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Prof. Mário Caldeira UNIDADE I História da Arte Para iniciarmos este estudo, a primeira tarefa é definir o que é arte. E não é algo fácil, pois esse conceito vem se modificando bastante ao longo dos séculos. O conceito de arte é alterado de acordo com a época e a cultura. Pode ser separado ou não, como é entendido hoje na civilização ocidental, do artesanato, da ciência, da religião e da técnica no sentido tecnológico. Essa mutabilidade do conceito depende tanto daqueles que produzem os objetos que receberão a definição de obra de arte, quanto da sociedade na qual esses mesmos objetos são feitos. O que é arte Assim, entre os povos ditos primitivos, a arte, a religião e o conhecimento acumulado não existiam de forma separada, tampouco havia o artista como figura autônoma. Naquele momento, arte era um conceito aplicado a certas habilidades que algumas pessoas possuíam para realizar uma tarefa. Na Europa, durante um longo período, o termo “arte” servia para designar uma atividade relacionada à capacidade de criar objetos, pinturas, obras com muita qualidade, perícia e talento. Atualmente, arte é um termo relacionado à criação de imagens, sons, objetos, espaços (virtuais ou físicos), que contenham alguma qualidade plástica que se destaque a partir do ponto de vista da sociedade. O reconhecimento dessas qualidades, em geral, é feito por um crítico ou por alguém cuja opinião seja ouvida. É essa opinião, quando aceita pela sociedade dentro da qual ela foi O que é arte emitida, que irá determinar o que é e o que não é arte, assim como o que é e o que não é obra-prima. Uma outra característica, aceita atualmente para definir o que é uma obra de arte, é que ela não pode ter uma finalidade útil. Ou seja, para ser arte não pode ter utilidade. Para melhor compreender a enorme quantidade de informações, momentos, tendências e movimentos artísticos, recorre-se geralmente às linhas do tempo (ou linhas cronológicas), para que assim se permita uma visualização sequencial dos diversos períodos que a arte percorreu na história humana. Porém, é preciso lembrar que qualquer tentativa de estabelecer uma linha cronológica que organize temporalmente os diversos momentos pelos quais cada civilização construiu seus objetos artísticos (com seus valores socioculturais e técnicas específicas), esbarra na dificuldade de definição de datas e conceitos exatos. Além disso, ao longo do tempo, certas classificações que costumavam ser consideradas adequadas podem e vão sendo questionadas e alteradas. As transformações da arte ao longo do tempo Neste curso vamos utilizar o conceito de linha cronológica para explicar os diversos movimentos artísticos, suas diferenças e suas características. Foi a partir do século V a.C. que se deu o auge da arte grega. A partir desse momento teve início a busca da representação do corpo humano de uma maneira mais fiel à realidade visível que o compõe. Os gregos, ao contrário dos egípcios (apesar de ainda influenciados por eles), basearam suas realizações escultóricas às observações diretas do corpo a ser representado, e não na reprodução de um conhecimento pronto que dizia como deveria ser essa representação. Classicismo – Grécia antiga Figura 1: Míron, Discóbolo, cerca de 460 a.C. Mármore branco. Fonte: <https://it.wikipedia.org>. Acesso em 11 ago. 2018. A influência da arte egípcia sobre a Grécia antiga, apesar de limitadora (pois se baseava em regras de representação rígidas), deu uma contribuição importante à arte grega no seu auge: no Egito, a representação tentava ser a mais detalhada e completa possível. O artista grego era estimulado a estudar a anatomia dos ossos e músculos, e a formar uma imagem convincente da figura humana, inclusive debaixo das roupagens das esculturas. A busca de mostrar não apenas a forma do corpo, mas também seu movimento, fez parte da arte grega. Os jogos e as exibições esportivas requisitavam estátuas que representassem o mais fielmente possível os chamados “atletas” da época. Classicismo – Grécia antiga Figura 2: Guerreiro caído, do frontão triangular do Templo de Afaia (500 a.C. – 480 a.C.) Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro, Sextante, 2011. A arte do antigo Império Romano do Ocidente foi muito influenciada pela cultura da Grécia antiga e pelos etruscos, estendendo-se do século VIII a.C. ao V d.C. Difundiu-se por diversas expressões artísticas, desde a construção de edifícios públicos, até a pintura afresco, a escultura, entre outras formas de manifestação, mas foi na arquitetura e na escultura que se pode visualizar com mais nitidez os avanços e as influências da arte romana clássica. Classicismo – Roma antiga Figura 3: Augusto de Prima Porta (20 a.C.), artista desconhecido, mármore. Museu e Galerias do Vaticano, Cidade do Vaticano Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro, Sextante, 2011. A escultura da Roma antiga desenvolveu-se entre os séculos VI a.C. e V d.C. Em sua origem, derivou da escultura grega, primeiro por meio da herança etrusca, e logo direto da Grécia, durante o período helenista. Apesar dessa influência, hoje se pode afirmar que os artífices romanos não eram simples copiadores. Eles deram importantes contribuições para a escultura, principalmente na criação de obras feitas para grandes monumentos públicos. Classicismo – Roma antiga Figura 4: Estátua equestre de Marco Aurélio, artista desconhecido, 164-166 d.C., bronze, 3,50 m de altura, Museu Capitolini, Roma, Itália. Com adaptações. Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro, Sextante, 2011. Classicismo greco-romano influenciou com intensidade a formação do mundo ocidental; privilegiou a representação física com fidelidade ao mundo real; criou um padrão de beleza ideal a partir de uma interpretação do mundo real. No entanto é necessário ressaltar que apesar da enorme contribuição e influência do classicismo greco-romano antigo na sociedade ocidental, há uma dose de idealização nas imagens produzidas por aqueles artífices. A anatomia é ligeiramente modificada para que fique mais agradável ao olhar e à percepção. Essa solução estética também era aplicada na arquitetura grega. Classicismo – Roma antiga Interatividade A relação entre o estudo da anatomia (forma do corpo interior e exterior) humana era fundamental para a produção de estátuas na Grécia antiga. Sobre a importância desse tipo de informação na época é possível afirmar que: a) Não era um tipo de conhecimento necessário, pois a idealização e a invenção do corpo eram mais importantes. b) Esse conhecimento era usado apenas na pintura de afrescos que tinham figuras humanas. c) Teve importância maior a partir de um certo momento na Grécia antiga. d) Esse conhecimento era aplicado apenas em estátuas dedicadas aos deuses mitológicos. e) A anatomia não era conhecida na época. Resposta A relação entre o estudo da anatomia (forma do corpo interior e exterior) humana era fundamental para a produção de estátuas na Grécia antiga. Sobre a importância desse tipo de informação na época é possível afirmar que: a) Não era um tipo de conhecimento necessário, pois a idealização e a invenção do corpo eram mais importantes. b) Esse conhecimento era usado apenas na pintura de afrescos que tinham figuras humanas. c) Teve importância maior a partir de um certo momento na Grécia antiga. d) Esse conhecimento era aplicado apenas em estátuas dedicadas aos deuses mitológicos. e) A anatomia não era conhecida na época. A queda do Império Romano é assinalada pela conquista de Roma no ano de 476 pelos povos germânicos, combinada com a ascensão do Cristianismo como religião oficial, a qual se impôs, paulatinamente, sobre as antigas crenças (tanto as romanas como as das tribos germânicas), que passaram a ser tratadas como pagãs. Essa época caracterizou-se,no campo artístico, pelo predomínio dos temas da religião cristã, pela busca da representação do sagrado na pintura, na escultura e na arquitetura. Apesar dessa aparente unidade, a arte cristã medieval pode ser dividida em arte bizantina e arte medieval do Ocidente. A crise do Classicismo: a Idade Média (476-1453) Em Bizâncio e nas áreas sob seu controle, desenvolveu-se uma arte cristã, cujo auge ocorreu no século VI e que combinava influências da arte romana, grega antiga e do Oriente Médio. A própria localização geográfica de Constantinopla (onde hoje é a Turquia), na fronteira entre o Oriente e o Ocidente, era favorável a essa confluência artística. Há que se considerar ainda a intervenção constante do clero cristão do Oriente sobre a arte bizantina, o que contribuía para torná-la profundamente religiosa. É preciso considerar que o próprio Imperador do Oriente devia o seu poder ao caráter teocrático do Império Bizantino, motivo pelo qual a produção de obras de arte era estimulada, com mosaicos nos quais era representado, com sua cabeça aureolada, geralmente ladeando a própria Virgem Maria e o menino Jesus. A arte cristã no Império Bizantino No período bizantino, o uso da cúpula apoiada sobre pendentes e os arcobotantes possibilitou aumentar significativamente o tamanho das edificações e, consequentemente, seu espaço interno. Apesar disso e do aumento da quantidade de aberturas nas fachadas das construções, as paredes ainda eram grossas, lisas e amplas. Os mosaicos e os afrescos bizantinos tinham como uma de suas finalidades ornamentar e enriquecer essas extensas superfícies, transmitindo, ao mesmo tempo, as imagens de reis, rainhas, santos, santas, clérigos e outros personagens da religião cristã. Isso pode ser observado na Basílica de San Vitale. A arte cristã no Império Bizantino Figura 5: Basílica de San Vitale, Ravena, Itália. Fonte: <https://commons.wikimedia.org>. Acesso em: 12 ago. 2018. A Basílica de San Vitale possui alguns dos mais interessantes afrescos do período bizantino. É uma construção com cúpula de pedra apoiada sobre pendentes. A arte cristã no Império Bizantino Figura 6: Interior da Basílica de San Vitale, Ravena, Itália. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons>. Acesso em: 20 ago. 2018. A arte cristã no Império Bizantino Figura 7: Corte do Imperador Justiniano, artista desconhecido, 548. Mosaico no interior da Basílica de San Vitale. Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro, Sextante, 2011. No Ocidente medieval, caracterizado pelo feudalismo, a arte também foi predominantemente cristã. O próprio sistema feudal, marcado pela organização política fragmentada em feudos e pela divisão social rígida era legitimado pela Igreja Cristã, pois essa forma de organização política e social era considerada a expressão da vontade de Deus na Terra, que somente podia ser interpretada e compreendida pelos clérigos. Essa é a principal razão que explica porque a arte medieval é quase toda voltada para temas religiosos. As obras tinham por objetivo explicar e difundir a religião entre os analfabetos, estimular a crença fé e na vida após a morte e materializar A arte cristã na Europa ocidental medieval em imagens, estátuas, pinturas, afrescos e edifícios todos os símbolos e significados que interessavam à Igreja Católica. Costuma-se dividir a trajetória da história da arte do Ocidente medieval em três momentos significativos: arte românica: corresponde ao período do auge do feudalismo, sendo, portanto, a expressão artística da sociedade rural feudal descrita; renascimento carolíngio: foi aquela arte produzida durante o império de Carlos Magno, a partir do ano 800, em que se buscou a volta aos padrões clássicos, apesar do predomínio da orientação religiosa cristã; arte gótica: desenvolveu-se na crise do feudalismo, quando floresceram A arte cristã na Europa ocidental medieval novamente a cultura urbana, as universidades e as ordens monásticas (cistercienses, franciscanos, dominicanos e beneditinos), que contribuíram para a primeira reforma da Igreja cristã, no sentido de sua reaproximação com os valores originais da fé. “La Maestà”, conhecida como “A Virgem com vinte anjos e dezenove santos”, é um amplo conjunto de várias pinturas com frente e verso, feitas por Duccio di Boninsegna, em 1308, para a cidade de Siena, Itália. A face da obra mostrada a seguir representa a Virgem em majestade, flanqueada por anjos e santos. Essa pintura serviu como referência para uma importante mudança na arte italiana: o período bizantino teve como uma de suas características a representação do corpo humano de uma maneira simplificada, com alterações anatômicas que evitavam o reconhecimento do gênero das figuras, e outras modificações nas proporções de partes do corpo humano. A obra “La Maestà” estimulou outros A arte cristã na Europa ocidental medieval artistas da época a modificarem essa forma de representação, buscando uma pintura mais realista do ponto de vista físico, mais próximo à anatomia e fisionomia das pessoas daquela região. A arte cristã na Europa ocidental medieval Figura 8: Duccio di Boninsegna, La Maestà, 1308-11. Pintura sobre madeira. Museu da Catedral, Siena, Itália. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons>. Acesso em: 15 ago. 2018. As obras de arte medievais, apesar de voltadas para a representação de temas religiosos pertencentes ao passado, refletiam com frequência a cultura e as tradições de sua própria época, como roupas, construções e objetos. A arte cristã na Europa ocidental medieval Figura 9: Simone Martini. O carregamento da cruz, 1335, têmpera sobre madeira, 30 cm x 20,5 cm, Museu do Louvre, Paris, França. Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro, Sextante, 2011. Qual é uma das principais características em relação à representação do corpo humano, tanto na arte bizantina quanto na medieval? a) A representação com a maior fidelidade formal possível. b) O uso de referências de anatomia estudadas a partir de cadáveres humanos. c) A simplificação do corpo humano, usando uma idealização semelhante à utilizada pelos gregos antigos. d) A aplicação de formas exageradas, que destacam as formas do corpo humano, principalmente das mulheres. e) O uso de formas muito simples, evitando identificar pelo corpo o gênero da pessoa representada. Interatividade Resposta Qual é uma das principais características em relação à representação do corpo humano, tanto na arte bizantina quanto na medieval? a) A representação com a maior fidelidade formal possível. b) O uso de referências de anatomia estudadas a partir de cadáveres humanos. c) A simplificação do corpo humano, usando uma idealização semelhante à utilizada pelos gregos antigos. d) A aplicação de formas exageradas, que destacam as formas do corpo humano, principalmente das mulheres. e) O uso de formas muito simples, evitando identificar pelo corpo o gênero da pessoa representada. O Renascimento: a razão e a arte A palavra renascença significa nascer de novo ou ressurgir. Para os italianos e principalmente os artistas florentinos do século XIV, a arte que estava sendo produzida era considerada de qualidade porque recuperava aquela do período do Império Romano. Foi na cidade de Florença que esse sentimento se manifestou de modo mais intenso. Foi também nesse momento que um grupo de artistas se dispôs deliberadamente a criar uma nova arte e a romper com as ideias do passado recente, tendo como líder Filippo Brunelleschi, que ficou encarregado da O retorno aos valores clássicos conclusão da cúpula da catedral de Florença. Sua proposta era de que as formas da arquitetura clássica (colunas, frontões, proporções etc.) fossem livremente usadas para criar novos modos de harmonia e beleza. É desse período a invenção de uma forma de representaçãoque dominou, durante alguns séculos, a criação de imagens que reproduzem o mundo real: a perspectiva. Atribui-se a Filippo Brunelleschi sua invenção e, apesar do surgimento de outras formas de representação, a perspectiva é usada até hoje, inclusive no mundo virtual da informática. O Renascimento: a razão e a arte Figura 10: Masaccio (Tommaso de San Giovanni Valdano ou Tommaso de San Giovanni di Simone Guidi), A Santíssima Trindade, 1401-1428. Afresco, Santa Maria Novella, Florença, Itália. Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki>. Acesso em: 15 ago. 2018 Uma das principais contribuições dos artistas, tanto na Itália (sul da Europa), quanto em Flandres (norte da Europa), foi a demonstração de que a arte podia ser usada não só para contar a história sagrada de uma forma comovente (uma das principais preocupações da Igreja Católica), mas para refletir também um fragmento do mundo real. O Renascimento: a razão e a arte Figura 11: Jan van Eyck, O casal Arnolfini. 1434. Óleo sobre madeira, 82 cm x 60 cm. National Gallery, Londres, Inglaterra. Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro, Sextante, 2011. Leonardo da Vinci (1452-1519) foi aprendiz em uma importante oficina de Florença e se destacou como uma das mais capazes e ricas personalidades de todos os tempos. Estudou, ampliou os conhecimentos, criou e imaginou artefatos que somente viriam a se tornar realidade séculos depois. Atuou nas áreas de medicina, anatomia, engenharia militar, ótica, arquitetura, pintura, geometria, entre outros campos. Em uma das suas mais conhecidas obras, a “Mona Lisa”, Leonardo consegue superar os mestres anteriores, usando uma técnica de pintura denominada sfumato, que possibilitou criar uma ilusão de vivacidade nunca antes conseguida na pintura de uma figura humana. O Renascimento: a razão e a arte Figura 12: Leonardo da Vinci, Mona Lisa, 1503-1507. Óleo sobre madeira. Museu do Louvre, Paris, França. Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro, Sextante, 2011. Tem início um momento na história da arte europeia – que se contraporia ao Renascimento – que privilegiou os desejos pessoais e o talento individual de artistas e arquitetos em criarem arte segundo seus princípios individuais, ao contrário de perseguir regras matemáticas, geométricas ou, como já foi dito, clássicas. Outro grande florentino cuja obra tornou tão famosa a arte italiana do século XVI, foi Michelangelo Buonarrotti (1475-1564). A sua capacidade de representar o corpo humano em qualquer posição ficou logo conhecida e nisso superou todos os antigos mestres. Essa habilidade foi desenvolvida a partir do estudo da anatomia humana feita diretamente em cadáveres, como Leonardo da Vinci e outros artistas já haviam feito. Ele foi um dos artistas que começa a criar regras próprias para fazer seu trabalho, ou seja, à sua maneira. Daí, o maneirismo. O Maneirismo: clássico e anticlássico Em uma de suas obras, a pintura do teto da Capela Sistina, pode-se admirar toda a habilidade e a imaginação de Michelangelo em manipular a anatomia do corpo humano. Até hoje, aquelas imagens nos seduzem e são reproduzidas pelo mundo inteiro, resultado de um árduo trabalho de quatro anos de extrema dedicação. O Maneirismo: clássico e anticlássico Figura 13: Michelangelo Buonarroti, Maria e Jesus, detalhe do Juízo Final., 1534-41. Capela Sistina, Roma, Itália. Fonte: <https://commons.wikimedia.org>. Acesso em: 12 ago. 2018. Na história da arte, o momento que sucede ao Renascimento e ao Maneirismo, é chamado de Barroco. Originalmente, esse nome fora dado a algumas obras como um meio de caracterizá-las como grosseiras e absurdas, ou seja, dando um sentido pejorativo. Essa denominação foi atribuída à arquitetura e às obras de arte produzidas durante o século XVII, por homens que insistiam em que as formas das construções clássicas jamais deveriam ser usadas ou combinadas senão da maneira adotada na Antiguidade por gregos e romanos. Na pintura e na escultura, as formas e as cores são manipuladas para aumentar a dramaticidade das cenas e impactar o observador. O Barroco: a invenção do movimento Na arquitetura, a manipulação das formas clássicas não utiliza referências rígidas, havendo até mesmo a criação de novas formas, que não existiam no passado clássico. A composição plástica do edifício é mais importante do que o uso de regras antigas. Na imagem ao lado, está reproduzido o conjunto de estátuas feito em mármore que forma o centro da capela Cornaro, na qual a estrutura arquitetônica, as esculturas e os elementos decorativos formam um todo unitário, ou seja, um cenário completo. A representação do drama se materializa de maneira cenográfica no centro da capela. Em ambos os lados, abrem-se duas cavidades, como se fossem palcos, nas quais se debruçam estátuas que representam a família Cornaro, que não aparecem na imagem. O Barroco: a invenção do movimento Figura 14: Michelangelo Buonarroti, vista do teto da Capela Sistina, 1508-12. Vaticano, Itália. Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro, Sextante, 2011. Com adaptações. A fachada da San Carlo alle Quattro Fontane (cerca de 1634), feita por Francesco Borromini, é representativa da utilização dos elementos clássicos de maneira anticlássica. Nota-se o frontão com reentrâncias e saliências. A maneira de compor todos esses elementos na fachada abre as possibilidades do movimento desenvolvido e aprimorado no Barroco. Todos os elementos novos quebram a bidimensionalidade do plano da fachada. O Barroco: a invenção do movimento Figura 15: Foto da fachada da San Carlo alle Quattro Fontane, de autoria de Francesco Borromini, em Roma, Itália. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia>. Acesso em: 21 ago. 2018. Na pintura, assim como na arquitetura, os artistas também tiveram que recorrer a novos métodos de trabalho que se aprofundaram no século XVII: a ênfase sobre a luz e a cor, para aumentar o contraste e, portanto, a dramaticidade; o desprezo pelo equilíbrio simples e a preferência por composições mais complicadas. Essas mudanças aparecem na obra de Caravaggio. Começa também no século XVI um costume na sociedade que não havia anteriormente. Iniciava-se a prática do debate O Barroco: a invenção do movimento Figura 16: Michelangelo Merisi (Caravaggio), Crucificação de São Pedro, 1601. Óleo sobre tela. Igreja de Santa Maria Del Poppolo, Roma, Itália. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons>. Acesso em: 15 ago. 2018. sobre a arte e os seus movimentos, inclusive sobre qual obra era a melhor que outra. No Barroco há uma profunda mudança na maneira de se fazer pinturas. Uma das mudanças se refere ao uso da luz nos temas retratados. Ela é aplicada para aumentar o contraste entre as figuras e entre elas e o fundo da imagem. Com qual finalidade esse efeito era aplicado? a) Para aumentar a dramaticidade das imagens. b) Para permitir uma melhor visualização do tema. c) Para reduzir o uso de cores escuras, que eram mais caras. d) Para destacar as formas do corpo humano. e) Para tornar a imagem mais próxima da realidade visível. Interatividade Resposta No Barroco há uma profunda mudança na maneira de se fazer pinturas. Uma das mudanças se refere ao uso da luz nos temas retratados. Ela é aplicada para aumentar o contraste entre as figuras e entre elas e o fundo da imagem. Com qual finalidade esse efeito era aplicado? a) Para aumentar a dramaticidade das imagens. b) Para permitir uma melhor visualização do tema. c) Para reduzir o uso de cores escuras, que eram mais caras. d) Para destacar as formas do corpo humano. e) Para tornar a imagem mais próxima da realidade visível. O período compreendido entre os anos 1776 e 1848 foi marcado, tanto na Europa como na América, por importantes movimentos que conduziram à transformaçãoda sociedade ocidental. Esses movimentos foram: a Primeira Revolução Industrial, ocorrida inicialmente na Inglaterra a partir de 1750, e que modificou o modo de produção econômico e as próprias relações sociais na Europa; a Revolução Americana (1776), da qual resultaram a independência dos Estados Unidos e o início da derrocada do antigo sistema colonial no continente americano; a Revolução Francesa (1789), que pôs fim ao sistema feudal na França; e as diversas revoluções que eclodiram em diferentes regiões da Europa A arte na era das revoluções no ano 1848, com base em ideais como o liberalismo, o socialismo e o nacionalismo, princípios novos que conduziram à derrubada das relações políticas, econômicas e sociais que predominavam no continente desde a Idade Média. Foi na direção de sua constante laicização (uso de temas não religiosos) que a arte ocidental caminhou, a partir de Revolução Francesa: os temas bíblicos foram substituídos, na pintura e na escultura, por temas mitológicos e do cotidiano burguês. Além disso, os artistas passaram a servir não mais à Igreja, que entrava em decadência como centro de irradiação do poder político, mas aos novos líderes políticos, em especial Napoleão Bonaparte, tornado imperador francês em 1799. Exemplo A laicização da arte e a Revolução Francesa Figura 17: Jacques-Louis David. A morte de Marat ou Marat assassinado (Marat assassiné) (1793). Óleo sobre tela. Musées royaux des Beaux-Arts de Belgique, Bruxelas, Bélgica. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons >. Acesso em: 15 ago. 2018. desse momento é o quadro ao lado, que retrata um revolucionário francês assassinado. Realismo A pintura realista desenvolveu-se principalmente na França, na segunda metade do século XIX, paralelamente ao contínuo processo de transformação promovido, sobretudo nas cidades, pela Revolução Industrial. O Realismo consistiu numa nova estética, que pretendia aplicar, no campo artístico, o mesmo rigor de interpretação e domínio da natureza conquistado no campo científico. A arte buscava o abandono da subjetividade e da emoção, caracterizando-se pela busca da objetividade, de modo racional. A arte e a Revolução Industrial Realismo Os artistas realistas não idealizam a natureza, nem buscam melhorá-la ao representá-la em suas obras. O belo está na própria realidade do modo como ela é, cumprindo apenas ao artista reproduzi-la em sua verdade. A arte e a Revolução Industrial Figura 18: Gustave Courbet, Moças Peneirando o Trigo, 1854. Óleo sobre tela. Museu de Belas Artes, Nantes, França. Fonte: <https://upload.wikimedia.org>. Acesso em: 15 ago. 2018. A obra de arte constitui veículo de denúncia das injustiças sociais, protestando, de forma politizada, em favor dos oprimidos e dos desfavorecidos, revelando a desigualdade existente entre a pobreza do proletariado e a riqueza dos burgueses. Na escultura “O Beijo”, de Auguste Rodin, é possível observar as principais características da obra desse que foi o mais importante escultor realista. Sua importância reside, entre outros fatores, na sua ruptura com os padrões clássicos das esculturas, buscando novas proporções e ensaiando torções e movimentos com forte inspiração em Michelangelo. A arte e a Revolução Industrial Figura 19: Auguste Rodin, O Beijo, década de 1890. Escultura em mármore. Museu Rodin, Paris, França. Fonte: <https://commons.wikimedia.org>. Acesso em: 12 ago. 2018. Naturalismo A partir de 1830, surge uma nova forma de representação da realidade com as inovações que a máquina permitia: a fotografia. Os artistas perceberam o limite das possibilidades da arte na mimese do real. Abandonando um pouco as questões ideológicas (crítica social) do Realismo, os artistas naturalistas empreenderam uma caminhada em busca da reprodução fiel das paisagens urbanas ou não, sem o caráter idealizado do Realismo. Sua prática ocorria ao ar livre, característica adotada, posteriormente, também pelos impressionistas para garantir o contato direto com o real. A arte e a Revolução Industrial Naturalismo Entre os principais artistas naturalistas estão Theodore Rousseau (1812-1867) e Camille Corot (1796-1875). Em sua fase italiana, Corot, no início do século XIX, privilegiava as paisagens elaboradas com volumes, cuja luz construía as formas a partir do contraste com as sombras. As tonalidades das cores complementam a construção minuciosa da paisagem. A arte e a Revolução Industrial Figura 20: Jean Baptiste Camille Corot, Fórum visto do Jardim Farnese, 1826. Papel montado sobre tela. Museu do Louvre, Paris, França. Fonte: <http://artsdot.com>. Acesso em: 15 ago. 2018. Romantismo No Romantismo, os artistas afastaram-se da representação do real. O interesse era o de representar valores sociais simbolizados nas próprias pinturas por figuras humanas, seus trajes, seus gestos e mesmo os objetos que portavam. A pintura adquire um caráter eminentemente retórico, tornando-se um discurso sobre o real, representando as mudanças sociais e políticas decorrentes da ascensão da burguesia ao poder. Por esse motivo, as cenas do cotidiano, do povo e seus costumes são os preferidos pelos artistas. A arte e a Revolução Industrial Romantismo Um dos artistas mais representativos desse período foi Eugène Delacroix (1798- 1863), autor do primeiro quadro político da História da Arte, “A Liberdade guiando o povo” (1830). A arte e a Revolução Industrial A ideia de liberdade estava impregnada de valores nacionalistas e de independência da pátria. Figura 21: Eugène Delacroix, A Liberdade guiando o povo (1830). Óleo sobre tela. Museu do Louvre, Paris, França. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons>. Acesso em: 15 ago. 2018. A chamada Era das Revoluções provocou profundas mudanças nos temas abordados pelos artistas da época. Uma dessas mudanças refere-se aos novos temas abordados nas pinturas e nas esculturas, que não mais se limitavam à religião. Qual dos temas indicados surge como novo assunto de interesse aos artistas daquele período? a) A religião protestante. b) As novas conquistas tecnológicas da Revolução Industrial. c) As imagens de gente comum e trabalhadora. d) A força da fé católica. e) Os novos designs aplicados aos produtos industriais. Interatividade A chamada Era das Revoluções provocou profundas mudanças nos temas abordados pelos artistas da época. Uma dessas mudanças refere-se aos novos temas abordados nas pinturas e nas esculturas, que não mais se limitavam à religião. Qual dos temas indicados surge como novo assunto de interesse aos artistas daquele período? a) A religião protestante. b) As novas conquistas tecnológicas da Revolução Industrial. c) As imagens de gente comum e trabalhadora. d) A força da fé católica. e) Os novos designs aplicados aos produtos industriais. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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