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Documento assinado pelo Shodo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região - 1º Grau Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região - 1º Grau O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0101249-47.2017.5.01.0033 em 26/04/2018 19:03:47 e assinado por: - RODRIGO DABUL TORRES 18042619024056100000073281733 Consulte este documento em: http://pje.trt1.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam usando o código: 18042619024056100000073281733 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO 1ª Turma PROCESSO nº 0101307-71.2017.5.01.0026 (RO) RECORRENTE: ESTADO DO RIO DE JANEIRO e HOSPITAL E MATERNIDADE THEREZINHA DE JESUS RECORRIDOS: NAIRA DA COSTA MELO RELATOR: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA EMENTA RECURSO ORDINÁRIO DO SEGUNDO RÉU. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. 1. O ente público tomador de serviços responde, subsidiariamente, pelas verbas trabalhistas inadimplidas por empresa interposta, quando não comprovada a efetiva fiscalização do contrato de trabalho, nos termos da Súmula nº 331, V, do c. TST. 2. A responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços abrange tão somente as verbas decorrentes do período em que se beneficiou do labor prestado pelo trabalhador terceirizado. Inteligência do inciso VI, da Súmula n. 331, do c. TST. Recurso ordinário a que se dá parcial provimento. I - RELATÓRIO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário , em que são partes e TRT-RO-0101307-71.2017.5.01.0026 ESTADO DO RIO DE JANEIRO , recorrentes e recorridos, além de HOSPITAL E MATERNIDADE THEREZINHA DE JESUS , apenas recorrida.NAIRA DA COSTA MELO Trata-se de recursos ordinários interpostos pelos reclamados, contra a sentença de ID 65d0af7, proferida pelo MM. Juiz Marcelo Segal, da 26.ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, que julgou procedente em parte o pedido. Os recorrentes pretendem a reforma do julgado mediante os fundamentos articulados sob IDs a783192, pela primeira ré, e 645e2e0, pelo segundo réu. Contrarrazões pela autora, ID 93856d4, defendendo a manutenção do julgado. Os autos não foram remetidos à d. Procuradoria do Trabalho, por não ser hipótese de intervenção legal (Lei Complementar nº 75/1993) e/ou das situações arroladas no Ofício PRT/1ª Região nº 88/2017-GAB, de 24/03/2017. Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA http://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022316181242800000022614469 Número do documento: 18022316181242800000022614469 Num. 99ef508 - Pág. 1 É o relatório. II - FUNDAMENTAÇÃO II.1.1 - RAZÕES DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA PRIMEIRA RECLAMADA. DESERÇÃO. A 1.ª reclamada, HOSPITAL E MATERNIDADE THEREZINHA DE JESUS, interpôs recurso ordinário, sem comprovar o recolhimento das custas e do depósito recursal, requerendo lhe fossem deferidos os benefícios da gratuidade de justiça. Nas hipóteses em que é admitida a gratuidade de justiça às pessoas jurídicas, quando há prova induvidosa da insuficiência econômica, tal como demonstrado, pela agravante, e reconhecido na decisão dos embargos de declaração, tem-se que esse benefício não abrange o depósito recursal, cuja natureza é a de garantia do juízo e não de despesa processual, calcada na segurança do êxito em processo de execução futuro. Nesse sentido, manifesta-se a jurisprudência do c. Tribunal Superior do Trabalho: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 - DESCABIMENTO. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. EMPREGADOR. AUSÊNCIA DO DEPÓSITO RECURSAL. Esta Corte vem admitindo o deferimento dos benefícios da justiça gratuita às pessoas jurídicas, bem como às pessoas físicas, enquanto empregadoras, desde que comprovada a incapacidade financeira. Por outro lado, prevalece o posicionamento no sentido de que a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita ao empregador não alcança o depósito recursal, que não tem a natureza jurídica de despesa processual a que alude o art. 3º da Lei nº 1.060/50, mas de garantia do juízo da execução. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e desprovido". (Processo: AIRR - 11200-65.2015.5.03.0035 Data de Julgamento: 28/06/2017, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/07/2017). Revela-se, portanto, despicienda a discussão acerca da gratuidade de justiça, haja vista que, ante a ausência do depósito recursal, não há como conhecer o recurso ordinário ora interposto, não havendo falar em contrariedade ao princípio da inafastabilidade da jurisdição e violação à qualquer dispositivo constitucional ou infraconstitucional. Não conheço, pois, do recurso. II.1.2 - CONHECIMENTO DO RECURSO INTERPOSTO PELO Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA http://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022316181242800000022614469 Número do documento: 18022316181242800000022614469 Num. 99ef508 - Pág. 2 SEGUNDO RÉU. Conheço, porquanto preenchidos os pressupostos de admissibilidade. II. 2 - MÉRITO .A. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA A recorrente sustenta, em suma, que "não foi apontada nenhuma conduta específica da Administração Pública, omissiva ou comissiva, que tenha contribuído com a inadimplência do empregador"; "mediante o referido contrato de gestão, firmou-se com uma entidade de natureza privada uma parceria, com o objetivo de tornar a prestação dos serviços públicos de saúde mais dinâmica, moderna e eficiente"; "uma vez celebrado o contrato de gestão, a Organização Social contratada passa a ser inteiramente responsável pela gestão da unidade hospitalar objeto do contrato, conforme a legislação aplicável, não havendo que se falar em responsabilidade do ente público contratante com fulcro no entendimento firmado na Súmula nº 331 do TST, por não ostentar este a qualidade de tomador dos serviços"; "se há responsabilidade subsidiária a ser deferida, esta deve recair sobre a Organização Social contratada, entidade privada que recebeu recursos públicos para assumir a responsabilidade integral pela gestão da unidade hospitalar, conforme expressa autorização legislativa"; "como se verifica nos documentos anexos, o contrato de gestão nº. 02/2014 celebrado com a Hospital Maternidade Theresinha de Jesus foi rescindido unilateralmente a partir de 07/1/2016"; "o Município do Rio de Janeiro celebrou o contrato de gestão do Hospital Albert Schweitzer, sob o nº 001/2016, com a própria Organização Social de Saúde Hospital Maternidade Therezinha de Jesus a partir de 11/01/2016"; "a sentença ora recorrida, ao condenar a Administração Pública a responder subsidiariamente pelas verbas trabalhistas inadimplidas pelo empregador, violou o disposto no art. 71, § 1º, da Lei Federal nº 8.666, de 1993"; "a legislação federal veda a transferência da responsabilidade pelo pagamento dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, resultantes da execução do contrato, ao ente público contratante"; "o Supremo Tribunal Federal, em sede de Ação Direta de Constitucionalidade (ADC nº 16), afastou a invalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93, frente ao ordenamento jurídico constitucional"; "o Excelso Supremo Tribunal Federal, ratificando o que já havia afirmado por ocasião do julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 16, concluiu o julgamento da Repercussão Geral tendo como paradigma o RE 760.931 (Tema 246). Restou decidido que o disposto no artigo 71, §1º da Lei 8.666/1993 afasta de modo irrefutável a possibilidade de o Ente Público ser condenado, com base na arguição genérica de culpa ou na culpa presumida, pelas verbas trabalhistas inadimplidas por prestadores de serviços que celebrem contratos com a Administração"; "o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfereautomaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA http://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022316181242800000022614469 Número do documento: 18022316181242800000022614469 Num. 99ef508 - Pág. 3 pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93"; "a nova redação da Súmula nº 331 do TST dispõe que os entes integrantes da administração pública direta e indireta somente podem ser responsabilizados, nas terceirizações, se restar evidenciada a sua conduta culposa"; "compete ao autor o ônus probatório quanto à existência de culpa por parte da Administração Pública, do qual não se desincumbiu"; "milita em favor da Administração Pública a presunção de legalidade dos atos por ela praticados"; "a recente decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal que em sede de Recurso Extraordinário (RE 760931/DF), com repercussão geral, julgado em 26.4.2017, asseverou que o Reclamante não só deve provar a culpa da administração, como também o nexo causal entre a falha da administração e o ilícito trabalhista"; "no caso dos autos, vê-se que não há prova da ausência/falha da fiscalização". Eis o teor da r. sentença recorrida, no particular: "DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO Entre a ex-empregadora e o ESTADO DO RIO DE JANEIRO existiu contrato de terceirização, ainda que sob a roupagem de contrato de gestão (fls. 114 e seguintes), que não deixa de ser uma forma de delegar a terceiro a realização de uma atividade que, por natureza, seria prestada pelo ente público. A prestação de serviços em prol do ente público pode ser confirmada pelos controles de frequência da reclamante (fls. 85 e seguintes), que trazem como local de prestação dos serviços 'Nilópolis, 329' - que é a indicação do endereço do Hospital Albert Schweitzer, localizado na Rua Nilópolis, 329, Realengo, Rio de Janeiro. A Súmula 331 do TST autoriza que o tomador dos serviços sirva de garantidor do pagamento dos créditos trabalhistas, contanto que tenha participado da fase de cognição. Assim procedeu a acionante e, em termos processuais, não merece censura. A responsabilidade que permeia a multicitada Súmula baseia-se na culpa in vigilando, já que não houve efetividade na fiscalização da empresa escolhida. Condeno os tomadores dos serviços subsidiariamente pelo cumprimento das obrigações de dar, em relação a todo e qualquer crédito aqui deferido, sem qualquer exceção, na forma da redação do item VI da Súmula 331 do TST: 'A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral'". Ao exame. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADC n. 16, pronunciou a constitucionalidade do artigo 71, e § 1.º, da Lei 8.666/93, mas não excluiu a possibilidade de acaput Justiça do Trabalho, com base nos fatos da causa, determinar a responsabilidade do ente público tomador de serviços quando constatada a culpa quanto à fiscalização da contratada em relação ao cumprimento das obrigações trabalhistas de seus empregados, pronúncia dotada de efeito vinculante e eficácia contra todos. Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA http://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022316181242800000022614469 Número do documento: 18022316181242800000022614469 Num. 99ef508 - Pág. 4 Nesse sentido, foi editado o inciso V, da Súmula 331/TST, segundo o qual "os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n. 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada". Posteriormente, o e. Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 760.931, fixou a seguinte tese de repercussão geral: "o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a , seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, §responsabilidade pelo seu pagamento 1º, da Lei nº 8.666/93". (destaquei) Ainda no julgamento do RE n. 760.931, ao discutir a questão afeta ao ônus da prova da fiscalização dos contratos de terceirização, a Excelsa Corte Suprema houve por bem não fixar tese de repercussão geral, entendendo tratar-se de matéria de índole infraconstitucional. Porém, e isso é de suma importância para o deslinde da controvérsia, o STF manteve a possibilidade de responsabilização subsidiária do ente público pelos direitos dos empregados da empresa contratada, segundo a apuração, em cada caso, de vício, por parte da administração pública, na fiscalização do contrato de prestação de serviços ( ).culpa in vigilando Nesse sentido, o Ministro Luiz Fux, redator do Acórdão, enfatizou que, " num primeiro momento, eu entendo que, já na contratação, o Poder Público tem capacidade de fiscalizar - não custa nada incluir uma cláusula no edital ou no contrato que imponha essa fiscalização. E se não (página 225)fiscalizar, é infração do dever contratual, não precisamos ficar buscando soluções diversas". Dele não discrepou o Ministro Barroso, ao afirmar que "não é possível a transferência automática de responsabilidade; nós todos concordamos que, se houve culpa dain vigilando Administração, ela deve responder; nós todos concordamos que o ônus de provar que fiscalizou é do Poder Público". (página 238) Com isso, S. Exa. deu um passo adiante e adentra à questão afeta ao ônus da prova da fiscalização, evidenciando tratar-se de encargo processual afeto ao Poder Público, no que foi secundado pelo Ministro Dias Tóffoli, ao sustentar que "a Administração Pública, ao ser acionada, tem que trazer aos autos elementos de que diligenciou no acompanhamento do contrato. Eu estou registrando Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA http://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022316181242800000022614469 Número do documento: 18022316181242800000022614469 Num. 99ef508 - Pág. 5 esse posicionamento no sentido de que a Administração Pública, uma vez acionada, tem que apresentar defesa, porque, muitas vezes, ela simplesmente diz: "Eu não tenho nada a ver com isso" - e tem, ela contratou uma empresa". (página 350) É certo que a obrigação de fiscalizar a execução do contrato decorre da lei (arts. 58, inc. III, e 67, da Lei n. 8.666/1993), havendo a exigência de que o Poder Público demonstre o regular cumprimento das obrigações sociais e previdenciárias das empresas prestadoras de serviço contratadas. Nesse sentido a jurisprudência do c. TST, que se mantém hígida, :verbis "RECURSO DE REVISTA. NULIDADE DO ACÓRDÃO REGIONAL. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO. Inexiste na decisão recorrida declaração de inconstitucionalidade capaz de ferir o princípio da reserva de plenário inserto no artigo 97 da Constituição da República e a Súmula Vinculante 10 do STF. Recurso de revista não conhecido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. CULPA IN VIGILANDO. ÔNUS DA PROVA. Tratando-se de fato impeditivo/extintivo do direito do reclamante, o ônus quanto à prova da fiscalização do contrato celebrado com o prestador de serviços é do tomador de serviços. Precedentes. Recurso de revista conhecido e desprovido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. Decisão em consonância com a Súmula 331, VI, do TST. Recurso de revista não conhecido. JUROS DE MORA. FAZENDA PÚBLICA. CONDENAÇÃO SUBSIDIÁRIA. Decisão em consonânciacom a OJ 382 da SbDI-1 do TST. Recurso de revista não conhecido. (RR-1528-26.2014.5.10.0018, Relator Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, 8ª Turma, DEJT 30/5/2016) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO SEGUNDO RECLAMADO. (...) RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. CULPA IN VIGILANDO. PRINCÍPIO DA APTIDÃO PARA A PROVA. Extrai-se do acórdão regional que o ente público tomador dos serviços não demonstrou a regular fiscalização dos serviços por ele contratados. Assim, a tese de que cabia ao reclamante demonstrar a ausência de fiscalização, não se sustenta, porque o ônus da prova recai sobre o tomador dos serviços, o qual tem obrigação legal de fiscalizar a execução do contrato (arts. 58, III, e 67 da Lei nº 8.666/93). Logo, incumbia ao ente público provar a existência de fiscalização efetiva, bem como desconstituir a pretensão do reclamante. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e desprovido. (AIRR-748-95.2011.5.02.0024, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 13/5/2016)". Nos termos da Súmula n. 41, deste Tribunal Regional, "recai sobre o ente da Administração Pública que se beneficiou da mão de obra terceirizada a prova da efetiva fiscalização do contrato de prestação de serviços". Assim, esse entendimento não implica afronta ao art. 97, da Carta Magna, ou à Súmula Vinculante n. 10, do e. STF, nem desrespeito à decisão proferida na ADC n. 16, pois não se trata de declaração de inconstitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, mas da definição concreta do alcance das normas nela inscritas, de acordo com os próprios balizamentos estabelecidos pela Suprema Corte em controle abstrato de constitucionalidade. In casu, a existência de contrato de gestão, mediante o qual o gerenciamento de unidade de saúde, pertencente ao Município, foi delegado à primeira reclamada, em nada afasta a possibilidade de reconhecimento da responsabilidade subsidiária, já que competia ao ente Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA http://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022316181242800000022614469 Número do documento: 18022316181242800000022614469 Num. 99ef508 - Pág. 6 público a fiscalização da empresa contratada quanto à prestação laboral, nos termos em que formalizada (Lei nº 8.666/93, arts. 67 e 116). Isto porque a delegação do gerenciamento da unidade de saúde a uma empresa privada, em nada altera a titularidade do Estado sobre o serviço ali prestado. Ademais, é incontroversa a existência de contrato de prestação de serviços entre as demandadas (ID a727b51), o que, apreciado à luz do contrato de trabalho do empregado com a empresa prestadora, gera presunção favorável à terceirização de serviços afirmada no libelo. Portanto, caberia ao ora recorrente elidir a presunção que lhe era desfavorável e realizar a prova dos trabalhadores da primeira ré que despenderam, em seu favor, a força de trabalho, a teor dos artigos 818, da CLT, e 373, do NCPC, encargo do qual não se desincumbiu. Em contestação, o segundo réu afirmou que "não há prova da ausência/falha da fiscalização" (ID 9e3fa84 - Pág. 15), no entanto, mesmo diante da ciência do descumprimento de normas trabalhistas, não cuidou de anexar qualquer documento comprobatório de efetiva fiscalização ou aplicação de sanções à primeira ré. Demonstrada, pois, a culpa e do Estado do Rio dein eligendo in vigilando Janeiro, enquanto, ao revés, nada nos autos indica que o autor tenha contribuído, por ação ou omissão, para a lesão contratual havida no caso em exame. Correto, portanto, o reconhecimento da responsabilidade subsidiária do segundo réu. Entretanto, malgrado a autora, na petição inicial, afirme ter "sido admitida pela primeira reclamada e tendo prestado serviço nas dependências da segunda reclamada durante todo o período contratual, figurando esta como tomadora dos serviços" (ID 46f52d4 - Pág. 2), o exame dos autos revela que o contrato de gestão firmado entre as demandadas encerrou-se em 10/01/2016 (ID 03e2791), razão pela qual se presume que, nessa data, a reclamante - embora afirme haver laborado para a 1ª ré até 03/12/2016 - deixou de laborar em favor da tomadora de serviços, não havendo prova capaz de elidir tal presunção. Assim, procede a pretensão recursal no sentido de limitação da condenação subsidiária ao período de vigência do contrato, conforme entendimento jurisprudencial cristalizado por meio do inciso VI, da Súmula n. 331, do c. TST, de acordo com o qual "a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação " (grifei).referentes ao período da prestação laboral Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA http://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022316181242800000022614469 Número do documento: 18022316181242800000022614469 Num. 99ef508 - Pág. 7 Por tudo exposto, mantém-se a r. sentença recorrida quanto à responsabilidade subsidiária do segundo reclamado (Estado do Rio de Janeiro), que, entretanto, limita-se aos direitos circunscritos ao período entre a admissão da autora, em 01/07/2015, e a data da rescisão do contrato de gestão, em 10/01/2016. Dou parcial provimento. ACÓRDÃO ACORDAM os Desembargadores que compõem a 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, não conhecer do recurso da primeira reclamada, conhecer do recurso ordinário da segunda reclamada e, no mérito, dar-lhe parcial provimento, para limitar a responsabilidade subsidiária do segundo réu para os direitos reconhecidos no período havido entre a admissão da autora, em 01/07/2015, e a data da rescisão do contrato de gestão mantido com a primeira reclamada, em 10/01/2016. Rio de Janeiro, 04 de abril de 2018. ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA Relator ATFBC/lcs/rca Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ALEXANDRE TEIXEIRA DE FREITAS BASTOS CUNHA http://pje.trt1.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022316181242800000022614469 Número do documento: 18022316181242800000022614469 Num. 99ef508 - Pág. 8
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