10 Bacilos gram-negativos II (Bacteriologia II)

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Bacteriologia II | Bacilos gram-negativos II | Aula 10 
Onde Chegar 
• Identificar e caracterizar os principais gêneros de bacilos gram-negativos (parte II). 
 
O que Aprender 
• Haemophilus, Bordetella e Brucella; 
• Vibrio, Aeromonas e Plesiomonas; 
• Campylobacter e Helicobacter; 
• Pseudomonas e Acinetobacter. 
AULA 
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Bacilos gram-negativos II 
Bacteriologia II 
 
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Desenvolvimento 
Este Guia de Aprendizagem tem o objetivo de apresentar as principais características, 
patologias e diagnósticos relacionados às bactérias bacilares gram-negativas (parte II). 
 
Fastidiosos 
Este grupo heterogêneo de bactérias apresenta como característica comum exigências 
especiais de condições de cultivo, em relação as enterobactérias e a maioria dos não 
fermentadores. Estas condições variam para cada microrganismo, podendo ser a 
necessidade de CO2, crescimento lento com a necessidade de até 30 dias de incubação 
(como no caso de Brucella), adição de fatores especiais de crescimento etc. 
São, na maioria, imóveis, aeróbios, oxidase e catalase positivas. Alguns são considerados 
gram-lábeis (coram-se de forma tênue pela Safranina). Crescem lentamente e exigem 
geralmente de 48 a 72 horas para as colônias ficarem bem visíveis, embora diminutas, 
não crescendo em ágar MacConkey. Dentre os diversos gêneros deste grupo, destaca-se: 
• Haemophylus: é anaeróbio facultativo, ao contrário dos demais aeróbios. Não cresce 
em ágar sangue, e sim chocolate. H. influenzae geralmente causa meningite, bacteremia, 
septicemia, e H. haemolyticus (e outras espécies) são parte da microbiota transitória das 
mucosas do trato respiratório superior humano, raramente causando infecção. 
• Bordetella: compreende as espécies B. pertussis, responsável pela coqueluche ou tosse 
comprida, e B. parapertussis, com quadro clínico semelhante a coqueluche, mas em geral 
menos severo. Ambas são infecções exclusivas dos humanos. Além destas, B. 
bronchiseptica e B. avium, por exemplo, infectam mamíferos e aves, sendo patógenos 
oportunistas humanos. É um dos poucos gêneros deste grupo que são móveis. 
• Brucella: causam a brucelose, que está associada à ingestão de leite/derivados e carne 
de mamíferos, ou ainda à manipulação de carne e sangue destes animais, como à 
acidentes em laboratórios. É uma doença de sintomas vagos, que cursa de forma 
insidiosa com febre baixa, calafrios, sudorese noturna, cefaleia, mialgia e artralgia. Pode 
ser acompanhada na forma crônica de alterações hematológicas importantes como 
leucopenia, pancitopenia, trombocitopenia, anemia hemolítica. As principais espécies 
são B. melitensis, B. abortus, B. suis e B. canis, sendo que todas as espécies de Brucella 
são parasitas obrigatórios de mamíferos. A capacidade de Brucella de sobreviver à 
fagocitose é de interesse médico. 
 
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Comparação entre alguns bacilos gram-negativos fastidiosos 
 
FONTE: Adaptado de Anvisa (Manual de Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção em Serviços de Saúde) 
 
Bacilos curvos 
São bacilos móveis e frequentemente com curvaturas, podendo apresentar-se como 
bacilos alongados a depender da cultura. São oxidase e catalase positiva, além de serem 
fermentadores de glicose, anaeróbios facultativos e produtores de toxina. 
• Vibrio: são encontradas no ambiente aquático no mundo inteiro. Tem motilidade ativa 
devido à presença de um flagelo polar. Em culturas prolongadas, os vibriões podem 
transformar-se em bacilos retos que se assemelham a bactérias gram-negativas 
entéricas. Muitos vibriões são patógenos humanos, porém V. cholerae é a espécie de 
maior importância global, responsável por diversas pandemias de cólera. Embora haja 
mais de 200 sorotipos de V. cholerae, os sorotipos 01 e 0139 estão associados à cólera. 
V. cholerae produz colônias convexas, lisas e redondas, opacas e granulosas à luz 
transmitida. As espécies Vibrio são, em sua maioria, halotolerantes, e o NaCl 
frequentemente estimula o seu crescimento. Alguns vibriões são, ainda, halofílicos, 
exigindo a presença de NaCl para seu crescimento, diferindo-se de Aeromonas. 
• Aeromonas: são encontradas na água, no solo, em alimentos e em fezes animais e 
humanas. A taxonomia do gênero Aeromonas está em fase de transição: o gênero foi 
incluído na nova família Aeromonadaceae a partir da família Vibrionaceae. Com base nos 
grupos de hibridização do DNA, muitas espécies têm sido reconhecidas; algumas 
receberam nova denominação, outras foram recém-designadas, e outras ainda não 
 
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receberam nome. Aeromonas hydrophila causa infecções de ferimentos, diarreia e sepse, 
especialmente em pacientes imunocomprometidos. 
• Plesiomonas: gênero realocado recentemente na família Enterobacteriaceae. Cresce 
em meios de cultura diferenciais utilizados para isolar Salmonella e Shigella de amostras 
fecais, podendo ser distinguida de shigellas em fezes diarreicas pelo teste da oxidase, 
visto que Shigella é oxidase negativa. Plesiomonas também é positiva para a DNase, teste 
que, além de outros bioquímicos, a distingue de Aeromonas. A espécie P. shigelloides é 
mais comum nas regiões tropicais e subtropicais, sendo um microrganismo da água e do 
solo, isolada a partir de peixes de água doce e muitos animais. Causa gastrenterite 
autolimitante, principalmente em zonas tropicais, bem como pode causar doença 
invasiva em indivíduos imunocomprometidos. 
As epsilonproteobactérias são bastonetes gram-negativos delgados com forma 
helicoidal ou curva, que se locomovem por flagelos e são microaerofílicos: 
• Campylobacter: cada célula tem um flagelo polar. O cultivo de Campylobacter requer 
condições de baixa tensão de oxigênio e alta tensão de dióxido de carbono, 
desenvolvidas em sistemas especiais. A temperatura ótima de crescimento das bactérias, 
de cerca de 42°C, aproxima-se daquela de seus hospedeiros animais, mas as bactérias 
não se multiplicam nos alimentos. Em geral causam gastenterites; uma espécie, C. fetus, 
causa aborto espontâneo em animais domésticos; outra espécie, C. jejuni, é a principal 
causa de surtos de doença intestinal de origem alimentar. 
• Helicobacter: apresentam flagelos múltiplos. A espécie H. pylori foi identificada como 
a causa mais comum de gastrites e úlceras pépticas em seres humanos e uma das causas 
do câncer de estômago. Por meio de uma interessante adaptação, H. pylori pode crescer 
no ambiente altamente ácido do estômago, que é letal para a maioria dos 
microrganismos, pois produz grandes quantidades de uma urease especialmente 
eficiente (ao contrário de Campylobacter), enzima que converte a ureia no composto 
alcalino amônia, resultando em um pH localmente elevado na área de crescimento. 
 
Não fermentadores 
Os bacilos gram-negativos não fermentadores (BGN-NF) são microrganismos aeróbios 
estritos e incapazes de utilizar carboidratos como fonte de energia através da 
fermentação, degradando-os pela via oxidativa. A maioria é oxidase positiva e móvel. 
 
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Possuem como habitat natural o meio ambiente, podendo ser encontrados em: água, 
solo, peixes congelados, leite cru, soluções desinfetantes etc. As amostras oriundas de 
meio ambiente hospitalar de onde são mais frequentemente isolados são: água de 
torneira, respiradores, cateteres de sucção, antissépticos, soros etc. 
As bactérias que compõem o grupo de BGN-NF são consideradas oportunistas e têm 
grande importânciaclínica em casos de infecções relacionadas à assistência à saúde, 
principalmente em: unidades de terapia intensiva, pacientes submetidos a 
procedimentos invasivos, unidades de queimados, em infecções do trato respiratório de 
pacientes com fibrose cística (FC) etc. 
Estudos filogenéticos baseados na sequência 16S do rRNA levaram a inúmeras mudanças 
na classificação e nomenclatura desse grupo de microrganismos nos últimos anos. 
Dentre os principais gêneros dos BGN-NF causadores de infecções em seres humanos 
encontram-se: 
• Pseudomonas: P. aeruginosa é o BGN-NF que mais acomete os pacientes com FC, 
infectam aproximadamente 60% desta população. Muitas cepas de P. 
aeruginosa isoladas de pacientes com FC apresentam o fenótipo mucoide, devido à 
produção de alginato, sendo que a presença desse fenótipo é indicativa de infecção 
crônica e está relacionada com um declínio da função pulmonar e pior prognóstico. P. 
aeruginosa causa infecções (p. ex., sepse, pneumonia e infecções do trato urinário), 
principalmente em pacientes apresentando baixas defesas. Apesar de se assemelharem 
às enterobactérias, diferem destes por realizarem oxidação de açúcares, e não 
fermentação. São capazes de crescer em água contendo apenas traços de nutrientes, por 
exemplo, água de torneira, além de exibirem marcante capacidade de resistir a 
desinfetantes (inclusive observou-se seu crescimento em soluções de sabão contendo 
hexaclorofeno, em antissépticos, bem como em detergentes), fatores que favorecem sua 
presença no ambiente hospitalar, causando as infecções nosocomiais. 
• Acinetobacter: são cocobacilos encontrados comumente no solo e na água, mas 
também podem ser membros da microbiota normal, sendo patógenos oportunistas que 
prontamente colonizam pacientes cujas defesas encontram-se comprometidas. A 
espécie geralmente envolvida em infecções humanas, A. calcoaceticus, causa doença 
principalmente em ambientes hospitalares, geralmente associadas a equipamentos de 
terapia respiratória e cateteres de longa duração, sendo sepse, pneumonia e infecções 
do trato urinário as manifestações mais frequentes. A. baumanii é uma preocupação 
crescente para a comunidade acadêmica, devido à rapidez com a qual adquire resistência 
aos diversos antibióticos. É um patógeno oportunista encontrado principalmente em 
 
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unidades de cuidados da saúde e é principalmente um patógeno respiratório, mas 
também infecta a pele, tecidos moles, feridas e, às vezes, invade a corrente sanguínea. 
Ele é mais resistente ao meio ambiente do que a maioria das bactérias gram-negativas, 
e uma vez instalado em uma unidade de saúde, torna-se difícil a sua eliminação. 
 
Vá mais Longe 
Capítulo Norteador: Capítulos 31, 32, 33, 45, 46, 47, 48 e 49. TRABULSI, Luiz Rachid; 
ALTERTHUM, Flávio (ed.). Microbiologia. 6. ed. São Paulo: Atheneu, 2015. 919 p. 
Biblioteca Virtual. 
 
Agora é sua Vez! 
Interação 
• BEHZADI, Payam; ZOLTÁN, Baráth; GAJDÁCS, Márió. It’s not easy being green: a 
narrative review on the microbiology, virulence and therapeutic prospects of multidrug-
resistant Pseudomonas aeruginosa. Antibiotics, v. 10, n. 1, p. 1-29. Disponível em: 
https://www.mdpi.com/2079-6382/10/1/42/htm Acesso em: 08 jan. 2022. 
• ALVES, Stephanie de Almeida. et al. Pseudomonas aeruginosa: mecanismos de 
resistência antimicrobiana, fatores de virulência e seu impacto clínico. In: NETO, Benedito 
Rodrigues da Silva (org.). Medicina: aspectos epidemiológicos, clínicos e estratégicos de 
tratamento. Ponta Grossa, PR: Atena, 2021. Disponível em: 
https://sistema.atenaeditora.com.br/index.php/admin/api/artigoPDF/50986 Acesso 
em: 08 jan. 2022. 
Pseudomonas é um dos gêneros com grande taxa de infeções hospitalares, que ocorrem 
devido a três principais conjuntos de características que aumentam sua patogenicidade: 
fatores de virulência, adaptabilidade e resistência antimicrobiana. Dessa forma, com 
base nos artigos acima, e em demais fontes, faça uma reflexão no Fórum da Disciplina 
descrevendo ao menos um mecanismo pertencente a qualquer um desses três conjuntos 
de patogenicidade citados no artigo. 
 
https://www.mdpi.com/2079-6382/10/1/42/htm
https://sistema.atenaeditora.com.br/index.php/admin/api/artigoPDF/50986
 
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Questão para Simulado 
1 – O exame microscópico da cultura fecal de um paciente mostra bactérias gram-
negativas em forma de vírgula. Essas bactérias requerem de 2 a 4% de NaCl para 
crescer. As bactérias provavelmente pertencem ao gênero: 
a) Campylobacter 
b) Brucella 
c) Aeromonas 
d) Helycobacter 
e) Vibrio 
 
Resposta: Letra E 
Comentário: Dentre as bactérias listadas, o gênero Vibrio é considerado halotolerante, 
devido à sua característica de suportar meios com concentrações mais elevadas de NaCl, 
ao contrário dos demais gêneros, que são não halofílicos. 
"Organize-se: 4 horas semanais – mínimo sugerido para autoestudo" 
 
REFERÊNCIAS 
KUMAR, Surinder. Textbook of microbiology. New Delhi: Jaypee Brothers Medical 
Publishers, 2012. 804 p. Biblioteca Virtual. (Capítulos 40, 41, 43, 45, 46, 47). 
MADIGAN, Michael T.; MARTINKO, Jhon M.; PARKER, Jack. Microbiologia de Brock. 10. 
ed. São Paulo: Prentice Hall, 2008. 960 p. Biblioteca Virtual. (Capítulo 12). 
SASTRY, Apurba S.; BHAT, Sandhya. Essentials of Medical Microbiology. 2nd ed. New 
Delhi: Jaypee Brothers Medical Publishers, 2019. 714 p. Biblioteca Virtual. (Capítulos 31, 
32, 33, 34, 35 e 36).