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Resenha - Teologias Contemporâneas

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SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO SUL
GUILHERME OLIVEIRA DA SILVA
RESENHA CRÍTICA
“TEOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS”
Campinas – SP
2021
RESENHA
MILLER, Ed. L; GRENZ, Stanley J. Teologias Contemporâneas. Trad. Antivan G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2011.
Traduzido para o português por Antivan G. Mendes e publicado em 2011 pela Editora Vida Nova, Teologias Contemporâneas é uma obra do renomado acadêmico e pastor Stanley J. Grenz (1950-2005) e também de outro grande estudioso e professor de filosofia na Universidade do Colorado, Ed. L. Miller. Nela, os autores se propõem a sintetizar, reunir e analisar criticamente as principais teologias desenvolvidas no século XX, expondo suas principais ideias e lançando luz aos teólogos que estão por trás desses movimentos, dentre os quais estão homens como Karl Barth, Dietrich Bonhoeffer, Wolfhart Pannenberg e Gustavo Gutiérrez, responsáveis por marcar a história do pensamento cristão, ainda que de maneira um tanto quanto controversa em alguns casos.
Logo em seu prefácio, o livro deixa claro o porquê do termo teologias ao invés de sua contraparte no singular, haja visto que, “ao contrário da palavra de Deus, a teologia pode mudar, se transformar, adequar-se a uma época, ou até mesmo corrigir suas hipóteses, tanto pela descoberta de novas fontes de pesquisa, como por meio de estudos mais aprofundados”. E é com base nisso que Ed L. Miller e Stanley J. Grenz nos direcionam para uma contextualização do desenvolvimento de cada uma das teologias apontadas no livro, mostrando que suas ideias foram concebidas em conexão com as influências históricas, religiosas e filosóficas, muitas vezes como resposta a determinadas situações e modo de pensar das pessoas de sua época. 
	Visando facilitar o entendimento referente aos assuntos abordados, a obra em análise é dividida em treze capítulos, cada um deles dedicado a um teólogo cuja importância manifesta-se na sua contribuição na história da fé cristã por meio de seus pensamentos e escritos, os quais marcaram uma geração e ainda hoje são referências em algumas áreas; além de um epílogo, escrito pelo pastor, filósofo e escritor brasileiro Jonas Madureira acerca do evangelicalismo, com foco no teólogo Carl F. H. Henry (1913-2003).
	No primeiro capítulo, os autores iniciam oferendo uma visão panorâmica da peregrinação teológica de Karl Barth, bem como de alguns dos principais tópicos de seu pensamento. Considerado um dos teólogos mais importantes do século XX e um dos fundadores da chamada teologia neo-ortodoxa, Barth nasceu em Basiléia, Suíça, no dia 10 de maio de 1886. Filho de uma grande família profundamente dedicada à teologia e à pregação, o jovem teólogo Barth estudou nas universidades de Bern, Berlin, Tübingen e Marburg, e foi grandemente influenciado pelo liberalismo, que era a perspectiva teológica reinante em sua época, e pelo pensamento do dinamarquês Kierkegaard (1813-1855), considerado por muitos o pai do existencialismo. Fato é que seus escritos, os quais podem ser divididos em quatro grupos principais: exegéticos, históricos, dogmáticos e políticos, tiveram um impacto profundo na teologia do século XX e dentre aquelas mais famosas, destacam-se a Carta aos Romanos e sua obra-prima Dogmática Cristã, uma das maiores obras de teologia sistemática já escritas.
	No segundo capítulo da obra, intitulado “Realismo Cristão”, os autores discorrem a respeito dos irmãos Niebuhr, H. Richard Niebuhr (1892-1962) e Reinhold Niebuhr (1892-1871), cujos pensamentos foram marcados por um intercâmbio metodológico, incomum para a época, entre teologia e sociologia e estabeleceram um diálogo entre as ideias dos teólogos protestantes alemães e norte-americanos. Filhos de um imigrante alemão que era pastor da Igreja Evangélica e Reformada Alemã, os irmãos nasceram nos Estados Unidos e por meio de suas contribuições e posições teológicas acabaram tornando-se dois grandes representantes da chamada neo-ortodoxia americana. Richard Niebuhr, inclusive, é por muitos considerado como um dos teólogos americanos mais importantes e influentes do século XX, tanto pelo modo como enxergava o relação entre evangelho e cultura quanto pela preocupação questões práticas do cristianismo como pecado, amor e justiça.
	 No capítulo 3, Ed L. Miller e Stanley J. Grenz nos direcionam para uma abordagem a cerca da teologia do alemão Rudolf Karl Bultmann. Reconhecido como o maior estudioso do Novo Testamento do século passado, Bultmann nasceu no dia 20 de agosto de 1884 em Wefelstede, sendo filho de pastor protestante. Foi um grande representante da teologia existencialista e dentre sua contribuição nessa área se destaca a “desmitologização”, que consiste em uma re-interpretação histórico-crítica do Novo Testamento para a humanidade de hoje com o intuito de esclarecer a verdadeira intenção do mito e a verdadeira intenção das Escrituras Sagradas. Fato é que, apesar de controversas, Bultmann levantou questões importantes que dominaram a discussão teológica do século passado e são relevantes até os dias de hoje.
	No quarto capítulo, os autores tratam a respeito da teologia do filósofo, professor e teólogo Paul Tillich (1886-1965), contemporâneo de Karl Barth e também um dos mais influentes teólogos do século XX. Filho de pais protestantes, nasceu em Starzeddel, um pequeno povoado de Brandenburg, na Alemanha, onde fez seus estudos e possuía uma vida estável. Contudo, por causa da perseguição nazista que se levantou aos teólogos não conformistas, teve de fugir para os Estados Unidos e lá lecionou teologia no Union Theological Seminary, na Universidade de Chicago e em Harvard. Tendo como uma de suas características a correlação entre filosofia e teologia e valendo-se das contribuições dos pensadores de sua época, Tillich procurou construir sua teologia existencialista e de fronteira de tal forma que fosse aplicável a todas as fases da vida e da experiência. Além disso, cabe destacar a visão adocionista que ele tinha a cerca de Jesus Cristo, posição a qual foi alvo de diversas críticas e debates. Fato é que Paul Tillich foi um dos mais destacados teólogos do século XX e sua produção tanto teológica quanto filosófica tem sido objeto de estudos de pessoas renomadas nos campos protestante e católico.
	Em sequência, no capítulo 5, os autores falam a respeito da teologia de Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), bem como dos diferentes fatores históricos, teológicos e pessoais que contribuíram na formação de seu pensamento. Nascido no dia 4 de fevereiro de 1906, em Breslau, Alemanha, Bonhoeffer foi um teólogo, pastor luterano, membro da resistência alemã antinazista e membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazista. No que se refere a sua teologia, destaca-se sua contribuição naquela que veio a se tornar conhecida como “teologia secular”. Para ele, a religião no mundo moderno havia se tornado algo desnecessário e o Deus da religião tradicional era apenas um “Deus de lacunas”, invocado para preencher as lacunas pessoais da nossa compreensão sobre o cosmos e sobre nós mesmos.
	No sexto capítulo, Ed L. Miller e Stanley J. Grenz abordam a vida e obra de dois pensadores cujos nomes estão associados ao polêmico e um tanto controverso movimento teológico conhecido como teologia da morte de Deus, William Hamilton e Thomas J. J. Altizer. Dois americanos que juntos publicaram, em 1966, a obra “Teologia Radical e a Morte de Deus”, no qual eles afirmam de maneira inequívoca e muito clara que Deus realmente havia morrido, posição esta que nos traz a mente o filósofo existencialista e escritor alemão Friedrich Nietzche (1844-1900), autor da polêmica expressão “Deus está morto”. Todavia, apesar da afirmação dos teólogos dar a entender que não há Deus algum e nunca houve, o que Hamilton e Altizer buscavam trazer com sua obra é a ideia de que as concepções clássicas de Deus, como o Deus que resolve os problemas quando necessário, deveriam ser abandonadas e passar por uma reformulação radical.
	Em seguida, no capítulo 7, osautores escrevem a respeito do teólogo americano John B. Cobb Jr. e da teologia do processo, um movimento que surgiu na América do Norte cujo pensamento é calcado no sistema filosófico do processo, o qual se baseia na ideia de que a realidade deve ser considerado um “processo” ou série complexa de eventos ao invés de um sistema composto de substâncias fixas. Nesse movimento, Deus desempenha um papel fundamental, visto que é por meio dele que o mundo alcança unidade. No entanto, esse Deus não é todo-poderoso e nem onisciente, em vez disso, tal qual os humanos, seu conhecimento sobre o futuro se restringe ao campo das possibilidades, e não como coisa real.
	No oitavo capítulo, os autores discorrem sobre o soldado alemão Jürgen Moltmann, o qual tornou-se um dos teólogos mais lidos no mundo todo no final no século XX. Nascido em Hamburg, na Alemanha, em 1926, Moltmann ficou conhecido com a publicação do seu livro “Teologia da Esperança”, em 1967, no qual ele inicia a construção de uma teologia da cruz como proposta de sentido e com sentido a partir da vinda do reino de Deus. Desde então, ele ganhou reconhecimento mundial e até hoje, seus artigos e obras revelam-se pertinentes na história do pensamento cristão.
	No nono capítulo da obra, intitulado “Razão e Esperança”, a obra em análise nos direciona para uma abordagem acerca da teologia do alemão Wolfhart Pannenberg. Reconhecido como a voz mais vigorosa entre os grandes teólogos da segunda metade do século XX, Pannenberg nasceu em 1928 numa região do nordeste da Alemanha que hoje pertence à Polônia. Já no que tange à sua peregrinação teológica, vale destacar a experiência sobrenatural através da qual ele decidiu seguir a carreira teológica, que caracterizou-se pela rejeição ao pietismo e pela busca de uma fé racional, e o desenvolvimento de uma cristologia que parte do Jesus homem até o logos de Deus, fugindo da abordagem tradicional.
	Em sequência, no capítulo 10, os autores falam a respeito da teologia do peruano Gustavo Gutiérrez, bem como dos diferentes fatores históricos, teológicos e pessoais que contribuíram na formação de seu pensamento. Considerado por muitos como o precursor da teologia da libertação, a qual brotou do ideal de libertação das classes empobrecidas e das nações latino-americanas, Gutiérrez destacou-se na história do pensamento cristão pelo diálogo da teologia com os anseios e necessidades dos marginalizados. Além disso, é válido ressaltar a grande influência que o filósofo, historiador e revolucionário socialista Karl Marx exerceu em sua teologia.
	Já no décimo primeiro capítulo, a atenção é direcionada à polêmica e controversa “teologia da experiência feminina”, encabeçada pela teóloga americana Rosemary Radford Ruether, conhecida por suas contribuições significativas ao campo do movimento feminista cristão. Nascida em 1936, desde cedo preocupou-se com a causa das mulheres e, insatisfeita com a longa história de machismo no cristianismo, acabou tornando-se precursora de uma teologia de mulheres e para mulheres, marcada pela luta contra a opressão feminina. Frente a isso, vale destacar a substituição da expressão “Deus Pai” pela sua contrapartida no feminino, “Deusa Mãe”.
	Em seguida, no capítulo 12, os autores tratam a respeito do inglês John Hick, um dos principais expoentes da versão “contemporânea” do cristianismo, que se notabilizou por defender um posição pluralista de acolhimento igualitário a todas as religiões. Nascido em janeiro de 1922, na Inglaterra, Hick foi um filósofo e teólogo muito pertinente no que se refere à chamada “teologia global”, influenciada principalmente por Immanuel Kant. Dentre suas obras mais influentes, destacam-se: Faith and knowledge (Fé e conhecimento), Evil and the God of love (O mal e o Deus de amor) e Eternal life (Vida eterna), entre outras.
	Por fim, no capítulo 13, os autores escrevem sobre George Lindbeck e sua perspectiva teológica numa era pós-liberal, a qual se apresenta como sucessora tanto do modelo clássico pré-liberal, quanto do liberalismo teológico. Nascido em 1923 em um campo missionário, Lindbeck foi responsável por marcar a história do pensamento cristão no século passado através de seus escritos, dentre os quais se destaca The Nature of Doctrine (1984), considerado a Carta Magna da teologia pós-liberal.
	De modo geral, o autor consegue atingir o seu objetivo neste capítulo que é apresentar ao seus leitores as mais notáveis teologias desenvolvidas no século XX, à medida que expõe suas principais ideias e lança luz aos teólogos que estão por trás desses movimentos. Já no que se refere aos personagens dentre os quais eu destaco, estão: Rudolf Bultmann, Gustavo Gutiérrez e Rosemary Ruether, que ao desenvolverem suas teologias acabaram batendo de frente com as doutrinas da inerrância e eficácia das Escrituras, consideradas primordiais para a teologia reformada. Para Bultmann, por exemplo, a linguagem do Novo Testamento é mitológica, e é nesse momento que ele se perde em seus pensamentos, pois ao colocar em cheque a veracidade dos escritos bíblicos, a fé cristã se torna apenas um aglomerado de mitos e perde sua autoridade. Ao passo que Gutiérrez e Ruether consideravam apenas as passagens bíblicas que mais lhes convinha e descartavam aquilo que para eles era opressor, o que também configura um grave erro, posto que desprezam a inspiração divina e deturpam a mensagem revelada por Deus através de sua Palavra.

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