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Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA DESPESA @professor.crepaldi ESTÁGIOS DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA 1º Estágio - Fixação A Lei do Orçamento é o documento que caracteriza a fixação da despesa orçamentária, ou seja, é o instrumento no qual é legalmente fixada (autorizada) a despesa nas discriminações e especificações dos créditos orçamentários, sem os quais não ocorre o Empenho. 2º Estágio - Empenho O empenho representa o comprometimento de parte do orçamento com uma determinada despesa. Conforme o art. 58 da Lei 4.320/1964, empenho é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento, pendente ou não de implemento de condição. CRIA OBRIGAÇÃO EMPENHO Empenho TIPOS DE EMPENHO Conforme os §§ 2º e 3º do art. 60 da Lei 4.320/1964, os empenhos podem ser classificados em ordinário, estimativo e global. Esta classificação é feita de acordo com: ✓ a natureza da exatidão do valor, ✓ prestação, ✓ pagamento da despesa. Empenho Ordinário É emitido para determinado credor e relativo a uma única prestação, de valor indivisível. Refere-se a: ✓ fornecimento de material, ✓ prestação de um certo serviço, ✓ execução de uma obra. Não há parcelamento na liquidação da obrigação, descontos e acréscimos. São perfeitamente definidos o valor e o credor. Exemplos: ✓ aquisição de um computador, ✓ aquisição de material de consumo, ✓ aquisição de veículos, ✓ prestação de serviços referentes aos consertos de veículos, etc. Empenho Global Para atender às despesas com montante também previamente conhecido, tais como as contratuais, mas de pagamento parcelado (§ 3º do art. 60 da Lei 4.320/1964). O credor e suas obrigações são perfeitamente definidos. O empenho global distingue-se do ordinário apenas por seu histórico, que esclarece a forma de pagamento. Exemplos: ✓ despesas com aluguel de imóveis, ✓ com contratos de manutenção, de conservação e limpeza, ✓ com construção civil (embora se conheça o montante, o pagamento só é realizado após cada medição da obra, realizado por engenheiro credenciado pelo órgão contratante). Empenho Estimativo Não sendo conhecido o valor da despesa emite-se a nota de empenho-estimativo, documento igual ao empenho ordinário, modificando-se apenas sua denominação. Não só o credor deve ser sempre definido como também o objeto da despesa. A palavra estimativa significa, apenas, que o valor final da despesa é estimado. Aos empenhos por estimativas vincula-se uma nota de sub- empenho que reduz o valor do empenho por estimativa e não a dotação orçamentária. Exemplos: ✓água, luz, telefone, ✓gratificações, diárias, ✓reprodução de documentos, etc. ORDINÁRIO Quando o valor exato da despesa é conhecido, cujo pagamento se processe de uma só vez. GLOBAL Quando destinado a atender despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento, cujo montante possa ser determinado. Tal modalidade é muito utilizada no empenho da despesa da folha de pagamento, assim como em contratos de prestação de serviços e realização de obras. POR ESTIMATIVA Quando destinado a atender despesas para as quais não se possa, previamente, determinar o montante exato (variáveis), tais como as despesas com energia elétrica, serviços telefônicos, passagens, etc. Na hipótese da estimativa do valor empenhado for menor que o valor exato, far-se-á o empenho complementar da diferença. Quando a estimativa empenhada for maior que o valor exato, far-se-á a anulação da parte referente à diferença, revertendo esta à dotação pela qual ocorreu a despesa. São três as modalidades de empenho: Anulação de Empenho A Nota de Anulação de Empenho destina-se a anular parcial ou totalmente o valor de um empenho, seja ordinário, global ou estimado. Como no empenho, a Nota de Anulação demonstrará a posição da dotação, a reversão do valor anulado e o seu novo saldo. No histórico, é necessário mencionar o número e a espécie de empenho cujo valor está sendo anulado por inteiro ou parcialmente. 3º Estágio - Liquidação Consiste na verificação do direito do credor, pelos fornecimentos feitos ou serviços prestados, à vista dos títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, conforme o art. 63 da Lei 4.320/1964. É o estágio da execução da despesa que caracteriza-se pelo atestado de recebimento da obra, bens, materiais ou serviços, objeto do contrato com o fornecedor. RECONHECIMENTO DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO LIQUIDAÇÃO 4º Estágio - Pagamento Corresponde ao desembolso financeiro em favor do credor, que pode ser efetivado por meio de cheque nominativo, de ordem bancária ou por meio de suprimento de fundos. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado, após sua regular liquidação. A constituição de uma despesa pública é determinada pelo artigo 64 da Lei 4.320/1964, sendo a ordem de pagamento, a qual se caracteriza pelo despacho da autoridade competente que determina o pagamento da despesa. LIMITAÇÃO DE EMPENHO O art. 9º e o art. 31 da LRF estabelecem critérios e forma de limitação de empenho a ser efetivada nos seguintes casos: ▪ Quando verificado que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais. Essa verificação deve ser feita ao final de cada bimestre; ▪ Quando a Dívida Consolidada (dívida resultante de operação de crédito realizada em longo e médio prazos e que será satisfeita em outro exercício financeiro que não o contratado) do Município ultrapassar os limites determinados por Resolução do Senado Federal. LIMITAÇÕES DE DESPESAS De acordo com o art. 169, da CF, a despesa com pessoal ativo e inativo não poderá exceder os limites estabelecidos em Lei Complementar e a LRF, em seus artigos 19 e 31, estabeleceu esses limites. A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão e contratação de pessoal só poderão ser feitos nos seguintes casos: • Com prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; • Haja autorização específica na LDO. PPA LDO LOA PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA LICITAÇÃO EMPENHO CONTRATO LIQUIDAÇÃO PAGAMENTO Esquema da Execução da Despesa Pública 90 ELEMENTO DE DESPESA Material de Consumo DETALHAMENTO DA DESPESA Combustíveis e Lub. Automotivos XX30 MODALIDADE DE APLICAÇÃO Aplicação Direta 3 GRUPO DE DESPESA Outras Despesas Correntes 3 CATEGORIA ECONÔMICA Despesa Corrente ND Classificação: Natureza da Despesa Fonte: STN DESPESAS EXTRA-ORÇAMENTARIAS Restos a Pagar Neste grupo de despesa estão incluídos os restos a pagar, que, conforme o art. 36 da Lei 4.320/1964, são despesas empenhadas e não pagas até 31 de dezembro e terão vigência de até dois exercícios subsequentes ao da respectiva inscrição – após esse período terão sua prescrição interrompida. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas. Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos com vigência plurianual, que não tenham sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do crédito. Os restos a pagar representam as despesas empenhadas mas não pagas dentro do exercício financeiro em que foram empenhadas. Assim, se o Estado deixou de efetuar o pagamento de determinada quantia devida no atual exercício financeiro, deverá inscrever o respectivo valor em restos a pagar e efetuar o pagamento até o final do exercício seguinte. Os valores inscritos em Restos a Pagar somente terão validade até o final do exercício financeiro seguinte, SENDO VEDADA A SUA RE-INSCRIÇÃO. Nesta categoria há: • restos a pagarprocessados - que são despesas já liquidadas e não pagas; • restos a pagar não processados – para as despesas não pagas, e também não liquidadas, excetuadas as relativas a créditos reabertos, não liquidados, que serão inscritos apenas no exercício de reabertura. Despesas de Exercícios Anteriores O orçamento pode consignar dotação especial para o processamento de despesas relativas a exercícios encerrados que por razões diversas não puderam ser pagas no exercício de origem, ou que a administração só tomou conhecimento após o encerramento do exercício financeiro. Despesas de Exercícios Anteriores são as incorridas e não empenhadas no exercício em vigência. No exercício seguinte, poderão ser empenhadas, após reconhecimento da dívida, por autoridade competente, desde que o orçamento na qual elas deveriam ter sido empenhadas houvesse saldo suficiente para cobrí-las. Lei 4.320/1964 Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica. Exemplos: ▪despesa com energia elétrica e consumo d’água relativas ao mês de dezembro e que foram apresentadas em janeiro do ano subsequente; ▪compra de material de consumo, em que não houve empenho e tempo de se pagar em dezembro. Por lapso, não foi relacionado como Restos a Pagar. Será paga como Despesas de Exercícios Anteriores; ▪promoção de um servidor com data retroativa e que alcance anos anteriores ao exercício financeiro. Suprimento de Fundos De conformidade com o art. 68, da Lei 4.320/1964, Suprimento de Fundos – ou Adiantamento – é a entrega de numerário a um servidor da administração, para que o mesmo possa aplicar em despesas expressamente definidas em lei e que não possam subordinar- se ao processo normal de aplicação. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA As execuções orçamentária e financeira da despesa ocorrem concomitantemente porque são atreladas uma à outra. Imediatamente após a publicação da lei do orçamento, os gestores já podem iniciar a execução orçamentária e financeira da despesa. A execução orçamentária é a utilização dos créditos consignados no orçamento geral em todas as esferas de governo. Já a execução financeira representa a utilização dos recursos financeiros, visando atender à realização dos projetos e/ou atividades atribuídas às unidades orçamentárias. PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA É a fixação dos recursos, por parte do setor competente, dos valores necessários à execução do empenhamento da despesa. TRANSFERÊNCIAS ENTRE ENTES FEDERATIVOS Trata-se do ato pelo qual um ente federativo passa recursos financeiros para outro, poderá ser obrigatória, automática ou voluntária. TRANSFERÊNCIA OBRIGATÓRIA Corresponde aos recursos em que o repasse foi determinado pelo constituinte, está prevista na CF. Por exemplo, repartição de receitas tributárias (50% do ITR para os municípios). TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICA Estão previstas em lei ou ato administrativo, não dependem da assinatura de convênio, contrato ou qualquer outra forma de ajuste públicos. Por exemplo, SAMU, transporte escolar etc.. TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA – art. 25, LRF Importante consignar que não há determinação legal para a transferência voluntária (há para transferência automática), bem como a verba não será destinada ao SUS (se for para o SUS, será transferência automática) A transferência voluntária depende de instrumento de formalização, ou seja, qualquer instrumento que haja interesses convergentes entre os entes federativos. É necessária dotação orçamentária específica, bem como não pode ser utilizada para pagamento de pessoal ativo ou inativo. Para que receba a transferência voluntária, o beneficiário deverá comprovar: ✓Adimplemento das obrigações perante o ente transferidor; ✓Cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde; ✓Observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal. O limite e endividamento é de 200% da receita corrente líquida para estados e DF; 120% da receita corrente líquida para municípios. ✓Previsão orçamentária de contrapartida. ✓Não estar atrasado com o parcelamento dos precatórios (EC 94/2016). DESPESAS OBRIGATÓRIAS DE CARÁTER CONTINUADO Prevista no art. 17 da LRF. Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. O limite das despesas com pessoal em relação à receita corrente líquida será de: SISTEMAS DE CONTAS Sistema Orçamentário É representado pelos atos de natureza orçamentária como: previsão da receita, fixação da despesa, descentralização de créditos e empenho da despesa. No sistema Orçamentário é feita a comparação da receita prevista com sua realização. Compara-se também a despesa fixada com a sua execução. As contas pertencentes ao sistema orçamentário estão alocadas dentro do Ativo e Passivo Compensados e são representados pelas contas “Execução Orçamentária da Receita“ e “Execução Orçamentária da Despesa”. Sistema Financeiro Está relacionado com os ingressos (entradas) e os dispêndios (saídas) de recursos, ou seja, com o registro dos recebimentos e pagamentos de natureza orçamentária e extra-orçamentária. É importante esclarecer que os lançamentos contábeis de um determinado sistema, aquela conta creditada também tem de pertencer ao mesmo sistema. Sistema Patrimonial Registra os bens móveis, imóveis, estoques, créditos, obrigações, valores, inscrição e baixa da dívida ativa, operações de créditos, superveniências e insubsistências ativas e passivas, etc. No sistema Patrimonial, os lançamentos de incorporação ou desincorporação de ativos e passivos é uma entrada ou saída de recurso (Sistema Financeiro). Sistema de Compensação É representado pelos atos praticados pelo administrador que não afetam ao patrimônio de imediato, mas que poderão vir a afeta-lo. Exemplos destes atos são avais, acordos, ajustes, cauções, fianças, garantias, contratos de comodatos de bens, bens e valores sob responsabilidade, convênios e contratos. Regimes Contábeis Receitas R$ Pagamentos Regime de Caixa Regime de Competência Despesas Restos a pagar Passivo Financeiro Empenhamento Das Despesas Receitas Restos a Arrecadar Ativo Financeiro Lançamentos Dos Impostos Recebimentos Despesas DespesasReceitas REGIMES CONTÁBEIS Pelo ingresso de numerário Art. 35 da Lei 4320/1964: Pertencem ao exercício Financeiro: I - As receitas arrecadadas II - As despesas nele legalmente empenhadas. Pelo Empenho Regime Misto OBRIGADO! Perguntas? Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi silvio@crepaldi.adv.br www.crepaldi.adv.br Advertência de Proibição A gravação de aulas sem autorização viola o art. 46, IV, da Lei n° 9.610/1998, que trata dos direitos autorais. Tantos as aulas, quanto o material de apoio produzido pelo docente, como slides e apostilas, não podem ser divulgados ou reproduzidos sem prévia autorização. O estudante ou qualquer pessoa que ignorar essa regra estará sujeito à indenização que pode ser exigida pelo professor e pela IES em ação judicial própria.
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