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ARTIGO ESPECIALIZAÇÃO - DIREITO CIVIL - KEICINER

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18
FACULDADE ESTÁCIO DE NATAL
PÓS-GRADUAÇÃO DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL
GUARDA COMPARTILHADA: A IMPORTÂNCIA DOS PAIS NA EDUCAÇÃO DE SEUS FILHOS, MESMO DIANTE DA SEPARAÇÃO CONJUGAL
KEICINER CARDOSO DIAS ANDRADE FERREIRA
NATAL
2017
KEICINER CARDOSO DIAS ANDRADE FERREIRA
GUARDA COMPARTILHADA: A IMPORTÂNCIA DOS PAIS NA EDUCAÇÃO DE SEUS FILHOS, MESMO DIANTE DA SEPARAÇÃO CONJUGAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau Pós Graduado em Direito Civil e processo Civil, do Curso de Pós Graduação de Direito Civil. da Faculdade Estácio de Natal.
Prof. 
Natal
2017
GUARDA COMPARTILHADA: A IMPORTÂNCIA DOS PAIS NA EDUCAÇÃO DE SEUS FILHOS, MESMO DIANTE DA SEPARAÇÃO CONJUGAL
Keiciner Cardoso Dias Andrade Ferreira
RESUMO
A partir do advento da Constituição Federal de 1988 e do surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, algumas mudanças têm sido observadas a respeito da relação entre pais separados e seus respectivos filhos menores, uma vez que antes deste período, a criança não possuía o direito de conviver com ambos. Diante destes desencontros e com o surgimento da Guarda Compartilhada, este artigo procura analisar se este tipo de guarda permite a garantia da participação dos pais na criação de seus filhos, maior contato dos filhos menores com seus genitores além da divisão de responsabilidades e tarefas dos próprios pais. Diante da análise de informações coletadas através de uma revisão bibliográfica sobre o assunto, conclui-se que, na maioria dos casos de separação dos pais, a Guarda Compartilhada poderá representar a melhor forma de garantir esse convívio necessário entre pais e filhos, uma vez que os filhos não podem ser responsabilizados ou punidos pelos problemas conjugais de seus genitores, percebendo-se também, que este tipo de guarda não pode ser considerado como o mais interessante diante de todos os casos previstos pela doutrina, uma vez que necessita de um bom relacionamento por parte dos pais, sem mágoas e ressentimentos sobre os reais motivos da separação. Caso exista realmente a impossibilidade da Guarda Compartilhada como melhor solução para o convívio entre pais separados e seus respectivos filhos, caberá ao Juiz decidir sobre o meio mais prático que atenda aos interesses do menor em primeiro lugar, além de observar as reais possibilidades de execução por parte de seus genitores ou familiares.
Palavras-chave: Guarda Compartilhada. Ruptura Conjugal. Criação de Filhos Menores.
INTRODUÇÃO
O Novo Código de Processo Civil entrou em vigor em 16 (dezesseis) de março do ano de 2016, sob o número da Lei 13.105/2015. O Novo Código trouxe importantes alterações para resolver conflitos pertinentes ao Direito de Família. O artigo 693 da referida Lei, traz algumas regras para processos relacionados com separação, divórcio, união estável, seja com o reconhecimento ou com a extinção desta, guarda, visitação e filiação. Essas regras para esses processos não são taxativas, ou seja, pode ser estendida a outros conflitos relacionados à família, entre eles, as ações de alimentos. 
Nessa mudança, pode-se ver, mesmo com a Emenda Constitucional 66, que a separação judicial foi mantida pelo legislador. Para alguns doutrinadores, a medida fora desconcertada por ser inconstitucional, em razão da eliminação referida Emenda, se tornando um retrocesso processual. 
Pode-se ressaltar também, a intervenção do Ministério Público, onde irá ocorrer somente quando tiver interesse de algum incapaz. O Juiz poderá atuar objetivando a garantia e a efetividade dos direitos fundamentais da sociedade. São importantes instrumentos legislativos que trouxeram mudanças no seio familiar e que merecem ser discutidas. 
Nesse contexto, este artigo procura analisar a importância dada à Guarda Compartilhada, que possui um novo contexto diante do evento da separação dos pais, em oposição a guarda unilateral anteriormente estabelecida. Este advento vem garantir o princípio da igualdade entre o homem e a mulher, consagrado pela Constituição Federal de 1988, princípio este bastante relevante nas relações conjugais e nas relações entre pais e filhos.
Vale observar também, a importância do artigo 1630 do Código Civil brasileiro vigente, onde afirma que os filhos, enquanto menores, encontram-se sujeitos ao poder familiar, lembrando que este poder compete aos pais, igualmente, uma vez que não se trata do exercício de uma autoridade, e sim, de um encargo imposto pela paternidade e maternidade, decorrente da Lei, como pode ser observado no artigo 1631 do mesmo diploma legal.
Dessa forma, est artigo possui como principal objetivo, discutir acerca do advento da Guarda Compartilhada e a sua nova configuração diante do contexto do Novo Código de Processo Civil brasileiro. Para que este objetivo seja alcançado, torna-se necessário a realização dos seguintes passos: realizar uma abordagem crítica sobre a Guarda Compartilhada, mostrando que o que importa é o interesse do menor; analisar a aplicabilidade da Guarda Compartilhada durante a ruptura conjugal; levantar informações sobre o percentual de guardas compartilhadas aplicadas no Brasil; relatar a guarda dos filhos de acordo com a Constituição Federal, o Código Civil e o Estatuto da Criança e do Adolescente; e por último, apontar as principais vantagens da Guarda Compartilhada.
Como metodologia, trata-se de uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto, onde a pesquisadora optou por selecionar artigos, monografias, livros e demais fontes de pesquisas relacionadas à temática, que possa dialogar com a questão da Guarda Compartilhada nos dias atuais, além do disposto na Norma Jurídica vigente.
A sua relevância pode ser comprovada diante da observação de que a visita periódica de um dos genitores não é o suficiente para uma participação ativa na criação dos seus filhos, sabendo que a desagregação da família na atualidade ocorre de maneira corriqueira, sendo que, a presença dos genitores na vida do menor é de extrema importância para um crescimento de qualidade.
Para a Academia, trata-se de mais uma fonte de pesquisa sobre a questão da Guarda Compartilhada, uma vez que se trata de um assunto impossível de se esgotar quanto à sua aplicabilidade e a sua extensão sob a luz da doutrina jurídica.
Para a pesquisadora, trata-se de uma relevante oportunidade de aprofundamento sobre a temática, uma vez que a mesma pretende explorar o tema em outras oportunidades futuras, tais como: participação em congressos e encontros, futuras pós-graduações, entre outras oportunidades.
2 O DIREITO DE FAMÍLIA E A SUA EVOLUÇÃO
Para se entender o fenômeno da Guarda Compartilhada, torna-se relevante compreender a evolução histórica e evolutiva do Direito de Família no ordenamento jurídico brasileiro, compreendendo seus costumes e valores morais agregados ao passar do tempo, reformulando toda a sua estrutura até os dias atuais. Para tanto, deve-se observar como o conceito de família pode ser variável no tempo e no espaço, onde cada povo tem a sua ideia de família, segundo o momento histórico vivenciado. 
Os nossos antepassados culturais, por exemplo, tinham uma percepção de família muito mais abrangente do que a percepção dos pais e dos filhos em um mesmo ambiente. Com o passar do tempo, o catolicismo adicionou a estes conceitos toda uma carga de patriarcalismo puritano que, segundo alguns historiadores, trata-se de uma herança direta do judaísmo pauliano. Diante disso, Fiuza (2015, p. 928) relata que com o tempo, o patriarcalismo ocidental
vê suas estruturas se balançarem, principalmente após as revelações modernas e a vitória do livre pensar nos países democráticos. O golpe crucial é desferido pela Revolução Industrial, que tem início já no século XVIII. Com ela, a mulher se insere no mercado de trabalho, e a revolução da família começa. O golpe fatal ocorre nos idos de 1960, com a chamada Revolução Sexual, e que a mulher reclama, de uma vez por todas, posição de igualdade perante o homem. Reclamam enfim, um lugarao sol.
Este autor esclarece que os padrões morais da sociedade ocidental são postos em xeque neste período, exatamente pela Revolução Sexual, derrubando toda a cultura puritana que prevaleceu desde a Idade Média.
O principal conceito de sociedade familiar surgiu a partir do entendimento de família como uma sociedade natural formada por indivíduos, unidos por laços de sangue ou afinidade e que desta resultam a descendência através destes laços. Com o passar do tempo, esta sociedade familiar sentiu a necessidade de criar leis como forma de organização, surgindo a partir deste momento o Direito de Família. Este ramo do direito tem como objetivo principal, regular as relações familiares e procurar solucionar os conflitos oriundos desta, visando a sua manutenção para que, finalmente, o indivíduo possa existir como cidadão, trabalhar na constituição de si mesmo e das suas relações sociais e interpessoais. (PEREIRA, 2016).
Para alguns legisladores, o Direito de Família teve a sua origem no Direito Canônico, alicerçado durante o crescimento e a consolidação do cristianismo, possuidor de um poder moral, social e até mesmo temporal sobre diversos povos, influenciando o desenvolvimento da sua própria legislação. No entanto, trata-se de um dos ramos do Direito que mais sofreu alterações durante o advento da sua existência até os dias atuais, em todo o mundo ocidental. Tais mudanças estão diretamente associadas ao declínio do patriarcalismo, cujas raízes históricas encontram-se fundadas na Revolução Industrial e na Revolução Francesa. 
No ocidente, o advento da queda do patriarcalismo ocidental é observado diante das suas estruturas que começaram a ruir, como também, diante da vitória do livre pensar nos países democráticos. No entanto, não se pode negar que o maior golpe durante toda a sua existência foi desferido pela Revolução Industrial, no início do século XVIII, quando observa-se por exemplo, a inserção da mulher no mercado de trabalho, dando início ao que se pode chamar de revolução familiar. Observa-se ainda a Revolução Sexual que marcou a década de 60 foi considerada como um golpe fatal no sentimento patriarcalista da época, onde a mulher passa de uma vez por todas, a exigir uma posição de igualdade perante o homem, reclamando enfim ‘um lugar ao sol’. (FIUZA, 2015).
Percebe-se que nos dias atuais, o entendimento de constituição familiar ganha novos paradigmas e formatos, necessitando um novo olhar no que tange ao seu passado histórico-cultural, como pode ser observado na fala de Fachin (2003, p. 327) quando este afirma que:
Os fatos acabam se impondo perante o Direito e a realidade acaba desmentindo esses mesmos códigos, mudanças e circunstâncias mais recentes têm contribuído para dissolver a ‘névoa da hipocrisia’ que encobre a negação de efeitos jurídicos. Tais transformações decorrem, dentre outras razões, da alteração da razão de ser das relações familiares, que passam agora a dar origem a um berço de afeto, solidariedade e mútua constituição de uma história em comum. 
Tais transformações dizem respeito aos novos modelos de família antes inexistentes ou ignorados, tais como: famílias monoparentais, recompostas, binucleares, casais com filhos de casamentos anteriores e seus novos filhos, filhos criados pela mãe sem a intervenção do pai, casais sem filhos, casais homossexuais, entre outros.
2.1 CONCEITO DE FAMÍLIA
Nos dias atuais a estrutura familiar possui traços completamente distintos daqueles existentes nos primórdios da civilização humana. No tempo das cavernas, a fêmea era capturada pelo macho, da mesma forma que ocorria entre os animais, passando a ter um tipo de relação de dependência e submissão. Diante de uma concepção sociológica, o significado de família sofreu positivas modificações sobre o seu verdadeiro significado, como relata Machado Neto (1987, p. 289) ao afirmar que:
Depois que, com a derrubada do evolucionismo cultural, caiu por terra a tese da promiscuidade primitiva, a família voltou a ser considerada um fenômeno universal da cultura. Até hoje não se encontrou uma única sociedade humana em que uma qualquer forma de organização familial não existisse. E nem poderia ser de outra forma, sendo como é o homem um animal que se caracteriza pela fraqueza e pelo abandono dos anos de sua longa infância, carente, portanto, do apoio adulto, uma das causas, por certo, de sua sobrevivência como espécie, como espécie, tendo sido a família.
Para esse autor, a família trata-se do primeiro grupo humano, independentemente se cercada por outros grupos mais amplos que possam ter influenciados sobre a primitivas importância social observada como consequência, através da polis e a civitas no mundo greco-romano, sobrevivendo até a concepção do Estado nacional na atualidade.
Nos dias atuais, pode-se observar um conceito de família mais delineado, segundo as palavras de Rocha (2001, p. 3) quando o mesmo afirma em sua obra que família “é um conjunto de pessoas ligadas pelo casamento e pelo parentesco. Família, em razão de direito sucessório, é o conjunto de pessoas que são convidadas a herdar umas das outras até o colateral de 4º grau.”. De acordo com o seu pensamento, a família pode ser classificada em dois subgrupos: em sentido estrito, se restringindo ao pai, a mãe e os filhos; e em sentido amplo, trata-se de um agrupamento de pessoas que vivem sob o poder do pater família, onde a vinculação dessas pessoas à família não era necessariamente a consanguinidade e sim, o nome gentilício.
Finalmente, destaca-se o pensamento de Gonçalves (2017, p. 1) ao afirmar que “latu sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade de adoção.” Segundo o autor, a família diante do aspecto jurídico, compreende dos cônjuges e companheiros, os parentes e os afins.
2.2 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA VIDA DOS FILHOS MENORES
Como já foi discutido anteriormente, a família pode ser observada nos mais diferentes aspectos da sociedade atual, seja como unidade doméstica, de forma que possa assegurar as condições necessárias para a sua sobrevivência, seja como instituição, referência e local de segurança, enfim, trata-se de vários conceitos e características que a ciência, a doutrina jurídica, além de vários outros campos de estudo tentam acordar ao passar do tempo que possui um conjunto de valores, imagens, representações e outros aspectos que lhe garantam a existência e a preservação da espécie.
No mundo ocidental moderno, as famílias se caracterizam pelo predomínio dos valores democráticos e igualitários que permitem a possibilidade da ideia de igualdade e dos direitos individuais entre homens e mulheres, pelo menos ao nível das inspirações. Na família, segundo os estudiosos da sociologia da família, o casamento é tido como o espaço que serve ao indivíduo de proteção contra a anomia, uma instituição que pode ser observada como um instrumento criador de um “nomos”, a família em si, favorecendo-se dessa forma o engajamento social que cria para o indivíduo uma espécie de ordem, onde através dela, a sua vida cria sentido, onde tal indivíduo passa a ser observado como sujeito desta interação. (CASTELLS, 1999).
Ainda se tratando sobre a importância da família no desenvolvimento da criança e do adolescente, observa-se no capítulo III do Estatuto da Criança e do Adolescente a necessidade da convivência familiar e comunitária, enquanto o seu artigo 19 deixa bem claro que toda criança ou adolescente “tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambientes livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes”. De acordo com a situação ou motivos de rompimento da relação conjugal dos pais, sempre existirá em primeiro plano a proteção do melhor interesse do menor, incluindo-se neste rol o direito de convivência com ambos os pais (CHAVES, 2011).
A partir dessa explanação, torna-se maisfácil discursar sobre o advento da guarda no Direito de Família e a evolução da Guarda Compartilhada, como vai ser discutido no próximo capítulo.
3 O INSTITUTO DA GUARDA NO DIREITO DE FAMÍLIA BRASILEIRO
A luz do Direito de Família, existem casos difíceis de serem analisados, principalmente quando se trata de novos costumes ou quando envolve famílias oriundas de outros países que resolvem vir morar no Brasil. Sobre a questão de homens que vivem com duas mulheres em lares diferentes, por exemplo, Fiuza (2015, p. 930) afirma que mesmo se reconhecendo os mais diversos tipos de família no território nacional, pelo novo Código Civil, inclusive das famílias simultâneas, 
é óbvio que, na esfera da simultaneidade, podem ocorrer ilicitudes, como a de homens que mantêm dois lares com mulher e filhos em cada um. Em relação aos filhos, não há problemas; em relação às mulheres, entretanto, pode ser o caso de bigamia, o que levaria ao adultério e ao concubinato, ambos, direta ou indiretamente, ainda repudiados pelo Direito. 
Além de casos como este, torna-se difícil para a nossa legislação, solucionar a permanência em nosso país, de um diplomata de outra nacionalidade, por exemplo, onde possui a prática da poligamia e que resolve trazer as suas esposas para o Brasil. Para o Direito Brasileiro, trata-se da prática inaceitável em nossa sociedade, de poligamia. No entanto, seria necessário destruir os laços de uma família oriunda de outra cultura, apenas por um princípio existente apenas no nosso tipo de sociedade? Sobre esta questão, o autor supracitado afirma que no Direito Brasileiro, pode-se argumentar sobre esta situação, ponderavelmente em favor da afirmativa ou da negativa, uma vez que se trata de casos que necessita um olhar sobre o Direito Internacional.
Na concepção de Diniz (2015, p.2), a guarda “é um dever de assistência educacional, material e moral (ECA, art. 33) a ser cumprido no interesse e em proveito do filho menor, garantindo-lhe a sobrevivência física e o pleno desenvolvimento psíquico”. Diante deste pensamento, a autora complementa que a guarda compartilhada se trata do “exercício conjunto do poder familiar por pais que não vivem sob o mesmo teto”. Neste contexto, ambos os genitores terão responsabilidade conjunta, como também, o exercício dual de direitos e deveres alusivos ao poder familiar relativamente aos filhos comuns, necessitando-se para tanto, que o temo de convívio com os filhos seja dividido de forma equilibrada entre a mãe e o pai, considerando-se sempre as condições fáticas e os interesses da prole, como afirma o artigo 1.853 § 2º do Código Civil vigente.
A partir deste entendimento sobre a guarda compartilhada, torna-se relevante discursar um pouco sobre a questão da extinção do casamento, do poder de família e da alienação parental, observando-se a sua relação com o tema abordado neste artigo e que serão discutidos nos próximos subtópicos. 
3.1 A EXTINÇÃO DO CASAMENTO
A extinção do casamento pode ser observada como m dos principais motivos para que os genitores reivindiquem a guarda de seus filhos, principal foco de discussão deste artigo. . De acordo com a Constituição Federal de 1988, mais precisamente o § 6º do seu artigo 226, onde afirma que o casamento civil “pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos” (BRASIL, 1988). 
Dessa forma, esse parágrafo visa regular a forma de dissolução do casamento, através do divórcio, pela separação de fato, transcorrido mais de um ano ou quando comprovada por um período superior a dois anos. Passado este período, qualquer um dos cônjuges poderá constituir uma nova família ou novo matrimônio, de acordo com os seus interesses, sem que seja necessário existir culpa para a dissolução ou mesmo diante de tal motivo.
Sobre a questão do divórcio, observa-se que este ocorre com mais frequências nas camadas sociais menos favorecidas economicamente, demonstrando dessa forma que o fator econômico pode ser considerado como um agente influenciador diante desse evento, onde os mais favorecidos buscam através do casamento, preservar o seu status social e, consequentemente, manter fortalecido o seu patrimônio.
Finalmente, mesmo observando que após o divórcio, por exemplo, tanto o homem quanto a mulher podem constituir nova família, seja através do casamento ou da união estável, caso existam filhos decorrentes da relação matrimonial anterior, estes sempre sentirão os efeitos de tal separação. Neste sentido, o tipo de guarda escolhida como solução para a manutenção do melhor interesse da criança e do seu relacionamento efetivo com ambos os pais se torna um fator crucial neste momento.
3.2 O PODER DE FAMÍLIA
Antes do advento da Constituição Federal de 1988, observava-se ainda a presença do pátrio poder onde o pai exercia o poder de autoridade máxima sobre toda a família, inspirado na linha patriarcal de Roma, na época do pater familias. Durante a civilização romana, o poder do pai em relação aos filhos era semelhante ao de propriedade, de tal forma que, em casos de separação, o filho ficava com o pai, uma vez que este teria melhores condições de criar e, por outro lado, a esposa possuía apenas o papel de procriadora. Tanto os filhos quanto a mulher eram considerados absolutamente incapazes ou inaptos para reger qualquer tipo de relações jurídicas de seus interesses. (MELGAÇO, 2007).
Amparado pelo Código Civil brasileiro de 1916, a ausência do princípio da isonomia diante do modelo patriarcal adotado pelo Brasil podia ser observada claramente, como esclarece Dias (2016), ao relatar que o Código Civil de 1916 já assegurava o pátrio poder exclusivamente ao pai, como cabeça do casal, como chefe da sociedade conjugal. Somente na falta ou impedimento do pai é que a chefia da sociedade conjugal passava para a mulher e, somente dessa forma, ela poderia assumir o poder familiar com relação aos seus filhos.
Somente a partir da Constituição Federal de 1988 que os direitos e deveres oriundos da sociedade conjugal passaram a ser exercidos em igualdade para ambos os cônjuges, mesmo que ainda sob a denominação de pátrio poder, sendo reforçada a eliminação desse tipo de desigualdade com o surgimento da Lei 8.069/1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente e, a posteriori, com o advento do Novo Código Civil de 2002, no qual observa-se inclusive a mudança do termo pátrio poder para poder familiar, colocando de uma vez por todas, em igualdade do seu exercício por ambos os genitores.
Antes da mudança do termo pátrio poder para poder familiar, o artigo 21 do Estatuto da Criança e do Adolescente, já enunciava que “o pátrio poder será exercido, e igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurando a qualquer deles o direto de em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência”. Um dos motivos da evolução desse pensamento presente no ECA diz respeito à cultura que já estava sendo implantada aos poucos nas famílias brasileiras, nos quais as mulheres efetivamente já exerciam tal função, independentemente de se encontrarem ligadas ao regime matrimonial ou não, porém desconhecido tal exercício em termos de legislação BRASIL, 1990).
O Poder Familiar torna-se, ao mesmo tempo, uma autorização e um dever legal pelo qual uma pessoa possa exercer as atividades de administração dos bens, além de assegurar o desenvolvimento dos direitos biopsíquicos do filho do incapaz, pouco importando a origem da filiação. Também representa um autêntico múnus legal, uma vez que o poder familiar importa não apenas em direito sobre a pessoa do incapaz e os seus respectivos bens, como também, em deveres pessoais e patrimoniais sobre o filho (LISBOA, 2013). 
Nesta concepção, o poder familiar representa um conjunto de direitos e deveres da pessoa autorizada a exercer as atividades de administração dos bens e de assegurar o bom desenvolvimento da criança, em todos os seus aspectos biopsicossociais.3.3 A ALIENAÇÃO PARENTAL
O fenômeno da alienação parental tem sido percebido nas últimas décadas no seio familiar, principalmente pelos profissionais que atuam na área do Direito de Família. De acordo com a Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010, que dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, encontra-se a definição sobre alienação parental mais precisamente em seu artigo segundo, ao afirmar o seguinte:
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este (BRASIL, 2010). 
Como forma de exemplificar a alienação parental, além dos atos declarados pelo juiz ou constados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros, a referida Lei nesse respectivo artigo enumera os seguintes:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; 
II - dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; 
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; 
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós (BRASIL, 2010). 
Na concepção de Dias (2016) os motivos da ruptura familiar nem sempre são vividos apenas pelo casal, sendo exposto livremente às crianças advindas deste relacionamento, induzindo as mesmas a tomarem determinados posicionamentos, como por exemplo, odiar um de seus genitores, influenciadas pelo genitor mais próximo, como se fosse uma verdadeira campanha de desmoralização.
Complementando esta ideia, Lôbo, (2015, p. 402) afirma que a violência da alienação parental:
Pode ser uma indução psicológica para que a criança odeie seu outro genitor. A alienação parental não apenas compromete a convivência do filho com seu genitor, mas daquele com todos os parentes do grupo familiar deste (tios, avós, primos). A demonização do outro e de seus parentes deixa sequelas traumáticas, às vezes irreversíveis, que comprometem o equilíbrio psicológico da pessoa, inclusive em sua vida adulta; o descobrimento tardio de que foi vítima de alienação parental quase sempre vem acompanhado de intensa frustração e de sensação de perda afetiva.
Diante de práticas como esta, a lei supracitada surge como forma de eliminar tal prática, uma vez trata-se de um ato de alienação que fere direito fundamental da criança, indicando inclusive, diante da hipótese de caracterização do fenômeno, medidas protetivas para resguardar a convivência do genitor alienado, procurando minimizar os efeitos de eventual afastamento deste em relação às crianças. No entanto, surge um desencontro no que tange ao objetivo da lei, uma vez que busca proteger a dignidade da criança e, ao mesmo tempo, cria sanções ao alienante, medidas estas que não contribuem para a melhoria nas relações familiares, dificultando ainda mais a manutenção do vínculo da criança com ambos os genitores.
Diante dessa discussão acerca da família no atual contexto social e a sua relação com as normas jurídicas vigentes em todo o território nacional, torna-se relevante observar os tipos de guarda adotados antes e após o advento da Constituição Federal de 1998 e do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990.
3.4 ALGUNS DIFERENTES TIPOS DE GUARDA
O instituto da guarda decorre da lei como uma consequência natural do poder familiar, da observância da tutela e da adoção, previsto no Novo Código Civil (2009), mais precisamente em seus artigos 1.583 a 1590, como também, amparado pela Constituição Federal em seus artigos 227 e 229. 
Como nenhuma pessoa pode ter a posse de outra, uma vez que a posse só acontece sobre as coisas ou sobre algumas espécies de direitos, Fiuza (2015, p. 979) afirma que “a guarda, em termos genéricos, é o lado material do poder familiar; é a relação direta entre pais e filhos, da qual decorres vários direitos e deveres para ambas as partes”. No entanto, o autor deixa claro que a guarda também pode ser concedida a terceiros, como no caso de tutela. Torna-se necessário não confundir guarda com companhia, ou seja, a ideia de relação física em que uma pessoa se encontra junto a outra. Na guarda está de certa forma, contida a ideia de companhia, porém não necessariamente na prática, uma vez que o filho pode estar durante um período de tempo na companhia de outros familiares, continuando-se na guarda dos pais. Para o autor, a companhia é passageira, enquanto que a guarda é permanente.
Os tipos de guarda vigentes na Constituição Brasileira, segundo a Lei 11.698, de 13 de junho de 2008, são: a Guarda Unilateral e a Guarda Compartilhada, além da guarda alternativa. A guarda unilateral, segundo o artigo 1.583, § 1º do novo Código Civil trata-se da guarda “atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua”. Trata-se da forma mais comum, onde Gonçalves (2017, p. 266) afirma que neste tipo de guarda “um dos cônjuges, ou alguém que o substitua, tem a guarda, enquanto o outro tem, a seu favor, a regulamentação de visitas”. Para este autor, este tipo de modalidade apresenta como inconveniente, a questão da privação da criança, da convicência diária e contínua com um dos genitores, ferindo dessa forma, o princípio de melhor interesse da criança. 
No entanto, a criança e o adolescente, ao passar do tempo, foram observadas pela norma jurídica como indivíduo possuidor de personalidade e com amplo direito da garantia do princípio da dignidade humana, que na visão de Padoan et al. (2003), com o rompimento do casamento ou união estável, surge a guarda judicial definida conforme o melhor interesse do menor. Nesses casos, o juiz optará por um tipo de guarda, sendo necessário diferenciar a Guarda Compartilhada da Guarda Alternada. A primeira não implica necessariamente em alternância de domicílios, sendo que ambos os pais desempenham conjuntamente de forma direta a Guarda Compartilhada. Na segunda hipótese, há alternância de lares, bem como a alternância da guarda dos filhos, não sendo, portanto, exercida conjuntamente.
Ainda sobre a Guarda Unilateral, Wald e Fonseca (2009, p. 244) esclarecem sobre este assunto que, a guarda será unilateralmente deferida a apenas um dos genitores “quando este revelar melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos afeto, cuidados com a saúde e segurança da prole, bem como com a educação desta.” Neste caso, observa-se a incapacidade, segundo a doutrina, de um dos cônjuges em não poder permanecer com a guarda dos filhos, ou de não concordarem com tal advento. Caso contrário, poderiam optar pela Guarda Compartilhada.
Este tipo de guarda também é conhecida como Guarda Dividida e a sua principal característica é que a criança ou adolescente possui uma residência fixa e recebe a visita periódica do genitor que não detém a sua guarda. Quanto a este procedimento acordado diante da justiça, Grisard Filho (2009, p. 112) afirma que: “As visitas periódicas têm efeito destrutivo sobre o relacionamento entre pais e filhos, uma vez que propicia o afastamento entre eles, lente e gradual, até desaparecer, devido às angústias perante os encontros e as separações repetidas”. Diante deste efeito negativo, são os próprios pais, hoje que contestam esse modelo e procuram novos meios de garantir uma participação maior e mais comprometida na vida de seus filhos depois definda a sociedade conjugal.
Como pode ser observado, este tipo de guarda tende a prejudicar o relacionamento afetivo entre pais e filhos, além de propiciar um desgaste ainda maior na relação entre os próprios genitores, uma vez que não permite a participação daquele que não possui a guarda, no crescimento e desenvolvimento de seus filhos menores.
No advento da Guarda Alternada, que prevê seu estabelecimento ou homologação judicial, significa que por períodos de tempo pré-estabelecidos, geralmente de forma equânime entre ambos os genitores, cada um deles passa a deter de forma exclusiva, a totalidade dos poderes e deveres que integram o poder parental. Trata-se de um assunto tão expansivo, que o Código Civil, a Constituição Federal e o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente não foram suficientes para atender os direitos e deveres dos pais em relação aos seus rebentos, diante do advento da separação, surgindo dessa forma a Lei da Guarda Compartilhada (BRANDÃO, 2005).
Segundo esta autora, também se observa no cenário jurídico a terminologia guarda física compartilhada, onde neste tipo de arranjo, a criança vive alguns períodos com um dos genitores e outros períodos com o outro. No seu entendimento, a Guarda Compartilhada surge no ordenamento jurídico como forma de resolução de conflitos como este, onde os filhos acabam sendo punidos injustamente por não terem o convívio, de forma saudável, com seus pais e dando margem para a questão da alienação parental. 
Diante deste contexto, torna-se relevante observar a importância da Guarda Compartilhada na educação e no desenvolvimento dos filhos, período de vida da criança ou do adolescente que acaba sendo dividido entre as residências dos dois genitores, como será analisado no capítulo seguinte.
4 A GUARDA COMPARTILHADA E A SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO E DESENVOLVMENTO DOS FILHOS MENORES
O advento da Guarda Compartilhada nasceu na Inglaterra por volta de 1960. O sistema da cammom law rompeu com o tradicional deferimento da guarda única, sendo que a mãe não possuía a preferência da guarda de seus filhos. Instaurou-se então, um novo pensamento nos tribunais denominado “split ordem”, significando dividir os direitos e obrigações dos pais. Dessa forma vislumbrou-se o interesse do menor. Sendo que em nosso ordenamento jurídico é denominado criança e adolescente. Com o passar do tempo, a Guarda Compartilhada foi repercutindo em toda a Europa, inclusive na França, que adotou apenas o modelo de guarda compartilhado jurídico (PADOAN et al. 2003).
Logo em seguida, ao passar dos anos, observa-se a sua expansão também pelo Canadá e Estados Unidos da América, principalmente no estado do Colorado, onde atingiu 90% de aceitação. Cumpre salientar que esse modelo já é adotado em vários países, tais como Portugal e Argentina, com resultados altamente satisfatórios. No Brasil, essa tendência começa a se fortalecer, voltada ao interesse do menor e de seu pleno desenvolvimento, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. Anteriormente a Guarda Compartilhada vigorava na constância do casamento ou da união fática, findando-se com seu término dos mesmos. (PADOAN et al.2003).
O Novo Código de Processo Civil, traz um capítulo exclusivamente das ações de família, é o capítulo X, ele traz sete artigos importante pra nós de forma absolutamente inédita, nunca tivemos isso no Direito Processual Civil. Essa inovação foi bem vinda porque as ações de família sucessões são ações de extrema importância para Direito e para o poder judiciário, são ações inclusive que em algumas comarcas, nas comarcas maiores há varas especializadas em ações de família sucessões, e nós não tínhamos a especialização a especificação no Código de Processo Civil com relação a essas ações o que era um contrassenso. 
Sobre a questão da Guarda Compartilhada, torna-se necessário observar o que significa guarda, no âmbito jurídico, ao relacionar-se a questão dos direitos dos filhos com a separação de seus pais. Na concepção de Grisard Filho (2009) a guarda, é da natureza do pátrio poder, não da sua essência, visto que, se transferida a terceiro, não implica a transferência deste. Dessa forma, como atributo de pátrio poder, a guarda dele se separa, não se exaurindo nem se confundindo com ele, podendo assim, uma existir sem o outro.
Enquanto existe a união matrimonial dos genitores, a guarda dos filhos menores é exercida em igualdade de condições, conforme o artigo 226, parágrafo 5º da Constituição Federal, que trata da Família, da Criança, do Adolescente e do Idoso, onde afirma que “os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. Nesse contexto, elimina-se o poder cultural que o homem possuía sobre a família, diante de outras Constituições Federais no passado, possibilitando dessa forma uma melhor harmonia entre o casal sobre a distribuição de responsabilidades, como também, auxilia a educação de seus próprios rebentos. (BRASIL, 1988).
O instituto da Guarda Compartilhada passou a ser incorporado no ordenamento jurídico através da profunda alteração no Código Civil, mais precisamente ao que se refere o conteúdo dos seus artigos 1.583 e 1.584, uma vez que deixou a lei de priorizar a guarda individual. Além de definir o que é a guarda unilateral e Guarda Compartilhada, a preferência é pelo compartilhamento. Foi imposto ao juiz o dever de informar os pais sobre o significado da Guarda Compartilhada, podendo impô-la, mesmo que não haja consenso e a disputa seja guarda única. Dias (2016).
Como principal objetivo da Guarda Compartilhada, pode-se observar o compartilhamento dos deveres inerentes ao poder familiar, isto é, tirar a responsabilidade de apenas um dos genitores e compartilhá-la com ambos. Neste caso, todos podem sair beneficiados com o advento da Guarda Compartilhada. Os filhos passam a ter mais contato com os pais, a mãe passa a ter mais tempo para cuidar de sua vida pessoal e profissional e o pai, por sua vez, irá participar e conviver muito mais com seus filhos, algo praticamente impossível no passado.
A Guarda Compartilhada tem também como objetivo, interagir com o fenômeno da separação ou do divórcio que diretamente atinge os filhos, verificando possíveis conflitos na guarda dos filhos, como também, verificar com qual dos pais a criança gostaria de ficar, ou se com ambos, o que possibilitaria o compartilhamento da guarda. Neste contexto, torna-se relevante observar e qualificar a aptidão de cada um dos pais e equipará-los quanto ao tempo livre para a organização da sua vida pessoal, profissional e em contato com os filhos, estimulando uma convivência igualitária dos filhos com ambos e evitando o fenômeno da presença paterna como mero provedor da pensão alimentícia, como pode ser observado em muitos casos (DINIZ, 2015).
Sobre as principais vantagens da Guarda Compartilhada, estas podem ser observadas nitidamente na apresentação dos seus próprios objetivos, uma vez que tudo gira em torno do interesse das crianças ou adolescentes. Mesmo assim, a Guarda Compartilhada é uma modalidade que acaba beneficiando toda a família. Sobre esse tema, Grisard Filho (2014, p. 211) esclarece que a guarda compartilhada atribui “a ambos os genitores a guarda jurídica, ambos os pais exercem igualitária e simultaneamente todos os direitos e deveres relativos à pessoa dos filhos. Pressupõe uma ampla elaboração entre os pais, sendo que as decisões relativas aos filhos são tomadas em conjunto”.
Em relação aos pais, observa-se múltiplas vantagens pois, além de mantê-los guardadores e lhes proporcionar a tomada de decisões conjuntas relativas ao destino de seus filhos, compartilha-se também o trabalho e as responsabilidades, privilegiando a continuidade das relações entre cada um deles e seus filhos, minimizando o conflito parental, como também, diminuindo os sentimentos de culpa e frustração por não cuidar de seus filhos, ajudando a atingir os objetivos planejados anteriormente de trabalharem em prol dos melhores interesses morais e materiais da prole (GRISARD FILHO,2009).
Os laços formados através da união familiar contribuem na tomada de decisões referentes aos filhos. No entanto, a partir do momento em que ocorre o rompimento conjugal, os pais acabam priorizando suas necessidades, pensando nos seus interesses e não no que poderá ser melhor para o desenvolvimento da criança, algo que não deveria ocorrer e que se torna um dos primeiros fatores psicologicamente negativo para as crianças. De acordo com a convivência do casal, a questão da guarda dos filhos poderá ser resolvida harmonicamente ou se tornando uma grande problemática, uma vez que ou haverá um acordo entre os genitores ou será determinada via judicial (LEITE, 2015).
Diante da ruptura do casal, deve ser observado a idade e o sexo das crianças, além da melhor forma de ser discutida e acordada a guarda das mesmas, cabendo ao juiz responsável a intermediação entre as regras impostas pelos cônjuges em relação aos seus filhos, procurar aconselhar e orientar o casal, ou até mesmo se negar a homologar a separação, caso entenda que exista visível prejuízo às crianças (GRISARD FILHO, 2009).
Finalmente, também pode ser observado como efeito positivo da Guarda Compartilhada, a possibilidade dos genitores poderem exercer em conjunto o cuidado em relação a prole, uma vez que tal fato permite o acompanhar o crescimento, a formação e a instrução dos filhos, diminuindo-se dessa forma a sensação de culpa e frustração por não poder cuidá-los como haviam programados anteriormente, permitindo-se dessa forma que os mesmos atinjam seus objetivos de resguardo e atenção acerca da relação parental, compartilhando responsabilidades e atividades em prol do melhor interesse moral e material de seus rebentos. (VENOSA, 2005).
A Guarda Compartilhada poderá também apresentar alguns pontos negativos, como por exemplo, a ocorrência constante de conflitos entre os pais, diante da presença de mágoas e ressentimentos acarretados através da ruptura do casal, não permitindo a existência de um relacionamento livre de conflitos e passivo de acordo em relação ao destino de seus filhos. Muitas vezes, tais conflitos impossibilitam qualquer tipo de acordo entre os genitores, constituindo-se um obstáculo e prejudicando cada vez mais a vida e o desenvolvimento de seus filhos (GRISARD FILHO, 2009).
Sabe-se que na maioria dos casos, a Guarda Compartilhada privilegia sobre maneira a mãe, levando a profundos prejuízos aos filhos, seja de ordem emocional ou social, durante o seu desenvolvimento. Tais circunstâncias também atingem o próprio pai, uma vez que a falta de contato mais íntimo com seus filhos contribui fatalmente para um enfraquecimento dos laços parentais, privando o mesmo do desejo de perpetuação de seus valores e cultura.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com esta pesquisa realizada sobre a Guarda Compartilhada e a sua importância na educação e no desenvolvimento de filhos menores diante da separação de seus genitores, observa-se que se trata da forma mais eficiente encontrada na norma jurídica, que garanta os reais interesses dos filhos e o seu direito de conviver com seus pais, além de auxiliar os genitores sobre a divisão de responsabilidades e acompanhamento que estes deverão ter com seus filhos.
Diferentemente dos demais tipos de guarda já existente anteriormente ao advento do Estatuto da Criança e do Adolescente ou até mesmo antes da Constituição Federal de 1988, a Guarda Compartilhada consegue resolver a questão da ruptura conjugal e da alienação parental que, na maioria das vezes, impediria os filhos de ter contato com um de seus genitores, prejudicando o convívio natural com ambos, principalmente com o pai, uma vez que na maioria dos casos era a mãe que fica responsável pela guarda dos filhos e por acreditar que o pai não saberia criá-los e educá-los corretamente. No entanto, diante das mais diversas modalidades de famílias surgidas ao passar do tempo, e o surgimento ainda que formal deste tipo de guarda compartilhado por muitos pais após a separação do casal, concluiu-se que tais conceitos precisavam ser analisados em prol dos cuidados necessários para o desenvolvimento físico-psíquico-social da criança.
Deve-se levar em conta que os filhos não devem ser punidos por questões que dizem respeito unicamente ao relacionamento de seus pais, a não ser que exista m motivo claro para tal comportamento, e que de forma alguma, os pais não devem impedir que seus filhos possam usufruir da atenção, do afeto e carinho entre eles. Dessa forma, a Guarda Compartilhada só deverá ser considerada como imprópria diante da separação dos pais, quando for observado a inexistência de alguma forma de aproximação entre eles, a presença de um ambiente de mágoas e ressentimentos, que impossibilitem qualquer tipo de diálogo.
Mesmo diante da formação de novas famílias por ambos os cônjuges, os pais devem ser amigos e parceiros neste tipo de investimento, de forma que possam além de contribuir com o crescimento e desenvolvimento de seus filhos, dividirem as tarefas necessárias para tal propósito além de permitir o convívio mais intenso com seus filhos.
REFERÊNCIAS
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