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Transformação Digital, Sistemas Computacionais e o Futuro da Tecnologia Unidade 1 O contexto histórico e atual em que se insere a transformação digital pág. 2 Unidade 2 Nova realidade: ubiquidade da computação e internet das coisas pág. 17 Unidade 3 Sistemas de Informação pág. 35 Unidade 4 Sistemas de Informação Empresariais pág. 49 *OBSERVAÇÃO: EU AJUDO VOCÊ COM O MATERIAL DE ESTUDO; PELO MENOS CURTA OU SALVE O MATERIAL PARA ME AJUDAR* OBRIGADO!!! Unidade 1 - O contexto histórico e atual em que se insere a transformação digital Histórico da evolução tecnológica: do ábaco ao smartphone O smartphone é um item tecnológico fundamental e indispensável para a vida que conhecemos hoje. Com aplicativos de funcionalidades infinitas, é difícil acreditar que sua história e invenção teve origem há milhares de anos com simples instrumentos matemáticos. O entendimento dos números e os métodos de cálculo que foram inventados e evoluíram ao longo dos séculos parecem simplórios, mas formaram a base que possibilitou o surgimento dos primeiros computadores. Esses computadores se sofisticaram, diminuindo de tamanho e se tornando pessoais, o que originou os smartphones. A seguir, entenderemos melhor essa história. O ÁBACO E OUTROS INSTRUMENTOS DE CÁLCULO Ábaco é o primeiro instrumento conhecido que foi construído com o objetivo de computar ou fazer cálculos. A palavra ábaco é derivada do grego abax, e significa placa ou quadro para desenho. Acredita-se que os sumérios da Mesopotâmia foram seus inventores em torno de 2500 a.C., há mais de 4 mil anos. O ábaco sumério tinha uma face plana com linhas paralelas e, entre as linhas, eram colocadas pedrinhas ou contadores para marcar quantidades, permitindo que indivíduos calculassem números e medidas além de sua capacidade mental, e realizava, ainda, operações de soma, subtração, multiplicação e divisão. Foram a sofisticação econômica e as transações comerciais das cidades sumérias que demandaram a criação de um instrumento para cálculos. Os ábacos antigos evoluíram bastante até chegarem às versões modernas que conhecemos, com funções matemáticas mais avançadas. Ainda hoje muitos países da Ásia ensinam a utilização do ábaco. Nos séculos que seguiram, outros instrumentos de cálculo foram inventados. No século XVI d.C., por exemplo, o matemático John Napier introduziu um modelo de cálculo conhecido como “ossos de Napier”, que permitia a multiplicação e a divisão de números com múltiplos dígitos por um outro número entre dois e nove. A partir de seu trabalho, outro matemático, William Oughtred, desenvolveu as réguas de cálculo, um método prático e portátil, que, a partir do simples alinhamento de réguas, permitia a realização de multiplicação e divisão em princípio, que evoluíram para cálculos trigonométricos, exponenciais e raízes quadradas. Esses métodos de cálculo parecem simples, mas o entendimento da dinâmica dos números foi a base para a evolução e sofisticação dos instrumentos, possibilitando a criação dos computadores que conhecemos hoje. A palavra computar já era comumente usada em torno de 1600, e computador era uma pessoa que dominava números. Essa foi a maneira de uso dominante da palavra até os anos 1940. Contudo, computadores evoluíram de máquinas de computação mecânica para eletromecânicas e, finalmente, para computadores totalmente eletrônicos. Os computadores mecânicos, que surgiram no início do século XIX, são limitados a partes como câmeras, engrenagens e alavancas. Um dos mais famosos foi desenvolvido por Herman Hollerith em resposta ao concurso promovido pelo governo americano para encontrar uma maneira mais rápida de processar e tabular os dados do censo de 1890. É válido lembrar que a máquina de Hollerith era capaz de ler cartões com furos em localizações específicas, que indicavam características individuais, como gênero, idade, data de nascimento, raça, endereço, entre outras informações. Durante guerras, confiabilidade e velocidade foram e são essenciais para processamento de informações. Acuracidade na artilharia e códigos de comunicação secretos levaram à criação de computadores eletromecânicos, nos quais importantes avanços tecnológicos foram utilizados. Assim, dois computadores se tornaram famosos: o americano ENIAC, para cálculos de balística complexos, e o britânico Colossus, para quebrar os códigos secretos do alto comando alemão. Contudo, Colossus foi a primeira máquina de computação digital eletrônica – por eletrônico, entende-se que era uma máquina construída com tubos, o que fazia com que o Colossus rodasse 500 vezes mais rapidamente do que outra máquina comum à época. Analisando computadores analógicos e digitais, pode-se dizer que a diferença entre eles é essencialmente sua linguagem. A resposta de computadores analógicos é totalmente análoga à informação inserida, enquanto computadores digitais, por sua vez, convertem as informações recebidas para uma linguagem lógica, como a binária (de 0 e 1), representando abstratamente o mundo real, o que é de alta complexidade. Vale considerar que as possibilidades advindas de computadores digitais abriram um novo caminho para a evolução, e isso marcou a segunda metade do século XIX. No entanto, a evolução dos computadores é dividida em gerações conforme o Quadro 1 – adaptado do livro Informatic practices, de 2020, escrito por Reeta Sahoo e Gagan Sahoo. SMARTPHONES É possível notar que, a cada nova geração de computadores, os componentes se tornam menores e mais potentes, e, a partir da quarta geração, passam a ser pessoais. Como uma evolução da diminuição e da pessoalidade, surgiu o smartphone. O primeiro smartphone foi lançado pela IBM, o IBM Simon, em 1993. Ele disponibilizava funcionalidades para controle pessoal (como calendário, agenda de contatos, horário mundial, calculadora e bloco de notas), para comunicação (no caso, enviar e receber faxes) e para entretenimento (com jogos, por exemplo). Sabe-se que o iPhone adquiriu fama mundial e revolucionou o mercado de smartphones. Lançado em 2007, juntou diversas funcionalidades em um aparelho com cores vibrantes e uma intuitiva tela touchscreen, incomum à época, além de introduzir os aplicativos – programas especializados que poderiam ser instalados no aparelho mediante download. Com isso, o iPhone se tornou mais que um aparelho para comunicação, transformou-se em um super gadget, utilizado na manipulação de fotos até a orientação no mapa. A HISTÓRIA DA INTERNET A internet revolucionou o mundo dos computadores e da comunicação de uma maneira nunca vista antes. A invenção do telégrafo, do telefone, do rádio e do computador prepararam a base para essa integração de capacidades sem precedentes. Sabe-se que a internet é, em princípio, uma transmissora mundial, um mecanismo de disseminação de informação e um meio para colaboração e interação entre indivíduos com seus aparelhos (sejam computadores ou smartphones), independentemente de localização. Assim, considera-se que o computador e o smartphone são essenciais para a construção da sociedade de hoje, mas sem a internet não teriam se tornado tão populares e vice-versa. O primeiro protótipo de internet surgiu no final dos anos 1960 com a criação da Arpanet, uma agência de pesquisa para projetos de network (rede) nos Estados Unidos, que tinha como objetivo fazer múltiplos computadores se comunicarem. No entanto, foi em 1969 que conseguiram entregar a primeira mensagem de um computador, localizado na Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), a outro, que estava em Stanford. A mensagem continha a sequência de letras LOGIN, mas o computador em Stanford recebeu somente as primeiras duas letras. Ainda assim, esse é tido como o início da troca de informação entre computadores e da internet. A tecnologia, então, continuoua evoluir nos anos 1970, e, em 1983, a Arpanet montou a “rede das redes”, que se tornaria a moderna internet, sendo que somente em 1990 ela evoluiu para algo mais similar ao que temos hoje. Nesse ano, o cientista de computadores Tim Berners-Lee inventou a World Wide Web. Essa invenção, no entanto, é normalmente confundida com a criação da internet em si, mas é, na verdade, a maneira mais comum de acesso à internet na forma de sites e hyperlinks. Deve-se considerar que o primeiro navegador (browser) popular foi NCSA Mosaic (renomeado depois como Netscape), que tornou a navegação mais fácil e acessível para uma pessoa leiga e levou à explosão do uso da internet a partir de 1993. Gerações X, Y e Z O termo geração se refere a grupos específicos de pessoas que possuem características em comum. Uma geração é, usualmente, um grupo de pessoas que nasceu em determinado período, moldado pelas experiências de vida similares pelas quais passou e no quanto essas experiências influenciam seus comportamentos. Pessoas que vivem em um mesmo tempo e que passam por mesmos eventos encaram juntas uma mesma dificuldade, tendendo a desenvolver certas características comuns que se manifestarão ao longo de sua infância, adolescência e idade adulta. Esses eventos são marcantes, como guerras, invenções importantes (imagine, por exemplo, como a eletricidade mudou a rotina das pessoas ou como a internet mudou nossas vidas), pandemias (como a covid-19), entre outros eventos. Consequentemente, esse grupo que viveu junto desenvolve determinados perfis culturais que caracterizam a geração. Diferentes gerações convivem (em média três ou quatro gerações coexistem na sociedade) e isso causa os conhecidos conflitos geracionais, identificados quando duas culturas/ideologias distintas se chocam em uma família ou grupo. Considerando uma duração média das últimas gerações entre 15 e 20 anos, pais e filhos terão o intervalo de uma geração entre si. Por exemplo, as pessoas da geração X (nascidas entre 1960 e 1980) são os pais da geração Z, dos nascidos entre 1995 e 2010. Entre as gerações X e Z há a geração Y, dos nascidos entre 1980 e 1995. Para ter uma ideia da distribuição de gerações, vejamos o exemplo do Brasil. A pirâmide mostrada no Gráfico 1 apresenta a distribuição da população brasileira por faixa etária. Considerando as datas de nascimento citadas, as gerações X, Y e Z representam, juntas, grande parte da população brasileira, 73% do total. Portanto são elas que caracterizam o momento em que estamos vivendo. Do total, 25% da população pertence à geração X, 24% à Y e 23% à Z. Vale dizer que as divisões geracionais, apesar de serem apontadas por anos fixos, não são tão duras e, ainda assim, não há um consenso sobre as datas. Indivíduos que nascem próximos a uma transição de geração podem apresentar características da outra mais próxima. Por exemplo, alguém nascido em 1993, que pertenceria à geração Y, pode apresentar características da Z, pois passará por eventos e influências similares àquelas da geração seguinte. Além disso, pode haver diferenças entre regiões, já que alguns países/regiões são mais desenvolvidos que outros ou possuem uma cultura mais aberta. Portanto, não se deve levar a divisão anual tão duramente, mas considerar o período ou a época como um todo. Tendências afetam gerações e, ao mesmo tempo, são afetadas pelo comportamento das pessoas. Assim, os resultados dessa interação na sociedade caracterizam uma geração. No entanto, indicadores frios, como natalidade, expectativa de vida, imigração, podem ser características também, mas comportamentos, como o modo de viver e as escolhas financeiras e laborais, são os principais diferenciadores entre elas. Experiências com gerações mais velhas, como a geração X, mostram que o mindset dos jovens não muda quando eles atingem a idade adulta. Portanto, gerações não mudam para se tornarem iguais a seus pais quando mais velhas, de forma que a geração é produto de seu tempo e resultado da interação de seus membros com tecnologias, mídia, marcadores sociais e eventos que, de maneira única, influenciaram a sociedade. Valores, atitudes e prioridades tendem a permanecer os mesmos para o resto da vida. GERAÇÃO X Indivíduos da geração X nasceram entre 1960 e 1980 e viveram em um período bastante conturbado: o mundo pós- Segunda Guerra, em meio à Guerra Fria e com tantas incertezas no mercado de trabalho. Portanto, trabalhar é como uma filosofia de vida para essa geração, são os chamados “workaholics”. Diante do cenário, foi uma geração que ficou conhecida pelo seu pessimismo. Individualismo e ambição também são valores muito marcantes da geração X. EXPLICANDO O nome “geração X” foi popularizado após o lançamento do livro chamado G eração X: contos para uma cultura acelerada, de Douglas Coupland. O romance é uma narrativa na qual jovens contam suas histórias. Além de dar o nome para a própria geração, também foi a origem dos nomes das duas gerações subsequentes, Y e Z. GERAÇÃO Y A geração Y (também conhecida como millennials), nascida entre o início da década de 1980 e meados da década de 1990, foi a primeira a ter seu estilo de vida muito impactado e influenciado pela internet e, principalmente, pelas mídias sociais. Sabe-se que foi durante a geração X que os computadores pessoais nasceram, mas foi a geração Y que os incluiu totalmente em suas vidas. O surgimento das mídias digitais permitiu que a geração Y vivenciasse fortemente as novas comunidades on-line. Esses indivíduos cresceram em um mundo em que a posse de um celular, um MP3 e outras tecnologias móveis já eram comuns entre adolescentes e a sua privação teria um forte impacto em suas vidas. A maneira como os jovens socializam, constroem relações ou escolhem suas carreiras é altamente afetada pela maneira como foram criados, e sabe-se que a geração Y é filha da revolução da internet. Em outras palavras, a conectividade em qualquer lugar e os avanços digitais moldaram essa juventude e todas as seguintes. As ferramentas on-line tornaram possíveis uma nova maneira de interagir socialmente e de receber suporte de seus amigos: na rede, que é justamente onde a geração Y tem feedback e apoio constante de seus colegas em suas decisões, mesmo que sejam sobre um novo vestido ou um novo namorado. É importante ressaltar que essas interações on-line são tão reais quanto as off-line. De acordo com uma pesquisa apresentada por Bergh e Behrer (2011) feita em 2010, indivíduos da geração Y possuem em média 140 amigos no Facebook, enquanto indivíduos da geração X possuem 91 e baby boomers (anteriores à geração X), 64. Dessa forma, a geração Y foi apelidada como “me generation” ou “geração eu”, em uma tradução literal, pela introdução da conhecida selfie nas redes sociais. Mais do que fotos de si, esse apelido reflete a maneira como os millennials constroem e apresentam suas próprias vidas em uma narrativa semelhante a uma novela, em que eles são os atores principais e seus amigos e familiares participam como coadjuvantes ou comentaristas. Como jornalistas, jovens olham seu mundo procurando a próxima história interessante, trazendo um valor para essa geração: o narcisismo. O voyeurismo e exibicionismo das redes sociais também incentivaram o surgimento de uma cultura hedonista. Problemas como o alcoolismo entre jovens são comumente explicados pelo fato de que “todo mundo está fazendo”, o que significa que quanto mais extremo um acontecimento, mais repercussão no post. Por exemplo, pensemos na relevância do modelo de código aberto (open source) para uma geração tão impactada pelos avanços digitais. O código aberto é uma técnica usada por programadores na qual o código, por ser aberto, permite que outros participantes cooperem para construir um software ainda melhor. A ideia do código aberto está bastante alinhada com as expectativas da geração Y,e é a estrutura por trás de muitos aplicativos da Web 2.0. Essa geração não quer só testemunhar, quer fazer parte. EXEMPLIFICANDO A Wikipédia (wikipedia.org) é um exemplo de uma enciclopédia ou dicionár io de código aberto. É um site colaborativo onde qualquer usuário pode editar seu conteúdo ou incluir uma nova definição. Esse site não somente melhora constantemente seu conteúdo, mas também o faz de maneira muito rápida. No entanto, é importante considerar que o mito de “você pode ser o que quiser” está muito presente nas expectativas de carreira da geração Y. A divulgação de listas como Under 30 (menos de 30) da Forbes, que destacam os jovens de maior sucesso do ano, influencia expectativas irreais e distantes de que é possível se tornar milionário antes da idade adulta. Essas narrativas reforçam o comportamento da vida de novela que muitos jovens desejam retratar em suas páginas pessoais. Ainda assim, ética, sustentabilidade e caridade são preocupações que têm ganhado importância para essa geração. Contudo, são tantas notícias geradas pela mídia sobre esses assuntos que deixam os jovens um tanto entorpecidos. Reportagens sobre pobreza, guerras e desastres naturais são projetadas nas mesmas telas em que eles assistem a filmes e jogam videogames, tornando-as parecidas com outras ficções, longe do mundo real. A geração Y transfere a responsabilidade ética para organizações e, como princípio, ser ético é importante para eles; ao consumir, raramente darão mais importância a esses assuntos do que às suas conveniências e preferências. GERAÇÃO Z Pertencem à geração Z indivíduos que nasceram a partir de meados dos anos 1990 até 2010. Ainda muito jovens, são um grupo com características a serem totalmente definidas. Para entender essa geração, é necessário, primeiramente, entender como ela vive, seus hábitos digitais, suas lutas, modelos e marcos culturais, e como ela se encaixa nesse mundo que muda tão rapidamente. No entanto, a maior parte do que define essa geração é a sua implacável relação com a informação, com o consumo de conteúdo e com a tecnologia móvel. Esses indivíduos nasceram em uma sociedade com conectividade a todo momento e lugar, onde ferramentas individuais móveis (por exemplo, celulares) são mais do que comuns. Eles começam a usar tablets ainda com meses de idade e, para eles, a tecnologia não é uma inovação, é somente parte da vida. Sendo assim, como nativos das mídias sociais, são a primeira geração da história a ver comportamentos como update de status, troca de mensagens instantâneas, selfies, relacionamentos em redes sociais, dispositivos móveis e informação na ponta dos dedos como uma parte do dia a dia. Segundo dados do site Population Pyramid, considerando a população mundial, a geração Z representa 23,9% do total e já é a maior geração presente no mundo. Com exceção dos Estados Unidos, os maiores crescimentos de população da Z se concentram em países em desenvolvimento. A Índia e a China, juntas, detêm 34% do total da população dessa geração (20% e 14%, respectivamente). Em seguida vem a Nigéria com 4%, a Indonésia com 3,5%, os Estados Unidos com 3,4%, o Paquistão com 3,3% e o Brasil com 2,7% da concentração mundial desses indivíduos. Segundo pesquisa da Ipsos Thinks, publicada em 2018, trata-se de uma geração sóbria e realista, ciente de que o mundo pode ser um lugar cheio de incertezas, mas, ao mesmo tempo, capaz de exibir um comportamento muito determinado. Os números sobre uso de bebidas alcoólicas, tabaco e drogas, gravidez na adolescência e criminalidade, por exemplo, são os menores em décadas. Ainda seguindo esse raciocínio, segundo um estudo sobre saúde na Inglaterra, o percentual de jovens entre 13 e 15 anos que haviam experimentado bebida alcoólica em 2000 (ou seja, adolescentes da geração Y) era de 72%, enquanto em 2014 (geração Z) era de 36%. Nos países da União Europeia, o número de jovens detidos pela polícia caiu 42% entre 2008 e 2014. No entanto, ser uma geração sóbria não significa de maneira alguma que eles são conservadores, especialmente quando falamos de sociedade. Suas experiências com tecnologia móvel, contato com conteúdo diferente e participação de comunidades on-line encorajam a estarem mais abertos a backgrounds diversos. Para a geração Z, diversidade transcende raça, aliás, é difícil para eles entenderem até o motivo para existir preconceito racial ou qualquer outro tipo de preconceito. Antes praticamente inexistentes na mídia, personagens LGBTQ+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros, queers e outros) são cada vez mais comuns em filmes, novelas e na cultura pop. Expressões como gênero fluido e gênero neutro entraram no vocabulário e já é possível conhecer crianças em transição de gênero. É uma realidade que jamais imaginaríamos poucos anos atrás. EXPLICANDO Gênero fluido se refere às pessoas que não se identificam com um único gênero, fluindo e transitando entre os gêneros. Gênero neutro diz respeito às pessoas que não se identificam em um sistema binário de definição de gênero (homem/mulher), não se identificam como homens e nem como mulheres. Sendo a primeira geração a crescer na era em que o casamento entre pessoas do mesmo gênero é considerado normal, a igualdade para si e seus amigos LGBTQ+ é inegociável. No Gráfico 2 é possível perceber a diferença entre as declarações de orientação sexual entre as gerações baby boomers, X, Y e Z extraídas da pesquisa da Ipsos Thinks, envolvendo 3000 pessoas com 15 anos ou mais nos Estados Unidos, em 2017. Indivíduos da geração Z não querem que a tecnologia os prenda como um diário pessoal e permanente, eles querem conectividade, uma maneira mais fácil e rápida de estar com outras pessoas, de cumprir suas tarefas, de se divertir etc. E é por isso que telefones celulares são a tecnologia essencial da vida dessa geração, funcionando como um portal para tudo aquilo que importa para eles, ou seja, vida social, redes sociais, música, amigos, fotos e muito mais. Com seus aparelhos e aplicativos, eles estão permanentemente conectados com seus pares, amigos, professores e também com os conteúdos que consomem. A geração Z consome desde aulas on-line até artesanato como passatempo; assiste mais ao YouTube do que as gerações anteriores. Quanto à leitura, os indivíduos dessa geração quase nunca leem no papel, mas o fazem em suas telas; consomem entretenimento de uma maneira voraz em suas multiplataformas e raramente pela televisão. Graças às novas plataformas de entretenimento (como Netflix), eles podem assistir ao que quiserem e quando quiserem. Com a televisão digital, ainda podem parar conteúdos ao vivo, customizando totalmente seu consumo de mídia. Considera-se ainda que eles são entusiastas de “tecnologias vestíveis” (wearable technologies) e estão até mais animados com a conectividade da Internet das Coisas. Para eles, é fácil imaginar uma tecnologia medindo seus níveis de estresse ao longo do dia, capaz de orientá-los a se acalmarem ou inspirarem profundamente, ou até tecnologias que mapeiam o código genético para ajudar as pessoas a prevenirem doenças para as quais possuem predisposição. Eles não têm medo do futuro com inteligência artificial e automação do trabalho, nem são ingênuos sobre um futuro utópico em que a tecnologia vai solucionar todos os problemas do mundo. Na opinião deles, smartphones não são revolucionários, são normais. Na verdade, os pais de indivíduos da geração Z não os colocam em frente à televisão para os distraírem, preferem lhes dar um tablet. E as crianças, por sua vez, aprenderam a rolar a página antes mesmo de aprenderem a falar. Eles estão acostumados a um mundo multitelas, com acesso concomitantemente a diversas telas em sua casa: televisão, celular, desktop, laptop, tablet. Preferem e ainda esperam conectividade, ficando impacientes quando se sentem desatualizadospor estarem sempre on-line (always on). Devido a essa hiperconectividade e múltiplas telas, essa geração aprendeu a ser multitarefa. Assistir à televisão ou a um filme, por exemplo, é uma atividade passiva e, em vez disso, eles farão isso enquanto trocam mensagens com amigos, comentam em suas redes sociais e criando narrativas visuais, como capturas de tela, GIFs e vídeos em tempo real. No entanto, o always on traz consequências negativas, como a privação de sono e altos níveis de ansiedade e depressão, que são comuns a essa geração. Fazendo várias coisas ao mesmo tempo, a geração Z tem um tempo de atenção muito curto, que dura até oito segundos. Contudo, isso não significa que eles não prestem atenção, na verdade seu curto período de aten ção está mais relacionado a um filtro de informação superdesenvolvido, capaz de olhar montanhas de informações disponíveis e procurar por aquela de seu interesse. A geração Z é preocupada com a sua privacidade na internet, pois esses indivíduos ouvem histórias ou mesmo são vítimas de cyberbullying (bullying on-line) e de agressores sexuais, além de estarem cientes de que futuros recrutadores profissionais podem vasculhar suas redes sociais. A sua visão sóbria do mundo os influencia a escolher redes sociais que mitiguem essas ameaças, como Snapchat, que permite que as imagens e vídeos compartilhados desapareçam em segundos. Vale considerar também que eles já usam pagamentos pelo smartphone, visitam menos o shopping e preferem, na maioria das vezes, comprar on-line porque economizam tempo e conseguem ver melhor suas opções. Diferentemente das gerações anteriores, eles não romantizam a experiência de compra, compram pelo valor. A geração Z quer itens de alta qualidade, funcionalidade, que estejam na moda e que pareçam caros (mas que na verdade não são). Para eles, o mais importante é exclusividade, ou ter algo que seus amigos não possuam. É uma geração de “caçadores” que não procuram por barganha, mas por itens que sejam distintos e que amplifiquem sua personalidade única. Ainda no início de sua segunda década de vida, indivíduos dessa geração estão entrando no mercado de trabalho. Eles dizem que fazer a diferença, impactando o mundo com sua carreira é mais importante do que era para as gerações anteriores. Também em comparação a seus antecessores, eles almejam mais chegar a altos cargos executivos, como vice e presidência de empresas. Portanto, é uma geração que chega com altas expectativas no mercado de trabalho, tanto de si como de seu empregador. Dessa forma, a amplificação gerada pelas mídias sociais os projeta para serem famosos na rede, mas, para a maioria, considera-se que as mídias sociais oferecem uma maneira de validação; isso lhes dá a oportunidade de serem vistos e ouvidos e de fazerem parte de algo maior do que eles mesmos, o que acaba sendo um grande motivador da geração Z. Assim, por ser a mais ética e diversa geração da história, ela se enxerga em uma comunidade global da qual fazem parte indivíduos de todas as partes do mundo, os quais querem se sentir enraizados tanto globalmente, quanto localmente. Por mais que a geração Z seja menos ligada a problemas do meio ambiente, ela é muito impactada por causas sociais, como direitos humanos, igualdade de gênero e raça e mitigação da pobreza. Isso se reflete em seus ídolos, como a ativista Malala Yousafzai, um dos ícones mais conhecidos da Geração Z. CURIOSIDADE Com 11 anos, Malala Yousafzai começou um diário sobre sua vida como uma estudante paquistanesa. Em 2009 houve a proibição do estudo para meninas e ela escrevia sobre o desejo de continuar estudando e de que todas as meninas tivessem esse direito. Sua história cativou o mundo e, ao mesmo tempo, irritou os Talibãs. Atingida por um tiro em um ataque a seu ônibus escolar, foi acolhida na Inglaterra. Após a publicação de sua autobiografia Eu sou Malala, foi nomeada como uma das pessoas mais influentes pela Time e, em 2014, recebeu o Nobel da Paz, sendo a pessoa mais nova a receber esse prêmio. Para retomar as características fundamentais discutidas, o Quadro 2 mostra os marcadores geracionais da geração Z que foram elencados por Witt e Baird em seu livro The gen Z frequency: how brands tune in and build credibility, de 2018. Tecnologias móveis e seus impactos na sociedade A tecnologia móvel é a tecnologia de crescimento mais rápido da história! Define-se por ser toda tecnologia que permite ao seu usuário que se desloque enquanto a utiliza. Aparelhos móveis, como celulares, smartphones, tablets e laptops fazem parte desse grupo, mas também podem englobar inovações que permitem e melhoram o funcionamento desses aparelhos, como redes wi-fi e bluetooth. Assim, nota-se um alto crescimento, especialmente em países em desenvolvimento, visto que os usuários “pularam” a fase de computadores ou laptops pessoais e passaram diretamente para aparelhos portáteis (que cabem na mão). Com o acesso à internet e ao ambiente digital facilitados por meio de um investimento menor, os smartphones e tablets têm se mostrado ótimos aliados na inclusão digital de populações mais pobres, diminuindo essa desigualdade. A revista Consumidor Moderno, explorando uma pesquisa feita pela Telebrasil em 2019, publicou um artigo que mostra como o Brasil evolui na adoção de tecnologias móveis. De acordo com a matéria, 7 em cada 10 brasileiros possuem acesso à internet, o que em números absolutos significa que há 127 milhões de usuários conectados em todo o país e isso é resultado de um crescimento de 37% em cinco anos; vale dizer que 97% dos internautas acessam a internet usando smartphones. Acompanhe esse dado no Gráfico 3, que também evidencia como a popularização desses aparelhos acontece junto à diminuição da popularidade de computadores para o acesso à internet. Nota-se ainda que essa popularização acontece junto ao aumento do acesso à internet no país como um todo, mostrando que esse aumento de acesso está relacionado ao celular. Ainda sobre o Brasil, o jornal O Estado de S. Paulo publicou em abril de 2019 os resultados da 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo (FGV-SP). O estudo aponta que em 2019 havia 230 milhões de smartphones ativos no Brasil, o que representa um crescimento de 10 milhões se comparado a 2018 e uma média de mais de um aparelho por habitante. Já com relação aos computadores, são seis aparelhos para cada sete habitantes. Esses números colocam o Brasil como um país que tem o uso de dispositivos digitais acima da média mundial. Além da inclusão digital de populações de baixa renda, tecnologias móveis também representam vantagens para comunidades rurais. Longe das cidades, o acesso à banda larga e a outros serviços de telecomunicações é mais difícil. Assim, aparelhos móveis são uma maneira mais fácil e barata de conseguir acesso à internet em áreas remotas, diminuindo disparidades digitais. O movimento mostrado no Gráfico 3, em que celulares ultrapassam computadores na preferência por acesso à internet no Brasil, acontece de forma similar no restante do mundo. Darrel West (2015) mostra em seu livro uma pesquisa apontando que, ao final de 2012, o número de aparelhos móveis em funcionamento ultrapassou o número de computadores pessoais instalados, e isso é resultado da adoção cada vez maior de smartphones por consumidores e empresas. Ele diz que, em 2015, o número de instalações de smartphones crescia três vezes mais rápido que o número de instalações de computadores pessoais. Contudo, a revolução trazida por tecnologias móveis vai muito além da mudança de como nós nos comunicamos. Além de ligar, trocar mensagens instantâneas e enviar e-mails, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo agora usam seus aparelhos móveis para se localizar, pegar um taxi, comparar produtos, acompanharnotícias, assistir a filmes, ouvir músicas, jogar videogames, registrar momentos e, por último, mas não menos importante, para gerenciar suas redes sociais. É incontestável que smartphones trouxeram inúmeros benefícios para a vida em sociedade, como facilitar transações financeiras, possibilitar o pedido de alerta em zonas de perigo e monitorar a própria saúde, mas seu uso constante também trouxe consequências emocionais e relacionais que não são tão boas assim. O fato é que o celular impactou nossas vidas e a sociedade, para o bem e para o mal, e entender essas mudanças é fundamental para as empresas terem sucesso, mas, principalmente, para nos localizarmos nesse mundo que muda tão depressa. O IMPACTO DA TECNOLOGIA MÓVEL NO CRESCIMENTO ECONÔMICO E NAS EMPRESAS O aumento do uso de dispositivos móveis e sua enorme gama de funcionalidades representam uma ampla mudança na vida em sociedade, impactando também as empresas. Essa mudança cultural trouxe grandes implicações para o mundo dos negócios, tanto para o surgimento de novos empreendimentos quanto para as empresas já estabelecidas. Essas, por sua vez, estão sendo forçadas a se adaptarem tanto na maneira como organizam seu ambiente de trabalho como na maneira como atendem seus consumidores. Tais mudanças são difíceis para algumas empresas, mas para aquelas que conseguem abraçar esse novo mundo é uma nova era de oportunidades. , Com base nisso, sabe-se que editoras e gravadoras foram algumas das empresas mais desafiadas com a popularização dos smartphones, responsáveis por mudarem a maneira como as pessoas consomem entretenimento. A geração Z já lê muito mais por telas do que impresso e, dificilmente, já escutou música em um CD. Aplicativos permitem que seus usuários acessem músicas e livros que são consumidos de maneira digital. As empresas, por sua vez, tiveram de se reinventar. Uma reportagem do site Época Negócios (2019) conta como a Universal, a Sony e a Warner, três grandes gravadoras no Brasil, reinventaram-se para continuar no mercado. Elas criaram plataformas de venda de itens das bandas e cantores, estão produzindo mais conteúdo além de música e estão criando grande valor ao traçar estratégias junto a seus contratados. , Ao redor do mundo, a internet móvel contribui significativamente com a criação de empregos e desenvolvimento econômico. O avanço da infraestrutura digital possibilita novos negócios, produtos e serviços. Um estudo feito na Alemanha, em 2009, analisou o impacto da banda larga no crescimento de empregos e no PIB (produto interno bruto) do país. No geral, os autores estimam que quase 1 milhão de empregos seriam criados e mais de 170 bilhões de euros seriam adicionados à economia na década seguinte, sendo que parte desse crescimento poderia ser atribuído à implementação da banda larga. Outro estudo também feito em 2009 com o PIB de 120 países entre os anos de 1980 e 2006, estimou que 10 pontos percentuais de aumento na instalação de banda larga acresciam em 1,3% o PIB de países ricos e 1,21% dos demais países (WEST, 2015). Como o aumento do acesso à internet está relacionado à popularização de smartphones, pode-se dizer que o crescimento econômico também está relacionado ao avanço no uso de tecnologias móveis. , Os smartphones aproximaram os consumidores das empresas e potencializaram as oportunidades que surgiram com a internet. Por exemplo, a internet possibilitou que a venda de produtos pudesse ser feita diretamente do produtor ao consumidor. Antes, pequenos negócios tinham poucas chances de estar presentes em grandes redes; hoje, com uma boa e barata estratégia on-line, os pequenos podem encontrar seu mercado alvo. Isso funciona não só para bens de consumo, mas também para serviços. Os smartphones são um shopping na mão do consumidor, o que potencializa ainda mais as vendas pela internet. Vale dizer ainda que, quando existe mudança na sociedade, negócios que não se adaptam acabam morrendo. Como foi visto antes, as tecnologias móveis impactaram muito no comportamento e no pensamento das gerações Y e Z, levando as empresas à necessidade de adaptar suas ofertas a esses novos consumidores. , Dessa forma, os smartphones, além de serem um shopping, são também uma plataforma de comunicação na mão do consumidor. Considerando que a tecnologia móvel potencializou o uso de redes sociais, das quais marcas também podem participar, as empresas são capazes de fazer estratégias de marketing extremamente direcionadas a seu público-alvo, escolhendo, por exemplo, gênero, idade, localização e até preferências de quem deve ser impactado por determinado anúncio. Há também a possibilidade de enviar uma mensagem para seu consumidor assim que ele entra em sua loja falando sobre as promoções do dia e até personalizando a comunicação. Além disso, temos os influenciadores digitais como um novo canal de publicidade, que cresce muito com as redes sociais e a possibilidade de conectar imediatamente a publicidade ao e-commerce. Assim, entende-se que as possibilidades de marketing on-line são infinitas, ainda mais com a plataforma de comunicação diretamente ligada ao consumidor o tempo todo. É importante citar que a tecnologia móvel não só impactou negócios ao trazer oportunidades e desafios para o mercado, mas também afetou a maneira como trabalhamos. Ela nos permitiu ser mais produtivos, trabalhar com distâncias, tornou tarefas do dia a dia mais simples, facilitou a comunicação e trouxe oportunidades para crescimento pessoal. O aumento da tecnologia móvel oportunizou o surgimento de diferentes métodos de comunicação (como programas de mensagens instantâneas ou reuniões on-line) e de instrumentos de trabalho, como laptop, tablet ou smartphones. Seja com qualquer programa ou instrumento, grande parte do trabalho hoje, de pequenas ou grandes empresas, acontece por meio de tecnologias móveis. Com o aumento do uso, muitas pessoas podem trabalhar de casa ou de qualquer lugar do mundo. Podemos enviar arquivos grandes e importantes de e para qualquer destino, colaborar com colegas em tempo real, independentemente do quão distantes estejam, e ter confirmações ou aprovações na hora. Em vez de tirar férias, trabalhadores podem, agora, tirar “workcations”, um termo em inglês que mistura trabalho (work) com férias (vacations). Trabalhar de casa ou enquanto viaja diminui a separação entre vida pessoal e trabalho, o que pode levar esses profissionais a trabalhar mais, forçando-os a lutar contra a pressão de trabalharem sem parar. A pandemia da covid-19, que impactou o mundo de diversas maneiras em 2020, também impulsionou esse movimento do trabalho remoto. Para aplicar o distanciamento social recomendado pela OMS e proteger seus funcionários, muitas empresas adotaram o conhecido home office (trabalho de casa). Apesar de ser um programa comum em firmas modernas, o trabalho remoto costumava ser incentivado de maneira esporádica e controlada pelos funcionários. Com a chegada da pandemia, as empresas se viram forçadas a adaptar rapidamente seus processos e sua infraestrutura, como fornecer laptops para toda força de trabalho e capacitar os acessos VPN, e aprenderam compulsoriamente como trabalhar à distância. Assim, as circunstâncias fizeram com que a tendência do trabalho remoto, que já se mostrava antes da pandemia, se tornasse uma realidade. O IMPACTO DA TECNOLOGIA MÓVEL NA EDUCAÇÃO A popularização de smartphones e acesso à internet, juntamente à demanda da geração Z (os nativos de redes sociais), têm mudado o panorama da educação digital. A possibilidade de adaptação para cada indivíduo, considerando sua velocidade e preferências de aprendizagem, e o engajamento gerado pelas diferentes possibilidades da tecnologia são vantagens indiscutíveis da educação digital e as gerações X e Y – atuais professores –, que não estudaram dessa maneira, devem se adaptar para alcançar melhores resultados com seus alunos.No Brasil, o principal representante do impacto da popularização de smartphones e acesso à internet no ensino são os cursos EAD (ensino a distância). Uma reportagem da Forbes Brasil, que analisa o censo EAD.BR de 2017, feito pela Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), traz alguns números que mostram o crescimento dessa modalidade. As matrículas em cursos EAD mostram um crescimento de 17,6%, totalizando o recorde de mais de 7 milhões, ao passo que as matrículas de cursos presenciais caem. Esse crescimento acontece junto ao aumento na oferta de cursos, que são em sua maioria de nível superior e de pós- graduação lato sensu. Um dos principais grupos de educação superior do Brasil, Adtalem Educacional (responsável pelas marcas Ibmec, Damásio e Wyden), afirma que o EAD já representa 30% de seus alunos e, se a tendência continuar, em 2020 deverá representar 50%. As principais vantagens apontadas por quem estuda nessa modalidade são comodidade, economia de tempo e flexibilidade. Além desses pontos, os cursos a distância costumam ser mais baratos do que seus similares presenciais, e é interessante notar como essas vantagens são muito parecidas com as melhorias trazidas por tecnologias móveis. Contudo, programas de ensino a distância costumam ter sua própria plataforma de interação, mas professores de ensino presencial também utilizam as redes sociais comuns, como Facebook e WhatsApp, para interagir com seus alunos. Eles organizam grupos, marcam reuniões, tecem comentários e recebem feedback quase instantaneamente de seus alunos, ao mesmo tempo em que essas plataformas permitem que os próprios estudantes sejam os criadores dos conteúdos. Com isso, professores afirmam que os jovens são mais engajados em perguntar por mensagens no Facebook do que verbalmente nas aulas presenciais (WEST, 2015). Assim, como vantagens educacionais do aprendizado por meio de tecnologias móveis para os alunos, podemos apontar: a possibilidade do ensino por muitas perspectivas, a facilidade do ensino situacional e a transferência de aprendizado de um lugar para outro. Essas experiências possibilitam a melhora do processo de aprendizado e o ganho de conhecimento para aplicar em diferentes áreas. Pensando nisso, há os jogos educacionais digitais móveis (um exemplo de como se pode aproveitar essa tecnologia) que são semelhantes a videogames jogados em aparelhos móveis, como smartphones e tablets, e podem representar uma grande tendência na educação. Eles permitem a conexão entre a educação e as experiências cotidianas, o aprendizado em qualquer lugar ou momento e a interação com outros jogadores. Ainda possibilitam a mistura da realidade com o virtual através de tecnologias de realidade aumentada, por exemplo, tornando o aprendizado motivador, engajador e imersivo. Vale dizer que a pandemia do covid-19 também forçou alunos, professores e escolas a se adaptarem à realidade do distanciamento social. Com o fechamento de salas de aula presenciais, para não perder o ano letivo, a maioria das instituições de ensino passou a oferecer educação a distância por meio de videoaulas e outros materiais. Dessa maneira, até os mais resistentes à nova modalidade de ensino foram obrigados a experimentá-la e a conhecer suas vantagens e desvantagens. O IMPACTO DA TECNOLOGIA MÓVEL NA SAÚDE O trabalho de profissionais da saúde é extremamente móvel em sua própria natureza. Distintamente de trabalhadores de escritório, que podem ter seus instrumentos de trabalho em uma sala fixa, médicos e enfermeiros precisam estar próximos a seus pacientes, seja em leitos de hospital ou em suas casas. As funcionalidades dos programas instalados em tecnologias móveis focadas em saúde aumentam a cada dia. Smartphones possibilitam comunicação a distância entre paciente e profissionais da saúde, tornam cálculos de dosagem e formulação de medicamentos disponíveis em qualquer lugar e hora e possibilitam acesso a recursos médicos valiosos, como guias de diagnóstico, referência de remédios e pesquisa de literatura no local. Além disso, a tecnologia móvel permite que profissionais da saúde acessem os sistemas que armazenam históricos médicos de qualquer lugar, o que facilita a consulta via chamada, ou telemedicina, e permite que exames mais comuns, como teste de acuidade visual, sejam feitos com um simples celular. Considerando o uso do smartphone pelos pacientes, há ainda mais vantagens. Além da comunicação e das consultas feitas por meio de seus celulares, os pacientes podem monitorar o seu peso, a pressão arterial, o colesterol ou a diabetes, ficando atentos para qualquer problema e estando em condições de fornecer informações mais assertivas e completas aos seus médicos. Pacientes também podem programar alertas para serem lembrados de tomar seus remédios, agendar consultas ou exames. As discussões em fóruns on-line ou informações disponíveis na web também podem apoiar leigos a enfrentarem problemas simples quando aprendem com experiências de outras pessoas que passaram por algo similar ou com o conhecimento e opinião de experts. Assim, os pacientes assumem a responsabilidade pela rotina de saúde e recorrem a médicos e hospitais para condições mais sérias. De maneira mais abrangente do que a relação médico-paciente, a tecnologia móvel pode ajudar a acompanhar a evolução de doenças no mundo, principalmente durante pandemias, e ajudarem em desastres naturais, auxiliando na localização de pessoas que precisam de suporte emergencial. Além disso, a telemedicina pode dar acesso a programas de saúde para populações que antes não tinham auxílio, seja por custos ou por estarem em regiões remotas. Além de ajudar a superar limitações monetárias e geográficas, a tecnologia móvel também auxilia no tratamento e na vida de pessoas doentes ou com deficiência. As crianças com autismo, por exemplo, usam tablets para auxiliá-las a focarem e a se comunicarem com as pessoas a sua volta. Mensagem de texto ou programas que “falam” tiveram um tremendo impacto na vida de surdos, facilitando sua comunicação com o mundo. Indivíduos que nasceram surdos estão recebendo implantes que podem ser programados por tecnologia sem fio, permitindo que escutem seus entes queridos pela primeira vez. Diabéticos podem monitorar sua glicose e ainda ter um dispositivo que injeta a quantidade correta de insulina no organismo. Cegos alcançam um grau maior de independência com o auxílio de smartphones, já que esses aparelhos podem “falar” o que está escrito da tela, guiá-los por caminhos nas grandes cidades e até escanear o valor do troco recebido em uma loja. As possibilidades são imensas! A tecnologia móvel teve grande papel na saúde durante a pandemia da covid-19. A comunicação eficiente por meio de smartphones ajudou a divulgar importantes mensagens para a população. Além disso, as pessoas evitavam ir a consultórios ou hospitais por medo de contágio, então a telemedicina ganhou muitos adeptos. Por fim, não era permitido que familiares e amigos visitassem pacientes infectados pelo vírus e internados em hospitais. Nessas circunstâncias, celulares e tablets foram essenciais para conectar os dois lados. O IMPACTO DA TECNOLOGIA MÓVEL NO COTIDIANO A tecnologia móvel se tornou indispensável no dia a dia. Smartphones substituíram inúmeros dispositivos familiares, como despertadores, mapas, câmeras, tocadores de músicas, livros e muito mais. Se estamos agendando um táxi, procurando um restaurante, marcando uma reunião ou checando as últimas ofertas do mercado, os smartphones auxiliam de forma que transforma o nosso cotidiano. Os dispositivos em nossas casas estão ficando cada vez mais inteligentes e podemos controlá-los na palma de nossas mãos com celulares ou tablets. Temperatura, televisão, abertura de cortinas, máquina de café e muitos outros itens já podem ser ativados por aplicativos celulares. No entanto,a segurança e a privacidade são preocupações que foram adicionadas ao nosso cotidiano. A utilização de aparelhos móveis e redes sociais traz à tona ameaças, como predadores sexuais e hackers que roubam dados de cartão de crédito. Em comparação a um computador, celulares possuem menor espaço em disco para controles de segurança, além de estarem conosco o dia inteiro, expondo-nos mais a esses perigos. Faz parte da rotina dos pais se preocuparem com o que a criança está vendo e a que (ou quem) ela está se expondo. Tendo isso em vista, foi lançado nos EUA o livro Raising digital families for dummies (Criando famílias digitais para leigos, em tradução livre), que ajuda os pais a gerenciarem essa difícil tarefa de proteger seus filhos na internet. O livro promete ensinar a administrar as plataformas de mídias sociais para as crianças, a dar orientações para jovens blogueiros, a monitorar as atividades das crianças em computadores e dispositivos móveis e a criar políticas familiares de acesso à internet. Nossos celulares também passaram a ter um importante papel em nossos relacionamentos amorosos. Eles são atores fundamentais na vida dos casais e estão presentes no desenvolvimento, na manutenção e na dissolução dos relacionamentos. Smartphones popularizaram aplicativos de relacionamento que conectam pessoas geograficamente próximas, dando início a muitos encontros. Com a constante troca de mensagens e fotos, os parceiros se sentem mais próximos e conectados ao longo do dia. Eles negociam sobre as regras de utilização do aparelho – quando podem e quando não devem usá-lo – e constantemente brigam sobre a atenção dividida entre a pessoa e o celular. Esses aparelhos facilitam a invasão de privacidade entre casais: há aplicativos de geolocalização que informam o local que o indivíduo está; além, é claro, do parceiro que averigua o celular do outro em busca de conversas ou fotos comprometedoras. A tecnologia móvel também afetou como fazemos compras. As compras on-line já eram uma realidade com a internet, mas a popularização delas cresceu muito com o avanço dos smartphones. Como já foi falado, as pessoas como consumidores foram impactadas de diversas maneiras, desde visualizar publicidades em canais digitais que levam para lojas on-line, até receber mensagens personalizadas ao entrar em algum mercado. Atualmente, a utilização de dinheiro vivo diminuiu muito. Tecnologias móveis tornaram a aceitação de cartão de crédito e débito muito mais prática e rentável para lojistas, inclusive para vendedores informais que passaram a aceitar essa modalidade ao instalar um simples aplicativo em seu smartphone; consumidores podem até pagar contas somente utilizando o celular. Com aplicativos de banco, o correntista tem tudo que precisa em seu bolso: ele paga contas, acessa seu extrato, é alertado quando há atividade suspeita e tem informações sobre seu balanço a qualquer momento, o que facilita tomar decisões. A maneira como nos entretemos e passamos o tempo livre também foi muito impactada pela popularização das tecnologias móveis. Atualmente, o consumo de entretenimento é completamente diferente: escutamos música, lemos livros e revistas e vemos filmes e séries por aplicativos, na hora e lugar que desejarmos. Temos incontáveis jogos a nossa disposição e um mundo de opções para aproveitarmos momentos de lazer. Os smartphones facilitaram ainda os pedidos de entrega de restaurantes e até apresentaram novas opções de acordo com o comportamento do usuário, que poderiam ser desconhecidas em outros tempos, além de influenciarem na escolha de qual restaurante ir, com os populares rankings e avaliações nas redes sociais. Para quem gosta de viajar, há uma variedade enorme de aplicativos que auxiliam desde a reserva de hotéis e compra de passagens aéreas até o planejamento das atividades turísticas e a movimentação pela cidade. Dispositivos móveis e seus aplicativos ainda ajudam aqueles que gostam de praticar exercício físico no controle da duração e intensidade das atividades, podendo comparar suas conquistas com as de seus amigos. O IMPACTO NEGATIVO DA TECNOLOGIA MÓVEL NA SOCIEDADE Foram abordados nas páginas anteriores os impactos da tecnologia móvel na sociedade que são, em sua maioria, positivos. No entanto, o uso demasiado da tecnologia pode trazer consequências negativas e pesquisadores já começaram estudá-los. Já foi falado sobre os problemas relacionados à segurança (pessoal e de dados) e à privacidade, que são ameaçadas com a popularização da internet e dos dispositivos móveis, porém ainda há mais o que explorar. Um artigo da National Geographic explora justamente o custo dessa revolução causada pelos smartphones. Uma das consequências prejudiciais é o efeito na nossa habilidade de focar. Um estudo citado no artigo, feito na Universidade do Texas, compara os resultados de desafios mentais feitos por respondentes que (1) tinham seus celulares em outra sala, (2) tinham seus celulares em seus bolsos sem poder tocá-los e (3) tinham seus celulares em cima da mesa em que responderam ao teste. Mesmo que os celulares não tivessem nenhum papel no desafio, o quanto eles estavam acessíveis teve um efeito sobre o desempenho dos participantes. Os melhores desempenhos vieram do grupo cujo celular estava em outra sala, seguido pelo grupo com celulares no bolso e, por último, o pior desempenho foi do grupo com celulares sobre a mesa. No geral, pesquisadores preocupam-se que o vício em smartphones possa prejudicar a habilidade dos jovens em ler e compreender textos, afetando o pensamento crítico. Quando falamos na geração Z, foi comentado que o fato de estarem sempre conectados (always on) pode causar perda de sono e consequente ansiedade. Considerando que a popularização dos smartphones continua sendo um fenômeno em ascensão, respostas definitivas sobre esses problemas ainda são difíceis. No entanto, Reinke, no livro 12 ways your phone is changing you (12 maneiras que seu telefone está mudando você, em tradução livre), publicado em 2017, relata, sem compromisso científico, os impactos dos smartphones nas nossas vidas, sentimentos e relacionamentos. Nós nos tornamos viciados em distração, ignoramos nossa família, imploramos por aprovação imediata, esquecemos a maneira correta de escrever, nos alimentamos do que é produzido industrialmente, nos tornamos o que “curtimos”, ficamos solitários, nos confortamos em “vícios secretos”, perdemos significado, temos medo de ser excluídos, ficamos severos com o outro e nos perdemos no tempo. SINTETIZANDO O smartphone é tão importante em nossas vidas que é impossível imaginar a sociedade hoje sem ele. De fato, muitos dos nossos comportamentos e da nossa cultura foram influenciados por esse item, e compreender a sua história, com os impactos que sua popularização trouxe, é muito importante. Nesta unidade, aprendemos a história do smartphone, iniciando na época em que nossos antepassados começaram a compreender a matemática e passando pela evolução dos computadores. Depois, exploramos as três gerações (X, Y e Z), que estão convivendo atualmente, e o quanto a tecnologia influenciou na diferenciação entre elas. Por fim, analisamos diretamente os impactos, bons e ruins, que a popularização do smartphone trouxe na sociedade e em nosso cotidiano. O esclarecimento do contexto em que surgiu a tecnologia móvel e o atual, que é consequência, trazem os conhecimentos necessários para entender melhor a transformação digital como um todo. Unidade 2 - Nova realidade: ubiquidade da computação e internet das coisas Cenário atual computação na mão do usuário Nas últimas décadas, tecnologias móveis se tornaram onipresentes. Com o abundante uso de smartphones, a maneira como nos comportamos no dia a dia certamente foi transformada. Comparando os smartphones atuais com celulares de alguns anos atrás, hojetemos algo mais próximo de um minicomputador ao nosso alcance a todo momento. Com possibilidades de uso praticamente ilimitadas, a cada nova funcionalidade há uma nova maneira de interação, demandando maior manuseio do dispositivo. Viver com esse aparelho em nossas mãos traz consequências diretas. Os jovens, grupo que mais os utiliza, são os mais sujeitos a enfrentarem essas consequências. É comum ver pessoas caminhando pelas ruas de cabeça baixa, destinando sua atenção exclusivamente a seus smartphones. Esse hábito está gerando debates sobre segurança e integridade física, pois ao caminhar olhando para baixo, usuários se expõem a riscos como quedas, acidentes e assaltos. Text neck, pescoço de texto em tradução literal, é um termo que nasceu nesse contexto. Ele remete a essa postura de cabeça baixa quando o usuário está utilizando seu smartphone e a palavra “texto” remete às trocas de mensagens de texto instantâneas, uma das atividades mais comuns ao usar esse aparelho. Há cada vez mais casos de text neck que, pela tensão gerada na nuca e no pescoço por ficar muito tempo em uma posição inclinada indevida para ver a tela de seu celular, podem ser causadores de dores de cabeça e de dores nos braços e ombros. Outro termo que também surge no contexto do uso exagerado do smartphone é o whatsappitis, um diagnóstico da dor bilateral do punho gerada pelo movimento repetitivo de digitar. O nome é uma clara “homenagem” ao conhecido e amplamente utilizado aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp. A quantidade de acidentes envolvendo pedestres nos Estados Unidos tem aumentado nos últimos anos e uma das principais causas apontadas é a distração dos usuários de smartphone que, em vez de estarem atentos, centram sua visão nas telas de seus smartphones ao caminharem pela rua. O número desse tipo de acidente aumentou em 8% (2011) se comparado a 2009, alertando as autoridades americanas (BUENO; LUCENA, 2016). Além de andar olhando para seu smartphone, indivíduos também dirigem seus carros com o aparelho em suas mãos. Um estudo nos Estados Unidos mostrou que 25% de todos os acidentes com automóveis que foram registrados no País foram causados por motoristas que enviavam mensagens de texto ou falavam ao celular. Além disso, o estudo apontou que um motorista que dirige enquanto usa seu smartphone não enxerga em torno de 50% do que está acontecendo ao seu redor (BUENO; LUCENA, 2016). Ter um minicomputador em nossas mãos grande parte do dia traz consequências imediatas, mas também traz mudanças na maneira como vivemos em sociedade. Dentre elas, falamos sobre impactos na economia, nas empresas, na saúde, na educação, na maneira como nos relacionamos etc. Nos próximos parágrafos vamos entender como está atualmente a utilização dos smartphones. Sabemos que em torno de 67% dos brasileiros acessam a internet e que o aumento de 37% no número de usuários (em comparação aos últimos cinco anos) se deu em grande parte pela popularização dos smartphones. Isso é evidenciado pelo dado que mostra que esse é o principal aparelho de acesso à internet (97% dos brasileiros usam seus celulares para navegar na web). No mundo, estima-se que 77% da população possua um smartphone (BUENO; LUCENA, 2016). Um estudo brasileiro conduzido por Domingues e colaboradores (2018) explorou hábitos de usuários de smartphones. Foram coletados dados de mais de 5 mil usuários durante o ano de 2014 (de janeiro a dezembro) a partir de uma operadora de celular. Grande parte dos usuários monitorados está concentrada na região Sudeste do País, assim como grande parte da população e do PIB do Brasil. Os aplicativos estudados foram Facebook, Instagram, WhatsApp, IBM Notes/Verse, Waze, YouTube, Netflix e navegadores (Chrome, Firefox). Os gráficos apresentados na Figura 1 mostram a quantidade de eventos (número de vezes que o aplicativo ficou em primeiro plano no celular) e a quantidade de tempo dedicados a cada aplicativo estudado. O mais utilizado em número de eventos e quantidade de tempo é o WhatsApp, seguido por Facebook, navegadores e IBM Notes. Uma vez abertos, o tempo médio de uso varia entre os aplicativos, como pode ser visto no Gráfico 1. Usuários passam mais tempo por acesso nos aplicativos Waze e YouTube/Netflix, podendo ser chamados de aplicativos de acesso prolongado. Os acessos ao WhatsApp, por mais que sejam em maior quantidade, são os mais curtos. Outra maneira de analisar o uso dos aplicativos nos smartphones é entender a rotina de uso vista nos gráficos apresentados na Figura 2, que mostram uma análise por aplicativo. O padrão de utilização dos aplicativos Facebook, WhatsApp e Instagram são similares: durante a semana possuem um pico no fim da tarde e outro um pouco menor logo antes do horário de almoço. A diferença é que, ao contrário do WhatsApp, o Facebook e principalmente o Instagram também são acessados no fim de semana. O Waze é muito acessado no fim da tarde, logo antes do horário de trânsito nas cidades, provavelmente por usuários verificando o estado dos caminhos antes de irem para casa. A utilização dos navegadores é bem distribuída, ao contrário do uso do Netflix e Youtube, que está bem concentrado após o trabalho e aos fins de semana. Já o IBM Notes é utilizado quase que exclusivamente durante o horário laboral. Apesar da estimativa mundial de que 77% da população possua um smartphone e da crescente popularização desse aparelho, há discrepância do acesso à internet considerando país e idade. Veja no Gráfico 2 a comparação entre dois países europeus: na Dinamarca, considerada um dos países mais desenvolvidos, quase 100% da população acessou a internet nos últimos três meses, com uma diferença pequena entre grupos mais velhos e mais novos. Comparada à Romênia, considerada menos desenvolvida, o percentual da população, mesmo jovem, que acessou a internet nos últimos três meses é muito menor; enquanto a discrepância entre grupos etários é muito maior. APLICATIVOS MÓVEIS “Um ano depois, a Apple inaugurou a App Store para o iPhone, gerando uma explosão no desenvolvimento de aplicativos” (LOWDERMILK, 2019). Nessa frase, o autor se refere ao ano de 2008, um ano depois da Apple lançar o iPhone, que deve seu sucesso em grande parte às múltiplas possibilidades que seus aplicativos oferecem. Não é justo separar a popularização da internet e dos smartphones do crescimento da oferta de aplicativos. A combinação de tecnologias móveis de interface amigáveis com ambiente de desenvolvimento de aplicativos com baixas barreiras de entrada aliados à melhoria de conectividade sem fio criaram o ciclo virtuoso ilustrado no Diagrama 1, onde cada fator influencia positivamente no crescimento do outro. Se os smartphones estão sempre em nossas mãos, muito se deve à existência dos aplicativos e, por isso, vamos estudar um pouco mais sobre esse assunto. Mesmo antes da era da tecnologia móvel, tanto a banda larga fixa como computadores e softwares já começaram a transformar a sociedade. Serviços como buscadores, e-commerce e mídias sociais foram desenvolvidos ao mesmo tempo que softwares de negócio e jogos tiveram seu início no desktop. Ainda assim, os universos on-line e off-line ainda permaneciam como duas realidades distintas. A era dos aplicativos móveis começou no fim de 2008 e a barreira entre on-line e off-line se torna cada vez mais tênue e turva porque as tecnologias móveis estão cada vez mais presentes nas nossas atividades off-line. A Figura 3 mostra essa evolução desde o lançamento do iPhone até os dias atuais. EXPLICANDO O termo mobile first, “dispositivo móvel primeiro” em tradução livre, surgiu para retratar a importância de desenhar sites e softwares pensando, primeiramente, no usuário de aparelhos móveis (celulares, na maioria dos casos), dando mais importância para a experiência móvel quepara a experiência em desktops. Já mobile-only, ou “somente dispositivo móvel” em tradução livre, surge depois como consequência da preferência cada vez maior de usuários em acessar a internet via smartphones. São sites ou softwares desenhados pensando apenas no acesso via tecnologias móveis. Com mais de um milhão de aplicativos disponíveis para download nas “lojas”, pode-se pensar que esse mercado já tenha atingido sua maturidade. No entanto, a difusão dos aplicativos móveis ainda está em fase inicial. A concretização total dos benefícios potenciais de uma nova tecnologia leva décadas para ser atingida, já que indivíduos precisam de tempo para se acostumar e aprender uma nova maneira de trabalhar. Por exemplo, computadores comerciais foram lançados nos anos 1960 e a adoção do mouse para facilitar a interface só foi adotada entre 1983 e 1984. Contudo, foi na segunda metade da década de 1990 que claras evidências de melhora na produtividade foram vistas, particularmente pelo lançamento da World Wide Web, de navegadores com interface mais amigável para leigos e pelo início de empresas-chave como Amazon, eBay e Google no fim dos anos 1990, além do Facebook em 2005. A popularização de smartphones ocorreu mais rapidamente do que a dos computadores, mas claramente ainda estamos longe do potencial de difusão e inovação dos aplicativos móveis. A difusão inicial da Internet das Coisas mostra que ainda há muito o que ser desenvolvido e que aplicativos ainda serão utilizados para muito mais funcionalidades do que as atuais. Desse modo, Mandel e Long (2017, p. 4) afirmam que “Funcionários de muitas empresas já estão usando aplicativos para monitorar ou controlar os processos de trabalho. Esses aplicativos serão altamente funcionais e sofisticados, servindo como papel essencial na interação com o nosso ambiente”. Foi a partir do lançamento do iPhone e da loja de aplicativos que se criou um mercado com grande procura e oferta. A oferta é formada por desenvolvedores profissionais que atendem indivíduos (por meio da disponibilização de seus softwares para download), mas que também podem ser contratados por empresas para desenvolver soluções personalizadas. Essas empresas não são só focadas em informática, são firmas comuns, grandes e pequenas, de serviços e de produtos de todos os tipos, que buscam facilitar e otimizar seus processos com apoio da tecnologia. A Economia de Aplicativos é um grande ecossistema de empregos, empresas e renda que estão relacionados aos aplicativos móveis. Ela é composta por programadores individuais e por empresas desenvolvedoras, que, por sua vez, possuem uma estrutura organizacional com áreas de vendas, RH, finanças, entre outras. Estima-se que em janeiro de 2017 havia 312 mil empregos no Brasil provenientes dessa economia (MANDEL; LONG, 2017). Os indivíduos que trabalham nessas empresas também consomem inúmeros outros negócios, suportando a economia local. TECNOLOGIA VESTÍVEL Ao falar de tecnologias móveis e situar onde estamos hoje, é necessário abordar as wearable technologies, ou tecnologias vestíveis. Elas são caracterizadas por serem dispositivos usados no corpo, como roupas, relógios e óculos inteligentes. Até a primeira década dos anos 2000, o mercado para esse tipo de tecnologia era pequeno, por ser algo caro e dispensável. Com a popularização dos smartphones, esse mercado chegou até a diminuir, mas com o aumento da conectividade entre aparelhos e o surgimento de novas possibilidades com os aplicativos, esse mercado ganhou novo fôlego. Tecnologias vestíveis, ou aparelhos vestíveis, são computadores ou dispositivos eletrônicos que são integrados a roupas ou a outros acessórios que devem, essencialmente, ser usados de maneira confortável pelo usuário. Alguns deles fazem as mesmas tarefas que smartphones ou laptops, mas os mais relevantes são aqueles que os ultrapassam em performance já que possuem funcionalidades que os permitem sentir e scanear o que acontece a sua volta, como acompanhamento das funções corporais. Esses dispositivos podem ser relógios, óculos, lentes de contato, tecidos especiais, capas, joias e até aparelhos especiais para ajudar a escutar e que se parecem com brincos. Geralmente as tecnologias vestíveis são projetadas para serem fáceis de vestir e retirar, mas existem formas mais invasivas – como é o caso de implantes ou tatuagens inteligentes. Um dos objetivos desse tipo de tecnologia é ser incorporada perfeitamente (sem incômodos) no dia a dia das pessoas e ser mais discreta possível, ou até invisível. Passar despercebida é uma das principais diferenças entre tecnologias vestíveis e tecnologias móveis no geral, como smartphones e tablets. Sem embargo, as tecnologias vestíveis não são uma inovação tão recente assim. Os primeiros aparelhos datam dos anos 1970, mas a miniaturização, a flexibilização e a autonomia tecnológicas desenvolvidas nos anos seguintes possibilitaram a evolução dessa categoria. No início dos anos 1990 ela representava um hobby, uma atividade de lazer para um pequeno grupo de pessoas em algumas universidades e institutos. Como expoente dessa tendência, temos o inventor e engenheiro Steve Mann, que é considerado o “pai das tecnologias vestíveis”. CURIOSIDADE No início dos anos 1980, o cientista Steve Mann construiu um sistema para fotografia vestível, integrando flash, bateria e câmera em um capacete com uma mochila. No MIT, onde continuou sua pesquisa, foi um dos principais nomes em tecnologias vestíveis do início de década de 1990. Ele é mais conhecido por seu trabalho em realidade aumentada e alterada em que uma câmera capta o ambiente visível e projeta as imagens editadas em óculos especiais. No geral, tecnologias vestíveis podem ser divididas em duas categorias: computadores vestíveis e tecidos inteligentes. O primeiro consiste em abrigar eletrônicos em acessórios como relógios ou pulseiras e, por sua natureza discreta, permitem que seus usuários realizem tarefas como ler uma mensagem de texto de maneira socialmente aceitável. Já os tecidos inteligentes (smart textiles) são utilizados pela propriedade física do material (como deslizar facilmente durante uma competição de natação) ou quando qualidades eletrônicas são inseridas nos tecidos, possibilitando que esses “sintam” o ambiente, medindo ou reagindo a estímulos. Com as novas possibilidades advindas da conectividade de aparelhos, as empresas de tecnologia estão criando uma geração de dispositivos vestíveis que se conectam não só com smartphones, mas “conversam” entre si e ainda alimentam bancos de dados de interesse do usuário. Por exemplo, durante o exercício físico, a faixa que acompanha o ritmo cardíaco pode estar conectada ao seu relógio, que mede a sua velocidade e distância e envia ao seu smartphone. Em determinados momentos, de acordo com o histórico armazenado, seu o aplicativo pode enviar alertas mostrando que sua frequência está alta ou baixa demais de acordo com a média, ou que você atingiu determinado recorde de performance. Tecnologias vestíveis podem ser utilizadas em muitas áreas, como entretenimento, educação, saúde, finanças, jogos etc. No entanto, vale dizer que seus grandes potenciais parecem ser sua aplicação no cuidado com a saúde, medicina e esportes. O smartwatch, ou relógio inteligente, tem se mostrado um novo vício e é um produto ainda em sua infância. Eles são computadores integrados em pulseiras que, à primeira vista, passam por relógios modernos. Sua grande aceitação parece vir pela possibilidade de replicar as ferramentas do smartphone e de se conectar com ele, como receber e enviar mensagens, navegar por mapas e até instalar aplicativos. Roupas inteligentes também estão sendo desenvolvidas. Já estão disponíveis no mercado camisetas com sensores embutidos que prometem monitorar funções fisiológicas, acompanhar ritmo cardíaco e de respirações,calcular o número de calorias gastos em um exercício e ainda determinar níveis de estresse. Essas camisetas são laváveis e possuem um módulo para recarregá-las e que lê os sensores. Outra moda no mundo das tecnologias vestíveis são dispositivos que, apesar de super inovadores, são desenhados para parecerem joias, como braceletes, colares e anéis. Eles foram inicialmente lançados para segurança pessoal: se o usuário corresse algum perigo, bastasse que ele tocasse no objeto, que enviaria um sinal para um programa ou pessoa designada e ainda compartilharia sua localização. Esses aparelhos também funcionam para idosos, que podem pedir ajuda quando caírem, por exemplo. A segunda geração desses dispositivos já tem a capacidade de monitorar níveis de atividade e possuem estação própria para carregamento de bateria. Por último, vamos lembrar de uma das primeiras categorias que surgiram com as tecnologias vestíveis: os óculos. Atualmente, muitas empresas – além do Google com seu famoso Google Glass – já entraram no mercado oferecendo diversas opções que possibilitam desde ler mensagens recebidas no smartphone, assistir a filmes ou jogar em realidade aumentada. Esses foram apenas alguns exemplos de tecnologias vestíveis. Suas possibilidades potenciais são imensuráveis, ainda mais com a conectividade entre diversos aparelhos. Esse tipo de tecnologia mostra como cada vez mais é difícil enxergar ou distinguir a barreira entre o real e o virtual, entre o on-line e o off-line. Computação ubíqua e pervasiva A tecnologia da comunicação e informação passou por uma grande evolução nas últimas décadas. Com a miniaturização de computadores e o desenvolvimento de sensores cada vez menores e mais poderosos, surgiram computadores inteligentes “embutidos”, o que começou a mudar profundamente nossas vidas. Nesse contexto, surgiram expressões como “computação ubíqua”, “computação pervasiva” e “Internet das Coisas”, que se referem a visões tecnológicas que possuem em comum uma ideia básica: tornar recursos computacionais disponíveis a qualquer hora e em qualquer lugar, liberando o usuário de ter que interagir com aparelhos de maneira explícita por meio de teclados e telas. Isso foi possibilitado pela inserção invisível de dispositivos tecnológicos em objetos do cotidiano, equipando-os com sensores que permitem que eles coletem informação do ambiente e da pessoa sem a intervenção ativa do usuário e, às vezes, até sem o consentimento dele. O conceito central da computação ubíqua é a migração da computação dos computadores de trabalho e pessoais para o nosso cotidiano, tornando-a pervasiva em nossas vidas. EXPLICANDO De acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, pervasivo é um termo originado do latim, pervasus, que significa aquilo que se “espalha, infiltra, penetra facilmente em algo ou alguém”. Já ubíquo, que também tem origem no latim ubiquus, significa “o que está ao mesmo tempo em toda a parte” (onipresente) e “o que está difundido em todo lado” (geral, universal). CONCEITOS DE COMPUTAÇÃO MÓVEL, COMPUTAÇÃO PERVASIVA E COMPUTAÇÃO UBÍQUA Por mais que sejam utilizados por muitos como sinônimos, os termos “computação ubíqua”, “computação pervasiva” e “computação móvel” são conceitualmente distintos, mas intimamente relacionados. Araujo (2003, p. 45) explica que “A computação ubíqua integra mobilidade em larga escala com a funcionalidade da computação pervasiva”, ou seja, a computação ubíqua não é só uma tecnologia móvel, é uma tecnologia móvel que penetra ou se infiltra fluidamente em nosso cotidiano (pervasividade). A computação móvel abrange dispositivos computacionais que se comunicam por meio de uma rede sem fio e permite que seus usuários se movimentem enquanto os utilizam; portanto, o indivíduo pode utilizar as funcionalidades de um computador independentemente do local, então, a barreira da localidade se dissolve. No entanto, uma limitação desse tipo de computação é que esta não possui a capacidade de adaptar-se e aprender com o ambiente, ou seja, o usuário que deve programar as configurações a seu modo. Já a computação pervasiva assume que os dispositivos eletrônicos estejam intrínsecos, embutidos ou “embarcados” no ambiente, sem que o usuário tenha consciência disso. Ela tem a capacidade de captar informações do ambiente a sua volta para controlar, configurar ou ajustar suas características para melhor atender às necessidades do utilizador e ainda poder detectar a presença de outros dispositivos. Essas tecnologias possuem a capacidade de aprender com as interações, ou seja, são vistas como “inteligentes”. A computação pervasiva possui quatro paradigmas, explicados no Quadro 1: descentralização, diversificação, conectividade e simplicidade. Por sua vez, a computação ubíqua junta a mobilidade em grande escala com a funcionalidade da computação pervasiva, como no esquema mostrado na Figura 4. Usuários utilizam seus dispositivos móveis em qualquer localização e, quando inseridos em determinado lugar, a interação entre esses dispositivos com os dispositivos do ambiente pode construir, de maneira dinâmica e inconsciente ao utilizador, modelos computacionais que fazem que todos os dispositivos da interação se adaptem às necessidades da pessoa. Algumas plataformas de mídia, como televisões e monitores, são fixas, mas se tornam ubíquas porque estão cada vez mais presentes em diferentes ambientes: bares, aeroportos, escolas, salões de beleza e muitos outros lugares públicos que rodeiam nossas casas. Muitos desses dispositivos são portáveis e se tornaram parte intrínseca do nosso mundo simplesmente porque levamos eles a todos os lugares. Usuários interagem com múltiplos dispositivos computacionais ao seu redor – ou em seu corpo – de uma maneira natural. Essas interações a qualquer hora e lugar deram origem ao termo “computação ubíqua”. Por mais que tecnologias móveis e vestíveis sejam um fenômeno massivo relativamente recente e com a adoção em larga escala de smartphones iniciada no fim da primeira década do século XXI, esse não é um assunto novo. No XXI Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores, que ocorreu em 2003, a computação ubíqua foi um dos principais assuntos. No texto de abertura, Regina Borges de Araujo escreveu: O potencial de aplicações da computação ubíqua é limitado apenas pela imaginação - com a conexão, monitoramento e coordenação de dispositivos localizados em casas, edifícios e carros inteligentes, através de redes sem fio locais e de longa distância com alta largura de banda, as aplicações variam desde o controle de temperatura, luzes e umidade de uma residência, até aplicações colaborativas com suporte à mobilidade. Pesquisas em computação ubíqua estão sendo realizadas por pesquisadores do mundo todo em tópicos que vã o de protótipos de rede que proveem acesso básico a qualquer tipo de dispositivo sem fio, suporte à mobilidade na rede, de form a transparente, segurança, tratamento de contexto, otimização de espaço de armazenamento, largura de banda e uso de energia; formatação, compressão, entrega e apresentação de conteúdo multimídia que se adapta a diferentes condições de largura de banda e de recursos de dispositivos; até a adaptação da aplicação e da apresentação multimídia aos dispositivos do usuário etc. (p. 45). De fato, o termo “computação ubíqua” é mais antigo do que poderíamos inicialmente imaginar. Seu primeiro uso foi em 1991, pelo cientista sênior da Xerox, Marc Weiser. Ele utilizou esse termo para descrever um novo paradigma computacional que ele estava desenvolvendo com seu time. Vamos entender um pouco mais sobre as ideias desse visionário do início da década de 1990 nos próximos parágrafos. A PRIMEIRA VEZ QUE SE FALOU SOBRE UBIQUIDADE DA COMPUTAÇÃO Marc Weiser previu, em 1991, que dispositivos especializados de hardware e softwares conectados por fios,
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