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ESQUIZOFRENIA

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MÓDULO III: SAÚDE MENTAL 
ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 
 
OBJETIVOS 
1. Compreender os espectros da esquizofrenia. 
 2. Analisar a esquizofrenia, considerando sinais e 
sintomas, fatores de riscos, critérios para 
diagnósticos e diagnósticos diferenciais. 
3. Definir tratamento, prognóstico e o curso da 
doença. 
REFERÊNCIAS 
SADOCK, Benjamin J.; SADOCK, Virgínia A.; RUIZ, 
Pedro. Compêndio de Psiquiatria: ciência do 
comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2017. 
(APA), American Psychiatric Association. Manual 
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: 
DSM-5. 5. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2015 
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e 
semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. – Porto 
Alegre: Artmed, 2019. 
EPIDEMIOLOGIA 
A prevalência da esquizofrenia ao longo da vida 
parece ser de 0,3 a 0,7%. 
A proporção entre os sexos difere em amostras e 
populações: por exemplo, ênfase em sintomas 
negativos e duração maior do transtorno 
demonstram taxas mais elevadas de incidência 
nos indivíduos do sexo masculino, ao passo que 
definições que possibilitam a inclusão de mais 
sintomas de humor e apresentações breves 
(associadas a melhor prognóstico) demonstram 
riscos equivalentes para ambos os sexos. 
O início é mais precoce entre homens. As idades 
de pico do início são entre 10 e 25 anos para os 
homens e entre 25 e 35 anos para as mulheres 
O início da esquizofrenia antes dos 10 anos ou 
após os 60 anos é extremamente raro. 
Há prevalência aumentada (em relação à 
população em geral) de tabagismo e uso de 
substâncias. 
ETIOLOGIA 
FATORES GENÉTICOS: a probabilidade de uma 
pessoa ter esquizofrenia está correlacionada com 
a proximidade da relação com um parente 
afetado (p. ex., parente de primeiro ou segundo 
graus). 
No caso de gêmeos monozigóticos que têm 
carga genética idênticas, há uma taxa de 
concordância para esquizofrenia de 
aproximadamente 50%. 
Alguns dados indicam que a idade do pai tem 
uma correlação com o desenvolvimento de 
esquizofrenia. Em estudos desse transtorno com 
pacientes sem história da doença na linhagem 
materna ou paterna, foi verificado que aqueles 
nascidos de pais com mais de 60 anos de idade 
eram vulneráveis a desenvolver o transtorno. 
Presumivelmente, a espermatogênese em homens 
mais velhos está sujeita a maior dano epigenético 
do que em homens jovens. 
Novas análises desses sítios de cromossoma 
levaram à identificação de genes candidatos 
específicos, e os melhores candidatos atuais são o 
receptor nicotínico alfa-7, DISC 1, GRM 3, COMT, 
NRG 1, RGS 4 e G 72. 
Recentemente, verificou-se que mutações dos 
genes distrobrevina (DTNBP1) e neurregulina 1 
estão associadas com sintomas negativos da 
esquizofrenia. 
FATORES BIOQUÍMICOS 
HIPÓTESE DA DOPAMINA: postula que o transtorno 
resulta do excesso de atividade dopaminérgica. A 
teoria evoluiu a partir de duas observações. 
1ª: a eficácia e a potência da maioria dos 
antipsicóticos (i.e., antagonistas do receptor da 
dopamina [ARDs]) estão correlacionadas a sua 
capacidade de agir como antagonistas do 
receptor de dopamina tipo 2 (D2). 
2º: os agentes que aumentam a atividade 
dopaminérgica (anfetamina) são 
psicotomiméticos. 
Esquizofrenia 
Problema 03 
 
 
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A liberação excessiva de dopamina em pacientes 
com esquizofrenia foi associada à gravidade de 
sintomas psicóticos positivos. 
SEROTONINA: postulam o excesso de serotonina 
como uma das causas de sintomas tanto positivos 
como negativos na esquizofrenia. 
A atividade antagonista de serotonina consistente 
da clozapina e de outros antipsicóticos de 
segunda geração, junto com a eficácia da 
clozapina para dimimuir sintomas positivos em 
pacientes crônicos, contribuiu para a validade 
dessa proposição 
NOREPINEFRINA: uma degeneração neuronal 
seletiva no sistema neural de recompensa da 
norepinefrina pode estar relacionado ao 
comprometimento da capacidade para 
gratificação emocional e a diminuição da 
capacidade de experimentar prazer (anedonia) 
Entretanto, os dados bioquímicos e far-
macológicos que apoiam essa proposição são 
inconclusivos. 
GABA: alguns pacientes têm uma perda de 
neurônios GABAérgicos no hipocampo. 
O GABA tem um efeito regulador sobre a atividade 
da dopamina, e a perda de neurônios 
GABAérgicos inibidores poderia levar à 
hiperatividade dos neurônios dopaminérgicos. 
NEUROPATOLOGIA 
VENTRÍCULOS CEREBRAIS: TC de pacientes com 
esquizofrenia têm mostrado consistentemente 
alargamento dos ventrículos laterais e do terceiro 
ventrículo e alguma redução no volume cortical. 
SIMETRIA REDUZIDA. Há uma simetria reduzida em 
várias áreas do cérebro na esquizofrenia, incluindo 
os lobos temporal, frontal e occipital. Alguns 
pesquisadores acreditam que essa simetria redu-
zida se origine durante a vida fetal e seja indicativa 
de uma inter-rupção na lateralização cerebral 
durante o neurodesenvolvimento. 
SISTEMA LÍMBICO: Estudos de amostras cerebrais 
na necropsia de pacientes com o transtorno 
mostraram diminuição no tamanho da região, 
incluindo a amígdala, o hipocampo e o giro para-
hipocampal. 
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL. muito tem sido observado 
que vários sintomas de esquizofrenia imitam 
aqueles encontrados em pessoas com lobotomias 
pré-frontais ou síndromes do lobo frontal. 
TÁLAMO. Alguns estudos do tálamo mostram 
evidência de diminuição de volume ou perda 
neuronal, em subnúcleos específicos. 
GÂNGLIOS DA BASE E CEREBELO: visto que estão 
envolvidos no controle dos movimentos, doenças 
nessas áreas estão implicadas na exibição de 
movimentos bizarros em alguns pacientes, mesmo 
na ausência de transtornos do movimento 
induzidos por medicamentos (p. ex., discinesia 
tardia). Além disso, os transtornos do movimento 
que envolvem os gânglios da base (p. ex., doença 
de Huntington, doença de Parkinson) são os mais 
comumente associados com psicose. 
AMBIENTAIS. A estação do ano no nascimento é 
associada à incidência da esquizofrenia, incluindo 
fim do inverno/início da primavera em alguns 
locais e verão para a forma da doença com 
déficits. A incidência de esquizofrenia e 
transtornos relacionados é mais alta em crianças 
que crescem em ambiente urbano e em alguns 
grupos étnicos minoritários. 
SUBTIPOS 
Cinco subtipos de esquizofrenia foram descritos 
com base na apresentação clínica: paranoide, 
desorganizado, catatônico, indiferenciado e 
residual. 
O DSM-5 não usa mais esses subtipos, mas eles são 
listados na 10ª revisão da Classificação 
internacional de doenças e problemas 
relacionados à saúde (CID-10) e ainda são 
utilizados pela maioria dos médicos nos Estados 
Unidos e em outros países para descrever a 
fenomenologia da esquizofrenia. 
TIPO PARANOIDE 
Caracteriza--se pela preocupação com um ou 
mais delírios ou alucinações auditivas frequentes. 
Classicamente, esse tipo é marcado sobretudo 
pela presença de delírios de perseguição ou 
grandeza. 
Esses pacientes costumam ter seu primeiro 
episódio da doença em idade mais avançada do 
 
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que aqueles com os tipos catatônico ou de-
sorganizado. 
Além disso, demonstram menos regressão de suas 
faculdades mentais, de respostas emocionais e de 
comportamento do que em outros tipos do 
transtorno. 
Indivíduos com esquizofrenia paranoide tendem a 
ser tensos, desconfiados, cautelosos, reservados e, 
às vezes, hostis ou agressivos, mas também 
ocasionalmente capazes de se comportar de 
forma adequada em algumas situações sociais. 
Sua inteligência nas áreas que não são invadidas 
pela psicose tende a permanecer intacta. 
TIPO DESORGANIZADO 
É caracterizado por regressão acentuada para um 
comportamento primitivo, desinibido e 
desordenado e pela ausência de sintomasque 
satisfaçam os critérios para o tipo catatônico. 
O início desse subtipo costuma ser precoce, 
ocorrendo antes dos 25 anos de idade. 
Os pacientes desorganizados em geral são ativos, 
mas de uma forma não construtiva, sem objetivo. 
Seu transtorno do pensamento é pronunciado, e o 
contato com a realidade é pobre. 
Sua aparência pessoal é desleixada, e o 
comportamento social e as respostas emocionais 
são inadequados, com frequência explodindo em 
risos sem nenhuma razão aparente. 
Sorrisos e caretas incongruentes também são 
comuns nesses pacientes, cujo comportamento 
pode ser mais bem descrito como tolo ou 
insensato. 
TIPO CATATÔNICO 
Sua característica clássica é um distúrbio 
acentuado da função motora, que pode envolver 
estupor, negativismo, rigidez, excitação ou 
posturas bizarras. 
Por vezes, o paciente exibe alternância rápida 
entre extremos de excitação e estupor. 
As características associadas incluem 
estereotipias, maneirismos e flexibilidade cérea. O 
mutismo é particularmente comum. 
Durante a excitação catatônica, os pacientes 
necessitam de supervisão constante para impedir 
que machuquem a si mesmos ou outras pessoas. 
Pode ser necessário atendimento médico devido 
a desnutrição, exaustão, hiperpirexia ou 
autolesões. 
TIPO INDIFERENCIADO 
Com frequência, pacientes que claramente têm 
esquizofrenia não podem ser enquadrados em um 
subtipo com tanta facilidade. 
Eles são classificados com esquizofrenia do tipo 
indiferenciado. 
TIPO RESIDUAL 
Caracteriza-se por evidências contínuas do 
transtorno na ausência de um conjunto completo 
de sintomas ativos ou de sintomas suficientes para 
satisfazer o diagnóstico de outro tipo de 
esquizofrenia. 
Embotamento emocional, retraimento social, 
comportamento excêntrico, pensamento ilógico e 
frouxidão leve das associações são comuns nesse 
tipo. 
Quando ocorrem, delírios ou alucinações não são 
proeminentes nem acompanhados de reações 
afetivas significativas. 
QUADRO CLÍNICO 
A esquizofrenia é caracterizada por conjuntos de 
sintomas e comportamentos, que podem se 
combinar de formas muito variadas e 
heterogêneas, nas diversas fases da doença, nas 
quais preponderariam distintas dimensões 
sintomatológicas. 
Os principais grupos de sintomas da esquizofrenia 
são: 
1 . SINTOMAS NEGATIVOS 
Caracterizam-se pela perda de certas funções 
psíquicas (vontade, pensamento, linguagem, 
etc.) e pelo empobrecimento global da vida 
afetiva, cognitiva e social do indivíduo. 
Em decorrência dos sintomas negativos, observa-
se uma considerável negligência quanto a si 
 
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mesmo, que se revela pelo descuido e 
desinteresse para consigo mesmo, com higiene 
pobre, roupas malcuidadas, descuido da 
aparência e/ou dos cuidados com a saúde, 
cabelos sujos, dentes apodrecidos, entre outros 
aspectos. 
Os principais sintomas ditos negativos nas 
síndromes esquizofrênicas são: 
•DISTANCIAMENTO E APLAINAMENTO AFETIVO OU 
AFETO EMBOTADO: perda da capacidade de se 
sintonizar afetivamente com as pessoas, de ter 
e/ou demonstrar ressonância afetiva no contato 
interpessoal. 
•RETRAÇÃO SOCIAL OU ASSOCIALIDADE: o 
indivíduo vai se isolando progressivamente do 
convívio social, havendo restrição dos interesses 
devido às alterações nas esferas afetivas (apatia) 
e volitivas (abulia e redução do impulso para agir 
socialmente). 
•ALOGIA OU EMPOBRECIMENTO DA LINGUAGEM E 
DO PENSAMENTO: diminuição da fluência verbal e 
pelo discurso empobrecido. 
•DIMINUIÇÃO DA VONTADE (AVOLIÇÃO): 
diminuição da iniciativa e dificuldade ou 
incapacidade de realizar ações, tarefas, trabalhos 
minimamente organizados que exijam iniciativa, 
motivação, organização e persistência. 
•ANEDONIA: diminuição da capacidade de 
experimentar e sentir prazer. 
Obs: A anedonia da esquizofrenia é distinta da 
existente na depressão, visto que, na esquizofrenia 
não há evidente desconforto subjetivo com a 
experiência de anedonia. 
2 . SINTOMAS POSITIVOS 
Os sintomas ditos positivos são manifestações 
novas, salientes, do processo esquizofrênico (não 
houve perda de processos existentes 
anteriormente como nos sintomas negativos) 
Os principais sintomas positivos da esquizofrenia 
são: 
• ALUCINAÇÕES: o tipo de alucinação mais 
frequente é a auditiva (“vozes” que o paciente 
ouve, geralmente com conteúdo de acusação, 
ameaça ou pejorativos), mas também pode haver 
alucinações/ilusões visuais, táteis, gustativas 
(gosto de veneno nos alimentos) e/ou olfativas 
(sentir cheiro de podre). 
•IDEIAS DELIRANTES (DELÍRIO): frequentemente de 
conteúdo persecutório, autorreferentes ou de 
influência, mas pode haver delírios com outros 
conteúdos ou de outra natureza. 
Os delírios e as alucinações com conteúdo 
implausíveis, bizarros (eventos ou fatos 
praticamente impossíveis de ocorrer), assim como 
não congruentes com o humor basal do paciente, 
são indicadores robustos de esquizofrenia. 
•DISTORÇÃO DA REALIDADE OU DIFICULDADES 
COM O TESTE DE REALIDADE: presença de ideias 
muito deturpadas, marcadamente bizarras, sobre 
a realidade, sobre os fatos do mundo, sobre a 
história do paciente, embora não sejam 
necessariamente delírios, podem estar presentes. 
3.SINTOMAS DE DESORGANIZAÇÃO 
Essa síndrome tem certa correspondência ou 
semelhança com o subtipo classicamente 
denominado esquizofrenia hebefrênica. 
Assim, nas formas desorganizadas da doença, 
observam-se: 
• PENSAMENTO PROGRESSIVAMENTE 
DESORGANIZADO: leve afrouxamento das 
associações, passando por descarrilamento do 
pensamento até a total desagregação e 
produção de um pensamento totalmente 
incompreensível, totalmente incoerente. 
•TANGENCIALIDADE E CIRCUNSTANCIALIDADE: 
incapacidade de manter o fluxo do discurso e as 
associações do pensamento dirigidas para um 
objetivo e introdução excessiva de palavras e 
ideias no discurso que não têm nenhuma relação 
com o tema exposto. 
A presença de neologismos eventualmente é 
incluída aqui, mas pode também ser classificada 
junto aos sintomas positivos. 
•COMPORTAMENTOS DESORGANIZADOS E 
INCOMPREENSÍVEIS: particularmente 
comportamentos sociais e sexuais bizarros e 
inadequados, observados em vestimenta, 
adornos, aparência e expressão geral bizarra. 
•AFETO INADEQUADO: marcadamente 
ambivalente, incongruente e em descompasso 
 
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franco entre as esferas afetivas, ideativas e 
volitivas pode ser incluído como parte da síndrome 
de desorganização. 
4 .SINTOMAS PSICOMOTORES/CATATONIA 
LENTIFICAÇÃO E EMPOBRECIMENTO PSICOMOTOR: 
restrição do repertório da esfera gestual e motora. 
ESTEREOTIPIAS DE MOVIMENTOS: atos, gestos, 
repetidos de forma mecânica, sem finalidades, 
maneirismos (gestos complexos, repetidos, que 
parecem ter um objetivo e significado para o 
indivíduo) e posturas bizarras. Alguns pacientes 
fazem caretas (que não se sabe por que), vestem 
roupas e usam adornos bizarros. 
CATATONIA: é a manifestação psicomotora mais 
marcante na esquizofrenia. Embora o nível de 
consciência esteja preservado, o paciente pode 
revelar sintomas de estupor (o paciente fica no 
leito, parado, sem fazer nada, sem responder a 
solicitações, sem se alimentar e às vezes sem sair 
para urinar ou defecar). 
Também pertencem à catatonia a flexibilidade 
cerácea, ou catalepsia (o paciente fica na 
posição que o colocam, mesmo em posições dos 
membros contra a gravidade), a ecolalia (repetir 
mecanicamente palavras do interlocutor) e/ou a 
ecopraxia (repetir mecanicamente atos dos 
outros). 
5.SINTOMAS/PREJUÍZOS COGNITIVOS 
As alterações cognitivas são fortes preditores de 
pior evolução na vida social e do trabalho. 
Alterações cognitivas na esquizofrenia incluem os 
seguintes domínios da cognição: atenção, 
memória episódica, memória de trabalho, 
velocidadede processamento e funções 
executivas frontais (inclusive fluência verbal). 
Também em relação à cognição social, 
observam-se dificuldades na percepção e no 
gerenciamento de emoções (perceber e 
compreender as emoções a partir de pistas 
faciais, tom de voz, gestos) e déficit na percepção 
social (compreender o contexto social, 
decodificar e identificar dicas sociais de acordo 
com o ambiente). 
6. SINTOMAS DE HUMOR 
Há redução da experiência e da expressão 
emocional em muitos pacientes 
Em contraste com tal redução, os indivíduos 
apresentam com frequência aumento da 
reatividade emocional 
Essa combinação de redução da expressão 
emocional com maior reatividade emocional tem 
sido denominada de “paradoxo emocional da 
esquizofrenia”. 
DIAGNÓSTICO 
 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO DSM-5 PARA 
ESQUIZOFRENIA 
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por 
uma quantidade significativa de tempo durante um período 
de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo 
menos um deles deve ser (1), (2) ou (3): 
1.Delírios. 
2. Alucinações 
3. Discurso desorganizado. 
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou 
catatônico. 
5. Sintomas negativos (i.e., expressão emocional diminuída 
ou avolia). 
B. Por período significativo de tempo desde o 
aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento 
em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, 
como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado, está 
acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início 
(ou, quando o início se dá na infância ou na adolescência, 
incapacidade de atingir o nível esperado de funcionamento 
interpessoal, acadêmico ou profissional). 
C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo 
menos, seis meses. Esse período de seis meses deve incluir 
no mínimo um mês de sintomas (ou menos, se tratados 
com sucesso) que precisam satisfazer ao Critério A (i.e., 
sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas 
prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos 
prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação podem 
ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por 
dois ou mais sintomas listados no Critério A presentes em 
uma forma atenuada (p. ex., crenças esquisitas, 
experiências perceptivas incomuns). 
D. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou 
transtorno bipolar com características psicóticas são 
descartados porque 
1) não ocorreram episódios depressivos maiores ou 
maníacos concomitantemente com os sintomas da fase 
ativa, ou 
 
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ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 
 
2) se episódios de humor ocorreram durante os sintomas 
da fase ativa, sua duração total foi breve em relação aos 
períodos ativo e residual da doença. 
E. A perturbação não pode ser atribuída aos efeitos 
fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, 
medicamento) ou a outra condição médica. 
 
F. Se há história de transtorno do espectro autista ou de 
um transtorno da comunicação iniciado na infância, o 
diagnóstico adicional de esquizofrenia é realizado somente 
se delírios ou alucinações proeminentes, além dos demais 
sintomas exigidos de esquizofrenia, estão também 
presentes por pelo menos um mês (ou menos, se tratados 
com sucesso). 
Especificar se: 
Os especificadores de curso a seguir devem somente ser 
usados após um ano de duração do transtorno e se não 
estiverem em contradição com os critérios de curso 
diagnóstico. 
Primeiro episódio, atualmente em episódio agudo: A 
primeira manifestação do transtorno atende aos sintomas 
diagnósticos definidos e ao critério de tempo. Um episódio 
agudo é um período de tempo em que são satisfeitos os 
critérios de sintomas. 
Primeiro episódio, atualmente em remissão parcial: 
Remissão parcial é um período de tempo durante o qual é 
mantida uma melhora após um episódio anterior e em que 
os critérios definidores do transtorno são atendidos 
apenas em parte. 
Primeiro episódio, atualmente em remissão completa: 
Remissão completa é um período de tempo após um 
episódio anterior durante o qual não estão presentes 
sintomas específicos do transtorno. 
Episódios múltiplos, atualmente em episódio agudo: 
Múltiplos episódios podem ser determinados após um 
mínimo de dois episódios (i.e., após um primeiro episódio, 
uma remissão e pelo menos uma recaída). 
Episódios múltiplos, atualmente em remissão parcial 
Episódios múltiplos, atualmente em remissão completa 
Contínuo: Os sintomas que atendem aos critérios de 
sintomas diagnósticos do transtorno permanecem durante 
a maior parte do curso da doença, com períodos de 
sintomas em nível subclínico muito breves em relação ao 
curso geral. 
Não especificado 
 
Especificar se: 
 
Com catatonia (consultar os critérios para catatonia 
associada a outro transtorno mental, para definição) 
Nota para codificação: Usar o código adicional 293.89 
(F06.1) de catatonia associada a esquizofrenia para indicar 
a presença de catatonia comórbida. 
 
Especificar a gravidade atual: 
 
A gravidade é classificada por uma avaliação quantitativa 
dos sintomas primários de psicose, o que inclui delírios, 
alucinações, desorganização do discurso, comportamento 
psicomotor anormal e sintomas negativos. Cada um 
desses sintomas pode ser classificado quanto à gravidade 
atual (mais grave nos últimos sete dias) em uma escala 
com 5 pontos, variando de 0 (não presente) a 4 (presente 
e grave). (Ver Gravidade das Dimensões de Sintomas de 
Psicose Avaliada pelo Clínico no capítulo “Instrumentos de 
Avaliação”.) 
 
Nota: O diagnóstico de esquizofrenia pode ser feito sem a 
utilização desse especificador de gravidade. 
 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS 
TRANSTORNO ESQUIZOFRENIFORME: difere da 
esquizofrenia porque seus sintomas têm duração 
de pelo menos um mês, mas menos de seis. 
TRANSTORNO PSICÓTICO BREVE: é o diagnóstico 
apropriado quando os sintomas duram pelo 
menos um dia, mas menos de um mês, e o 
paciente não retorna ao estado pré-mórbido de 
funciona-mento nesse período. 
TRANSTORNO ESQUIZOAFETIVO: deve-se pensar 
quando uma síndrome maníaca ou depressiva se 
desenvolve ao mesmo tempo que os sintomas 
principais da esquizofrenia. 
TRANSTORNO DELIRANTE: Delírios não bizarros 
presentes por pelo menos um mês sem outros 
sintomas de esquizofrenia ou transtorno do humor 
TRANSTORNOS DO HUMOR 
EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR: delírios e 
alucinações, associado a um transtorno do humor 
unipolar ou bipolar. Os delírios vistos na depressão 
psicótica são normalmente congruentes com o 
humor e envolvem temas como culpa, 
autodepreciação, punição merecida e doenças 
incuráveis 
 TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE 
Os transtornos da personalidade, diferentemente 
da esquizofrenia, têm sintomas leves e história de 
 
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ocorrência durante toda a vida; eles também não 
têm uma data de início precisa. 
TRATAMENTO 
HOSPITALIZAÇÃO 
É indicada para: 
-Fins de diagnóstico 
-Estabilização da medicação 
-Segurança do paciente (ideação suicida ou 
homicida) 
-Incapacidade de cuidar das necessidades 
básicas, como alimentação, vestuário e abrigo. 
Obs: Centros de atendimento diários e visitas 
domiciliares de terapeutas às vezes ajudam os 
pacientes a permanecer fora do hospital por 
longos períodos, melhorando a qualidade de suas 
vidas diárias 
FARMACOTERAPIA 
• Antipsicóticos de primeira geração, ou 
antagonistas do receptor de dopamina (ARD) 
 
• Antipsicóticos de segunda geração ou 
antagonistas de serotonina e dopamina (ASDs). 
 
TRATAMENTO DA PSICOSE AGUDA 
 
Os sintomas psicóticos agudos requerem atenção 
imediata e consiste em aliviar os sintomas 
psicóticos mais graves. 
 
Essa fase em geral dura de 4 a 8 semanas. 
 
Os antipsicóticos e os benzodiazepínicos podem 
acalmar os pacientes com bastante rapidez. 
 
• ANTIPSICÓTICOS: Muitas vezes uma única injeção 
IM, resultaráem efeito calmante sem sedação 
excessiva. 
 
-Haloperidol, flufenazina: podem causar distonias 
ou acatisia assustadoras em alguns pacientes. 
 
-Ziprasidona e olanzapina IM: não causam efeitos 
colaterais extrapiramidais substanciais 
 
• BENZODIAZEPÍNICOS: lorazepam tem a vantagem 
de uma absorção confiável quando administrado 
por VO ou IM. 
 
Obs: Paciente em tratamento com medicamentos 
que tenham efeitos colaterais extrapiramidais 
como um antipsicótico de 1ª geração: 
antiparkinsoniano anticolinérgico, um 
benzodiazepínico ou propranolol pode ser útil 
para fazer essa diferenciação. 
 
TRATAMENTO DURANTE AS FASES DE ESTABILIZAÇÃO 
E MANUTENÇÃO 
 
Os objetivos durante essa fase são prevenir 
recaída psicótica e ajudar os pacientes a 
melhorar seu nível de funcionamento. 
 
Nessa fase, os pacientes em geral estão em um 
estado relativo de remissão, apenas com sintomas 
psicóticos mínimos. 
 
Embora as diretrizes publicadas não façam 
recomendações definitivas, no geral, é 
recomendado que pacientes com episódios 
múltiplos recebam tratamento de manutenção 
por pelo menos 5 anos, e muitos especialistas 
recomendam a farmacoterapia por tempo 
indeterminado. 
 
Pacientes estáveis que são mantidos com um 
antipsicótico têm uma taxa de recaída muito mais 
baixa do que aqueles que têm seus 
medicamentos descontinuados. 
 
** Antipsicóticos de segunda geração são mais 
recomentados para o tratamento de 
manutenção por terem um risco bastante 
reduzido de discinesia tardia. 
 
ESTRATÉGIAS PARA PACIENTES RESISTENTES AO 
TRATAMENTO 
 
Antes de considerar um paciente resistente a 
determinada droga, é importante uma tentativa 
de 4 a 6 semanas em uma dose adequada de um 
antipsicótico com monitoração da concentração 
plasmática. 
 
CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA MUITO BAIXA: 
 
-Má adesão do paciente ao tratamento ou 
apenas adesão parcial. 
 
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-Paciente possui um metabolismo rápido do 
antipsicótico ou a droga não esteja sendo 
absorvida de modo apropriado = aumentar a 
dose pode ser útil 
 
CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA ALTA: 
 
-Efeitos colaterais estarem interferindo na resposta 
terapêutica = mudar para outro medicamento. 
 
A clozapina é eficaz para pacientes que 
respondem mal aos ARDs. 
OUTRAS TERAPIAS BIOLÓGICAS 
A eletroconvulsoterapia (ECT) tem sido estudada 
na esquizofrenia tanto aguda quanto crônica. 
Estudos com pacientes de início recente indicam 
que a ECT é tão eficaz quanto medicamentos 
antipsicóticos e mais eficaz do que psicoterapia. 
TERAPIAS PSICOSSOCIAIS 
O objetivo é capacitar indivíduos com doença 
grave a desenvolver habilidades sociais e 
vocacionais para uma vida independente. 
 
TREINAMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS 
 Além dos sintomas psicóticos outros sintomas, 
incluindo pouco contato visual, retardo incomum 
das reações, expressões faciais estranhas, falta de 
espontaneidade em situações sociais e 
percepção incorreta ou falta de percepção das 
emoções das outras pessoas são comuns. 
 
O treinamento de habilidades comportamentais 
trata esses comportamentos com o uso de vídeos 
de outras pessoas e do paciente, dramatizações 
na terapia e “lições de casa” para as habilidades 
específicas que estão sendo praticadas. 
 
TERAPIA DE FAMÍLIA 
A abordagem deve focalizar a situação imediata 
e incluir identificação e evitação de situações 
potencialmente problemáticas. 
 
Os terapeutas devem ajudá-los a compreender e 
a aprender sobre a esquizofrenia e estimular a 
discussão sobre o episódio psicótico e os fatos que 
levaram a ele. 
 
 
TERAPIA DE GRUPO 
A terapia de grupo é eficaz para reduzir o 
isolamento social, aumentar o sentido de coesão 
e melhorar o teste de realidade. 
 
PSICOTERAPIA INDIVIDUAL 
É fundamental desenvolver uma relação em que 
o paciente sinta ser segura. 
 
Os terapeutas devem respeitar a distância e a 
privacidade do paciente e demonstrar 
simplicidade, paciência, franqueza e 
sensibilidade às convenções sociais em vez de 
optar pela preferência por informalidade 
prematura e pelo uso condescendente de 
primeiros nomes. 
 
O paciente tende a perceber uma ternura 
exagerada ou expressões de amizade como 
tentativas de suborno, manipulação ou 
exploração; 
PROGNÓSTICO 
A esquizofrenia é uma doença crônica, com surtos 
recorrentes; não há, de modo geral, remissão 
completa depois dos surtos. 
 
A evolução da vida social e econômica implica, 
geralmente, menores taxas de emprego e de 
independência econômica, e também há maior 
probabilidade de o indivíduo acometido ficar em 
situação de rua ou ser preso. 
 
A pior evolução se associa a sexo masculino, 
surgimento mais precoce da doença, períodos 
mais prolongados sem tratamento, gravidade do 
acometimento cognitivo (sobretudo da cognição 
social) e dos sintomas negativos. 
 
Pessoas com esquizofrenia vivem em média 15 a 
25 anos a menos do que a população em geral, 
em decorrência de terem mais doenças e 
condições físicas. 
Cerca de 5 a 6% dos indivíduos com esquizofrenia 
morrem por suicídio; em torno de 20% tentam 
suicídio em uma ou mais ocasiões, e muitos mais 
têm ideação suicida importante. Um 
comportamento suicida ocorre por vezes em 
resposta ao comando das alucinações para 
prejudicar a si mesmo ou a outros.

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