Buscar

Giovanna Claudino - Resenha As origens do totalitarismo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Giovanna Claudino de Almeida Silva - N° USP 12656474 21/10/2022 Política II - Teoria Política Contemporânea – Professor Rúrion Melo 
Resenha de leitura - Arendt, H. Origens do Totalitarismo: antissemitismo, imperialismo e totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 1989 [1951]. (Resenha das pg. 113 a 124) 
Hanna Arendt foi uma filósofa de origem judaica, nascida na Alemanha em 1906. Se formou em filosofia pela Universidade de Heidelberg em 1927. Em 1933 foi proibida de defender a sua segunda tese, por conta da ascensão do nazismo e da sua atividade política contra o Nacional-Socialismo de Hitler. Arendt precisou sair da Alemanha, e se mudou para os Estados Unidos.
Publicou o livro “As Origens do Totalitarismo: antissemitismo, imperialismo e totalitarismo” em 1951, no qual examina as características políticas comuns e as causas históricas dos principais regimes totalitários do século XX - o nazismo e o stalinismo. No trecho selecionado, a autora discute a função da lógica do pensamento ideológico no totalitarismo e avalia a natureza do isolamento e da solidão como precondições da dominação total.
Para iniciar sua análise, a autora retoma o conceito de princípio de ação de Montesquieu. Tal conceito diz sobre os princípios que cada tipo de governo usa como critério para julgar os atos da esfera pública - como exemplo, o princípio da virtude para a república. No totalitarismo não há um princípio de ação, em seu lugar é criado um princípio que dispensa o desejo humano de agir e atende à necessidade da intuição da lei do movimento, a qual gera e mantém o terror. A tese da autora é que esse princípio seria a lógica do pensamento ideológico. 
Arendt explica que ideologia é a lógica de uma ideia, que passa a ser instrumento de explicação da história, analisando todos os acontecimentos sob uma a mesma premissa adotada na exposição lógica da sua ideia. Em seguida, a autora estabelece os elementos totalitários que surgem do pensamento ideológico. O primeiro é a pretensão de explicação total, que mostra uma preocupação unicamente direcionada a lei do movimento, tentando compreender passado, presente e futuro. Como consequência, o pensamento ideológico se emancipa da realidade, e cria uma que considera a verdadeira, da qual só se pode entender através da doutrinação ideológica. Em terceiro lugar, a ideologia usa a argumentação ideológica a partir de uma premissa aceita como evidente, agindo com uma coerência que não existe na realidade.
Ao levar as implicações ideológicas aos extremos da coerência lógica, a substância original que deriva de base às ideologias se perdem. Daí surge a lógica do pensamento ideológico, que cria um sistema de vítimas e carrascos pelo pavor a contradição. A força coercitiva da lógica é mobilizada para impedir a reflexão, destruindo a realidade da experiência e os critérios do pensamento dos indivíduos.
Para o totalitarismo conseguir impor o terror, os indivíduos precisam estar isolados e solitários. O isolamento e a solidão são categorias diferentes - uma se refere a vida pública, e a outra a vida privada. Os indivíduos precisam estar isolados para ser possível destruir suas capacidades políticas. Mas a especificidade do totalitarismo está na necessidade da solidão - na experiência de não pertencer ao mundo - para a destruição das características humanas, como pensar e sentir. Sendo assim, a única capacidade humana que permanece é o raciocínio lógico - e o pensamento ideológico se beneficia disso, virando o único suporte confiável do indivíduo.
A autora finaliza afirmando que o perigo do totalitarismo é a destruição do mundo que conhecemos, antes que se pudesse criar um novo começo. Os riscos dessa nova forma de governo permaneceram, assim como permanecem de todas as outras formas de governo já existentes. Apesar disso, todo "fim" na história constitui um "começo", pois isso é a capacidade suprema do homem.

Continue navegando