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Tecnologia assistiva Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6317-8 9 788538 76317 8 Tecnologia assistiva Irene Carmem Picone Prestes 2017 © 2014-2017 IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Produção CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________________ P939t Prestes, Irene Carmem Picone Tecnologia assistiva / Irene Carmem Picone Prestes. - 1. ed. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2017. 114 p. : il. ; 21 cm. ISBN 978-85-387-6317-8 1. Educação especial. 2. Inclusão escolar. 3. Educação - Inovações tecnológica. I. Título. 17-40514 CDD: 371.9 CDU: 376 ________________________________________________________________________ Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Max Krasnov/Shutterstock No século XXI – da sociedade do conhecimento – todas as crianças têm direito fundamental à educação. A Educação para todos tem o desafio da promoção integral do desenvolvimento e da formação do aluno. A escola é o espaço, por excelência, do processo e do progresso da apren- dizagem, devendo também oferecer convivência humana e exercício de cidadania. A cidadania na sociedade informacional vai considerar como direito de todos o acesso aos recursos tecnológicos. Mostra-se promissora na implementação e consolidação de ações inclusivas e de acessibilidade, que atendam às diferenças individuais e à diversidade cultural. Numa visão psicológica, sócio-histórica, cultural e integrada do ser humano, que requer observar o potencial expressivo e criativo inerente a ele em qualquer idade. A Tecnologia Assistiva desponta como área do conhecimento atuali- zada capaz de pesquisar e planejar recursos e serviços em prol de efe- tivas ações transformadoras das práticas discriminatórias da sociedade em relação às pessoas com deficiência, mobilidade reduzida ou idosas. Norteia suas ações na promoção de um estilo de vida independente e no respeito aos estilos e ritmos de aprendizagem de cada aluno, essenciais para a verdadeira inclusão socioeducativa. Neste livro convidamos você a ser um promotor de tecnologias aces- síveis a todas as pessoas em nossa sociedade. Boa leitura! Apresentação Irene Carmem Picone Prestes Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Antropologia Cultural pela UFPR. Especialista em Psicopedagogia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Psicanalista. Psicóloga. Docente na UTP. Presidente da Comissão de Educação Inclusiva da UTP. Sobre a autora Sumário 1 Dimensões de acessibilidade 9 1.1 Contextualização da acessibilidade 10 1.2 Legislação da acessibilidade 13 1.3 Compreendendo as dimensões da acessibilidade 18 2 Tecnologia Assistiva e a inclusão 27 2.1 Sobre o diagnóstico na inclusão 28 2.2 Impacto causado pela deficiência no ser humano 31 2.3 Tecnologia Assistiva – valorizando a diversidade humana 36 3 Tecnologia Assistiva aplicada I 41 3.1 Descrevendo as categorias da Tecnologia Assistiva 42 3.2 Tecnologia Assistiva aplicada à vida diária 47 3.3 Tecnologia Assistiva aplicada às habilidades físicas 50 4 Tecnologia Assistiva aplicada II 57 4.1 Sob o paradigma da inclusão psicossocial 58 4.2 Tecnologia Assistiva aplicada aos recursos ambientais 62 4.3 Tecnologia Assistiva aplicada ao esporte e lazer 66 Sumário 5 Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal 73 5.1 Modelos conceituais – médico e social 74 5.2 Aprendendo com o Desenho Universal 78 5.3 Compreender a incapacidade e a funcionalidade 82 6 Software Educativo 87 6.1 Tecnologias nas práticas educativas 88 6.2 Softwares e as deficiências 91 6.3 Dimensões do uso das tecnologias educativas 94 7 Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade 101 7.1 Escola acessível 102 7.2 Reconhecendo a sala de recursos multifuncionais 105 7.3 Espaço multifuncional de aprender a ser 109 1 Dimensões de acessibilidade Conhecer a contextualização atual da acessibilidade, entender a legislação que envolve a acessibilidade e reconhecer a aplicabilidade das dimensões de acessibilidade no processo de inclusão. Objetivos: Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva10 1.1 Contextualização da acessibilidade Uma proposta de contextualização busca revelar a articu- lação das diversas realidades presentes na sociedade do mun- do globalizado para que possam emergir um significado e um sentido da realidade observada. Assim apresentamos alguns pontos relevantes para a contextualização e compreensão da acessibilidade na atual sociedade inclusiva brasileira. Para enfrentar os desafios do século XXI, novas concepções de educação de- vem ser ampliadas para uma visão de plenitude, em que as pessoas possam, em síntese, aprender a ser, conforme aponta o relatório da Comissão Internacional de Educação para o século XXI feito para a Unesco (2010) sobre os pilares da educa- ção. A Constituição Brasileira de 1988 garante o direito de igualdade a todos os cidadãos no espaço social da nação. Esse direito inclui o acesso a serviços essen- ciais, como habitação própria, saúde, educação e trabalho, para todas as pessoas sem qualquer forma de discriminação. É direito do cidadão e cabe ao Estado a promoção e a proteção desse direito por meio da implementação e manutenção de ações que atendam, individual e coletivamente, às necessidades e às expecta- tivas do cidadão. Na celebração dos 25 anos de vigência da Carta Constitucional do Brasil, como parte das comemorações, o Governo Federal lançou uma versão da Constituição em texto, áudio e linguagem de sinais – Libras (Língua Brasileira de Sinais), fortalecendo o paradigma vigente de acessibilidade na sociedade in- clusiva brasileira. A Constituição pode ser consultada por todas as pessoas no site PCD Legal, uma biblioteca virtual disponível em: <www.pcdlegal.com.br/ constituicaofederal/#.VDwiSPldWm2>. É notório que grande parte da população é confrontada cotidianamente com diferentes barreiras, que tornam inacessíveis o transporte coletivo, prédios públicos, metodologias educacionais, tecnologias de baixo custo, comunicação Vídeo Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 11 nos setores públicos, entre outros obstáculos. Vale verificar os números no Censo Demográfico do IBGE, realizado em 2010, de características da popula- ção, religião e pessoa com deficiência: Os resultados do Censo Demográfico de 2010 apontaram 45 606 048 milhões de pessoas que declaram ter pelo menos uma das deficiên- cias investigadas, correspondendo a 23,9% da população brasileira. Dessas pessoas 38 473 702 se encontravam em áreas urbanas e 7 132 347 em áreas rurais. A região Nordeste concentra os municípios com os maiores percentuais da população com pelo menos uma das defi- ciências investigadas [...]. (IBGE, 2010, p. 73) Os dados do Censo são significativos e justificam o incremento nas ações voltadas à acessibilidade, inclusão, tecnologias assistivas e comunicação alter- nativa nos espaços de educação formal e não formal e organizações do estado nacional. Ainda, vale um alerta, devemos considerar que a possibilidade de en- frentamento das barreiras, obstáculos do cotidiano ou até mesmo da condição de deficiência temporária assola qualquer pessoa em alguma situação de vida, senão a todos os sujeitos no processo do desenvolvimento do envelhecer que traz limitações naturais a todo o ser humano. Outro aspecto fundamental nessa contextualização e que interfere na aces- sibilidade e no processo inclusivo trata da globalização que, como um processo complexo atual, traduz o modo das interações entre os continentes e os países. Esse mecanismointerfere nas decisões numa gama de aspectos econômicos, educacionais, culturais e políticos, que articulam os confrontos planetários. Por meio da globalização, as pessoas estão mais próximas de todo mundo, os governos e as organizações trocam ideias, realizam transações e disseminam um modus operandi nas questões da educação e cultura pelos quatro cantos do planeta, como as proposições da ONU e da Unesco, expandindo, dessa forma, os limites das fronteiras e da territorialidade e consequentemente interferindo nas atitudes das pessoas. Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva12 O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos confirma essa comple- xidade e nos ajuda a refletir sobre o conceito de globalização quando considera que “o global e o local são socialmente produzidos no interior dos processos de globalização” (SANTOS, 2002, p. 63). Isso nos conduz a compreender a com- plexidade da globalização, a qual produz trocas entre as redes humanas sem fronteiras, indiscriminada e instantaneamente. Ampliam desta forma a terri- torialidade dos continentes e estabelecem a complexidade das decisões, dos recursos, dos instrumentos, entre outros, hoje em dia. Sem dúvida, favorecem e fortalecem cada vez mais as ações coletivas civilizatórias. Extra Recomendamos a leitura da Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien – 1990). Brasil, UNICEF. Disponível em: <www.unicef. org/brazil/pt/resources_10230.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades Liste cinco palavras-chave relacionadas à acessibilidade. Referências DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional para a educação do século XXI. Brasília: julho, 2010. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTATÍSTICA E GEOGRAFIA – IBGE. Censo Demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. IBGE. ISSN 0104- 3145. Censo demogr. Rio de Janeiro, p. 1-215, 2010. Disponível em: <http:// biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/94/cd_2010_religiao_deficiencia. pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 13 SOUSA SANTOS, Boaventura (Org.). A globalização e as Ciências Sociais. São Paulo: Cortez, 2002. Disponível em: <http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/ boaventura/globalizacaoeciencias.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien –1990). Disponível em: <www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. Resolução da atividade Acessibilidade: lei, cidadania, autonomia, globalização, comunicação. 1.2 Legislação da acessibilidade Inicialmente, define-se acessibilidade como a possibilidade para a remoção dos entraves que representam as barreiras para a efetiva usabilidade e participação de pessoas nos diversos ce- nários da vida pessoal, social e profissional. Ainda, entende-se que a acessibilidade está diretamente vinculada aos pressupos- tos da inclusão social e educacional, ou seja, trata-se de questões próprias dos Direitos Humanos Universais e do pleno exercício da cidadania. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um do- cumento marco na história dos direitos humanos. Elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de Dezembro de 1948 [...]. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos di- reitos humanos. [...] Uma série de tratados internacionais de direitos humanos e outros instrumentos adotados desde 1945 expandiram o corpo do direito internacional dos direitos humanos. (ONUBR, 2017) Vídeo Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva14 A acessibilidade enquanto direito humano deve nortear-se nos alicerces da inclusão que visam à autonomia, à independência e ao empoderamento da pessoa com deficiência. Segundo Sassaki (1997, p. 38), empoderamento significa “o pro- cesso pelo qual uma pessoa usa o seu poder pessoal inerente à sua condição para fazer escolhas e tomar decisões, assumindo, assim, o controle de sua vida”. Portanto, a acessibilidade nas dimensões arquitetônica, tecnológica, co- municacional, linguística, pedagógica e atitudinal (preconceito, medo e igno- rância), preconiza a construção de acesso e a eliminação dos diversos tipos de barreiras, favorecendo a dignidade e o bem-estar daqueles que têm limitações ou mobilidade reduzida. A legislação, em geral, existe para promoção da igualdade de oportunida- des entre as pessoas, especificamente da pessoa com deficiência, visando a um fim comum: tornar a estrutura em que vivemos apta a acolher as diferenças individuais e a diversidade cultural. Assim, é importante destacar e compreen- der o sentido e o significado da lei, em uma citação de Dischinger. Lei: no sentido jurídico, é a regra jurídica escrita, instituída pelo legislador, no cumprimento de um mandato, que lhe é outorgado pelo povo. Segundo Clóvis Beviláqua, “A ordem geral obrigatória que, emanada de uma autoridade competente reconhecida, é im- posta coativamente à obediência de todos”. A lei institui a ordem jurídica, em que se funda a regulamentação, para manter o equi- líbrio entre as relações do homem na sociedade, no tocante a seus direitos e deveres. (DISCHINGER, 2012, p. 103-104) A lei organizadora da sociedade visa, então, ao aprimoramento da civili- zação e à evolução do ser humano. A legislação da acessibilidade consiste na construção de um mundo includente, permitindo a existência integral e plena da pessoa. Fazer parte de uma sociedade significa ter condições de desempe- nhar papéis dos quais somos capazes, como o de pais, cidadãos, estudantes, trabalhadores, entre outros, de modo que a nossa capacidade não seja obstada por barreiras externas. Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 15 O Decreto 5.296/2004, que regulamenta, inclusive, a Lei Federal 10.098/2000, sustentando a acessibilidade e estabelecendo as normas e critérios básicos para a promoção de acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade redu- zida, em seu artigo 8° (incisos I e II) esclarece: Das condições gerais da acessibilidade Art. 8° Para os fins de acessibilidade, considera-se: I. acessibilidade: condição para utilização, com segurança e auto- nomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos disposi- tivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; II. barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação, classificadas em: a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos es- paços de uso público; b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior das edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas inter- nas de uso comum nas edificações de uso privado multifamiliar; c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de trans- portes; e d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entra- ve ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação. (BRASIL, 2004) Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva16 Ainda baseando-se na legislação, é possível desdobrar a acessibilidade em seis dimensões: 1. Acessibilidade arquitetônica – sem barreiras ambientais físicas em todos os recintos internos e externos da escola e nos transportes coletivos.2. Acessibilidade comunicacional – sem barreiras na comunicação in- terpessoal, na comunicação escrita e na comunicação virtual e digital. 3. Acessibilidade metodológica – sem barreiras nos métodos e técni- cas de estudo, de ação comunitária, cultural e de educação dos filhos, dos estudantes e nas relações familiares. 4. Acessibilidade instrumental – sem barreiras nos instrumentos e utensílios de estudo, de atividades habituais da vida diária e de la- zer, esporte e recreação (dispositivos que atendam às limitações sen- soriais, físicas e mentais etc.). 5. Acessibilidade programática – sem barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias, resoluções, medidas provisórias etc.), em regulamentos (institucionais, escolares, empre- sariais, comunitários etc.) e em normas de um modo geral. 6. Acessibilidade atitudinal – através de programas e práticas de sen- sibilização e de conscientização das pessoas em geral e da convivên- cia na diversidade humana resultando em quebra de preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações. A legislação de acessibilidade assim descrita pretende contribuir para que todo ser humano, independentemente de suas diferenças físicas ou capacida- des sensório-perceptivas, possa ter garantido a equidade de oportunidades para além das deficiências, na valorização da dignidade, independência e au- tonomia do cidadão. Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 17 Extra Recomendamos assistir ao vídeo Jovens brasileiros participam na sede da ONU de debate sobre a inclusão. Disponível no link <http://www.inesc.org.br/noticias/ noticias-do-inesc/2014/setembro/quatro-adolescentes-e-jovens-brasileiros-participam -na-sede-da-onu-de-debate-sobre-inclusao-escolar>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades Construa um pequeno texto de três a quatro linhas relacionando Direitos Humanos Universais – Cidadania – Diversidade. Referências BRASIL. Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, em 20 dezembro de 2000. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l10098.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. ______. Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências. Publicado no Diário Oficial da União, em 3 dezembro de 2004. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/ Decreto/D5296.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional para a educação do século XXI. Brasília: julho, 2010. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva18 DISCHINGER, Marta. Promovendo acessibilidade espacial nos edifícios públicos: programa de acessibilidade às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida nas edificações de uso público. Florianópolis: MPSC, 2012. 161p. Disponível em: <http:// www.mpam.mp.br/attachments/article/5533/manual_acessibilidade_compactado.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ONUBR. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <https:// nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/>. Acesso em: 22 mar. 2017. SASSAKI, Romeu. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien – 1990). Disponível em: <www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. Resolução da atividade Entende-se que, em essência, o que as leis voltadas aos direitos humanos preservam é o valor da diversidade humana e a garantia de igualdade social como instrumento de bem-estar e de desenvolvimento inclusivo, social e educacional. Para ser cidadã ou cidadão, cada pessoa, única e singular, precisa conviver com toda a sociedade e ofe- recer a todos o seu saber, habilidades e competências, em uma troca de permanente aperfeiçoamento. 1.3 Compreendendo as dimensões da acessibilidade Reconhecer a aplicabilidade das seis dimensões de aces- sibilidade propostas na legislação nos fortalece no reconheci- mento do caminho trilhado nas práticas para a verdadeira so- ciedade inclusiva, que abre suas portas à pessoa com deficiência na vida escolar para a vida profissional, a fim de conquistar o Vídeo Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 19 pleno exercício da cidadania, entendido como o lugar máximo de todo ser hu- mano na civilização. É importante considerar, na aplicação das propostas de acessibilidade, a existência de situações ambientais, atitudinais, tecnológicas em que possam ocorrer barreiras, obstáculos de diversos âmbitos. Essas situações devem ser tomadas como parâmetros investigativos para se encontrar a solução viável aos problemas vividos. A alternativa acessível deve considerar o processo históri- co, cultural e educacional, demonstrando a necessidade de constante alinha- mento para soluções criativas e enriquecedoras do ser humano na permanente construção e atualização da sociedade inclusiva. Para a aplicação das seis dimensões de acessibilidade apresentamos algu- mas alternativas: 1. Acessibilidade arquitetônica – sem barreiras ambientais físicas dentro dos critérios preconizados pela norma NBR 9050 (2004), que estabelece os parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptações de edificações, mobi- liários, equipamentos urbanos ás condições de acessibilidade como rampas, piso tátil, banheiros adaptados, nos transportes coletivos, entre outros. cowardlion/Shutterstock RioPatuca/Shutterstock Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva20 2. Acessibilidade comunicacional – sem barreiras na comunicação in- terpessoal (face a face, língua de sinais, linguagem corporal, lingua- gem gestual etc.), na comunicação escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc., incluindo textos em braile, textos com letras ampliadas para quem tem baixa visão, notebook e outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicação virtual (acessibilidade digital). tomgigabite/Shutterstock NataLT/Shutterstock 3. Acessibilidade metodológica – sem barreiras nos métodos e técni- cas de estudo (adaptações curriculares, aulas baseadas nas inteligên- cias múltiplas, uso de todos os estilos de aprendizagem, participação do todo de cada aluno, novo conceito de avaliação de aprendizagem, novo conceito de educação, novo conceito de logística didática etc.), de ação comunitária (metodologia social, cultural, artística etc. ba- seada em participação ativa) e de educação dos filhos (novos méto- dos e técnicas nas relações familiares etc.). 4. Acessibilidade instrumental – sem barreiras nos instrumentos e uten- sílios de estudo (lápis, caneta, transferidor, régua, teclado de computa- dor, materiais pedagógicos), de atividades da vida diária (Tecnologia Assistiva para comunicar, fazer a higiene pessoal, vestir, comer, Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 21 andar, tomar banho etc.) e de lazer, esporte e recreação (dispositivos que atendam às limitações sensoriais, físicas e mentais etc.). Jaren Jai Wicklund/Shutterstock Huntstock.com/Shutterstock 5. Acessibilidade programática – sem barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas (leis, decretos, portarias, resoluções, medidas provisórias etc.), em regulamentos (institucionais, escolares, empre- sariais, comunitários etc.) e em normas no geral.6. Acessibilidade atitudinal – por meio de programas e práticas de sensibilização e de conscientização das pessoas em geral e da convi- vência na diversidade humana, resultando em quebra de preconcei- tos, estigmas, estereótipos e discriminações. Finalizamos esta aula com uma reflexão significativa. A legislação brasi- leira voltada à pessoa com deficiência nas suas diferentes expressões, acessi- bilidade, tecnologias assistivas e comunicação alternativa é de boa qualidade e possui quantidade bastante abrangente, a ponto de destacar o Brasil ao nível de países mais desenvolvidos do ponto de vista político, econômico e social. Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva22 A questão “deficiente” está no cumprimento prático da legislação e no frágil exercício prático da cidadania. Extra Sugerimos a leitura do artigo de Romeu Sassaki intitulado “Inclusão: aces- sibilidade no lazer, trabalho e educação”. Disponível em: <www.apabb.org.br/ admin/files/Artigos/Inclusao%20-%20Acessibilidade%20no%20lazer,%20tra- balho%20e%20educacao.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades No artigo indicado anteriormente, de Romeu Sassaki, é apresentado um histórico da acessibilidade no Brasil. Monte um esquema com o principal as- pecto de cada década. Referências BRASIL. Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, em 20 dezembro de 2000. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. ______. Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências. Publicada no Diário Oficial da União, em 3 dezembro de 2004. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/ D5296.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. SASSAKI, Romeu. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Disponível em: <www.apabb.org.br/admin/files/Artigos/Inclusao%20-%20Acessibilidade%20no%20 lazer,%20trabalho%20e%20educacao.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 23 VILLAVERDE, Adão (Org.). Manual de redação – mídia inclusiva. Porto Alegre: Assembleia Legislativa, 2011. Disponível em: <www.portaldeacessibilidade.rs.gov.br/ uploads/1313497232Manual_de_Redacao_AL_Inclusiva.pdf.> Acesso em: 21 mar. 2017. YOSHIDA, Maria Aparecida Gomes Bronhara. Pessoas com deficiência: legislação, acessibilidade e trabalho. BEPA, Boletim Epidemiológico Paulista (online), vol. 5, n. 57, São Paulo, set. 2008. Disponível em: < http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1806-42722008000900002&lng=pt>. Acesso em: 09 mar. 2017 Resolução da atividade Breve histórico de acessibilidade no Brasil: • Anos 50 – profissionais denunciam a existência de barreiras. • Anos 60 – Universidades do EUA iniciam eliminação das barreiras arquitetônicas. • Anos 70 – 1975, ONU – Declaração dos Direitos das Pessoas Diferentes. • Anos 80 – Participação plena e igualdade. Ano Internacional das pessoas deficientes. • Anos 90 – Desenho Universal. Diversidade Humana. • Século XXI – 2006, ONU – Acessiblidade. Ampliando seus conhecimentos Pessoas com deficiência: legislação, acessibilidade e trabalho (YOSHIDA, 2008) [...] Acessibilidade é a condição para utilização, com segurança e auto- nomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. Dimensões de acessibilidade1 Tecnologia Assistiva24 São consideradas pessoas com mobilidade reduzida as que, tempo- rária ou permanentemente, têm limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo, estando aí incluídos idosos, gestantes, lactantes e pessoas acompanhadas por crianças de colo. A questão da acessibilidade é uma das reivindicações mais antigas e de maior visibilidade dos movimentos das pessoas com deficiência, tendo paradigmas que variaram ao longo da história. No início dos anos 1980 buscava-se a eliminação de barreiras arquitetônicas, e em meados daquela década identificavam-se as barreiras ambientais. No início dos anos 1990 eram identificadas, além das barreiras am- bientais e atitudinais, as de comunicação e de transporte. Em meados daquele período surgiu o conceito de desenho universal, ou seja, um planejamento arquitetônico ambiental, de comunicação e transporte em que todas as características das pessoas são atendidas, independente- mente de possuírem ou não uma deficiência. O desenho universal pro- cura romper com a visão de uma arquitetura voltada para um ideal de homem ou a um pretenso homem médio, buscando respeitar a diversi- dade humana. No final daquela década, passou-se a usar simultanea- mente acessibilidade ao termo desenho universal. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou em 2004 a segunda edição da Norma Brasileira NBR 9050, que versa sobre: “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.” Em decorrência do interesse social dessa norma, e tendo em vista a relevância e o caráter público de que se reveste, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público Federal e a ABNT, para que essa norma fosse disponibilizada, na íntegra e gratuita- mente, para acesso amplo e irrestrito a qualquer cidadão. Dimensões de acessibilidade 1 Tecnologia Assistiva 25 Assim, por meio da Secretaria Especial de Direitos Humanos - Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) -, a NBR 9050 encontra-se no site: http://www.mj. gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/normas_abnt.asp. São exemplos das disposições da NBR 9050/ 2004: a vaga reservada com o símbolo internacional de acessibilidade na entrada das empresas; as rampas de acesso com até 8% de inclinação; largura das portas e áreas de circulação adequadas às cadeiras de rodas; sinalização tátil, visual e audi- tiva; tipos de piso; adequação de mobiliários, sanitários, vestiários e bebe- douros, dentre outros. Assim, encontram-se normatizados, desde a entrada nas empresas, edifícios até o detalhamento de como deve ser o ambiente de trabalho para acolher todos os trabalhadores com deficiência ou não. http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/normas_abnt.asp http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/normas_abnt.asp 2 Tecnologia Assistiva e a inclusão Refletir sobre a importância do diagnóstico nos processos de inclusão e apresentar a Tecnologia Assistiva. Objetivos: Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva28 2.1 Sobre o diagnóstico na inclusão Saber lidar com a diversidade humana implica compreen- der os processos diagnósticos e não o diagnóstico, “porque não entendemos que deva ser feito em momentos específicos do tra- tamento, e sim, que deve ser uma preocupação constante do profissional” (FABRICIO; CANTOS, 2011, p. 2). Desta maneira, o diagnóstico deve ser um processo sistemático e permanente de investigação e análise de hipóteses diagnósticas, com a finalidade primordial de evitar a dis- criminação, a estigmatização ou a rotulação da pessoa com deficiência. Todo o processo diagnóstico deve se sustentar na ética dos Direitos Universais do Ser Humano. “Uma postura diagnóstica e a observação cuidadosa do momento do indivíduo são pressupostos indispensáveis para construção de uma interven- ção positiva” (FABRICIO; CANTOS, 2011, p. 2). O tema do diagnóstico no processo inclusivo é delicado e fundamental quando pensamos numa sociedadeplenamente acessível e respeitosa da diver- sidade e das diferenças individuais. [...] as diferenças entre os indivíduos, indicadas pelos limites, são também determinadas socialmente, mas tais limites, quando não são produtos de um delírio, tem uma base real. Quem tem deficiên- cia visual, deficiência auditiva, deficiência intelectual, deficiência física, pode ter diversos destinos, dependendo dos significados que a cultura atribui a essas deficiências; significados que dependem de condições sociais objetivas. (CROCHIK, 2012, p. 43) Quer dizer, ser deficiente, ser incapaz, está relacionado ao contexto sócio-his- tórico-cultural. Por vezes, não reconhecemos que as diferenças individuais cons- tituem aquilo que é o comum entre os seres humanos, somos todos digitalmente diferentes, uns dos outros. Por vezes, desconsideramos este detalhe fundamental e estruturante de cada pessoa. Saber sobre as diferenças individuais é considerar Vídeo Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 29 que cada pessoa é única e detentora de potencialidades singulares. Boaventura Souza Santos assim se expressa: “temos o direito a ser iguais quando a diferença nos inferioriza, e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza” (SANTOS, 2003 apud SOUSA, 2011, p. 1). O diagnóstico é o início de um atendimento, que pode desdobrar-se num plano de tratamento, num encaminhamento. É no ato de debruçar-se na pro- cura de sinais, sintomas, causas que o levantamento de hipóteses diagnósticas estabelece prováveis prognósticos e prescreve direções de tratamento para os respectivos quadros particulares que singularizam o diagnóstico de cada pessoa. Um processo diagnóstico satisfatório exige uma postura de distanciamen- to do seu próprio ponto de vista para considerar os outros pontos de vista, muitas vezes, contrários aos seus. Assim, o diagnóstico inclusivo sugere uma prática em equipe multidisciplinar e interdisciplinar, entre profissionais de di- versos segmentos da saúde como: psicólogo, médico, fisioterapeuta, fonoau- diólogo, entre outros. Finalmente, as práticas diagnósticas precisam ser repensadas dia a dia para que os discursos não sejam abstrações de palavras vazias, sem sentido e significado, ditos de todos, que se revestem de padronizações limitadoras, que rotulam, e que excluem de maneira velada as diferenças existentes no espaço escolar, até mesmo na sociedade. Extra A sugestão é assistir ao fime Somos todos diferentes (Taare Zameen Par, Índia, 2007), dirigido por Aamir Khan, que trata de um assunto muito delicado e importante: a dislexia e a falta de conhecimento e informação do educador para observar e diagnosticar esses casos. Disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=fK09tpyvEr4>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva30 Atividades Sugerimos a leitura do artigo de Fernanda Rodrigues Cacciari, Flávia Teresa de Lima e Marli da Rocha Mernard: “Ressignificando a prática: um caminho para a inclusão”. Publicado em 2005. A atividade consiste em escrever uma síntese bre- ve com as principais ideias apresentadas no artigo. Disponível em: <http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542005000100011>. Acesso em: 22 mar. 2017. Referências CACCIARI, Fernanda Rodrigues; LIMA, Flávia Teresa De; BERNARDI, Marli da Rocha. Ressignificando a prática: um caminho para a inclusão. Construção Psicopedagógica, [online]. v. 13, n. 10. São Paulo: 2005. Disponível em: <http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542005000100011>. Acesso em: 22 mar. 2017. CROCHIK, José Leon. Educação inclusiva e preconceito: Desafios para a prática pedagógica. In: GALVÃO FILHO, Teófilo Alves; MIRANDA, Theresinha Guimarães orgs. O professor e a educação inclusiva: formação, práticas e lugar. Salvador: EDUFBA, 2012. Disponível em: <www.galvaofilho.net/noticias/baixar_livro.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. FABRICIO, Nivea Maria de Carvalho; CANTOS, Paula Virgínia Viana. Diagnóstico- intervenção-perspectivas: atuação da escola inclusiva. Construção Psicopedagógica, v 19, n. 19. São Paulo: 2011. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542011000200009>. Acesso em: 22 mar. 2017. SOUSA, Nair Heloisa Bicalho de. Memorial de candidatura de Boaventura de Sousa Santos ao título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília. Brasília: UnB, 2011. Disponível em: <www.boaventuradesousasantos.pt/media/Memorial_ Nair%20Heloisa%20Bicalho%20de%20Sousa_29%20Outubro%202012.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 31 Resolução da atividade As autoras concluem que a instituição demanda tanta atenção e tantos cuidados quanto a própria criança a ser incluída. O professor também merece um olhar diferen- ciado, pois estabelece com essa criança uma relação que precisa ser cuidada. A atenção dispensada a todos os envolvidos institucionalmente resultam na melhoria do ambiente para todos que nela estão inseridos. A metodologia do diálogo percorreu o trabalho e se pode entender a complexidade das atuações subjetivas, bem como das relações institu- cionais estabelecidas. A atuação junto ao professor é fundamental para que a inclusão escolar aconteça de forma satisfatória. 2.2 Impacto causado pela deficiência no ser humano Saber do impacto do diagnóstico sobre a pessoa com defi- ciência é importante quando pensamos na longevidade do ser humano e os avanços das tecnologias de informação e comunica- ção, quer dizer, após o diagnóstico é necessário atentar às Ajudas Técnicas para o planejamento de ações que considerem o dia a dia das pessoas, a limitação na execução das tarefas e a restrição na convivência em sociedade e, finalmente, o contexto ambiental que interfere facilitando ou dificultando a responsividade da pessoa no desempenho das suas tarefas, com- prometendo a inclusão social. As limitações de atividade são as dificuldades que o indivíduo pode ter para executar uma determinada atividade. As restrições à partici- pação social são os problemas que um indivíduo pode enfrentar ao se envolver em situações de vida. (FARIAS, 2005, p. 190) Vídeo Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva32 A inclusão social e educacional pautada na proposição de trabalhar com a diversidade cultural deve focar sua atenção e ação na superação das práticas educativas de exclusão, desta forma, vai buscar estratégias que promovam a qualidade de vida e a equiparação de oportunidades para todas as pessoas. Assim, a comunidade escolar constrói práticas educativas éticas, democráticas e de respeito à cidadania. Jacques Delors no relatório para a Unesco (2010) destaca que o século XXI da Civilização do Conhecimento se alicerça: [...] na esperança de um mundo melhor à medida que sabe respei- tar os direitos humanos, colocar em prática a compreensão mú- tua e transformar o avanço do conhecimento em um instrumento, não de distinção, mas de promoção do gênero humano. (DELORS, 2010, p. 6) Assim, é importante saber que a “deficiência” interfere no desenvolvimento e na estruturação do ser humano, especificamente nele, o si mesmo e, também na constelação e relação familiar, valer dizer que: “a informação sobre o diagnóstico acrescido da funcionalidade fornece um quadro mais amplo sobre a saúde do indivíduo” (FARIAS; BUCHALLA, 2005, p. 194). Tomando como referência os sites Vez da voz e Espaço Psiquê1, apresentamos a seguir uma breve descrição das deficiências com suas características, indicadores mais comuns, que auxiliam no reconhecimento das mesmas: Na deficiência visual, que significa a diminuição da resposta e acuidade visual em virtude de causas hereditárias e adquiridas. A diminuição da res- posta visual pode ser leve, moderada, severa ou profunda (que compõem o grupo de visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira). Verifica-se que essasespecificidades da deficiência visual interfe- rem no desempenho diário, seja no âmbito social ou escolar, de modo diverso 1 Disponível em: <http://www.acessibilidadeinclusiva.com.br/category/visao/>. Acesso em: 21 mar. 2017. Disponível em: <http://espacopsyque.blogspot.com.br/2009/12/deficiencia-visual.html>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 33 a cada pessoa com baixa visão ou cega. O tempo de perda da acuidade visual se ao nascer ou ainda na infância, exigirá necessidades sociais e educacionais diferentes daquelas que perderam a visão mais tarde. Na deficiência física, podemos dizer que existe uma variedade de fatores que interferem na mobilidade corporal e na coordenação motora global e fina, comprometendo o sistema dos movimentos físicos que compreende o sistema ósteoarticular, o sistema muscular e o sistema nervoso. As causas podem ser adquiridas e ou genéticas, com índices de alta incidência de malformações ge- néticas que ocasionam alterações funcionais e estruturais no cérebro e como consequência, levam a um parto com complicações, às paralisias cerebrais de grau leve, moderado ou grave. Na deficiência intelectual, são inúmeros os fatores de risco que podem ocasioná-la. O atual conceito de deficiência intelectual compreende limitações significativas tanto no funcionamento intelectual (raciocínio, aprendizagem, resolução de problemas) quanto no comportamento adaptativo das pessoas, que se expressam nas habilidades conceituais, práticas e sociais e ocorrem an- tes dos 18 anos de idade (AAIDD, 2010 – American Association on Intellectual and Developmental Disabilities). As Ajudas Técnicas ao deficiente intelectual devem ser planejadas como os recursos e estratégias individuais necessários para a promoção do desenvolvimento integral e da qualidade de vida. Na deficiência auditiva conhecer os fatores que a ocasionam é importante, para o planejamento de ações de prevenção e proteção das dificuldades do sur- do. Uma vez que, na deficiência auditiva, a comunicação está comprometida em diferentes graus, seja no reconhecimento das intenções do ouvinte e das regras conversacionais para estabelecer um diálogo ou transmitir uma ideia. As causas mais comuns da surdez são: genéticas, pré-natais (como, por exemplo, rubéola, toxoplasmose, sífilis, medicamentos, incompatibilidade Rh), perina- tais (como traumatismos de parto, falta de oxigênio) e pós-natais (como trau- matismos, infecções, medicamentos). Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva34 Para minimizar os impactos da deficiência sobre o ser humano, atualmente encontramos as tecnologias assistivas, no planejamento e desenvolvimento de recursos ou procedimentos que aumentam ou restauram a função humana. Extra Para refletir sobre o impacto causado pela deficiência no ser humano, su- gerimos alguns vídeos: Comercial Inclusão Social – Pessoa com deficiência. Disponível em: <www.youtu- be.com/watch?v=ANFu9gcIQho>. Acesso em: 21 mar. 2017. Eficiente ou deficiente? Disponível em: <www.youtube.com/watch?v= G9xjw7Wec8I>. Acesso em: 21 mar. 2017. Além destes vídeos, sugerimos também alguns filmes consagrados sobre diferentes casos de deficiência: • Deficiência física – Meu pé esquerdo (1989). • Deficiência visual – Ensaio sobre a cegueira (2008). • Deficiência auditiva – Filhos do silêncio (1986). • Deficência intelectual – Uma mente brilhante (2002). Atividades Retire do texto da ficha de estudo uma frase que apresenta a função com- prometida em cada uma das deficiências descritas: deficiência auditiva, defi- ciência visual, deficiência física e deficiência intelectual. Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 35 Referências DEFICIENTES EM AÇÃO. Disponível em: <http://deficientesemacao.cpanel0076. hospedagemdesites.ws>. Acesso em: 22 mar. 2017. DELORS, Jacques. Educação um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional para a educação do século XXI. Brasília: julho, 2010. Disponível em: <http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_ descobrir.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ESPAÇO PSIQUÊ. Disponível em: <http://espacopsyque.blogspot.com.br/2009/12/ deficiencia-visual.html>. Acesso em: 21 mar. 2017. FARIAS, Norma; BUCHALLA, Cassia Maria. A classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde da organização mundial da saúde: conceitos, usos e perspectivas. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v8n2/11. pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. VEZ DA VOZ. Disponível em: <http://www.acessibilidadeinclusiva.com.br/category/ visao/>. Acesso em: 21 mar. 2017. Resolução da atividade • Deficiência auditiva – reconhecer as intenções do ouvinte e as regras para conversação e transmissão de ideias; • Deficiência visual – diminuição da resposta visual pode ser leve, moderada, severa ou profunda; • Deficiência física – interfere na mobilidade corporal e na coordenação motora global e fina, comprometendo o sistema dos movimentos físicos. • Deficiência intelectual – limitações no funcionamento intelectual (raciocí- nio, aprendizagem, resolução de problemas) e no comportamento adaptativo da pessoa. Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva36 2.3 Tecnologia Assistiva – valorizando a diversidade humana Num giro histórico pela valorização da diversidade huma- na nos processos educativos, apresentamos a precursora Maria Montessori, 1870-1952, médica e educadora italiana, que se de- dicou ao tratamento e a educação de crianças com necessidades especiais, especificamente, com deficiência mental. Seu método pedagógico voltado à estimulação sensório-perceptiva e intelectual, com ativi- dades motoras e sensoriais dirigidas para cada aluno. Montessori teve a preo- cupação em atender às diferenças individuais de modo a preservar a liberdade e a espontaneidade do aluno para que se adapte à vida social e desenvolva suas potencialidades integralmente. Na atualidade destacamos a contribuição do relator Jacques Delors que no relatório para a Unesco, 2010, descreve que o século XXI da Civilização do Conhecimento deverá superar tensões, entre elas: A tensão entre o extraordinário desenvolvimento dos conheci- mentos e as capacidades de assimilação do homem. [...] acres- centar novas disciplinas, tais como o autoconhecimento e a busca dos meios adequados para garantir a saúde física e psicológica ou, ainda, a aprendizagem de matérias que levem a conhecer melhor e preservar o meio ambiente. (DELORS, 2010, p. 9, grifo nosso) Nestas considerações, Delors ressalta o trabalho atual na construção da sociedade acessível a todas as pessoas calcada na valorização da diversidade cultural. Especificamente na educação, o trabalho com as diferenças indivi- duais, no ambiente escolar, na sala de aula, deverá desenvolver ações para a emergência das potencialidades e os variados ritmos de aprendizagem com os alunos, sejam deficientes ou não. Vídeo Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 37 Acrescentamos, neste momento, a contribuição da Tecnologia Assistiva – TA, que por definição dirige-se aos recursos de acessibilidade que atendam à pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida e limitada nas suas funções motoras, auditivas, visuais ou de comunicação. Teófilo Galvão Filho (2013), ao refletir sobre a definição de Tecnologia Assistiva, declara que em relação às características, deve-se considerar na TA: o que, para quem e para quê. O primeiro caracteriza o tipo de recurso tecnológico, por exemplo, um recurso de acessi- bilidade física. O segundo, caracteriza a quem se destina o recurso, exemplo, o usuário com limitação motora no caminhar. O terceiro, o para que, caracteriza a finalidade do recurso em auxiliar na mobilidade de determinada limitação do usuário em questão, para um idoso com dificuldade de locomoção será útil um andador que lhe proporcione segurança e autonomia no caminhar. Favorece deste modo, a vida independentee a inclusão social. Percebe-se que os recursos das tecnologias assistivas configuram-se coe- rentes com a civilização do conhecimento, valorizando as diferenças indivi- duais e reconhecendo a diversidade cultural. Extra Sugere-se a consulta ao site Assistiva – tecnologia e educação que apresenta comentários, informações e definições sobre Tecnologia Assistiva. Disponível em: <www.assistiva.com.br/tassistiva.html>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades Assista ao vídeo Método Montessori (Material sensorial), sobre a aplicação dos materiais pedagógicos montessorianos ao desenvolvimento das experiências sensoriais dirigidas, a qual destaca a diversidade na aprendizagem em sala de aula. Em seguida, produza um pequeno texto que reflita sobre o trabalho com Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva38 os materiais apresentados no vídeo. Disponível em: <http://www.youtube.com/ watch?v=izomt9M5gw4&spfreload=1>. Acesso em: 21 mar. 2017. Referências DELORS, Jacques. Educação um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional para a educação do século XXI. Brasília. Julho, 2010. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. GALVÃO FILHO, Teófilo. A construção do conceito de tecnologia assistiva: alguns novos interogantes e desafios. Revista Entreideias, Salvador, v. 2, n.1, p. 25-42, jan/jun.2013. Disponível em: <www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo= 2430>. Acesso em: 21 mar. 2017. RODRIGUES, Patrícia Rocha; ALVES, Lynn Rosalina Gama. Tecnologia Assistiva: uma revisão do tema. Holos. Ano 29, vol. 6, 2013. Disponível em: <http://www2.ifrn.edu.br/ ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/1595/765>. Acesso em: 09 mar. 2017. SOUSA, Nair Heloisa Bicalho de. Memorial de candidatura de Boaventura de Sousa Santos ao título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília. Brasília: UnB, 2011. Disponível em: <www.boaventuradesousasantos.pt/media/Memorial_ Nair%20Heloisa%20Bicalho%20de%20Sousa_29%20Outubro%202012.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Resolução da atividade Montessori partiu de um princípio básico: A criança é capaz de aprender natural- mente: Ofereça a ela um ambiente adequado com riqueza nos materiais e com experiências educativas. Um ambiente onde ela possa, sem a intervenção inadequada do adulto, mer- gulhar em atividades e descobertas pessoais. O ambiente deve ser preparado para que a criança consiga desenvolver a espontaneidade, iniciativa, independência. Revoluciona as práticas pedagógicas com seu método inovador. Sua pedagogia se sustenta em valores para que a criança se revelar era necessário que o educador interferisse no seu trabalho de modo adequado e oportunamente. As origens do desenvolvimento são internas: o desenvolvimento psico-mental, se faz pela interação; o ambiente preparado visa nutrir o desenvolvimento Tecnologia Assistiva e a inclusão 2 Tecnologia Assistiva 39 mental da criança; os conceitos de percepção da criança são geralmente determinados pelo meio social e físico; a criação determina a linguagem, os conceitos, as percepções e os valores individuais; a capacidade é determinada pela aprendizagem. Ampliando seus conhecimentos Tecnologia Assistiva: uma revisão do tema (RODRIGUES; ALVES, 2013) [...] A área de TA vem crescendo nos últimos anos como consequên- cia de alguns fatores que têm impulsionado demandas de recursos e ser- viços destinados às pessoas com deficiência. O principal desses fatores refere-se ao destaque que se tem dado aos arranjos sociais como promo- tores ou não de acessibilidade para essas pessoas. Nessa concepção, são questionados todos os mecanismos que de alguma forma impedem a par- ticipação plena nos diferentes espaços e papéis sociais e, busca-se formas de garantir efetivamente tal participação como direito de todos. Diniz (2007) ao defender um conceito de deficiência, segundo um mode- lo social e antropológico, destaca a experiência histórica de opressão e apar- tação social vivida pelas pessoas com algum tipo de deficiência. Para essa autora, esse fato é decorrente da incapacidade social em prever e incorporar a diversidade humana. Além disso, a concepção de deficiência fora marcada (e ainda é, em muitos contextos) pelo modelo médico que costuma considerar as limitações como consequências intrínsecas ao corpo deficiente. Assim, nessa nova perspectiva de sociedade que se mobiliza para ga- rantir a participação de todos, independentemente de quaisquer caracte- rísticas, surge a necessidade de ampliação dos recursos de TA nos mais diferentes espaços. Tecnologia Assistiva e a inclusão2 Tecnologia Assistiva40 No Brasil, as pessoas com deficiência (público alvo da TA) represen- tam o percentual de 23,9% da população nacional, segundo os dados do Censo 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012, p. 114). Esse número apresenta um significativo aumento, se comparado aos 14,5% registrados no Censo de 2001. Além disso, é impor- tante destacar que o público ao qual a TA se destina também engloba os idosos. Nesse sentido, Diniz (2007, p. 78) destaca que “ser velho é expe- rimentar o corpo deficiente”. E essa população também vem crescendo: em 2000 era representada pelo percentual de 5,9%, passando para 7,4 em 2010 (IBGE, 2010). Esses números, por si só expressivos, tomam dimen- sões maiores, uma vez que aqueles que convivem de forma direta ou in- direta com idosos e/ou pessoas com deficiência também são impactados com situações limitantes. Atualmente, algumas políticas públicas brasileiras também têm contribuído para gerar demandas de TA em larga escala. Uma delas é a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), com suas normas e orientações para a inclu- são de crianças, jovens e adultos com deficiência nas escolas regulares. A plena participação desses alunos, em muitos casos, só pode ser garantida com a presença dos recursos de TA, não só no ambiente escolar, mas para permear todos os processos de aprendizagem desses sujeitos. Outra contribuição importante é a Política de Inclusão Digital (BRASIL, 2009b), com ações que possibilitam a implantação e a manuten- ção de telecentros públicos e comunitários em todo o território nacional. Mesmo que tal política não faça referência direta à necessidade de recur- sos de TA nos telecentros, podemos presumir que isso é essencial diante da diversidade do público ao qual se destina, e também em decorrência das leis brasileiras que garantem a acessibilidade em diversos espaços. 3 Tecnologia Assistiva aplicada I Conhecer a aplicação e compreender o contexto atual e a legislação da Tecnologia Assistiva. Objetivos: Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva42 3.1 Descrevendo as categorias da Tecnologia Assistiva Vamos identificar a trajetória histórica da Tecnologia Assistiva – TA na busca por uma melhor conceituação. Dizemos que o século XXI é o auge da TA, uma vez que vai ao encontro do paradigma da inclusão social de potencializar a autonomia, independência e o empoderamento das pessoas com deficiên- cia, mobilidade reduzida ou idosos. Em acordo à Conferência da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto 3.956/2001, que define como ato dis- criminatório com base na deficiência toda diferenciação que impeça o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Outro ponto é destacar o contexto social atual, complexo, globalizado, tec- nológico, comunicacional e as contingências das políticas públicas brasileiras, conferências que na luta pelos direitos do cidadão com deficiência têm exigido dos diversos arranjos sociais a acessibilidade, em todas as suas dimensões e para todos, nos diversos aspectos da vida do cidadão. As pesquisadoras Patricia Rodrigues e Lynn Rosalina Alves, no artigo Tecnologia Assistiva – uma revisão do tema, discorrem sobre o conceito de TA, que: remete a concepções eparadigmas diferentes ao longo da história, com características específicas a partir do referencial de cada país. Contudo, em todas essas variáveis podemos identificar como obje- tivo essencial a qualidade de vida, com referência a processos que favorecem, compensam, potencializam ou auxiliam habilidades ou funções pessoais comprometidas por algum tipo de deficiência ou pelo envelhecimento. (ALVES e RODRIGUES, 2013, p. 174) Em complemento à busca por uma configuração conceitual da TA, cita- mos o Programa de Inovação em TA, que atrelado ao plano Viver sem limites Vídeo Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 43 (2012), instigam o desenvolvimento de produtos, estratégias e serviços inova- dores que aumentem a autonomia, o bem-estar e a qualidade de vida das pes- soas com deficiência. Também orientam uma rede de pesquisa em universi- dades públicas do país. Ainda, disponibilizam uma linha de crédito facilitado para aquisição de produtos. Podemos mencionar também a conclusão do Comitê de Ajudas Técnicas1 que define como sendo adequada a nomenclatura TA e sugere uma definição mais ampla para TA entendendo-a como área do conhecimento de prática mul- tidisciplinar, voltada à promoção da funcionalidade de pessoas com o objetivo de potencializar a autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão so- cial. Deve ser coerente aos princípios do Desenho Universal na composição de produtos, estratégias e serviços. Vale citar que a Legislação Brasileira, no Decreto 3.298/99, reconhece que os primeiros conceitos para TA foram iniciados a partir dos conceitos de Ajudas Técnicas. O decreto apresenta no seu artigo 19 a referência ao direito do cida- dão às Ajudas Técnicas: Consideram-se Ajudas Técnicas, para os efeitos deste Decreto, os elementos que permitem compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficiência, com o objetivo de permitir-lhe superar as barreiras da comunicação e da mobilidade e de possibilitar sua plena inclusão social. (BRASIL, 1999) Acrescentam-se aqui as tecnologias para a inclusão social em conso- nância com as políticas públicas brasileiras. Refere-se à tecnologia social entendida como: 1 Comitê de Ajudas Técnicas-CAT, instituído em 2006, pela Portaria n. 142, estabelecido pelo Decreto n. 5.296/2004 no âmbito da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, na perspectiva de ao mesmo tempo aperfeiçoar, dar transparência e legitimidade ao desenvolvimento da Tecnologia Assistiva no Brasil. Ajudas Técnicas é o termo anteriormente utilizado para o que hoje se convencionou designar Tecnologia Assistiva. Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva44 O termo “Tecnologia Social” é pensado de forma ampla para as diferentes camadas da sociedade. O adjetivo “social” não tem a pretensão de afirmar somente a necessidade de tecnologia para os pobres ou países subdesenvolvidos. Também faz a crítica ao modelo convencional de desenvolvimento tecnológico e propõe uma lógica mais sustentável e solidária de tecnologia para to- das as camadas da sociedade. Tecnologia social implica partici- pação, empoderamento e autogestão de seus usuários. (JESUS, 2013, p. 17) De posse dessas informações é que se poderá ajudar a estabelecer mode- los para serviços e projetos de desenvolvimento tecnológico em nosso país. Caminhamos, então, para a aplicação de Tecnologia Assistiva, a qual abrange todas as ordens do desempenho humano, desde as tarefas básicas de autocui- dado até o desempenho de atividades profissionais. A TA pode ser descrita em onze categorias como: 1. auxílio para a vida diária; 2. comunicação suplementar e alternativa; 3. recursos de acessibilidade ao computador; 4. sistemas de controle de ambiente; 5. projetos arquitetônicos para acessibilidade; 6. órteses e próteses; 7. adequação postural; 8. auxílio de mobilidade; 9. auxílios para cegos ou com visão subnormal; 10. auxílios para surdos ou com déficit auditivo; 11. adaptações em veículos. Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 45 A CIF descreve as Ajudas Técnicas coerentes à ISO 9.999: A classificação ISO 9.999 das Ajudas Técnicas define-se como ‘qualquer produto, instrumento, equipamento ou sistema técnico utilizado por uma pessoa incapacitada, especialmente produzido ou geralmente disponível, que se destina a prevenir, compensar, monitorizar, avaliar ou neutralizar a incapacidade’. É aceite que qualquer produto ou tecnologia pode ser de apoio. (vide ISO 9.999: Ajudas Técnicas para pessoas com incapacidade). (CIF, 2004, p. 157) Finalmente, a TA está engajada em trabalhar para ampliar a compreensão sobre ela e as necessidades de diferentes áreas do conhecimento e pessoas, se envolvendo na pesquisa do tema, visando à inter-relação de saberes em prol de efetivas ações transformadoras das práticas discriminatórias da sociedade em relação às pessoas com deficiência. Extra A sugestão é a leitura do artigo de Luciana Baptista, intitulado “Novas tecnologias da informação e comunicação no contexto educacional”. O artigo, com base em pesquisas bibliográficas, apresenta como as novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC) se comportam no contexto educacional, analisando seus pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades para o processo de ensino e aprendizagem apresentados. Demonstra a im- portância do recurso para a construção de conhecimentos enfatiza que to- dos (educadores e alunos) devem se preparar para a utilização das NTIC no ambiente educacional. Disponível em: <http://201.55.32.167/retc/index.php/ RETC/article/view/180/pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva46 Atividades Baseando-se no texto desta aula retire o nome de quatro documentos le- gais (leis, decretos etc.) que fundamentam a TA. Referências BRASIL. Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Publicada no Diário Oficial da União, de 20 de dezembro de 1999. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. ______. Decreto 3.956, de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Publicada no Diário Oficial da União, de 9 de outubro de 2001. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3956. htm>. Acesso em: 21 mar. 2017. ______. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Secretaria Nacional da Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Viver sem limite – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Brasília, 2013. Disponível em: <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_ generico_imagens-filefield-description%5D_0.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. JESUS, Vanessa. Tecnologia social: breve referencial teórico e experiências ilustrativas. In: COSTA, Adriano(Org.). Tecnologia social e políticas públicas. São Paulo: Instituto Polis, Brasilia, Fundação Banco do Brasil, 2013. Disponível em: <http://www.polis.org. br/uploads/2061/2061.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção-Geral da Saúde. Lisboa-Portugal, 2004. Amélia Leitão – tradução e revisão. Disponível em: <www.inr.pt/uploads/docs/ cif/CIF_port_%202004.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. RODRIGUES, Patricia; ALVES, Lynn Rosalina. Tecnologia Assistiva – uma revisão do tema. Holos, Ano 29, v. 6, 2013. Disponível em: <www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/ HOLOS/article/viewFile/1595/765>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 47 Resolução da atividade • Conferência da Guatemala; • Decreto 3.956/2001; • Decreto 3.298/99 – Política nacional para a integração da pessoaportadora de deficiência; • Plano Viver sem limite; • Comitê Ajudas Técnicas. 3.2 Tecnologia Assistiva aplicada à vida diária Iniciamos este conteúdo justificando que não há consenso entre os pesquisadores e órgãos legislativos quanto à uma única forma de classificar e categorizar as tecnologias assistivas. O critério que optamos para descrever as tecnologias as- sistivas foi pelo critério da aplicação visto na troca usuário-tec- nologia, considerando as três qualidades: acessibilidade, usabilidade e comu- nicabilidade. Nesse critério elegemos onze categorias, sendo que nessa aula apresentaremos seis delas. Outro aspecto relevante como proposição de aplicação surge do mode- lo de classificação Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology (HEART), o qual propõe um foco em Tecnologia Assistiva, com base nos co- nhecimentos envolvidos na sua utilização. Consideram-se três componentes de planejamento em Tecnologia Assistiva: técnicos, humanos e socioeconômicos. Especificamente, neste momento, destacamos o componente humano: Este grupo de componentes de formação inclui tópicos relaciona- dos com o impacto causado pela deficiência no ser humano. As noções adotadas pelas ciências biológicas, pela psicologia e pelas Vídeo Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva48 ciências sociais, podem ajudar na compreensão das transforma- ções da pessoa, e como esta se relaciona com o espaço em que vive, como resultado de uma deficiência, e como é que a TA pode faci- litar a autonomia dessa pessoa. (BRASIL, 2009, p. 21, grifo nosso) No componente humano analisa-se a limitação da deficiência que favoreça a reabilitação e a autonomia, aceitação e imagem social da TA, análise de neces- sidades e adequação da pessoa à tecnologia. Esses aspectos podem interferir no sucesso ou fracasso da TA. Na aplicação de um recurso ou serviço da tecnologia de informação e co- municação deve-se observar que traduzam as melhores condições de vida, pre- servem a igualdade de oportunidades, assegurem valores éticos socialmente desejáveis por parte da comunidade e que seja uma maneira de enfrentar as práticas excludentes e um bom caminho para uma ação que visa o exercício da cidadania. Na comunidade escolar, especificamente, saber lidar com a diver- sidade e saber visualizar cada aluno como possuidor de competências é um desafio para a garantia de acesso e permanência na escola para todos. Apresentamos aqui seis possíveis aplicações das tecnologias à vida diária: 1. Como auxílio às atividades do cotidiano – materiais e produtos para ajudar em tarefas rotineiras, como: comer, cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar cuidados pessoais de higiene etc. 2. Na comunicação suplementar e alternativa – consiste de recursos ele- trônicos ou não, que permitem a comunicação expressiva e receptiva das pessoas. São muito utilizadas as pranchas de comunicação com os símbolos PCS ou Bliss, além de vocalizadores e softwares dedicados para este fim. 3. Como auxílio de mobilidade – cadeiras de rodas manuais e motoriza- das, bases móveis, andadores, scooters de três rodas e qualquer outro veículo utilizado na melhoria da mobilidade pessoal. Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 49 4. Como auxílio para cegos ou com visão subnormal – inclui lupas e len- tes, braille para equipamentos com síntese de voz, grandes telas de impressão, sistema de TV com aumento para leitura de documentos e publicações. 5. Como auxílio para surdos ou com déficit auditivo – inclui vários equi- pamentos (infravermelho, FM) aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY), sistemas com alerta tátil-visual, entre outros. 6. Nas adaptações em veículos – acessórios e adaptações que possibilitam a condução do veículo, elevadores para cadeiras de rodas, camionetas modificadas e outros veículos automotores usados no transporte pessoal. Extra Sugerimos a leitura do material Tecnologia Assistiva nas escolas: Recursos básicos de acessibilidade sócio-digital para pessoas com deficiência, da ITS Brasil (Instituto de Tecnologia Social). Disponível em: <www.itsbrasil.org.br/sites/ itsbrasil.w20.com.br/files/Digite_o_texto/Cartilha_Tecnologia_Assistiva_ nas_escolas_-_Recursos_basicos_de_acessibilidade_socio-digital_para_ pessoal_com_deficiencia.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades Assista ao vídeo Tecnologia Assistiva. A partir do que é exposto, retire in- formações importantes que se relacionam à TA. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=WEF-PvLC_QE>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva50 Referências BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas Tecnologia Assistiva. Tecnologia Assistiva. – Brasília: CORDE, 2009. Disponível em: <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/ files/publicacoes/livro-tecnologia-assistiva.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Resolução da atividade O vídeo justifica de forma lúdica que a TA veio para mediar as relações do homem com o ambiente, e isso decorre do advento do desenvolvimento da tecnologia, o efeito da globalização e a mudança no perfil dos alunos. 3.3 Tecnologia Assistiva aplicada às habilidades físicas Nesta aula descrevemos as tecnologias aplicadas às habili- dades físicas, que como visto anteriormente, devem relacionar os recursos e serviços da TA ao critério de aplicação, quer di- zer, as possibilidades de propiciar uma maior independência, autonomia, qualidade de vida, de outra maneira, que para sua utilização deve atender as habilidades, as potencialidades do usuário incrementando assim a inclusão social. Justifica-se o foco no aspecto social, na medida em que o indivíduo faz trocas e tem experiências no ambiente social como: a família, a escola e o traba- lho. É neste ambiente de convivência sócio-histórico-cultural que o indivíduo se relaciona com pessoas e diversos grupos sociais. É no espaço interativo in- divíduo-ambiente que é confrontado cotidianamente a resolver desafios e daí extrair significados e sentidos para sua vida. Vídeo Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 51 Esse aspecto está bem descrito no documento que o modelo de classifica- ção Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology – HEART (BRASIL, 2009) apresenta sobre a aplicação da Tecnologia Assistiva. Destaca que se deve conhecer o seu uso e a sua utilização no ambiente de convivência social do usuário. O HEART considera três componentes fundamentais de planejamento e de produção em Tecnologia Assistiva: técnicos, humanos e socioeconômicos. Especificamente, neste momento, destacamos o componente socioeconômico: Este grupo de componentes indica que a tecnologia afeta as inte- rações dentro do contexto social (pessoas, relacionamentos e im- pacto no usuário final). Os socioeconômicos também enfatizam as vantagens e desvantagens dos diferentes modelos de prestação de serviços. (BRASIL, 2009, p. 22) O HEART (BRASIL, 2009) destaca que o componente socioeconômico vai contemplar no planejamento as qualidades de acessibilidade e usabilidade do recurso ou serviço de TA, adaptações do local de trabalho, perspectivas na so- ciedade, procedimentos para financiamento de TA. Lembrando que os contex- tos de vida do usuário podem ser o profissional, o escolar ou familiar. No espaço escolar, a questão da aplicação da TA focaliza a prática educa- tiva facilitadora e promotora do aprender. “Potencializar pode ser a chave do processo, no sentido de ampliar as facilidades do ensino e da aprendizagem” (BARROS, 2012, p. 211). Quer dizer, para compreender como as pessoas apren- dem e como focar no desenvolvimento das habilidades pessoais do aprendiz, a descoberta de estilos de aprendizagem facilita esse processo. Assim, o sucesso escolar está associado à oferta de recursos e soluções da TA que auxiliem o alu- no na superação de limitações funcionais no ambiente escolar. Apresentamos nessa aulaa descrição de outras cinco categorias de TA e sua aplicação: 1. Recursos de acessibilidade ao computador – equipamentos de en- trada e saída (síntese de voz, braille), teclados adaptados, auxílios Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva52 alternativos de acesso (ponteiras de cabeça, de luz), acionadores, soft- wares especiais (de reconhecimento de voz). 2. Sistemas de controle de ambiente – sistemas eletrônicos que permitem às pessoas com limitações locomotoras controlar remotamente apare- lhos eletroeletrônicos, sistemas de segurança, entre outros, localiza- dos em seu quarto, sala, escritório, casa e arredores. 3. Projetos arquitetônicos para acessibilidade – adaptações estruturais na casa e/ou ambiente de trabalho, através de rampas, elevadores, adaptações em banheiros entre outras, que eliminam ou reduzem as barreiras físicas. 4. Órteses e próteses – troca ou ajuste de partes do corpo, faltantes ou de funcionamento comprometido, por membros artificiais ou outros recursos ortopédicos (talas, apoios etc.). Incluem-se os protéticos para auxiliar nos déficits ou limitações cognitivas, como os gravadores de fita magnética ou digital que funcionam como lembretes instantâneos. 5. Adequação postural – adaptações para cadeira de rodas ou outro sis- tema de sentar, visando o conforto e distribuição adequada da pressão na superfície da pele (almofadas especiais, assentos e encostos anatô- micos), bem como posicionadores e contentores que propiciam maior e melhor estabilidade e postura adequada do corpo através do supor- te e posicionamento de tronco/cabeça/membros. Extra A sugestão é a consulta às seguintes fontes: Site: Assistiva – tecnologia e educação, de Mara Lucia Sortoretto, e Rita Bersch (2014). Disponível em: <www.assistiva.com.br/tassistiva.html>. Acesso em: 21 mar. 2017. Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 53 Texto: “Design e avaliaçao de tecnologia web-acessível”, de Amanda Melo, e Maria Cecilia C. Baranauskas, apresentado no XXV Congresso da Sociedade Brasileira de Computação. Unisinos, São Leopoldo, RS. Disponível em: <www. lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/jai/2005/006.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades É necessário conhecer o ambiente escolar para que a TA auxilie as práticas educativas como facilitadora e promotora do aprender. A TA participa como potencializadora do processo do aprender. Quais as perguntas iniciais que de- vemos fazer ao ambiente escolar, a fim de identificar a TA adequada? Referências BARROS, Daniela. Estilos de aprendizagem e uso de tecnologias na formação de professores para a prática pedagógica inclusiva valorizando as competências individuais. In: GIROTO, Claudia; POKER, Rosimar e OMOTE, Sadao (Orgs.). As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas. Marília: Oficina Universitária. São Paulo: Cultura acadêmica, 2012. Disponível em: <www.marilia.unesp.br/Home/ Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas Tecnologia Assistiva. Tecnologia Assistiva. Brasília: CORDE, 2009. 138 p. Disponível em: <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/ default/files/publicacoes/livro-tecnologia-assistiva.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. LUZ, Claudia Ferreira da Silva; SOUZA, Ana Lúcia Santos; DUARTE, Ana Cristina Santos. Educação inclusiva e tecnologias assistivas: uma análise acerca da aprendizagem de deficientes visuais. IV Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, São Cristóvão – SE, 2012. Disponível em: < http://educonse.com. br/2012/eixo_11/PDF/25.pdf>. Acesso em: 09 mar. 2017. Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva54 Resolução da atividade Perguntas básicas: 1. Quem é o aluno ? (por exemplo, ele tem deficiência física) 2. Quais são as barreiras que limitam sua aprendizagem? (por exemplo, limita- ções motoras) 3. Que recursos a escola tem para minimizar as barreiras ? (TA disponíveis na escola) 4. Que novos recursos podem ser construídos que vão facilitar a aprendizagem? (planejamento e produção de TA) Ampliando seus conhecimentos Educação inclusiva e tecnologias assistivas: uma análise acerca da aprendizagem de deficientes visuais (LUZ; SOUZA; DUARTE, 2012) [...] Tecnologia Assistiva (TA) é o ramo da ciência que pesquisa, desen- volve e aplica aparelhos, instrumentos ou procedimentos que aumentam ou restauram a função humana. Tecnologias assistivas referem-se a todo o arsenal técnico utilizado para compensar ou substituir funções quando as técnicas reabilitadoras não são suficientes para resgatar a função em sua totalidade, além do desenvolvimento e da aplicação de aparelhos/instrumentos ou procedimentos que aumentam ou restauram a função humana. O objetivo Tecnologia Assistiva aplicada I 3 Tecnologia Assistiva 55 maior da TA é proporcionar à pessoa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho (MELLO, 2006, p. 7). As modalidades de TAs estão em pleno desenvolvimento e agrupam- -se em categorias como: acessibilidade física, acessibilidade a computador, acessibilidade à internet, apoios educativos e comunicação. Cada uma dessas categorias oferece recursos distintos que podem ser usados pela es- cola pra facilitar a aprendizagem de alunos independente da deficiência. A TA viabiliza que pessoas com deficiência (física, auditiva, visual e mental), tenham melhor qualidade de vida, com mais possibilidades de serem incluídas na escola e na sociedade. Por meio dessas tecnologias, pessoas com deficiências ganham autonomia e possibilidade da realiza- ção das tarefas do cotidiano desde as tarefas mais básicas de autocuidado até o desempenho de atividades educacionais e profissionais. O professor dispõe de um arsenal de material de apoio, mas indiscu- tivelmente o computador é muito mais do que uma ferramenta, é a opor- tunidade de comunicação, de autonomia e pode ser para ele um grande aliado para melhorar a aprendizagem de todos os alunos, principalmente dos alunos com necessidades educacionais especiais. Para pessoas com deficiências motoras, sensoriais ou cognitivas, o computador pode contribuir para sua autonomia e acesso a informação. Há uma quantidade significativa de softwares educacionais disponíveis no mercado. Esses são aplicativos que contribuem par o desenvolvimento cognitivo do aluno, facilitando a apresentação dos conteúdos, tornando a ação pedagógica dinâmica e interessante. Tecnologia Assistiva aplicada I3 Tecnologia Assistiva56 Nos últimos anos, foram criados vários aparatos tecnológicos para pessoas com deficiência visual. As dificuldades visuais são alterações sensoriais, o que implica o comprometimento dos canais que fornece in- formação visual. Podemos incluir alterações de visão, visão subnormal e até cegueira total. Para minimizar as consequências sobre o aprendizado, existem sistemas de ensino que utilizam tecnologias variadas que ofere- cem vias alternativas de obtenção da informação. Podemos citar como exemplo: os ampliadores de tela (softwares que ampliam as representações gráficas na tela do computador melhorando a compreensão de pessoas com baixa visão), as linhas braille (instrumento de leitura que traduzem o conteúdo de um texto para o sistema Braille), a impressora Braille (que identifica os caracteres utilizados em um texto e imprime em braille no papel), os sistemas NVDA4 e Jaws , (que permitem operar no sistema Windows e navegar pela internet) e o navegador de voz (permite o uso do computador e a navegação na internet por meio de um comando de voz). Dentre eles, um dos mais conhecidos e utilizados é o sistema DOSVOX. 4 Tecnologia Assistiva aplicada II Refletir sobre os pressupostos do paradigma da inclusão e conhecer a aplicação da Tecnologia Assistiva. Objetivos: TecnologiaAssistiva aplicada II4 Tecnologia Assistiva58 4.1 Sob o paradigma da inclusão psicossocial Esta aula busca refletir sob a égide do paradigma da inclu- são psicossocial, seus alicerces e alavancas como: as diferenças e a diversidade. Falar em evolução e progresso, atualmente, implica em um respeitar as diferenças individuais e a diversidade cultu- ral. Vivemos numa sociedade que busca a inclusão psicossocial que envolve dimensões políticas, sociais e educacionais e seus desdobramentos no ambiente imediato do cidadão e nos ambientes do entorno. Trata-se aqui de questões próprias aos Direitos Humanos Universais e ao pleno exercício da cida- dania. Complementando, a conceituação de Direitos Humanos de acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF): Direitos Humanos Desfrutar de todos os direitos nacional e internacionalmente re- conhecidos que são atribuídos às pessoas pelo simples facto da sua condição humana, tais como, os direitos humanos reconheci- dos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas (1948) e as Normas Padronizadas para a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Incapacidades (1993); o direito à autodeterminação ou autonomia; e o direito de controlar o pró- prio destino. (OMS, 2004, p. 150) É essencial uma atitude compreensiva do contexto sócio-histórico-ambien- tal que engendra o paradigma psicossocial. Para que possamos assumir um posicionamento mais crítico e construtivo em relação à inclusão numa perspectiva psicossocial e as modificações que se atrelam a ela, precisamos conhecer o que está sendo proposto. (MINETTO, 2008, p. 17) A informação, os recursos e o conhecimento proporcionam um pensamen- to crítico-reflexivo e apontam na direção de outra atitude frente às pessoas com Vídeo Tecnologia Assistiva aplicada II 4 Tecnologia Assistiva 59 deficiência, mobilidade reduzida ou idosos. Refere-se aqui à postura adotada coerente com a acessibilidade atitudinal. Nesse contexto identificamos outra postura, um outro estilo de vida, um pensar e intervir, do/no século XXI. O clima ambiental promove mui- tos dispositivos legais para o movimento inclusivo psicossocial. Um dos dispositivos fundamentais apresentado por SASSAKI (2007), como sendo a semente da inclusão, a Disabled People International (DPI), Organização Não Governamental dirigida por pessoas com deficiência, define em sua Declaração de Princípios de 1981, o conceito de equiparação de oportuni- dades, que era, em parte, o seguinte: O processo mediante o qual os sistemas gerais da sociedade, tais como o meio físico, a habilitação e transporte, os serviços sociais e de saúde, as oportunidades de educação e trabalho, e a vida cul- tural e social, incluídas as instalações esportivas e de recreação, é feito acessível para todos. Isto inclui a remoção de barreiras que impedem a plena participação das pessoas deficientes em todas estas áreas, permitindo-lhe assim alcançar uma qualidade de vida igual à de outras pessoas. (SASSAKI, 1997, p. 39) Conhecer os dispositivos legais atuais e históricos voltados aos proces- sos inclusivos, o conceito de inclusão e a sua forma normatizadora significa saber que, como toda relação social, a inclusão é pautada em direitos e de- veres que constroem a cidadania participativa e transformadora da realidade sócio-histórica-cultural. A inclusão social e educacional ainda no século XXI depara-se com gran- des obstáculos, uma vez que a sociedade não está preparada para os desafios implícitos ao processo de inclusão. Entre eles, o estranhamento é o mais difícil de ser percebido e vencido por todos. O estranhamento é uma reação humana às novidades que permeiam as inter-relações, portanto, podem aparecer nas relações pessoais a qualquer tempo e momento. Tecnologia Assistiva aplicada II4 Tecnologia Assistiva60 A estabilidade é algo que buscamos frequentemente, pois ela nos dá segurança. Quanto mais conhecemos determinado fato ou assunto, mais nos sentimos seguros diante dele. O novo gera insegurança e instabilidade, exigindo reorganização, mudança. É comum sermos resistentes ao que nos desestabiliza. Sem dúvida, as ideias inclusivas causaram muita desestabilidade e resistência. (MINETTO, 2008, p. 17) Aqui tratamos de uma das dimensões de acessibilidade que acredita-se ser essencial e determinante à inclusão psicossocial: a acessibilidade atitudinal. Na relação custo/benefício de acessibilidade, tem o menor custo financeiro e o maior benefício, pois está na raiz da diversidade humana. Depende tão so- mente da atitude, da postura pessoal de cada um de nós, ninguém fará isso por você. Conceitua-se atitude como a manifestação de um ponto de vista interno aplicado no meio externo, quer dizer, reflete os comportamentos e ações de cada indivíduo frente às outras pessoas e situações do seu ambiente. Extra O filme Entre os muros da escola, do diretor Laurent Cantet, é baseado em situações reais vividas por um professor e seus alunos. A escola está localizada na periferia de Paris e o perfil do alunado é diverso. A trama discute o choque entre as diferentes culturas na comunidade es- colar, aborda as dificuldades na relação professor-aluno e abre diálogos funda- mentais entre os personagens. O filme nos convoca a responsividade frente à diversidade, e aponta para uma reflexão importante: como nós nos posiciona- mos frente às barreiras atitudinais do preconceito, da arrogância e do egoísmo que impedem a verdadeira inclusão psicossocial? Tecnologia Assistiva aplicada II 4 Tecnologia Assistiva 61 Atividades Assista ao filme Entre os muros da escola e em seguida relacione-o com os prin- cipais conceitos da acessibilidade atitudinal, num breve texto de até 10 linhas. Referências MINETTO, Maria de Fátima. Currículo na educação inclusiva: entendendo esse desafio. Curitiba: IBPEX, 2008. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção-Geral da Saúde. Lisboa-Portugal, 2004. Amélia Leitão – tradução e revisão. Disponível em: <www.inr.pt/uploads/docs/ cif/CIF_port_%202004.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2017. SASSAKI, Romeu. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. _____. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 7. ed. Rio de Janeiro: WVA, 2007. Resolução da atividade O filme retrata as relações intra e interpessoais do cotidiano de muitas escolas, que pode nos remeter inclusive à realidade das escolas brasileiras. Retrata nos diálogos entre os personagens as ambiguidades inter e intrapessoais frente às diferenças, quer dizer, revela os amores e os ódios humanos, as qualidades e os defeitos, a natureza boa e má das pessoas, quer seja aluno ou professor. Retrata de maneira brilhante as mazelas e contradições sociais que engendram a convivência grupal, na lida com as hierarquias, a liderança, a autoridade, as tarefas em grupo. Finalmente, revela as barreiras nas atitu- des das pessoas em aceitar a diversidade e as diferenças individuais, marca a necessida- de de normatizar os comportamentos estabelecendo critérios de normalidade para uma convivência entre iguais. Esquecem o principal propósito da acessibilidade atitudinal Tecnologia Assistiva aplicada II4 Tecnologia Assistiva62 que é aceitar a diferença, a singularidade constituinte das pessoas e respeitar os direitos iguais de todos os cidadãos. 4.2 Tecnologia Assistiva aplicada aos recursos ambientais Refletir sobre as tecnologias assistivas aplicadas aos recur- sos ambientais remete-nos aos impactos ambientais que envol- vem o ambiente imediato do indivíduo e o ambiente no entorno de todas as pessoas e seus grupos sociais. O espaço ambiental constitui-se do ambiente físico, social e atitudinal no qual as pessoas convivem desde o nascimento ao longo de toda a vida e o modo como são reconhecidas e se sentem pertencentes ao grupo. As TAs integram, interagem, e fazem continente ao estabelecimento da acessibili- dade no ambientea todos os indivíduos. Compreende-se que os fatores ambientais são de natureza externa ao indivíduo, e podem exercer uma influência favorável ou desfavorável ao de- senvolvimento e a inclusão psicossocial. Especificamente, na escola, os fatores ambientais impactam e podem interferir no aproveitamento, desempenho e relacionamento intra e interpessoal daqueles que transitam no espaço escolar, professores, pais, alunos, diretor, merendeiro, bibliotecário, terceirizado, den- tre outros. A CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde apresenta os fatores ambientais referendados por dois níveis específicos: (1) Os Fatores Ambientais estão organizados na classificação ten- do em vista dois níveis distintos: (a) Individual – no ambiente imediato do indivíduo, englobando espaços como o domicílio, o local de trabalho e a escola. Esse nível Vídeo Tecnologia Assistiva aplicada II 4 Tecnologia Assistiva 63 inclui as características físicas e materiais do ambiente em que o indivíduo se encontra, bem como o contato direto com outros in- divíduos, tais como, família, conhecidos, colegas e estranhos. (b) Social – estruturas sociais formais e informais, serviços e regras de conduta ou sistemas na comunidade ou cultura que têm um impacto sobre os indivíduos. Esse nível inclui organizações e serviços rela- cionados com o trabalho, com atividades na comunidade, com orga- nismos governamentais, serviços de comunicação e de transporte e redes sociais informais, bem como, leis, regulamentos, regras formais e informais, atitudes e ideologias. (2) Os Fatores Ambientais interagem com os componentes das Funções e Estruturas do Corpo e as Atividades e a Participação. Para cada componente, a natureza e a extensão dessa interação po- dem ser mais bem definidas com base nos resultados de trabalhos científicos a desenvolver no futuro. A incapacidade é caracteriza- da como o resultado de uma relação complexa entre a condição de saúde do indivíduo e os fatores pessoais, com os fatores exter- nos que representam as circunstâncias nas quais o indivíduo vive. Assim, diferentes ambientes podem ter um impacto distinto so- bre o mesmo indivíduo com uma determinada condição de saú- de. Um ambiente com barreiras, ou sem facilitadores, vai restringir o desempenho do indivíduo; outros ambientes mais facilitadores podem melhorar esse desempenho. A sociedade pode limitar o de- sempenho de um indivíduo criando barreiras (e.g. prédios inaces- síveis) ou não fornecendo facilitadores (e.g. indisponibilidade de dispositivos de auxílio). (OMS, 2004, p.19, grifos nossos) Os fatores ambientais vão ao encontro, e devem se interagir e integrarem- -se a acessibilidade nas suas dimensões: arquitetônica, comunicacional, instru- mental, atitudinal, metodológica e programática. Conceitua-se aqui a TA como área do conhecimento, que com seus recursos e serviços instrumentaliza as Tecnologia Assistiva aplicada II4 Tecnologia Assistiva64 pessoas com deficiência para sua autonomia e empoderamento, para seu pleno exercício de cidadania e para a conquista da inclusão psicossocial. Apresentamos nesse grupo as possíveis aplicações de TA como dispositi- vos de auxílio ambiental, seja pessoal ou para a vida coletiva: • nos ambientes íntimos adaptados como quartos de dormir e banheiro; • facilitadores na mobilidade pessoal como as cadeiras de rodas ma- nuais e motorizadas, os mais variados tipos de andadores para pes- soas com deficiência ou mobilidade reduzida; • no ambiente do entorno do indivíduo levantamos as adaptações nos veículos, como acessórios e adaptações que possibilitam a condução do veículo, elevadores para cadeiras de roda e camionetas modifica- das e outros veículos automotores usados no transporte pessoal; • no ambiente natural e de mudanças feitas pelo homem, como a geo- grafia física, clima, flora e fauna; • na comunicação suplementar e alternativa que consiste de recursos eletrônicos ou não, que permitem a comunicação expressiva e recep- tiva das pessoas. São muito utilizadas as pranchas de comunicação com os símbolos PCS ou Bliss, além de vocalizadores e softwares diri- gidos para esta finalidade. Extra O documentário nacional Pro dia nascer feliz, dirigido por João Jardim, tem o foco central no ambiente individual e social e seus efeitos ao indivíduo e ao grupo social. Especificamente, mostra o cotidiano de escolas de três estados bra- sileiros e as relações entre professores e alunos circunscritas no ambiente edu- cacional, bem como seus comportamentos. Expõe o cotidiano da desigualdade, da discriminação, da violência, quer dizer, aponta para a complexidade am- biental que envolve a vida pessoal e coletiva entre as pessoas. O documentário Tecnologia Assistiva aplicada II 4 Tecnologia Assistiva 65 pode ser acessado pelo link: <www.youtube.com/watch?v=g5W7mfOvqmU>. Acesso em: 21 mar. 2017. Atividades Ao assistir o documentário Pro dia nascer feliz, verificamos que a ausência de fatores ambientais, essenciais na vida individual e social dos alunos e pro- fessores, interfere no sucesso das relações, do desempenho e do aproveitamen- to escolar com reflexos na formação profissional. Apresente sua análise reflexiva, num texto, com o máximo de 05 linhas, sobre os efeitos da ausência de fatores ambientais na escola. Referências ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção-Geral da Saúde. Lisboa-Portugal, 2004. Amélia Leitão – tradução e revisão. Disponível em: <www.inr.pt/uploads/docs/ cif/CIF_port_%202004.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Resolução da atividade O documentário Pro dia nascer feliz mostra a diferença entre os ambientes das escolas particulares e públicas e os efeitos da desigualdade social na educação dos ado- lescentes e o drama vivenciado pelos professores. Desde as precárias condições físicas das escolas, o desinteresse dos alunos pelo aprender, os péssimos salários dos professores das escolas públicas, retrata a banalização da educação nacional, do ambiente social no entorno dos alunos e professores. Tecnologia Assistiva aplicada II4 Tecnologia Assistiva66 4.3 Tecnologia Assistiva aplicada ao esporte e lazer Estudar a TA aplicada ao esporte e lazer é considerar seu âmbito de aplicação que envolve atividades básicas da convi- vência social organizada distanciadas das atividades essenciais familiares, assim, constituem atividades aplicadas à vida comu- nitária, social e cívica. Recreação e lazer participar em qualquer forma de jogos, ativida- de recreativa ou de lazer, como por exemplo, jogos ou desportos informais ou organizados, programas de exercício físico, relaxa- mento, diversão, ir a galerias de arte, museus, cinema ou teatro; participar em trabalhos artesanais ou ocupar-se em passatempos, ler por prazer, tocar instrumentos musicais; fazer excursões, turis- mo e viajar por prazer. (OMS, 2004, p. 149) Para o planejamento, execução e avaliação dos recursos e serviços da TA ao esporte e lazer, usam-se balizadores de funcionalidade, que são: as limitações da atividade e as restrições na participação eliminando barreiras discrimina- tórias da sociedade em relação às pessoas com deficiência, mobilidade reduzi- da ou idosas. Alinhada a essas ideias, as tecnologias assistivas contribuem no enfrentamento dos desafios e na resolução de problemas com vistas a atuar de forma cidadã, ética e responsável em sua comunidade e na sociedade. Esses balizadores são conceituados na CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, da Organização Mundial da Saúde (2004, p. 187), sendo que: Atividade é a execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo. Ela representa a perspectiva individual da funcionalidade. Vídeo Tecnologia Assistiva aplicada II 4 Tecnologia Assistiva 67 Limitações da atividade são dificuldades que um indivíduo pode ter na execução das atividades. Uma limitação da atividade pode variar de um desvio leve agrave em termos da quantidade ou da qualidade na execução da atividade comparada com a maneira ou a extensão esperada em pessoas sem essa condição de saúde. Participação é o envolvimento de um indivíduo numa situação da vida real. Ela representa a perspectiva social da funcionalidade. Restrições na participação são problemas que um indivíduo pode enfrentar quando está envolvido em situações da vida real. A pre- sença da restrição de participação é determinada pela comparação entre a participação individual com aquela esperada de um indi- víduo sem deficiência naquela cultura ou sociedade. Apresentamos neste grupo as possíveis aplicações de TA como dispositi- vos ao esporte e lazer: • apoios e relacionamentos com pares, colegas, pessoas em posição de autoridade e animais domesticados; • vida comunitária em todos os aspectos da vida social em comunida- de, como, vínculos com associações esportivas, beneficentes e clubes profissionais; • nas atividades desportivas a participação em jogos colaborativos e competitivos ou de atletismo, organizados informal ou formalmente, sozinho ou em grupo, como por exemplo, atividades de ginástica, tênis de mesa, basquete e nado sincronizado; • participação em jogos com regras ou jogos sem regras, que podem ser “livres” e a recreação espontânea ou dirigida, como por exemplo, jogos de roda, jogo de xadrez, corrida do saco, brincadeiras, jogos de tabuleiro e pular corda. Tecnologia Assistiva aplicada II4 Tecnologia Assistiva68 Extra A sugestão é navegar no site da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência e conhecer as propostas voltadas às politicas públicas no Esporte, Cultura e Lazer. Disponível em: <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/ app/node/518>. Acesso em: 22 mar. 2017. Atividade Consulte o texto As modalidades paraolímpicas, da autora Ana França, no qual ela indica os critérios paraolímpicos e a lista do quadro de modalidades espor- tivas. Selecione os critérios de classificação dos atletas para as categorias espor- tivas. Disponível em: <http://esporte.hsw.uol.com.br/jogos-paraolimpicos3.htm>. Acesso em: 22 mar. 2017. Referências LUZ, GOMES, Thalison Carlos Fernandes; OLIVEIRA, Luciene Chagas de. Tecnologia assistiva aplicada no desenvolvimento de um jogo para reabilitação de indivíduos com deficiência física. XIII CEEL, Universidade Federal De Uberlândia, Uberlândia, 2015. Disponível em: < http://www.ceel.eletrica.ufu.br/artigos2015/ceel2015_artigo014_r01. pdf>. Acesso em: 09 mar. 2017. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção-Geral da Saúde. Lisboa-Portugal, 2004. Amélia Leitão – tradução e revisão. Disponível em: <www.inr.pt/uploads/docs/ cif/CIF_port_%202004.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Resolução da atividade Conforme o Movimento Paraolímpico Internacional, os atletas podem ser classifi- cados em seis grupos: Tecnologia Assistiva aplicada II 4 Tecnologia Assistiva 69 • amputados; • paralisados cerebrais; • deficientes visuais; • lesionados na medula espinhal; • deficientes mentais; • les autres (inclui todos os atletas com alguma deficiência de mobilidade e que não se enquadram nos demais grupos). Além desses critérios, o atleta ainda é classificado de acordo com os critérios pró- prios de cada modalidade, segundo suas habilidades funcionais e desempenho. Ampliando seus conhecimentos Tecnologia Assistiva aplicada no desenvolvimento de um jogo para reabilitação de indivíduos com deficiência física (GOMES; OLIVEIRA, 2015) [...] Na área da saúde, há sempre a necessidade de buscar mais inova- ções com a finalidade de facilitar e melhorar a vida da sociedade. A inclu- são social é uma preocupação para todos, evitar a exclusão por deficiência é algo que não pode ser ignorado, a necessidade de se incluir o deficiente nos atos sociais é cada vez maior. Sendo necessário assim o esforço de pesquisadores e estudiosos para que essa meta seja uma realidade para que todos possam ser inclusos na sociedade. Tecnologia Assistiva aplicada II4 Tecnologia Assistiva70 Deficiência que é entendida como uma manifestação corporal ou como a perda de uma estrutura ou função do corpo, a incapacidade re- fere-se ao plano funcional, desempenho individual e a desvantagem diz a respeito à condição social de prejuízo, resultante da deficiência ou da incapacidade. A expressão pessoa com deficiência pode ser aplicada refe- rindo-se a qualquer pessoa que possua uma deficiência e que estão sob o amparo de uma determinada legislação. A tecnologia vem melhorando e auxiliando a vida das pessoas no passar dos anos, nos últimos anos a tecnologia tem se intensificado e o que antes não era possível, principalmente para os deficientes, hoje já está acessível. Para essa acessibilidade através da tecnologia foi dado o nome de Tecnologia Assistiva (TA). A TA deve ser entendida como um auxílio que promoverá a amplia- ção de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra impedida por circunstância de deficiência ou pelo envelhecimento. Podemos então dizer que o objeti- vo maior da TA é proporcionar à pessoa com deficiência maior indepen- dência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho. A Tecnologia Assistiva engloba as áreas de comunicação alternativa e ampliada (CAA), adaptações de acesso ao computador; equipamentos de auxílio para visão e audição; controle do meio ambiente, adaptações de jogos e brincadeiras; adaptações da postura sentada; mobilidade alter- nativa; próteses e a integração dessa tecnologia nos diferentes ambientes como a casa, a escola, a comunidade e o local de trabalho. O desenvolvimento tecnológico vem buscando alcançar uma me- lhor interação entre o homem e a máquina, chamada de interação natural. Tecnologia Assistiva aplicada II 4 Tecnologia Assistiva 71 Interação natural (IN) é considerada um conceito, quase ciência, que estu- da formas de o homem interagir com dispositivos eletrônicos através dos cinco sentidos do ser humano, seja através de gestos, comandos de voz, movimentos e expressões corporais ou detecção e identificação de partes do corpo humano como rosto, mão, polegar, retina, articulações, entre outros. Com o surgimento de novos equipamentos, a interação natural veio ganhando destaque nos jogos, onde o usuário interage por meios de ges- tos e fala com a máquina. A Interação Natural se tornou popular com o advento de jogos para videogame com tecnologias como o Kinect e o Wii. No entanto, seu conceito já faz parte da ficção e da literatura científica. Os jogos ajudam na circulação e movimentação dos músculos, o que é algo essencial para os deficientes físicos, pois se não houver algum tipo de movimento os atos mais superficiais podem se tornar dolorosos para aqueles que não praticam algum tipo de atividade física. O jogo trará mo- tivação ao deficiente físico, por se tratar de algo divertido que combaterá muita das vezes até algum tipo de abalo emocional. 5 Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal Conhecer as premissas que organizam a CIF e o Desenho Universal. Objetivos: Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal5 Tecnologia Assistiva74 5.1 Modelos conceituais – médico e social A sociedade inclusiva do século XXI, pautada no exercício pleno da cidadania, abre-se para as pessoas com deficiência a fim de que conquistem uma vida independente. Dessa maneira, a compreensão do conceito e a classificação de “deficiência” es- tão pautadas em um modelo denominado psicossocial. A TA se alinha perfeitamente a essa conceituação, uma vez que funciona como Ajuda Técnica, como recurso-chave pelo qual as pessoas com deficiência têm equiparadasas oportunidades, a fim de conquistar um estilo de vida inde- pendente, autônomo, no qual tenham a liberdade para escolher e arcar com as consequências em todos os aspectos da vida social, familiar e profissional. Historicamente, a legislação que referendou o direito à igualdade de oportu- nidades se deu no ano 2000, na Lei 10.098, regulamentada pelo Decreto 5.296/2004 que aprovou a criação do Comitê de Ajudas Técnicas “com a finalidade principal de propor a criação de políticas públicas, aos órgãos competentes, relacionadas com o desenvolvimento e uso de Tecnologia Assistiva” (BRASIL, 2009, p. 11). A Tecnologia Assistiva, anteriormente, era chamada de Ajuda Técnica. Nessa retrospectiva, em torno dos anos de 1976-1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS), preocupada com os vários aspectos e estados da saúde, busca um sistema de classificação às “deficiências” e propõe a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), tendo como balizador os compo- nentes da funcionalidade e das atividades desenvolvidas pela pessoa que tem al- terações em seu desempenho da estrutura do corpo próprio e público. A funcio- nalidade e a incapacidade da pessoa são determinadas pelos fatores ambientais, individuais e sociais, que dizem respeito à pessoa e ao seu entorno. A CIF, de acordo com Farias e Buchalla (2005), parte de uma referência biopsicossocial de leitura da “deficiência” que integra os componentes de saú- de nos níveis corporais e sociais, ou seja, na classificação da pessoa com defi- ciência desconsidera o modelo biomédico Vídeo Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal 5 Tecnologia Assistiva 75 baseado no diagnóstico etiológico da disfunção, evoluindo para um modelo que incorpora as três dimensões: a biomédica, a psico- lógica (dimensão individual) e a social. Nesse modelo cada nível age sobre e sofre a ação dos demais, sendo todos influenciados pelos fatores ambientais. (FARIAS; BUCHALLA, 2005, p. 189) Veja como esses mesmos autores descrevem em esquema as interações en- tre as dimensões: Figura 1 – Interação entre os componentes da CIF. Adaptação: OMS (2003) Condição de saúde (transtorno ou doença) Funções e estruturas do corpo Fatores ambientais Fatores pessoais ParticipaçãoAtividades (FARIAS; BUCHALLA, 2005, p. 190). Historicamente, a “deficiência” foi definida e classificada sob a égide do modelo médico que considerava as limitações da pessoa como consequências intrínsecas ao corpo deficiente. Atualmente, as limitações da atividade e restri- ções na participação da pessoa com deficiência articulam-se ao seu ambiente imediato e ao seu entorno, considera o contexto sócio-histórico-cultural, por- tanto a abordagem biopsicossocial, multifatorial proposta pela CIF e adotada na OMS é o modelo social ou psicossocial. A CIF distingue os modelos concei- tuais médico e social: MODELO MÉDICO – considera a incapacidade como um proble- ma de pessoa, causado diretamente pela doença, traumas ou ou- tro problema de saúde, que requer assistência médica sob forma Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal5 Tecnologia Assistiva76 de tratamento individual por profissionais. Os cuidados em re- lação à incapacidade tem por objetivo a cura ou a adaptação do indivíduo e mudança de comportamento. A assistência médica é considerada como a questão principal e, a nível político, a princi- pal resposta é a modificação ou reforma da política de saúde. (CIF, 2004, p. 21, grifo nosso.) MODELO SOCIAL – incapacidade, por sua vez, considera a questão como um problema criado pela sociedade e como uma questão de integração plena do indivíduo na sociedade. A incapa- cidade não é um atributo de um indivíduo, mas sim um conjunto complexo de condições, muitas das quais criadas pelo ambiente social. Assim, a solução do problema requer uma ação social e é da responsabilidade coletiva da sociedade fazer as modificações ambientais necessárias para a participação plena das pessoas com incapacidade em todas as áreas da vida social. Portanto, é uma questão atitudinal ou ideológica que requer mudanças so- ciais que, a nível político se transformem numa questão de direi- tos humanos. De acordo com este modelo, a incapacidade é uma questão política. (CIF, 2004, p. 21-22, grifo nosso) De posse dessas informações, é possível apresentar à pessoa com deficiên- cia um diagnóstico funcional e planejar a TA adequada que fortaleça e favoreça a vida independente e o desenvolvimento das potencialidades da pessoa com deficiência, mobilidade reduzida ou idosa. Extra Sugerimos assistir ao filme Lutando contra o destino, dirigido por Andy Wolk, 2005. O roteiro do filme baseia-se em fatos da vida real. O drama gira em torno da personagem principal – Marilyn Gambrell. O enredo descreve os Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal 5 Tecnologia Assistiva 77 obstáculos vividos por Marilyn para implantar um programa de autoajuda com vistas a treinar o autocontrole e fortalecer a autoestima de crianças em idade escolar cujos pais estão presos. O desejo de Marilyn é que as crianças possam fazer escolhas na vida diferentes das escolhas feitas por seus pais. Atividades Conhecer a aplicação da CIF na abordagem da “deficiência” psicossocial e nos critérios de aplicação, funcionalidade e restrições de participação. Em poucas palavras, construa um texto identificando esses aspectos no estudo de caso apresentado abaixo: QUEIXA PRINCIPAL - Desequilíbrio e Instabilidade na Marcha RFC CID (AVCH) ESTRUTURA E FUNÇÃO CORPORAL - Cérebro (s1100.370) - Hemiparesia (b7302.2) - Hiperlonia Esquerda (b7352.2) - Hiper-reflexia Esquerda (b7502.2) - Desiquilíbrio (b2351.2) - Diminuição de ADM (b7101.3) FATORES PESSOAIS - Sente-se desanimado sobre seu futuro 45 anos, do lar FATORES AMBIENTAIS - Faz uso de medicamentos (e1101+3) - Faz uso de bengala para locomoção (e1201+4) ATIVIDADES - Sensação de cansaço durante o dia (d2301.13) - Não realiza perfeitamente a limpeza de casa (d6402.24) - Dificuldade para se deslocar dentro e fora de casa (d465.14) - Dificuldade em realizar movimentos finos com a mão (d440.22) PARTICIPAÇÃO - Dificuldade em par- ticipar de eventos sociais (mis- sa) (d9300.14) - Impossibilidade de realizar atividades artesanais (pintura, crochê) (d9203.23) RESTRIÇÕES (OLIVEIRA; SILVEIRA, 2011, p. 657) Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal5 Tecnologia Assistiva78 Referências BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas. Tecnologia Assistiva. Brasília: CORDE, 2009. p. 138. Disponível em <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/ livro-tecnologia-assistiva.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. FARIAS, Norma; BUCHALLA, Cassia. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: conceitos, usos e perspectivas. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 8, n. 2, São Paulo, jun. 2005. Disponível em: <www.scielosp.org/pdf/rbepid/v8n2/11.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. OLIVEIRA, Ana Irene Costa de; SILVEIRA, Katyana Rocha Mendes da. Utilização da CIF em Pacientes com Sequelas de AVC. Rev Neurocienc, 2011; 19(4):653-662. Disponível em: <www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2011/RN1904/relato%20 de%20caso%2019%2004/561%20relato%20de%20caso.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção-Geral da Saúde. Lisboa, Portugal, 2004. Tradução e revisão de Amélia Leitão. Disponível em: <www.inr.pt/uploads/docs/ cif/CIF_port_%202004.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Resolução da atividade A avaliação considera a abordagem biopsicossocial da CIFnos fatores individuais e coletivos, voltada à saúde integral do ser humano. Aborda a compreensão da “defi- ciência” numa visão contextualizada e possibilita uma ação que atende e responsabiliza o indivíduo e o grupo. 5.2 Aprendendo com o Desenho Universal O Desenho Universal, atrelado aos demais dispositivos legais à acessibilidade, mostra-se coerente com a abordagem biopsicos- social da “deficiência”, entendida como um problema nas funções Vídeo Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal 5 Tecnologia Assistiva 79 do corpo1 ou nas suas estruturas do corpo2, tais como um desvio significativo ou uma perda. Assim, a conceituação de Desenho Universal contempla a diversidade e o bem-estar3 do ser humano. O conceito de Desenho Universal do Instituto Nacional de Reabilitação, descrito a seguir, visa à concepção de objetos, equipamentos e estruturas do meio físico destinados a ser utilizados por todas as pessoas indiscriminada- mente. Seu fundamento é simplificar a vida de todos, tornando os produtos, estruturas, a comunicação e o meio edificado utilizáveis pelo maior número de pessoas possível, a baixo custo ou sem custos extras, para que todas as pessoas possam integrar-se totalmente numa sociedade inclusiva. Desenho Universal: O conceito de desenho universal se propõe a gerar ambientes, serviços, programas e tecnologias acessíveis, uti- lizáveis equitativamente, de forma segura e autônoma por todas as pessoas – na maior extensão possível – sem que precisem ser adaptados ou readaptados especificamente. O desenho universal engloba e avança conceitualmente em relação à acessibilidade e às ajudas técnicas. O propósito do desenho universal é atender às diversas necessidades e viabilizar a participação social e o acesso a bens e serviços à maior gama possível de usuários, contribuindo para que pessoas impedidas de interagir com a sociedade passem a fazê-lo. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RS, 2011, p. 7) 1 Funções do corpo são as funções fisiológicas dos sistemas orgânicos, incluindo as funções psico- lógicas. “Corpo” refere-se ao organismo humano como um todo e, portanto, inclui o cérebro. As- sim, as funções mentais (ou psicológicas) são consideradas parte das funções do corpo. O padrão para essas funções é a norma estatística para a população humana. (CIF, 2004, p. 186) 2 Estruturas do corpo são as partes estruturais ou anatômicas do corpo, tais como órgãos, membros e seus componentes classificados de acordo com os sistemas orgânicos. O padrão para essas estru- turas é a norma estatística para a população humana. (CIF, 2004, p. 187) 3 Bem-estar é um termo geral que engloba o universo total dos domínios da vida humana, incluindo os aspectos físicos, mentais e sociais, que compõem o que pode ser chamado de uma “vida boa”. Os domínios da saúde são um subconjunto dos domínios que compõem o universo total da vida huma- na. Esta relação é apresentada no seguinte diagrama que representa o bem-estar. (CIF, 2004, p. 185) Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal5 Tecnologia Assistiva80 A realização de um projeto em Desenho Universal obedece a sete princí- pios básicos: 1. Uso equiparável – pode ser utilizado por qualquer grupo de usuários com igualdade de oportunidade a todos; 2. Uso flexível – engloba as preferências e capacidades individuais; fle- xibilização de utilização; 3. Utilização simples e intuitiva – fácil de compreender, independente- mente da experiência do usuário, dos seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de concentração; 4. Informação perceptível – Fornece a informação necessária a qualquer usuário; 5. Tolerância ao erro – minimiza riscos decorrentes de ações acidentais ou involuntárias; 6. Pouca exigência de esforço físico – pode ser utilizado de forma eficaz e confortável com um mínimo de fadiga; 7. Tamanho, espaço de acesso e de utilização – dimensão e espaço ade- quado para a abordagem, manuseamento e uso. O Desenho Universal assume-se, assim, como instrumento privilegiado para a concretização da acessibilidade e, por extensão, de promoção da inclu- são social. Finalmente, com mais esse dispositivo de acessibilidade, podemos dedu- zir que qualquer produto de TA que seja desenvolvido, atendendo a limitações e a funcionalidade derivadas de deficiências individuais, possibilitará e facili- tará também o acesso por todos os usuários que, sem sofrer essas deficiências, se encontrem em contextos coletivos, como é o caso da escola. A escola é defi- nida aqui como espaço de cultura inclusiva e de convivência social, importante Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal 5 Tecnologia Assistiva 81 para o desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos. Desse modo, a escola cumpre seu papel de formadora, facilitando assim o exercício da cidadania. Extra Recomendamos a palestra de Romeu Sassaki: Acessibilidade, Inclusão, Desenho Universal – Universalidade M2U03989. Disponível em: <www. youtube.com/watch?v=FbBx-gfZCJI>. Acesso em: 30 nov. 2014. Outra dica é navegar pelas propostas de acessibilidade da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Gaia (CERCIGaia), fun- dada em 1976 (Portugal) por iniciativa de um grupo de pais de crianças deficien- tes mentais que não encontravam resposta sobre seus filhos, em creches ou em escolas. Disponível em: <http://cercigaia.weebly.com/>. Acesso em: 22 mar. 2017. Atividades Sugere-se a leitura do livro infantil O menino que tinha medo do escuro de Susana Campos (Edições Vieira da Silva, 2014). Após a leitura escreva um breve comentário sobre suas impressões. Referências ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO SUL. Manual de redação. Mídia inclusiva. Assembleia inclusiva. Rio Grande do Sul, 2011. Disponível em: <www2.al.rs. gov.br/assembleiainclusiva/LinkClick.aspx?fileticket=Pyw-mnmUWDc%3d&tabid=524 8&language=pt-BR>. Acesso em: 22 mar. 2017. INSTITUTO NACIONAL DE REABILITAÇÃO. Desenho Universal. Disponível em: <http://www.inr.pt/content/1/5/desenho-universal>. Acesso em: 22 mar. 2017. Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal5 Tecnologia Assistiva82 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção-Geral da Saúde. Lisboa, Portugal, 2004. Tradução e revisão de Amélia Leitão. Disponível em: <www.inr.pt/uploads/docs/ cif/CIF_port_%202004.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Resolução da atividade O livro traz, em formato alternativo, um exemplo de como um livro multiformato pode se “abrir” a novos leitores e a novas leituras. Serve ao Desenho Universal uma vez que pode ser lido por todos. 5.3 Compreender a incapacidade e a funcionalidade A CIF tem por objetivo organizar um sistema de classi- ficação voltado a pensar a saúde e o bem-estar do ser humano, que possibilite uma via de comunicação universal às diferentes áreas do conhecimento e setores da saúde, em um trabalho em equipes multi e interdisciplinares; descreve a saúde e os estados relacionados com a saúde como “exemplos de domínios da saúde incluem ver, ouvir, andar, aprender e recordar, enquanto que exemplos de domínios rela- cionados com a saúde incluem transporte, educação e interações sociais” (CIF, 2004, p. 11, grifo nosso). A CIF representa uma mudança de paradigma para se pensar e trabalhar a deficiência e serve como uma aliada fundamental às propostas da TA enquanto área do conhecimento que pesquisa as melhorias na funcionalidade, nos inte- resses e na participação da pessoa com deficiência na sociedade. Como a CIF é uma classificação da saúde e dos estados relacio- nados com a saúde também é utilizada por setores, tais como, Vídeo Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o DesenhoUniversal 5 Tecnologia Assistiva 83 seguros, segurança social, trabalho, educação, economia, política social, desenvolvimento de políticas e de legislação em geral e al- terações ambientais. Por estes motivos foi aceita como uma das classificações sociais das Nações Unidas, sendo mencionada e estando incorporada nas Normas Padronizadas para a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Incapacidades. Assim, a CIF constitui um instrumento apropriado para o desenvolvimento de legislação internacional sobre os direitos humanos bem como de legislação a nível nacional. (CIF, 2004, p. 9-10, grifo nosso) A CIF permite descrever situações relacionadas com a funcionalidade do ser humano que remete às funções do corpo e às suas incapacidades, ou, dito de outra forma, às suas restrições e limitações na participação, e serve como enquadramento para organizar essas informações. A CIF organiza a informa- ção em duas partes com dois componentes cada. 1. Componentes da Funcionalidade e da Incapacidade O componente Corpo inclui duas classificações, uma para as fun- ções dos sistemas orgânicos e outra para as estruturas do corpo. Nas duas classificações os capítulos estão organizados de acordo com os sistemas orgânicos. O componente Atividades e Participação cobre a faixa completa de domínios que indicam os aspectos da funcionalidade, tanto na perspectiva individual como social. 2. Componentes dos Fatores Contextuais O primeiro componente dos Fatores Contextuais é uma lista de Fatores Ambientais. Estes têm um impacto sobre todos os compo- nentes da funcionalidade e da incapacidade e estão organizados de forma sequencial, do ambiente mais imediato do indivíduo até ao ambiente geral. Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal5 Tecnologia Assistiva84 Os Fatores Pessoais também são um componente dos Fatores Contextuais, mas eles não estão classificados na CIF devido à grande variação social e cultural associada aos mesmos. (CIF, 2004, p. 11-12) A CIF articula-se desta maneira à acessibilidade e ao Desenho Universal, removendo barreiras em todas as dimensões da acessibilidade, e a TA se re- vela neste espaço como recurso e serviço chave que abre as portas para todas as pessoas ao pleno exercício da cidadania, ou melhor, a vida com cidadania. Significa ter oportunidade para tomar decisões que afetam a própria vida, res- ponsividade e autodeterminação. Significa ter a liberdade de falhar e apren- der com as próprias falhas, tal qual fazem todas as pessoas. Finalmente, a TA promove um estilo de vida independente, essencial para acessar a verdadeira inclusão social. Extra Sugere-se a leitura do livro Direitos das pessoas com deficiência: garantia de igualdade na diversidade, de Eugênia Favero, Editora WVA, Rio de Janeiro: 2004. Referências FARIAS, Norma; BUCHALLA, Cassia Maria. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: Conceitos, Usos e Perspectivas. Revista Brasileira de Epidemiologia, vol. 8, n. 2, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v8n2/11.pdf>. Acesso em: 09 mar. 2017. OLIVEIRA, Ana Irene Costa de; SILVEIRA, Katyana Rocha Mendes da. Utilização da CIF em Pacientes com Sequelas de AVC. Rev Neurocienc 2011; 19(4):653-662. Disponível em: <www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2011/RN1904/relato%20 de%20caso%2019%2004/561%20relato%20de%20caso.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção-Geral da Saúde. Lisboa, Portugal, Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal 5 Tecnologia Assistiva 85 2004. Tradução e revisão de Amélia Leitão. Disponível em: <www.inr.pt/uploads/docs/ cif/CIF_port_%202004.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Ampliando seus conhecimentos A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: Conceitos, Usos e Perspectivas (FARIAS; BUCHALLA, 2005) Visando responder às necessidades de se conhecer mais sobre as consequências das doenças, em 1976 a OMS publicou a International Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps (ICIDH), em cará- ter experimental. Esta foi traduzida para o Português como Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens ( handicaps), a CIDID. De acordo com esse marco conceitual, impairment (deficiência) é des- crita como as anormalidades nos órgãos e sistemas e nas estruturas do corpo; disability (incapacidade) é caracterizada como as consequências da deficiência do ponto de vista do rendimento funcional, ou seja, no de- sempenho das atividades; handicap (desvantagem) reflete a adaptação do indivíduo ao meio ambiente resultante da deficiência e incapacidade. O modelo da CIDID descreve, como uma sequencia linear, as condi- ções decorrentes da doença: Doença → Deficiência → Incapacidade → Desvantagem O processo de revisão da ICIDH apontou suas principais fragili- dades, como a falta de relação entre as dimensões que a compõe, a não abordagem de aspectos sociais e ambientais, entre outras. Após várias versões e numerosos testes, em maio de 2001 a Assembleia Mundial Conhecendo a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal5 Tecnologia Assistiva86 da Saúde aprovou a International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF). A versão em língua portuguesa foi traduzida pelo Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para a Família de Classificações Internacionais em Língua Portuguesa com o título de Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, CIF. 6 Software Educativo Conhecer as tecnologias nas práticas educativas. Objetivos: Software Educativo6 Tecnologia Assistiva88 6.1 Tecnologias nas práticas educativas Após conhecer e trabalhar sob as prerrogativas do Desenho Universal, da CIF e da acessibilidade, a escola introduz parâ- metros técnicos relacionados à acessibilidade, por exemplo, ar- quitetônica, dos espaços escolares que devem ser observados durante o projeto, construção, instalação e adaptação de edifi- cações e mobiliário. Vamos pensar nas tecnologias: O que são tecnologias? Qual a definição de tecnologia? Verificamos que não existe consenso na definição de tecnologia. Veraszto et al. (2008), no seu artigo “Tecnologia: buscando uma definição para o concei- to”, apresenta uma revisão literária de envergadura histórica e atual conside- rando a tecnologia como [...] um corpo sólido de conhecimentos que vai muito além de ser- vir como uma simples aplicação de conceitos e teorias científicas, ou do manejo e reconhecimento de modernos artefatos. Precisamos deixar bem claro que o conhecimento tecnológico tem uma estru- tura bastante ampla e, apesar de formal, a tecnologia não é uma disciplina como qualquer outra que conhecemos, nem tampouco pode ser estruturada da mesma forma. O conhecimento tecnoló- gico não é algo que pode ser facilmente compilado e categorizado da mesma forma como o conhecimento científico. A tecnologia poderia ser apresentada como uma disciplina, mas sabemos que é mais bem qualificada como uma forma de conhecimento, e por isso adquire formas e elementos específicos da atividade humana. Dessa forma podemos dizer que o caráter da tecnologia pode ser definido pelo seu uso. (VERASZTO et al., 2008, p. 75, grifo nosso) Os autores finalizam dizendo que “a tecnologia abrange um conjunto or- ganizado e sistematizado de diferentes conhecimentos, científicos, empíricos Vídeo Software Educativo 6 Tecnologia Assistiva 89 e intuitivos. Sendo assim, possibilita a reconstrução constante do espaço das relações humanas” (VERASZTO et al., 2008, p. 79). Na medida em que a escola norteia suas práticas educativas sob a diversi- dade humana, as diferenças individuais e,propõem facilitadores1 ao processo do aprender, avança diversos passos na efetivação do paradigma da inclusão psicossocial, neste mesmo caminho, as TAs integram as práticas educativas como ajudas tecnológicas adequadas no ambiente escolar. As tecnologias, aplicadas ao contexto educacional, vêm para possibilitar o acesso virtual, a inclusão digital a todas as pessoas que devido às restrições participativas e limitações que podem ser motoras, visuais, auditivas e físicas necessitam do uso dos recursos de hardware e software que a sociedade informa- cional disponibiliza. A Tecnologia Assistiva como área de conhecimento oferece muitas alter- nativas e muitos recursos e serviços de apoio ao professor que ajudam na edu- cação dos alunos com deficiência. Todos os alunos, em determinado momento de sua vida escolar podem apresentar necessidades educacionais especiais que comprometam o sucesso escolar pela falta de soluções que os auxiliem na su- peração de dificuldades funcionais no ambiente da sala de aula e fora dele. Os professores que conhecem as TAs se beneficiam de diferentes estratégias para dar respostas às necessidades dos alunos. Garantem, desta maneira, o acesso e a permanência na escola para todos os agentes escolares. Buscar alternativas e estratégias que promovam melhores condições de vida para toda a comunidade, na igualdade de oportunidades educativas e so- ciais e na construção de valores éticos socialmente desejáveis, é uma maneira 1 Facilitadores são fatores ambientais que, através da sua ausência ou presença, melhoram a fun- cionalidade e reduzem a incapacidade de uma pessoa. Estes fatores incluem aspectos como um ambiente físico acessível, disponibilidade de tecnologia de assistência apropriada, atitudes posi- tivas das pessoas em relação à incapacidade, bem como serviços, sistemas e políticas que visam aumentar o envolvimento de todas as pessoas com uma condição de saúde em todas as áreas da vida. A ausência de um fator também pode ser um facilitador, por exemplo, a ausência de estigma ou de atitudes negativas. Os facilitadores podem impedir que uma deficiência ou limitação da atividade se transforme numa restrição de participação, já que o desempenho real de uma ação é melhorado, apesar do problema da pessoa estar relacionado com a capacidade (CIF, 2004, p. 187). Software Educativo6 Tecnologia Assistiva90 de enfrentar a exclusão, eliminar barreiras e um bom caminho para uma vida com mais qualidade, mais independência na coletividade. Extra Indicamos o livro Inclusão: construindo uma sociedade para todos, de Romeu Sassaki (Rio de Janeiro, WVA, 1997). Atividade Assista a Mobiliário adaptado em PVC e comente brevemente, num tex- to de até 10 linhas, o vídeo articulado ao conceito de tecnologia facilitadora. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=JKy-dKQMEvc>. Acesso em: 22 mar. 2017. Referências ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção-Geral da Saúde. Lisboa-Portugal, 2004. Amélia Leitão - tradução e revisão. Disponível em: <www.inr.pt/uploads/docs/ cif/CIF_port_%202004.pdf> Acesso em: 22 mar. 2017. VERASZTO, Estéfano; et al. Tecnologia: buscando uma definição para o conceito. Prisma, COM, n. 7, 2008. Disponivel em: <http://revistas.ua.pt/index.php/prismacom/ article/viewFile/681/pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Resolução da atividade O vídeo mostra o desenvolvimento de Tecnologia Assistiva de baixo custo, aplicado a crianças com disfunção neuromotora. As crianças precisam de um mobiliário para uso cotidiano. O exemplo apresentado trabalha com tubos de PVC de solda e de roscas, que mostra ser um material com acessibilidade e usabilidade. Neste sentido é um recurso Software Educativo 6 Tecnologia Assistiva 91 facilitador na eliminação de barreiras e, restrição de participação às crianças com defi- ciência. O grupo relata que desenvolveu sete tipos de equipamentos, como: andadores, vaso sanitário, mesas, entre outros. Os recursos apresentados, por exemplo, o andador pode ser ajustado com um sistema de roscas, de acordo ao tamanho da criança. Este mobiliário, segundo relato de profissionais da saúde auxilia no tratamento complemen- tar realizado em casa. A confecção do mobiliário é fácil e não exige alta tecnologia. Um outro ponto interessante da reportagem trata da divulgação da TA, esta é uma atitude importante que atende à acessibilidade atitudinal, ao Desenho Universal fortalecendo o compromisso da TA com o estilo de vida independente das pessoas. 6.2 Softwares e as deficiências O objetivo desta aula é descrever algumas Ajudas Técnicas à inclusão digital, seus recursos e serviços em prol da acessibili- dade instrumental, comunicacional e atitudinal, que permitam a vida independente e autônoma das pessoas com deficiências. Muitos são os pesquisadores preocupados em divulgar as tec- nologias e sua aplicação às pessoas com deficiência, entre eles, Andrea Poletto Sonza, Adrovane Kade, André Luiz Rezende e Sirlei Bortolini. A seguir descre- vemos algumas dessas tecnologias. 1. Deficiência visual e a acessibilidade digital, alguns exemplos: a. Ampliadores de imagens ◦ Lupa eletrônica – ampliação de tela; ◦ Lente Pro – Projeto Dosvox; ◦ Magic – software de ampliação de tela. b. Impressoras braille ◦ Thermoform – copiadora para material adaptado; ◦ Braille falado – sistema portátil de armazenamento e processa- mento de informação; Vídeo Software Educativo6 Tecnologia Assistiva92 ◦ Linha braille – ligado ao computador por cabo, que possui uma ré- gua de células braile, cujos pinos se movem para cima e para baixo e que representam uma linha de texto da tela do computador. c. Sistema operacional ◦ DOSVOX – software de interface especializada que se comunica com o usuário em português, por meio de síntese de voz. É um recurso nacional de relação custo/benefício acessível. d. Leitora de tela ◦ Virtual Vision – software de leitura de telas desenvolvido para funcionar sobre os aplicativos mais comuns utilizados; ◦ Jaws – permite ao usuário que configure a intensidade da leitura; ◦ OpenBook – permite acesso e edição de materiais impressos me- diante um processo de digitalização. 2. Deficiência auditiva e a acessibilidade digital, alguns exemplos: a. Tecnologia baseada na oralização ◦ Comunicar e palavras baralhadas – videojogos educativos. b. Tecnologia baseada na Libras ◦ Karytu – software de letramento; ◦ Falibras – tradutor de português para libras; ◦ Dicionário de Libras INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos; ◦ Teclado especial – utiliza recursos das ferramentas de autotexto e autocorreção do Word. 3. Deficiência motora e a acessibilidade digital, alguns exemplos: a. Hardwares ◦ Teclados - variedades de teclados; Software Educativo 6 Tecnologia Assistiva 93 ◦ Máscara de teclado – placa de plástico com um orifício corres- pondente a cada tecla; ◦ Pulseiras de pesos – diversos modelos ajudam a reduzir a ampli- tude do movimento causada pela flutuação do tônus; ◦ Mouses e acionadores – adaptados de acordo com as necessida- des do usuário; ◦ Teclado virtual da PUCPR – reúne características de teclado vir- tual, sintetizador de voz e sistema de predição da palavra. Extra Visite o site e conheça o Projeto Redescola, onde podem ser encontrados diversos softwares educacionais. Disponível em: <http://www.redescola.com. br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=126&Itemid=55>. Acesso em: 22 mar. 2017. Atividades Assista ao vídeo Educação e mudança, de Celso Antunes, e escreva um breve comentário, de no máximo 10 linhas. Disponível em: <www.youtube. com/watch?v=bLee1851_q0&feature=player_embedded#%21>. Acesso em: 22 mar. 2017. Referências MANZINI, Eduardo José; DELIBERATO, Débora. Portal de ajudas técnicas para educação – Equipamento e material pedagógico especial para educação, capacitação e recreação da pessoa com deficiência física - Recursos para comunicação alternativa.2. ed. Brasília: MEC/SEESP, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/rec_adaptados.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Software Educativo6 Tecnologia Assistiva94 SONZA, Andréa P. (Org.) Acessibilidade e tecnologia assistiva: pensando a inclusão sociodigital de PNEs. Ministério da Educação. Bento Gonçalves, RS. 2013. Disponível em: <www.planetaeducacao.com.br/portal/conteudo_referencia/acessibilidade- tecnologia-assistiva.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Resolução da atividade O vídeo faz uma reflexão sobre o tema da mudança pessoal aplicada ao contexto educacional. Destaca a importância da formação continuada para que o professor se mantenha atualizado e que possa atualizar suas práticas educativas. Celso Antunes sugere que o professor deva refletir sobre algumas interrogações, como: O mundo mudou? O aluno não é mais o mesmo? Antunes diz que sim, o aluno mudou e mui- tas vezes o professor percebe isso, mas não reconhece que ele também tem que mu- dar, tem que se atualizar frente à sociedade informacional, globalizada. O professor precisa perceber o papel fundamental da tecnologia na vida cotidiana e aplicá-la às suas práticas pedagógicas. 6.3 Dimensões do uso das tecnologias educativas Os softwares educativos são recursos tecnológicos indicados como Ajudas Técnicas, assim, são planejados adequadamente para atender as características individuais de cada aluno e da fase do desenvolvimento em que se encontra e ainda, respeitam os dispositivos legais como: Desenho Universal, CIF e a acessi- bilidade, para que pessoas com limitações visuais, auditivas, motoras possam conquistar o mundo digital. Para escolher um software educativo para um aluno com necessidades edu- cacionais especiais, algumas perguntas básicas são importantes: • Para que o sistema serve? Vídeo Software Educativo 6 Tecnologia Assistiva 95 • Qual a vantagem de utilizá-lo? • Como o sistema funciona? • Quais os princípios gerais de interação com o sistema? O computador a serviço da educação oferece softwares que agregam no seu planejamento, funcionalidade e usabilidade com objetivos pedagógicos (SONZA, 2013), podem ser classificados em: tutoriais, de programação, aplicativos, exercí- cios e práticas, multimídia e internet, simulação, modelagem e jogos. Tutoriais – apresentam informações planejadas e organizadas para instigar a aprendizagem do aluno, partindo da interação computador – usuário e perti- nência curricular. No site da Secretaria de Educação do Paraná: Dia a Dia Educação – você pode encontrar orientações sobre diversos softwares educacionais. O site pode ser acessado pelo link: <www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/ conteudo/conteudo.php?conteudo=167>. Acesso em: 22 mar. 2017. Veja alguns exemplos: Programação/autoria – tecnologia usada como ferramenta auxiliando a aprendizagem, dá liberdade ao usuário para criar seu próprio programa de ati- vidade. Como exemplo, podemos citar o Scratch, um website desenvolvido com o foco na aprendizagem e educação, onde é possível desenvolver e programar diversas atividades de forma dinâmica e estimuladora. Pode ser acessado atra- vés do link: <http://scratch.mit.edu/>. Acesso em: 22 mar. 2017. Aplicativos – voltados para aplicações específicas, como processadores de texto, planilhas eletrônicas e gerenciadores de banco de dados. Exercícios e práticas – consiste somente na resolução de questões e ativi- dades, sem se preocupar com o uso pedagógico, o aprendizado e o propósito do software. Multimídia e internet – com recursos de acessibilidade na escolha de mul- timídias para executar uma navegação na internet. Software Educativo6 Tecnologia Assistiva96 Simulação e modelagem – consistem na apresentação de situações proble- ma que devem ser resolvidas pelo aluno, possibilita vivências, teste de hipóte- ses, incentiva o aluno a procurar soluções para os desafios apresentados. A ro- bótica educativa é hoje um exemplo significativo de aplicação de simuladores. Jogos – softwares educativos lúdicos consistem numa ferramenta pedagó- gica excelente para motivar o aluno à aprendizagem, são planejados de acordo com a idade do aluno. Softwares educativos às pessoas com deficiência – que auxiliam os pro- fessores no ensino de diversas disciplinas, como: língua portuguesa, inglês, matemática, artes etc. Sonza et al. (2013) apresentam uma lista de jogos, relacionados a seguir: • Menino curioso – software direcionado a crianças em fase de alfabetização, com jogos relacionados à caixinha mágica, por exemplo. Disponível em: <http://infoeducindiaquaresma.blogspot.com.br/2010/03/software- menino-curioso.html>. Acesso em: 22 mar. 2017. • Programa Gcompris 9.2 – é um aplicativo amplo com muitas ati- vidades e atende a diversas áreas do conhecimento. Disponível (em inglês) em: <http://gcompris.net/index-en.html>. Acesso em: 22 mar. 2017. • Cobpaint – desenvolvido para pessoas com dificuldades motoras e deficiência visual. • Creative Painter – personagens animados. • Tux Paint – usada com crianças com paralisia cerebral. • Smart Panda – software de matemática. • Zac Browser – favorece a interação social. • Hércules e Jiló – usado para a criança com deficiência intelectual. Software Educativo 6 Tecnologia Assistiva 97 A sociedade globalizada e tecnológica exige que o cidadão utilize os recursos e serviços tecnológicos. Atualmente são muitos os recursos disponíveis ao processo educativo e são muito eficazes, desde que sejam usados adequadamente. Extra A sugestão é assistir à reportagem do Jornal Record – Prensa: tecnologias acessíveis. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=9Z2WmHWdR7U>. Acesso em: 22 mar. 2017. Atividades Quais as perguntas básicas ao escolher um software educativo para um alu- no com necessidades educacionais especiais? Referências SOFFA, Marilice Mugnaini; ALCÂNTARA, Paulo Roberto de Carvalho. O uso do software educativo: reflexões da prática docente na sala informatizada. Educere, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2008. Disponível em: < http:// www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/335_357.pdf>. Acesso em: 09 mar. 2017. SONZA, Andréa P. (Org.) Acessibilidade e tecnologia assistiva: pensando a inclusão sociodigital de PNEs. Ministério da Educação. Bento Gonçalves, RS. 2013. Disponível no site: <www.planetaeducacao.com.br/portal/conteudo_referencia/acessibilidade- tecnologia-assistiva.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Resolução da atividade A escolha do software deve ser pautada a partir dos seguintes questionamentos: • Para que o sistema serve? Software Educativo6 Tecnologia Assistiva98 • Qual a vantagem de utilizá-lo? • Como o sistema funciona? • Quais os princípios gerais de interação com o sistema? Ampliando seus conhecimentos O uso do software educativo: reflexões da prática docente na sala informatizada (SOFFA; ALCÂNTARA, 2008) [...] A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996) é extremamente aberta e trata a escola par- ticular com igualdade. Dá ampla liberdade para definir seus projetos pedagógicos. De acordo com dados obtidos do INEP (BRASIL, 2005), na rede priva- da, o trabalho com capacitações para a formação docente é menor do que nas redes públicas porque a instituição, por meio dos salários, consegue escolher um pessoal mais qualificado. Aqueles que têm acesso a recursos tecnológicos, curiosidade e domínio da ciência e da leitura passam isso para seus alunos com paixão. Na medida em que se começa a refletir com os educadores sobre ações pedagógicas, definição de projetos interdisci- plinares ou pluridisciplinares, o trabalho - viagens, experiências de labo- ratório, estudo do meio etc. - acaba dando resultados. Para isso, a escola particular está mais aparelhada. Como afirma Almeida (2005, p. 8), o “uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação impõe mudanças nos métodos de trabalho dos professores, gerando modificações no funcionamento das instituiçõese no sistema educativo”. Software Educativo 6 Tecnologia Assistiva 99 Portanto, é importante analisar em que medida o uso dos software na visão dos professores, está colaborando para a aprendizagem dos alunos dos primeiros anos da educação básica privada, pois muito recurso finan- ceiro e muito “suor educativo” estão sendo dispensados nos últimos anos nestas escolas. Mas qual o conceito de software educativo? O software educativo ou Programa Educativo por Computador não é o mesmo que software educa- cional. Um software educacional é um “produto [...] adequadamente utili- zado pela escola, mesmo que não tenha sido produzido com a finalidade de uso no sistema escolar” (OLIVEIRA, 2001, p. 73). Ou seja, são progra- mas que podem ser utilizados na administração escolar ou em contextos pedagógicos, ou seja, são caracterizados pela sua inserção em contextos educacionais. Na verdade, o software educativo é uma classe pertencente a este. O que diferencia um software educativo de outras classes de softwares educacionais é o fato de ser desenvolvido com o desígnio de levar o aluno a construir um determinado conhecimento referente a um conteúdo didá- tico. O objetivo de um software educativo é a de favorecer os processos de ensino-aprendizagem e sua característica principal é seu caráter didático. A escolha do software, além de ser fundamental para o trabalho que o educador irá desenvolver com seus alunos, pressupõe uma visão de mun- do, uma concepção de educação. Fica assim evidenciada a importância que deve ser dada à escolha dos programas que serão selecionados para serem utilizados com intuito educacional. “A utilização de um software está diretamente relacionada à capacidade de percepção do professor em relacionar a tecnologia à sua proposta educacional” (TAJRA, 2001, p.74). 7 Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade Conhecer a escola acessível e compreender o uso da sala de recursos multifuncionais. Objetivos: Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade7 Tecnologia Assistiva102 7.1 Escola acessível A escola acessível é aquela instituição educacional que se instrumentaliza das mudanças sociais e dos dispositivos legais de inclusão e acessibilidade para atualizar os seus recursos e prá- ticas didático-pedagógicas com fins de promover o progresso educacional e a inclusão dos alunos com deficiência. “Toda crian- ça possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas” (ONU, 1994, p. 1)1. A escola acessível acompanha os avanços da ciência e da tecnologia e apli- ca-os de acordo ao seu ambiente de uso, o espaço escolar, àquilo que é neces- sário para potencializar a autonomia, a independência e o empoderamento do aluno. Os “sistemas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades” (ONU, 1994, p. 1). A Tecnologia Assistiva ocupa lugar de destaque na escola acessível como área de conhecimento que aborda a deficiência na sua abrangência psicossocial, e pesquisa as possibilidades oferecidas pelos recursos e serviços tecnológicos e as condições de sua aplicação no ambiente escolar para o aluno. Tecnologia apropriada e viável deveria ser usada quando necessário para aprimorar a taxa de sucesso no currículo da escola e para aju- dar na comunicação, mobilidade e aprendizagem. Auxílios técnicos podem ser oferecidos de modo mais econômico e efetivo se eles forem providos a partir de uma associação central em cada localidade, aon- de haja know-how que possibilite a conjugação de necessidades indivi- duais e assegure a manutenção. (ONU, 1994, p. 9, grifo nosso) 1 Conferência Mundial de Educação Especial realizada em Salamanca, Espanha, de 7 a 10 de junho de 1994. Dirigentes do governo e da comunidade internacional reafirmam o compromisso para com a Educação para Todos em acordo a outras declarações, decretos e leis internacionais voltadas aos direitos universais humanos. Vídeo Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade 7 Tecnologia Assistiva 103 Cabe à gestão escolar abrir espaço à TA para experimentar e verificar como a tecnologia informacional se transformou em algo tão importante para a so- ciedade e, gradativamente, vem sendo incorporada ao dia a dia das pessoas, no seu ambiente direto e de entorno, como um instrumento revolucionário. É o que registra o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo): Há uma nova gestão social do conhecimento a partir do desen- volvimento de novas técnicas de produção, armazenamento e processamento de informações, alavancado pelo progresso da informática e das telecomunicações. Os computadores estão mudando também a maneira de condu- zir pesquisas e construir o conhecimento, e a forma de planejar o desenvolvimento tecnológico, implicando novos métodos de produção que deixam obsoleta a maioria das linhas de montagem industriais clássicas. (PROINFO, 1997, p. 2, grifo nosso) O desafio da escola acessível passa a ser compreender a diversidade e as diferenças individuais em sua complexidade, multidimensionalidade e trans- versalidade para que possa definir com clareza suas estratégias de ensino e de aprendizagem. Dessa maneira, respeitará os diferentes estilos de aprendi- zagem dos alunos, especificamente, daqueles com deficiência. E, finalmente, deverá utilizar com eficácia os recursos presentes na sociedade informacional para promover qualidade de vida, exercício de cidadania aos alunos com defi- ciência, mobilidade reduzida ou em idade avançada (idosos). A educação para a diversidade envolve a criação de um novo olhar. Para que seja mais proveitosa, ela deve incluir alternati- vas que permitam trabalhar essa temática de forma transversal. Isso significa, por um lado, pensar a educação como algo além de capacitação e formação e, por outro, assumir o desafio de educar para transformar instituições e não somente indivíduos. (MONTAGNER. et al., 2010, p. 53, grifo nosso) Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade7 Tecnologia Assistiva104 Extra Assista à Campanha do plano Viver sem limite 2014. Disponível em: <www. pessoacomdeficiencia.gov.br/app/viversemlimite/campanhas>. Acesso em: 22 mar. 2017. Atividades Para esta atividade, assista ao vídeo Tecnologia Assistiva – Inclusão Escolar – Comunicação Alternativa – Treino de escrita. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=WamEl8aeQxc>. Acesso em: 22 mar. 2017. Esse vídeo exemplifica o que se entende por escola acessível. Recorte do texto dessa aula uma frase de três linhas que contemple essa ideia. Referências BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação a Distância. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Programa Nacional de Tecnologia Educacional – Proinfo: diretrizes. Disponível em: <www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov. br/arquivos/File/pdf/proinfo_diretrizes1.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. MONTAGNER, Paula. et al. Diversidade e capacitação em escolas de governo: mesa- redonda de pesquisa-ação. Brasília: ENAP, 2010. Disponível em: <www.enap.gov.br/ downloads/Caderno_Diversidade.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ONU. Declaração de Salamanca. Sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. Espanha, 1994. Disponível em: <http://portal.mec. gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade 7 Tecnologia Assistiva 105 Resolução da atividade A escola acessível acompanha os avanços da ciência e da tecnologia e aplica-os de acordo ao seu ambiente de uso, ao espaço escolar e àquilo que é necessário para potencia- lizar a autonomia, a independência e o empoderamento do aluno. 7.2 Reconhecendo a sala de recursos multifuncionais O Decreto 7.611/2011 reconhece e regulamenta a sala de re- cursos multifuncionais no seu artigo 5° parágrafo 3°: “As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de equipa- mentos, mobiliário emateriais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado”. O documento orientador do programa implantação de sala de recursos multifuncionais, do Ministério da Educação, delineia os aspectos legais e peda- gógicos do atendimento educacional especializado: A inclusão educacional é um direito do aluno e requer mudan- ças na concepção e nas práticas de gestão, de sala de aula e de formação de professores, para a efetivação do direito de todos à escolarização. No contexto das políticas públicas para o desen- volvimento inclusivo da escola se insere a organização das salas de recursos multifuncionais, com a disponibilização de recursos e de apoio pedagógico para o atendimento às especificidades edu- cacionais dos estudantes público-alvo da educação especial matri- culados no ensino regular. (BRASIL, 2013, p. 5, grifo nosso) Vídeo Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade7 Tecnologia Assistiva106 Galvão Filho e Miranda (2012), em uma análise crítica sobre questões da edu- cação inclusiva na atualidade, discorrem sobre a parceria entre a sala de recursos multifuncionais e as TAs e a extensão dos efeitos dessa parceria para além dos muros da escola, incrementando a vida social do aluno e sua autonomia2. É na sala de recursos multifuncional que o aluno aprende a utili- zar os recursos de TA, tendo em vista o desenvolvimento da sua autonomia. Porém, estes recursos não podem ser exclusivamen- te utilizados nessa sala, encontra sentido quando o aluno utiliza essa tecnologia no contexto escolar comum, apoiando a sua esco- larização. Portanto, é função da sala de recursos avaliar esta TA, adaptar material e encaminhar esses recursos e materiais adapta- dos, para que sirvam ao aluno na sala de aula comum, junto com a família e nos demais espaços que frequenta. (GALVÃO FILHO; MIRANDA, 2012, p. 249, grifo nosso) Dessa forma, garantem a acessibilidade do aluno com deficiência. São ati- tudes que paulatinamente eliminam ou evitam a segregação, a discriminação e a exclusão no ambiente escolar. Preservam a equidade3 de oportunidades a todos os alunos, “para que a deficiência não seja utilizada como impedimento à realização de sonhos, desejos e projetos, valorizando o protagonismo e as escolhas dos brasileiros com e sem deficiência” (BRASIL, 2013, p. 8). 2 Segundo Zatti (2007), a autonomia como condição de uma pessoa que determina ela mesma a lei à qual se submete não está apenas na cabeça dos sujeitos. Como condição, sua construção envolve dois aspectos: o poder de determinar a própria lei e também o poder ou capacidade de realizar. O primeiro aspecto está ligado à liberdade de decidir e o segundo ao poder ou capacidade de fa- zer. Para que haja autonomia, os dois aspectos devem estar presentes e o pensar autônomo deve estar ligado ao fazer autônomo. No entanto, é preciso considerar que o fazer não acontece fora do mundo, pois está cerceado pelas leis naturais, pelas leis civis, pelas convenções sociais, ou seja, a autonomia é limitada por condicionantes, não é absoluta. 3 Equidade pode ser entendida como reconhecimento e efetivação dos direitos da população, com igualdade, sem restringir o acesso a eles nem estigmatizar as diferenças entre os diversos segmen- tos que a compõem. É a possibilidade de as diferenças serem manifestadas e respeitadas sem dis- criminação, uma condição que favorece o combate das práticas de subordinação ou de preconceito em relação às diferenças de gênero, políticas, étnicas, religiosas, culturais etc. (SPOSATI, 2002 apud MONTAGNER et al., 2010, p. 16). Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade 7 Tecnologia Assistiva 107 Extra Recomendamos a leitura da cartilha: Viver sem limite – plano nacional dos direitos da pessoa com deficiência, do Governo Federal do Brasil, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR)/Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD). Brasília, 2013. Disponível em: <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/fi- les/arquivos/%5Bfield_generico_imagens-filefield-description%5D_0.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Atividades Assista ao vídeo da campanha do plano Viver sem limite. Reportagem com Juliana Oliveira – deficiente motora, Fernanda Honorato – deficiente intelec- tual, Vanessa Vidal – deficiente auditiva e Gabrielzinho do Irajá – deficiente vi- sual. Disponível em: <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/viversemlimite/ campanhas>. Acesso em: 22 mar. 2017. Nessa reportagem os quatro entrevistados apresentam uma palavra-cha- ve importante a todos nós para a verdadeira inclusão. Identifique e escreva essa palavra. Referências BRASIL. Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Publicado no Diário Oficial da União, em 18 de novembro de 2011. Disponível em: <www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7611.htm#art11>. Acesso em: 22 mar. 2017. ______. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República / Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Viver sem limite – Plano nacional dos direitos da pessoa com deficiência. Brasília, 2013. Disponível Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade7 Tecnologia Assistiva108 em: <www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_ generico_imagens-filefield-description%5D_0.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ______. Ministério da Educação. Documento orientador do programa implantação de salas de recursos multifuncionais. 2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov. br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11037-doc-orientador- multifuncionais-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 22 mar. 2017. ______. Ministério da Educação. Edital n. 1 de 26 de abril de 2007. Programa de implantação de salas de recursos multifuncionais. Disponível em: <http://portal.mec.gov. br/arquivos/pdf/2007_salas.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. GALVÃO FILHO, Teófilo; MIRANDA, Theresinha Guimarães. Tecnologia assistiva e salas de recursos: análise crítica de um modelo. In: MIRANDA, Theresinha Guimarães; GALVÃO FILHO, Teófilo (orgs). O professor e a educação inclusiva: formação, práticas e lugares. Salvador: EDUFBA, Salvador, 2012. Disponível em: <www.planetaeducacao.com.br/portal/conteudo_referencia/o-professor-e-a-educacao- inclusiva.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. MONTAGNER, Paul. et al. Diversidade e capacitação em escolas de governo: mesa- redonda de pesquisa-ação. Brasília: ENAP, 2010. Disponível em: <www.enap.gov.br/downloads/Caderno_Diversidade.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. ZATTI, Vicente. Autonomia e educação em Immanuel Kant e Paulo Freire. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007. Disponível em: <www.pucrs.br/edipucrs/online/ autonomiaeeducacao.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Resolução da atividade A palavra é autonomia, importante para todos nós a fim de que possamos viver plenamente. Autonomia é um dos alicerces da inclusão. Não é a deficiência que impede a pessoa de exercer a autonomia e a cidadania e sim a falta de acessibilidade em todas as dimensões. Assim, o programa Viver sem limite trabalha sob 4 eixos: atenção à saúde, acesso à educação, inclusão social e acessibilidade. Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade 7 Tecnologia Assistiva 109 7.3 Espaço multifuncional de aprender a ser No espaço multifuncional de aprendizagem, um dos as- pectos fundamentais trata do acesso e domínio das ferramentas tecnológicas, necessários para uma convivência harmoniosa na civilização do conhecimento do século XXI. É, portanto, vital para a sociedade brasileira que a maioria dos indi- víduos saiba operar com as novas tecnologias da informação e va- ler-se destas para resolver problemas, tomar iniciativas e se comu- nicar. Uma boa forma de se conseguir isto é usar o computador como prótese da inteligência e ferramenta de investigação, comunicação, construção, representação, verificação, análise,divulgação e produ- ção do conhecimento. E o locus ideal para deflagrar um processo des- sa natureza é o sistema educacional. (MEC, 1997, p. 2, grifo nosso) O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo), 1997, integra os eixos Informática e Educação e justifica que para melhorar os processos de ensino e de aprendizagem é necessário investir na melhoria da construção do conhecimento e, para isso a qualidade do ensino nas escolas é determinante. É urgente investir na melhoria dos espaços, ambientes educacionais e suas pro- postas pedagógicas que atendam à diversidade do alunado e dos professores. A tecnologia da informação, com seus serviços e recursos, é uma importante aliada para essa transformação educacional. O Proinfo considera a igualdade de oportunidades como uma marca de evolução da sociedade tecnológica, assim nos seus objetivos visa abrir oportunidades a todos: • a igualdade de acesso a instrumentos tecnológicos disponibilizadores e gerenciadores de informação; • os benefícios decorrentes do uso da tecnologia para desenvolvimento de atividades apropria- das de aprendizagem e para aperfeiçoamento dos Vídeo Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade7 Tecnologia Assistiva110 modelos de gestão escolar construídos em nível local, partindo de cada realidade, de cada contex- to. (MEC, 1997, p. 3) Outro aspecto fundamental no espaço multifuncional é o reconhecimento e a promoção da diversidade humana como essencial ao aprender a ser. O edu- car para a diversidade deve privilegiar o respeito às diferenças individuais, as particularidades de cada pessoa e a igualdade de oportunidades a todos como direito humano e como atitude de valorização da dignidade humana. A educação é o espaço por excelência para se pensar e intervir na efetiva- ção de novos comportamentos, atitudes inclusivas, em que a discriminação, o preconceito, o estereótipo e o estigma são banidos das relações interpessoais no ambiente escolar. Esses conceitos são compreendidos de acordo com o descrito no caderno Diversidade e capacitação em escolas de governo: mesa-redonda de pesquisa- -ação, de Paula Montagner et al.: Discriminar – ação de discriminar, tratar diferente, anular, tornar invisível, excluir, marginalizar. Preconceito – qualquer atitude negativa em relação a uma pessoa ou grupo social que derive de uma ideia preconcebida sobre tal pessoa ou grupo. É possível, então, dizer que a atitude preconcei- tuosa está baseada não em uma opinião adquirida com a experiên- cia, mas em generalizações que advêm de estereótipos. Estereótipos – consiste na generalização e atribuição de valor (na maioria das vezes negativo) a algumas características de um gru- po, reduzindo-o a esses traços e definindo os “lugares de poder” a serem ocupados. É uma generalização de julgamentos subjeti- vos feitos em relação a um determinado grupo, impondo-lhes o lugar de inferior e de incapaz no caso de estereótipos negativos. Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade 7 Tecnologia Assistiva 111 Estigma – marca ou rótulo atribuídos a pessoas e grupos, seja por pertencerem a determinada classe social, por sua identidade de gênero, por sua cor/raça/etnia. O estigma é sempre uma forma de simplificação, de desqualificação da pessoa e do grupo. Os es- tigmas decorrem de preconceitos e ao mesmo tempo os alimen- tam, cristalizando pensamentos e expectativas com relação a indi- víduos e grupos. (CLAM, 2009, p. 35 e 197, apud MONTAGNER et al., 2010, p. 20-21) As práticas educativas concretas para a diversidade permeiam as relações humanas em todos os ambientes. Não há consenso para a definição de diversi- dade segundo Montagner: [...] vão desde descrições funcionais e declarações humanísticas que defendem a aceitação da alteridade – isto é, do(a) outro(a). Na prática, há definições que apontam diversidade como qualquer uma(um) ou qualquer coisa que ‘não seja eu’ e, também, análises razoavelmente detalhadas e abrangentes que consideram qualida- des e características pessoais. (MONTAGNER et al., 2010, p. 21) Trabalhar sob a perspectiva da diversidade implica considerá-las nos seus di- versos desdobramentos, implicações e dimensões, a saber (MONTAGNER, 2010): • Dimensão da personalidade – aspectos psíquicos e subjetivos. • Dimensões internas – idade, gênero, língua, orientação sexual, habi- lidades físicas. • Dimensões externas – localização geográfica, hábitos de lazer, histó- rico educacional. • Dimensões organizacionais – local de trabalho, nível funcional, cam- po de trabalho. Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade7 Tecnologia Assistiva112 Extra Indicamos o vídeo Tecnologia Assistiva – Inclusão escolar – Sala de recursos multifuncionais. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v= BQvxfCYhaZg>. Acesso em: 22 mar. 2017. Atividades Assista ao vídeo Tecnologia Assistiva – sobre os objetos de aprendizagem. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=M7aHFTxX1pQ>. Acesso em: 22 mar. 2017. Depois disso, descreva em 3 linhas a inter-relação entre objetos de aprendizagem e o espaço multifuncional. Referências BRASIL. Ministério da educação e do desporto. Programa Nacional de Tecnologia Educacional – Proinfo: Diretrizes. Ministério da Educação e do Desporto – MEC; Secretaria de Educação a Distância – SEED. 1997. Disponível em: <www.gestaoescolar. diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/proinfo_diretrizes1.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. LOPES, Esther; MARQUEZINE, Maria Cristina. Sala de recursos no processo de inclusão do aluno com deficiência intelectual na percepção dos professores. Revista Brasileira de Educação Especial, vol. 18, n. 3, Marília, jul/set 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382012000300009>. Acesso em: 09 mar. 2017. MONTAGNER, Paula; et al. Diversidade e capacitação em escolas de governo: mesa- redonda de pesquisa-ação. Brasília: ENAP, 2010. Disponível em: <www.enap.gov.br/ downloads/Caderno_Diversidade.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2017. Resolução da atividade Os objetos de aprendizagem atendem às prerrogativas da acessibilidade e da in- clusão quando servem de recursos para a aprendizagem significativa e ao progresso Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade 7 Tecnologia Assistiva 113 educacional do aluno. São mediadores nas práticas pedagógicas dos professores, assim, servem adequadamente às salas multifuncionais. Ampliando seus conhecimentos Sala de recursos no processo de inclusão do aluno com deficiência intelectual na percepção dos professores (LOPES; MARQUEZINE, 2012) [...] Ao se fazer opção pela construção de um sistema educacional inclu- sivo, em consonância com os postulados da Declaração de Salamanca (1994), é iniciada, no Brasil, uma reconfiguração das modalidades de atendimento e serviço aos alunos com deficiência, entre as quais figura a sala de recursos. No texto das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001) encontra-se o conceito desse serviço de apoio à inclusão, pelo qual deve ser desenvolvido o atendimento educa- cional especializado (AEE) na escola, envolvendo-se professores com di- ferentes funções: Salas de Recursos: serviço de natureza pedagógica, conduzido por professor especializado, que suplementa (no caso dos su- perdotados) e complementa (para os demais alunos) o atendi- mento educacional realizado em classes comuns [...]. Esse ser- viço realiza-se em escolas, em local dotado de equipamentos e recursos pedagógicos adequados às necessidades educacionais especiais dos alunos, podendo estender-se a alunos de escolas próximas, nas quais ainda não exista esse atendimento. Pode Sala de recursos multifuncionais e acessibilidade7 Tecnologia Assistiva114 ser realizado individualmente ou em pequenos grupos, para alunos que apresentem necessidades educacionais especiais se- melhantes, em horário diferente daquele em que frequentam a classe comum. [...]. (BRASIL, 2001, p. 50) Os estados da Federação passaram aconsiderar a oferta da sala de re- cursos, no espaço escolar do ensino regular, como um dos atendimentos da Educação Especial, que visa contribuir para a inclusão de alunos com necessi- dades educacionais especiais matriculados em classes comuns. Para demons- trar a aceitação da posição da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação passaram, também, a legislar sobre esse serviço. [...] Moretti e Corrêa (2009, p. 487) valorizaram esse serviço, afirmando que na perspectiva inclusiva a sala de recursos tornou-se muito importante, “pois visa oferecer o apoio educacional complementar necessário para que o aluno se desempenhe e permaneça na classe comum, com sucesso escolar”. Além das oportunidades de sucesso acadêmico que são oferecidas no contexto da classe regular, pelas adequações curriculares possíveis e recomendadas pela legislação, ao aluno está sendo garantido o direito ao apoio especializado, a fim de complementar seu aprendizado em período diverso daquele em que frequenta a classe regular. Sobre a função e a importância da sala de recursos, Arnal e Mori (2007, p. 3) alertam para o fato de que a sala de recursos só pode ser con- siderada instrumento de inclusão “[...] desde que consiga atender à diver- sidade, assegurando ao aluno a inclusão em situações de aprendizagem no ensino regular”. No objetivo da inclusão, o direito à aprendizagem e o acesso a níveis mais elevados de educação fazem parte do que está posto como igualdade de direitos e de oportunidades educacionais para todos. Tecnologia assistiva Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6317-8 9 788538 76317 8 Página em branco Página em branco