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Módulo 1/Unidade 1 - Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde.pdf
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Módulo 
 
 
 
 
 
 
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Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa 
 
Coordenação técnica 
Ana Clara Ribeiro Bello dos Santos 
Benefran Junio da Silva Bezerra 
Cleide Felicia de Mesquita Ribeiro 
Heiko Thereza Santana 
Helen Norat Siqueira 
Luana Teixeira Morelo 
Paulo Affonso B. de Almeida Galeão 
 
 
Universidade de Brasília - UNB 
 
Gerente de Projeto 
Cássio Murilo Alves Costa 
 
Pesquisadores 
Maria Auristela Menezes Costa 
Sanuel de Souza Teixeira Junior 
 
Designer Instrucional 
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Arthur Colaço Pires de Andrade 
 
Ilustrador 
Weslei Marques dos Santos 
 
Projeto Gráfico e Diagramação 
Carla Clen 
Jhonanthan Fagundes 
 
Administrador Moodle 
Cássio Murilo Alves Costa 
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Gerente de Produção de Educação a Distância 
Jitone Leônidas Soares 
 
 
 
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Conteudistas 
Ana Maria Müller de Magalhães - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS RS 
Ariane Ferreira Machado Avelar - Universidade Federal de São Paulo UNIFESP - SP 
Carla Denise Viana - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - RS 
Denise Miyuki Kusahara - Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP - SP 
Edmundo Machado Ferraz Universidade Federal de Pernambuco - PE 
Fabiana Cristina de Sousa – Anvisa - DF 
Giovana Abrahão de Araújo Moriya - Hospital Israelita Albert Einstein - SP 
Gisela Maria Schebella Souto de Moura - Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS – RS 
Heiko Thereza Santana - Anvisa - DF 
Helaine Carneiro Capucho - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH - DF 
Julia Yaeko Kawagoe - Hospital Israelita Albert Einstein - SP 
Kazuko Uchikawa Graziano - Universidade de São Paulo - USP - SP 
Luana Teixeira Morelo - Anvisa - DF 
Luna Ribeiro de Queiroz Pini - Anvisa - DF 
Magda Machado de Miranda Costa - Anvisa - DF 
Mara Rúbia Santos Gonçalves – Anvisa- DF 
Maria Jesus C.S Harada - Universidade Federal de São Paulo UNIFESP - SP 
Patrícia Fernanda Toledo Barbosa - Anvisa - DF 
Paulo Affonso Bezerra de Almeida Galeão Anvisa - DF 
Rafael Queiroz de Souza Doutorando em Ciências Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 
(EEUSP) USP - SP 
Rogério da Silva Lima - Organização Pan-Americana da Saúde OPAS/OMS 
Suzie Marie Gomes – Anvisa – DF 
 
Equipe de revisores técnicos da Anvisa 
Diana Carmem Almeida Nunes de Oliveira 
Gabriel Augusto Bussi 
Heiko Thereza Santana 
Helen Norat Siqueira 
Luana Teixeira Morelo 
Magda Machado de Miranda Costa 
Maria Angela da Paz 
Maria Dolores Santos da Purificação Nogueira 
Paulo Affonso Bezerra de Almeida Galeão 
Suzie Marie Gomes 
 
Equipe de revisores técnicos externos 
Cláudia Tartaglia Reis - Secretaria Municipal de Saúde de Cataguases - MG 
Rhanna Emanuela F. Lima de Carvalho - Universidade Estadual do Ceará - UECE - CE 
Zenewton André da Silva Gama - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - RN 
Wildo Navegantes de Araújo - Universidade de Brasília - UnB 
 
Colaboração 
Carlos Dias Lopes - Anvisa 
Danila Augusta Accioly Varella Barca - Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS/OMS 
Graziela Trevizan da Ros - Hospital do Coração Hcor - SP 
Humberto Luiz Couto Amaral de Moura - Anvisa 
Júlio César Sales - Anvisa 
Maria Inês Pinheiro Costa - Secretaria de Estado da Saúde de Goiás - GO 
Rogério da Silva Lima - Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS/OMS 
Zilah Cândida Pereira das Neves - Coordenação Municipal de Controle de Infecção em Serviços de Saúde 
COMCISS - Goiânia - GO 
 
Projeto desenvolvido no âmbito do Termo de Cooperação (TC nº 64) entre a Anvisa e a OPAS. 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 Unidade 1 
 
 
 
 
Qualidade 
e Segurança 
do Paciente 
em Serviços 
de Saúde: 
Noções Gerais 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
 
 
1. Apresentação 9 
2. Objetivos do Módulo 10 
a. Geral 10 
b. Específicos 10 
3. Introdução 11 
4. Qualidade nos serviços de saúde 13 
4.1. Evolução histórica do conceito de qualidade 17 
4.2. Gestão da Qualidade Total 19 
4.2.1 Orientação ao usuário dos serviços de saúde 20 
4.3. Estratégias para a melhoria da qualidade 21 
4.4. Avaliação da qualidade em serviços de saúde 22 
5. Segurança do paciente nos serviços de saúde 27 
5.1. Integração da Segurança do Paciente aos mecanismos 
de Garantia da Qualidade 33 
5.2. A interface entre a qualificação do cuidado em saúde, 
a promoção da segurança do paciente e o papel da vigilância 
sanitária de serviços de saúde 34 
6. Considerações finais 37 
7. Referências bibliográficas 38 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUALIDADE E SEGURANÇA 
DO PACIENTE EM SERVIÇOS 
DE SAÚDE: NOÇÕES GERAIS 
 
 
Paulo Affonso Bezerra de Almeida Galeão 
Heiko Thereza Santana 
Magda Machado de Miranda Costa 
 
 
 
Revisores: 
 
Dr. Zenewton Gama – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
Diana Carmem Almeida Nunes de Oliveira – ANVISA 
Maria Angela da Paz – ANVISA 
 
 
 
 
Apresentação 
 
Este módulo trata do tema Qualidade e Segurança do Paciente em 
serviços de saúde e está direcionado aos profissionais que atuam nas Vigilâncias 
Sanitárias dos Serviços de Saúde. 
Esperamos que seu conteúdo possa contribuir para melhor compreensão 
da relação da qualidade com a segurança nos serviços de saúde. 
1. 
10 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
 
 
objetivos do Módulo 
 
Este módulo busca introduzir noções relacionadas à qualidade e 
segurança do paciente em serviços de saúde aos gestores, profissionais que 
atuam nos Serviços de Saúde e na Vigilância Sanitária do país. 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
 
 
a. Geral 
 
1. Compreender a importância da qualidade e da segurança do paciente 
em serviços de saúde do país. 
 
b. Específicos 
 
1. Identificar as principais dimensões da qualidade; 
 
2. Definir segurança do paciente, identificando seus principais 
componentes; 
3. Descrever o papel da Vigilância Sanitária de serviços de saúde no 
campo da qualidade e da segurança do paciente. 
4. Conhecer as principais ações relacionadas ao tema, à segurança do 
paciente e qualidade que devem ser implementadas nos serviços de 
saúde. 
 
 
2. 
11 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
Introdução 
 
 
 
 
A busca pela qualidade nos serviços de saúde decorre da necessidade de 
redução dos riscos advindos do avanço das tecnologias aplicadas neste 
contexto, assim como da ampliação do acesso da sociedade aos diversos níveis 
de complexidade do sistema em questão nas últimas décadas. Essa redução 
deve alcançar níveis aceitáveis, ou seja, compatíveis com os objetivos do cuidado 
profissional: promoção, proteção e recuperação da saúde. 
A própria criação das Agências Reguladoras no Brasil, em especial a 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Agência Nacional de Saúde 
Suplementar (ANS), se
confunde com o processo de amadurecimento da 
sociedade no que diz respeito à exigência de qualificação dos serviços essenciais 
à vida, o que vem a contemplar os direitos de 2ª dimensão. 
 
 
 
 
 
3. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
12 
 
 
Saiba mais em: Fischer T, Heber F, Teixeira A. Desafio da qualidade e 
os impactos das transformações em organizações baianas. In: Revista 
de Administração de Empresas [internet]. 1995 Disponível em: http:// 
www.scielo.br/pdf/rae/v35n1/a08v35n1.pdf. 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
Assim, os serviços de saúde devem primar pela qualidade e segurança do 
cuidado, gerando uma cultura de inconformidade com a ocorrência de eventos 
adversos (EAs) durante a prestação assistencial, os quais podem indicar a 
presença de falhas nos processos de trabalho em saúde. Esses eventos 
decorrem de circunstâncias que causaram danos desnecessários aos usuários 
dos serviços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na prática, um serviço de saúde, quando capaz de controlar os resultados de 
suas tecnologias em virtudede seus objetivos, é dotado de um padrão de 
segurança. Logo, a sociedade espera ser atendida minimamente de forma 
segura, ou seja, usufruir dos benefícios das tecnologias sabendo que os riscos 
decorrentes dessa utilização estão sendo prevenidos e monitorados dentro do 
sistema de saúde. 
 
 
 
 
 
 
a mais 
 
 
 
 
 
 
Saib 
http://www.scielo.br/pdf/rae/v35n1/a08v35n1.pdf
13 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
 
Qualidade nos Serviços de Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A qualidade nos serviços de saúde é definida como “a obtenção do maior 
benefício para o paciente, ao menor custo e com o menor risco possível”1. Na 
mesma linha, a Organização Mundial de Saúde (OMS) a define como “o grau em 
que os serviços de saúde prestados a pessoas e populações aumentam a 
probabilidade de se obter os resultados favoráveis e são coerentes com o 
conhecimento científico corrente”2. 
A ideia de mensurar a qualidade dos serviços em saúde começou a ser 
desenvolvida na década de 1960 por Avedis Donabedian, na Universidade de 
Michigan, nos EUA. Sua abordagem envolveu três principais elementos: 
estrutura, processo e resultado. 
 
 
1 Organización Pan-Americana de Salud – OPS. Curso Virtual de Evaluación y Mejora de la Calidad de la Atención y 
la Seguridad del Paciente. Amarilla, AC, coordenadora. Williams, G, Interlandi C, Mazzola MAG, cols. Conceptos 
Generales de Calidad. Programas de Calidad. [Folleto del Curso Regional de Evaluación y Mejora de la Calidad de 
Atención. Centro Colaborador de la OPS/OMS]. Argentina: Ministério de Salud de la Nación. 2011. 
2 World Health Organization, World Alliance for Patient Safety (2007, June). Report on the Web-Based Modified Delphi 
Survey of the International Classification for Patient Safety. Geneva, Switzerland. 
4. 
14 
 
 
Esses elementos também são conhecidos como a tríade Donabediana. 
Saiba mais em: Donabedian A. The seven pillars of quality. Arch Pathol 
Lab Med. 1990 Nov;114(11):1115-8. 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Estrutura corresponde às características relativamente estáveis e 
necessárias ao processo assistencial, abrangendo a área física, recursos 
humanos (número, tipo, distribuição e qualificação), recursos materiais e 
financeiros, sistemas de informação e instrumentos normativos técnico-
administrativos, apoio político e condições organizacionais. 
Processo corresponde à prestação da assistência segundo padrões 
técnico-científicos, estabelecidos e aceitos na comunidade científica sobre 
determinado assunto e a utilização dos recursos nos seus aspectos quanti- 
qualitativos. Inclui o reconhecimento de problemas, métodos diagnósticos, 
diagnóstico e os cuidados prestados. 
Por sua vez, o Resultado corresponde às consequências das atividades 
realizadas nos serviços de saúde, ou pelo profissional, em termos de mudanças 
verificadas no estado de saúde dos pacientes, considerando também as 
mudanças relacionadas a conhecimentos e comportamentos, bem como a 
satisfação do usuário e do trabalhador ligada ao recebimento e prestação dos 
cuidados, respectivamente3. 
 
 
 
3 Donabedian A. Basic approaches to assessment: structure, process and outcome. In: Donabedian A. Explorations in 
Quality Assessment and Monitoring. Michigan (USA): Health Administration Press; 1980. p. 77-125. 
Resultado Processo 
Estrutura 
15 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
 
Os 7 Pilares da Qualidade 
A eficácia consiste na habilidade da ciência e da arte da assistência em 
oferecer melhorias na saúde e no bem-estar4 e representa o alicerce para a 
construção de uma organização focada na qualidade. Ser eficaz é comprovar a 
relação adequada entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos5. 
A eficiência é a relação entre o benefício oferecido pelo sistema de saúde 
ou pela assistência à saúde e seu custo econômico. Um aspecto importante é o 
econômico, pois a limitação dos recursos (financeiros, humanos e tecnológicos) 
associada a uma crescente demanda social, exige dos gestores e profissionais 
de saúde planos cada vez mais “eficientes”, reduzindo o custo operacional dos 
procedimentos, sem comprometer a segurança do paciente6. 
Por sua vez, a efetividade é a relação entre o benefício real oferecido 
pelo sistema de saúde ou pela assistência e o potencial esperado. Os resultados, 
mesmo que adequados, devem também ser “efetivos”, ou seja, produzirem os 
efeitos esperados dentro de um sistema operacional7. 
O componente “otimização” consiste em produzir os melhores e máximos 
efeitos no grupo alvo das intervenções em saúde, o que decorre de ótimos ajustes 
dos processos e das tecnologias disponíveis. 
 
 
 
 
 
 
4 Ribeiro MJF. Qualidade nos Serviços de Saúde. In: Zucchi P, Ferraz MB, Autor:, Guia de economia e gestão em saúde. 
Séries guias de Medicina ambulatorial e hospitalar. Paulo FS et al., editors. São Paulo: Manole; 2010. p. 434. 
5 Silva LMV. Avaliação da qualidade de programas e ações de vigilância sanitária. In: Costa EA., org. Vigilância 
Sanitária: temas para debate [online]. Salvador: EDUFBA. 2009. 237 p. 
6 Ibid. 
7 Ibid. 
16 
 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
Esse é um caminho quase indissociável para outros dois conceitos: a 
“aceitabilidade” dos usuários, quando estes percebem que o sistema capta 
informações de diversos fluxos para melhoria no atendimento de suas necessidades, 
e a “legitimidade” como o mais alto padrão de envolvimento social, quando os 
cidadãos se sentem parte integrante do processo de qualificação do sistema. 
Entretanto, a conquista inicial da “acessibilidade” não deve ser esquecida, 
pois é condição para o alcance dos demais pilares da qualidade!8 
 
Em 2001, o Institute of Medicine (IOM), dos EUA, definiu os seguintes 
componentes fundamentais para a qualidade em saúde: 
1) Segurança: evitar danos ao paciente; 
 
2) Acesso a tempo: evitar demoras para todos; 
 
3) Efetividade: prestar serviços baseados no conhecimento científico a 
todos os que podem beneficiar-se destes e evitar prestar serviços 
àqueles que provavelmente não se beneficiarão; 
4) Equidade: não discriminar pacientes; 
 
5) Eficiência: prevenir o desperdício de equipamentos, suprimentos, 
ideias e energias; e 
6) Centrada no paciente: responder às necessidades dos pacientes. 
 
 
 
 
Ademais, a qualidade na saúde pode ser definida, atualmente, numa 
triangulação de: 
1) Efetividade (eficácia + eficiência); 
 
2) Experiência dos pacientes (satisfação); e 
 
3) Segurança
(ausência de complicações)10. 
 
 
 
8 Ibid. 
17 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.1. Evolução histórica do conceito de qualidade 
 
Historicamente, a evolução da qualidade pode ser resumida em quatro 
grandes etapas sucessivas e complementares: 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 Organización Pan-Americana de Salud – OPS. op. cit., 2011. 
18 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
Figura 1. A evolução do conceito de Qualidade 
 
 
Evolução do Conceito de Qualidade 
 
 
Fonte: OPS; 201110. 
 
 
A etapa de inspeção enfatiza a detecção de inconformidades ou falhas. 
A atitude é reativa com o propósito de evitar a repetição dos problemas que 
levaram às falhas. Nessa etapa, ainda não se verifica uma inter-relação entre os 
diferentes departamentos de uma organização. 
Na etapa seguinte, ou seja, a de Controle de Qualidade, é introduzido o 
controle estatístico do processo, o qual estabelece limites restritos de variabilidade 
em um processo produtivo, de acordo com as especificações estabelecidas. 
Apesar de a atitude ser reativa, a detecção de erros é feita durante todo o processo 
produtivo, procurando eliminar as causas que geraram a falha. Também não se 
verifica uma inter-relação entre os diferentes departamentos de uma organização. 
A Garantia da Qualidade envolve um conjunto de atividades voltadas para 
avaliar a qualidade do produto e a qualidade do processo. Esse enfoque requer 
a interação entre distintos departamentos da organização para a resolução dos 
problemas encontrados e a eliminação de suas causas3. 
Na etapa da Gestão da Qualidade Total, a ênfase está centrada nas 
pessoas, propiciando a participação, formação e desenvolvimento dos 
 
 
10 Ibid. 
G e s t ã o da Q u a l i d a d e T o t a l 
Garantia da Qualidade 
Controle da Qualidade 
 
Inspeção 
19 
 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
profissionais. A característica principal dessa etapa é a aplicação da melhoria 
contínua em busca da excelência organizacional. Há o envolvimento da aplicação 
dos princípios da gestão da qualidade em todos os departamentos da organização. 
 
4.2. Gestão da Qualidade Total 
 
Os princípios básicos que sustentam o enfoque da gestão da qualidade 
total (GQT) são: 
1. Orientação de resultados: busca-se a satisfação do usuário e de 
todas as partes interessadas mediante o aumento da eficácia e da 
eficiência dos processos da organização; 
2. Orientação ao usuário: a organização deve compreender e satisfazer 
as necessidades dos usuários e esforçar-se para superar suas 
expectativas; 
3. Liderança, estilo de gestão e coerência com os objetivos: o 
comportamento dos líderes promove a clareza e unidade dos objetivos 
em todos os níveis da organização e ainda gera o estabelecimento de 
um ambiente de trabalho que estimula a participação e o compromisso 
com a melhoria contínua e o alcance dos objetivos da organização; 
4. Abordagem por processos: todas as atividades desenvolvidas devem 
ser consideradas como integrantes de processos inter-relacionados, 
sendo gerenciados de maneira sistemática; 
5. Desenvolvimento e envolvimento das pessoas: os valores devem 
ser compartilhados em uma cultura de confiança e de tomada de 
responsabilidade por todo o pessoal para o alcance dos objetivos; 
6. Aprendizagem, inovação e melhoria contínua: os conhecimentos 
devem ser compartilhados dentro de uma cultura geral de aprendizagem, 
inovação e melhoria contínua; 
7. Desenvolvimento de alianças: devem ser estabelecidas relações 
que promovam benefícios e que propiciem o desenvolvimento tanto 
dos usuários quanto dos fornecedores; e 
8. Responsabilidade social: a melhor maneira de alcançar os objetivos 
em longo prazo tanto da organização quanto do pessoal é adotar um 
enfoque ético que supere as expectativas e normas da sociedade. 
20 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
A Figura 2 mostra o ciclo de melhoria, envolvendo a responsabilidade e 
comprometimento da direção, a adequada disponibilização de recursos, os quais 
preenchem, em última análise, os requisitos dos clientes, definidos pela 
satisfação do cliente. 
 
Figura 2: Melhoria contínua do sistema de gestão da qualidade 
 
Fonte: Ribeiro MJF; 2010117. p. 434. 
 
 
 
4.2.1 Orientação ao usuário dos serviços de saúde 
 
Quanto à orientação ao usuário dos serviços de saúde, para o alcance de 
uma assistência à saúde centrada no paciente, cinco princípios gerais devem 
estar envolvidos12: 
1. Respeito: as necessidades e as preferências dos pacientes e de seus 
cuidadores devem ser respeitadas, assim como a autonomia e 
independência destes; 
2. Poder de decisão: o paciente tem o direito de tomar decisões referentes 
tanto ao cuidado de sua saude quanto aquelas que afetem sua vida; 
3. Envolvimento dos pacientes na política de saúde: os pacientes e as 
organizações de pacientes merecem compartilhar a responsabilidade 
da tomada de decisões sobre política de saúde, assegurando que 
paciente seja um elemento central destas políticas; 
 
 
11 Ribeiro MJF. op. cit., 2010. p. 434. 
12 Organización Pan-Americana de Salud – OPS. op. cit., 2011. 
21 
 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
4. Acesso e apoio: o paciente deve ter acesso a todos os serviços de 
saúde necessários, incluindo tratamentos, cuidados preventivos e 
atividades de promoção à saúde apropriada, segura e de qualidade; e 
5. Informação: a disponibilização de informação precisa, relevante e 
ampla é essencial para que o paciente e seus cuidadores possam 
tomar decisões fundamentadas sobre seu tratamento e sobre sua 
convivência com a doença. 
 
4.3. Estratégias para a melhoria da qualidade 
 
A maioria das organizações usa uma variação do ciclo “planejar-fazer- 
estudar-agir” (plan-do-study-act – PDSA), reconhecendo que as atividades de 
melhoria da qualidade devem ser cuidadosamente planejadas e implementadas 
(planejar-fazer), que o seu impacto deve ser medido (estudar) e que os resultados 
dessas atividades precisam ser alimentados de volta para o sistema em um 
contínuo processo interativo de melhoria (agir)13. 
 
 
 
Figura 3. O ciclo PDSA 
 
Fonte: Google Imagens 
 
 
13 Ibid. 
22 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
4.4. Avaliação da qualidade em serviços de saúde 
 
A prestação de cuidados de qualidade se caracteriza pelos seguintes 
atributos:14 
• um alto grau de competência profissional e organizacional; 
• uso eficiente dos recursos; 
• redução a um nível mínimo de riscos de responsabilidade civil 
profissional e hospitalar; 
• satisfação dos pacientes e de seus responsáveis; 
• expectativa de retorno à comunidade; 
• acessibilidade e equidade aos serviços de saúde; 
• legitimidade à necessidade e opinião pública; 
• padrões, indicadores e critérios que incentivam o desenvolvimento; e 
• aprimoramento da qualidade do cuidado ao paciente no que tange ao 
desempenho e evolução dos resultados organizacionais. 
 
Iniciativas relacionadas à qualidade envolvem o licenciamento, a 
certificação e a acreditação. 
 
O licenciamento refere-se à autorização para o funcionamento, mediante 
verificação dos padrões mínimos de segurança dos pacientes e proteção à saúde 
das pessoas, pela Vigilância Sanitária. 
A certificação estabelece que uma organização cumpra com os requisitos 
normativos estabelecidos pelas normas eleitas como marco normativo. Assim são 
certificadas as instituições segundo os requisitos das normas International Organization 
for Standardization (ISO) 14.000,
ISO 9001, OSHAS 18.001, entre outras. 
Por sua vez, a acreditação significa “um sistema de avaliação periódica, 
voluntária e reservada, para o reconhecimento da existência de padrões 
previamente definidos na estrutura, processo e resultado, com vistas a estimular 
o desenvolvimento de uma cultura de melhoria contínua da qualidade da 
assistência à saúde e da proteção da saúde da população”15. 
 
 
14 Feldman LB, Cunha ICKO. Identificação dos critérios de avaliação de resultados do serviço de enfermagem nos 
programas de acreditação hospitalar. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2006; 14(4): 540-545 [cited 2014 Oct 13]; 
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692006000400011&lng=en. 
15 Schiesari LMC. Cenário da acreditação hospitalar no Brasil: evolução histórica e referências externas [dissertação]. 
São Paulo (SP): Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo; 1999. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692006000400011&lng=en
23 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
 
 
 
 
O estabelecimento de padrões a serem seguidos, desenvolvidos inclusive 
com a participação dos usuários, vem sendo aprimorado, ficando a cargo de 
organizações constituídas para esse fim específico, como é o caso da Joint 
Commission (JC), dos EUA16. 
Na América Latina, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) vem 
promovendo a discussão sobre o tema de acreditação hospitalar desde o 
começo dos anos 9017. 
No Brasil, as iniciativas de melhoria da qualidade têm sido desenvolvidas, 
tais como o programa de acreditação hospitalar, a certificação pela ISO, o sistema 
integrado de gestão em organizações hospitalares, a realização de auditorias de 
prontuário, de contas, de riscos, entre outros18. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 Malik AM. Qualidade na Gestão Local de Serviços e Ações de Saúde, volume 3. Malik AM, Schiesari LMC. São Paulo: 
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 1998. Série Saúde & Cidadania. 
17 Ibid. 
18 Feldman LB, Cunha ICKO. op. cit., 2006. 
24 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
 
 
 
 
 
 
Foi definido um roteiro de padrões de conformidade, constituído por 132 
padrões, organizados em 22 critérios que, por vez, se organizavam em 3 blocos: 
I-Gestão Organizacional, II-Apoio Técnico e Logístico, e III-Gestão da Atenção à 
Saúde. Para avaliação dos critérios, foram definidos padrões sentinelas, que 
sinalizavam risco ou qualidade, classificados em Imprescindíveis (I), Necessários 
(N) e Recomendáveis (R). A partir do desempenho calculado para cada hospital, 
foram definidos cinco grupos distintos de desempenho, obtidos a partir dos 
quintis (partes da amostra ordenada) correspondentes respectivos aos percentis 
20, 40, 60, 80 e 100. Dessa forma, tivemos os seguintes grupos de desempenho: 
 
• Grupo 1: notas que variam de 74,6 a 100; 
 
• Grupo 2: notas que variam de 62,0 a 74,6; 
 
• Grupo 3: notas que variam de 49,0 a 62,0; 
 
• Grupo 4: notas que variam de 34,8 a 49,0; 
 
• Grupo 5: notas que variam de 0 a 34,8. 
25 
 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
 
Figura 4: Distribuição dos Hospitais nos Grupos de Desempenho por Região 
Fonte: SiPNASS – Outubro/2006 
 
 
Figura 5: Distribuição dos Hospitais nos Grupos de Desempenho por Complexidade 
Fonte: SiPNASS – Outubro/2006 
 
 
A aplicação dos instrumentos foi feita entre novembro de 2004 e outubro 
de 2006, sendo que 5.626 serviços de saúde, entre hospitais e ambulatórios, 
foram avaliados. 
A partir da análise das respostas ao Roteiro de Padrões de Conformidade 
dos 3815 hospitais considerados nesta avaliação, pode-se filtrar e obter as listas 
dos dez padrões sentinelas menos e mais cumpridos por hospitais gerais. 
26 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
Entre os padrões menos cumpridos e classificados como imprescindíveis, 
vale a pena ressaltar dois relacionados ao critério de Gerenciamento de Risco: 
Programa de Controle de Infecção Hospitalar com ações deliberadas e 
sistemáticas (46,4% de cumprimento) e Monitoramento dos processos de 
limpeza, desinfecção e esterilização pela CME (55,5% de cumprimento) 14. 
Outra iniciativa governamental foi o Projeto de Avaliação de Desempenho 
de Sistemas de Saúde (PROADESS), o qual objetivou propor uma metodologia de 
avaliação de desempenho, sendo desenvolvido por um grupo de pesquisadores 
de sete instituições acadêmicas brasileiras. 
 
 
 
 
 
Uma iniciativa recente do Ministério da Saúde (MS), criada em 2011, para 
melhoria do desempenho da Atenção Básica é o “Programa Nacional de Melhoria 
do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica” (PMAQ – AB). Esse programa 
propõe um incentivo financeiro variável aos municípios com valor associado aos 
resultados alcançados pelas equipes e pelos municípios. As metas de melhoria de 
desempenho são pactuadas e os compromissos acordados envolvem o alcance 
de melhores resultados para indicadores de saúde e padrões de qualidade 
selecionados. Os indicadores estão relacionados aos grupos prioritários, como 
gestantes, pacientes hipertensos e diabéticos. Já os padrões de qualidade 
incluem aspectos da infraestrutura, organização do trabalho, capacidade para 
atendimento de casos agudos, satisfação dos usuários, entre outros19,20. 
 
 
19 Travassos C, Caldas B. op cit.,, 2013. 
20 Proadess/MS. (s.d.). Programa de Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde. Acesso em 06 out 2014. 
Disponível em: http://www.proadess.icict.fiocruz.br/index.php?pag=princ. 
http://www.proadess.icict.fiocruz.br/index.php?pag=princ
27 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
 
segurança do Paciente nos Serviços de Saúde 
 
 
 
 
 
 
O tema “Segurança do Paciente” vem sendo desenvolvido 
sistematicamente pela Anvisa desde sua criação, cooperando com a missão da 
vigilância sanitária de proteger a saúde da população e intervir nos riscos 
advindos do uso de produtos e dos serviços a ela sujeitos, por meio de práticas de 
vigilância, controle, regulação e monitoramento sobre os serviços de saúde e o 
uso das tecnologias disponíveis para o cuidado21. 
 
 
 
 
 
 
 
21 Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Implantação do Núcleo de Segurança do Paciente em Serviços 
de Saúde. Brasília: ANVISA. No prelo 2014. 
5. 
28 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
A partir de 2004, a Anvisa incorporou ao seu escopo de atuação as ações 
previstas na Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, da OMS, da qual o 
Brasil faz parte22. 
 
 
 
 
 
A questão dos erros e dos EAs tem sido estudada há mais de um século. 
Os EAs são considerados como incidentes que resultam em danos à saúde23. 
Cabe destacar que o campo da segurança do paciente também envolve as falhas 
da atenção que não causaram dano, mas que poderiam ter causado (near 
misses)24. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 Ibid. 
23 Brasil. Agência Nacional de Vigilancia Sanitária – Anvisa. Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC n°. 36, 
de 25 de julho de 2013. Institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências. 
Diário Oficial da União, 26 jul 2013. 
24 Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Implantação do Núcleo de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde. 
Brasília: ANVISA. No prelo 2014. 
29 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
 
 
 
No país, o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) foi 
instituído por meio da Portaria GM/MS nº. 529 de 1° de abril
de 201328. Ainda, 
para facilitar a implantação, a implementação e a sustentação das ações de 
segurança do Paciente nos servicos de saúde, a Anvisa publicou a Resolução 
da Diretoria Colegiada (RDC) nº 36 de 25 de julho de 201320. 
 
 
 
Para a instituição de sistemas de melhoria contínua da qualidade nos 
serviços de saúde, torna-se fundamental o estabelecimento das seguintes 
condições e ferramentas29: 
 
 
 
 
 
 
25 Wachter RM. Compreendendo a segurança do paciente. Porto Alegre: Artmed; 2010. 320p. 
26 Leape L. Errors in Medicine. Clin Chim Acta 2009;404(1):2-5. 
27 World Health Organization (WHO). Patient safety – a global priority. Bull World Health Organ 2004;82(12): 891-970. 
28 Portaria nº. 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário Oficial 
da União, 2 abr 2013. 
29 Fragata J. op. cit., 2011. 
30 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
1. Definição e coleta de indicadores de segurança; 
2. Implementação de um sistema de notificação de EAs; 
3. Iniciativas de proximidade, campanhas, ensino e auditorias em torno 
da segurança; 
4. Transparência e envolvimento de pacientes, familiares e de toda a 
sociedade; e 
5. Desenvolvimento de uma cultura de segurança. 
 
O acompanhamento dos indicadores previstos nos protocolos nacionais 
de segurança do paciente e de outros instrumentos criados pelos setores do 
serviço de saúde para monitoramento das ações desenvolvidas pelo NSP 
permitirá a avaliação do alcance de metas de qualidade e segurança do paciente 
e a comparação de desempenhos (benchmarking), identificando oportunidades 
de melhoria e de boas práticas30. 
O Quadro 1 mostra a lista dos indicadores de segurança – 21 eventos 
graves never events que podem ser notificados pelos serviços de saúde ao 
Sistema Nacional de Notificações para a Vigilância Sanitária (Notivisa 2.0)31. 
 
Quadro 1 – Lista dos 21 never events notificados ao Notivisa 
 
1. Óbito ou lesão grave de paciente associados a choque elétrico durante a 
assistência dentro do serviço de saúde 
2. Procedimento cirúrgico realizado em local errado 
3. Procedimento cirúrgico realizado no lado errado do corpo 
4. Procedimento cirúrgico realizado no paciente errado 
5. Realização de cirurgia errada em um paciente 
6. Retenção não intencional de corpo estranho em um paciente após a cirurgia 
7. Óbito intra-operatório ou imediatamente pós-operatório / pós-procedimento 
em paciente ASA Classe 1 
8. Óbito ou lesão grave de paciente resultante de perda irrecuperável de 
amostra biológica insubstituível 
 
 
30 Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Implantação do Núcleo de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde. 
Brasília: ANVISA. No prelo 2014. 
31 Ibidem. 
31 
 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
 
9. Gás errado na administração de O2 ou gases medicinais 
10. Contaminação na administração de O2 ou gases medicinais 
11. Alta ou liberação de paciente de qualquer idade que seja incapaz de tomar 
decisões, para outra pessoa não autorizada 
12. Óbito ou lesão grave de paciente associado à fuga do paciente 
13. Suicídio de paciente, tentativa de suicídio ou dano auto infligido que 
resulte em lesão séria durante a assistência dentro do serviço de saúde 
14. Óbito ou lesão grave de paciente associado ao uso de contenção física ou 
grades da cama durante a assistência dentro do serviço de saúde 
15. Inseminação artificial com o esperma do doador errado ou com o óvulo 
errado 
16. Óbito ou lesão grave materna associado ao trabalho de parto ou parto em 
gestação de baixo risco 
17. Óbito ou lesão grave de paciente resultante de falha no seguimento ou na 
comunicação de resultados de exame de radiologia 
18. Óbito ou lesão grave de paciente ou colaborador associado à introdução 
de objeto metálico em área de Ressonância Magnética 
19. Óbito ou lesão grave de paciente associados à queimadura decorrente de 
qualquer fonte durante a assistência dentro do serviço de saúde 
20. Úlcera (lesão) por pressão estágio III (perda total de espessura - tecido 
adiposo subcutâneo pode ser visível, sem exposição dos ossos, tendões 
ou músculos) 
21. Úlcera (lesão) por pressão estágio IV (perda total de espessura dos 
tecidos com exposição dos ossos, tendões ou músculos) 
 
Fonte: Anvisa; 2014. 
 
As características ideais para um sistema de notificação de incidentes 
envolvem o anonimato, a não culpabilização e a notificação compulsória dos 
never events. Este sistema é útil não somente para o estudo de casos 
particulares, como também para desenvolver a cultura de notificação de 
incidentes32. 
 
 
 
32 Fragata J. op. cit., 2011. 
32 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
As iniciativas de proximidade visam introduzir normas de segurança do 
paciente e promover a cultura de segurança em serviços de saúde. As seguintes 
Metas Internacionais de Segurança do Paciente devem ser adotadas pelos 
serviços de saúde para melhorar segurança do paciente em serviços de saúde33: 
 
Meta 1: Identificar os pacientes corretamente; 
Meta 2: Melhorar a efetividade da comunicação entre profissionais da 
assistência; 
Meta 3: Melhorar a segurança de medicações de alta vigilância (high- 
alert medications); 
Meta 4: Assegurar cirurgias com local de intervenção correto, 
procedimento correto e paciente correto; 
Meta 5: Reduzir o risco de infecções relacionadas à assistência à saúde; 
Meta 6: Reduzir o risco de lesões ao paciente, decorrentes de quedas. 
 
 
 
 
 
 
As questões de segurança do paciente devem ser tratadas com total 
transparência durante a revelação de eventos, na revelação de campanhas de 
segurança do paciente que as organizações desenvolvem e no envolvimento dos 
cidadãos34. Um formulário específico para notificação de EAs pelo cidadão foi 
recentemente disponibilizado no Notivisa, pela Anvisa, sendo a notificação, 
voluntária, e os dados sobre os notificadores, confidenciais35. 
Por sua vez, a cultura de segurança (percepções, valores, atitudes e 
práticas vivenciadas em equipe) permite o desenvolvimento de boas práticas de 
segurança. Deve levar à aprendizagem, ao redesenho do sistema, mas também 
deve ser também uma cultura justa, que despenalize os erros honestos e puna 
 
33 Joint Commission on the Accreditation of Healthcare Organizations, op. cit., 2005; e Fragata J. op. cit., 2011. 
34 Fragata J. op. cit., 2011. 
35 Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Implantação do Núcleo de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde. 
Brasília: ANVISA. No prelo 2014. 
33 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
os erros negligentes, num ambiente de total revelação e transparência. 
 
 
5.1. Integração da Segurança do Paciente aos mecanismos de 
Garantia da Qualidade 
 
A Gestão da Qualidade Total está no topo da evolução do conceito de 
qualidade, enquanto a Garantia da Qualidade está no nível imediatamente 
inferior, conforme esquematizado na Figura 1. Nisso, as Boas Práticas de 
Funcionamento (BPF) para os Serviços de Saúde, constantes na RDC nº. 63, de 
28 de novembro de 2011, representam a totalidade das ações sistemáticas 
necessárias para garantir que os serviços prestados estejam dentro dos padrões 
de qualidade exigidos para os fins a que se propõem. 
 
 
 
 
Outro aspecto importante da norma em questão está na importância da 
Proteção da Saúde do Trabalhador como elemento importante da política de 
qualidade das instituições. Inclusive, ressalta a obrigatoriedade da instituição de 
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) em serviços com mais de 
20 trabalhadores. Essa, por sua vez, dispõe de ferramentas
que podem auxiliar o 
Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) a analisar as causas dos principais EAs 
ocorridos aos pacientes, por exemplo, por meio do Mapa de Risco36. 
Consequentemente, ao olhar pelo prisma do conceito de Gerenciamento 
de Tecnologias, exposto pela RDC nº. 63/2011, as bases científicas e normativas 
devem embasar o planejamento e a implementação de procedimentos que 
abranjam cada etapa do gerenciamento, desde a entrada de tecnologias até seu 
descarte, visando não somente à Segurança do paciente, mas também à proteção 
dos trabalhadores e a preservação da saúde pública e do meio ambiente. 
 
 
36 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa . Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC n°. 63, 
de 25 de novembro de 2011. Dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de 
Saúde. Diário Oficial da União, 28 nov 2011; Brasil. Agência Nacional de Vigilancia Sanitária – Anvisa. Resolução da 
Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC n°. 36, de 25 de julho de 2013. Institui ações para a segurança do paciente em 
serviços de saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, 26 jul 2013; Ministério do Trabalho e Emprego. 
NR-5: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Brasília, 2011. 
34 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
 
5.2. A interface entre a qualificação do cuidado em saúde, a promoção 
da segurança do paciente e o papel da vigilância sanitária de 
serviços de saúde 
 
Como visto anteriormente, a qualidade dos serviços prestados no âmbito 
da saúde está intimamente relacionada a vários fatores, e o mais primordial deles 
é a Segurança, que depende da implementação de uma cultura institucional. 
Representa, ainda, o ponto de partida para o gerenciamento dos riscos e a 
mensuração dos resultados alcançados. 
Felizmente, os dois esforços em questão, Qualidade e Segurança, tm 
semelhanças suficientes (a necessidade de melhores sistemas de informação, 
padronização e simplificação, a utilização de equipes multidisciplinares e ciclos de 
melhoria) para que iniciativas de melhoria da qualidade, muitas vezes, resultem 
em maior segurança. Outros pilares da segurança do paciente tais como a 
criação de uma cultura de segurança, podem ser em grande parte esforços para 
melhoria da qualidade, exigindo um foco específico37. 
A operacionalização dessa cultura se dá por meio de algumas diretrizes, 
tais como: 38 
1. priorização da segurança acima das metas de outra natureza e o 
correto direcionamento dos recursos, estruturas e responsabilidades 
para manutenção da segurança; 
2. promoção do aprendizado organizacional a partir da ocorrência de 
incidentes, tendo como ponto de partida o encorajamento e a 
recompensa pela identificação, notificação e resolução dos problemas 
de segurança; e 
3. a responsabilização global dos trabalhadores, inclusive gestores e 
profissionais de saúde, pela segurança individual, da equipe, do 
paciente e dos familiares e dos acompanhantes. 
 
 
 
 
 
 
37 Wachter RM. Compreendendo a segurança do paciente. Porto Alegre: Artmed; 2010. 320p. 
38 Portaria nº. 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário Oficial 
da União, 2 abr 2013. 
35 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
 
A partir desse olhar, as Vigilâncias Sanitárias estarão mais competentes 
não somente para exigir o cumprimento de normas sanitárias, mas também para 
orientar os profissionais da assistência e gestores naquilo que lhes é peculiar: a 
integração das complexidades que incidem sobre uma sociedade que aceita e 
busca intervenções em saúde, exigindo cada vez mais o conhecimento da 
relação benefício/risco advinda da utilização de tecnologias. 
Entretanto, existem assuntos que, embora estejam aparentemente restritos 
ao cuidado em saúde, requerem uma articulação da política de saúde com outras, 
envolvendo diversas esferas governamentais e até organismos internacionais. 
 
 
 
 
 
Diante desse cenário, o SNVS (Sistema Nacional de Vigilância Sanitária), 
coordenado pela Anvisa, deve-se atentar para o papel da regulação em organizar 
o fluxo de informações relacionadas ao tema Segurança do Paciente e Qualidade 
em Serviços de Saúde, por meio da produção, sistematização e difusão de 
conhecimentos. 
36 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
Mas para que isso ocorra de maneira legítima, fortalecendo os pilares da 
qualidade, é necessário que se cumpra o último dos objetivos específicos do 
PNSP: o fomento para inclusão do tema em questão desde o ensino técnico 
até a pós-graduação na área da saúde39. 
Com isso, doravante, as ações de Vigilância Sanitária, tanto no plano 
estratégico quanto no tático e operacional dos diferentes entes federativos 
deverão atentar para as demandas sociais, culturais, educacionais, econômicas 
e ambientais, sempre prezando pelos princípios da Seguridade Social, berço do 
Sistema Único de Saúde (SUS) na Constituição Federal de 1988. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 Portaria nº. 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário Oficial 
da União, 2 abr 2013. 
37 
 
 
 
Qualidade e Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Noções Gerais - Unidade 1 
 
 
 
considerações finais 
 
 
 
 
 
A complexidade do trabalho em saúde aumenta os riscos, demandando a 
aplicação de um conjunto de medidas de prevenção dos riscos relacionados à 
assistência e um atendimento de alta qualidade em favor da segurança do 
paciente nos serviços de saúde. 
Assim, cada vez mais podem ser verificados os esforços para melhorar a 
segurança, a qualidade e a satisfação do paciente em todo o mundo. Sabe- se 
que a segurança do paciente é um subconjunto da questão mais ampla da 
qualidade da assistência em serviços de saúde. 
Para esse alcance, é imprescindível a organização do sistema de saúde 
com investimentos significativos em pesquisa, melhor capacitação de 
profissionais de saúde, construção de sistema de informação, entre outros. 
Nesse ambiente, os incentivos estão mudando da promoção do melhor 
cuidado para a promoção do melhor atendimento com menor custo. E todas essas 
atividades de melhoria da qualidade e segurança do paciente são relevantes 
para o trabalho cada vez mais importante de remoção de desperdícios e custos 
desnecessários do sistema de saúde. 
Um importante desafio para as autoridades nacionais de saúde envolve a 
mensuração do desempenho e a mudança necessária de práticas e sistemas 
principalmente em relação às questões da segurança do paciente em serviços 
de saúde. 
6. 
38 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
 
 
 
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Módulo 
 
 
 
 
 
 
 I
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Coordenação técnica 
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Heiko Thereza Santana 
Helen Norat Siqueira 
Luana Teixeira Morelo 
Paulo Affonso B. de Almeida Galeão 
 
 
Universidade de Brasília - UNB 
Gerente de Projeto 
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Pesquisadores 
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Conteudistas 
Ana Maria Müller de Magalhães - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS RS 
Ariane Ferreira Machado Avelar - Universidade Federal de São Paulo UNIFESP - SP 
Carla Denise Viana - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - RS 
Denise Miyuki Kusahara - Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP - SP 
Edmundo Machado Ferraz Universidade Federal de Pernambuco - PE 
Fabiana Cristina de Sousa – Anvisa - DF 
Giovana Abrahão de Araújo Moriya - Hospital Israelita Albert Einstein - SP 
Gisela Maria Schebella Souto de Moura - Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS – RS 
Heiko Thereza Santana - Anvisa - DF 
Helaine Carneiro Capucho - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH - DF 
Julia Yaeko Kawagoe - Hospital Israelita Albert Einstein - SP 
Kazuko Uchikawa Graziano - Universidade de São Paulo - USP - SP 
Luana Teixeira Morelo - Anvisa - DF 
Luna Ribeiro de Queiroz Pini - Anvisa - DF 
Magda Machado de Miranda Costa - Anvisa - DF 
Mara Rúbia Santos Gonçalves – Anvisa- DF 
Maria Jesus C.S Harada - Universidade Federal de São Paulo UNIFESP
- SP 
Patrícia Fernanda Toledo Barbosa - Anvisa - DF 
Paulo Affonso Bezerra de Almeida Galeão Anvisa - DF 
Rafael Queiroz de Souza Doutorando em Ciências Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 
(EEUSP) USP - SP 
Rogério da Silva Lima - Organização Pan-Americana da Saúde OPAS/OMS 
Suzie Marie Gomes – Anvisa – DF 
 
Equipe de revisores técnicos da Anvisa 
Diana Carmem Almeida Nunes de Oliveira 
Gabriel Augusto Bussi 
Heiko Thereza Santana 
Helen Norat Siqueira 
Luana Teixeira Morelo 
Magda Machado de Miranda Costa 
Maria Angela da Paz 
Maria Dolores Santos da Purificação Nogueira 
Paulo Affonso Bezerra de Almeida Galeão 
Suzie Marie Gomes 
 
Equipe de revisores técnicos externos 
Cláudia Tartaglia Reis - Secretaria Municipal de Saúde de Cataguases - MG 
Rhanna Emanuela F. Lima de Carvalho - Universidade Estadual do Ceará - UECE - CE 
Zenewton André da Silva Gama - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - RN 
Wildo Navegantes de Araújo - Universidade de Brasília - UnB 
 
Colaboração 
Carlos Dias Lopes - Anvisa 
Danila Augusta Accioly Varella Barca - Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS/OMS 
Graziela Trevizan da Ros - Hospital do Coração Hcor - SP 
Humberto Luiz Couto Amaral de Moura - Anvisa 
Júlio César Sales - Anvisa 
Maria Inês Pinheiro Costa - Secretaria de Estado da Saúde de Goiás - GO 
Rogério da Silva Lima - Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS/OMS 
Zilah Cândida Pereira das Neves - Coordenação Municipal de Controle de Infecção em Serviços de Saúde 
COMCISS - Goiânia - GO 
 
Projeto desenvolvido no âmbito do Termo de Cooperação (TC nº 64) entre a Anvisa e a OPAS. 
 
 
 
41 
 
 
 
 
 
 Unidade 2 
 
 
 
 
 
 
 
Cultura de 
Segurança 
em Serviços 
de Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
 
1. Apresentação 45 
2. Objetivos do Módulo 46 
a. Geral 46 
b. Específicos 46 
3. Introdução 47 
4. Definindo cultura de segurança 49 
5. Promovendo uma cultura de segurança 52 
6. Melhorando e sustentando uma cultura de segurança 53 
7. Modificando a cultura de segurança 54 
8. Mensurando a cultura de segurança 57 
8.1 Métodos quantitativos 59 
8.2 Métodos qualitativos 60 
8.3 Questionários como instrumentos de avaliação da cultura 
de segurança 61 
8.3.1 Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC) 61 
8.3.2 Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) 65 
9. Interfaces regulatórias sobre cultura de segurança 68 
10. Participação do cidadão para a cultura de segurança 74 
11. Noções básicas no campo da vigilância sanitária 76 
11.1. A vigilância sanitária de serviços de saúde e a segurança 
do paciente 77 
11.2. A vigilância sanitária de serviços de saúde e a cultura 
de segurança 78 
12. Considerações finais 82 
13. Referências bibliográficas 84 
 
 
 
45 
 
 
 
 
CULTURA DE SEGURANÇA EM 
SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
 
Heiko Thereza Santana 
Luana Teixeira Morelo 
 
Revisores: 
 
Cláudia Tartaglia Reis - Secretaria Municipal de Saúde de Cataguases - MG 
Rhanna Emanuela F. Lima de Carvalho - Universidade Estadual do Ceará - 
UECE - CE 
 
 
 
 
Apresentação 
 
Sabe-se que para conhecer e reconhecer os erros e falhas que podem 
ocorrer durante a prestação do cuidado, propondo medidas para evitar danos 
aos pacientes, é imprescindível a promoção e a sustentação de uma cultura de 
segurança nos serviços de saúde. 
Este módulo, portanto, trata do tema Cultura de Segurança em serviços 
de saúde e está direcionado aos profissionais que atuam nas Vigilâncias 
Sanitárias dos Serviços de Saúde. Espera-se que seu conteúdo possa contribuir 
para a compreensão, promoção e sustentação da cultura de segurança. 
1. 
46 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
 
 
objetivos do Módulo 
 
Capacitar profissionais que atuam na Vigilância Sanitária do país na 
temática da cultura de segurança visando à promoção da segurança sanitária e 
da melhoria da qualidade em serviços de saúde do país. 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
a. Geral 
 
1. Compreender a importância da cultura de segurança como medida 
primordial para a melhoria da prática assistencial, promovendo a 
segurança do paciente e da qualidade em serviços de saúde do 
país. 
b. Específicos 
 
1. Definir cultura de segurança, identificando seus principais 
componentes; 
 
2. Identificar os componentes principais para a promoção da cultura de 
segurança; 
 
3. Compreender as bases da mensuração da cultura de segurança; 
 
4. Avaliar as ações e estratégias adotadas pelo serviço de saúde para 
a promoção e sustentação da cultura de segurança; 
5. Compreender a participação dos usuários dos serviços de saúde na 
promoção da cultura de segurança; 
6. Perceber as interfaces regulatórias da cultura de segurança em 
serviços de saúde; 
7. Identificar o papel da Vigilância Sanitária no campo da segurança 
do paciente. 
2. 
47 
 
 
Cultura de Segurança em Serviço de Saúde - Unidade 2 
 
 
 
Introdução 
 
 
 
 
Os cuidados prestados nos serviços de saúde estão se tornando cada vez 
mais complexos, elevando o potencial para a ocorrência de erros e falhas, 
prejudicando a segurança do paciente nestes serviços. 
 
 
 
 
 
A preocupação mundial com a segurança do paciente tem se intensificado 
a partir de 2002, advinda de discussões realizadas durante a 55ª Assembleia 
Mundial de Saúde, especialmente a respeito do alto custo provocado pelos 
eventos adversos (EAs) que impactam negativamente na qualidade da atenção 
à saúde2. 
Em 2004, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou a Aliança Mundial 
para a Segurança do Paciente, definindo diretrizes e estratégias para incentivar 
e divulgar práticas promotoras de segurança do paciente3. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
3. 
48 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
 
 
 
 
Segundo o National Quality Forum (NQF), a melhoria da cultura da 
segurança do paciente tem sido identificada como uma das principais 
recomendações para promover a segurança nos serviços de saúde5. 
Tanto a OMS quanto o NQF consideram a cultura de segurança como um 
indicador básico que favorece a implantação de boas práticas em serviços de 
saúde, além da utilização efetiva de outras estratégias, tais como a notificação 
de incidentes e a aprendizagem com os problemas de segurança4,5. 
Logo, implementar a cultura de segurança nas instituições de saúde pode 
ter associação direta com a diminuição dos EAs e da mortalidade, implicando 
melhorias na qualidade da assistência à saúde6,7. 
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem atuado 
fortemente na área da segurança do paciente. Com a instituição da política de 
segurança do paciente no país, recentemente instituída pelo Ministério da Saúde 
(MS)1, outras medidas direcionadas à instituição e à sustentação da cultura de 
segurança do paciente nos serviços de saúde ainda são necessárias. 
49 
 
 
 
Cultura de Segurança em Serviço de Saúde - Unidade 2 
 
 
 
Definindo Cultura de Segurança 
 
 
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 36 de 25 de julho de 2013 
define a cultura de segurança como “conjunto de valores, atitudes, competências 
e comportamentos que determinam o comprometimento com a gestão da saúde 
e da segurança, substituindo a culpa e a punição pela oportunidade de aprender 
com as falhas e melhorar a atenção à saúde”8. 
A cultura de segurança engloba um dos aspectos da cultura organizacional 
envolvendo o padrão comum de atitudes em relação à segurança. Deve ser 
considerada em três níveis: 
 
 
O nível superficial envolve a camada externa, podendo ser observado o 
comportamento das pessoas que trabalham na organização.
Suas ações podem 
proteger ou prejudicar a segurança do paciente. 
4. 
50 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
O segundo nível (camada intermediária) inclui as atitudes conscientes e 
comunicáveis dos colegas em relação ao valor da segurança na organização. Estas 
podem ser congruentes ou discordantes com as práticas e regimentos oficiais das 
organizações. 
O nível mais profundo (núcleo) envolve as atitudes em geral e se refere à 
convicção básica que refletem os valores e o “espírito da casa”, representando os 
objetivos dos interessados ou a prática organizacional11. 
 
 
 
 
51 
 
 
Cultura de Segurança em Serviço de Saúde - Unidade 2 
 
 
 
 
De acordo com o inciso V do art. 4o da Portaria no. 529, de 1 de abril de 
2013, a cultura de segurança se configura a partir de cinco características 
operacionalizadas pela gestão de segurança da organização1: 
 
a. na qual todos os trabalhadores, incluindo os profissionais envolvidos 
no cuidado e os gestores, assumem responsabilidade por sua própria 
segurança, pela segurança de seus colegas, pacientes e familiares; 
b. que prioriza a segurança acima de metas financeiras e operacionais; 
c. que encoraja e recompensa a identificação, a notificação e a resolução 
dos problemas relacionados à segurança; 
d. que, a partir da ocorrência de incidentes, promove o aprendizado 
organizacional; e 
e. que proporciona recursos, estrutura e responsabilização para a 
manutenção efetiva da segurança. 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
 
 
 
Promovendo uma Cultura de Segurança 
 
 
 
Um aspecto importante para o estabelecimento das estratégias e ações 
de segurança do paciente é o estabelecimento e manutenção da cultura de 
segurança na instituição8. 
O inciso VI do Art. 5º da Portaria n°. 529/2013 trata da promoção da cultura 
de segurança com ênfase no aprendizado e aprimoramento organizacional, 
engajamento dos profissionais e dos pacientes na prevenção de incidentes, com 
destaque em sistemas seguros, evitando-se os processos de responsabilização 
individual como uma das estratégias de implementação do PNSP1. 
De acordo com Leape, a cultura de segurança deve estar alicerçada nos 
pilares14: 
1. Cultura justa: as pessoas não são punidas por seus erros e falhas, 
mas as violações não são toleradas; 
2. Cultura de relato e notificação: as pessoas devem relatar erros 
sem receio de culpa ou punição; 
3. Cultura de aprendizagem contínua: os erros devem ser conhecidos, 
investigados, as soluções encontradas e implementadas, sendo 
posteriormente controladas nos seus efeitos. 
 
5. 
53 
 
 
 
Cultura de Segurança em Serviço de Saúde - Unidade 2 
 
 
 
Melhorando e sustentando uma Cultura de 
Segurança 
 
A melhoria e manutenção da cultura de segurança nos serviços de saúde 
podem ser alcançadas por meio de14,15,16: 
1. Desenvolvimento de sistemas de liderança: os líderes devem 
estar envolvidos no processo de criar e transformar a cultura de 
segurança. As estruturas de liderança devem ser estabelecidas com 
a intenção de sensibilizar, responsabilizar, habilitar e agir em favor 
da segurança de cada um dos pacientes atendidos. 
2. Realização periódica de avaliação da cultura de segurança: 
devem ser utilizados questionários validados que abrangem as várias 
dimensões que compõem o construto da cultura de segurança. Os 
resultados devem ser informados aos profissionais e gestores para 
a implementação local de medidas de melhoria necessárias. 
3. Promoção de trabalho em equipe: com enfoque proativo, 
sistemático e organizacional de trabalho, contribuindo para a 
construção de habilidades profissionais e melhoria dos desempenhos 
das equipes para a redução de danos preveníveis. 
4. Identificação e mitigação de riscos e perigos: identificação e 
redução dos riscos e perigos relacionados com a segurança do 
paciente, por meio de enfoque contínuo de redução dos danos 
preveníveis. Ainda, o serviço de saúde deve contar com um bom 
sistema de vigilância e monitoramento que revele os prováveis 
problemas de segurança do paciente, reforçando a importância do 
acompanhamento de bons indicadores. 
6. 
54 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
 
 
 
 Modificando a Cultura de Segurança 
 
 
 
Quando se procura modificar a cultura local, tornando os ambientes da 
instituição mais seguros, podem surgir diversas reações, constituindo barreiras, 
tais como as formas de resistências individuais e organizacionais. 
A cultura de segurança apresenta um modelo de 5 níveis de evolução de 
maturidade17,18: 
1. Patológica: os incidentes são vistos como inevitáveis e as medidas 
de segurança como perturbadoras do trabalho. O comprometimento 
com iniciativas de segurança é escasso e as medidas são tomadas 
por imposição de normas legislativas e reguladoras; 
2. Reativa: a política de segurança limita-se a reagir a eventos, 
tentando identificar um culpado próximo. As ações corretivas são 
tomadas após a ocorrência de incidentes; 
3. Calculista: a segurança é gerenciada administrativamente, por 
meio da coleta de dados. As melhorias são impostas pelos gerentes 
e a maioria do pessoal não se envolve; 
4. Proativa: os funcionários da organização passam a tomar iniciativas 
para melhoria da segurança. as medidas de segurança fazem parte 
da rotina diária e ocorre a melhoria dos processos; 
7. 
55 
 
 
 
Cultura de Segurança em Serviço de Saúde - Unidade 2 
 
5. Geradora ou participativa: é a forma mais aperfeiçoada de cultura 
de segurança. Ocorre a participação ativa dos funcionários e a 
busca de melhorias contínuas. A segurança está incorporada nas 
operações diárias e favorece um ambiente livre de culpas. 
 
Quadro 1 – Os 5 níveis de evolução de maturidade e aspectos 
correspondentes da cultura de segurança. 
 
 
PATOLÓGICA REATIVA CALCULISTA PROATIVA GERADORA 
Suposições Indivíduos são Tentam se livrar A gestão tem A gestão A meta é não 
sobre as considerados de membros da mais atitude de considera todo culpar indivíduos; 
causas do como os equipe que são exclusão do que o sistema (todos membros 
incidente culpados; mais propensos de inclusão, com os processos). da equipe 
 incidentes a errar, causas perspectiva mais mostram maior 
 fazem parte relacionadas relacionada ao compreensão no 
 da rotina de ao sistema são individual do que que diz respeito 
 trabalho. consideradas, ao sistema. à interação dos 
 mas não resultam sistemas com os 
 em ações. indivíduos. 
Relatório Não tem Os relatórios Os relatórios são Os relatórios Informações 
sobre riscos relatórios. são simples e escritos de acordo focam nas dos relatórios 
e ações focam na questão com uma forma origens, não só são usadas 
inseguras de quem ou o determinada, com nos eventos; ativamente em 
 que causou o o intuito de se notificações todos os níveis na 
 acidente. receber o maior imediatas são rotina diária. 
 número possível encorajadas. 
 de relatórios. 
Como os Apenas As investigações As causas são Informações Exames e 
incidentes são incidentes se concentram esperadas pelo e "lições análises focam 
relatados e graves são exclusivamente pessoal da equipe, aprendidas" são na ampla 
analisados? avaliados. nas causas na maior parte das compartilhadas compreensão 
 diretas; o foco vezes. com toda a de como os 
 é colocado na organização; incidentes 
 identificação do existem poucas ocorrem. 
 culpado. suposições sobre 
 como fatores 
 subjacentes 
 podem afetar os 
 processos. 
O que A prioridade A gestão reage Os membros Exames focam A gestão mostra 
acontece é minimizar com raiva a cada da equipe nas razões interesse em 
depois de
um o dano e novo relatório reportam sobre profundamente todas as pessoas 
incidente? reiniciar a sobre incidentes; seus próprios subjacentes; os envolvidas e 
 produção. os relatórios incidentes, resultados são no exame do 
 podem não ser a gestão se reportados à processo. 
 entregues aos importa com as gestão. 
 superiores. consequências no 
 relatório anual de 
 negócios. 
Técnicas de Não existe Depois de um Tecnologias A análise da A segurança 
segurança no técnicas; incidente, uma disponíveis no segurança no no trabalho 
trabalho "Cuide de estratégia de mercado são trabalho é aceita é checada 
 si mesmo gestão de risco introduzidas pela equipe regularmente 
 que nada vai é introduzida, mesmo sem como sendo em um processo 
 acontecer". e depois disso, incidentes de interesse definido; os 
 não é usada terem ocorrido, pessoal. membros da 
 sistematicamente no entanto, equipe não têm 
 . são poucas as receio de indicar 
 consequências perigos. 
 visíveis. 
56 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
 
 
 
 
 
PATOLÓGICA REATIVA CALCULISTA PROATIVA GERADORA 
Capacitação A capacitação A capacitação é Há muita A gestão Tópicos como 
para aumentar é considerada relacionada ao capacitação para reconhece as "atitude" são 
a competência um mal indivíduo; "se situações gerais e competências e consideradas tão 
 necessário; tivermos sucesso alguma parte dela as habilidades importantes como 
 presença em mudar sua é transferida para da equipe "conhecimento" 
 apenas nas atitude, tudo vai o local de trabalho adquiridas no ou "habilidades 
 capacitações ficar bem". com sucesso. trabalho. práticas"; a 
 obrigatórias. necessidade 
 de capacitação 
 é avaliada e 
 métodos de 
 aprendizado são 
 sugeridos pelos 
 membros das 
 equipes. 
Recompensas Não é Existe apenas Elogios são Existe Trabalho com 
pela boa esperada, nem a punição por ditos por recompensa por comportamento 
performance dada; falhas comportamentos comportamento boa performance consciente com 
no campo da são punidas. que comprometam consciente no campo de a segurança 
segurança a segurança. relacionado com a segurança. é motivação 
 segurança. suficiente. 
Fonte: Parker D, Lawrie M, Hudson P; 200617. 
 
57 
 
 
 
Cultura de Segurança em Serviço de Saúde - Unidade 2 
 
 
 
Mensurando a Cultura de Segurança 
 
 
 
A mensuração da cultura de segurança do paciente pode ser realizada 
por meio de um instrumento empregado no planejamento de ações que visam 
aumentar a qualidade dos serviços prestados, podendo ser a primeira etapa para 
o estabelecimento de uma cultura de segurança em uma unidade de saúde19,20. 
Trata-se de uma avaliação que permite diagnosticar a cultura de segurança 
da organização e conscientizar os funcionários acerca do tema21. Ainda, essa 
ferramenta possibilita a realização de análises das intervenções realizadas na 
organização e o acompanhamento de mudanças ao longo do tempo22. 
A avaliação da cultura de segurança identifica prospectivamente as 
questões relevantes à segurança do paciente nas rotinas e condições de trabalho 
para o monitoramento de mudanças e resultados relacionados ao tema22. 
Existem três diferentes abordagens metodológicas empregadas na 
avaliação da cultura em saúde, a saber20: 
 
1. Abordagem epidemiológica: é a predominante atualmente. Avalia 
a cultura quantitativamente por meio de questionários de 
autopreenchimento e está relacionada à mensuração do clima de 
segurança ou dos componentes mensuráveis da cultura; 
8. 
58 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
2. Abordagem sociológica: a cultura é avaliada qualitativamente por 
meio de reuniões; e 
3. Abordagem socioantropológica: utiliza observações e entrevistas. 
 
 
 
Dessas abordagens derivam dois grandes métodos de mensuração: os 
quantitativos e os qualitativos. 
 
59 
 
 
Cultura de Segurança em Serviço de Saúde - Unidade 2 
 
8.1 Métodos quantitativos 
 
A avaliação quantitativa da cultura de segurança dos serviços de saúde por 
meio de questionários de autopreenchimento é atualmente a metodologia mais 
empregada20. Ela permite o acesso às informações relatadas pelos profissionais 
a respeito de suas percepções e comportamentos relacionados à segurança, 
possibilitando a identificação das áreas mais problemáticas21,22. 
 
 
 
 
 
Há autores que distinguiram 23 dimensões da cultura de segurança em 
saúde20,24. Estas englobam a percepção geral da segurança, com respeito as 
suas próprias práticas e as do coletivo e também as estratégias gerenciais com 
relação à segurança em um contexto de não punição do erro. A quantidade e o 
tipo das dimensões exploradas variam de um estudo a outro (2 a 23), assim como 
seus itens (de 9 a 172)20. 
Apesar de ser o método mais utilizado, alguns autores expõem as falhas 
da avaliação da cultura e do clima de segurança por meio de questionários de 
autopreenchimento20. 
A maior parte dos questionários existentes medem as atitudes do ponto 
de vista da segurança, com pouca ou nenhuma atenção dada a como as 
organizações lidam com os riscos através de normas, regras e princípios ou 
como a organização reflete sobre as práticas de segurança20,25. Para esses 
autores, os estudos por meio de questionários foram reduzidos à mensuração 
de atitudes e práticas individuais em um determinado contexto, o que seria mais 
próximo do conceito de clima de segurança19. 
60 
 
 
 
Módulo 1 - Introdução à Segurança do Paciente e Qualidade 
 
As principais críticas relacionadas à utilização de questionários para 
avaliar o clima de segurança em saúde envolvem20,24: 
 
1. falta de informação sobre a elaboração e a confiabilidade das 
ferramentas empregadas em determinados contextos; 
2. grande variação do número de dimensões exploradas e seus itens, 
tornando os estudos comparativos inapropriados; e 
3. problemas nos cálculos de pontuações de cultura ou clima de 
segurança pela incerteza de que um fenômeno de grupo possa ser 
representado por dados individuais agregados. 
 
Outra questão abordada por alguns autores diz respeito à coleta e análise 
dos dados. Considerando a existência de subculturas dentro das organizações, 
especulam-se quais grupos devem ser abordados na avaliação do clima e cultura 
de segurança, tais como unidades de serviço, equipes de trabalho ou categoria 
profissional. Pronovost e Sexton (2005)26 sugerem que a análise deve ser 
realizada na unidade de trabalho, enquanto Gaba (2000)27 afirma que é 
importante explorar todos os níveis de análise, pois as informações trazidas de 
diferentes grupos são complementares20. 
 
 
 
 
8.2 Métodos qualitativos 
 
A avaliação qualitativa da cultura de segurança é geralmente baseada na 
realização de entrevistas, observações, auditorias e análise documental. Este 
método ainda é raro, pois demanda tempo e maiores investimentos. Há vários 
estudos qualitativos realizados na área de risco industrial, mas infelizmente eles 
ainda são escassos no campo da segurança do paciente20. 
Métodos qualitativos seriam muito úteis no domínio da saúde, permitindo 
obter informações da entidade estudada para construção de ferramentas 
quantitativas melhor adaptadas e também para validar e completar os resultados 
dos estudos quantitativos20,28. 
61 
 
 
Cultura de Segurança em Serviço de Saúde - Unidade 2 
 
 
 
 
8.3 Questionários como instrumentos de avaliação da cultura de 
segurança 
 
Os questionários existentes para mensurar características da cultura de 
segurança em organizações de saúde diferem quanto ao número de itens e de 
dimensões que mensuram e em relação à variação nas suas propriedades 
psicométricas - validade e confiabilidade22. As ferramentas

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