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Direito Civil VI Prof.: Lívia Pitelli Aula 1 - 08/06/2022 Bibliografia - DIAS, Maria Berenico. Manual de Direito das Famílias. Juspodium. - MADALENO, Rolc. Direito de Família. Gen/Forense. - GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Filho. Novo Curso de Direito Civil. V. 6. Saraiva. - TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Vol. 5. Gen/Forense. Avaliações - AV1: Prova escrita + atividades - AV2: Julgamentos simulados (parte escrita e apresentação oral) Conceito - Uma das primeiras dificuldades que enfrentamos nesse aspecto é definir o que é família. Isso porque, atualmente tal conceito em muito se pauta no afeto, mas não apenas nisso. - Historicamente, nas Ordenações Portuguesas, família era apenas o matrimônio entre homem e mulher. - O não reconhecimento de entidades familiares provoca diminuição de direitos, visto que sua consequência mais latente é a segregação. - A noção de Direito de Família no Código Civil de 1916 era hierarquizada. - Com a CF/88 e a promulgação do CC/02, houve previsão expressa de igualdade entre filhos; e homem e mulher; e orientação sexual. - O rol de famílias na lei não é taxativo, o que se traduz no conceito de plurifamiliaridade. *Rodrigo da Cunha Pereira defende a Família Multiespécie, que seria entre humanos e animais. Trata-se de posição minoritária não defesa pelo Código Civil. > SOMENTE COMPRAR LivRos DE 2020 EM DIANTE > UMA DAS PRIMEIRA'S JVFLAS A REALIZAR CASAMENTOS LGBTT * LivROS CIA'ssilos E MAIS ESPECI'Fic05 PARA O DIREITO DE FAMILIA . * DIREITO DE VANGUARDIA. LivRos MAIS GENÉRICOS ,] mn.stn.mpe-mpt-poau.it,RA . - Provimento 63/2017 do CNJ: Reconhecimento da filiação socioafetiva, podendo ser somada à filiação já existente (possibilitando que, judicialmente, uma pessoa possua mais de um genitor). - A formação familiar atualmente se apropria de um conceito de eudemonia. Família eudemonista. Tal conceito, por seu turno, se traduz na ideia de busca pela felicidade individual. - Nesse caso, quando a busca pela felicidade se torna comum aos que compõem a relação, forma-se uma família. Dessa forma, questiona-se: não deveria ser possível a desconstituição do vínculo familiar pela ausência de afeto? Aula 2 - 15/08/2022 Tema I: Noções gerais de Direito de Família 1. O Direito de Família - Fundamento legal: Artigos 226 e 227 da Constituição Federal (colocam a familia como base da sociedade, conferindo tutela jurisdicional - “lócus em que cada ser humano irá se desenvolver” - e proteção observando-se a privacidade. Nos casos de crianças e adolescentes, a responsabilidade por eles é primeiro da família e, após, do Estado e da sociedade) + artigos 1.511 a 1.783 do Código Civil. - Conteúdo: Quando adentramos no tema, primeiro pensamos em relações pessoais (estado civil, estado de filiação, guarda, etc.), sendo então a primeira relação típica. Também, temos relações patrimoniais (alimentos, regime de bens, etc.) e relações assistenciais (tutela, curatela e tomada de decisão apoiada - pessoas com deficiência, idade avançada). 2. A Família - Evolução Histórica: tínhamos uma família hierarquizada, baseada em relações patriarcais, que evoluiu para a família democrática e a família eudemonista. Desconstitui-se a ideia de um chefe de família e passa-se a considerar o melhor interesse de todos que a compõem. - Conceito: Caio Mário dizia que não era possível conceituar família – família envolve aspectos nucleares, por isso, utilizamos como base alguns preceitos que ajudam no entendimento. - 1º Conceito (Pablo Stolze): Família, base da sociedade, é o núcleo (organização nuclear despersonificada, Maria Helena Diniz questiona se família deveria ter personalidade jurídica, podendo, por exemplo, entrar em uma ação de cobrança contra à família ‘X’ - posição minoritária) moldado pelo afeto (Afeto vs. amor - O afeto pressupõe algo além do sentimento, é um conceito que tenta se apropriar da psicanálise, de afetar, conviver, intervir, criar laços. Isso quer dizer que o afeto se diferencia do amor, pois enquanto o amor pode se pautar numa relação platônica, como quando amo alguém e a pessoa sequer sabe que existo, o afeto pressupõe características como convívio, participação, dinamicidade. Nesse sentido, importa destacar que o afeto começa a ser trazido ao contexto pátrio ao final dos anos 70 por João Batista Vilela, o qual possui um artigo denominado “desbiologização do direito de família”, que surge no contexto do Código Civil de 1916, que considerava como filho somente aquele que fosse proveniente de um casamento, o chamado ‘filho biológico’. Assim, Vilela buscava conceber outras maneiras de pensar em família, em que o vínculo biológico não poderia desconsiderar outras formas de filiação, como adoção, reprodução assistida, etc. Nesse contexto, há o instituto de de Posse de Estado de Filho, que, por seu turno, foi criado para demonstrar em juízo a existência de uma situação de filiação, na falta de uma certidão de nascimento. Tal instituto exigia 3 requisitos: o nome de família (utilização do nome como forma de prova do pertencimento àquela família), trato (demonstração em juízo que a mãe trata como filha, por exemplo) e fama (publicidade social de que é tratado dessa forma). Assim, se apropriando das teses apresentadas,Vilela teoriza no sentido de que o afeto pode também constituir forma de constituição de família e de vínculos de filiação. Destarte, quando fala-se hoje em filiação socio-afetiva, denota-se que não basta que o indivíduo seja tratado com afeto como se filho fosse, é necessário que tal situação de filiação seja socialmente externalizada.), tendente à estabilidade (Afasta relações marcadas pela efemeridade, distanciando, assim, a questão do namoro, na qual não se tem imediata intenção de constituir família), na perspectiva da função social de permitir a realização pessoal de cada um de seus integrantes. 2º Conceito (relacionado à NOB/SUAS: Norma Básica do Sistema Único de Assistência Social): Família é um grupo de pessoas vinculadas por laços consanguíneos, de aliança ou de afinidade, onde os vínculos circunscrevem obrigações recíprocas e mútuas, organizadas em torno de relações de geração e de gênero (gênero, no contexto do CC de 16, replica-se no sentido de outorga do marido e castigo físico às mulheres, até então tidas como incapazes da prática dos atos da vida civil). Conceito previsto no escopo da NOB/SUAS. Critérios classificatórios: Acepções Amplíssima (art. 1.412, parágrafo 2º, CC + Lei 8.112 de 90 (lei dos servidores públicos) – É aquela que considera como família todas as pessoas unidas no domicílio familiar. No exemplo do art. 1.412 do CC, inclui até os empregados domésticos no caso do usufruto. A Lei 8.112 também faz menção. Artigo 1.829 do CC - máximo da herança. Ampla (art. 1.591 e ss, CC) – Alguns autores chamam esse de ‘lata’, no sentido de ser grande. É aquela que considera como família o grupo formado pelos ascendentes, descendentes e colaterais até 4º grau. Relações de parentesco. Restrita (art. 1.567, 1.716, do CC/02 e art. 226, §§ 1º e 2º da CF) – Aquela que considera como entidade familiar somente os cônjuges e companheiros e seus filhos. - Alimentos: ascendentes > descendentes > colaterais até 2º grau e vínculos patrimoniais desfeitos (no momento do desfazimento, dever de assistência mútua-recíproca. - Guarda: pressupõe contato diário - Tutor: até a maioridade, quem detém o poder familiar são os pais. Quando não tem pais (destituídos, falecidos, etc), precisa-se de um tutor, um representante que não tem poder familiar sobre a criança. Quando maior de idade, e não possui capacidade, enseja a nomeação de um curador. Fato jurídico lato sensu (sentido amplo) Fato jurídico stritu sensu (sentido estrito/natureza) Ato jur. lato sensu - Homem Podendo ser: Ilícitos Lícitos: a) Ato jurídico em sentido estrito (tem vontade inicial + efeitos em lei) b) Ato-fato jurídico (não tem a vontade inicial + efeitos dalei) c) Negócio jurídico (vontade inicial + vontade sobre os efeitos da lei) 3. Espécies de Família (a doutrina geralmente cria nomes diferentes) - Nuclear: Limitada à unidade de pais e filhos (fala-se em núcleo familiar de pais e filhos. - Extensa (ou ampliada): Se estende além do núcleo familiar e inclui parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculo de afinidade e afetividade. (Art. 25 do ECA, p.ú., para situações gravíssimas em que é necessária a retirada da criança do núcleo familiar, não há condições de que aquela criança ou adolescente seja inserida na família extensa, ainda que tenha afinidade e afetividade). Obs.: Cadastro nacional de adoção, com poder familiar destituído. Adoção por contato. - Matrimonial: Família oriunda do casamento (já foi única forma de família formalmente considerada, hoje é só mais uma) - Informal: Constituída pela união estável. O uso desse termo expressa a ideia de informalização do casamento, razão pela qual a prof não acha adequada essa denominação, visto que existe sim a formalização da união estável, através de escritura pública feita em cartório. - Homoafetiva: ADI 4277 e ADPF132. A prof não acha adequada essa denominação, pois existe certa discriminação com a evolução jurisprudencial. - Monoparental: Família formada por um genitor e seus descendentes. - Anaparental: Família formada sem pais. Não tem descendentes. É decorrente da convivência entre pessoas (Maria Berenice Dias), ainda que não parentes, baseada no afeto familiar, sem relação de descendência direta, dentro de uma estrutura com identidade e propósito; ex.: duas irmãs. - Pluriparental (mosaico – termo de Maria Berenice Dias –, família recomposta, reconstituída ou mesclada): Alguns núcleos familiares se tornando um mosaico. É aquela família em que um dos integrantes ou ambos tem filhos oriundos de uma relação precedente, e todos compõe uma estrutura familiar. - Unipessoal: Formada por apenas uma pessoa. (Alguns autores falam em lenda jurídica. A súmula 364 do STJ fala sobre penhora de um imóvel em que residia como bem de família, alegando como fundamento a lei 8.009. O STJ conferiu uma proteção equiparada ao bem de família. Ex.: Seria a Dona Clotilde se não tivesse seu gato. - Paralela: É aquela formada quando um dos membros é impedido de casar-se já que é civilmente casado com outro (impedimento do art. 1.512, IV do CC, ou por já ter constituído união estável anterior). Obs.: Art. 1.723, § 1º do CC, permite ao separado de fato constituir em nova união. Obs2.: 2º relacionamento com união estável hoje ainda se fala em concubinato. - Poliafetiva-plúrima: É a relação afetiva de mais de duas pessoas em convivência consentida na qual há uma integração afetiva entre os membros que afasta a exigência cultural de uma relação de exclusividade onde um vive para o outro já que se trata de mais pessoas vivendo todas sem as correntes de uma vida conjugal convencional (conceito de Rolf Madaleno). Ex.: Trisais. - Eudemonista: Faz parte do conceito atual de família e pressupõe à luz da função social que a família é o ambiente para que seus membros busquem sua felicidade pessoal, vivendo um processo de emancipação individual - Belmiro Welter - Multiespécie: Família formada pelo vínculo afetivo entre seres humanos e animais de estimação. Rodrigo da Cunha Pereira - ideia de adotar sopeso de razoabilidade e proporcionalidade para fixar responsabilidades - Virtual: Desde que nunca se vejam - Lourival Serejo - Ectogenética: Família formada por filhos decorrentes de técnicas de reprodução assistida. A prof acha inadequada essa denominação. Aula 3 - 22/06/2022 Tema II - Relações de Parentesco 1. Introdução ⁃ Conceito: É a relação vinculatória existente entre pessoas que descendem umas das outras ou de um mesmo tronco comum, que aproxima os cônjuges ou companheiros dos parentes do outro ou que se estabelece por reconhecimento jurídico. Conceito adaptado de pontes de miranda, pois ele quando o desenvolveu pensava numa ficção jurídica pois levava em conta apenas a adoção. Contudo, atualmente a lei também reconhece a afetividade como critério para constituição de família (provimento do CNJ). ⁃ Não há que se falar em vínculo de parentesco entre cônjuges ou companheiros que, muito embora estejam inseridos dentro de uma mesma relação familiar, guardam entre si outra espécie de vínculo: matrimonial ou conjugal (no caso de casamento) ou convivencial (no caso de união estável). 2. Espécies de parentesco ⁃ Quanto à origem (art. 1.593 do Código Civil: O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem.) a) Natural ou consanguíneo (biológico) b) Civil (criado pela legislação: adoção / socioafetividade provimento 63 do CNJ) c) Por afinidade (art. 1.595 do Código Civil: Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade) - esse tipo de parentesco tem um limite, pois ele se estende aos ascendentes e descendentes, mas na linha colateral se estende apenas até o segundo grau (irmãos). O parentesco por afinidade NÃO se estingue com a dissolução do relacionamento (sogra, por exemplo, é parente para sempre). Essas definições também se aplicam à união estável. Ditado da prof: É o vínculo criado pelo casamento ou pela união estável que liga os parentes em linha reta ou colaterais de segundo grau aos parentes do outro cônjuge ou companheiro. ⁃ Existe impedimento para casamentos apenas na linha ascendente e descendente (sogro, enteado, etc). Art. 1.521 e incisos (causas de impedimento matrimonial). Para colaterais não há essa limitação (é possível se casar com cunhado, por exemplo). 3. Linhas de Parentesco a) Linha reta - Quando descendem uns dos outros (pai, filho, neto…) b) Linha lateral / Transversal / Colateral - Quando pertencem a um mesmo tronco familiar (irmãos, primos, etc) 4. Graus de parentesco ⁃ Contagem: é feita pelo numero de gerações entre as pessoas que estou contando. Ex: Meu pai - parentesco em linha reta, ascendente, de primeiro grau. Na linha colateral é necessário contar a quantidade de gerações entre o ascendente comum, logo não existe colateral de primeiro grau, apenas a partir de segundo grau. Ex.: Meu irmão - parentesco em linha colateral, de segundo grau. Filho do meu irmão - parentesco colateral, de terceiro grau. ⁃ Limites: Na linha reta a relação de parentesco para o direito civil é infinita, pois a lei não limita (art. 1.591, CC). Na linha colateral o parentesco é limitado ao quarto grau (art. 1.592, CC). No parentesco por afinidade na linha reta, não há limite (art. 1.595, parágrafo 1º), mas, na linha colateral, está limitado ao 2º grau (art. 1.595, parágrafo 1º, parte final). ⁃ Fazer a nossa árvore genealógica até o colateral até o 4º grau Aula 4 - 24/06/2022 Tema III: Casamento ⁃ Conceito e Natureza Jurídica Correntes para definição da natureza jurídica do casamento: 1. Publicista 2. Privatista: > Contratualista - Entende o casamento como contrato. Defensores: Caio Mario, Orlando Gomes, Silvio Rodrigues > Não-contratualista - Defensores: Maria Helena Diniz (conjunto de normas), Washigton de Barros, Arnaldo Rizzardo, Arnold Wald. Cada um entende de uma forma, que não seria o contrato pois os efeitos estão previstos pela lei. > Teoria mista ou eclética - José Fernando Simão, Flávio Tartuce, Pablo Stolze. Defendem que é um contrato de natureza especial, quando se pratica o ato, em razão da manifestação de vontade, ele possui natureza contratual. Contudo, após a prática do ato, ele se torna um instituto, visto que a regulamentação do ato encontra- se prevista na lei. Definição ditada: Entende o casamento como um contrato no momento de sua formação (de natureza especial de direito de família), mas reconhece que uma vez celebrado, quanto ao seu conteúdo, se caracteriza como uma instituição cujos efeitos são previstos em lei. ⁃ Pressupostos-existenciais:consentimento (art. 1.538, I, CC) + celebração por autoridade materialmente competente (resolução 06/1997/TJRJ - condições para juiz de paz) + diversidade de sexos (ADI 4.277 / ADPF 132), Res. 175113/CNJ (nenhum cartorário ou tabelião poderia se recusar a efetuar casamento de pessoas do mesmo sexo) *O STF julgou que entre pessoas do mesmo sexo poderia haver união estável com todos os seus efeitos, e a lei prevê que a u.e. pode ser convertida em casamento. Consequentemente, criou-se a possibilidade de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nesse sentido, atualmente não há diferenciação entre sexos, atualmente lê-se “duas pessoas”. *Custas para casamento: A celebração do casamento é gratuita, mas o procedimento de habilitação do casamento é pago e fixado por portarias dos TJs. Mas também é preciso do registro do casamento e outros atos que são pagos! *A competência territorial é relativa e pode ser impugnada. Quando os nubentes escolhem outro lugar para celebrar o casamento a competência se prorroga. Quando é em outro país deve ser realizado no consulado caso a pessoa já queira sair do país casada perante a justiça brasileira. Autoridades competentes: Juízes de paz, tabeliões dos cartórios de registro civil e autoridades religiosas habilitadas. ⁃ Capacidade: > Idade Núbil - É a capacidade civil para casamento: 16 anos. Só que entre 16 e 18 anos incompletos é necessária a autorização dos responsáveis legais. Caso um dos responsáveis ou ambos se neguem a fornecer autorização, cabe pedido de suprimento judicial de recusa de vontade (nesses casos há obrigatoriedade de que o casamento seja celebrado sob o regime da superação obrigatória de bens). > Art. 1.520, CC - Absoluta vedação do casamento para menores de 16 anos, pois antes havia a possiblidade de grávidas menores de 16 anos receberem autorização judicial para casar, o que foi extinto em 2019 com a mudança na redação do artigo. > Suprimento Judicial –> Art. 1.517, p.ú., e art. 1.519 –> Separação obrigatória de bens (art. 1.614, III, CC) > Pessoas curateladas tem o direito livre de se casar, a única objeção que o EPC faz é com relação aos atos personalíssimos (art. 85 do estatuto), como por exemplo planejamento familiar, quantidade de filhos etc. A doutrina discutiu muito a respeito da escolha do regime de bens ao momento da aprovação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, nesse caso, como a lei buscava dar mais autonomia aos PCDs, não foi estabelecido impedimento quanto à escolha do regime. ⁃ Esponsais - Promessa de casamento ou (popularmente) noivado. Não é elemento essencial para o casamento, e também não gera efeito vinculativo e obrigatório. Não existem formalmente para o direito civil, é apenas uma declaração de que há intenção de casamento. Existem, contudo, situações que podem acompanhar a possibilidade de indenização (ex.: gastos com o noivado cancelado, humilhação, etc) *O STJ já definiu que não cabe pedido de indenização por traição para o amante, mas cabe contra o cônjuge traidor, desde que se trate de casamento e que se prove o efetivo dano sofrido (como danos psicológicos etc, daí a necessidade de apresentar laudos e afins). Aula 5 - 29/06/2022 Tema III: Casamento (Cont.) - Deveres do casamento: Surgem a partir do momento que o casamento é celebrado. Estão previstos no art. 1.566 do Código Civil: São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; (essa obrigação remonta às ordenações filipinas, onde havia autorização do marido matar a esposa nos casos de adultério (título 38 das OFs). A fidelidade seria um princípio do casamento? Para a doutrina seria na verdade mera regra e que, consequentemente, pode ser alterado por legislação ordinária. No caso da União Estável não consta fidelidade e sim lealdade. Por isso, fidelidade, para a doutrina, seria o relacionamento sexual apenas entre os cônjuges) II - vida em comum, no domicílio conjugal; (a doutrina chama isso de coabitação, que seria não apenas viver sob o mesmo teto, mas também manter relações sexuais. Maria Berenice Dias defende que o sexo seria um dos deveres do casamento, que não poderia ser exigido mas seria esperado e, portanto, poderia levar a hipóteses de anulação do casamento, como quando um dos cônjuges descobre na noite de núpcias que o outro não pretende manter relações sexuais) III - mútua assistência; (no casamento não fala-se apenas de assistência material (financeira), abrange também a assistência emocional, moral, espiritual etc. Tais deveres cessam com o fim do casamento, mas No caso do pagamento de alimentos decorrentes da assistência não, pois podem persistir mesmo após o fim da relação. A jurisprudência atualmente tenta limitar esse tipo de pagamento, vide REsp 1.025.769/STJ (alimentos transitórios). Tal posicionamento visa reduzir hipóteses em que a pensão alimentícia vira renda) IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos. ⁃ Invalidade do casamento: Para existência do casamento basta manifestação de vontade e casamento celebrado por autoridade materialmente competente. No plano da validade temos hipóteses de nulidade (art. 1.548) e de anulabilidade. Hipóteses de nulidade: Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: I - revogado II - por infringência de impedimento. (São as hipóteses em que sou impedido de me casar - art. 1.521 do CC) ⁃ Impedimentos do casamento: Art. 1.521 do Código Civil Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; (natural ou adoção) II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; (em caso de colateral de 3º grau (tios e sobrinhos), em razão do Decreto Lei 3.200/1941, art. 2º tornou- se possível pedir autorização legal demonstrando a inexistência de incompatibilidades genéticas. Se for adoção, a incompatibilidade biológica também pode ser alegada) V - o adotado com o filho do adotante; (não importa se é adotado ou não) VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Aula 6 - 06/07/2022 Tema III: Casamento - Escada Ponteana Requisitos de Existência 1. Autoridade materialmente competente 2. Manifestação de vontade 3. Duas pessoas Requisitos de Validade 1. Nulidade (impedimentos do art. 1.521 do Código Civil) ⁃ As causas de impedimento do art. 1.521 geram nulidade, e, portanto, caso o casamento seja celebrado na presença de uma dessas causas é cabível a propositura de ação declaratória de nulidade de casamento. 2. Anulabilidade a) Capacidade: Se não tiver capacidade, esse casamento pode ser anulado em até 180 dias (se passado o prazo ele se consolida). Quando falamos de capacidade, falamos também de procuração. Ex.: Eu posso outorgar à outra pessoa case em meu lugar. Caso haja uma cerimônia com a minha procuração e eu já tenha desistido, tenho o prazo de 180 dias a partir do conhecimento da cerimônia para pedir a anulação. Obs.: Caso seja comprovada a coabitação, a anulação não é mais possível. b) Vontade livre - Vícios: erro essencial (art. 1.557 do Código Civil - 3 anos para anulação) e coação (art. 1.558 do Código Civil - 4 anos para anulação) - Consentir inequivocamente c) Procedimento legal (os nubentes vão até o cartório e fazem o pedido de habilitação para casamento, pagam as taxas competentes, e o escrivão elabora um documento chamado “proclamas” (são os editais), para os interessados se manifestem sobre) - Habilitação: momento em que é escolhido o regime de bens, que pode ser impugnado durante o procedimento de habilitação por terceiro, até o momento da celebração. Os editais para impugnação ficam disponíveis por 15 dias. Não havendoou sendo julgada improcedente a impugnação, é emitida a certidão de habilitação para o casamento que tem validade de 90 dias para que o casamento seja celebrado. Sendo celebrado dentro de 90 dias, o casamento é devidamente registrado e é expedida a certidão de casamento oficial. Obs.: No caso de casamentos religiosos celebrados na igreja, é admissível a habilitação posterior. - Celebração - Incompetência Relativa = 2 anos *Moléstia grave - Art. 1.539 do Código Civil: No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. *Casamento nuncupativo - Art. 1.540 do Código Civil: Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. Requisitos de Eficácia (Para a próxima aula) 1. Deveres 2. Regime de bens Aula 7 - 08/07/2022 Tema III: Casamento - Escada Ponteana (cont.) Requisitos de Eficácia ⁃ Prova do casamento (social) ⁃ Deveres matrimoniais (pessoal - a partir do momento que me caso tenho deveres matrimoniais a cumprir - Art. 1.565 ao 1.570 do CC) ⁃ Regime de bens: patrimonial (Art. 1.639 ao 1.652 do CC) - art. 1.647 do CC (outorga conjugal/uxória) –> Causas suspensivas (art. 1.523 do Código Civil) ⁃ Art. 1.523 do CC: Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Tipos de regime de bens 1. Comunhão parcial de bens - regime legal/supletivo (art. 1.658 ao 1.666 do CC) Causas de Incomunicabilidade: Art. 1.659 - Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; (são todas as obrigações, ou seja, as dívidas também entram) IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; (o STJ entende que enquanto é salário não recebido é só seu, a partir do momento que recebe é dos dois) VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. 2. Comunhão universal de bens 3. Separação total de bens: Pode ser separação total voluntária (essa hipótese, chamada de absoluta, é a única que não precisa de outorga marital) ou separação obrigatória de bens (cônjuge com mais de 70 anos - suprimento judicial/obrigação legal) 4. Participação final nos aquestos Outorga Conjugal (Art. 1.647 do Código Civil) Art. 1.647 - Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. ⁃ Em inúmeros casos, o cônjuge nem tem direito aquele bem, mas ainda assim a lei exige que ele dê a outorga, pois todo o patrimônio dos dois está condicionado a mútua assistência (ajuda financeira quando necessário, etc) ⁃ Outro efeito patrimonial do casamento é o direito real de habitação, onde o cônjuge sobrevivente tem o direito de permanecer vivendo na residência do casal após o falecimento do outro, mesmo que não tenha direito de herança. Art. 1.831 do Código Civil: Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. Direito Sucessório ⁃ A abertura da sucessão começa no momento da morte (apesar de ser ficção jurídica, legalmente falando a sucessão é aberta no minuto que a pessoa falece) ⁃ A transmissão ocorre para quem? ⁃ Existem duas formas de sucessão: ou por testamento (só até 50% dos bens, a outra metade segue a ordem legal) ou pois a lei determina como herdeira (sucessão legítima) ⁃ O objetivo do inventário é determinar quem herda e quanto Art. 1.829 - A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (não tem limite para essa busca e deve sempre começar pelos graus mais próximos excluindo os remotos) I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; (a interpretação que o supremo deu é de que também vale o companheiro. A lei não determina regime de bens, então mesmo que seja separação total se só o cônjuge estiver vivo ele herda tudo) IV - aos colaterais. (Só até o 4º grau - Primeiro irmãos, depois sobrinhos, depois tios e os de 4º grau não tem ordem) *Se todos os herdeiros estiverem mortos o Estado herda os bens *Os impedimentos para receber herança estão previstos no art. 1.801 do CC: Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. ⁃ Os herdeiros legais necessários (incisos do I, II e III do art. 1.829) são obrigatórios e só podem ser excluídos da sucessão nas hipóteses de deserdação ou de indignidade. Arts. 1.814 à 1.818 do CC. ⁃ São hipóteses em que o cônjuge herda como herdeiro necessário: quando for o regime da comunhão parcial de bens quando tiverem deixado bens particulares ; quando for regime da separação total de bens (voluntária) ; ou quando for regime de participação final nos aquestos. Dessa forma, quando o regime é da comunhão universal de bens o cônjuge não é herdeiro pois ele já é meeiro. Aula 8 - 13/07/2022 Tema III: Casamento - Tópico 8: Regime de Bens do Casamento Comunhão Parcial de Bens Arts. 1.658 a 1.660 do Código Civil ⁃ Regime supletivo –> Dispensa pacto antenupcial (art. 1640) ⁃ Bens incomunicáveis –> Art. 1.659 do CC ⁃ Todos os bens adquiridos onerosamente ou por fato eventual (caso do BBB) na constância do casamento passam a compor um matrimônio comum. Bens compartilháveis/meação. A lei chama de mancomunhão. ⁃ Formam-se 3 massas de bens: A do marido, da esposa e o patrimônio comum. ⁃ Causas de Incomunicabilidade: Art. 1.659 - Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento,por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; (são todas as obrigações, ou seja, as dívidas também entram) IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; (o STJ entende que enquanto é salário não recebido é só seu, a partir do momento que recebe se compartilha. STJ entende que até o FGTS pode ser compartilhado, desde que o levantamento seja feito quando de fato houve prazo para tanto) VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. Marido Esposa C O M U M Comunhão Universal de Bens ⁃ Regime supletivo até 1977 (Lei do Divórcio) ⁃ Bens incomunicáveis –> art. 1.668 (Exceto frutos - art. 1.669 do CC) ⁃ Vedada sociedade empresarial –> art. 977 do CC ⁃ Comunhão universal prevê que o patrimônio da mulher e do marido vão passar a formar um patrimônio comum, e,em caso de dissolução(morte ou divorcio) o patrimônio vai ser dividido. Logo, a meação vai incidir sobre os bens comuns. ⁃ Exceções ao regime (causas de incomunicabilidade): Art. 1.668. São excluídos da comunhão: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; (Ex.: Quero deixar de herança bens para os filhos que minha irmã terá (prole eventual). Nessa hipótese, é possível deixar os bens em fideicomisso com uma pessoa de confiança (fideicomissário) que irá receber os bens em propriedade resolúvel e cuidar deles até que se acabe o prazo legal de 2 anos. Acabando o prazo a propriedade passa o fideicomissário) III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; (Fora as exceções do inciso, as dívidas adquiriras antes do casamento não se comunicam) IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. ⁃ Nas hipótese de cláusulas de incomunicabilidade os frutos se compartilham. (Vide art. 1.669 do CC) C O M U M M A R I D O E S P O S A Separação de Bens ⁃ Obrigação legal de contribuir para manutenção da família - salvo pacto antenupcial (art. 1.688). Manutenção da familia como despesas de sustento, obrigações familiares, etc. ⁃ Liberdade para gravar bens imóveis (art. 1.647). Nessa hipótese não é necessária a outorga uxória. 1. Legal/Obrigatória (art. 1.641) ⁃ Vedada sociedade empresária ⁃ Súmula 377 do STF: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento. (Tentando reparar alguma hipótese de enriquecimento sem causa ou fraude na herança, o STF criou essa súmula para equilibrar a situação e permitir que aquilo que for provado que for adquirido na constância do casamento por esforço comum pode ser partilhado. Há muita discussão acerca dessa súmula, especialmente por conta das questões de esforço comum que são difíceis de serem provadas e não necessariamente de valor econômico, como quando um dos cônjuges se ocupa de cuidar dos bens com limpeza etc) ⁃ Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; (Previstas no art. 1.523 do CC) II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (proteção do Idoso. Há debate quanto à inconstitucionalidade desse inciso em razão de suposta violação da autonomia do idoso) III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. (A questão dos maiores de 16 e menos de 18) Marido Esposa ⁃ Causas “suspensivas”: na verdade são hipóteses que a lei diz que não deveria casar, mas, já que vai, será pelo regime da separação de bens. Previstas no art. 1.523 do CC: Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. 2. Convencional/Absoluta ⁃ Por pacto Participação Final nos Aquestos Art. 1.672 a 1.686 do Código Civil ⁃ Esse regime não colou. Nele, a ideia é que aquilo que os cônjuges tinham antes de se casar, depois que eles se casam, continua como patrimônio particular. Além disso, tudo aquilo que for adquirido pelos cônjuges segue a pessoa que adquiriu, ou seja, se você comprou é seu. Porém, ao final, com o divórcio ou evento morte, soma-se todo o patrimônio do casal e divide por dois. ⁃ O grande problema desse regime é a contabilidade. Visto que seria muito burocrático de manter em nota quem adquiriu o que e o que é de quem. Há também a critica da doutrina de que isso pode ser motivo de fraude, visto que durante o casamento você não é dono do patrimônio de seu cônjuge, mas ao final você vai ser. ⁃ Montante a ser partilhado na dissolução (art. 1.676, 1.683, 1.684 e 1.686) excluindo os do art. 1.674 Marido Marido Esposa Comum Esposa Aula 9 - 15/07/2022 Dissolução do Casamento • Sociedade Conjugal: ⁃ Fidelidade ⁃ Vida em comum A. Coabitação B. Regime de Bens • Vínculo Matrimonial ⁃ Mútua assistência ⁃ Impedimento de novo casamento Causas (art. 1.572 do Código Civil) • Causas terminativas ⁃ Morte ⁃ Divórcio • Causas dissolutivas ⁃ Nulidade ⁃ Separação Separação ⁃ De fato: Pessoas ainda casadas, com vinculo matrimonial, mas na prática não convivem mais, sem a devida regularização judicial. ⁃ De corpos (art. 1.562 do CC): É o que se chamava de medida cautelar. Medida acautelatória de afastamento de um dos cônjuges do lar do casal. É medida judicial que implica na cessação da comunhão de bens. Usada em casos de violência doméstica. Art. 1.562 - Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de separação judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a parte, comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível brevidade. ⁃ Judicial (art. 1.577 do CC): Obrigatória em caso de litígio. Art. 1.577 - Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo. ⁃ Litígios: 1. Falência (art. 1.572, § 1º) § 1º - A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges provar ruptura da vida em comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição. 2. Sanção (art. 1572, caput): Ferimento aos deveres do casamento Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum. 3. Remédio (art. 1.572, §2º): Doença mental grave de cura improvável manifestada após o casamento (precisava estarhá 2 anos casado) § 2º - O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver acometido de doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação da vida em comum, desde que, após uma duração de dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável. ⁃ Consensual: Quando as partes estão de acordo. Pode ser feito em cartório caso não haja menor ou incapaz. Linha do Tempo 1. CC/16: Casamento indissolúvel (influência da igreja católica) 2. Lei 6.515/77: Traz o desquite (rompia apenas com a sociedade conjugal) e o divórcio (instituto que, além da sociedade conjugal, rompe também com o vínculo matrimonial). Previa a possibilidade do divórcio mas não trazia seu procedimento. 3. CF/88 (art. 226, §6º): Tirou o temo desquite e passou a usar o termo separação, que seguia a mesma lógica ⁃ Divórcio (1 ano após a separação judicial) ⁃ Divórcio direto (2 anos da separação de fato) 4. Lei 1144/07: Alterou o Código Civil para prever a possibilidade de divórcio extra judicial 5. EC 66/10: Pegou o artigo da constituição que previa requisitos temporais para o divórcio (art. 226, §6º) e extinguiu esse prazo. Divórcio sem prazo. Extingui apenas os requisitos temporais do divórcio, não acabou com a separação. 6. CPC/15: “Separação” Aula 10 - 20/07/2022 Tema 4: Dissolução do Casamento (Cont.) ⁃ Sociedade Conjugal 1. Coabitação 2. Regime de Bens ⁃ Vínculo Matrimonial 1. Mútua assistência 2. Novo casamento ⁃ A separação judicial impõe o rompimento somente da sociedade conjugal, enquanto o divórcio rompe tanto a sociedade conjugal quanto o vinculo matrimonial. Pessoas somente separatas judicialmente continuam com o dever de mútua assistência e com o impedimento de novo casamento ⁃ Extinção da separação judicial consensual? *Não: Basicamente, a separação litigiosa não mais existe para a doutrina majoritária. Pois, caso haja uma briga não há intenção de reatar (IBDFAM) *Sim: Decisão do STJ, Min. Galati e Alexandre Câmara ⁃ Efeitos da culpa: 1. Sobrenome (art. 1.578 do CC) Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar: (há muita crítica da doutrina nesse sentido, pois apesar da previsão do caput, os incisos trazem tantas exceções que pouquíssimas são as hipótese em que o juízo irá de fato determinar a nao utilização do nome) I - evidente prejuízo para a sua identificação; (se você já é conhecido por esse nome socialmente, não há necessidade de repercussão nacional do sobrenome para que o juízo considere prejuízo à sua identificação) II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida; III - dano grave reconhecido na decisão judicial. 2. Alimentos (art. 1.704 do CC) - Esse dever existe por conta da obrigação de mútua assistência e vai depender de determinação judicial. Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. (Caso culpada, haverá necessidade de se observar o P.U.) Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. *José Fernando Simão entende que a análise da culpa ainda influencia na determinação de alimentos. Defende uma visão positivista (ao pé da letra do artigo). Ou seja, precisa comprovar a culpa para que sejam fixados alimentos. *Fachin, por sua vez, entende que a culpa não exerce influência sobre tal determinação, bastando portanto a demonstração dos requisitos dos alimentos (necessidade e capacidade). Não precisa comprovar a culpa. 3. Dano moral (o cônjuge culpado pelo término pode ser condenado à indenizar o outro. Porém, esse tipo de reparação não é restrita ao casamento. A única que é mais específica do caso seria a de casos de traição, hipótese na qual deverá ser averiguado no caso concreto qual foi o efetivo dano provocado. Existe também a hipótese que a doutrina considera dano moral in re ipsa (ou seja, presumido - nem precisa provar que houve dano moral efetivo), que seria a de gravidez de outro não comunicada. Nesse caso, caso o cônjuge engravide de outro e não comunique, há presunção de dano moral) ⁃ Divórcio (é considerado direito potestativo, podendo, inclusive, ser pedido e deferido liminarmente) 1. Consensual: (pelo princípio da inafastabilidade da jurisdição, o judiciário não impede a realização de divórcio consensual pela via judicial) a) Judicial (art. 731 do CPC) b) Extrajudicial (art. 733 do CPC) - feito pelo cartório, e não é cabível nas hipóteses quem há filhos menores ou incapazes, hipótese em que haverá necessidade de atuação custus legis do MP. Art. 733. O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731. 2. Litigioso (necessariamente precisa se dar pela via judicial, há procedimento especial para isso) –> Judicial (art. 693 a 699 do CPC) *Filhos –> art. 1.579 do CC (filhos continuam sendo filhos independentemente de divórcio ou novo casamento dos pais, sua situação jurídica não muda) Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos. Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar restrições aos direitos e deveres previstos neste artigo. Aula 11 - 22/07/2022 Tema 5: União Estável Linha do Tempo 1. Código Civil de 1916: Punição a relações não matrimoniais = Concubinato ⁃ Indenização “pressium canis” 2. 1960: Indenização por serviços domésticos ⁃ Sociedade do fato: Súmula 380 do STF ⁃ Concubinato puro ≠ Concubinato impuro 3. CF/88: art. 226, § 3º - União Estável ⁃ Deu abertura hermenêutica para outros tipos de família 4. Lei 8971/94: União estável é a união entre pessoas não casadas entre si, mas que não tivesse impedimento. ⁃ 5 anos + prole ⁃ Alimentos ⁃ Sucessão ⁃ Usufruto 5. Lei 9278/96: Sem prazo / separação de fato ⁃ Direito real de habitação ⁃ Presunção de esforço comum ⁃ Alimentos por rescisão 6. CC de 2002: art. 1.723 a 1.726 do CC ⁃ Vínculo de afinidade ⁃ Adoção ⁃ Poder familiar ⁃ Alimentos ⁃ Bem de família ⁃ Direitos sucessórios 7. ADI 4277 e ADPF 132 ⁃ União homoafetiva 8. RE 646.721 e 878.694 ⁃ Equiparação, para efeitos sucessórios, da união estável ao casamento (art. 1.829 do CC) Elementos A) Essenciais (requisitos) ⁃ Estabilidade (Relacionamento duradouro, mas não há prazo determinado. Precisa-se analisar no caso concreto. Não podem ser relacionamentos fugazes) ⁃ Publicidade ⁃ Continuidade ⁃ Objetivo atual de constituir família (Requisito mais importante. Difícil de provar, mas é o mais levado em conta para se decretar a U.E) B) Acidentais (Podem existir ou não. Funcionam mais como meio de prova) ⁃ Tempo (não tem prazo! REsp. 1.194.059) ⁃ Prole ⁃ Coabitação (súmula 382 do STF) ⁃ Contrato / escritura pública Facilitação da conversão da U.E. em casamento ⁃ Art. 226, § 3º da CF ⁃ Art. 1.726 do CC Aula 12 - 27/07/2022 Tema 6: Filiação ⁃ Filiação é o vínculo que liga pais e filhos ⁃ em diversas formas de reconhecimento da paternidade, descritas abaixo. 1. Fases (Pablo Stolze) A) Paternidade legal/jurídica ⁃ Antes, no CC de 1916, havia a distinção: i) Filhos legítimos - Decorrentes do casamento ii) Filhos ilegítimos: b. Naturais - filhos de fora do casamento a. Espúrios - filhos de relações proibidas: adulterinas e incestuosas B)Paternidade biológica/científica ⁃ Com a vigência do código civil de 2002, revogaram-se as distinções acima para se ingressar no reconhecimento da filiação em qualquer caso que se comprove o vínculo científico/biológico entre pai e filho (teste de DNA) C) Paternidade socioafetiva ⁃ Não interessa mais qual a origem da filiação (biológica, adoção…), todos os filhos são iguais perante a lei. Texto do prof. João Batista Vilela: Desbiologização da Paternidade. ⁃ Essa modalidade de paternidade não consta expressamente em nenhuma lei. Surge por conta de expressões abertas empregadas pelo legislador como “outras formas de filiação” etc. D) Multiparentalidade ⁃ Incluído pela professora. ⁃ Previsto pela primeira vez em decisão do TJSP, que permitiu a inclusão de mais uma pessoa no campo da paternidade. ⁃ Chegou ao STJ, onde se admitiu a possibilidade do vínculo afetividade, mas questionou-se quanto ao vínculo biológico. Pois existem casos em que a paternidade biológica é unilateral (não há afetividade). Portanto, o STJ entendeu que precisaria-se de um mínimo de afetividade, é preciso que haja vontade do filho. ⁃ O STF entendeu, em sede de repercussão geral 622, no sentido de que não há hierarquia entre os tipos de paternidade. Para o STF, ainda que não haja afetividade, pode o pai biológico pleitear seu registro. ⁃ CNJ editou o provimento 63, que foi atualizado pelo provimento 83, onde passou-se a prever que, para maiores de 12 anos, pode-se fazer o reconhecimento da socioafetividade ou da multiparentalidade em cartório. Limitações: só pode-se incluir mais um, precisa-se de consenso e existem restrições da parentalidade afetiva (as mesmas da lei de adoção): pessoas que já tenham vínculo de parentesco não podem adotar (Ex. avô não pode adotar neto). Excepcionalmente, o STJ admitiu em dois casos muito específicos que uma avó adotasse um neto e um irmão adotasse uma irmã. *Tais paternidades se somam e foram sendo desenvolvidas com a progressão do ordenamento jurídico. 2. Presunção de Paternidade Art. 1.597 do CPC: Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: RELATIVAS: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; ABSOLUTAS: III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. 3. Reconhecimento de filhos A) Voluntário B) Judicial ⁃ CNJ editou o provimento 63, que foi atualizado pelo provimento 83, onde passou-se a prever que, para maiores de 12 anos, pode-se fazer o reconhecimento da socioafetividade ou da multiparentalidade em cartório. Limitações: só pode-se incluir mais um, precisa-se de consenso e existem restrições da parentalidade afetiva (as mesmas da lei de adoção): pessoas que já tenham vínculo de parentesco não podem adotar (Ex. avô não pode adotar neto). Excepcionalmente, o STJ admitiu em dois casos muito específicos que uma avó adotasse um neto e um irmão adotasse uma irmã. *Tais paternidades se somam e foram sendo desenvolvidas com a progressão do ordenamento jurídico. 2. Presunção de Paternidade Art. 1.597 do CPC: Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: RELATIVAS: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; ABSOLUTAS: III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. 3. Reconhecimento de filhos A) Voluntário - Declara-se pai a qualquer tempo (cartório) B) Judicial - Ação de Investigação de Paternidade * Jurisprudência posiciona-se no sentido de tutela dos direitos da criança. Aula 13 - 29/07/2022 Tema 6: Filiação (Cont.) Presunção de Paternidade Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; (a autorização feita em laboratório não tem validade - contrato) IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. Aula 14 - 05/08/2022 Tema 6: Filiação Reconhecimento da Paternidade ⁃ Resolução 22.942/2021 do CFM ⁃ Não há regulamentação formal para o tema, portanto a base do pedido é essa resolução ⁃ O filho reconhecido pode impugnar o reconhecimento (art. 1.614 do CC), em até 4 anos após o reconhecimento. Contudo, há entendimento divergente do STJ quanto a esse prazo: ⁃ REsp 601.997/STJ: Reconhece que o prazo de impugnação do filho não se aplica. Tal impugnação pode ser feita a qualquer tempo por ser direto personalíssimo. Tema 7: Guarda e Poder Familiar ⁃ O poder familiar (pátrio poder) cessa quando o menor completa 18 anos de idade. Exceção: Emancipação. ⁃ O poder familiar não pode ser cedido a outras pessoas que não sejam os pais. Mesmo com a morte dos pais (hipótese em que o menor ficará sem poder familiar). 1. Conceito de guarda ⁃ Dentro do poder familiar está contida a guarda. Presume-se que quem detém o poder familiar detém a guarda, mas a lei autoriza que seja atribuído a terceiros ⁃ Ditado da prof.: Guarda é o ato ou efeito de resguardar o filho menor, de manter vigilância no exercício de sua custódia e de representá-lo quando absolutamente incapaz ou assisti-lo quando relativamente incapaz. ⁃ A guarda do direito de família difere da guarda prevista no ECA, pois a do ECA está relacionada à criança ou adolescente em situação de ameaça/ risco de seus direitos fundamentais. ⁃ A guarda pode ser exercida de algumas formas, previstas no Código Civil (art. 1.581, § 1º): A. Guarda Unilateral/Exclusiva: É aquela atribuída a apenas um dos genitores que demonstre ter melhor condição de exercê-la, restando ao outro genitor o direito de convivência familiar e as obrigações inerentes ao poder familiar. Não é a melhor condição financeira, o juiz leva em conta, na prática, aquele que tem mais disponibilidade de tempo para ficar com o menor. B. Guarda Compartilhada: Ideia de ambos os genitores terão responsabilidade sobre a criança ou adolescente. (Definição ditada fica para a próxima aula) Aula 15 - 10/08/2022 Tema 7: Poder Familiar e Guarda Poder familiar ⁃ Conceito: É um conceito muito mais amplo que guarda. Trata-se de um poder dever. A prof. Giselle Groig diz que é um tipo de poder que foca na pessoa sobre a qual se exerce o poder. Hove uma mudança do foco do poder familiar, que antes era adultocêntrica (pátrio poder, focado nas vontades dos pais), agora encara a criança e o adolescente como sujeito de direitos. Ditado da prof.: É o conjunto de direitos e deveres dos pais em relação aos filhos menores não emancipados exercidos com base no princípio da igualdade entre os pais. Trata-se de necessidade natural que gera um poder-dever de assistir, criar e educar os filhos menores além de representá-los, reclamá-los de quem injustamente os detenha, dar consentimento para viagem, casamento ou alteração de domicílio e exigir que lhes prestem obediência,respeito e serviço próprios compatíveis com sua condição. ⁃ ≠ de Guarda: Muito mais ligada à convivência direta com o menor de idade. Pode ser desmembrada do poder familiar, visto que este só pode ser exercido pelos pais. Situação de convivência próxima com a criança. Pressupõe contato físico. ⁃ Conteúdo: 1. Esfera pessoal (art. 1.634 e ss) 2. Esfera patrimonial (art. 1.689 a 1.693) Suspensão, extinção e perda do poder familiar ⁃ Extinção (art. 1.635) ⁃ Suspensão (art. 1.637) ⁃ Perda (art. 1.638) Espécies de Guarda (arts. 1.583 e 1.584) Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. § 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. § 2º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. § 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. § 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. A) Guarda Unilateral B) Guarda Compartilhada C) Guarda Alternada D) Aninhamento Aula 16 - 12/08/2022 Tema 7: Poder Familiar e Guarda Poder Familiar ⁃ Conteúdo: 1. Esfera pessoal (art. 1.634 e ss) 2. Esfera patrimonial (art. 1.689 a 1.693) Suspensão, extinção e perda do poder familiar ⁃ Extinção (art. 1.635) Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: I - pela morte dos pais ou do filho; (pois o Poder Familiar tem caráter personalíssimo) II - pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único; III - pela maioridade; IV - pela adoção; (acaba com o Poder Familiar de um, mas cria para outros) V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. *Nas hipóteses abaixo, o Estado precisou interferir em vista do risco ao melhor interesse da criança, pois o Poder Familiar foi mal exercido pelos pais. ⁃ Suspensão (art. 1.637): Menos gravosa, pois é temporária/ provisória. Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. (O juiz fixará plano e reavaliação periódica) Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. (Art. 23, § 2º do ECA. O CC amplia o rol de casos de suspensão/perda do poder familiar, vide incisos abaixo) ⁃ Perda (art. 1.638): Medida mais gravosa, que pressupõe decisão judicial transitada em julgado que vai extinguir completamente o Poder Familiar. Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - castigar imoderadamente o filho; (vide Lei da Palmada) II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão; II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão. Espécies de Guarda (arts. 1.583 e 1.584) Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. § 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. § 2º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. § 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. § 4º (VETADO) § 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. A) Guarda Unilateral: É aquela atribuída à apenas um dos pais que apresente melhor condições de exercê-la restando ao outro o direito de convivência (visitação). Melhor condição não é necessariamente financeira (a qual será equilibrada com a pensão alimentícia), o que se avalia de fato é a disponibilidade de tempo para ficar com o menor de idade. B) Guarda Compartilhada/Conjunta: É aquela em que os pais exercem simultaneamente a guarda dos filhos que terão um domicílio de referência com um deles mas se manterão com a participação ativa do outro em seu cotidiano. C) Guarda Alternada: É aquela que se divide entre os genitores em períodos idênticos dentro dos quais cada um deles tem a totalidade de direitos e deveres com relação ao menor. D) Aninhamento/Nidação: É aquela em que a criança permanece em um domicílio e ambos os pais se alternam no exercício da guarda, indo morar com a criança cada um no seu período. Alienação Parental ⁃ Conceito: De acordo com Maria Berenice Dias, é a imputação de falsas memórias em face de um genitor por aquele que exerce a guarda daquela criança ou adolescente. É quando se cria, de má-fé, uma situação que não existe. Não é só causada por aquele que detém a guarda, podem ser outras pessoas como os avós que estão tentando desqualificar algum dos pais. ⁃ Lei 12.318/2010: Traz o rol exemplificativo de condutas que seriam consideradas alienação parental. ⁃ Rol exemplificativo (art. 2º) ⁃ Medidas cabíveis (art. 6º): Depois de apurada a alienação parental, a Lei de Alienação traz um rol de medidas cabíveis. *Alteração da Lei 14.340/22 Aula 17 - 17/08/2022 Tema 8: Alimentos Familiares ⁃ Dentro de alimentos familiares podem-se incluir: Cônjuges / companheiros ou parentesco. Além deles, existem os alimentos indenizatórios, decorrentes de relações cíveis/trabalhistas. Os alimentos indenizatórios não geram prisão civil como os alimentares, visto que são regulados de forma diversa. ⁃ Alimentos compensatórios: servem para compensar uma perda, mas que não são gerados pelo fim do casamento. Serve mais para compensar/indenizar uma decisão tomada no curso do casamento que tenha prejudicado uma das partes. ⁃ Sempre o grau mais próximo acaba preterindo o mais remoto. Nesse sentido, a ordem parase pedir alimentos inicia pelos ascendentes de primeiro grau, etc. Caso os de primeiro grau não existam ou não tenham condições, pode-se recorrer aos seguintes, contudo, a obrigação dos avós, por exemplo, é complementar. Não existe limite nos graus, pode-se buscar ascendentes, descendentes e, caso estes não existam, os colaterais até o segundo grau (a partir do 3º grau não há previsão do código da obrigação, há somente jurisprudência pacífica do STJ no sentido de que os alimentos prestados por colaterais de 3º grau são facultativos, não podendo ser exigidos em juízo). Em último grau é obrigação do Estado garantir o provimento das pessoas, a qual se manifesta através de programas assistenciais. ⁃ Ditado da prof.: Há solidariedade alimentar em caso de alimentos a idoso (art. 12 do Estatuto do Idoso). Todos os devedores solidários devem integralmente a dívida, podendo esta ser executada contra qualquer um deles, sendo cabível a ação de regresso. Nos demais casos a obrigação é divisível. ⁃ Os alimentos são fixados provisoriamente desde a data da citação. Na sentença o juiz fixa os alimentos definitivos, que poderão ser cobrados de forma retroativa desde a data da citação caso divirjam daqueles fixados provisoriamente. No caso oposto, não há obrigação de compensação! Os alimentos são irrepetíveis, ou seja, caso os alimentos fixados definitivamente sejam menores que os provisórios, não há possibilidade de se cobrar do alimentante o que foi pago em excesso. 1. A obrigação alimentar ⁃ Família vs. Comunidade ⁃ Concepção de alimentos familiares: Vão além do sustento básico (proveniente do poder familiar), servem também para manter um padrão compatível dentro daquilo que pode ser oferecido. A. Sustento B. Habitação C. Vestimenta D. Educação E. Tratamento de moléstias F. Novas necessidades 2. Legitimidade ativa do alimentante –> art. 1.694, 1.696 e 1.697, CC ⁃ Alimentos avoengos (obrigação alimentar dos avós) e avunculares (obrigação alimentar entre tios e sobrinhos) ⁃ Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. ⁃ Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos. 3. Critérios ⁃ Binômio possibilidade x necessidade (art. 1.694, § 1º e 1.695): possibilidade de quem paga e necessidade de quem recebe. Rolf Madaleno coloca ainda um 3º critério que seria a proporcionalidade. A necessidade se prova por meio de todas as despesas que a pessoa gera (escola, farmácia, hospital, etc). Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1º. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. ⁃ Alimentos próprios e impróprios 4. Temporariedade ⁃ Alimentos transitórios –> Fim das necessidades em nova família (art. 1.708 e 1.709) ⁃ Alimentos perenes (exceção) ⁃ Periodicidade? 5. Características ⁃ Personalíssimo ⁃ Irrenunciabilidade ⁃ Imprescritibilidade ⁃ Irretroatividade ⁃ Irrepetibilidade ⁃ Reciprocidade ⁃ Incessibilidade, impenhorabilidade e incompensabilidade (art. 1.707) ⁃ Transacionabilidade (vulnerabilidade x autonomia privada) ⁃ Intransmissibilidade (art. 1.700, CC + REsp 1.354.693) 6. Ações Revisionais ⁃ Alteração de condição financeira (art. 1.699) ⁃ Reajuste (art. 1.710) Aula 18 - 19/08/2022 Tema 8: Alimentos Familiares (Cont.) 1. Critérios ⁃ Binômio possibilidade x necessidade (art. 1.694, § 1º e 1.695): possibilidade/capacidade de quem paga e necessidade de quem recebe. ⁃ Rolf Madaleno coloca ainda um 3º critério que seria a proporcionalidade (apesar de não estar previsto em lei, esse critério não é minoritário, existem diversos autores que defendem tb). Julgados: TJMG - Agravo de Instrumento nº 1067207.274160-1 / TJSP - Apelação com revisão nº 662094-4. ⁃ A necessidade se prova por meio de todas as despesas que a pessoa gera (escola, farmácia, hospital, etc). Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1º. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. ⁃ Alimentos próprios: São aqueles pagos de forma in natura, isto é, presta-se diretamente o que a pessoa precisa, ex.: roupa, mensalidade de escola, etc. Ditado da prof.: São aqueles pagos de acordo com a necessidade, isto é, por meio do fornecimento de alimentação, sustento e hospedagem. *Os alimentos são incompensáveis, porém, atualmente, o STJ admite a compensação dos alimentos pagos em natura, durante a fase de execução de dívida decorrente de pensão alimentícia - REsp nº 1.501.992. ⁃ Alimentos impróprios: Aqueles pagos em pecúnia. Ditado da prof.: São aqueles pagos mediante pensão alimentícia seja através de pecúnia, desconto em folha de pagamento ou outros similares, e são geridos pelo genitor que detém a guarda ou que compartilha a residência principal com o alimentando (no caso de guarda compartilhada). *Nos casos de desconto em folha, pede-se ao juízo que expeça ofício para a empresa efetivar o desconto, no caso de CLT, ou ao poder público, na hipótese de servidores públicos. É obrigação da empresa perante o judiciário assegurar o cumprimento da obrigação alimentar por parte de seu funcionário. 2. Temporariedade: O objetivo é que os alimentos sejam fixados e mantidos com caráter transitório. Assim, não podem ter caráter parasitário, como defende a Min. Nancy Andrighi no REsp nº 933.355. ⁃ Alimentos transitórios –> Fim das necessidades em nova família (art. 1.708 e 1.709) Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos. Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor. Art. 1.709. O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante da sentença de divórcio. ⁃ Alimentos perenes (exceção) ⁃ Periodicidade? Geralmente a periodicidade do recebimento dos alimentos é mensal. É raro que os alimentos sejam fixados com outra periodicidade, mas isso não é determinação legal! É possível que as pessoas optem por periodicidade de recebimento diferente (Ex.: Semanal, anual, quinzenal, etc). 3. Características ⁃ Personalíssimo ⁃ Irrenunciabilidade (art. 1.707, CC) ⁃ Imprescritibilidade: A ideia de que o direito de pedir alimentos é imprescritível. Se houver comprovação do binômio, é cabível. (Remissão: art. 206, § 2º) ⁃ Irretroatividade: Ideia de que não se pedem alimentos que não foram fixados. Só se cobra a partir do momento que foram fixados em diante. ⁃ Irrepetibilidade: Os alimentos são irrepetíveis. Uma vez pagos, não subsiste o poder de exigi-los de volta do alimentado. ⁃ Reciprocidade: Podem ser cobrados pelas duas vias. Ex.: Filhos para pais e pais para filhos. ⁃ Incessibilidade, impenhorabilidade e incompensabilidade(art. 1.707) Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. ⁃ Transacionabilidade (vulnerabilidade x autonomia privada) ⁃ Intransmissibilidade (art. 1.700, CC + REsp 1.354.693) Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694. ⁃ Atualidade (Tartuce) 4. Ações Revisionais ⁃ Alteração de condição financeira (art. 1.699) Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. ⁃ Reajuste (art. 1.710) Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente estabelecido.
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