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Prof. Nilton Ururahy Período Regencial (1831-1840) Período Regencial (1831-40) “Evento emblemático, o 7 de abril consagrou o espaço público como arena de luta dos mais diversos grupos políticos e camadas sociais, marcando a emergência de novas formas de ação política, em momento no qual, transbordando a tradicional esfera dos círculos palacianos e das instituições representativas, tornava-se pública e se assistia a uma rápida politização das ruas.” (BELISE, Marcello. “O laboratório da nação: A era regencial (1831-1840). In: GRINBERG, Keila & SALLES, Ricardo. O Brasil Imperial. Volume II – 1831-1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p.59). A Abdicação de D. Pedro I, de Aurélio Figueiredo, pintada em 1890. Período Regencial (1831-40) “[...] prefiro descer do trono com honra a reinar desonrado e aviltado os nascidos no Brasil congregaram se contra mim no campo da aclamação. Não querem saber de mim porque sou português . Estão dispostos a se desfazerem de mim porque sou português. Meu filho tem sobre mim a vantagem de ser brasileiro. Os brasileiros prezam-no. governará sem dificuldades e a constituição garante-lhe seus direitos. Renuncio a coroa conforme comecei, constitucionalmente”. (CARTA DE D. PEDRO I apud TAVARES, Luís Henrique Dias. O fracasso do Imperador: a abdicação de D. Pedro I. São Paulo: Ática, 1986). A Abdicação de D. Pedro I, de Aurélio Figueiredo, pintada em 1890. Período Regencial (1831-40) Regência Trina Provisória (abril a junho de 1831): ▪ Composição política: - Senadores: Nicolau Campos Vergueiro e José Carneiro de Campos. - Deputado: brigadeiro Francisco de Lima e Silva. ▪ Medidas políticas: - Anistia aos presos políticos. - Manutenção da Constituição de 1824. - Suspensão temporária do Poder Moderador até a maioridade de D. Pedro II. - Proibição a concessão de títulos de Nobreza. Período Regencial (1831-40) Regência Trina Permanente (1831- 1835) ▪ Composição política: - Deputados: brigadeiro Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho e João Bráulio Muniz. ▪ Medidas políticas: - Manutenção dos interesses dos grandes comerciantes e dos proprietários de terras: a. Latifúndio. b. Monocultura. c. Escravidão. d. Exportação de produtos tropicais. Período Regencial (1831-40) “A cultura política das elites brasileiras contemporâneas lhes tem permitido transformar o sono sobre um barril de pólvora em repouso em berço esplêndido. Afinal, por séculos a fio, elas não apenas conviveram como se reproduziram mediante a exclusão social (...) Nesse sentido, é possível que dois elementos tenham contribuído desde sempre para o verdadeiro êxito histórico desse padrão excludente: ...nossas elites inscrevem a pobreza no mundo da natureza (...) O segundo elemento refere-se ao comprometimento de toda a sociedade com a exclusão (...)”. (FRAGOSO, João & FLORENTINO, Manolo. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil em uma economia colonial tardia (1790- 1840). 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p. 235-237). Período Regencial (1831-40) A instabilidade política na Regência ▪ Fatores: - Aumento do custo de vida pelos impostos abusivos. - Descaso administrativo do governo regencial. - Insatisfação das camadas populares. - Revoltas populares. - Excessiva centralização política. - Falta de autonomia política das províncias (governos regionais). O Período Regencial é uma época da História do Brasil entre os anos de 1831 e 1840, interpondo-se, portanto, entre as fases do Primeiro e do Segundo Reinado. Quando o imperador D. Pedro I abdicou do poder em 1831, seu filho e herdeiro do trono D. Pedro de Alcântara tinha apenas 5 anos de idade. A Constituição brasileira do período determinava, neste caso, que o país deveria ser governado por regentes, até o herdeiro atingir a maioridade. Período Regencial (1831-40) O Período Regencial é uma época da História do Brasil entre os anos de 1831 e 1840, interpondo-se, portanto, entre as fases do Primeiro e do Segundo Reinado. Quando o imperador D. Pedro I abdicou do poder em 1831, seu filho e herdeiro do trono D. Pedro de Alcântara tinha apenas 5 anos de idade. A Constituição brasileira do período determinava, neste caso, que o país deveria ser governado por regentes, até o herdeiro atingir a maioridade. “Estes motins [populares nas ruas do Rio de Janeiro de 1831]... tiveram a vantagem de desenganar aos poucos facciosos e anarquistas que ainda nos incomodam, que o brasileiro não foi feito para a desordem, e que o seu natural é o da tranquilidade.” (FEIJÓ, Diogo Antonio [1831]. In: MOREL, Marco. O período das Regências (1831- 1840). Rio de Janeiro: Zahar, 2003, p. 55). Período Regencial (1831-40) Reação do governo às revoltas ▪ Criação da Guarda Nacional - Força paramilitar que não pertencia ao Exército. - Comandada por latifundiários (“Coronéis” ). - Composta por pessoas escolhidas pelos coronéis. ▪ Objetivos: - Combater qualquer revolta popular que ameaçasse o poder político das elites e da Regência. Batalhão de Fuzileiros da Guarda Nacional (1840–1845),por Brito & Braga. Período Regencial (1831-40) “A maior preocupação vinha, porém, da base do exército, formada por gente mal paga, insatisfeita e propensa a aliar-se ao povo nas rebeliões urbanas. Uma lei de agosto de 1831 criou a Guarda Nacional, em substituição às antigas milícias. A ideia consistia em organizar um corpo armado de cidadãos confiáveis, capaz de reduzir tantos excessos do governo centralizado, como as ameaças das classes perigosas. Compunham obrigatoriamente a Guarda Nacional, como regra geral, todos os cidadãos com direito de voto nas eleições primárias que tivessem entre 21 e 60 anos”. (FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp/FDE, 1996. p. 164). Batalhão de Fuzileiros da Guarda Nacional (1840–1845),por Brito & Braga. Período Regencial (1831-40) Criador da Guarda Nacional - Ministro da Justiça: Padre Diogo Antônio Feijó. ▪ Outras medidas de Feijó: - Código do Processo Criminal (1832): descentralizar a justiça para conceder maior autonomia aos juízes nas decisões judiciais nos municípios. “O período das regências constitui momento crucial do processo de construção da nação brasileira. Por sua pluralidade e ensaísmo [foi] um grande laboratório político e social, no qual as mais diversas e originais fórmulas políticas foram elaboradas e diferentes experiências testadas, abarcando amplo leque de estratos sociais. O mosaico regencial não se reduz, portanto, a mera fase de transição, tampouco a uma aberração histórica anárquica, nem mesmo a simples ‘experiência republicana’”. (BASILE, Marcello. “O laboratório da nação: A era regencial (1831-1840). In: GRINBERG, Keila & SALLES, Ricardo. O Brasil Imperial. Volume II – 1831-1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 97). Período Regencial (1831-40) Composição social Liderança Proposta política Restaurador (Caramuru) Comerciantes portugueses, militares conservadores e altos funcionários do Estado. • José Bonifácio • Centralização monárquica. • Favoráveis ao retorno do ex-imperador. • Manutenção da escravidão. Liberal Moderado (Chimango) Aristocracia rural. • Padre Feijó • Evaristo da Veiga • Bernardo Pereira de Vasconcelos • Monarquia Constitucional. Manutenção da escravidão. • Contrários à volta do imperador. Liberal Exaltado Classes médias urbanas, exército e pequenos proprietários rurais. • Maj. Miguel Frias • Cipriano Barata • Autonomia das províncias; • Descentralização política. Tendências Políticas Período Regencial (1831-40) Tendências Políticas “O que fazer com a revolução? Havia basicamente três respostas: negar (os absolutistas ou ultramonarquistas), completar e encerrar (vertente conservadora do liberalismo) e continuar (vertente revolucionária do liberalismo). Impossível era ignorá-la”. (MOREL, Marcos. O período das Regências(1831-1840). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p. 21). Período Regencial (1831-40) Ato Adicional de 1834 : ▪ Definição: Foi uma lei que promoveu mudanças na Constituição de 1824, atendendo a pressão pela autonomia provincial de políticos moderados e exaltados. Em outros termos, essa lei produziu uma descentralização política no país. ▪ Reformas constitucionais: - Concessão de maior autonomia aos governos das províncias com a criação das Assembleias legislativas Provinciais para elaborar leis regionais e locais. - Suspensão temporária do Poder Moderador. - Substituição da Regência Trina Permanente pela Regência Una, com mandato de quatros anos. “Art.1º - Câmaras dos Distritos e Assembléias substituirão os Conselhos Gerais, sendo estabelecido em todas as províncias com o título de Assembléias Legislativas Provinciais. [...] Art. 26º - Se o Imperador não tiver parente algum, que reúna as qualidades exigidas, será o Império governado, durante a sua menoridade, por um regente eletivo e temporário, cujo cargo durará quatro anos, renovando-se para esse fim a eleição de quatro em quatro anos. [...] Art. 32º - Fica suprimido o Conselho de Estado”. (ATO ADICIONAL DE 12 de agosto de 1834 apud MATTOS, Ilmar Rohloff de. O Império da Boa Sociedade: A consolidação do Estado Imperial Brasileiro São Paulo: Atual, 1991). Período Regencial (1831-40) “No todo, a Regência parece não ter tido outra função histórica senão a de desprender o sentimento liberal de aspiração republicana, que, em teoria, é a gradação mais forte daquele sentimento”. (NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império: Nabuco de Araújo, sua vida, suas opiniões, sua época. São Paulo: Editora Nacional, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1936, p.33). Tela de Antônio Parreiras (1860-1937) representando a fundação do Rio de Janeiro, que se tornou autônomo da província com o Ato adicional de 1834. Período Regencial (1831-40) “O período regencial foi um dos mais agitados da história política do país. Naqueles anos, esteve em jogo a unidade territorial do Brasil, e o centro do debate político foi dominado pelos temas da centralização ou descentralização do poder”. (FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp/FDE,1996. p. 161). Tela de Antônio Parreiras (1860-1937) representando a fundação do Rio de Janeiro, que se tornou autônomo da província com o Ato adicional de 1834. Período Regencial (1831-40) A morte de D. Pedro IV (D. Pedro I no Brasil) em 1834 ▪ Desdobramentos no Brasil: - Frustração política de militares e comerciantes portugueses que apoiavam o retorno do ex-imperador ao trono brasileiro. - Extinção partido Restaurador (Caramuru). - Dois partidos dominantes no país: 1. Liberal. 2. Conservador. D. Pedro em seu leito de morte em 1834, por José Joaquim Rodrigues Primavera. Período Regencial (1831-40) Composição social Liderança Proposta política Liberal Classes médias urbanas, clérigos e Proprietários rurais encarregados do abastecimento interno. • Padre Antônio Feijó • “Progressistas”. • Autonomia das províncias (descentralização política). Conservador Proprietários rurais ligados a exportação, Grandes Comerciantes, magistrados e burocratas (funcionários públicos). • Araújo Lima • “Regressistas”. • Fortalecimento do poder central (centralização política). Partidos Políticos Período Regencial (1831-40) Regência Una de Padre Feijó (1835-1837): ▪ Medidas políticas liberais e descentralizadoras: a. Conceder autonomia política as províncias. b. eliminar o poder moderador. c. Abolir o Senado vitalício. ▪ Entraves (dificuldades): - Crise econômica. - Eclosão de revoltas no Pará (Cabanagem) e no Rio Grande do Sul (Farroupilha). - Renúncia de Feijó em 19 de setembro de 1837. Diogo Antônio Feijó, retratado por Oscar Pereira da Silva. Período Regencial (1831-40) Regência Una de Araújo Lima (1837-1840): ▪ Medidas políticas conservadoras e centralizadoras: - Anulação do Ato Adicional de 1834, visando fortalecer o poder central e diminuir a autonomia das províncias. - Subordinação da Guarda Nacional aos delegados nomeados pelo governo central. Pedro de Araújo Lima, Marques de Olinda,1860. Período Regencial (1831-40) Regência Una de Araújo Lima (1837-1840): ▪ Entraves (dificuldades): - Agravamento das revoltas: Pará (Cabanagem) e no Rio Grande do Sul (Farroupilha), Bahia (Sabinada) e Maranhão (Balaiada). - Encaminhamento para o “Golpe da Maioridade” em 1840. Pedro de Araújo Lima, Marques de Olinda,1860. Período Regencial (1831-40) Clube da Maioridade (1840) ▪ Fundado pelos liberais e apoiado pelos conservadores. ➢ Motivações: - Evitar novas mobilizações e lutas populares pela igualdade política e social. - Antecipar a maioridade de D. Pedro de Alcântara, pois as elites acreditavam que somente a autoridade do imperador pudesse restaurar a ordem político-social-militar do país, suprimindo as revoltas provinciais que ameaçavam a unidade territorial do império brasileiro. “O Clube da Maioridade”, de Aurélio Figueiredo. “Queremos D. Pedro Embora não tenha idade A nação dispensa a lei E viva a maioridade.” Período Regencial (1831-40) “Desde 1835 cogitava-se antecipar a ascensão ao trono de D. Pedro, prevista pela Constituição para 1843, quando completava dezoito anos. O ambiente conturbado das Regências e o caráter descentralizador das medidas animavam a elite carioca no sentido de apostar na saída monárquica. Em 1838 os jornais da corte comentavam à solta a futura coroação do imperador e seu caráter obrigatoriamente sagrado [...]”. (SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 67). “O Clube da Maioridade”, de Aurélio Figueiredo. Período Regencial (1831-40) Golpe da Maioridade (1840) ▪ Formalização: - Aprovação de uma Emenda constitucional (23/07/1840) que decretava oficialmente a maioridade do jovem imperador (de 14 anos). - Coroação de D. Pedro II em (18/07/1841). - Tanto os liberais quanto os conservadores viam na antecipação da maioridade de D. Pedro de Alcântara uma oportunidade de manipulá-lo em razão de sua inexperiência política. Período Regencial (1831-40) “O imperador D. Pedro II era um mito antes de ser realidade. Responsável desde pequeno, pacato e educado, suas imagens constroem um príncipe diferente de seu pai, D. Pedro I. Não se esperava do futuro monarca que tivesse os mesmos arroubos do pai, nem a imagem de aventureiro, da qual D. Pedro I não pôde se desvincular. A expectativa de um imperador capaz de garantir segurança e estabilidade ao país era muito grande. Na imagem de um monarca maduro, buscava-se unificar um país muito grande e disperso”. (SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 64, 70, 91). Período Regencial (1831-40) Revoltas Regenciais ▪ Motivações: - A crise política e econômica que se arrastava desde a época da independência. - A excessiva centralização político- administrativa do Império. - Sobrecarga de impostos. - As péssimas condições de vida da esmagadora maioria da população. - Descontentamento de algumas elites regionais com o governo regencial. Período Regencial (1831-40) “As revoltas do período regencial não se enquadram em uma moldura única. Tinham a ver com as dificuldades da vida cotidiana e as incertezas da organização política. Mas cada uma delas resultou de realidades específicas, provinciais ou locais.” (FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. 2 ed. São Paulo: EDUSP, 2006. p. 88). Período Regencial (1831-40) “A fatalidade das revoluções é que sem os exaltados não é possível fazê-las e com eles é impossível governar. Cada revolução subentende uma luta posterior e aliança de um dos aliados, quase sempre os exaltados, com os vencidos. A irritação dos exaltados [trouxe] a agitação federalista extrema, operigo separatista, que durante a Regência [ameaçou] o país de norte a sul, a anarquização das províncias. [...] durante este prazo, que é o da madureza de uma geração, se o governo do país tivesse funcionado de modo satisfatório – bastava não produzir abalos insuportáveis –, a desnecessidade do elemento dinástico teria ficado amplamente demonstrada”. (NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império: Nabuco de Araújo, sua vida, suas opiniões, sua época. 2ed. São Paulo: Editora Nacional, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1936, p.21). Período Regencial (1831-40) Cabanagem, Pará (1835-1840) ▪ Fatores: - Falta de autonomia política da província desagradando a elite de fazendeiros da região. - Péssimas condições de vida das camadas populares (indígenas, mestiços e negros). Características: - Movimento popular (revolta dos cabanos). Líderes: - Batista Campos – cônego. - Clemente Malcher (fazendeiro). - Os irmãos Vinagre (Francisco e Antônio). - Eduardo Angelim (seringueiro). “O Cabano Paraense”. Pintura de Alfredo Norfini. Período Regencial (1831-40) “O Cabano Paraense”. Pintura de Alfredo Norfini. “É preciso compreender que se fazer cabano no Pará era uma opção difícil e que precisa ser analisada à luz de todo um modo de pensar e de estratégias de lutas, que, em certo modo, constituíam a vida cotidiana daqueles homens e mulheres de 1835- 1837, porém que foram gestados muito tempo antes, entre pessoas concretas que vinham de inúmeros lugares, com línguas, tradições e trabalhos diferenciados dentro da realidade amazônica”. (Magda Ricci. “De la independencia a la revolución cabana: la Amazonia y el nacimiento de Brasil (1808-1840)”. In: PEREZ, José Manuel Santos & PETIT, Pere. La Amazonia Brasileña em perspectiva histórica. Salamanca: Ediciones Universidade de Salamanca, 2006, p. 88). Período Regencial (1831-40) “Percebe-se ainda, no Pará, os efeitos da revolução de 1835. Quase todas as ruas têm casas pontilhadas de balas ou varadas por projéteis de canhão. Algumas foram apenas ligeiramente avariadas,outras quase que complemente destruídas.” (KIDELER, Daniel P. Reminiscências de viagens e permanência no Brasil, compreendendo notícias históricas e geográficas do Império e das diversas províncias. São Paulo: Livraria Martins. Ed. 1972. p. 168). “O Cabano Paraense”. Pintura de Alfredo Norfini. “Iniciada como conflito entre facções da elite local, a Cabanagem, no Pará (1835-1840), aos poucos fugiu ao controle e tornou-se uma rebelião popular. A revolta paraense atemorizou até mesmo liberais como Evaristo da Veiga. Para ele, tratava-se de gentalha, crápula, massas brutas. Em outras revoltas, o conflito entre elites não transbordava para o povo. Tratava-se, em geral, de províncias em que era mais sólido o sistema da grande agricultura e da grande pecuária. Neste caso está a revolta Farroupilha, no Rio Grande do Sul,que durou de 1835 a 1845”. (CARVALHO, José Murilo de Carvalho. A construção da ordem: a elite imperial. Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 252- 253.) Período Regencial (1831-40) Revolta dos Malês, Bahia (1835) Fatores: - Manutenção da escravidão. - Falta de terras. - Obrigatoriedade da religião católica. Características da revolta: - Abolicionista (extinguir a escravidão). - Étnica (defesa da etnia nagô/iorubá). - Religioso (defesa do culto islâmico). Líderes: - Pacífico Licutan. - Ahuna. - Manuel Calafate. Moradia de negros, de Rugendas. Período Regencial (1831-40) “Não há sombra de dúvidas sobre o papel central desempenhado pelos muçulmanos na rebelião de 1835. Os rebeldes – ou uma boa parte deles – foram para as ruas com roupas usadas na Bahia pelos adeptos do islamismo. No corpo de muitos dos que morreram a polícia encontrou amuletos muçulmanos e papéis com rezas e passagens do Corão usados para proteção”. (REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 158). Moradia de negros, de Rugendas. Período Regencial (1831-40) Guerra dos Farrapos, RS e SC (1835-1845) ▪ Fatores: - Excessivos impostos cobrados sobre o charque (carne-seca) gaúcho, tornando o produto nacional mais caro que o importado do Uruguai (Platino). - Falta de autonomia política das províncias. - Controle político dos chimangos (apoiavam a Regência e a monarquia). ▪ Características da revolta farroupilha: - Elitista (estancieiros – produtores de charque). ▪ Líderes: - Estancieiro Bento Gonçalves (conquistou Porto Alegre - Piratini). - Italiano Giuseppe Garibaldi (conquistou Laguna – Santa Catarina). Carga de cavalaria Farroupilha, de Guilherme Litran. Período Regencial (1831-40) “Eclodiu em 1835, no Rio Grande do Sul, a Guerra dos Farrapos. “'Farrapos' ou 'Farroupilhas' são expressões sinônimas, significando maltrapilhos, gente vestida com farrapos. Os Farrapos gaúchos receberam de seus adversários o apelido depreciativo. Mas a verdade é que, se suas tropas podiam ser “farroupilhas”, os dirigentes pouco tinham disso, pois representavam a elite dos estancieiros, criadores de gado.” (FAUSTO, Boris. Historia concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008, p.91). Carga de cavalaria Farroupilha, de Guilherme Litran. Período Regencial (1831-40) “A carne, o couro, o sebo, a graxa, além de pagarem nas alfândegas do país o duplo do dízimo de que se propuseram aliviar-nos exibiam mais quinze por cento em qualquer dos portos do Império. Imprudentes Legisladores nos puseram, desde esse momento, na linha dos povos estrangeiros, desnacionalizaram a nossa província e de fato a separaram da Comunhão Brasileira”. (GONÇALVES, Bento. Manifesto do Presidente da República Rio-grandense, 1838. In: GASMAN, Lydinéa (Org.). Documentos Históricos Brasileiros, compilação. Brasília, MEC/FENAME, 1976, p. 119- 120). “Proclamação da República Piratini” de 1939, de Antônio Parreiras (1915). Período Regencial (1831-40) “Em nome do povo do Rio Grande, depus o governador e entreguei o governo ao seu substituto legal. E em nome do Rio Grande do Sul, digo que nesta província extrema, afastada da Corte, não toleramos imposições humilhantes. O Rio Grande é a sentinela do Brasil que olha vigilante o Rio da Prata. Não pode e nem deve ser oprimido pelo despotismo. Exigimos que o governo imperial nos dê um governador de nossa confiança, que olhe pelos nossos interesses, ou, com a espada na mão, saberemos morrer com honra, ou viver com liberdade”. (Carta escrita em 1835 por Bento Gonçalves, líder farroupilha, ao Regente Feijó apud PESAVENTO, S. J. A Revolução Farroupilha. São Paulo: Brasiliense, 1990). “Proclamação da República Piratini” de 1939, de Antônio Parreiras (1915). Período Regencial (1831-40) Guerras dos Farrapos, RS e SC (1835-1845) ▪ Fim da Guerra: - Tratado de paz - Paz de Ponche verde ▪ Determinações dos farroupilhas: ✓ Garantir a anistia (perdão) geral dos revoltos. ✓ Incorporação dos oficiais farroupilhas ao exército imperial. ✓ Devolução das terras ocupadas aos antigos proprietários. ✓ Aumento do imposto sobre charque platino (uruguaio). ✓ Libertação dos escravos que lutaram na revolução farroupilha. Obs.: Barão de Caxias (Luís Alves de lima e Silva) recebeu o título de “Pacificador do Império”. Garibaldi liderando a expedição a Laguna, de Lucílio de Albuquerque. Período Regencial (1831-40) Rio-grandenses! Tenho o prazer de anunciar-vos que a guerra civil que por mais de nove anos devastou esta bela província está terminada. Os irmãos contra quem combatíamos estão hoje congratulados conosco e já obedecem ao legítimo governo do Império do Brasil. União e tranquilidade sejam de hoje em diante nossa divisa. Viva a religião, viva o Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. Viva a integridade do Império. (Proclamação feita pelo Barão de Caxias em 1845, fim da Revolução Farroupilha. SOUZA, Adriana Barreto de. Duque de Caxias: o homem por trás do monumento.Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008). Garibaldi liderando a expedição a Laguna, de Lucílio de Albuquerque. Período Regencial (1831-40) Sabinada, Bahia (1837-1838) ▪ Fatores: - Falta de autonomia política da província (governo local autoritário). - Recrutamento forçado da população baiana para combater os farroupilhas gaúchos. ▪ Características: - Movimento das camadas médias (profissionais liberais, militares, pequenos comerciantes e membros do clero) de Salvador. - Proclamar uma república temporária (somente até a coroação de D. Pedro de Alcântara. ▪ Líder: - Francisco Sabino Barroso (médico). Bandeira da República Bahiense: criada durante a Sabinada. Período Regencial (1831-40) Balaiada, Maranhão (1838-1841) ▪ Fatores: - Exploração imposta pelos grandes proprietários aos escravos, vaqueiros e artesãos. - Miséria na província. ▪ Características: - Movimento popular (vaqueiros, artesãos, balaios e escravos). ▪ Líderes: - Balaio Manuel Francisco dos Anjos. - Negro Cosme Bento das Chagas – ex-escravo. - Vaqueiro Raimundo Gomes. Boa parte dos revoltosos da Balaiada eram negros fabricantes de balaios, isto é, cestos de tala e palha, de Victor Frond,1859. Período Regencial (1831-40) “O Povo de Cor é que é a Força do Brasil” “Digam Senhores ... [se] estes homens de cor [negros] porventura não serão Filhos de Deus. Queiram senhores nos mostrar outro Adão e outra Eva. Queiram sangrar três homens em um só vaso – um branco, um negro e um caboclo –, e depois queiram mostrar dividido o sangue de um e de outro... Só se distingue o rico do pobre, o virtuoso do libertino, o justo do pecador, no mais tudo tem igual direito ...”. (Ofício de Raimundo Gomes Vieira Jutahy ao Major Falcão, 10 de Julho de 1840, em: Coleção Caxias, Pacote 1, Documento 45, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro). Boa parte dos revoltosos da Balaiada eram negros fabricantes de balaios, isto é, cestos de tala e palha, de Victor Frond,1859.
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