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TGDP I 2023 - Seminario 1 - Normas juridicas

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Faculdade de Direito d Universidade de São Paulo
Departamento de Direito Civil
Teoria Geral do Direito Privado I (DCV 0125)
Professor Associado Francisco Paulo De Crescenzo Marino
Seminário 1
Conceito de Direito. Normas em Geral e Normas Jurídicas.
Caso “Lei Antifumo”
Para comemorar sua aprovação no vestibular, Leonardo convidou seus amigos para uma noite de cantoria em uma casa de karaokê, localizada no centro da cidade de São Paulo. Pensando em todos os convidados, assegurou-se de que haveria no local um espaço para fumantes, a fim de que seu amigo Lucas não precisasse fumar em local aberto e desprotegido. Leonardo também reservou uma sala exclusiva, onde ele e seus amigos poderiam soltar a voz sem qualquer importunação.
Durante o evento, Lucas empolgou-se com o karaokê e não largou o microfone. A certa altura, vendo que a sala era exclusiva, decidiu fumar um cigarro ali mesmo, a despeito dos inúmeros avisos de proibição indicados no local.
Para sua surpresa, tão logo acendeu seu cigarro, seus amigos pediram que o apagasse, já que Clara, uma das convidadas, havia acabado de se recuperar de uma severa crise de asma. Lucas ignorou os pedidos. Poucos minutos depois, acendeu outro cigarro, sendo alvo de novos e vigorosos protestos de seus amigos, que lhe pediram para se dirigir ao espaço reservado para fumantes.
Lucas manteve-se no local. Nesse momento, um segurança adentrou a sala de karaokê e solicitou que o cigarro fosse imediatamente apagado, sob pena da expulsão de Lucas do estabelecimento. Argumentou que a legislação estadual e o regulamento da casa noturna proibiam essa conduta.
Irritado, Lucas insistiu em permanecer fumando. Diante disso, o segurança comunicou a gerência do estabelecimento, que prontamente autorizou a expulsão de Lucas do local, solicitando que outros seguranças comparecessem ao local para acompanhá-lo até a saída.
Imediatamente, o fiscal solicitou que Lucas apagasse seu cigarro e autuou o estabelecimento nos termos da Lei nº 13.541/2009 (“Lei Antifumo”):
Artigo 2º - Fica proibido no território do Estado de São Paulo, em ambientes de uso coletivo, públicos ou privados, o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos ou de qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco.
§ 1º - Aplica-se o disposto no “caput” deste artigo aos recintos de uso coletivo, total ou parcialmente fechados em qualquer dos seus lados por parede, divisória, teto ou telhado, ainda que provisórios, onde haja permanência ou circulação de pessoas.
§ 2º - Para os fins desta lei, a expressão “recintos de uso coletivo” compreende, dentre outros, os ambientes de trabalho, de estudo, de cultura, de culto religioso, de lazer, de esporte ou de entretenimento, áreas comuns de condomínios, casas de espetáculos, teatros, cinemas, bares, lanchonetes, boates, restaurantes, praças de alimentação, hotéis, pousadas, centros comerciais, bancos e similares, supermercados, açougues, padarias, farmácias e drogarias, repartições públicas, instituições de saúde, escolas, museus, bibliotecas, espaços de exposições, veículos públicos ou privados de transporte coletivo, viaturas oficiais de qualquer espécie e táxis.
§ 3º - Nos locais previstos nos parágrafos 1º e 2º deste artigo deverá ser afixado aviso da proibição, em pontos de ampla visibilidade, com indicação de telefone e endereço dos órgãos estaduais responsáveis pela vigilância sanitária e pela defesa do consumidor.
Artigo 3º - O responsável pelos recintos de que trata esta lei deverá advertir os eventuais infratores sobre a proibição nela contida, bem como sobre a obrigatoriedade, caso persista na conduta coibida, de imediata retirada do local, se necessário mediante o auxílio de força policial.
Artigo 4º - Tratando-se de fornecimento de produtos e serviços, o empresário deverá cuidar, proteger e vigiar para que no local de funcionamento de sua empresa não seja praticada infração ao disposto nesta lei.
Parágrafo único - O empresário omisso ficará sujeito às sanções previstas no artigo 56 da Lei federal n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990 - Código de Defesa do Consumidor, aplicáveis na forma de seus artigos 57 a 60, sem prejuízo das sanções previstas na legislação sanitária.
Artigo 7º - As penalidades decorrentes de infrações às disposições desta lei serão impostas, nos respectivos âmbitos de atribuições, pelos órgãos estaduais de vigilância sanitária ou de defesa do consumidor.
Parágrafo único - O início da aplicação das penalidades será precedido de ampla campanha educativa, realizada pelo Governo do Estado nos meios de comunicação, como jornais, revistas, rádio e televisão, para esclarecimento sobre os deveres, proibições e sanções impostos por esta lei, além da nocividade do fumo à saúde.
Em resposta, o gerente do karaokê esclareceu ao fiscal que o estabelecimento cumpria fielmente as exigências legais, que os seguranças do local já haviam repreendido Lucas por diversas vezes e que sua retirada da casa noturna já havia sido solicitada.
A despeito das explicações e embora o karaokê, de fato, cumprisse as exigências legais atinentes à sinalização e à existência de espaço destinado aos fumantes, a autuação foi mantida e o estabelecimento viu-se obrigado a desembolsar R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
Leonardo chateou-se bastante com o ocorrido e decidiu, juntamente com Clara e seus outros amigos, deixar o local. Lucas foi expulso da casa noturna e foi embora para a casa sozinho.
Diante dos fatos narrados acima, pede-se: 
Identifique as normas incidentes sobre a casa noturna e sobre Lucas. Indique se a norma em questão (i) é ou não jurídica e (ii) se possui ou não sanção para a hipótese de seu descumprimento.

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