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LIDIANE HELENA OLIVEIRA DE ALMEIDA LUANNA PANHIS THAÍS DA SILVA CARDOSO 10 PRINCIPAIS PLANTAS TÓXICAS PARA BOVINOS EM MATO GROSSO DO SUL Projeto apresentado ao Curso de Medicina Veterinária 3º Semestre da Instituição UNIDERP Professor: IVO Campo Grande, MS Novembro de 2022 10 PRINCIPAIS PLANTAS TÓXICAS PARA BOVINOS EM MATO GROSSO DO SUL O sistema de criação extensivo e a degradação das pastagens permitem a exposição dos animais de produção às plantas tóxicas ocasionando perdas na produção animal. E planta tóxica não é só a que mata, mas também a que provoca perturbações diretas ou indiretas na saúde do gado, às vezes pouco percebidas, como a redução de índices reprodutivos tais como a infertilidade e o aborto, além da diminuição na produtividade dos animais que sobreviveram a essas intoxicações e outras alterações devido às enfermidades transitórias pela maior susceptibilidade, em função da diminuição na resposta imunológica A toxicidade efetiva das plantas é bastante variável, pois existem fatores que às influenciam como solo, clima, estádio vegetativo da planta, parte da planta, período de ingestão. A mortalidade após exposição crônica a algumas espécies, ou seja, quando os animais adoecem ao longo do tempo ou quando a mortalidade é esporádica, bem como a perda de peso progressiva que antecede ao óbito frequentemente é atribuída à baixa qualidade da alimentação, verminoses e manejo sanitário ineficiente. Consideram-se tóxicas as plantas que, ingeridas em condições de pastagem, causam danos. Na maioria, não são palatáveis aos bovinos. Porém, a fome, causada por seca ou cheia, superlotação, queimada, mudança de pastagens e viagem, e deficiências minerais levam o animal a ingeri-las. Os biomas Pantanal e Cerrado possuem floras ricas em espécies, muitas das quais são pastadas, e algumas, são tóxicas. Várias causam sinais que podem ser confundidos com picada de cobra, raiva ou outra doença. A mais temível do Brasil é a erva-de-rato ou cafezinho (Palicourea marcgravii), não encontrada, ainda, no Estado. As principais plantas tóxicas em Mato Grosso do Sul são apresentadas a seguir. 1. ALGODÃO-BRAVOIpomoea carnea subsp. fistulosa SINAIS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÃO Intoxicação lenta; emagrecimento, lassidão, pelo áspero; andar desequilibrado, caindo. HABITAT Cresce somente em solo de barro (argiloso), muito alagável. É muito comum em lagoas rasas nas planícies de inundação dos rios Negro, Abobral e Paraguai. Aumenta em campos com excesso de gado ou perto de porteiras, cochos e aguadas. QUANTIDADE LETAL A quantidade necessária para levar um bovino de 100 kg à morte é de 9 kg de folhas verdes por dia, durante semanas, o que é difícil de ocorrer no campo, havendo pasto. Figura 1 - Algodão-bravo, planta encontrada no Pantanal e brejos. Fonte: EMBRAPA 2. BARBATIMÃOStryphnodendron obovatum SINAIS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÃO Baba, lágrima; rúmen lento; fezes fétidas com sangue e muco; desequilíbrio; tristeza, cabeça no solo; emagrecimento; cólica, gemidos, ranger de dentes; queda de pelos, pele solta e necrosada; fotossensibilização; aborto. HABITAT Cerrados e cerradões, solos arenosos, geralmente não inundáveis. Distribuído pelos Cerrados do Brasil Central. Frequente nas sub-regiões de Nhecolândia e Paiaguás. QUANTIDADE LETAL Em torno de 10 g de vagens/kg de peso vivo; a metade, 5 g/kg peso vivo, provoca aborto em vacas. Figura 2 - Barbatimão, planta encontrada no Pantanal e nos Cerrados. Fonte: EMBRAPA 3. BATATARANAIpomoea asarifolia SINAIS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÃO Tremor, balanço da cabeça, desequilíbrio; apetite bom. Pode haver recuperação. HABITAT Áreas sujeitas a inundação por rio, em solos argilosos ou siltosos, geralmente em terreno perturbado. É meio aquática. Frequente nas sub-regiões de Abobral e Poconé. QUANTIDADE LETAL Não é conhecida, mas é grande. Comendo a planta durante apenas um dia, o bovino já pode ser intoxicado. Figura 3 - Batatarana, planta encontrada no Pantanal. Fonte: EMBRAPA. 4. CARURU-DE-ESPINHOAmaranthus spinosus L. SINAIS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÃO Diarréia escura fétida, edema no pescoço; emagrecimento; permanece deitado, dificuldade de andar; pode soltar o casco. HABITAT Locais geralmente não inundáveis, preferencialmente estercados, como ao redor de currais, cochos, porteiras e malhadores. Cosmopolita tropical. Presente em todas as sub-regiões do Pantanal, embora em populações esparsas. QUANTIDADE LETAL Não é bem conhecida a dose que leva o animal à morte, mas a quantidade da planta ingerida tem que ser grande durante vários dias. Figura 4 - Caruru-de-espinho, Presente em todas as sub-regiões do Pantanal. Fonte: EMBRAPA. 5. CIPÓ PRATAAmorimia pubiflora SINAIS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÃO Relutância em se levantar, andar rígido e tremores musculares. A evolução varia de superaguda (poucos minutos) a aguda (até 48 horas). Morte súbita: mesmo sadia, se correr, a rês cai morta, de ataque do coração. HABITAT Locais geralmente não inundáveis, preferencialmente estercados, como ao redor de currais, cochos, porteiras e malhadores. Cosmopolita tropical. Presente em todas as sub-regiões do Pantanal, embora em populações esparsas. QUANTIDADE LETAL 0,5 a 2 kg/100 kg PESO VIVO Figura 5 - Inflorescências e frutos de cipó prata. Encontrada no Pantanal e serras. Fonte: EMBRAPA. 6. CUTÓBEACoutobea ramosa SINAIS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÃO Andar lerdo; cólica, inquietação, rúmen lento; pele fria, aceleração do coração e da respiração; agonia e morte. Esta planta causa intoxicação em bovinos em todas as fases vegetativas, desde a brotação, floração até a frutificação. Mesmo com a dessecação, ainda permanece tóxica por alguns meses. HABITAT No Pantanal, é frequente nas sub-regiões de Abobral, Barão de Melgaço e Poconé. No Pantanal tem sido observada muito pastada em campo com excesso de gado e em épocas de seca. QUANTIDADE LETAL A quantidade ingerida da planta que leva um bovino à morte está em torno de 20 g/kg de peso vivo. Figura 6 - Os Sinais Clínicos da Cutóbea, podem ser confundidos com cólica ou picada de cobra. Fonte: EMBRAPA. 7. ESPICHADEIRASolanum glaucophyllum SINAIS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÃO Intoxicação lenta. Calcifica pulmões, veias e tendões (rigidez das pernas); apoio na ponta do casco ("espichado"), dificuldade de andar, emagrecimento, morte por fome. Ataca mais vaca nova. HABITAT Restrita a solos argilosos, férteis (ricos em cálcio), muito alagáveis. Aumenta em áreas pisoteadas, como perto de cochos, aguadas e porteiras. Frequente nas sub-regiões de Poconé, Miranda e Nabileque. QUANTIDADE LETAL Basta a ingestão de apenas 1,0 g/kg de peso vivo ao dia para desenvolver um quadro de intoxicação. 8. FAVA-DE-ANTADimorphandra mollis SINAIS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÃO Distúrbios intestinais, fezes com muco e sangue; baba, pelo arrepiado, timpanismo, cólica; coração fraco, emagrecimento, tremor; deita, geme, até a morte. Favas causam aborto. HABITAT Cerrado e cerradão, em solos arenosos e siltosos, ácidos. No Pantanal é esparsa, nas sub-regiões arenosas, como Aquidauana, Paiaguás e Nhecolândia. QUANTIDADE LETAL A dose letal pelas favas administradas experimentalmente é de 25 g/kg de peso vivo. 9. FEDEGOSO Senna occidentalis SINAIS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÃO Diarréia, fraqueza, tremor e desequilíbrio, arrasta os cascos traseiros; no final, mais diarréia, cai e não se levanta mais. HABITAT Qualquer solo, áreas perturbadas geralmente não inundáveis, em sedes de fazenda, estradas, currais, roças e pastagens cultivadas, lagoas secas e principalmente em malhadouro e ao redor de cocho de sal. Invasora cosmopolita tropical. QUANTIDADE LETAL Não é conhecida a quantidade de folhas que leva um bovino à morte, mas a intoxicação experimental pelas sementes está em torno de 10 g/kg de peso vivo. 10. MAMONARicinus communis SINAIS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÃO Folhas: desequilíbrio, tremor; arroto e baba; dificuldade de andar longe e procura deitar. Sementes: fraqueza, tristeza e diarréia de sangue. HABITAT Áreas ruderais como beira de estrada, taperas, depósitos de lixo,etc., geralmente não inundáveis, em solos argilosos ou arenosos, geralmente férteis. Africana, invasora nos trópicos de todo o mundo. Existe em todas as sub-regiões do Pantanal, em áreas mexidas. QUANTIDADE LETAL Em torno de 20 g de folhas frescas ou 2 g de sementes por kg de peso vivo, ou um quarto disso no caso de bezerro. TRATAMENTO Por causa da variedade de plantas e de princípios tóxicos, muitos ainda desconhecidos, é difícil prescrever o tratamento e não há antídotos, e só para animais de grande valor podem-se aplicar glicose, extratos hepáticos, purgantes oleosos e repouso. De modo geral, recomenda-se a retirada dos animais, de forma lenta, e mantê-los à sombra. CONTROLE DE PLANTAS TÓXICAS As principais práticas recomendadas de controle de plantas daninhas em pastagens são: mecânicas (corte, anelamento do caule, desenraizamento, queima etc.), químicos (herbicidas) e biológicos, sob orientação técnica. Roçar é paliativo e, com a rebrota, o problema de intoxicação tende a se agravar; e, ainda, as folhas de certas plantas tóxicas tornam-se mais palatáveis quando murchas ou secas (por exemplo, mamona). Após a queimada, também, a rebrota aumenta o risco de intoxicação. Evitar excesso de lotação é o ponto-chave para reduzir a incidência de intoxicação, porque, não passando fome, os bovinos têm maior oportunidade de selecionar apenas plantas forrageiras, e as pastagens não degradadas têm menor infestação de plantas invasoras e tóxicas; portanto, os pastos degradados devem ser recuperados. Uma forma de controle é o aproveitamento econômico de algumas plantas tóxicas, por exemplo, barbatimão (tanino, medicinal), espichadeira (suplemento de vitamina D), fava-de-anta (exportada para rutina) e mamona (semente oleaginosa).
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