
Realce
E mesencéfalo, ponte e bulbo.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Para examinar a atenção, precisamos considerá-la como o resultado do nível
de alerta, o quanto a pessoa pode estar concentrada, orientada a certos
estímulos, selecionando e explorando aqueles que lhe são significativos. Os
fatores da alternativa A apenas correspondem ao modelo teórico de
condicionamento respondente. Os fatores da alternativa C são os estágios da
teoria piagetiana. Os fatores da alternativa D são conceitos da arquitetura
cognitiva. Por fim, os fatores da alternativa E são as estruturas anatômicas do
tronco encefálico.
Questão 2
As funções de um DJ, por exemplo, requerem múltiplos pontos focais para decisões
simultâneas e coordenação motora para ações, como apertar os canais da mesa de
som, usar o software no computador, escolher as músicas, controlar o volume, mixar a
melhor fusão de um áudio para outro. Nesses casos, é natural que essa profissão use
a
A atenção seletiva.
B atenção coordenada.
C atenção concentrada.
D atenção alternada.
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Realce
3 - Memória
Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de analisar o processamento
E atenção focada.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Para tarefas que combinam diferentes requisitos, em que precisamos alternar
naturalmente diferentes pontos focais, podemos desenvolver nossa
capacidade de atenção alternada. A atenção seletiva é o modelo análogo ao
conceito de figura-fundo da Gestalt. Atenção coordenada e focada não são
conceitos teóricos válidos. E a atenção concentrada corresponde ao hiper
foco ou flow.

Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de analisar o processamento
mnemônico da cognição humana e os tipos de memória.
Os processos mnemônicos
Existem várias funções cognitivas, como cálculo, linguagem, planejamento, resolução de problemas.
Memória é uma das funções cognitivas fundamentais porque é a base da aprendizagem. Se não existisse
uma capacidade de reter informações, não poderíamos tirar proveito eficaz das experiências. Aprendizagem
é a aquisição de conhecimentos, memória é a retenção desse aprendizado para uso futuro.
Os processos perceptivos também ajudam a formar memórias. Aprendemos melhor quando os sentidos
estão aguçados. De modo geral, a atenção também está associada à coleção de experiências que vamos
levar para memória, que, consequentemente, criam uma espécie de repertório que nos auxiliam a enfrentar
os desafios da vida.
Atenção!
A aprendizagem depende intimamente da memória, pois conhecimentos
memorizados podem favorecer a acomodação de novas informações. Mas podemos
considerar a aprendizagem como um processo amplo que reúne vários campos, além
do mnemônico, como o afetivo, o intelectual e o atencional.
Atualmente, a neurociência sabe que não existe uma única estrutura responsável pela memória. Claramente
sabemos que a formação e a consolidação da memória acontecem pela ação de certos centros cerebrais. O
encéfalo, como um todo, colabora e atua nesse processo.
A memória pode ser entendida como a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar
informações aprendidas ao longo das nossas experiências.
A memória é o “relato” da nossa história. Através dela conseguimos descrever quem somos e também a
nossa história, a partir do momento em que armazenamos informações e conseguimos recuperá-las. Ela é
fundamental para nossa sobrevivência e formação identitária – quem somos.
O ser humano se constitui a partir de momentos, experiências vivenciadas ao longo da vida, que formam os
seus gostos, as suas opiniões, seus posicionamentos e tudo mais que o constitui.
A nossa capacidade de reter informações depende de alguns fatores comuns, como o nível de consciência
e a atenção do momento em que essa memória está se formando. A atenção que damos àquele estímulo
vai interferir em como vamos armazená-lo e se o armazenaremos por muito ou pouco tempo; o estado
emocional é esse “background” de emoções no momento da memorização. Memórias que têm um vínculo
forte com esse background emocional se formarão com mais facilidade e serão evocadas futuramente com
mais facilidade; a motivação, que diz respeito ao quanto a pessoa dá importância ao estímulo que está
tentando reter; e o contexto, que diz respeito a como todo o ambiente em que se está participando vai
influenciar também os processos mnemônicos.
Fases dos processos mnemônicos
As etapas no desenvolvimento da memória
O processamento da memória, como processo, compreende várias fases e cada uma cumpre uma função
diferente. Acompanhe a seguir:
Codi�cação
Corresponde à entrada dos conteúdos na memória, quando a energia dos estímulos é
transformada em informações sensoriais e são conduzidas neurologicamente. O indivíduo
converte os estímulos do ambiente em estímulos que o seu sistema nervoso consegue ler de
forma adequada. Nessa etapa, os processos sensoriais e a percepção são fundamentais. Os
processos atencionais também são fundamentais para uma boa codificação.
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Armazenamento
É a fase da conservação desses conteúdos que foram adquiridos e que podem ser mantidos
por diferentes períodos, de milissegundos, segundos, a curto ou a longo prazo. Se essas
informações forem relevantes, poderão ser armazenadas temporariamente. Se elas forem
usadas com frequência, serão consolidadas. É a passagem da memória de curto para longo
prazo.
Evocação
É a fase de recuperação dos conteúdos. Quando precisamos dessa informação ou há alguma
pista no ambiente, podemos lembrar dela. Nós podemos recriar os cenários vivenciados.
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Realce
Imagine um bebê que vai recebendo diversos estímulos internos, do próprio corpo, ou externos, do espaço
físico. Esses estímulos vão gerando sensações que, à medida que são recordados, provocam sua
consolidação. Essa coletânea de memórias começa a ganhar significado.
Portanto, esse conjunto de processos entre memória e aprendizagem pode desencadear modificação de
comportamento. A pessoa emite comportamentos baseados naquilo que aprendeu. Entenda:
Novas informações
No contato com novos fenômenos ou fatores, é possível que ela reestruture ou
incorpore novas informações ao seu banco de memórias.
Novos comportamentos
E, desse encadeamento de processos, surge uma resposta de saída (output)
cognitiva ou motora na pessoa.
Até porque comportamentos não surgem do nada. Eles ocorrem a partir do que a história proporcionou
aprender, com base também nas determinações genéticas. As memórias formadas também estão atreladas
às interações genéticas. Isto é, nós somos indivíduos que temos um banco de informações que nos foi
passado pelos nossos pais biológicos. Essas informações expressam e geram as bases das nossas
características físicas e comportamentais.
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Tipos de memória
O senso comum acredita que há apenas um tipo de memória, onde eu lembro o que comi na hora do
almoço, onde estive ontem e a capital de determinado país. Entretanto, existem diferentes níveis de
memória. Vamos descrever a estrutura funcional da memória e do aprendizado.
Inicialmente, a memória é dividida em dois grandes grupos: o primeiro, da memória de curto prazo,
sensorial e de trabalho; o segundo, da memória de longo prazo. Precisamos enfatizar também que memória
de curto prazo e memória de longo prazo não são sinônimos de memória recente e memória remota
respectivamente.
Saiba mais
Falar em memórias recente e remota se refere ao tempo em quevocê adquiriu aquela
informação. Isto é, quando memorizou aquela informação. A memória recente é
aquela que você adquiriu há pouco tempo. Já a remota refere-se ao que foi retido na
infância. Quando falamos em curto e longo prazo, nos referimos à duração ou à
manutenção da informação retida.
Por exemplo, há dez anos alguém pode ter decorado algumas informações para realizar uma prova, mas
que hoje já não lembra mais desse conhecimento. Nesse caso temos uma memória remota de curto prazo,
que não foi consolidada para a memória de longo prazo.
Memória de curto prazo, sensorial e memória de
trabalho
As memórias de curta duração proporcionam continuidade do sentido do presente. O processo cognitivo é
inaugurado com a entrada dos “inputs sensoriais”, de natureza visual, auditiva, tátil, entre outros. Essas
sensações são captadas pelos órgãos do sentido e precisam ficar ativadas dentro de uma estrutura de
memória chamada “memória de trabalho ou memória operacional”, que é o “espaço mental” ativo onde
podemos manipular as informações que estão ali.
Vamos realizar um pequeno exercício. Pense na sequência numérica 5-8-2, ok!
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Sublinhado
Agora declare na sua mente essa sequência inversamente.
Note que a primeira solicitação é de ordem atencional. Mas a segunda é operacional, isto é, precisava
manter esses números na cabeça temporariamente para que você pudesse trabalhar com eles.
O modelo inicial define memória de trabalho como um sistema composto por três componentes: o
executivo central, que atuaria como controlador atencional; e dois subsistemas de apoio especializados no
processamento e na manipulação de uma quantidade limitada de informações específicas. No caso, a alça
fonológica e o esboço visuoespacial.
O modelo foi ampliado, acrescentando um quarto componente: o buffer episódico, também conhecido
como retentor episódico. Ele é responsável pela integração das informações mantidas temporariamente na
memória de trabalho, com aqueles provenientes dos sistemas de longo prazo em uma representação
episódica única.
Vamos desenvolver mais os fatores desse modelo:
Executivo central
Desempenha várias funções, como a atenção seletiva, que é a habilidade de focar a atenção em
informações relevantes enquanto inibe outras informações que são distratoras. A flexibilidade mental,
que é a capacidade de coordenar múltiplas atividades cognitivas de forma simultânea, também seleciona
e executa planos e estratégias, além da capacidade de alocar recursos em outro espaço na memória de
trabalho e de evocar informações armazenadas na memória de longo prazo.
A alça fonológica e o esboço visuoespacial
A alça fonológica armazena e processa as informações codificadas verbalmente, sejam elas
apresentadas por vias auditivas ou visuais. Enquanto o esboço visuoespacial realiza o processamento e
a manutenção de informações visuais e espaciais referente aos objetos e as relações espaciais entre
eles, ao mesmo tempo, desempenha um papel relevante na formação e na manipulação de imagens
mentais.
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Buffer episódico
É um componente de armazenamento temporário e com capacidade limitada. É acessível à consciência e
dialoga com a memória de longo prazo episódica e semântica na construção de representações
integradas com base em uma nova informação. Dessa forma, o buffer episódico permite gerenciar uma
grande quantidade de informações que ultrapassam a capacidade de armazenamento fonológico e
visuoespacial, sem depender necessariamente do executivo central.
Ainda abordando o armazenamento curto de informações, podemos citar a memória sensorial, que se
refere aos diferentes órgãos dos sentidos, como a memória auditiva ou a visual. São memórias que você
manipula por milissegundos e decide se quer ou não dar algum tipo de nível atencional para retê-la. Na
memória sensorial, há um armazenamento ultrarrápido das informações. A memória sensorial é um tipo de
memória muito breve que reage aos inputs recebidos pelos órgãos dos sentidos. Essa informação
automática pode ser perdida porque são como “flashes” do mundo, que possibilitam que o experimentemos
como um fluxo contínuo em vez de sensações distintas. Caso a pessoa dê atenção a esse conteúdo, ele
pode ser passado para a memória de curto prazo que, por sua vez, retém informações que precisam ser
testadas imediatamente, pois essa retenção dura de segundos a poucos minutos.
Na memória de curto prazo, existe um tipo de armazenamento de informação que dura
curtos períodos.
Essa memória tem uma capacidade limitada e pode ser consolidada mediante técnicas de memorização. Se
houver um exercício dessas informações na memória de curto prazo, elas poderão ser sedimentadas.
Qual é a diferença então entre memória de curto prazo e de trabalho ou operacional?
Resposta
Na operacional, temos uma manipulação ativa para articular informações novas com
antigas, praticando um armazenamento e processamento simultaneamente. Já a
memória de curto prazo é mais passiva e retém brevemente uma quantidade limitada
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Sublinhado
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p p q
de informações. É aquela em que nós conseguimos armazenar algumas informações
por um tempo determinado. Por exemplo, guardar o nome de alguém que acabamos
de conhecer.
A memória de trabalho funciona como um sistema de capacidade limitada que permite o armazenamento
temporário e o gerenciamento de informações. Esse sistema múltiplo de memória se diferencia do conceito
de memória de curto prazo, deixando de ser apenas um armazenamento temporário para ser um
processador ativo capaz de manipular um conjunto limitado de informações por um curto período de tempo.
Memória de longo prazo
Na memória de longo prazo, as informações retidas na memória são armazenadas por um longo período, o
que pode significar horas, meses ou durar toda a nossa vida. As informações contidas na memória de longo
prazo foram consolidadas após passar pela memória sensorial e pela memória de curto prazo em seguida,
formando nosso repertório mnemônico.
Dentro do bloco das memórias de longo prazo, temos:
Memórias declarativas
São explícitas, ou seja, o acesso a essas memórias é consciente.
Memórias não declarativas
São implícitas, pois não são de natureza verbal.
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p p
As memórias declarativas são divididas em:
Memórias episódicas
Reúnem experiências pessoais específicas em um tempo ou lugar, que se referem a
eventos datados.
Memórias semânticas
Incluem conhecimentos do mundo, objetos e linguagem; elas se referem ao
significado das palavras ou conceitos atemporais.
Por outro lado, dentro das memórias não declarativas, temos as memórias procedurais, que guardam
hábitos motores, procedimentos e habilidades.
A memória declarativa é uma memória mais consciente, que podemos relatar verbalmente e reúne eventos
e fatos pessoais ou gerais. Nessa memória, o arquivamento e a recuperação das informações acontecem
de forma consciente. Por exemplo, se alguém te perguntar onde você estava ontem às 15 horas, você pode
responder acessando verbalmente sua memória episódica – que inclui o que aconteceu, onde, quando e
com quem. Ela também é chamada de memória autobiográfica, pois está relacionada à memória dos fatos
que aconteceram na vida da pessoa. Por exemplo, lembrar o que comeu no café da manhã ou o que fez no
seu último aniversário. Então, esses processos mnemônicos estão relacionados ao sistema de resgate de
informações vivenciadas ou eventos pessoais, como casamentos, formaturas e términos de
relacionamentos.
O outro tipo de memória declarativa é a memória semântica, que se relaciona ao significado das coisas,
informações que adquirimos atravésdo estudo. Por exemplo, saber a respeito de matemática ou que a
bandeira do Brasil é verde e amarela. A memória semântica permite desenvolver conversas com significado.
A memória semântica é caracterizada pela perda de dados contextuais, temporais e
espaciais. Por exemplo, você conhece a palavra cadeira, mas o episódio real em
que você adquiriu essa informação provavelmente está perdido na sua memória.
Você não deve conseguir falar em que momento da vida aprendeu o significado da
palavra carinho, mas você sabe o que ela significa – daí o nome memória
semântica.
Esse nível mnemônico armazena conhecimentos objetivos sobre o mundo, de natureza factual, mas não
inclui o contexto em que foram aprendidos. A pessoa reconhece que sabe algo, mas não lembra onde
aprendeu.
Por exemplo, alguém te pergunta qual é a fórmula química da água, quais são as cores da bandeira do
Brasil, então você acessa essas memórias para trazer à tona esses conhecimentos. Junto à função
executiva central, a memória de trabalho pode resgatar informações da memória episódica (eventos) ou da
memória semântica (conhecimentos sobre o mundo).
Passemos agora para as memórias não declarativas ou implícitas, que não permitem uma evocação
consciente das informações armazenadas, estando mais relacionadas a padrões de comportamento,
habilidades e hábitos sem um conhecimento verbalizável daquilo que estamos realizando, como praticar um
esporte.
Saiba mais
Essas memórias são aquelas que não podem ser expressas verbalmente, mas podem
ser externadas por meio do desempenho. São movimentos automáticos com pouco
processamento consciente e mais inflexíveis e estáveis porque estão bem
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relacionados às condições originais em que o aprendizado ocorreu, sendo sempre
evocadas nelas.
Ainda nesse bloco classificatório, primeiro podemos abordar as memórias procedurais ou de procedimento.
Elas dependem de uma prática, por exemplo, uma pessoa pode executar uma peça de piano que ensaiou
quando criança. Portanto, essa memória é importante para o aprendizado de habilidades motoras, como
dirigir um carro, passar uma roupa, pintar uma parede.
Podemos citar também a memória do tipo priming (ou “pré-ativação”; vem de “prime” que significa primeiro),
que é adquirida e evocada por meio de “dicas”. Entenda:
Existe também um tipo de memória implícita denominada associativa, que pode ser estimulada através dos
processos de condicionamento clássico, quando dois ou mais estímulos são emparelhados; e do
Representação perceptual
Também chamada de memória de representação perceptual, pois pode reter a imagem de
um evento antes da compreensão do que ele significa. Essas dicas podem ser diversos
estímulos, como fragmentos de uma imagem, uma palavra, gestos, odores etc.
In�uência inconsciente
Tem a ver com uma influência inconsciente que a exposição prévia a um estímulo exerce
sobre um estímulo subsequente, como se o processamento de uma segunda informação
estivesse associado ao estímulo inicial latente. O comportamento de pessoas muda a partir
de estímulos anteriores que elas nem se deram conta.
condicionamento operante, quando uma resposta é reforçada contextualmente.
Por fim, o aprendizado não associativo forma um último tipo de memória, que abarca os processos de
habituação e sensibilização. Habituação corresponde à atenuação de uma resposta e a sensibilização tem
relação com o aumento dela por meio da repetição de uma mesma estimulação. Por exemplo, podemos
aprender a ignorar um latido constante de um cão que não traz riscos.
A estrutura funcional da memória e do
aprendizado
Fique agora com o sistema funcional da memória e do aprendizado.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Importância dos processos mnemônicos e fatores associados
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
O uso da memória pelo sistema cognitivo


Todos
Módulo 1 - Video
A Arquitetura Cognitiva
Módulo 2 Video
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 
Questão 1
Existem algumas fases no processamento da memória que correspondem à entrada, à
conservação e à recuperação de “conteúdos”. Assinale a alternativa que nomeia cada
uma dessas fases.
A Extinção, pareamento e eliciação.
B Codificação, armazenamento e evocação.
C Paralisação, fuga e retraimento.
D Condensação, evaporação e sublimação.
D Condensação, evaporação e sublimação.
E Evitação, compensação e resignação.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A codificação corresponde à entrada dos conteúdos na memória. Depois, o
armazenamento, que é a fase da conservação desses conteúdos que foram
adquiridos e que podem ser mantidos por diferentes períodos. Por fim, a
evocação é a fase de recuperação dos conteúdos. A alternativa A apresenta
princípios do comportamento respondente. A alternativa C corresponde aos
efeitos comportamentais do controle coercitivo. A alternativa D diz respeito às
mudanças físicas do estado da água. Por fim, a alternativa E descreve estilos
de enfrentamento esquemáticos.
Questão 2
A nossa capacidade de reter informações depende de alguns fatores psicológicos
comuns, como o nível de consciência e atenção quando essa memória está se
formando, como também
A do tipo sanguíneo.
B da altura da pessoa.
C da cor dos olhos.
D do estado emocional.
4 - Linguagem e pensamento
Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer a função da
E do ano de nascimento.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O estado emocional é esse “background” de emoções no momento da
memorização. Memórias que têm um vínculo forte com estados emocionais
se formarão e também serão evocadas com mais facilidade. As demais
variáveis são aspectos morfológicos ou cronológico sem relação
demonstrada com capacidades cognitivas.

Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer a função da
linguagem e do pensamento na composição da inteligência, e no
desenvolvimento de uma teoria cientí�ca ou uma explicação �losó�ca
sobre algo.
A linguagem segundo Vygotsky
A perspectiva de Vygotsky
Segundo Aristóteles e Rousseau o que distingue os animais que emitem sons, em um momento de
agressão ou emoção, dos homens é que estes conseguem articular esses sons em uma forma de
significação com palavras, gestos e símbolos. É uma forma propriamente humana de comunicação.
Em uma dialética, o homem modela formas de linguagem e por elas é influenciado, porque ela tem uma
característica social ao transmitir sentimentos, concepções, regras e valores. A linguagem também é uma
espécie de tecido na trama do pensamento. Nós pensamos em uma língua. Portanto, precisamos da
linguagem para pensar adequadamente. A linguagem é um tipo de comunicação através de códigos
estruturados em signos e sinais, que pode ser manifestada de diferentes formas, não apenas por palavras
proferidas vocalmente ou registradas textualmente.
Também pode ser manifestada pelo nosso corpo, como uma linguagem corporal por gestos e expressões
faciais. Outras formas incluem imagens ou representações gráficas. A linguagem é uma expressão do
nosso ser em diferentes formas, que pode ser até poetizada e musicalizada.
Toda essa diversidade atraiu Lev Vygotsky, que buscou compreender as raízes genéticas e histórico-sociais
formativas da linguagem e do pensamento. Ou seja, como é que o desenvolvimento da linguagem interfere
diretamente na constituição do nosso pensamento.
De uma perspectiva filogenética, ele começa estudando a linguagem dos animais e constata que sua
linguagem primitiva se constitui por meio de sons (grunhido, barulho, grito) e gestos que movimentam os
outros animais. Algo muito semelhante às linguagens infantis e aos primeiros movimentos que a criança
emite. Levando-o a concluir que, embora haja uma estreita correspondência entre o pensamento e a fala,
esta tem raízes genéticas.
O pensamentoemergiria ontogeneticamente a partir do desenvolvimento da linguagem em etapas ou fases
sucessivas. Desde um momento inicial natural ou primitivo ocorrendo sob a forma de balbucio, choro e riso,
com um pensamento em que as representações de objeto são rudimentares, passando pelo estágio de
experiências psicológicas ingênuas, em que a criança exibe curiosidade e interesse pelo nome das coisas,
imitando-o até conseguir interagir com as pessoas a sua volta, utilizando formas e estruturas gramaticais
corretamente; também pelo estágio da fala egocêntrica, em que a criança gradualmente passa a brincar
falando sozinha (consigo) utilizando a linguagem de uma forma muito representativa e imaginária para
descrever os próprios pensamentos, fantasias e representações mentais de objetos; chegando ao estágio
de crescimento interior, em que a criança opera com fala interior, caracterizando o surgimento do
pensamento verbal, deduções lógicas, representações mentais e simbólicas.
Falar e pensar se tornam uma atividade unificada em nosso processo intelectual. O momento mais
significativo no percurso do desenvolvimento intelectual acontece quando a fala e a atividade prática, até
então considerada duas linhas que seguem uma trajetória distinta e independente, se cruzam dando origem
às formas puramente humanas de inteligência prática e abstrata. São as relações sociais que fazem com
que a criança se desenvolva nessas etapas da linguagem e Vygotsky conclui que o desenvolvimento do
pensamento é determinado pela linguagem.
As crianças adentram à vida intelectual através daqueles que a cercam. Com essa ênfase no outro para a
aprendizagem, Vygotsky apresenta três conceitos relacionados:
Desenvolvimento real
Desenvolvimento real
O que a criança faz sozinha.
Desenvolvimento potencial
O que ela pode vir a aprender com a intervenção dos outros.
Zona de desenvolvimento proximal
O processo intermediário de aproximação sucessiva por intermédio do outro.
A cognição segundo Piaget
A perspectiva de Piaget
Outro proeminente autor que estudou as origens da linguagem e do pensamento foi Jean Piaget, que
também parte de uma epistemologia genética e desenvolve sua teoria construtivista. Propõe que os
indivíduos passam por um processo de adaptação durante seu desenvolvimento, que envolve dois
mecanismos:

Assimilação

Acomodação
A criança assimila um objeto e acomoda dentro de um esquema já dominado. Quando ela recebe uma nova
informação, tenta associar a algo que ela já conhece, assimilando-o. Se a assimilação aos esquemas já
construídos não for possível, um novo é derivado, acomodando o conhecimento.
Piaget construiu sua teoria sobre as seguintes bases ou fatores essenciais para o desenvolvimento
cognitivo da criança: o biológico, relacionado ao crescimento orgânico e à maturação do sistema nervoso;
as experiências e exercícios, por meio da interação da criança com objetos; as interações sociais, por meio
da linguagem, modelos e consequências aplicadas, ou seja, pela educação.
Para Piaget, é possível enumerar fases ou estágios sucessivos do desenvolvimento, veja:
Sensório-motor
Neste estágio as crianças estão descobrindo todas as sensações e movimentos do próprio
corpo e o contato com o meio, que se inicia pelos reflexos sensoriais e comportamentos
típicos da espécie.
Pré-operatório
Este estágio é mais conceitual e representacional graças à linguagem derivada da
socialização, mas em que a criança ainda age de forma egocêntrica, sem capacidade de
aderir à perspectiva do outro, incoerente e sem reversibilidade.
Operacional concreto
Neste estágio a capacidade cognitiva alcança o raciocínio lógico aplicado a problemas reais,
permitindo maior argumentação coerente, objetividade, conservação e reversibilidade, com a
diminuição do egocentrismo.
Teorias sobre as origens da linguagem
Funções e origens da linguagem
A primeira, principal e óbvia função da linguagem é induzir comportamentos em outros: afastar, aproximar,
aderir, afagar, cooperar, prover.
Quando é subvocalizada, a linguagem se transforma em atividade cognitiva
autoinstrutiva para induzir comportamentos em si.
Mas, adicionalmente, talvez tenha sido um grande instrumento da propagação da cultura, juntamente com a
imitação das práticas comportamentais do grupo. Ela permite a construção de mitos, que são formas de
organizar o conhecimento, interpretar a realidade e prover uma compreensão quando não possuímos a
explicação. Todas as religiões são basicamente baseadas na palavra: o mistério, as ligações da vida
cotidiana, a relação com a autoridade eclesiástica ou com um livro sagrado. Nos rituais indígenas e
africanos, os deuses não são tocados diretamente, mas são invocados por palavras.
Há também aquelas palavras que não podem ser ditas, ou coisas que não podem ser tocadas, são os tabus.
Então, a palavra reúne tanto as coisas do sagrado, como as coisas do profano.
E a regência virtuosa ou pecaminosa das nossas ações estão palavreadas nos mandamentos.
Operacional formal
Neste estágio são formados o raciocínio dedutivo, permitindo formulação de hipóteses e
passando a explicar os eventos com fatos observáveis.
Nas questões sociais, vemos a linguagem nos embates políticos, éticos, estéticos e descrições científicas.
Quando organizamos as palavras de uma maneira sonoramente harmônica e bonita, temos uma poesia, que
também pode ser musicalizada. E, quando a utilizamos para normatizar as condutas humanas, criamos as
leis.
Uma discussão antiga é sobre a linguagem ser uma convenção social ou algo natural.
Considera-se então que a linguagem é natural, já que, como membros dessa espécie, nascemos com o
potencial linguístico via estruturas neurofonadoras geneticamente determinadas.Mas a língua é aprendida
sob modelagem do ambiente social no qual nos desenvolvemos. Logo, a linguagem é natural e a língua
cultural.
Quanto à sua origem, a linguagem é uma imitação dos sons da natureza, portanto, onomatopeica. Por
imitação, os primeiros humanos faziam gestos e emitiam grunhidos que os acompanhavam, evoluindo para
uma sonoridade melhor e outras significações. Provavelmente, uma combinação de ambas forma nossa
grande força de expressão.
Saiba mais
Rousseau tem a tese de que primeiro nasceu a pintura e depois a escrita, vindo
primeiro as vogais, seguidas pelas consoantes, já que as vogais são sons simples que,
esgotada a capacidade para se referir às coisas, combinações mais complexas foram
requeridas derivando nas consoantes. Esgotadas as consoantes e havendo mais
objetos a se referir, surgiram as conjugações de letras, até às primeiras palavras com
ditongos, tritongos e assim sucessivamente.
Empiristas versus racionalistas
Há um embate filosófico entre os empiristas e racionalistas sobre a linguagem. Para os empiristas, a
linguagem é basicamente um conjunto de signos que dão significado, ou seja, os elementos e eventos são
associados a uma escrita, fixando um sentido à palavra. Para os racionalistas, as palavras são uma
exteriorização daquilo que é pensado. É uma capacidade da consciência de criar uma tradução visível e
auditiva daquilo que é pensado. É uma reprodução do pensamento e do sentimento porque as cognições
precisam da palavra para serem manifestadas.
Pensamento, inteligência e derivação de
teorias
O pensamento e processos derivados
O pensamento, posto de forma poética, pode nos levar por toda parte sem nos deslocarmos. Em outras
palavras, é quando a consciência ou a inteligência nos apresenta várias opções para fazer relações. É a
capacidade de criar conceitos abstratos, utilizando regras (lógicas) para chegar à verdade. Utiliza da
percepção, daquilo que conhecemos no mundo, da imaginação, da memória, de informações para comparar,
separar, reunir, interpretar, interrogar, sintetizar, de modo a criar uma nova norma ou realidade mental. Então,
o pensamento é a capacidade de analisar os eventos baseado na percepção, imaginação e memória.
Hipoteticamente, imagine que você trabalha coma ideia de perigo: se passar por um piso molhado, você
pode cair. Como você poderia chegar a essa conclusão?
Pela percepção, você viu que alguém passou ali ou em outro lugar molhado e caiu. Talvez você mesmo
alguma vez tenha colocado o pé em um piso molhado e estivesse escorregadio. Eventualmente, pode
associar uma coisa à outra, conseguindo imaginar a si mesmo caindo. Portanto, toda essa atividade privada
pode resultar na elaboração de um pensamento “olha, vou me desviar porque piso molhado é perigoso e
posso cair”.
No futuro, diante de uma placa de piso molhado você atribui um significado porque, através do pensamento,
trabalhou uma série de possibilidades: reúne água naquele lugar, separou piso molhado de piso seco,
comparou fenômenos (alguém que caiu nessas condições), interpreta o sinal daquilo, interroga se você
pode ir por aqui ou por ali, analisa o que tem de diferença, chega à seguinte conclusão: “piso com água é
algo em que a chance de escorregar é maior”.
As palavras e os símbolos que nós vemos são criados para representar fisicamente o que estamos
pensando e comunicar isso aos outros, de modo que uma placa de piso molhado já evoca todos esses
processos e significados.
Inteligência e linguagem
É nesse campo das criações mentais através dos pensamentos que emerge o conceito de inteligência, vista
como a capacidade de adaptação aos ambientes ao criar soluções para problemas. São diferentes dos
instintos e hábitos. Confira:
Instinto
É uma ação inata, determinada geneticamente, como afastar a mão de uma
chapa quente. São os reflexos e reações típicas da espécie.
Hábito
O hábito é adquirido pela repetição que se automatiza, como escovar os dentes
ao acordar.
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Através da inteligência criamos soluções e instrumentos para enfrentar dificuldades novas ou enfrentar
problemas antigos com novas estratégias, sempre buscando melhores possibilidades para lidar com as
situações. Ela tem fins práticos, voltada para situações de dificuldades e melhoria da nossa vida.
Se o pensamento é inseparável da linguagem, porque é uma das formas que ele pode se dar, e a inteligência
é inseparável do pensamento, porque é através dele que ocorre, a inteligência e linguagem têm um
desenvolvimento intimamente relacionado, o que vai permitir ao ser humano desenvolver uma inteligência
abstrata.
A inteligência é abstrata porque através da palavra, através da linguagem, o homem é capaz de reter na
memória experiências vividas e, dessa maneira, se situar no tempo.
Os animais estão sempre no presente e o homem, através da capacidade de abstração, é quem pode se
situar dentro de uma dimensão temporal. Pode existir um passado que ele recorda e um futuro que ele
projeta.
A linguagem permite a comunicação e a informação para a inteligência. Através dela ocorre a transmissão
de novos conteúdos de outras pessoas, da cultura, criando inovação e ruptura com conceitos antigos e
tradicionais. A inteligência forma uma rede de significações a partir da percepção, imaginação, memória e
linguagem, em um processo de raciocínio que se dá indutiva e dedutivamente. Através do pensamento
inteligente (raciocínio), abstraímos dados da experiência imediata e elaboramos conceitos, ideias, juízos,
articulados pelo raciocínio, análise e síntese.
O que é abstrair?
Abstrair significa tirar, retirar. Quando falamos a palavra caneta, por exemplo, fazemos uma abstração,
porque lhe retiramos qualquer concretude. Ou seja, não há referência se estamos tratando de uma caneta
aqui na minha escrivaninha ou na sua casa.
Também não estou dizendo em que tempo ela está, ou seja, se foi uma caneta que existe aqui e agora, se já
estragou, esgotou e foi colocada no lixo e se já não existe mais ou se vai ser fabricada no futuro.
Observe que abstrair significa tirar as particularidades que dariam realidade concreta para alguma coisa.
Quando digo caneta, eu retirei todas as outras características que não sejam a essência da caneta. Ou seja,
a caneta é um objeto com propriedade normalmente cilíndrica e fina, que tem uma tinta em seu interior e
que, ao atritar em uma superfície, essa tinta deixa um registro simbólico. Repare que quando eu digo a
palavra caneta não preciso mostrar uma para você saber do que eu estou falando. Porque assim funciona o
pensamento humano: trabalhamos com conceitos, com ideias gerais que podem ser universalizadas.
Podemos abstrair sobre qualquer coisa: falando de caneta, de cadeira, de um ser humano, de tudo que
exista material e espiritualmente. Para demonstrar a extensão das capacidades abstrativas, podemos
exercitar a seguinte questão: qual é a maior abstração humana? O que é o ser.
Re�exão
Essa é a maior de todas as questões, chamada de ontologia: onto, que significa “ser”;
“logia”, de logos, conhecimento, um saber. Algo difícil de definir porque se tudo está
em transformação na natureza, então está tudo passando de um ser para um não ser.
Ou de um não ser para um ser, em que está se tornando. Mas se tudo é fluxo, tudo é
movimento, não posso dizer que o ser é isso ou é aquilo, já que só existe esse
movimento, esse fluxo incessante de todas as coisas. O que existe então é sempre um
vir a ser.
Para ilustrar essa ideia, Heráclito utiliza a metáfora de um rio, alegando que um homem não pode tomar
banho duas vezes em um mesmo rio, pois o rio estará sempre diferente e o homem sempre que volta a ele
já não será o mesmo, já que, como parte da natureza, o homem também se transforma o tempo todo.
Assim, o novo aparece o tempo inteiro, em um movimento sempre marcado pela contradição dialética em
que tese e antítese se tensionam para uma síntese em um processo contínuo, ininterrupto e eterno. Todo
ser carrega essa potência em si, que é a possibilidade de se transformar em outra coisa.
Linguagem: teorias e suas derivações
Para formar conceitos, precisamos interpretar e fazer juízo dos eventos, examinando suas qualidades e
predicados, analisando e inferindo nexos causais entre elementos. Um conjunto de conceitos e juízos
formam uma teoria. Sua maior ou menor aceitação dependerá dos procedimentos de reunião de dados
(mais ou menos verificáveis) e derivações de raciocínios (mais ou menos lógicos) para construção dos
conceitos que dela fazem parte. Cada teoria pertence a um campo do interesse humano. Por exemplo, a
teoria do Big Bang que pertence à Física, e a teoria comportamentalista pertencente à Psicologia.
Por sua vez, dada a natureza do objeto, cada campo de interesse e investigação tem seu próprio método
para estabelecer as delimitações, conceitos, juízos e teorizações. O método (meto, que significa “direção”; e
odo, que corresponde a “caminho”) é a direção do caminhar. Por onde devemos caminhar para derivar os
conhecimentos, servindo como um regulador do pensamento, seja para descoberta de uma verdade ou
demonstração de uma ideia concebida. São eles:
Método dedutivo
Bastante comum em Filosofia, utiliza o raciocínio lógico, cria um silogismo partindo de uma
lei ou teoria geral para elaboração de conclusões particulares.
Método indutivo ou experimental
Mais comum em Ciências Naturais, em que se observa o fenômeno diversas vezes de forma
neutra e, a partir de uma série de análises, repetições e experimentos, descreve-se uma lei
induzindo do particular para o geral.
Todos eles têm as comuns características de serem reflexivos, críticos, descritivos e interpretativos.
A linguagem, o pensamento e a inteligência
na formação de teorias
Veja agora a importância da linguagem, do pensamento e da inteligência na formação de abstrações e de
teorias, reconhecendo as diversas metodologias de formação de teorias.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Método falseacionista
A partir desse método, uma teoria só pode ser considerada científica se sobreviver às
tentativas de falseamento.
Método compreensivo-interpretativo
Típico das ciências humanas, formula teorias e inferências sobreo fenômeno através de uma
análise histórica.
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Módulo 4 - Vem que eu te explico!
As raízes genéticas e histórico-social formativas da linguagem e do pensamento
Módulo 4 - Vem que eu te explico!
Teorias sobre a origem e funções da linguagem
Todos
Módulo 1 - Video
A Arquitetura Cognitiva
Módulo 2 - Video
Tipos de atenção
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
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Questão 1
O conceito de zona de desenvolvimento proximal trazido por Vygotsky constitui
A
a acomodação de conhecimentos justapostos a conhecimentos
anteriores.
B
a distância entre o nível de desenvolvimento atual da criança e o nível
de desenvolvimento potencial dela.
C
a diferença entre o saber acumulado pela sociedade e o
conhecimento individual.
D a diferença entre o imaginário da criança e o saber real.
E a diferença entre a representação mental e a realidade.
Parabéns! A alternativa B está correta.
De tudo que se pode aprender, parte significativa depende da mediação social.
Ou seja, sob efeito da observação de um modelo, instruções para a ação e
consequências sociais valorativas ou corretivas, a criança consegue formar
conhecimentos que solitariamente seriam impossíveis ou muito difíceis e
tardiamente desenvolvidos. O ponto intermediário em que o auxílio de outros
se torna necessário é o que Vygotsky denominou de zona de desenvolvimento
proximal.
Questão 2
Aponte o estágio do desenvolvimento piagetiano em que se encontra a criança que
pode agir por simulação, caracterizando a função simbólica, consegue substituir
objetos ou acontecimentos por formas de representações, mas é egocêntrica,
percebendo o mundo a partir da própria perspectiva, inclusive emitindo monólogos.
A Estágio sensório motor
Considerações �nais
Como vimos, as atividades cognitivas humanas são fenômenos multifatoriais e de surpreendente natureza.
B Estágio pré-operatório
C Estágio operatório concreto
D Estágio operatório formal
E Estágio formal-concreto
Parabéns! A alternativa C está correta.
Momento que compreende a faixa etária dos 7 aos 11 anos de idade, em que
os efeitos dos processos de socialização já se evidenciam com a capacidade
de representar conceitos, mas ainda limitada pelo déficit empático de adquirir
perspectiva alheia e metacognição, ou seja, refletir sobre o próprio
pensamento.

O tempo todo somos convocados pela realidade a utilizar nossas habilidades cognitivas, pois raízes
biológicas, processos desenvolvimentais e incentivos circunstanciais oportunizam e impulsionam um agir
no mundo mediado por elas.
Pudemos constatar que cada situação específica pode requerer distintas operações cognitivas. Quanto
mais preparados, mais nos adaptamos à circunstância vigente, além de saber examinar e contribuir com o
desenvolvimento intelectual dos demais – de alunos, familiares a colaboradores. Portanto, processos
cognitivos bem desenvolvidos nos elevam a inteligentes e sofisticadas soluções para nossos problemas e
ao comportamento moral para operar eticamente no mundo.
Portanto, agora que você domina mais sobre sua extensão, funcionamento e modos de aplicação, pode
principalmente avaliar o quanto tem explorado dessas capacidades para conhecer a realidade, resolver
problemas e coordenar decisões.
Podcast
Para encerrar, ouça e reflita sobre as diferentes capacidades cognitivas e suas funções para as atividades
humanas, identificando o papel do pensamento na composição da inteligência e os tipos de memória e suas
principais funções.
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Referências
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na propaganda. Ciências & Cognição, v.13, n.3, 2008. Consultado na internet em: 8 fev. 2022.
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COZBY P C Métodos de Pesquisa em Ciências do Comportamento São Paulo: Atlas 2003
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MATLIN, M. W. Psicologia Cognitiva. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.
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PIAGET, J. O desenvolvimento do pensamento: equilibração das estruturas cognitivas. Lisboa, D. Quixote,
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VARELA, F. J.; THOMPSON, E.; ROSCH, E. A mente incorporada: Ciências cognitivas e experiência humana.
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VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1993.
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português brasileiro, lendo o artigo Linguagem, Cognição e Educação Infantil: Contribuições da Psicologia
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