Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Acessibilidade, Metodologias Ativas e Assistivas Professora Aline Pedro Feza Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; FEZA, Aline Pedro. Acessibilidade, Metodologias Ativas e Assistivas. Aline. Pedro Feza. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 93 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTORA Professora Aline Pedro Feza ● Mestranda em Ciências da Educação pela FICS (Facultad Interamericana de Ciencias Sociales em São Paulo). ● Licenciatura em Pedagogia pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). ● Especialização em Educação Especial (Instituto Paranaense de Educação). ● Especialização em Psicopedagogia (Faculdade Eficaz). ● Conselheira Científica da Associação Brasileira de Psicopedagogia ABPp Nú- cleo Paraná Norte (Triênio 2020-2023). ● Professora Conteudista do UniFCV. ● Professora Conteudista da DTCOM Consultoria. ● Professora Conteudista e de Pós-Graduação da Faculdade Eficaz. ● Professora de Pós-Graduação do UniFCV. ● Professora Bilingue (português/libras). Atuações nas área de Educação, Educação Especial e Psicopedagogia, com ênfase em Métodos e Técnicas de Ensino e Atendimentos Especializados, trabalhando principal- mente nos seguintes temas: língua brasileira de sinais, salas de recursos multifuncional, aquisição da linguagem, inclusão, ensino-aprendizagem de pessoas com necessidades educacionais especiais, neurociência, psicopedagogia, psicomotricidade, desenvolvimento humano. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/1028803403946189 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), iniciamos hoje mais um estudo com a disciplina de acessibili- dade, metodologias ativas e assistivas. Esse apresenta extrema importância para profissio- nais da área de humanas, bem como um tema atual na sociedade, por conta do momento histórico e cultural vigente devido à inserção da pessoa com deficiência. A Unidade I consiste em uma abordagem sobre a acessibilidade. Discutiremos o conceito de acessibilidade, sobre o que ela se trata, qual é a sua base legal e quais são suas dimensões de atuação. Remetemos você, aluno(a), a uma contextualização histórica que ajudará a entender que a acessibilidade, quando criada, destinava-se ao atendimento de um único público, contudo sua abrangência demonstrou que todos nós precisamos de acessibilidade. Na Unidade II abordaremos o tema da tecnologia assistiva e inclusão. Nesse momento retomaremos a contextualização sobre a inclusão, pois após esse processo de busca por uma sociedade para todos, que ocorreu paralelamente à globalização e avanços da tecnologia, associou-se um ao outro, propiciando, assim, recursos que contribuem para desenvolvimento humano da pessoa com deficiência. Na Unidade III continuaremos a explorar sobre a tecnologia assistiva neste mo- mento, a valorização e desenvolvimento da vida e do meio ambiente. Quais os recursos tecnológicos que facilitariam o desenvolvimento e a experimentação do sujeito em todos os espaços, são indagações que esclarecemos nessa unidade. Por fim, na Unidade IV, discutiremos modelos e a apresentação da classificação de funcionalidade, incapacidade e saúde e o desempenho universal nas perspectivas médicas e sociais. Assim, encerramos o estudo dessa disciplina na expectativa de ter acrescido em seu conhecimento, neste tema atual, contudo, atemporal, pois sempre teremos alguém que necessita ser incluído na sociedade. Nesta perspectiva, desejo um bom aprendizado! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Dimensões de Acessibilidade UNIDADE II ................................................................................................... 25 Tecnologia Assistiva e Inclusão UNIDADE III .................................................................................................. 47 Tecnologia Assistiva Aplicada UNIDADE IV .................................................................................................. 68 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e o Desenho Universal 6 Plano de Estudo: ● Introdução aos conceitos; ● Contextualizando acessibilidade; ● Legislação de acessibilidade; ● Compreendendo as dimensões de acessibilidade. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar conceitos como acessibilidade e metodologias ativas e assistivas. • Compreender os tipos de acessibilidade destinadas às pessoas com deficiência. • Estabelecer a importância da conscientização social sobre a necessidade de propor acessibilidade em todos os âmbitos. UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade Professora Aline Pedro Feza 7UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade INTRODUÇÃO Olá aluno(a), bem-vindo(a) à nossa primeira unidade. Aqui proponho a você um aprofundamento dos conhecimentos e conceitos sobre o termo acessibilidade. Essa pala- vra certamente já foi lida e pronunciada por você, aluno(a). Corriqueiramente acessibilidade é confundida como facilidade e, de imediato, já é utilizada para caracterizar a pessoa com deficiência. Pois bem, se você pensava assim, sinto lhe informar que é totalmente o contrário. O termo acessibilidade surgiu na sociedade com o advento da inclusão da pessoa com necessidades especiais, contudo, não se destina somente a esse público. A população pode usufruir da acessibilidade – pessoas com mobilidade reduzida temporariamente, idosos e crianças que necessitam de acessibilidade. O conceito não significa somente uma facilitação, mas sim tornar aquele espaço, percurso, evento e comu- nicação acessível e destinada a todos os públicos, independentemente de estarem ou não usufruindo do benefício no momento. É importante, aluno(a), ressaltar dois pontos: a acessibilidade não é para ser propi- ciada somente quando há uma pessoa com necessidade de tê-la, ela deve ser uma prática contínua e permanente em todos os âmbitos sociais. Por fim, é importante ressaltar que a acessibilidade é um recurso conquistado após muitas lutas, sofrimento e segregação, principalmente da pessoa com deficiência. Agora, convido você a aprofundar seus conteúdos e conceitos sobre o assunto. Bons estudos. 8UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade 1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS Ao conceituar acessibilidade precisamos pensar na pessoa com deficiência, pois é o público que comumente enfrenta limitações em sua vida diária. Essas limitações estão re- lacionadas a problemas de falta de acessibilidade, ou seja, falta de condições que permitam o exercício da autonomia, atuação e participação social da pessoa com deficiência. A falta de acessibilidade nos diversos âmbitos pode prejudicar e atrapalhar o desenvolvimento ocupacional, cognitivo e psicológico, gerando a exclusão social desse sujeito. Foi por volta de 1940 que o termo acessibilidade surgiu no Brasil, com o intuito de abordar o acesso da pessoa com deficiência em todos os espaços. Essa discussão cresceu paralelamente com o surgimento de serviços profissionais especializadosem reabilitar e atender terapeuticamente esse público. Inicialmente a acessibilidade destinava-se somente às questões de “mobilidade e eliminação das barreiras arquitetônicas e urbanísticas, numa clara alusão às condições de acesso a edifícios e meios de transporte” (ARAÚJO, 2009, p. 79). Contudo, muito além de quebrar barreiras físicas, a acessibilidade proporciona a capacidade de a pessoa com deficiência ser cidadã ativa e atuar na sociedade em geral. Assim, cada pessoa passa a ter equiparidade, ou seja, passa a ter as mesmas condições e oportunidades que todos, conforme apresenta Araújo (2009). O direito à acessibilidade fundamenta-se nos direitos humanos e de cidadania, sendo regulamentado, no Brasil, pela Norma Brasileira 9.050 da Associação Brasileira de 9UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade Normas Técnicas (ABNT, 2004). A Associação define-se como um direito universal, defi- nido o modo constitucional de igualdade, representando uma concretização dos objetivos determinados por Constituições, Declarações e Conferências de vários estados, desde a Constituição de 1988. Conforme Canotilho (2000, p. 45), “a igualdade não deve ser compreendida em um sentido de igualdade formal, mas como uma isonomia de oportunidades sociais, acesso a trabalho, educação e lazer”. Esse conceito de igualdade veio com os avanços da política da inclusão social, bem como movimentos em prol da inserção e aceitação dos deficientes. Pensar sobre aquele que apresenta limitações não consiste em uma prática social antiga. Carvalho (2005), destaca que até a década de 90 as pessoas com deficiência eram consideradas incapazes de atuar socialmente e sofriam com a segregação. Essa mudança implica justamente a inclusão escolar, que, a partir daí, começou a se alavancar, afinal, educação inclusiva é isso, mudanças significativas na estrutura e no funcionamento das escolas, na formação humana dos professores e nas relações família-escola. Para alcançar esse propósito da inclusão escolar, desde a educação infantil à educação superior, a partir de 2003 foram implantadas estratégias para transformar “os sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos” (CARVALHO, 2005, p. 56). Essas estratégias, como, por exemplo, políticas públicas e programas, são desenvolvidas para atender as necessidades de aprendizagem de todas as crianças, disponibilizando recursos à educação, de forma que a inclusão possa, de fato, acontecer. 10UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ACESSIBILIDADE A criança com necessidades especiais, como qualquer outra criança, tem o direito de cursar uma escola e ter expectativas em relação ao seu futuro. Mantoan (2003) destaca que, infelizmente, ainda existe um preconceito exagerado por parte da sociedade, e o mais grave: por parte daqueles que deveriam lutar e dar exemplos dentro de uma sociedade, que são os educadores. Isto ocorre em todo o segmento educacional brasileiro. Mas ainda existem pessoas e profissionais que trabalham para minimizar essa vergonha que é o pre- conceito por parte dos educadores. Para Mantoan (2003), a inclusão faz parte de um grande movimento pela melhoria do ensino, e o primeiro passo para que isso, de fato, aconteça é olhando a educação com outros olhos. É preciso entender que a inclusão não é apenas para crianças deficientes, mas para todos os excluídos ou discriminados, para as minorias. Quando se pensa em que tipo de benefícios a inclusão pode gerar, surge sempre aquele pensamento de que as pessoas com deficiência têm mais chances de se desen- volver, mas, na verdade, todos ganham com a inclusão, pois aprendemos todos os dias a exercitar a tolerância e o respeito ao próximo, seja ele quem for. Carvalho (2005) destaca que existem muitos motivos para que uma criança com Necessidades Especiais tenha uma oportunidade de frequentar uma escola de ensino regular. Além disso, a inclusão traz benefícios tanto acadêmicos quanto sociais. A inclusão 11UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade bem-sucedida não acontece automaticamente, a atitude da escola como um todo é um fator significativo nesse processo. Uma das maiores barreiras para inclusão ainda é o preconceito, “geralmente o preconceito é gerado por falta de informação, e até mesmo por insegurança por parte das pessoas, o ser humano tende a temer aquilo que não conhece” (MANTOAN, 2003, p. 56). É por esse motivo que a inclusão de crianças com deficiência nas escolas de ensino regular é tão importante, pois essas pessoas serão introduzidas da maneira mais natural possível na vida das crianças tidas como “normais”, assim criará um pensamento mais consciente. Embora a ideia de ter uma sociedade mais consciente e com direitos iguais para todos pareça uma utopia, estamos caminhando devagar, mas, aos poucos, se pode ir alcançando os objetivos. Carvalho (2005) fala que estamos passando por um processo de conscientização e isso leva tempo. Mudar a ordem natural das coisas exige compro- metimento e esse comprometimento deve ser de toda a sociedade, a fim de que todos se beneficiem por igual. Nesse sentido, ressalto que é necessário repensar o espaço escolar. É necessário haver conscientização de que para uma educação inclusiva não é o aluno que tenta se adaptar à escola, mas a escola que tem essa função de se moldar para receber e manter os alunos na escola, atendendo as necessidades de cada um, quer tenha deficiência ou não. Quando as escolas respondem às diferenças individuais dos seus alunos, se ade- quando e proporcionando atendimento especializado através de profissionais capacitados, pode-se afirmar que a inclusão já está acontecendo. A fim de compreender melhor esse conceito de acessibilidade, propomos o mapa conceitual a seguir: 12UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade Figura 1 - Mapa conceitual sobre acessibilidade Fonte: a autora. Conforme a Constituição Brasileira, publicada em 1988, garante-se direitos sociais à educação, moradia e cultura a todas as pessoas, inclusive àquelas com deficiência. Foi somente em 24 de julho de 1991 que ocorreu a implantação da Lei de Cotas, que prevê co- tas para pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Esta lei destina que as empresas e comércios, que possuam entre 100 e 200 funcionários, reservem 2% de vagas a pessoas com deficiência física, visual, auditiva, intelectual ou neuromotora. Somente em 19 de dezembro de 2000 tivemos a implantação de uma lei totalmente voltada à acessibilidade: a Lei 10.098, que estabelece “normas gerais e critérios básicos para a promoção das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida” (BRASIL, 2000, s.p.). Passados quatro anos, temos um complemento que consiste no Decreto 5.296, que reforça o conceito de acessibilidade, dando maior legitimidade à Lei 10.098 de 2000. Conforme o Decreto 5.296 de 2004 reforça, a acessibilidade prevê a legislação brasileira como um recurso que promove condição para utilização, com segurança e auto- nomia, de maneira total ou assistida, dos “espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comu- 13UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade nicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida” (BRASIL, 2004, s.p.). Dessa forma, podemos definir acessibilidade sobre dez dimensões: atitudinal, arquitetônica, comunicacional, instrumental, metodológica, programática, instrumental, comunicacional, de transporte e digitais. Trataremos mais a fundo sobre essas dimensões no tópico quatro desta unidade. Assim, terminamos o estudo do nosso tópico temático sobre os conceitos de aces- sibilidade. Nosso próximo tópico destina-se a explicar e descrever os aspectos legais desse conceito. 14UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade 3 LEGISLAÇÃO DA ACESSIBILIDADE Conforme apontado no tópico anterior, falar sobre a acessibilidadeé historicamente recente e não é possível se não falarmos sobre inclusão, pois um conceito surgiu atrelado ao outro. A inclusão, da qual tanto falamos e de que tanto ouvimos falar, nada mais é do que o anseio pela democracia, que hoje não é nada inclusiva. O verdadeiro conceito de inclusão é dificilmente é utilizado. O que geralmente ocorre é que a maioria acredita ser um tipo de prêmio, como, por exemplo, as cotas nas universidades, assim, os excluídos acabam por se conformar e achar que estão incluídos. Para Mantoan (2003), as pessoas com necessidades especiais recebem apoio as- sistencialista de todas as formas, porém continuam na situação de excluídos na sociedade, sem o direito sequer de saber expressar suas próprias opiniões acerca de sua situação. Quando, no entanto, se fala em necessidades especiais, as referências não são apenas às necessidades físicas ou mentais que um indivíduo pode vir a apresentar. É interessante, porém, que se tenha em mente que a necessidade especial, seja ela por uma causa genética ou adquirida, deve ser sempre trabalhada de maneira que não se torne um empecilho na vida do sujeito. Esse seria, portanto, o verdadeiro objetivo do tão discutido conceito de “inclusão social”, descrito por Mantoan (2003). A inclusão é percebida como um processo de ampliação da circulação social que produz uma aproximação de seus diversos protagonistas, convocando-os à construção cotidiana de uma sociedade que 15UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade ofereça oportunidade variada a todos os seus cidadãos, possibilidades criativas a todas as suas diferenças. Como se sabe, o primeiro dos filósofos a distinguir entre diferença e alteridade foi Aristóteles: a diferença das coisas supõe sempre uma determinação sobre aquilo em que diferem. Alteridade, ao contrário, não significa determinação nenhuma: há outro ser e não uma diferença entre dois seres (lembrando que, para Platão, a alteridade é o gênero supremo). Durante a década de 80 esses problemas dificultam os avanços da educação básica em muitos países menos desenvolvidos. Em outros, o crescimento econômico per- mitiu financiar a expansão da educação, mas, mesmo assim, milhões de seres humanos continuavam na pobreza, privados de escolaridade ou analfabetos. E em alguns países industrializados cortes nos gastos públicos, ao longo dos anos 80, contribuíram para a deterioração da educação. Não obstante, o mundo estava às vésperas de um novo século, carregado de esperanças e de possibilidades. A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, vigente, a Educação Especial foi definida como uma modalidade de educação escolar que permeia todas as etapas e níveis de ensino, permitindo desvincu- lar “educação especial” de “escola especial”, tornando também a educação especial um conjunto de recursos educacionais e de estratégias de apoio que estejam à disposição de todos os alunos, oferecendo diferentes alternativas de atendimento. A inclusão ganhou reforços com a Lei de Diretrizes de Bases da educação Nacional (LDB), de 1996, e com a Convenção da Guatemala, de 2001. Sendo assim, manter crianças com algum tipo de deficiência fora do ensino regular é considerado exclusão e crime. O principal motivo das crianças irem para escola é que vão encontrar um espaço democrático, onde poderão compartilhar o conhecimento e a experiência com o diferente. O Brasil fez opção pela construção de um sistema educacional inclusivo ao con- cordar com a Declaração Mundial de Educação para Todos e ao mostrar consonância com os postulados produzidos em Salamanca (Espanha). É preciso esclarecer que o principal documento sobre os princípios da Educação Inclusiva é a Declaração de Salamanca, de 1994 – estabelece que a escola inclusiva seja aquela que contempla muitas outras neces- sidades educacionais especiais crianças que têm dificuldades temporárias ou permanentes, que repetem o ano, sofrem exploração sexual, violação física ou emocional, são obrigadas a trabalhar, moram na rua ou longe da escola, vivem em extrema condição de pobreza, são desnutridas, vítimas de guerras ou conflitos armados, têm 16UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade altas habilidades (superdotadas) e as que, por qualquer motivo, estão fora da escola (em atendimento hospitalar, por exemplo) (BRASIL, 1994, s.p.). Sem esquecer-se daquelas que, mesmo na escola, são excluídas por cor, religião, peso, altura, aparência, modo de falar, vestir ou pensar. Tudo isso colabora para que o estudante tenha cerceado o direito de aprender e crescer. A Declaração de Salamanca, de 1994, em seus pressupostos, afirma que a tendência da política social durante as duas últimas décadas foi de fomen- tar a integração e a participação e de lutar contra a exclusão. A integração e a participação fazem parte essencial da dignidade humana e do gozo e exercício dos direitos humanos (BRASIL, 1994, s.p.). No campo da educação, essa situação se reflete no desenvolvimento de estratégias que possibilitem uma autêntica igualdade de oportunidade. A experiência de muitos países demonstra que a integração de crianças e jovens com necessidades educativas especiais é alcançada de forma mais eficaz em escolas integradoras para todas as crianças de uma comunidade. É nesse ambiente que crianças com necessidades educativas especiais podem progredir no terreno educativo e no da integração social. As escolas integradoras constituem um meio favorável à construção da igualdade de oportunidade e da completa participação; mas, para ter êxito, requerem um esforço comum, não somente dos professores e do pes- soal restante da escola, mas também dos colegas, pais, famílias e voluntários. Conforme Carvalho (2005, p. 45) “as necessidades educativas especiais incor- poram os princípios já comprovados de uma pedagogia equilibrada que beneficia todas as crianças”. Assim, entende-se que ser diferente é normal e que, para tanto, precisamos “ajustar-se às necessidades de cada criança, ao invés de cada criança, se adaptar aos supostos princípios quanto ao ritmo e a natureza do processo educativo uma pedagogia centralizada na criança” (CARVALHO, 2005, p. 45). Retomando os apontamentos do tópico anterior, temos várias leis e documentos internacionais que estabelecem os direitos das Pessoas com Deficiência no nosso país, a partir um caminho percorrido até alcançarmos tais leis destinadas diretamente à acessibili- dade. Nesse referido percurso destacamos: ● 1988 - CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - Prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; garante o direito à escola para todos; coloca como prin- cípio para a Educação o “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (BRASIL, 1988). 17UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade ● 1989 - LEI Nº 7.853/89 - Define como crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou privado. A pena para o infrator pode variar de um a quatro anos de prisão, mais multa. ● 1990 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) - Garante o direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, sendo o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito (também aos que não tiveram acesso na idade própria); o respeito dos educadores; atendimento educacional especiali- zado, preferencialmente na rede regular. ● 1994 - DECLARAÇÃO DE SALAMANCA - O texto, que não tem efeito de lei, diz que também devem receber atendimento especializado crianças excluídas da escola por motivos como trabalho infantil e abuso sexual. As que têm deficiências graves devem ser atendidas no mesmo ambiente de ensino que todas as demais. ●1996 - LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB) - A redação do parágrafo 2º do artigo 59 provocou confusão, dando a entender que, dependendo da deficiência, a criança só podia ser atendida em escola especial. Na verdade, o texto diz que o atendimento especializado pode ocorrer em classes ou em escolas especiais quando não for possível oferecê-lo na escola comum. ● 2000 - LEIS Nº 10.048 E Nº 10.098 - A primeira garante atendimento prioritário de pessoas com deficiência nos locais públicos. A segunda estabelece normas sobre acessibilidade física e define como barreira obstáculos nas vias e no interior dos edifícios, nos meios de transporte e tudo o que dificulte a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios de comunicação, sejam ou não de massa. ● 2001 DECRETO Nº 3.956 (CONVENÇÃO DA GUATEMALA) - Põe fim às interpre- tações confusas da LDB, deixando clara a impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência. O acesso ao Ensino Fundamental é, portanto, um direito humano e privar pessoas, em idade escolar, dele, mantendo-as unicamente em escolas ou classes especiais, fere a convenção a Constituição. Mas somente no ano 2000 que se criou uma lei destinada diretamente para a acessibilidade. A Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que determina “normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências” (BRASIL, 2000, s.p.). Essa lei é 18UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade constituída por 27 artigos, divididos em 10 capítulos, estabelecendo critérios aos governos para o desenvolvimento da acessibilidade nas instâncias sociais, educacionais e políticas conforme o artigo primeiro Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. (BRASIL, 2000, s.p.). A legislação visa estabelecer e proporcionar autonomia para o desenvolvimento do sujeito, para tanto, estabelece obrigatoriedades em diversas áreas de atuação. No artigo segundo a lei prevê I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transpor- tes; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação (BRASIL, 2000, s.p.). Desta forma, a Lei 10.098 apresenta novas atitudes que, combinadas com a expe- riência acumulada de reformas, inovações, pesquisas, inclusive de leis que já antecederam, podem apresentar um notável progresso da promoção de acessibilidade registrado no país. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art112 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art112 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art112 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art112 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art112 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art112 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art112 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art112 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127 19UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade 4 COMPREENDENDO AS DIMENSÕES DA ACESSIBILIDADE Ao definir acessibilidade foi possível entender que se trata de um amplo conceito de atuação, contudo, independente do espaço que necessita de acessibilidade, todas ação visa propor uma autonomia e um desenvolvimento integral da pessoa. Dessa maneira, podemos subdividir acessibilidade em dez grupos ou categorias. Conforme Sassaki (2002), a acessibilidade por estar classificada em seis dimensões diferentes. A acessibilidade atitudinal destina-se às relações humanas e à toda forma de ver e agir com o outro sem preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações, ou seja, define-se a toda e qualquer acessibilidade relacionada a atitudes sociais que impulsionam a remoção de barreiras. A acessibilidade arquitetônica é talvez a mais conhecida e pensada pela comunida- de em geral, consiste na eliminação das barreiras ambientais físicas nos espaços públicos e particulares de locomoção e atuação da pessoa com deficiência e/ou mobilidade reduzida. A acessibilidade metodológica pode ser encontrada também na literatura como acessibilidade pedagógica, define-se pela ausência de barreiras nas metodologias e práti- cas de estudo, está diretamente ligada à prática docente em geral. Essa denominação de acessibilidade é responsável pelas adaptações curriculares e metodológicas em todas as modalidades de ensino. A acessibilidade programática constitui na eliminação de barreiras das políticas públicas, ou seja, nas alterações e reformulações das leis, decretos, portarias, normas, 20UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade regulamentos, entre outras leis, de modo que abrangem a todos os públicos. Por sua vez, a acessibilidade instrumental destina-se à superação das barreiras nos instrumentos, utensílios e ferramentas relacionadas às práticas sociais e escolares em prol do bom rela- cionamento e desenvolvimento do sujeito. A acessibilidade de transportes destina-se a eliminar barreiras em qualquer meio de transporte particular ou públicos, isso obriga montadoras automobilísticas a pensar em modelos adaptáveis e acessíveis a pessoas com deficiência, bem como a criação de meios de transportes públicos para esse mesmo público. A acessibilidade de comunicação ou acessibilidade comunicativa destina-se, em suma, a atender duas categorias de pessoas: os surdos e os cegos. Ela destina-se à elimi- nação de barreiras comunicativas verbais ou de escrita, por meio dessa acessibilidade pro- move-se a tradução de língua de sinais de maneira simultânea ou gravada para programas televisivos ou de palco (como teatros, musicais, entre outros) e a tradução para o sistema braillede revistas, jornais, literaturas e materiais impressos em geral, bem como a tradução de placas de identificação pública e a audiodescrição em programas televisivos e de palcos (como teatros, musicais, entre outros) É a acessibilidade que elimina barreiras na comunicação interpessoal (face a face, língua de sinais), escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc., incluindo textos em braille, uso do computador portátil) e virtual (acessibilidade digital), segundo Sassaki (2002). Por fim, temos a acessibilidade digital, que disponibiliza acesso físico, de equipa- mentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos. A inclusão será, por sua própria característica, uma tarefa complexa, mas não ameaçadora a essa clientela, podendo usufruir do direito de integração no sistema regular de ensino. Mantoan (2003) diz que a educação especial faz parte de “um todo” que é a edu- cação, e ter o seu valor reconhecido é de fundamental importância para que os indivíduos tenham seu crescimento e desempenho educacional satisfatório. Dessa forma, a acessi- bilidade proporciona para que as pessoas se desenvolvam de maneira integral nas suas habilidades e suas dificuldades. Como afirma Sassaki (2002), é muito importante que se disponham de tudo o que for necessário para o desenvolvimento cognitivo, social e psico- lógico de cada pessoa com deficiência. 21UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade SAIBA MAIS Muita tecnologia, pouca infraestrutura! Sobre o transporte público, a lei de inclusão é clara em seu artigo 46, capítulo X, que define que é direito da pessoa com deficiência a mobilidade em transportes públicos de forma igualitária. Em busca da efetivação desta lei, as empresas de transportes, da grande maioria das capitais e grandes metrópoles, incluíram em sua frota ônibus com plataforma para cadeirantes, assentos prioritários, guias, intérpretes, portões diferenciados, rampas de acesso nas estações de metrô e trens. Muito bem, mas isso se faz necessário para promover acessibilidade na mobilidade? Eu já lhe adianto que não. Atualmente a acessibilidade no transporte público esbarra na falta de infraestrutura nas cidades, boas calçadas, sinalização adequada nas ruas, entre outros fatores. Desta maneira, ter tecnologia acessibilizando o transporte não se torna suficiente se não temos acessibilidade nas ruas, calçadas. Ter mobilidade no transporte, mas não ter mobilidade na estrutura da cidade, não é acessibilidade. Fonte: a autora. REFLITA “Somos diferentes, mas não queremos ser transformados em desiguais. As nossas vi- das só precisam ser acrescidas de recursos especiais.” Fonte: Peça de teatro: Vozes da Consciência, BH. O fato de uma pessoa não enquadrar-se no padrão de normalidade apresentado pela sociedade significa que ela não tem habilidades? 22UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim findamos nossos estudos sobre o tema da acessibilidade, com o intuito de ter levado você, aluno(a), a refletir e a entender melhor o conceito apresentado. Buscamos proporcionar o entendimento de que a acessibilidade não é um mero conceito de facilitador de espaços, mas sim uma forma de equiparar as possibilidades a todos. Conforme Man- toan (2013, p. 7) a “inclusão é sair das escolas dos diferentes e promover a escola das diferenças”. Nessa perspectiva que os estudos sobre a acessibilidade e iniciativas legais e privadas vêm avançando. A ligação do conceito de acessibilidade às condições das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, propondo com segurança e autonomia, total ou assistida, o direito ao acesso dos espaços públicos ou coletivos. Contudo, faz-se necessário refletirmos que a acessibilidade surge por meio da preocupação da inclusão de pessoas com deficiên- cia, entretanto, trata-se de uma medida que beneficia a qualquer pessoa; somos sujeitos a apresentar necessidade temporárias ou permanentes. Assim, concluímos que acessibilidade é a qualidade do que é acessível, atingível e de acesso a todos. Esse fato torna-se uma preocupação, que deve ser constante nas áreas de arquitetura e urbanismo. O direito à acessibilidade promove, por meio de órgãos públi- cos ou privados, diversas mudanças nas condições de acesso aos espaços sociais. Mas as construções de rampas, a adaptação dos equipamentos, do mobiliário, do transporte coletivo e dos sistemas e meios de comunicação e informação não surtem resultados se a infraestrutura das cidades e a aceitação e respeito da população forem também debatidos, para que não só as pessoas com deficiência, mas todos com dificuldades temporárias ou permanentes possam acessar serviços prestados à coletividade por espaços públicos e privados. 23UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade LEITURA COMPLEMENTAR VLIBRAS NA TELINHA As emissoras de TV têm prazo até 2020 para adotarem, na totalidade, os recursos de acessibilidade; cinemas e casas de espetáculo aumentam programação com tradução em língua de sinais, audiodescrição e presença de guias intérpretes. Por enquanto, ainda é raro assistir a um programa de TV com aquela “janelinha” que mostra a figura simpática do intérprete de Libras. Hoje, nos canais abertos, o recurso só é obrigatório no horário político e em campanhas institucionais do governo e de utilidade pública. Nas emissoras com sinal digital, é exigida a exibição de - parcas - duas horas por semana com recurso de audiodescrição na programação. Um quadro mais inclusivo deve ser vislumbrado a partir de 2020, quando, finalmen- te, as emissoras de TV serão obrigadas a adotar os recursos de acessibilidade total, ou seja: janela com intérprete de Libras, dublagem, audiodescrição e closed caption (sistema de transmissão de legendas via sinal de televisão que permite às pessoas com deficiência auditiva e surdos acompanhar os programas transmitidos). O programa VLibras será referência para a transmissão de informações pela Lín- gua Brasileira de Sinais nos programas veiculados pelas emissoras de televisão no País. O dicionário VLibras foi desenvolvido em parceria do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão com a Universidade Federal da Paraíba e está disponível no Portal do Software Público Brasileiro. Quando o assunto é inclusão, as casas de espetáculos e salas de cinema brasileiras parecem estar “correndo mais rápido”. De olho nos financiamentos públicos para projetos arquitetônicos e de comunicação de acordo com o previsto no Decreto 5.296, os teatros e casas de shows estão investindo em sistemas de sonorização assistida para pessoas com deficiência auditiva, meios eletrônicos que permitam o acompanhamento por meio de legendas em tempo real e locais próprios para a presença física de intérprete de Libras e de guias-intérpretes, com a projeção em tela da imagem do intérprete de Libras sempre que a distância não permitir sua visualização direta. Desde 2014, uma norma da Ancine determina que todos os projetos de produção audiovisual financiados com recursos públicos federais geridos pela agência deverão con- templar nos seus orçamentos serviços de legendagem descritiva, audiodescrição e Libras. O objetivo é estimular a universalização do acesso às obras audiovisuais, em especial as nacionais. Serviço: Conheça mais do projeto no www.vlibras.gov.br Fonte: AME. Amigos dos Metroviários dos Excepcionais. Vlibras na telinha. Disponível em: http://www.ame- -sp.org.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=623:vlibras-na-telinha&catid=5:acessibilida- de Acesso 9 de Julho de 2020. http://www.vlibras.gov.br http://www.ame-sp.org.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=623:vlibras-na-telinha&catid=5:acessibilidade http://www.ame-sp.org.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=623:vlibras-na-telinha&catid=5:acessibilidade http://www.ame-sp.org.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=623:vlibras-na-telinha&catid=5:acessibilidade24UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: O Município e a Acessibilidade urbana • Autora: Janaína de Oliveira • Editora: Lumen Juris • Sinopse: O livro realizou uma análise sistematizada abre a atua- ção da municipalidade para efetivação da acessibilidade no meio urbano. Conforme a autora, ofertar cidades acessíveis a todos é um dever dos municípios, pois a falta de acessibilidade afeta dire- tamente a dignidade das pessoas, também representa um claro desrespeito aos preceitos constitucionais de igualdade e liberdade de locomoção. Concede pessoas com direito à acessibilidade às gestantes, idosos, pessoas com deficiência e demais indivíduos com mobilidade reduzida, pessoas que enfrentam diariamente com obstáculos arquitetônicos e urbanísticos. Importante ressaltar que é direito de todos de ir e vir sem obstáculos, a autonomia na locomoção proporciona autonomia na vida. FILME/VÍDEO • Título: Meu nome é Daniel • Ano: 2019 • Sinopse: Daniel Gonçalves é cineasta, tem 35 anos, lançou nos cinemas brasileiros seu primeiro longa-metragem, o documentário Meu Nome é Daniel. O filme é uma autobiografia que revela as dificuldades enfrentadas pelo ator e produtor. Produtor formado, o personagem do filme vai em busca de emprego e, para além das dificuldades de locomoção, Daniel depara-se com os preconceitos das pessoas sobre suas habilidades e conhecimentos na sua profissão. Além de abordar a falta de acessibilidade como uma das dificuldades, o filme faz uma crítica à postura de muitas pes- soas que enxergam o deficiente como uma vítima e um coitado. O filme é um longa-metragem de 83 minutos e está disponível nas plataformas digitais com comunicação acessível, com legendas descritivas e janela em libras. • Link do vídeo: https://youtu.be/ejfKiX0H9Zc WEB • Sites dos ministérios públicos em geral apresentam legislações e artigos sobre acessibilidade. Esses sites proporcionam acesso a informações legais e sociais sobre o direito à acessibilidade no contexto público e privado. • Link do site: https://www.saude.gov.br/acessibilidade 25 Plano de Estudo: ● Diagnóstico da inclusão; ● Impactos causados pela deficiência no ser humano; ● Tecnologias assistivas e metodologias ativas. Objetivos de Aprendizagem: • Contextualizar o processo histórico da inclusão. • Compreender as etapas de aceitação vividas pela pessoa com deficiência. • Apresentar a importância das metodologias ativas e tecnologias assistivas para desen- volvimento da pessoa com deficiência. UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão Professora Aline Pedro Feza 26UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão INTRODUÇÃO Olá aluno(a), bem-vindo(a) à nossa segunda unidade. Neste estudo convido você a conhecer um pouco mais sobre três conceitos: inclusão, tecnologias assistivas e metodo- logias ativas. Atualmente encontramos com facilidade a pessoa com deficiência inserida no mercado de trabalho ou desfrutando do convívio social em geral, mas será que sempre foi assim? Já lhe adianto que não. A pessoa com deficiência passa a ser vista e inserida na sociedade a partir da década de 90, após décadas de exclusão e segregação social. Os deficientes, antes mor- tos e denominados aberrações da natureza, vêm recentemente alcançando espaço como cidadãos, com direitos e deveres a serem cumpridos. Para Mantoan (2013), a inclusão é uma área de conhecimento que visa promover o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com deficiências, da educação infantil até a educação superior. Essa definição está relacionada a um movimento mundial baseado nos princípios dos direitos humanos e da cidadania, em que o objetivo principal é eliminar a discriminação e a exclusão, garantindo o direito à igualdade de oportunidades e a diferença, modificando os sistemas educacionais, de maneira a propiciar a participação de todos os alunos, especialmente aqueles que são vulneráveis à marginalização e à exclusão. Pensar na inclusão foi pensar em maneiras de oportunizar igualdade de acesso e de direto a todas as pessoas, independentemente de suas limitações. Agora convido a você aprofundar seus conteúdos e conceitos sobre o assunto. Bons estudos. 27UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão 1 DIAGNÓSTICO NA INCLUSÃO A inclusão veio para romper o paradigma existente e para romper com a estrutura fechada, bem como a homogeneidade na sociedade. Depois de tantos anos de isolamento e segregação, as pessoas com necessidades especiais estão sendo reconhecidas como cidadãos e aceitas na escola comum. No sentido em questão, tomemos por definição Po- líticas Públicas como um conjunto de ações do governo destinadas a atender determinada demanda ou problemática. Em destaque, as políticas públicas, cujas medidas do Estado garante recursos que contribuem para o desenvolvimento do deficiente. Assim, ressaltamos alguns dos principais documentos e legislações que embasam a Política Inclusiva. Até o século XIX, as necessidades especiais estavam associadas à incapacidade e não havia nenhuma tendência em mudar esse quadro. Dessa forma, o abandono e a eliminação dessas pessoas eram atitudes normais nessa época. A ideia de inclusão surgiu a partir do século XX, quando três grandes fatores contri- buíram para que se tornasse uma realidade. O primeiro fator foi o término das duas grandes guerras mundiais, evento que elevou o número de indivíduos debilitados e com deficiên- cias. O segundo fator foi o fortalecimento do movimento dos direitos humanos, a criação dos programas sociais, tais como a Organização das Nações Unidas (ONU); Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), ambas criadas em 1945. O terceiro e último fator foi o avanço científico (carros, escola, computadores, aumen- 28UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão to do consumo de produtos industrializados, cinemas, supermercados), que se tornou mais acessível à população, dando-lhes maior autonomia. Em 1948 criou-se a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que afirma que os alunos têm direitos iguais, independente das características, interesses e necessidades individuais, que são diferentes. No Brasil, somente a partir de 1988 as políticas públicas foram implantadas por meio da Constituição da República Federativa do Brasil, que esta- belece promover o bem de todos, sem preconceitos de origem , raça, sexo, cor, idade, e quaisquer outras formas de discriminação” (art. 3°, inciso IV). Define ainda, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola como um dos princípios para o ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional es- pecializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208) (BRASIL, 1988, s.p.). Em 1990 foi realizada a Conferência Mundial sobre a Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, onde se reuniram cerca de 1500 participantes, entre eles os dele- gados de 150 países, incluindo especialistas em educação e autoridades nacionais que, juntamente com representantes intergovernamentais e não-governamentais, analisaram, em uma sessão plenária, aspectos sobre a educação. Ao término dessa conferência foram criados dez artigos que se tornaram um marco para o movimento pela Educação Inclusiva, tendo como base o art. 3°, inciso V, que diz: As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de defi- ciências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo (UNESCO, 1990, p. 4). Tais mudanças na educação foram de grande valia para a inclusão social das pes- soas com necessidades especiais, no entanto, nãofoi suficiente para que houvesse uma real e total inclusão, ou seja, ainda faltavam políticas práticas, necessitava de uma maior participação e responsabilidade do poder público para direcionar esse trabalho, a fim de proporcionar um atendimento especializado e direcionado para cada tipo de necessidade apresentada. No intuito de amenizar tais problemas foi realizado pela UNESCO, em junho de 1994, em Salamanca, na Espanha, a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade, que aprovou a Declaração de Salamanca. Essa declaração traz as estratégias nacionais, regionais e internacionais para a educação inclusiva, com uma nova maneira de pensar a respeito das necessidades especiais, escolas, capacita- 29UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão ção de profissionais da educação e de outros aspectos educacionais, tornando, assim, um referencial para a Educação Inclusiva, um marco na organização política dos países envolvidos, inclusive no Brasil. Segundo a Declaração de Salamanca, • Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportu- nidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem. • Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas. • Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversi- dade de tais características e necessidades. • Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades. • Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional (UNESCO, 1994, p. 1). Com a opção de realmente ser um país que tem um sistema educacional inclusivo, o Brasil passa a criar leis específicas que garantem o acesso direto e de qualidade ao ensi- no. Instituída em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - 9394/96) estabelece no art. 4°, inciso III, como dever do estado garantir atendimento educacional especializado gratuito aos indivíduos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino e, ainda, dedica o capítulo V, que compreende os artigos 58, 59 e 60, para estabelecer como deve ser a educação especial: Art. 58 . Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a moda- lidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. §1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial. §2º O atendi- mento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for pos- sível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. §3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59 . Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I – currícu- los, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V – acesso igualitário aos benefícios dos pro- gramas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Art. 60 . Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão 30UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder público. Parágrafo único. O poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo (BRASIL, 1996, s.p.). A política nacional da educação especial, na perspectiva da educação inclusiva, re- força os documentos nacionais e internacionais e direciona a educação para que a inclusão escolar realmente se concretize, desde a educação infantil até o ensino superior. Nesse sentido, as diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica (BRASIL, 2001b) asseguram que o atendimento aos alunos com necessidades especiais deve ser realizado em classes comuns de ensino regular, em qualquer etapa ou modalidade da educação básica e que as escolas podem criar extraordinariamente “classes especiais”, com organização fundamentada nas diretrizes curriculares para a educação básica. Conforme Mantoan (2013), a educação inclusiva implica na implementação de polí- ticas públicas, na compreensão da inclusão como processo que não se restringe à relação professor-aluno, mas que seja concebido como um princípio de educação para todos e valorização das diferenças, que envolve toda a comunidade escolar. Assim destacamos que a inclusão social iniciou com políticas públicas voltadas para o contexto educacional, eliminando as classes especiais e posteriormente as escolas especiais que foram criadas com um caráter assistencialistas. Contudo, Mantoan (2013) destaca que esses movimentos não foram o suficiente para inserir o deficiente na socieda- de. Precisamos, até hoje, lutar para quebrar um paradigma de que o sujeito com deficiência não é capaz de compor a sociedade em sua totalidade. 31UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão 2 IMPACTOS CAUSADOS PELA DEFICIÊNCIA NO SER HUMANO Ao longo dos tempos as pessoas com necessidades especiais eram percebidas de diversos modos pela sociedade, esses modos tinham ligação direta com as concepções de homem e de sociedade de cada época e estavam intrinsecamente ligados a valores éticos, religiosos, morais e sociais de cada período. No Antigo Egito ressaltaram a necessidade de se respeitar as pessoas com nanis- mo e com outras deficiências. O Egito também ficou conhecido como a terra dos cegos, as infecções nos olhos eram constantes e levava o povo à cegueira. […] a nossa história assinala políticas extremas de exclusão em relação à pessoa com deficiência na sociedade. Exemplo disto ocorreu em Esparta, na antiga Grécia, onde a beleza física e o culto ao corpo eram as condições para a participação social. As crianças com deficiência física eram colocadas nas montanhas e, em Roma, atiradas ao Rio Tibre. Estes casos eram vistos como perigo para a continuidade da espécie (SASSAKI, 1997, p. 6). No início do século XIX a igreja discursava sobre a existência do bem, do mal e do pecado, com isso realizava práticas estranhas de exorcismo, tentando alcançar a “cura”. No mesmoperíodo a medicina também passou a estudar as deficiências, porém, a mais exitosa conquista foi a descoberta das patologias, a partir de então o sujeito com necessidades especiais passaram a frequentar os hospitais com o propósito de tratamento. Esse era o cenário até o início do século XIX, em que ter uma necessidade especial era sinônimo de incapacidade. 32UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão A sociedade, em todas as culturas, atravessou diversas fases no que se refere às práticas sociais. Ela começou praticando a exclusão social de pessoas que, por causa das condições atípicas, não lhe parecia pertencer à maioria da população. Em seguida desenvolveu o atendimento segregado dentro de instituições, passou para a prática da integração social e recentemente adotou a filosofia da inclusão social para modificar os sistemas sociais gerais (SASSAKI, 1997, p. 16). Na década de 60, o Brasil assistiu a uma explosão no número de instituições se- gregativas especializadas. Os atendimentos estavam alinhavados ao tratamento clínico às pessoas com necessidades especiais, e as atividades eram de caráter filantrópico, somente no final dessa década aconteceu um movimento para a integração social que tinha por intento “inserir as pessoas com deficiência nos sistemas sociais gerais como a educação, o trabalho, a família e o lazer” (SASSAKI, 1999, p. 31), no entanto, foi na década de 80 que esse processo foi melhor vivenciado. Assim, a integração social nasce de uma necessidade: a de inserir o sujeito com necessidades especiais, sem cobrar da sociedade uma mudança, todo o processo de integração escolar foi de grande valia para as conquistas da educação inclusiva, mas não atendia integralmente os direitos das pessoas com necessidades especiais. Sabe-se que a história segregativa no mundo e no Brasil age como influenciadora das práticas sociais vigentes da atualidade. “A ideia de que poderiam ser ajudadas em ambientes segregados, alijadas do resto da sociedade, fortaleceu os estigmas sociais e a rejeição” (STAINBACK; STAINBACK, 1999, p. 43). As práticas excludentes e precon- ceituosas da atualidade são reflexos dessa história de aflição imposta às pessoas com necessidades especiais. Em pleno o século XXI, são muitos os desafios de uma sociedade para todos, conforme é previsto na lei. A inclusão pressupõe o conhecimento de cada pessoa, respeita as diferenças, assim como os limites individuais e promova intervenção para que se tenha assim qualidade de vida. Para que, de fato, uma sociedade se torne inclusiva, é necessário conhecer todos os fatores que possam afetar o cenário, tanto no que se refere à atuação das pessoas em geral quanto a atuação do deficiente. Só assim será possível uma intervenção que atenda a diversidade, como é apresentada em documentos, por exemplo, na Declaração Universal dos Direitos Humanos das pessoas com Deficiências, de 1948, e Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1999. 33UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão Verificamos que, para se chegar às atuais constatações a respeito das pessoas com necessidades especiais, foi preciso passar por períodos históricos diferentes, os quais possuíam diversos olhares sociais em relação ao deficiente. Por muito tempo o deficiente foi abandonado e rotulado, foi segregado e excluído da sociedade. Atualmente ele é reconhecido como um ser humano que necessita de cuidados e que, apesar das suas limitações, possui inúmeras potencialidades que precisam apenas de estímulos para que se desenvolvam. Ao passo que essas potencialidades são reconheci- das, percebemos o quão importante é o papel da sociedade, quantos benefícios ela pode trazer a essas pessoas, e só é preciso conhecer um pouco mais a respeito das deficiências e saber a forma adequada de se trabalhar. 34UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão 3 TECNOLOGIA ASSISTIVAS E METODOLOGIA ATIVAS Falar sobre a tecnologia consiste em imergir em um amplo tema de discussão, con- tudo dividiremos essa etapa do nosso estudo em duas partes, primeiramente realizaremos uma abordagem sobre a tecnologia no contexto educacional, espaço no qual inicialmente implantou-se a inclusão e, em um segundo momento, abordaremos sobre o conceito de tecnologia assistivas e metodologias ativas, como ambas podem ajudar no desenvolvimen- to no processo de ensino e aprendizagem de cada educando. A implantação das tecnologias no ambiente escolar ocorre com os avanços da globalização no mundo atual. A implantação da comunicação em rede e a velocidade da circulação das informações foram fatores que caracterizaram a implantação das tecno- logias. Com a inserção dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em 1998, a tecnologia é associada à educação como um recurso educacional, a partir deste documento se inicia uma discussão acerca da preparação do professor para trabalhar com esse recurso. A implantação das diversas mídias educacionais, das chamadas tecnologias de comunicação e informação, as TICS, passou a ser discutida pelo Ministério da Educa- ção e Cultura (BRASIL, 1996) com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96. A necessidade desse debate nasceu dos desafios enfrentados pelos docentes em saber utilizá-las, de modo a aperfeiçoarem suas práticas pedagógicas. O objetivo é somar conceitos, além dos que eram apresentados pelos livros didáticos, do quadro, giz e do material didático para o processo do aprendizado. As transformações ocorridas na 35UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão sociedade representam a necessidade de mudança, quando o professor tem conhecimento sobre os potencias educacionais do computador e é capaz de modificar as atividades de ensino-aprendizagem, assim como aquelas em que usa o computador apenas como meio de transmitir a informação. Caso contrário, os educadores inibem-se quanto ao uso e aca- bam por não inserir em suas aulas esta ferramenta. Na educação especial, recursos tecnológicos como computadores e tablets – para realizar escrita dos conteúdos – são utilizados no atendimento de pessoas com deficiên- cias. Dentro da modalidade de educação especial, muitas vezes o docente se depara com alunos com limitações reduzidas, para estes o ato de registrar o conteúdo por meio da escrita é muito complexo; ponteiras para boca ou para cabeça são, muitas vezes, utilizadas para substituir as mãos na digitação. Para Amaral (2016), há recursos mais avançados e mais acessíveis a serem utili- zados, como: - Recursos mais avançados, como sistemas de identificação ocular, que realizam a seleção das letras por meio dos movimentos direcionados aos olhos, são utilizados para pessoas com mobilidade global comprometida. - Recursos tecnológicos mais acessíveis são os mais comuns a serem encontrados nas escolas, como os teclados ou telas ampliadas ou os aplicativos de leitor e tradução. Os aplicativos de leitor são utilizados por alunos com visão reduzida ou cegueira total, podendo ser adaptados em outros casos, pois esses aplicativos realizam a leitura de textos e atividades. Existem vários sistemas e aplicativos de leitor, mas o mais conhecido é o Dosvox. Desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o sistema realiza leitura de textos, estando disponível na versão de app para celulares. Ainda, há os aplicativos de tradução do português escrito para a língua de sinais. O mais acessível é o HandTalk, por meio do personagem Hugo é sinalizado o que está escrito em português para a língua de sinais brasileira (Libras). Esse app é muito utilizado nos ambientes como secretarias das escolar ou por membros das equipes pedagógicas nos atendimentos de pais ou alunos surdos, tendo em vista que, no interior da sala de aula, o aluno surdo tem o direito, previsto por lei, de um tradutor intérprete de língua de sinais (Tils). Para Amaral (2016), a escola é um espaço de formação de conceito e deconstrução do sujeito como agente ativo no contexto social. Por ser diretamente ligada à sociedade, é importante acompanhar os avanços desta instituição, o que faz com que as práticas pedagógicas se associem a novas atividades constantemente. 36UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão Segundo Moran (2007), é necessário que o professor perceba que o quadro negro não é sua única opção de recurso. Não que tal recurso não deva mais ser utilizado, mas incorporar outros recursos, como as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), por exemplo, à sua aula faz com que seus objetivos, por meio deles, sejam de colaborar com o ensino-aprendizagem dos alunos e, por consequência, colaborar nos resultados de sua prática pedagógica. Assim, a educação em todos os níveis sofre modificações e altera-se juntamente com o meio no qual está inserida. A Lei de Diretrizes e Bases n. 9.394, em vigor desde 1996, estabelece que a tecnologia como recurso deve ser associada a todas as etapas de ensino (infantil, fundamental, médio e superior) e, além disso, define a modalidade educacional a distância, inserindo a tecnologia no processo, pois as aulas conseguem abranger um maior número de alunos devido a estar interligada em rede. Para corresponder a esse novo contexto, com a implementação desse cenário, a escola torna-se mais acessível tanto ao seu público quanto às suas práticas, descaracte- rizando esquemas tradicionais e possibilitando ações e técnicas que permitam aulas mais dinâmicas, alterando o conceito de práticas pedagógicas e espaço escolar, ao torná-los mais flexíveis. Para uma aprendizagem significativa o professor deve ter em mente que exerce o papel fundamental no que se refere ao planejamento e desenvolvimento das situações didáticas que visem a apropriação do saber escolar pelo aluno. Em seguida, deve planejar também o uso dos recursos didáticos adequados à construção de saberes determinados pelo aluno, haja vista que não é o manuseio do material que garante aprendizagem, mas a reflexão do aluno, orientado pelo professor. Nesse contexto, destaca-se mais um aspecto importante sobre as tecnologias da informação: a importância de romper com preconceitos e construir novas possibilidades destinados a educadores e educandos para abrilhantar o processo de ensino aprendizagem. Assim como a tecnologia avança diariamente, acredita-se que a formação do educador deve ser contínua. E, para isso, é necessário Possibilitar um espaço em que não aprenda apenas a lidar com as tecnologias, mas que possa refletir e ao mesmo tempo aprender a transpor esta aprendi- zagem em uma linguagem que possa estar conectada às novas facetas do modo de aprender dos educandos nesta era das conexões (GUERREIRO; BATTINI, 2014, p. 68). A inclusão veio destinar um acesso à educação a todas as pessoas. As limitações comunicativas e de mobilidade não são mais barreiras para que as práticas pedagógicas, 37UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão incorporadas a tecnologias, cheguem ao público ao qual se destina. A tecnologia é uma prática que a cada ano torna-se disponível a todos, entretanto, trabalhar com a tecnologia ainda é uma barreira, que no caso dos professores pode tornar-se um empecilho de apro- priação de conhecimento. No âmbito desta discussão surgem duas novas terminologias que estão atreladas ao contexto da tecnologia, que sãos as tecnologias assistivas e as metodologias ativas. Mas sobre o que se trata essa terminologia e quais suas importâncias no contexto da inclusão é o que discutiremos agora. Segundo Amaral (2016), as tecnologias assistivas surgem primeiramente nos Esta- dos Unidos, em 1988, e chegam ao Brasil em 1998 com o desenvolvimento da globalização. Estas tecnologias aplicam-se para definir todo recurso e serviço que contribui para propor- cionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e, consequentemente, propiciar uma autonomia de vida e de aprendizagem, independente de políticas e ações inclusivas. A tecnologia assistiva visa valorizar as habilidades da pessoa com deficiência e tor- nar a dificuldade imperceptível aos olhos da sociedade em geral. Não há modelos de tecno- logias ou padrões, elas são desenvolvidas quase que de maneira individual para equiparar cada necessidade apresentada pelo deficiente. Diferente da acessibilidade, destinada ao meio, a tecnologia assistiva destina-se a cada indivíduo e ao seu desenvolvimento pessoal. No Brasil, o Comitê de Ajudas Técnicas - CAT, instituído pela Portaria nº 142 de 16 de novembro de 2006, que propõe o seguinte conceito para a tecnologia assistiva: “Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapa- cidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social” (ATA VII - Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) - Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de De- ficiência (CORDE) - Secretaria Especial dos Direitos Humanos - Presidência da República, p. 1). Assim, essas tecnologias visam atuar em dois aspectos nos serviços e nos re- cursos. No âmbito de serviços destina-se aos profissionais que auxiliam diretamente a promover melhorias no dia a dia da pessoa com deficiência, corresponde a profissionais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicó- logos, arquitetos engenheiros, assistentes sociais, educadores, entre outros profissionais que atuam utilizando um instrumento de tecnologia assistiva. Como exemplo podemos citar avaliações, experimentação e treinamento de novos equipamentos. http://portal.mj.gov.br/corde/ http://portal.mj.gov.br/corde/arquivos/doc/Ata_VII_Reuni%C3%A3o_do_Comite_de_Ajudas_T%C3%A9cnicas.doc http://portal.mj.gov.br/corde/arquivos/doc/Ata_VII_Reuni%C3%A3o_do_Comite_de_Ajudas_T%C3%A9cnicas.doc http://portal.mj.gov.br/corde/arquivos/doc/Ata_VII_Reuni%C3%A3o_do_Comite_de_Ajudas_T%C3%A9cnicas.doc http://portal.mj.gov.br/corde/arquivos/doc/Ata_VII_Reuni%C3%A3o_do_Comite_de_Ajudas_T%C3%A9cnicas.doc 38UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão Por sua vez, as tecnologias assistivas podem estar relacionadas a recursos tec- nológicos destinados à pessoa com deficiência. Consiste em equipamentos realizados sob medida para a dificuldade específica daquele deficiente. Esses recursos podem ser ponteiras, próteses mecânicas, aplicativos de comunicação, comunicação ocular, roupas adaptadas, computadores, softwares e hardwares especiais que contemplam questões de acessibilidade, dispositivos para adequação da postura sentada, recursos para mobilidade manual e elétrica, equipamentos de comunicação alternativa, chaves e acionadores es- peciais, aparelhos de escuta assistida, auxílios visuais, materiais protéticos e milhares de outros itens confeccionados ou disponíveis comercialmente (AMARAL, 2016). Em busca de equiparar as diferenças e aplicar esses recursos tecnológicos no processo de aprendizagem, torna-se necessário preocupar-se também com as práticas docentes nesse processo. Nessa busca de propiciar maior interesse e participação dos alunos, iniciam-se discussões acerca das metodologias ativas, que consistem em fazer com que o aluno esteja diretamente envolvido em seu processo de aprendizagem. Essa metodologia permite que o aluno trabalhe com tecnologias, com redes inter- ligadas ou com grupos de colegas, entre outros recursos que promovam maior integração do aluno. Na metodologia ativa o professor toma o papel de facilitador e o aluno passa a ser quem conduzirá as práticas no processo de aprendizagem, conforme apresentam Disel, Baldez e Martins (2017). O professor deixa de ser visto como o detentor de todo o conhecimento e o único responsávelpelo processo de ensino e aprendizagem e, assim, o aluno torna-se um agente ativo também desse processo. As metodologias ativas visam levar o aluno a desenvolver todos os pilares da educação da UNESCO, elaborados pelo educador francês Jacques Delors, em 1999, e pu- blicado em um relatório denominado Educação: um tesouro a descobrir, também conhecido como relatório Delors. Conforme Delors (1999), a educação está pautada em quatro pilares ligados ao processo do aprender, que são: o aprender a conhecer, o aprender a conviver, o aprender a fazer e o aprender a ser. Faz-se essa relação com as metodologias ativas pois buscam que o educando aprenda a ser e a fazer, que esse aluno passe a ser mais do que um mero agente captador de informações, mas sim seja atuante e questionador dessas informações e conhecimento. A prática de aprendizagem ativa visa levar o aluno a debater e a ser crítico na sociedade que vive. Pensar em uma educação igualitária, consiste em uma educação de qualidade, independente da condição física e intelectual do aluno. Em busca de defender este objetivo 39UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão as tecnologias assistivas visam desenvolver recursos que assistem os alunos com mais limitações, equiparando-os no processo do aprender. Por sua vez, as metodologias ativas visam estabelecer autonomia aos alunos nas práticas educativas. Assim encerramos nossos estudos, na expectativa de instigar você, aluno(a), a ser ativo(a) nessa sociedade que busca a inclusão e que está permeada de tecnologias que precisam ser destinadas a diminuir as diferenças entre as pessoas. SAIBA MAIS As tecnologias permitem vários ambientes de aprendizagem para a procura de ativida- des e aprimoramento de conteúdo a serem realizados pelo professor, como, por exem- plo, o Banco Internacional de Recursos Educacionais, criado em 2010 pelo Instituto Na- cional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC); Scielo Books; FGV on-line; e-Aulas USP; Domínio Público. Consistem em recursos como sites de complemento de conteúdo educacional nas diversas disciplinas do currículo, como fer- ramentas de apoio pedagógico para professores com vídeos e links de curiosidades e complementos curriculares e serviços (abas) de reforços de conteúdo, como a escola Britânica (https://escola.britannica.com.br/) consiste em uma enciclopédia escolar gra- tuita com os conteúdos separados por disciplinas. Seguindo essa mesma ideia de recursos educacionais tecnológicos, temos Google for Educaion (https://edu.google.com/intl/pt-BR/?modal_active=modal-video-c80cZMz- 0SOw), também de acesso gratuito. Consiste em um site com ferramentas de pesquisa e interação promovendo recursos para professores e alunos no processo de aprendiza- gem na educação básica e ensino superior. O mesmo site promove ferramentas como G-Suite for Education, um conjunto de ferramentas desenvolvido para que professores e alunos aprendam e inovem juntos, apresenta ainda possibilidades como: Google sala de aula - possibilita organizar tarefas, Course kit - permite a criar coletar e avaliar as atividades do curso, Chromebooks - uma ferramenta de compartilhamento de material, Google Cloud - tecnologia de pesquisa avançada na nuvem do Google, Realidade vir- tual e realidade aumentada - para todas escolas vivenciarem o conteúdo. Citamos aqui dois exemplos de sites como recursos tecnológicos, entre tantos outros que existem. Pesquise sobre eles e aprofunde seus conhecimentos! Fonte: a autora. https://escola.britannica.com.br/ https://edu.google.com/intl/pt-BR/?modal_active=modal-video-c80cZMz0SOw https://edu.google.com/intl/pt-BR/?modal_active=modal-video-c80cZMz0SOw 40UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão REFLITA As tecnologias assistivas tornam-se a voz de deficientes auditivos! As mídias e tecnolo- gias vieram para romper barreiras e quebrar preconceitos. Com os avanços tecnológi- cos, pessoas com necessidades especiais ganham a possibilidade de recursos comuni- cativos mais eficazes. Um exemplo acontece com os surdos e os deficientes auditivos. A simples tecnologia do telefone não se destinava a essas pessoas, pois com a ausência do canal auditivo, o uso do telefone tornava-se inútil. Com os avanços, esse aparelho, além de alcançar esse público, também se tornou importante para o processo de co- municação deles, por meio de mensagem de SMS ou chamadas por vídeo, os surdos somaram um recurso à eficácia da sua comunicação. Você, enquanto ouvinte, já refletiu sobre a dificuldade da comunidade surda em comuni- car-se? Como um surdo pode saber que seu filho se machucou na escola, por exemplo, quando muitas vezes esses avisos são realizados por ligações telefônicas? Como o surdo pode contactar um serviço de atendimento ao cliente (SAC) de uma loja ou banco, quando são na grande maioria realizados via chamada telefônica? Essas entre outras são questões, muitas vezes impensadas pelos ouvintes, são barrei- ras que vêm sendo reduzidas com o acesso às tecnologias. Fonte: a autora. 41UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se que o direito do aluno com necessidades educacionais especiais com relação a políticas públicas tem caminhado rumo à educação de qualidade, no entanto, sa- bemos da dificuldade que existe em operar essas leis no contexto escolar, devido a tantas especificidades. A inclusão educacional exige que expliquemos dificuldades escolares, não só tendo os alunos como foco, mas considerando-se as limitações existentes em nossos sistemas de ensino e em nossas escolas. O desafio implica numa nova visão de necessida- des educacionais especiais que, além das dos alunos, traduzem-se por necessidades das escolas, dos professores e de todos os recursos humanos que nelas trabalham. A educação inclusiva deve oportunizar um sistema educacional que respeite, va- lorize e possibilite o acesso e a permanência de todas as pessoas, garantindo-lhes uma escolarização com competência e qualidade e um aproveitamento do processo ensino- -aprendizagem no seu rendimento escolar, demonstrando que a diversidade é inerente à construção de toda e qualquer sociedade. Cabe ao professor constante atualização de conhecimentos e competências na busca individual de novas ações necessárias para sua formação tanto profissional como pessoal. É imprescindível que o professor busque novas alternativas, como as tecnologias assistivas e metodologias ativas apresentadas nesta unidade, que visam fortalecer dentro desse novo quadro, devendo estar preparado para enfrentar as diversas situações que irão surgir durante o processo educacional. Para tanto, o professor deve constituir e interpretar sua prática pensando e analisando suas crenças, valores e teorias a respeito do processo ensino-aprendizagem, principalmente junto às crianças com necessidades especiais, o que lhe possibilitará reestruturar seu pensamento alicerçado numa base sólida de conhecimentos. 42UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão LEITURA COMPLEMENTAR INTRODUÇÃO Neste artigo é tratado o emprego das tecnologias assistivas nas metodologias ativas. As metodologias ativas têm como objetivo promover no aluno uma concepção mais reflexiva e crítica em que as suas habilidades e competências estarão sendo desenvolvidas para que este encontre soluções adequadas para os problemas vivenciados na sua formação. Mas também propor ao professor uma reflexão sobre a sua prática em sala de aula e uma refor- mulação dos métodos utilizados para atender as especificidades dos alunos acompanhando as mudanças sócio-políticas, financeiras e tecnológicas na sociedade moderna. A Lei 13.146/16 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), é destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência. tecnologia Assistiva é um novo conceito que contribui
Compartilhar