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História das Artes Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Rita de Cássia Garcia Jimenez Revisão Textual: Profa. Ms. Natalia Conti Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico • Introdução • Renascimento – a Busca do Clássico • Barroco – a Busca pela Emoção • Rococó · Conhecer os estilos e movimentos artísticos e estéticos: Renascimento e Barroco. · Elaborar opiniões referentes à produção artística contemporânea e ao patrimônio histórico e artístico, relacionando-os a história, sociedade, política e a cultura do país. · Respeitar e avaliar as diferentes correntes e tendências artísticas, suas origens e características. OBJETIVO DE APRENDIZADO Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Introdução Fig. 1 – A lamentação (1304-1306), de Giotto di Bondone, afresco Fonte: Wikimedia Commons Fig. 2 – Escola de Atenas (1510-1511), de Raffaello Sanzio da Urbino, afresco, Stanza della Segnatura, Palácio Apostólico, Cidade do Vaticano Fonte: Wikimedia Commons 8 9 Fig. 3 – The legend of Fred ILLE and Gwen VILAINE: Part II (2013), do grupo MTO Fonte: isupportstreetart.com O que há de semelhança entre as figuras 1, 2 e 3? O seu olhar pode percorrer os espaços representados nessas três imagens? A resposta é simples: o que você vê são imagens com representações da tridimensionalidade. Em nosso tempo, na contemporaneidade, ver imagens com profundidade pode parecer comum. Mas houve um tempo na história da arte em que este tipo de visualidade era algo novo e surpreendente. Vimos nas outras unidades que as imagens, enquanto linguagem, comunicam e apresentam significados e expressões em cada cultura. Dos tempos da arte rupestre até o momento atual, o que vemos é a formação de uma cultura visual (cultura de imagens). Cultura esta que apresenta valores e escolhas em cada época, estabelecendo diálogos que são atemporais. Na pintura da arte gótica dos séculos XII ao XIV, vemos uma busca para superar a criação de imagens simbólicas, para criar imagens mais realistas. Este novo pensamento influenciou profundamente a produção estética dos movimentos artísticos que estavam por vir. Na obra renascentista, A Lamentação (1304-1306) (Fig. 1), de Giotto di Bondone (1267-1337), vemos espaços entre as figuras e uma certa dramaticidade na narrativa. Podemos perceber a dor que as pessoas estão sentindo ao velar o corpo de Cristo e até mesmo a emoção das figuras que estão de costas. O artista cria uma visão mais humanista dos personagens bíblicos, ao contrário do que se fazia na Idade Média – arte românica e gótica –, quando as imagens eram mais estilizadas e simbólicas. 9 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico A principal preocupação da arte neste momento é criar ambientes nos quais a profundidade também é representada. A criação de planos na pintura passa a dar a sensação de podermos adentrar nos espaços e participar das cenas. O Renascimento apresenta imagens que buscam imitar a realidade, se utilizando da perspectiva, uma técnica capaz de criar ilusão de profundidade. Foram criados tratados matemáticos, assim como técnicas de luz e sombra para criar volumes e efeitos tonais para reforçar ainda mais a sensação de espaços dentro da imagem. As pessoas, quando viam uma imagem pintada com efeitos de perspectiva, chegavam a colocar a mão sobre a pintura para ter certeza de que ali não havia uma fenda. Era difícil acreditar que em uma superfície plana (bidimensional) poderia haver a percepção da tridimensionalidade. A pintura Escola de Atenas (Fig. 2) é um afresco pintado por Raffaello Sanzio da Urbino (1483-1520) no Palácio do Vaticano, para a Sala da Assinatura, a pedido do Papa Júlio II (1443-1513). A obra é a representação de uma cena construída da imaginação do artis- ta, já que os personagens representados não viveram todos no mesmo tempo. São filósofos, matemáticos, astrônomos e cientistas da Antiguidade que parecem conversar sobre a nova Basílica de São Pedro, um projeto antigo do arquiteto renascentista Bramante (1444-1514). Podemos identificá-los pelos gestos e po- ses de cada um. Vemos no centro Platão, com a mão apontando para cima, e Aristóteles ao seu lado, assim como Sócrates à esquerda deles e os matemáticos gregos Euclides e Pitágoras. Estes personagens ilustres estão em um espaço arquitetônico clássico com arcos e estátuas, construído com a técnica da perspectiva, que possibilita a organização dos personagens em diferentes planos, dando à sala da escola amplitude e profundidade em uma composição simétrica e harmônica. Rafael Sanzio, como é conhecido, é considerado o pintor que melhor desenvolveu os ideais clássicos da beleza, harmonia, forma e cor. Nos dias de hoje esse tipo de imagem é muito comum. Estamos acostumados a ver a profundidade nos desenhos, pinturas e fotografias, por exemplo. Nas salas de cinemas vemos as imagens em 3D e 4D com muita naturalidade. Tudo isso é consequência dos estudos da representação que se iniciaram no Renascimento. Podemos perceber no grafite do grupo MTO (Fig. 3) que, ainda hoje, há fascínio em criar mundos visuais em profundidade. Note que a pintura é feita na parede de uma casa, mas parece que o personagem está apenas encostado nela. Não é impressionante? Desde o Renascimento, buscamos ilusão e realidade em uma só imagem. 10 11 Renascimento – a Busca do Clássico De tempos em tempos, o Céu nos envia alguém que não é apenas humano, mas também divino, de modo que através de seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o Céu. VASARI, Georgio. (1511-1574). Fig. 4 – Davi (1501-1504) (detalhe), de Michelangelo, mármore, Museu Acadêmico, Florença (Itália) Fonte: michelangelobuonarrotietornato.com Se pensarmos na história como uma linha contínua, o que só complicaria nosso entendimento, poderíamos, então, vislumbrar a ideia de visitarmos o passado como fosse a história de nossos antepassados, como uma somatória de realidades que em um determinado momento convergem. O Renascimento, no fio de nossa complexa história, também nasceu da conver- gência de uma série de acontecimentosao longo dos séculos. Nasce na Itália e seu início se dá quando as pessoas percebem estar em uma nova era. O período do Renascimento, entre os séculos XIV e XVI, é um momento da história que acontecem grandes descobertas em muitas áreas do conhecimento. Ganhou muitas inovações técnicas, mas também buscou reinstaurar a grandeza das produções artísticas clássicas da antiguidade, principalmente a arte de Roma e da Grécia. Neste período a Europa revive, depois de quase um milênio, os ideais da cultura greco-romana, e com eles também os ideais humanistas e naturalistas. O ideal humanista significa para os artistas renascentistas a valorização do ser humano e da natureza em oposição ao divino e ao sobrenatural, impostos na Idade Média pela Igreja. 11 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Pré-Renascimento Florença, na Itália, foi a cidade onde surgiram as primeiras manifestações artísticas do Pré-Renascimento. Devido às ameaças do Duque de Milão, Florença se empenhou em resistir bravamente com uma campanha cívico-patriótica para garantir sua liberdade. Imbuída do título de protetora das artes, a cidade se dedicou à produção de obras para sua ornamentação, valorizando o papel do artista como um ser criador e homem de saber, como os literários e matemáticos. A família Médici, abastada e crente nesta nova era, teve um papel importante no incentivo à produção artística, contribuindo para o surgimento de um grupo de artistas talentosos, capazes de trazer de volta o esplendor da cultura greco-romana. Se destacaram Filippo Brunelleschi (1377-1446), na arquitetura; Donatello (1386- 1466), na escultura; e Tomasso Masaccio (1401-1428), na pintura. Fig. 5 – Cinco mestres da Renascença florentina (s/data), de Paolo Ucello. Da direita para a esquerda, Giotto di Bondone, Paolo Ucello, Donatello, Antonio Manetti e Felippo Bruneleschi Fonte: wikiart.org Na arquitetura renascentista, o que importava era a criação de espaços compre- ensíveis de todos os ângulos possíveis do olho humano e a busca de uma ordem na composição dos espaços. Se utilizaram das ordens arquitetônicas gregas e dos arcos e cúpulas da arquitetura romana. Filippo Brunelleschi foi um dos arquitetos que se destacou nesse período. Um dos seus trabalhos mais importantes foi a cúpula da Catedral de Florença, também chamada de Igreja de Santa Maria del Fiore (Fig. 6). A construção da catedral foi iniciada pelo arquiteto e escultor florentino Arnolfo di Cambio (1240-1310), mas a enorme cúpula com calota dupla foi feita por Brunelleschi, com um método que ele mesmo inventou. Por essa célebre realização, ele foi chamado para projetar outras igrejas e edifícios. Viajou pela Itália e mediu as ruínas de templos e palácios romanos, esboçando toda arquitetura e ornamentações desses antigos edifícios. Seu processo de criação dos projetos e a construção dos edifícios permitia que a antiga arquitetura greco-romano fosse utilizada livremente, criando novas formas de harmonia. Esse pensamento arquitetônico perpetuou-se na Europa por quase quinhentos anos. 12 13 Fig. 6 – Catedral Santa Maria del Fiore (1426-1434), de Fellipo Brunelleschi, em Florença (Itália) Fonte: italianrenaissance.org Na arquitetura renascentista, os conceitos arquitetônicos de Brunelleschi foram aos poucos sendo aceitos e utilizados pelos demais arquitetos ao longo dos anos. Nesta concepção, a linguagem e os conceitos greco-romanos são bem aplicados. Para Brunelleschi, o edifício não possui o homem, mas o homem, aprendendo a lei do espaço, possui o segredo do edifício. Leon Battista Alberti (1404-1472), arquiteto florentino, foi o segundo grande inovador da ar- quitetura renascentista. Apaixonado pela cultura greco-romana, projetava edifícios com fachada clássica, com colunas, capitéis, frontões e tímpa- nos, que lembravam os templos da Antiguidade. A Escultura A escultura da época se caracteriza pelo acentuado naturalismo, uma busca pela verossi- milhança, sendo o homem o tema principal. É importante observar também que a escultura se desvinculou da arquitetura. A escultura deixou de ser apenas ornamentação e acabamento na ar- quitetura dos edifícios. Donatello foi o grande escultor do século XV, influenciando muitos artistas da época. Com ide- ais humanistas, criou figuras com traços individu- ais e com muito realismo. Além disso, modificou completamente a forma de fazer esculturas. Veja a escultura de São Jorge (Fig. 7). Fig. 7 – São Jorge (1415-1417), de Donatello, mármore, Or San Michele, Florença (Itália) Fonte: Wikimedia Commons 13 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Esta é a primeira escultura, desde a época da Antiguidade greco-romana, a se manter em pé, sem nenhum apoio, com a técnica do contraposto. O corpo voltou a apresentar-se articulado e com in- dícios de vida. Podemos também notar que por bai- xo da roupa do personagem encontra-se um corpo com formas e músculos. Como um símbolo cívico- -patriótico da Nova Atenas, a cidade de Florença tem um olhar que demonstra segurança e atenção para defender a cidade de seus inimigos, pois ele é conhecido como “matador de dragões”. Outro grande escultor é Andrea del Verrocchio (1435-1488), um pouco mais jovem. Como mode- lador e cinzelador usou materiais como a terracota, o mármore, a prata e o bronze. Foi precursor no jogo de luz e sombra e na construção dos volumes. A escultura de bronze Davi (Fig. 8) de Del Ver- rocchio mostra um Davi adolescente, jovem, de- licado e ágil, em sua túnica enfeitada, com uma espada na mão e a cabeça de Golias cortada ao lado de seus pés. Fig. 8 – Davi (c. 1476) de Andrea del Verrochio, bronze, Florença (Itália) Fonte: Wikimedia Commons A Pintura A interpretação científica sobre o mun- do predomina no pensamento dos renas- centistas. Na pintura, a grande descoberta foi a perspectiva, regras gráficas e mate- máticas que permitem reproduzir sobre um plano bidimensional um ou vários ob- jetos em seu aspecto tridimensional (lar- gura, altura e profundidade). Os pintores também começaram a perceber o claro- -escuro – áreas iluminadas, as sombras e os contrastes – o qual sugere o volume dos corpos para obter um maior realismo nas pinturas. Tomasso Masaccio foi um dos primeiros pintores a utilizar a perspectiva científica em pinturas. Pôs em prática as teorias de Brunelleschi de como conceber a ideia de profundidade em uma superfície plana. Na obra A Trindade (c. 1425-1428) (Fig. 9) podemos notar os efeitos da técnica. Fig. 9 – A Trindade (c.1425-1428), de Tomasso Masaccio, afresco, Santa Maria Novella, (Itália) Fonte: Wikimedia Commons 14 15 Vemos na obra A Trindade (Fig. 9) Deus, Cristo na cruz e, entre eles, a pomba, que re- presenta o Espírito Santo. E ainda a Virgem Ma- ria, São João Evangelista e dois patronos mais abaixo. Os personagens são retratados com um volume que fazem-lhes parecer quase esculturas. Eles estão em uma capela cuja profundidade se faz perceber pela perspectiva construída com um ponto de fuga central. Podemos ver no mínimo seis planos diferentes. Masaccio desenvolveu um estilo bastante na- turalista e real. No afresco Adão e Eva expulsos do Paraíso (c.1426-1428) (Fig. 10), observamos a expressão de Adão e Eva, lastimando a expul- são. As mãos de Adão cobrem seu rosto num de- sespero e choro, e o rosto de Eva está desolada em lágrimas. Percebemos as características clás- sicas das estátuas gregas nos corpos da pintura. Outro pintor importante no período é Fra Angelico (1395-1455), que tem como tema cen- tral a religiosidade, por ter uma formação cris- tã e conventual. Em sua pintura A Anunciação (1432-1434) (Fig. 11) nota-se a influência de Masaccio na construção das colunas e da pers- pectiva do espaço interno, permitindo ver ao fundo a expulsão de Adão e Eva do Éden. Fig. 10 – Adão e Eva expulsos do Paraíso (1401-1428), de Tomasso Masaccio, afresco, Capela Brancaccia (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Fig. 11– A Anunciação (1432-1434),de Fra Angelico, têmpera sobre painel, Museu Diocesano, Cortona (Itália) Fonte: Wikimedia Commons 15 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Nas pinturas de Pietro della Francesca (1420-1492), um dos maiores pintores do Renascimento, os acontecimentos eram importantes, mas sobretudo a composição geométrica. Tanto os objetos quanto as pessoas adquirem uma regularidade geométrica no espaço. Sua obra mais famosa é o conjunto de afrescos que fez na igreja de São Francisco, em Arezzo, que narra a história da cruz usada na crucificação de Cristo (Fig. 12). Fig. 12 – A Prova da verdadeira cruz (c. 1460), de Piero dela Francesca, afresco, Igreja de São Francisco, Arezzo (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Os personagens de suas pinturas parecem sólidos, como os do pintor Masaccio. São grandes e fortes e ao mesmo tempo imóveis. Seus gestos dizem mais que suas expressões faciais. Como um dos grandes teóricos da perspectiva científica, escreveu o primeiro tratado, no qual demonstra a sua aplicação na construção do corpo humano. “Ele via uma cabeça, um braço ou trecho de planejamento como variações ou compostos de esferas, cilindros, cones, cubos e pirâmides, e deu ao mundo visível a clareza e permanência da matemática” (JANSON, 1996, p. 199). Sandro Botticelli (1444-1510) foi o artista que melhor expressou em suas pinturas a graciosidade dos personagens. Os temas utilizados eram da Antiguidade grega, como também da tradição cristã. Suas pinturas possuem um ritmo suave, conseguido por uma linha graciosa. A obra Primavera (c.1480) (Fig. 13), de Botticelli, mostra a deusa Vênus no centro da pintura, com um cupido de olhos vendados sobre ela, apontando uma flecha para uma das ninfas. É a deusa do amor e representa a fertilidade. À sua esquerda, vemos Zéfiro, o vento Oeste pronto para soprar. Ele segura a ninfa Clóris, que se transforma em Flora, a deusa da primavera, representada pela jovem com vestido florido. À direita da Vênus, vemos as Três Graças e Mercúrio, o deus mensageiro, representado afastando as nuvens. A elegância dos gestos, o planejamento das cores e o fundo teatral compõem a obra de Botticelli. 16 17 Fig. 13 – Primavera (c.1480), de Sandro Botticelli, têmpera sobre painel de madeira, Galeria Ufi zzi, Florença (Itália) Fonte: Wikimedia Commons O Nascimento de Vênus (c. 1480) (Fig. 14), feita para os Médici, tem uma pintura com um modelado de pouco volume; sua paisagem não apresenta muita profundidade e os corpos parecem flutuar, ao mesmo tempo em que possuem uma delicadeza graciosa conseguida por uma linha que os delineia. Fig. 14 – O Nascimento de Vênus (c. 1480), de Sandro Botticelli, têmpera sobre tela, Galeria dos Ofícios, Florença (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Alto Renascimento O Alto Renascimento se refere ao apogeu da arte no Renascimento. Momento histórico da arte que se caracteriza pela perfeição das obras feitas por artistas como Michelangelo Buonarroti (1475-1564), Leonardo Da Vinci (1452-1519), Rafael (1483-1520), Ticiano Vecellio (1473-1576) e Bramante (1444-1514). Michelangelo Buonarroti foi pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente, chamado de “Divino”. Estudou na escola de escultura mantida por Lourenço Médici, onde teve o contato com a filosofia grega e seus padrões de forma, equilíbrio e beleza. 17 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Trabalhou nos afrescos da Capela Sistina, no Vaticano, onde concebeu diversas cenas do Antigo Testamento. Uma delas é A criação do Homem, na qual Deus aparece de barba e cabelos longos, corpo vigoroso e cercado por anjos, estendendo a mão para Adão, que é representado por um jovem forte e belo, mostrando claramente o ideal e a beleza das obras do Renascimento. Fig. 15 – Detalhe do teto da Capela Sistina (1508-1512), de Michelangelo Buonarroti, afresco. Capela Sistina (Roma) Fonte: Wikimedia Commons Não temos dúvida quanto ao talento de Michelangelo para a pintura, mas é clara a sua preferência para a criação de esculturas. Acreditava que esta era a linguagem capaz de equiparar o artista a Deus, já que possibilitava a criação da figura humana em sua tridimensionalidade. A sua genialidade na escultura pode ser vista claramente na escultura Davi (Fig. 16), a primeira estátua monumental do Alto Renascimento. Ela apresenta um estilo desenvolvido pelo artista, cheio de referências da escultura helenística – be- leza, escala monumental e força –, depois de sua estadia por muitos anos em Roma. A obra representa um jovem adulto com um corpo definido e cheio de ener- gia; suas mãos são enormes em relação às outras partes, uma referência ao ho- mem do povo, trabalhador e forte; seu rosto tem as feições de um herói, capaz de enfrentar desafios como Golias, seu grande inimigo, além das demais adver- sidades que podem ameaçar o homem. A escultura, com mais de quatro metros de altura, foi colocada na entrada do Palazzo Vecchio, como símbolo cívico-patriótico da República Florentina. Fig. 16 – Davi (1501-1504) (detalhe), de Michelangelo, mármore, Museu Acadêmico, Florença (Itália) Fonte: Wikimedia Commons 18 19 Importante! Um apreciador de arte da época atribuiu a obra Pietá (1498-1499) (Fig. 17) a um outro artista mais experiente, pois recusou-se a acreditar que Michelangelo, com apenas 23 anos tivesse feito a escultura. Quando soube, Michelangelo esculpiu uma faixa com seu nome sobre a roupa da virgem. Fig. 17 – Pietá (1498-1499), de Michelangelo, Basílica de São Pedro, Roma (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Você Sabia? Leonardo da Vinci foi um artista e pesquisador muito versátil, atuando em diversos campos do conhecimento humano. Foi aprendiz de Andrea del Verrocchio (1435-1488), consagrado pintor e escultor de Florença. Seu interesse por diversos conhecimentos, inclusive na área urbanística, fez projetar redes de abastecimento de água e esgotos para cidades, como também alinhamento de ruas, praças e jardins públicos. Também estudou a perspectiva, óptica, proporções e anatomia, produzindo diversos estudos, anotações e desenhos. Seu interesse pela anatomia fez produzir diversas obras buscando o realismo do corpo humano. Na pintura, Da Vinci se utilizou de uma técnica chamada de chiaroscuro (claro- escuro), com a qual as formas não mais são fechadas por uma linha. Não fica claro onde uma figura começa e a outra termina. É durante sua estadia em Milão, quando estava a serviço do Duque de Milão, que Da Vinci fez a famosa pintura A Última ceia (1495-1498) (Fig. 18) para o refeitório do mosteiro Santa Maria delle Grazie. Ele aplicou sua técnica de modelado ao afresco, porém a mistura de tinta óleo e têmpera não aderiu bem, fazendo com que a pintura se degradasse rapidamente. De qualquer forma, ela é um marco da pintura renascentista com uma composição equilibrada e harmônica. Para integrar a pintura à parede do refeitório, o artista se utilizou de alguns recursos: a profundidade criada pelos detalhes no forro da sala e pelas janelas abertas no fundo da pintura, além da claridade criada por ele na parte direita da cena, como se fosse a luz vinda das janelas à esquerda da pintura. 19 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Fig. 18 – A Última ceia (1495-1498), de Leonardo da Vinci, afresco, Santa Maria Delle Grazie, Milão (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Observe que o ponto de fuga fica atrás da cabeça do Cristo, fazendo com que nossos olhos o vejam em primeiro lugar, dando a devida importância ao personagem principal desta história. A janela que está atrás, parece dar a impressão de uma au- réola, santificando-o. A representação é do momento em que o Salvador pronuncia a frase ápice do jantar “Um de vós há de me trair” e os apóstolos respondem, quase que ao mesmo tempo, “Senhor, serei eu?”. Da Vinci explicita esse momento através das expressões do rosto e dos gestos que cada um dos personagens faz. O RenascimentoNorte-Europeu Essa nova estética e a valorização da cultu- ra greco-romana pelos Italianos atravessou as fronteiras da Itália e chegou a outras regiões da Europa. Na cultura germânica e dos países baixos, a pintura foi a arte que mais se desta- cou, criando uma mistura com características góticas e renascentistas. Jan Van Eyck (1390-1441) foi um dos pio- neiros no uso da tinta a óleo, aperfeiçoando a técnica da aplicação de camadas transparen- tes, o que lhe permitiu pintar detalhes e criar cores profundas. Podemos observar a precio- sidade desenvolvida por ele na pintura através da obra O Casal Arnolfini (1434) (Fig. 19). O artista representou com muito realismo os objetos e superfícies com a ajuda da tin- ta óleo, que lhe possibilitou representar até mesmo o reflexo da luz sobre eles com muito naturalismo. Note as diferentes texturas que consegue no metal dos lustres, na madeira das sandálias, nas contas do terço pendurado na parede, nos diferentes tecidos... Fig. 19 – O Casal Arnolfini (1434), de Jan Van Eyck, óleo sobre painel, National Gallery, Londres (Reino Unido) Fonte: Wikimedia Commons 20 21 É uma composição cheia de elementos simbólicos. Observe na parede do fundo do quarto. Há um espelho redondo e nele o reflexo do casal. Acima está escrito Jan Van Eyck esteve aqui/1434. Pode ser apenas a própria marca que o artista tenha deixado na pintura, mas dizem que talvez fosse uma certidão do casamento, que ele teria presenciado. Observe também as laranjas em cima da mesa, símbolos de riqueza; no banco de madeira a imagem de Santa Margarida esculpida, ela é a protetora das grávidas. Há informações de que a primeira mulher de Arnolfini, Constanza, tenha morrido ao dar a luz. Outro elemento interessante é a mão de Arnolfini que parece apenas segurar de leve a mão da mulher. Talvez uma nova menção à esposa falecida. Na Alemanha, Albrecht Dürer (1471-1528) concebeu a arte como uma repre- sentação fiel da realidade. Depois de uma estadia em Veneza, voltou a Nuremberg com uma nova concepção do mundo e da arte, com uma visão mais humanista. Foi um importante desenhista e o maior impressor de sua época, in- fluenciando toda uma geração de ar- tistas com suas gravuras. “Em suas mãos, a xilogravura perde o seu en- canto de arte popular, mas ganha a articulação precisa de um estilo grá- fico plenamente amadurecido” (JAN- SON, 1996, p. 241). A gravura Cavaleiro, morte e diabo (1513) (Fig. 20) é uma mostra da be- leza e habilidade do artista. Vemos um soldado de Cristo sobre seu cavalo, bas- tante confiante, sem se perturbar com a figura do demônio que parece fitá-lo, com as caveiras e bichos que aparecem em seu caminho. Percebe-se em suas obras o quanto valorizava a observação da realidade, haja vista a grande quanti- dade de detalhes nas suas obras. Fig. 20 – Cavaleiro, morte e diabo (1513), de Albrecht Dürer, gravura, Museu de Belas Artes, Boston (Estados Unidos) Fonte: Wikimedia Commons Hieronymus Bosch (1450-1516) é um representante dos pintores dos Países Baixos (Holanda). Criou um estilo inconfundível, cheio de imagens fortes, nas quais mistura símbolos da astrologia, alquimia e magia. Suas pinturas possuem criaturas horríveis que parecem vir de sonhos ou delírios, animais exóticos e uma série de vegetais exóticos e imaginários. O tríptico (três painéis articulados), O jardim das delícias terrenas (Fig. 21), retrata, segundo algumas interpretações, a devassidão ocorrida depois que Deus ordenou: “Crescei e multiplicai-vos”. Talvez seja um comentário ou uma crítica do não entendimento correto da ordem de Deus. 21 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico O primeiro painel retrata a Criação de Adão e Eva no Paraíso, o Jardim do Éden; o painel central, o Jardim das Delícias ou o mundo antes do dilúvio; e, o terceiro, o inferno. Fig. 21 – O Jardim das delícias terrenas (c. 1500), de Hieronymus Bosch, óleo sobre madeira, Museu do Prado, Madri (Espanha) Fonte: Wikimedia Commons Bosh recriou a história da humanidade, da criação do Paraíso até seu derradeiro fim no inferno, um local cheio de coisas estranhas e más, onde as pessoas são puni- das por seus pecados. Observe no painel da direita (Fig. 22) a criatura que está senta- da sobre uma enorme cadeira, ela come uma pessoa e defeca humanos em um poço. Fig. 22 – O Jardim das delícias terrenas (c. 1500) (detalhe do painel da direita – Inferno), de Hieronymus Bosch, óleo sobre madeira, Museu do Prado, Madri (Espanha) Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons 22 23 Barroco – a Busca pela Emoção O Barroco é um estilo que se desenvolveu na península Itálica por volta de 1600 e irradiou-se rapidamente por toda a Europa e, posteriormente, na Améri- ca Latina, levado pelos colonizadores portugueses e espanhóis, ganhando carac- terísticas diferentes. O termo barroco signifi cava na península ibérica um tipo de pérola de forma irregular ou imperfeita. Em quase toda Europa era um sinônimo de extravagância, coisa disforme, anormal, absurda e irregular. Ex pl or A arquitetura barroca está presente principalmente nas mansões, palácios e igrejas. Na Roma dos papas no século XVII, o barroco emergiu mostrando uma tendência e estilo para todas as artes, espalhando-se concentricamente de Roma para todos os países da Europa. A igreja precisava reagir à Reforma protestante. “O papado voltou a patrocinar a produção de obras de arte em grande escala, com o objetivo de transformar Roma na mais bela cidade de todo o mundo cristão” (JANSON, 1996, p. 250). Os artistas barrocos, herdeiros dos artistas renascentistas, respeitaram e aceitaram as suas conquistas focadas na razão e na lógica como a perspectiva, o equilíbrio, a sobriedade, o racionalismo, a lógica. Entretanto, eles queriam obras com mais impacto e dramaticidade, então adicionaram o amor pelo infinito, a dramaticidade, o dinamismo, os contrastes, a exuberância, o realismo e a tendência ao decorativo. Arquitetura Barroca Na arquitetura, construíram obras monumentais, cheias de elementos decorativos e com muito movimento. As formas clássicas da arquitetura renascentista como colunas, arcos, frontões e frisos permaneceram, mas ganharam uma feição suntuosa e fantasiosa. À Carlo Maderno (1556-1629) lhe foi encomendado terminar a Basílica de São Pedro (Fig. 23), em Roma, iniciada por Bramante e Michelangelo. Ele deu à fachada a visualidade de um ritmo acelerado, diminuindo o espaçamento entre as pilastras e transformando-as em colunas. 23 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Fig. 23 – Basílica de São Pedro, Roma (Itália). Projeto de Bramante, cúpula de Michelangelo e Giacomo dela Porta (1564-1590), fachada de Carlos Maderno (1607-1615) e átrio de Bernini (1657-1666) Fonte: fmarte.org A obra foi completada por Gianlorenzo Bernini (1598-1680), o maior escultor e arquiteto do período. Ele criou um átrio emoldurado por colunatas na parte frontal da basílica (Fig 24), que representa um grande abraço da igreja nos incontáveis peregrinos que chegam à Basílica todos os dias. Ele é circundado por uma colunata circular, com 284 colunas de 23 metros de altura cada, em mármore travertino, que sustentam um entablamento com 140 estátuas de santos, mártires e anjos de 2,70 metros de altura. No centro há um obelisco egípcio com 40 metros de altura. Fig. 24 – Basílica de São Pedro (detalhe da colunata do átrio, parte frontal), de Bernini, Roma (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Francesco Borronini (1599-1667), grande arquiteto italiano, era o maior concorrente de Bernini na arquitetura barroca de Roma. Sua genialidade produziu complexos edifícios extravagantes, fugindo de alguns preceitos renascentistas, como o de que a arquitetura devia seguir as proporções do corpo humano. 24 25 Vamos observar a igreja de San Carlo alle Quattro Fontane (Fig. 25). A fachada da igreja apresenta claramente uma das características mais marcantes da arte barroca: a grande quantidade de informações – formas,texturas, movimentos e elementos. A fachada incorpora esculturas e uma pin- tura que está suspensa por anjos. O edifício nos faz lembrar um teatro, com cenários dra- máticos nos quais podemos imaginar uma quantidade infinita de histórias. “O vocabulário não nos é estranho, mas a sintaxe é nova e inquietante; o jogo incessan- te de superfícies côncavas e convexas faz com que a estrutura toda pareça elástica, com as formas distorcidas por pressões que nenhum edifício anterior teria suportado” (JANSON, 1996, p. 258). Na França, o Barroco assume característi- cas mais sóbrias, comedidas e quase clássicas e se impôs, pouco a pouco, como estilo quase dominante na Europa. O palácio de Versa- lhes, em Versalhes, foi a expressão maior do barroco francês. Fig. 25 – Igreja de San Carlo alle Quattro Fontane, (1638-1667), de Francesco Borromini, Roma (Itália) Fonte: Wikimedia Commons O conjunto de palácios e jardins mais famoso da Europa, no estilo barroco, é o palácio de Versalhes (Fig. 26), feito para mostrar o grande poderio econômico e político do governo monárquico francês do século XVII. Fig. 26 – Palácio de Versallhes (1669-1685), de Louis Le Vau e Jules Hardouin Mansart, Versalhes (França) Fonte: Wikimedia Commons 25 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Jules Hardouin Mansart e Louis Le Vau foram alguns dos arquitetos que fizeram o projeto para o conjunto arquitetônico construído no reinado de Luís XIV. Os jardins externos do palácio de Versalhes (Figs. 27 e 28) foram criados por André Le Nôtre (1613-1700). Possuem canteiros, alamedas, espelhos d’água e fontes em uma geometria extraordinária, compostos por uma grande variedade de plantas. Figs. 27 e 28– detalhe dos jardins do Palácio de Versallhes, de André Le Nôtre, Versallhes (França) Fonte: Wikimedia Commons Escultura Barroca A escultura barroca valorizava a exaltação dos sentimentos, a sensação de movi- mento, as formas curvilíneas, recobertas de elementos decorativos e muito dourado. Um dos principais escultores italianos é Gianlorenzo Bernini (1598-1680). Era um artista completo: arquiteto, urbanista, escultor, decorador e pintor. Suas esculturas apresentam figuras em posições retorcidas, criando uma sensação de movimento eminente. Parecem fragmentos de um determinado momento de uma ação; mais que isto, elas parecem estar no momento ápice de uma cena. Davi, de Bernini, é a versão barroca de Davi, de Michelangelo. 26 27 Vamos observar os dois juntos? Fig. 29 – Davi (1501-1504), de Michelangelo, mármore, Museu Acadêmico, Florença (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Fig. 30 – Davi (1623), de Gianlorenzo Bernini, mármore, Galeria Borghese, Roma (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Davi é um dos personagens mais mencionado nas religiões. No judaísmo é o rei de Israel; no cristianismo é um ancestral de José, o pai adotivo de Jesus; e no islamismo, é profeta e rei de uma nação. Talvez seja por isso que ele tenha sido tão representado na História da Arte. Ao observarmos novamente Davi (Fig. 29), esculpido por Michelangelo, ficam claras as principais diferenças entre os estilos do Renascimento e do Barroco. Ambos seguem os padrões de beleza greco-romano – proporções ideais, músculos aparentes e beleza. Mas observe a tensão controlada presente no corpo de Davi feita por Michelangelo. Com uma escala heroica, ele está parado e atento ao que o rodeia. Tem um o olhar calmo que reflete a racionalidade renascentista. Agora, vejamos o Davi de Bernini (Fig. 30). Ele está com um olhar fixo em algo que não vemos, mas imaginamos: o seu inimigo Golias. Seu semblante é tenso, seus dentes mordem os lábios, como num momento de forte tensão e eminência de um gesto. Seu corpo está em uma pose de giro para a direita e sua perna direita um pouco à frente para lhe dar equilíbrio. Ele está a um segundo de atirar uma pedra no gigante Golias. Bernini utiliza-se de uma série de estratégias para conferir mais dramaticidade e teatralidade às suas obras. Consegue esplendorosamente isso ao unir pintura, escultura e arquitetura como fez na obra O êxtase de Santa Tereza (Fig. 31). 27 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Fig. 31 – O êxtase de Santa Tereza (1645-1652), de Gianfrancesco Bernini, Capela Cornaro, Santa Maria dela Vittoria, Roma (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Bernini fez a representação do momento em que Santa Tereza de Ávila teria sido flechada por um anjo, como ela mesmo chegou a descrever. “A dor foi tão grande que gritei; ao mesmo tempo, porém, senti uma doçura tão infinita que desejei que a dor jamais acabasse” (JANSON, 1996, p. 257). Fig. 32 – O êxtase de Santa Tereza (1645-1652) (detalhe), de Gianfrancesco Bernini, Capela Cornaro, Santa Maria dela Vittoria, Roma (Itália) Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons Note o braço direito do anjo, seu rosto de satisfação e também o semblante da Santa Tereza com um misto de dor e prazer. Conseguimos imaginar a cena por meio das posições dos corpos, que parecem estar encenando. É o momento exato. Por detrás, o artista criou um cenário de raios dourados, que juntamente com a luz que entra por uma janela que está acima deles, reforça a ideia de uma iluminação divina para este momento. Observe que ambos estão sobre uma nuvem. 28 29 A Pintura Barroca Um dos pintores mais notáveis em Roma era Caravaggio (1571-1610). Seu nome verdadeiro era Michelangelo Merisi, Caravaggio era o nome da sua cidade de origem, uma província de Bérgamo. No século XVII, todas as pinturas tinham que atingir objetivos como a perfeita representação, em qualquer circunstância, da real natureza ou da imitação do belo. Caravaggio não se interessava pela beleza clássica como os pintores renascen- tistas e buscava modelos entre pessoas comuns do povo, como os vendedores, os músicos, as prostitutas para suas pinturas sacras. Seus personagens religiosos eram retratados como pessoas comuns, do povo. A pintura A vocação de São Mateus (1596-1598) (Fig. 33), feita para a igreja de São Luigi dei Francesi, apresenta um forte naturalismo. O tema religioso é pintado como se fosse uma cena em uma taverna qualquer, uma cena cotidiana. Fig. 33 – A vocação de São Mateus (1596-1598), de Caravaggio, óleo sobre tela, Capela Contarelli, São Luigi dei Francesi, Roma (Itália) Fonte: Wikimedia Commons A pintura retrata o momento em que Jesus chega a uma taverna e pede para São Mateus, um cobrador de impostos, para segui-lo. O tema é conhecido, mas a forma não. Caravaggio apresenta Jesus como uma pessoa comum. Apenas o reconhecemos por alguns detalhes: o manto dourado, a sua mão iluminada e que aponta para Mateus, uma referência clara à Criação do homem de Michelangelo, e a luz marcada que enfatiza a cena com o gesto do Salvador. 29 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico O forte contraste de luz e sombra é uma característica importante no trabalho do artista. Não é uma luz solar, mas uma luz criada, teatral e em geral, bem dramática que dá o tom à cena. Na obra, observe que a luz não vem da janela, mas do lado direito da cena. A pintura barroca tem como característica composições em diagonal. Várias linhas diagonais, por exemplo, cortam a pintura A crucificação de São Pedro (Fig. 34), o que confere maior dinamismo e movimento para a cena. É o momento em que a cruz de São Pedro está sendo erguida, mas como ele disse que não era me- recedor de ser crucificado como Cristo, seus pés estão sendo puxados para cima. A pintura foi feita dispondo os elementos, enfatizados pela luz, em “X” (Fig. 35). Observe que a luz que ilumina o tronco de São Pedro é a mesma que ilumina o quadril do homem ajoelhado que apoia a cruz. Fig. 34 – A crucificação de São Pedro (1601), de Caravaggio, óleo sobre tela, Basílica de Santa Maria del Popolo, Roma (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Fig. 35 – A crucificação de São Pedro (1601) de Caravaggio, (com indicação gráfica – linhas amarelas), óleo sobre tela, Basílica de Santa Mariadel Popolo, Roma (Itália) Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons A expressão trompe l’oeil surgiu no período barroco e significa enganar o olho. É uma técnica conhecida desde a Antiguidade, aplicada em murais para criar a ilusão de algo que efetivamente não existia, como uma porta ou uma janela para ampliar o espaço. Com o surgimento da perspectiva, a técnica começou a ser usada para dar maior profundidade aos locais como nos domos das igrejas. Na atualidade, os grafites criam imagens que brincam com as superfícies bidimensionais, dando a elas profundidade (Fig. 36). Ex pl or 30 31 Fig. 36 – House party, de Ciarán Brennan, grafi te. Uso da técnica trompe l’oeil para criar ilusão Fonte: baton.com Na obra de Andrea Pozzo (1642-1709), no teto da igreja de Santo Inácio (Fig. 37) em Roma, vemos uma pintura com o uso da técnica trompe l’oeil, com o uso da perspectiva para criar ilusão óptica. A imagem pintada no teto cria a ilusão de que as paredes e colunas se estendem para o céu, onde surgem santos e anjos. Esse tipo de pintura tornou-se muito comum em igrejas da época e também em igrejas barrocas brasileiras. Fig. 37 – Teto da Igreja de Santo Inácio (1691-1694), de Andrea Pozzo, afresco, Igreja de Santo Inácio, Roma (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Outro grande pintor foi Giambattista Tiepolo (1696-1770). Na pintura em trompe l’oeil, nas cornijas das paredes, utilizou uma técnica chamada “composição centrífuga”, que é o afastamento dos personagens para um dos lados, deixando abrir-se ao centro uma larga zona de céu. E notamos também que com o tempo, o início do uso de tons escuros, a dramatização e os movimentos violentos tornaram-se pouco a pouco mais claros, teatrais, vivos e alegres. 31 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Importante! O pintor Tintoretto (1518-1594) pintou intensamente temas religiosos, mitológicos e retratos, porém, o grande historiador da arte da época, Giogio Vasari (1511-1574), disse que suas obras tinham uma execução descuidada e o gosto excêntrico pelos temas. Observe os detalhes da pintura A última ceia (Fig. 38). Trocando ideias... Fig. 38 – A Última ceia (1592-15944), de Tintoretto, óleo sobre tela, San Giorgio Maggiore, Veneza (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Artemisia Gentileschi (1593-1653), seguidora de Caravaggio, foi uma das poucas artistas mulheres dessa época a ser reconhecida mundialmente. Seu tema preferido eram as histórias de heroínas como Betsabá e Judite. Fig. 39 – Judite degolando Holofernes (1598), de Caravaggio, óleo sobre tela, Galleria Nazionale D’Arte Antica, Roma, (Itália) Fonte: Wikimedia Commons Observe as figuras 39 e 40. Você percebe semelhanças nelas? 32 33 Além do tema, percebemos que Artemisia faz um tipo de composição bem parecido com o de Caravaggio, como as diagonais, a repre- sentação de uma cena que parece estar acon- tecendo ante nossos olhos, a iluminação bem marcada e teatral. No entanto, os artistas op- tam por retratar momentos diferentes da cena. Artemisia prefere o momento logo após a deca- pitação, quando Judite e sua criada olham para fora da pintura, enquanto a cabeça de Holofer- nes é posta em um saco. Barroco fora da Itália O barroco logo se tornou internacional, ad- quirindo características nacionais, como na Bél- gica, com linhas cheias de movimento e muita expressão; na Holanda, com uma certa austeri- dade; e na Espanha, com um forte contraste de claro-escuro. Fig. 40 – Judite e a criada com a cabeça de Holofernes (c. 1625), de Artemisia Gentileschi, óleo sobre tela, Instituto de Arte de Detroit (Estados Unidos) Fonte: Wikimedia Commons Na Bélgica, o seu maior representante foi Peter Paul Rubens (1577-1640). O artista desenvolveu um estilo pessoal durante os oito anos que permaneceu na Itália. A obra O Levantamento da cruz (1609-1610) (Fig. 41) é a primeira obra feita depois que retornou da Itália. Nela, podemos ver uma série de influências italianas, como os corpos musculosos, a luminosidade e a grande força dramática. Fig. 41 – O Levantamento da cruz (1609-1610), de Peter Paul Rubens, painel, Catedral de Antuérpia (Bélgica) Fonte: Wikimedia Commons A partir de 1630, o estilo de Rubens ganha um certo lirismo, como na pintura O Jardim do amor (1632-1634) (Fig. 42), na qual a realidade se funde com a mitologia. Vemos a nobreza, em frente ao palácio, junto com alegorias como os cupidos no céu. A cor é um elemento bem importante nas suas pinturas. Ele as utilizava principalmente nos vestuários e dava preferências às cores mais fortes como vermelho, amarelo, verde e azul. 33 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Fig. 42 – O jardim do amor (1632-1634), de Peter Paul Rubens, óleo sobre tela, Museu do Prado, Madri (Espanha) Fonte: Wikimedia Commons Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669), foi um dos mais importantes artistas da Holanda. Também foi influenciado por Caravaggio, como, por exemplo, no uso da luz e no uso de um forte realismo. Na obra A lição de anatomia do doutor Tulp (1632) (Fig. 43), a luz é um foco que ilumina o corpo do cadáver e os rostos do médico e dos curiosos que estão atentos à lição. Apesar do claro e escuro, há uma gradação dos tons mais claros até a escuridão total. Fig. 43 – A lição de anatomia do doutor Tulp (1632), de Rembrandt, óleo sobre tela, Museu Mauritshuis, Haia, Holanda Fonte: Wikimedia Commons Ainda na Holanda, Johannes Vermeer (1630-1675) tem como tema a vida e os costumes de pessoas comuns. Muitas de suas pinturas retratam mulheres em tarefas simples em suas casas, como na obra A carta (1666) (Fig. 44). 34 35 Não há uma narrativa nas imagens. As mulheres apenas se olham. Poderíamos comparar suas pinturas com imagens fotográficas, que retratam fragmentos de uma realidade em que nada parece se mexer. Há sempre uma luz que ilumina a cena. Fig. 44 – A carta (1666), de Jan Vermeer, óleo sobre tela, Rijksmuseum, Amsterdã (Holanda) Fonte: Wikimedia Commons Explore estas imagens (Figs. 45 e 46), observando os objetos e seus detalhes, assim como as texturas e cores que Vermeer usava para compor suas pinturas extremamente elaboradas e complexas. Fig. 45 – A arte da pintura (c. 1666-1668), de Jan Vermeer, óleo sobre tela, Kunsthistoriches Museum, Viena (Áustria) Fonte: Wikimedia Commons 35 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Os pintores espanhóis também estuda- ram na Itália ou se inspiraram nos gran- des artistas italianos. Os pintores mais representativos do barroco foram Diego Rodríguez de Silva y Velázquez (1599- 1660) e Doménikos Theotokópoulos, o El Greco (1541-1614), cujas característi- cas são bem peculiares. Velázquez começou cedo sua carreira de pintor. Trabalhou no ateliê de Francis- co Herrera e depois, aos 12 anos, no ate- liê do artista Francisco Pacheco. Com um amplo círculo de amizades, sua carreira prosperou rapidamente. Seus primeiros temas foram as cenas religiosas e cotidia- nas. Em 1629, depois de pintar o retrato do rei Felipe IV, foi contratado como o pintor oficial da corte espanhola. Fig. 46 – A leiteira (1660), de Jan Vermeer, óleo sobre tela, Rijksmuseum, Amsterdã (Holanda) Fonte: Wikimedia Commons As duas viagens que fez para a Itália, entre 1629 e 1651, foram fundamentais para o aprimoramento de sua técnica. Com as obras de Ticiano aprendeu sobre o uso das cores, e com os artistas da Renascença, a estrutura escultural das composições. Retratou a vida diária e os tipos populares com muita maestria, e também as pessoas da corte espanhola como na pintura As meninas (1656-1657) (Fig. 47), uma de suas obras-primas. Velázquez aparece à esquerda do quadro pintando uma enorme tela. Ao fundo, há um espelho, onde encontram-se refletidas as imagens de Felipe IV e a rainha. No centro da pintura temos o tema principal: a infanta Margarita Teresa, herdeira do trono, cercada de damas de honra e amigos. Há um jogo de luz, composto por uma variedade grande de luz direta e indireta, que de certaforma marca os planos da obra e cria a ilusão de profundidade na obra. Observe a iluminação lateral que ilumina o rosta da infanta e seu vestido, e também os fortes contrastes de luz e sombra por toda a pintura. Constrói as áreas iluminadas com delicadas velaturas. Suas pinceladas parecem ser rápidas, se são visíveis. Observe o tratamento dado ao vestido da infanta Margarita (Fig. 48). 36 37 Fig. 47 – As meninas (1656-1657), de Velázquez, óleo sobre tela, Museu do Prado, Madri (Espanha) Fonte: Wikimedia Commons Fig. 48 – As meninas (1656-1657) (detalhe), de Velázquez, óleo sobre tela, Museu do Prado, Madri (Espanha) Fonte: Wikimedia Commons Doménikos Theotokópoulos, de origem grega, ficou conhecido como El Greco. Mudou-se para Veneza, em 1567, onde acredita-se que tenha trabalhado com Ticiano, o que rendeu-lhe pinceladas mais soltas e livres. Da sua estada em Roma, entre 1570 e 1577, aproveitou a monumentalidade clássica para suas pinturas e o impasto. Em 1577 foi para a cidade de Toledo, na Espanha, onde viveu até sua morte. Foi lá que ficou famoso, atingindo seu auge na pintura. Apesar de ser reconhecido hoje como um artista de grande talento e originalidade, sua forma de desenhar e pintar nem sempre foi aceita. Durante longo tempo foi considerado louco, devido às figuras aterrorizantes e deformadas que criava. Em Adoração dos pastores (1612-1614) (Fig. 49), vemos o uso de cores fortes e marcantes por toda pintura, o que lhe confere bastante dramaticidade. Note também o corpo dos personagens, são alongados e muito expressivos, criando uma verticalização na obra. Parece que o artista estava mais preocupado na dramaticidade do que no realismo das figuras, talvez reflexo do clima intenso da Contrarreforma na Espanha. 37 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Uma de suas obras mais conhecida e famosa de El Greco é O enterro do conde Orgaz (1586-1588) (Fig. 50). A obra é uma homenagem ao benfeitor, o conde Gonzalo Ruíz de Toledo, encomendada pelo padre da igreja de São Tomé. Na parte de baixo da pintura, o artista retrata nobres e pessoas do clero no funeral; já na par- te superior, vemos Santo Estevão, Santo Agostinho e os anjos conduzindo-o ao céu. As duas partes da obra foram construídas de forma diferente. Note que na parte inferior, as figuras foram pintadas com um certo realismo e naturalidade, enquanto na parte superior todos os elementos como as nuvens e personagens são pintados com formas distorcidas, cores exageradas e muito movimento. Fig. 49 – A adoração dos pastores (1612-1614), de El Greco, Museu do Prado, Madri (Espanha) Fonte: Wikimedia Commons Fig. 50 – O enterro do conde Orgaz (1586-1588), de El Greco, óleo sobre tela, Igreja de São Tomé, Toledo (Espanha) Fonte: Wikimedia Commons Rococó O estilo Rococó nasceu em Paris por volta de 1700 e veio substituir o Barroco. Seu nome foi dado por um aluno de Jacques Louis David (1748-1825), depois da Revolução Francesa, para menosprezar a frivolidade do estilo. Rococó vem da palavra francesa rocaille, que significa conchas e seixos, uma referência à ornamentação de grutas e fontes. 38 39 Foi muito utilizado na arquitetura e na decoração de interiores, mas também foi aplicado à pintura e à escultura da época. Os temas eram muito parecidos com os do Barroco, só que de uma forma mais leve e divertida. O tema do amor era muito popular, as cenas pastorais e a mitologia imperavam como uma forma de escapismo aos problemas que se multiplicavam fora dos palácios. As pinturas de Antoine Watteau (1684-1721), pioneiro do estilo, mostram jovens casais, ricamente vestidos brincando em parques e paisagens esplendorosas. Suas pinturas faziam parte da categoria chamada de festejos e entretenimentos elegantes. Vamos ver a obra O embarque para Citera (1717) (Fig. 51). Fig. 51 – O embarque para Citera (1717), de Antoine Watteau, óleo sobre tela, Museu do Louvre, Paris (França) Fonte: Wikimedia Commons Vemos elementos da vida real, como as pessoas da corte em meio à elementos da mitologia clássica. Os personagens estão em Citera, uma ilha grega, para ren- der homenagem à deusa Vênus que, segundo a mitologia, foi parar lá depois de nascer no mar. “Suas figuras não têm a robusta vitalidade das de Rubens; esguias e graciosas, movem-se com a segurança estudada de atores que desempenham tão magistralmente os seus papéis que nos comovem muito mais que a realidade jamais seria capaz de fazê-lo” (JANSON, 1986, p. 285). A leveza e a elegância fazem parte da arquitetura e seus interiores. A ornamen- tação dos espaços privilegiava a delicadeza e as curvas. Os pisos eram revestidos com elaborados padrões de folha de madeira, a mobília era marchetada, estofada com gobelin e com incrustações de marfim e casco de tartaruga. 39 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico A arte Rococó é extremamente decorativa, cheia de elementos e texturas. A cor é um elemento muito característico do período, porém, ao contrário do Barroco que se utilizava de cores fortes, predominam as cores claras: branco, rosa, azul e muito dourado. Fig. 52 – Salão dos Espelhos (1734-1739), de François Cuivillés, Palácio de Versalhes (França) Fonte: Wikimedia Commons O Salão dos Espelhos do Palácio de Versalhes talvez seja um dos melhores exemplos de um interior no estilo Rococó. Sua decoração é em mármore e bronze e está repleta de esculturas. Seus 73 m de comprimento, 10 m de largura e 12 m de altura. É composta por uma série de janelas e portas em arco decoradas com ornamentações curvilíneas em forma de flores, folhas, animais e instrumentos musicais. No teto, há pinturas dos feitos militares do reinado de Luís XIV. Fig. 53 – Salão Oval, de Balthasar Neumann, Palácio Episcopal, Wurzburg (Alemanha) Fonte: Wikimedia Commons O grande salão do Palácio Episcopal, em Wurzburg (Alemanha), mostra a leveza do estilo com uma decoração feita nas cores branco, dourado e tons pastéis. Toda a superfície é recoberta com desenhos ornamentais e modelados em forma de folhas e fitas. O teto parece se abrir em pinturas que representam o céu iluminado pelo sol. 40 41 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Uma Nova História da Arte, de Julian Bell Sinopse: o que é arte e onde ela começou? Por que ela é feita e por que muda? Essas são algumas das muitas questões discutidas por Julian Bell neste livro. Bell vale-se de uma vasta gama de objetos para mostrar que a arte é um produto da experiência comum; que, à maneira de um espelho, ela pode refletir a condição humana e as preocupações culturais mais básicas. Bell optou por uma perspectiva global, criando justaposições - figuras dançantes de bronze do sul da Índia, esculturas românicas, tetos barrocos e manuscritos persas que parecem jóias são discutidos lado a lado, como testemunhos de nosso instinto criativo universal. São Paulo: Martins Fontes, 2008. Filmes Caravaggio Direção: Derek Jarman, cor, 93 min, 1986, Inglaterra. Sinopse: Caravaggio (Nigel Terry), em flashbacks, recorda fatos de sua curta existência e nos mostra sua infância, as decepções, seus últimos sucessos, suas amizades e a relação destrutiva com um jogador muito atraente. O filme nos conta toda a história da vida do pintor, exibindo as contradições entre as crenças religiosas e sua identidade sexual. A Moça com Brinco de Pérola Direção: Peter Webber, cor, 95 min, 2003, Inglaterra. Sinopse: Em pleno século XVII vive Griet (Scarlett Johansson), uma jovem camponesa holandesa. Devido a dificuldades financeiras, Griet é obrigada a trabalhar na casa de Johannes Vermeer (Colin Firth), um renomado pintor de sua época. Aos poucos Johannes começa a prestar atenção na jovem de apenas 17 anos, fazendo dela sua musa inspiradora para um de seus mais famosos trabalhos: a tela Girl with a pearl earring. Elisabeth, a Era do Ouro Direção: Shekhar Kapur, cor, 125 min, 2007, Estados Unidos. Sinopse: O filme analisaa Inglaterra absolutista de Elizabeth I (Isabel, a Rainha Virgem), que subiu ao trono em 1558 para tornar-se a mulher mais poderosa do mundo. Elizabeth (Cate Blanchett) enfrenta t odos os inimigos internos e externos que ameaçam a Inglaterra, abdicando de sua própria vida pessoal em nome de seu povo. Recebeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz, em 1998. Visite Museu de Arte Sacra O Museu de Arte Sacra de São Paulo é fruto de um convênio celebrado entre o Governo do Estado e a Mitra Arquidiocesana de São Paulo, em 28 de outubro de 1969, e sua instalação data de 28 de junho de 1970. Possui um acervo que se iniciou em 1907 com Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo. Endereço: Avenida Tiradentes, 676, Luz, São Paulo/SP. www.museuartesacra.org.br 41 UNIDADE Renascimento e Barroco – Retorno ao Clássico Referências ARGAN, G. C. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1998. DIXON, A. G (coord.). Arte: o guia visual definitivo. São Paulo: Publifolha, 2012. FARTHING, S (ed.). 501 Grandes Artistas. Rio de Janeiro: Sextante, 2009. FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 2000. JANSON, H.W. e JANSON, A. Iniciação à história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996. PRETTE, M. C. Para entender a arte: História, linguagem, Época, Estilo. São Paulo: Globo, 2008. PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo: Editora Ática, 2012. 42
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