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Transtornos esquizofrênicos (esquizofrenia e tipos)

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Julia Paris Malaco – UCT18 
SP3 – problemas mentais e de comportamento 
 
As síndromes psicóticas caracterizam-se por 
experiências como alucinações e delírios, 
desorganização marcante do pensamento e/ou 
do comportamento ou comportamento 
catatônico. Experiência intensa de estar sendo 
perseguido ou ameaçado (por pessoas ou forças 
estranhas), assim como alterações evidentes na 
vida pessoal, familiar e social, são frequentes nos 
quadros psicóticos. São condições, de modo 
geral, de acentuada gravidade. 
 
Os transtornos psicóticos são especificados pelo 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais (DSM-5) e pela Classificação Internacional 
de Doenças (CID-10): 
 Esquizofrenia: Trata-se de uma perturbação 
que dura, pelo menos, 6 meses e inclui, no 
mínimo, 1 mês de sintomas da fase ativa (isto 
é, dois ou mais sinais, como delírios, 
alucinações, discurso desorganizado, 
comportamento amplamente desorganizado 
ou catatônico e sintomas negativos). 
O transtorno costuma começar antes dos 25 
anos, persiste durante toda a vida e afeta 
pessoas de todas as classes sociais 
 Transtorno esquizofreniforme: Caracteriza-se 
por quadro sintomático equivalente ao da 
esquizofrenia, exceto por sua duração (isto é, 
a perturbação dura de 1 a 6 meses) e 
ausência da exigência de declínio no 
funcionamento. 
 Transtorno esquizoafetivo: Trata-se de uma 
perturbação em que episódio de humor e 
sintomas da fase ativa da esquizofrenia 
ocorrem juntos e foram precedidos ou 
seguidos por, pelo menos, 2 semanas de 
delírios ou alucinações sem sintomas 
proeminentes de humor. 
 Transtorno delirante: Caracteriza-se por, pelo 
menos, 1 mês de delírios não bizarros sem 
outros sintomas da fase ativa da esquizofrenia. 
 Transtorno psicótico breve: Trata-se de uma 
perturbação psicótica com duração maior 
que 1 dia e remissão em 1 mês. 
 Transtorno psicótico compartilhado: Trata-se 
de uma perturbação que se desenvolve em 
indivíduo influenciado por outra pessoa com 
delírio estabelecido de conteúdo similar. 
 Transtorno psicótico devido a uma condição 
médica geral: Os sintomas psicóticos são 
considerados consequência fisiológica direta 
de uma condição médica geral. 
 Transtorno psicótico induzido por substância: 
Nesse caso, os sintomas psicóticos são 
 
considerados consequência fisiológica direta 
de droga de abuso, medicamento ou 
exposição à toxina. 
 Transtorno psicótico sem outra especificação: 
Está incluído na classificação de quadros 
psicóticos que não satisfazem os critérios para 
quaisquer dos transtornos psicóticos 
específicos definidos nesta seção, ou de 
sintomatologia psicótica acerca da qual 
existem informações inadequadas ou 
contraditórias. 
 
Esquizofrenia 
 
Os transtornos esquizofrênicos caracterizam-se, 
em geral, por distorções fundamentais de 
características do pensamento e da percepção e 
por afetos inapropriados ou embotados. 
 
Usualmente, mantêm-se claras a consciência e a 
capacidade intelectual. 
 
A esquizofrenia é uma doença caracterizada por 
desorganização de diversos processos mentais. 
Culturalmente, o esquizofrênico representa o 
estereótipo do “louco”, um indivíduo que produz 
grande estranheza social em razão do seu 
desprezo para com a realidade reconhecida. 
 
O DSM-5 aponta que existe forte contribuição dos 
fatores genéticos na determinação do risco para 
esquizofrenia, embora a maioria dos indivíduos 
com diagnóstico do transtorno não tenha história 
familiar de psicose. Essa tendência é atribuída a 
um espectro de alelos de risco, que são 
associados a outros transtornos mentais, incluindo 
transtorno bipolar, depressão e transtorno do 
espectro autista. Os parentes biológicos em 
primeiro grau de indivíduos com esquizofrenia 
estão em risco 10 vezes maior para a doença do 
que a população geral. 
 
Personalidades pré mórbidas: 
 Esquizoide: São atitudes fora do normal que 
estamos acostumados, que o paciente tem 
desde sempre – distanciamento, afastamento 
do convívio social. 
 Esquizotipia: paciente acredita em crenças 
bizarras 
 
Principais grupos de sintomas da esquizofrenia: 
 Sintomas negativos 
 Sintomas positivos 
 Sintomas de desorganização 
Julia Paris Malaco – UCT18 
 Sintomas psicomotores/catatonia 
 Sintomas/prejuízos cognitivos 
 Sintomas de humor 
 
Avaliação psicopatológica: 
 Aparência: desleixado 
 Comportamento inadequado 
 Afeto (sentimento em relação a uma 
informação): empobrecimento do afeto, 
estado de embotamento, não expressa 
nenhum tipo de afeto, passa a fazer uma 
discordância do afeto. 
 Sensopercepção: alucinação auditiva, 
senestésica (corporal) 
 Não tem alucinação visual: porque a 
esquizofrenia acontece no lobo temporal, o 
qual não está relacionado com a visão. Caso 
o paciente esteja tendo alucinação pensar 
em algo/causa orgânica 
 Pensamento: alteração do conteúdo do 
pensamento, delírio, não consegue ter um 
raciocínio completo, se perde nos 
pensamentos 
 Linguagem: neologia (criam termos que não 
existem e dao sentidos a ele), jargonofasia 
(sopa de palavras, fala coisas sem nexo 
algum) 
 Psicomotricidade: agitação ou inibição 
psicomotora 
 Vontade: perde a vontade, hipobulia, abolia 
 Inteligência: preservada 
 Consciência do eu: perde a noção dos limites 
corporais, sempre está sendo invadido pelo 
meio (vozes e etc) 
 
Sintomas positivos: 
 Alucinações (mais comuns auditivas e visuais 
e, menos comuns, táteis e olfativas) 
 Delírios (persecutórios, de grandeza, de 
ciúmes, somáticos, místicos, fantásticos); 
 Perturbações da forma e do curso do 
pensamento (incoerência, prolixidade, 
desagregação); 
 Comportamento desorganizado, bizarro; 
 Agitação psicomotora; 
 Negligência dos cuidados pessoais. 
 
Sintoma negativos: 
 Pobreza do conteúdo do pensamento e da 
fala; 
 Embotamento ou rigidez afetiva; 
 Prejuízo do pragmatismo; 
 Incapacidade de sentir emoções e sentir 
prazer; 
 Isolamento social; 
 Diminuição de iniciativa e da vontade. 
 
Alguns sintomas, embora não sejam específicos 
da esquizofrenia, são de grande valor para o 
diagnóstico, como os seguintes: 
 Audição dos próprios pensamentos (sob a 
forma de vozes); 
 Alucinações auditivas que comentam o 
comportamento do paciente; 
 Alucinações somáticas; 
 Sensação de ter os próprios pensamentos 
controlados; 
 Irradiação desses pensamentos; 
 Sensação de ter as ações controladas e 
influenciadas por algo exterior. 
 
Sintomas de desorganização: 
 Pensamento progressivamente 
desorganizado, totalmente incoerente. 
 Presença de neologismos 
 Comportamentos desorganizados e 
incompreensíveis, particularmente 
comportamentos sociais e sexuais bizarros e 
inadequados, observados em vestimenta, 
adornos, aparência e expressão geral bizarra. 
 
Sintomas psicomotores e catatonia: 
 Alterações psicomotoras são verificadas na 
forma de estereotipias de movimentos (atos, 
gestos, atitudes mais complexos que os tiques, 
repetidos de forma mecânica, sem 
finalidades), maneirismos (gestos complexos, 
repetidos, que parecem ter um objetivo e 
significado para o indivíduo, mas que são 
percebidos pelo observador como algo 
excessivo, excêntrico e muito bizarro) e 
posturas bizarras. 
 A síndrome catatônica ou catatonia é a 
manifestação psicomotora mais marcante na 
esquizofrenia. Na catatonia, embora os 
pacientes apresentem o nível de consciência 
preservado, podem revelar sintomas de 
estupor (diminuição marcante até ausência 
de atividade psicomotora, com retenção da 
consciência, mutismo e negativismo; o 
paciente fica no leito, parado, sem fazer 
nada, sem responder a solicitações, sem se 
alimentar e às vezes sem sair para urinar ou 
defecar). Também pertencem à catatonia a 
flexibilidade cerácea, ou catalepsia (o 
paciente fica na posição que o colocam,mesmo em posições dos membros contra a 
gravidade), a ecolalia (repetir 
mecanicamente palavras do interlocutor) 
e/ou a ecopraxia (repetir mecanicamente 
atos dos outros). 
 
Sintomas/prejuízos cognitivos: 
 atenção, memória episódica, memória de 
trabalho, velocidade de processamento e 
Julia Paris Malaco – UCT18 
funções executivas frontais (inclusive fluência 
verbal). 
 Aqui se verifica déficit em teoria da mente 
(sistema de inferências ligado à compreensão 
de intenções, disposições e crenças dos outros 
e de si mesmo). 
 observam-se dificuldades na percepção e no 
gerenciamento de emoções (perceber e 
compreender as emoções a partir de pistas 
faciais, tom de voz, gestos) e déficit na 
percepção social (compreender o contexto 
social, decodificar e identificar dicas sociais de 
acordo com o ambiente). 
 
Achados neurológicos: Sinais neurológicos focais 
e não fo-cais (também conhecidos como sinais 
fortes e fracos, respectiva-mente) têm sido 
relatados como mais comuns em pacientes com 
es-quizofrenia do que em outros pacientes 
psiquiátricos. Os sinais não focais incluem 
disdiadococinesia, estereognosia, reflexos 
primitivos e destreza diminuída. 
 
Hierarquização de sintomas, de acordo com sua 
importância, para o diagnóstico da esquizofrenia 
– os de primeira ordem não são obrigatórios para 
o diagnóstico de esquizofrenia. 
 Sintomas de 1ª ordem: percepção delirante, 
alucinações auditivas (vozes que fazem 
comentários e/ou que dialogam entre si), 
sonorização do pensamento, roubo do 
pensamento, vivências de influência sobre o 
pensamento, difusão do pensamento, eco do 
pensamento; 
 Sintomas de 2ª ordem: intuição delirante, 
perplexidade, humor depressivo ou exaltado, 
vivência de empobrecimento afetivo. 
 
Sentimentos experimentados pelos próprios 
pacientes: 
 Perplexidade: no começo da doença, 
relatam sentimento de estranheza sobre a 
experiência, alguma confusão sobre de onde 
vêm os sintomas (normalmente, alucinações) 
e se perguntam por que sua experiência diária 
tem mudado tanto. 
 Isolamento: o esquizofrênico experimenta 
sensação intensa de ser diferente dos demais 
e de estar separado de outras pessoas. O 
isolamento social e a evitação de contatos 
tornam-se evidentes. 
 Ansiedade e medo: na maior parte, a 
experiência cotidiana é invadida por 
sensação geral de mal-estar e ansiedade. 
Evidenciam-se os períodos de terror intenso, 
causados por um mundo dentro do qual tudo 
parece perigoso e incontrolável, normalmente 
atribuído às origens externas e mágicas. 
Subtipos de esquizofrenia: 
 Forma paranoide 
 Forma catatônica 
 Forma hebefrênica 
 Subtipo dito “simples” 
 Forma indiferenciada 
 Forma residual 
 
Paranoide 
A esquizofrenia paranoide caracteriza-se, 
sobretudo, por ideias delirantes relativamente 
estáveis, com frequência, de perseguição, na 
maioria das vezes acompanhadas de 
alucinações, em especial, auditivas, e de 
perturbações das percepções. 
 Classicamente, esse tipo é marcado sobretudo 
pela presença de delírios de perseguição ou 
grandeza. Esses pacientes costumam ter seu 
primeiro episódio da doença em idade mais 
avançada do que aqueles com os tipos 
catatônico ou desorganizado. Sua inteligência 
nas áreas que não são invadidas pela psicose 
tende a permanecer intacta. 
 
Hebefrenica 
A esquizofrenia hebefrênica caracteriza-se pela 
perturbação dos afetos. As ideias delirantes e as 
alucinações são fugazes e fragmentárias, o 
comportamento é irresponsável e imprevisível; e 
há, com frequência, maneirismos. O afeto é 
superficial e inapropriado, o pensamento é 
desorganizado, o discurso, incoerente, e há 
tendência ao isolamento social. Em geral, o 
prognóstico é desfavorável, devido ao rápido 
desenvolvimento de sintomas negativos, em 
particular, embotamento do afeto e perda da 
volição. A hebefrenia deveria, normalmente, ser 
só diagnosticada em adolescentes e adultos 
jovens. 
Ocorre desorganização do pensamento, 
inadequação do afeto, comportamento infantil, 
sintomas negativos são proeminentes. 
 
Catatônica 
Marcada por alterações motoras, hipertonia, 
flexibilidade cerácea e alterações da vontade, 
como negativismo, mutismo e impulsividade. 
A esquizofrenia catatônica é dominada por 
distúrbios psicomotores proeminentes que podem 
alternar entre extremos, como hipercinesia e 
estupor, ou entre a obediência automática e o 
negativismo. Atitudes e posturas que os pacientes 
foram compelidos a tomar podem ser mantidas 
por longos períodos. 
As características associadas incluem 
estereotipias, maneirismos e flexibilidade cérea. O 
mutismo é particularmente comum. Durante a 
excitação catatônica, os pacien-es necessitam 
Julia Paris Malaco – UCT18 
de supervisão constante para impedir que 
machuquem a si mesmos ou outras pessoas. 
 
Esquizofrenia indiferenciada 
Afecções psicóticas que preenchem os critérios 
diagnósticos gerais para a esquizofrenia, mas que 
não correspondem a nenhum dos subtipos 
incluídos em outros diagnósticos, ou que exibem 
padrões de mais de um deles; sem clara 
predominância de um conjunto particular de 
características diagnósticas. É chamada, 
também, esquizofrenia atípica. 
 
Esquizofrenia residual 
Estádio crônico da evolução de doença 
esquizofrênica, com progressão nítida de um 
estádio precoce para um tardio, o qual se 
caracteriza por sintomas negativos persistentes, 
embora não forçosamente irreversíveis, como 
lentidão psicomotora, hipoatividade, 
embotamento afetivo, passividade e falta de 
iniciativa, pobreza da quantidade e do conteúdo 
do discurso, pouca comunicação não verbal 
(expressão facial, contato ocular, modulação da 
voz e gestos), falta de cuidados pessoais e 
desempenho social medíocre. 
 
Fisiopatologia 
 
No que diz respeito à sua fisiopatologia, várias 
teorias foram lançadas no intuito de explicar as 
bases da doença. 
A teoria neuroquímica, por exemplo, defende que 
a esquizofrenia seja causada por um aumento da 
dopamina em uma das vias dopaminérgicas do 
cérebro (a via mesolímbica), causando, em suma, 
uma hiperatividade desse sistema. A hipótese 
glutaminérgica, embora ainda não elucidada, 
defende que há uma reduzida expressão do 
receptor NMDA (n-metil, d-ácido aspártico). 
 
A hipótese dopaminérgica para a psicose 
determina, portanto, que a hiperatividade dos 
neurônios dopaminérgicos na via mesolímbica 
pode mediar os sintomas positivos da psicose. O 
objetivo terapêutico tem como base a hipótese 
do antagonista do receptor dopaminérgico na 
ação dos antipsicóticos, de modo que, com a via 
mesolímbica bloqueada, os sintomas positivos 
serão combatidos. 
 
Os gânglios da base e o cerebelo estão 
reciprocamente conectados aos lobos frontais, e 
as anormalidades na função do lobo frontal 
observadas em alguns estu-dos de imagem 
cerebral podem se dever a doença em qualquer 
uma dessas áreas além dos próprios lobos frontais. 
Também existe a hi-pótese de que uma lesão no 
início do desenvolvimento dos tratos de dopamina 
para o córtex pré-frontal resulte no distúrbio da 
função do sistema pré-frontal e límbico e leve aos 
sintomas positivos e nega-tivos e aos 
comprometimentos cognitivos observados em 
pacientes com esquizofrenia. 
 
Hipótese da dopamina: A formulação mais simples 
da hipótese da dopamina na esquizofrenia 
postula que o transtorno resulta do excesso de 
atividade dopaminérgica. A teoria evoluiu a partir 
de duas observações. Primeiro, a eficácia e a 
potência da maioria dos antipsicóticos (i.e., 
antagonistas do receptor da dopamina [ARDs]) 
estão correlacionadas a sua capacidade de agir 
como antagonistas do receptor de dopamina tipo 
2 (D2). 
A liberação excessiva de dopamina em pacientes 
com esquizofrenia foi associada à gravidade de 
sintomas psicóticos positivos. 
 
Serotonina: As hipóteses atuais postulam o excesso 
de serotoninacomo uma das causas de sintomas 
tanto positivos como negativos na esquizofrenia. A 
atividade antagonista de serotonina consistente 
da clozapina e de outros antipsicóticos de 
segunda geração, junto com a eficácia da 
clozapina para dimimuir sintomas positivos em 
pacientes crônicos, contribuiu para a validade 
dessa proposição. 
 
Norepinefrina: A anedonia – o comprometimento 
da capacidade para gratificação emocional e a 
diminuição da capacidade de experimentar 
prazer – há muito tem sido observada como um 
aspecto proeminente da esquizofrenia. Uma 
degeneração neuronal seletiva no sistema neural 
de recompensa da norepinefrina poderia explicar 
esse aspecto da sintomatologia do transtorno. 
Entretanto, os dados bioquímicos e 
farmacológicos que apoiam essa proposição são 
inconclusivos. 
 
GABA: foi implicado na fisiopatologia da 
esquizofrenia com base nos achados de que 
alguns pacientes têm uma perda de neurônios 
GABAérgicos no hipocampo. O GABA tem um 
efeito regulador sobre a atividade da dopamina, 
e a perda de neurônios GABAérgicos inibidores 
poderia levar à hiperatividade dos neurônios 
dopaminérgicos. 
 
De particular interesse no contexto das hipóteses 
do circuito neural ligando o córtex pré-frontal e o 
sistema límbico são os estu-dos que demonstram 
uma relação entre anormalidades morfológicas 
hipocampais e distúrbios no metabolismo ou na 
função do córtex pré-frontal (ou em ambos). 
Julia Paris Malaco – UCT18 
Dados de estudos de imagem funcional e 
estrutural em humanos sugerem que, enquanto a 
disfunção do cir-cuito talamocortical dos gânglios 
da base cingulados está na base da produção de 
sintomas psicóticos positivos, a disfunção do 
circuito pré-frontal dorsolateral é subjacente à 
produção de sintomas primá-rios, persistentes, 
negativos ou de déficit. Existe uma base neural 
para as funções cognitivas comprometidas em 
pacientes com esqui-zofrenia. A observação da 
relação entre desempenho da memória de 
trabalho, integridade neuronal pré-frontal 
danificada, córtices parie-tal pré-frontal, 
cingulado e inferior alterados e fluxo sanguíneo 
hipo-campal prejudicado fornece forte apoio à 
ruptura do circuito neural normal da memória de 
trabalho em pacientes com esquizofrenia. O 
envolvimento desse circuito, pelo menos para as 
alucinações auditi-vas, foi documentado em uma 
série de estudos de imagem funcional que 
comparam pacientes com e sem alucinação. 
 
As vias dopaminérgicas do encéfalo e os efeitos 
que sofrem sob ação de bloqueadores dos 
receptores dopaminérgicos são: 
 Via nigro-estriada: a utilização de 
bloqueadores de receptores dopaminérgicos 
para evitar a psicose, pode alcançar esta via 
e gerar efeitos indesejados extrapiramidais, 
como o parkinsonismo farmacológico. As 
reações extrapiramidais ocorrem quando há 
deficiência de dopamina e excesso de 
acetilcolina na via dopaminérgica 
nigrostriada: normalmente, a dopamina 
suprime a atividade da acetilcolina. Uma vez 
bloqueada, não haverá inibição da liberação 
de ACh, gerando os efeitos extrapiramidais. 
 Via mesolímbica: a ação de bloqueadores 
dos receptores dopaminérgicos deve ocorrer 
nesta via, quando se quer reduzir os efeitos dos 
sintomas positivos da psicose. 
 Via mesocortical: o uso de bloqueadores de 
receptores dopaminérgicos, ao afetar esta 
via, cria o aparecimento de sintomas 
negativos da psicose como efeitos adversos. 
 Via túbero-infundibular: bloquear a dopamina 
desta via significa inibir a inibição da secreção 
da prolactina, o que faz com que haja a 
liberação deste hormônio (desenvolve na 
mulher as glândulas mamárias e, no homem, 
ginecomastia). 
 
Critérios diagnósticos DSM-5: 
 
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um 
presente por uma quantidade significativa de 
tempo durante um período de um mês (ou 
menos, se tratados com sucesso). Pelo menos 
um deles deve ser (1), (2) ou (3): 
 Delírios. 
 Alucinações. 
 Discurso desorganizado. 
 Comportamento grosseiramente 
desorganizado ou catatônico. 
 Sintomas negativos (i.e., expressão 
emocional diminuída ou avolia). 
B. Por período significativo de tempo desde o 
aparecimento da perturbação, o nível de 
funcionamento em uma ou mais áreas impor-
tantes do funcionamento, como trabalho, 
relações interpessoais ou autocuidado, está 
acentuadamente abaixo do nível alcançado 
antes do início (ou, quando o início se dá na 
infância ou na adolescência, incapacidade 
de atingir o nível esperado de funciona-mento 
interpessoal, acadêmico ou profissional). 
C. Sinais contínuos de perturbação persistem 
durante, pelo menos, seis meses. Esse período 
de seis meses deve incluir no mínimo um mês 
de sintomas (ou menos, se tratados com 
sucesso) que precisam satisfazer ao Critério A 
(i.e., sintomas da fase ativa) e pode incluir 
períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. 
Durante esses períodos prodrômicos ou 
residuais, os sinais da perturbação podem ser 
manifestados apenas por sintomas negativos 
ou por dois ou mais sintomas listados no Critério 
A presentes em uma forma atenuada (p. ex., 
crenças esquisitas, experiências perceptivas 
incomuns). 
D. Transtorno esquizoafetivo e transtorno 
depressivo ou transtorno bipolar com 
características psicóticas são descartados 
porque 1) não ocor-reram episódios 
depressivos maiores ou maníacos 
concomitantemente com os sintomas da fase 
ativa, ou 2) se episódios de humor ocorre-ram 
durante os sintomas da fase ativa, sua 
duração total foi breve em relação aos 
períodos ativo e residual da doença. 
E. A perturbação não pode ser atribuída aos 
efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., 
droga de abuso, medicamento) ou a outra 
condição médica. 
F. Se há história de transtorno do espectro autista 
ou de um transtorno da comunicação iniciado 
na infância, o diagnóstico adicional de 
esquizofrenia é realizado somente se delírios ou 
alucinações proeminentes, além dos demais 
sintomas exigidos de esquizofrenia, estão 
também presentes por pelo menos um mês (ou 
menos, se tratados com sucesso). 
 
 
 
Julia Paris Malaco – UCT18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento: 
 Hospitalização: A hospitalização é indicada 
para fins de diagnóstico; estabilização da 
medicação; segurança do paciente devido a 
ideação suicida ou homicida; e 
comportamento flagrantemente 
desorganizado ou ina-dequado, incluindo a 
incapacidade de cuidar das necessidades 
bási-cas, como alimentação, vestuário e 
abrigo. Estabelecer uma associa-ção efetiva 
entre o paciente e os sistemas de apoio da 
comunidade também é um dos objetivos da 
hospitalização. 
 Farmacoterapia: todos os medicamentos têm 
em comum a capacidade de antagonizar os 
receptores de dopamina pós--sinápticos no 
cérebro. 
Os antipsicóticos podem ser classificados em 
dois grupos principais: os convencionais, mais 
antigos, que também são chamados de 
antipsicóticos de primeira geração, ou 
antago-nistas do receptor de dopamina, e os 
mais recentes, que têm sido chamados de 
antipsicóticos de segunda geração, ou 
antagonistas de serotonina e dopamina 
(ASDs). 
 Tratamento da psicose aguda: Os sintomas 
psicóticos agudos requerem atenção 
imediata. O tratamento durante a fase aguda 
concentra-se em aliviar os sintomas psi-cóticos 
mais graves. Essa fase em geral dura de 4 a 8 
semanas. A esquizofrenia aguda normalmente 
está associada com agitação grave, que 
pode resultar de sintomas como delírios 
assustadores, alucinações ou desconfiança ou 
de outras causas (incluindo abuso de 
estimulan-tes). 
 
Neurolépticos típicos (afinidade por receptores 
D2): 
 Diminuem sintomas positivos e previnem 
recaídas (80% recaem no 1o ano sem 
medicação, apenas 20% usando 
antipsicóticos). 
 Efeitos adversos: acatisia, parkinsonismo, 
hiperprolactinemia,discinesia tardia. 
 baixa potência: Clorpromazina (300-
800mg/dia); Levomepromazina (100-
300mg/dia) 
 alta potência: Haloperidol (5-15mg/dia); 
Flufenazina Haloperidol (5-15mg/dia) 
 
Neurolépticos atípicos (afinidade por receptores 
5HT2a, H1, D4): 
 São mais efetivos nos sintomas negativos em 
comparação aos típicos, mas também são 
efetivos nos sintomas positivos. 
 A Clozapina está relacionada com 
agranulocitose 
 Risperidona (2-8mg/dia); 
 Olanzapina (5-20mg/dia); 
 Quetiapina (300-400mg/dia); 
 Clozapina (200-500mg/dia). 
 
Como tratar: 
 Preferência à monoterapia antipsicótica 
 Iniciar um primeiro tratamento com 
antipsicótico de segunda geração (mais 
toleráveis), se não disponível, antipsicótico de 
primeira geração, pelo período de 4-6 
semanas 
 Se resposta ao primeiro tratamento, 
considerado responsivo e permanecer o 
antipsicótico como manutenção, após 
otimização da dose Se não resposta, tentativa 
de segundo tratamento antipsicótico por mais 
4-6 semanas Se não resposta adequada ao 
tratamento, após duas tentativas, considerar 
Julia Paris Malaco – UCT18 
refratário, utilizando o terceiro antipsicótico 
como Clozapina, até 800mg/dia, em 
monoterapia 
 Se não resposta adequada à clozapina, 
considerar respondedor parcial ou 
superrefratários, e podem ser realizadas 
estratégias de potencialização da clozapina 
 É recomendado aguardar 4-6 semanas para 
avaliara resposta de um tratamento 
antipsicótico 
 
Efeitos adversos: 
 Primeira geração: sedação, hipotensão, SEP 
(desenvolvimento de parkinsonismo - rigidez, 
tremores e sinal da roda denteada, ou acatisia 
e discinesia tardia); SEP tratada por redução 
das doses ou administração de Diperideno. 
 Segunda geração: síndrome metabólica 
(aumento de TG, CT, Gly, Ganho de peso, 
Resistência à insulina e aumento do risco de 
diabetes Intervenção psicossocial, 
Psicoterapia individual, Treino de habilidades 
sociais, Intervenções familiares, Emprego 
protegido, Treino comunitário assertivo, 
Terapia ocupacional 
 
Transtorno esquizoafetivo 
 
Transtorno esquizoafetivo se caracteriza pela 
presença de proeminentes sintomas requeridos 
para o diagnóstico de esquizofrenia em conjunto 
(no mesmo episódio, simultaneamente, ou com 
distância de poucos dias entre eles) com sintomas 
típicos de um episódio de depressão maior, de 
mania ou de episódio misto (para a CID-11, 
concomitância com duração de pelo menos um 
mês). 
 
O tipo depressivo do transtorno esquizoafetivo 
pode ser mais comum em pessoas mais velhas do 
que nas mais jovens, e o tipo bipolar pode ser mais 
comum em adultos jo-vens do que em mais 
velhos. A idade de início para mulheres é mais 
tardia do que para os homens, como na 
esquizofrenia. Os homens com transtorno 
esquizoafetivo tendem a exibir comportamento 
antis-social e a ter um afeto marcadamente plano 
ou inadequado. 
 
Para o DSM-5, o transtorno esquizoafetivo se 
caracteriza pela concomitância de sintomas 
evidentes de esquizofrenia (critérios A) associados 
a sintomas suficientes para o diagnóstico de 
episódio depressivo maior ou episódio maníaco. 
Entretanto, para diferenciar o transtorno 
esquizoafetivo dos quadros de depressão ou 
mania psicótica, o DSM-5 exige que haja pelo 
menos duas semanas de delírios ou alucinações 
na ausência de episódio depressivo maior ou 
mania. Além disso, para o DSM-5, os episódios de 
depressão maior ou mania estão presentes na 
maior parte da duração total do transtorno. 
 
A duração de cada episódio é essencial por duas 
razões. Pri-meiro, para satisfazer o Critério B 
(sintomas psicóticos na ausência de transtorno do 
humor [depressivo ou maníaco]), é importante 
saber quando o episódio afetivo termina e a 
psicose continua. 
 
Segundo, para satisfazer o Critério C, a duração 
de todos os episódios de humor deve ser 
combinada e comparada com a duração total 
da doença. Se o componente de humor estiver 
presente para a maioria (> 50%) da doença total, 
então esse critério estará satisfeito. 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. Um período ininterrupto de doença durante o 
qual há um episódio depressivo maior ou 
maníaco concomitante com o Critério A da 
esquizofrenia. Nota: O episódio depressivo 
maior deve incluir o Critério A1: humor 
deprimido. 
B. Delírios ou alucinações por duas semanas ou 
mais na ausência de episódio depressivo 
maior ou maníaco durante a duração da 
doença ao longo da vida 
C. Os sintomas que satisfazem os critérios para 
um episódio de humor estão presentes na 
maior parte da duração total das fases ativa 
e residual da doença. 
D. A perturbação não pode ser atribuída aos 
efeitos de uma substância (p. ex., droga de 
abuso, medicamento) ou a outra condição 
mé-dica. 
 
Tratamento: 
Os estabilizadores do humor são o pilar do 
tratamento para os trans-tornos bipolares, e é 
razoável supor que sejam importantes no trata-
mento de pacientes com transtorno 
esquizoafetivo. 
 
Em episódios maníacos, indivíduos com transtorno 
esquizoafeti-vo devem ser tratados de maneira 
agressiva com dosagens de um estabilizador do 
humor na variação média a alta de 
concentração sanguínea terapêutica. 
Por definição, muitos pacientes com transtorno 
esquizoafeti-vo têm episódios depressivos maiores. 
O tratamento com antidepres-sivos espelha o 
tratamento da depressão bipolar. 
 
Julia Paris Malaco – UCT18 
Tratamento psicossocial é muito importante 
também. 
 
 
Transtorno delirante 
 
Se caracteriza pelo surgimento e pelo 
desenvolvimento de um delírio ou sistema 
delirante (vários delírios de alguma forma 
interligados tematicamente) com considerável 
preservação da personalidade, da afetividade, 
da cognição e do resto do psiquismo do indivíduo 
acometido. Não deve haver pensamento e/ou 
comportamento francamente desorganizado ou 
sintomas negativos marcantes. 
 
A característica essencial do transtorno delirante é 
a presença de um ou mais delírios não bizarros que 
persistem por, pelo menos, 1 mês. 
Exceto pelo impacto direto dos delírios, o 
funcionamento psicossocial não está 
acentuadamente prejudicado, e o 
comportamento não é de modo evidente 
estranho ou bizarro. 
 
Delírios são crenças fixas, falsas, que não estão de 
acordo com a cultura. 
 
O diagnóstico de trans-torno delirante é feito 
quando uma pessoa exibe delírios não bizarros de 
pelo menos um mês de duração que não podem 
ser atribuídos a outros transtornos psiquiátricos. 
Não bizarro significa que o delírio deve ser sobre 
situações que podem ocorrer na vida real, tal 
como ser seguido, infectado, amado a distância, 
e assim por diante; ou seja, eles geralmente têm a 
ver com fenômenos que, mesmo não sendo reais, 
são possíveis. 
 
Quando presente no transtorno delirante, um 
fraco funcionamento psicossocial decorre 
diretamente das próprias crenças delirantes. Por 
exemplo, um indivíduo convencido de que será 
assassinado por criminosos pode abandonar seu 
emprego e recusar-se a sair de casa. Esse 
comportamento é uma tentativa compreensível 
de evitar ser identificado e morto por seus supostos 
assassinos. Em comparação, o fraco 
funcionamento na esquizofrenia pode ser 
atribuído aos sintomas tanto positivos quanto 
negativos (particularmente, avolição). 
 
O transtorno delirante ocorre geralmente em 
sujeitos com mais de 40 ou 50 anos de idade e 
costuma ter curso crônico e estável. A duração do 
delírio deve ser de no mínimo um mês (DSM-5) ou 
três meses (CID-11), mas em geral é mais longa, 
podendo perdurar anos 
 
Tipos: 
 Erotomaníaco: delírios de que outra pessoa, 
geralmente de situação mais elevada, está 
apaixonada pelo indivíduo. Esses pacientes 
também tendem a ser solitários, retraídos, 
dependentes e sexualmente inibidos, bem 
como a ter níveis baixos de funcionamento 
social ou ocupacional. Os seguintes critérios 
operacionais foramsugeridos para o 
diagnóstico de erotomania: (1) uma 
convicção delirante de comunicação 
amorosa, (2) o objeto de po-sição muito 
superior, (3) o objeto sendo o primeiro a se 
apaixonar, (4) o objeto sendo o primeiro a 
tomar iniciativas, (5) início súbito (em um 
período de sete dias), (6) o objeto permanece 
inalterado, (7) o paciente racionaliza o 
comportamento paradoxal do objeto, (8) 
curso crônico e (9) ausência de alucinações 
 Grandioso: delírios de grande valor, poder, 
conhecimento, identidade ou de relação 
especial com uma divindade ou pessoa 
famosa; 
 Ciumento: delírios de que o parceiro sexual é 
infiel. O delírio em geral afeta os homens, 
muitas vezes aqueles sem nenhuma história 
psiquiátrica. Pode aparecer subitamente e 
serve para explicar uma variedade de eventos 
presentes e passados envolvendo o 
comporta-mento do cônjuge. Essa condição é 
difícil de tratar e pode diminuir apenas com 
separação, divórcio ou morte do cônjuge. 
 Persecutório: delírios de que o indivíduo (ou 
alguém próximo a ele) está sendo, de algum 
modo, maldosamente tratado. Os pacientes 
com esse subti-po estão convencidos de que 
estão sendo perseguidos ou prejudicados. As 
crenças persecutórias muitas vezes estão 
associadas com rabugice, irritabilidade e 
raiva, e o indivíduo que se deixa levar pela 
raiva pode às vezes ser agressivo ou mesmo 
homicida. 
 Somático: delírios de que tem algum defeito 
físico ou condição médica geral. No transtorno 
delirante, o delírio é fixo, indis-cutível e 
apresentado de forma intensa, pois o paciente 
está total-mente convencido de sua natureza 
física. No entanto, pessoas com hipocondria 
muitas vezes admitem que seu medo da 
doença é, em grande parte, infundado. O 
conteúdo do delírio somático pode variar 
muito de caso para caso. Existem três tipos 
principais: (1) delírios de infestação (incluindo 
parasitose); (2) delírios de dismorfofobia, como 
deformidade, feiura e tamanho exagerado de 
Julia Paris Malaco – UCT18 
partes do corpo (essa categoria parece mais 
próxima do transtorno dismórfico cor-poral); e 
(3) delírios de odores corporais desagradáveis 
ou halitose. 
 Misto: delírios característicos de mais de um 
dos tipos anteriores, sem predomínio de 
nenhum deles; 
 Não especificado: Essa categoria é reservada 
para casos em que o delírio predominante não 
se encaixa nas categorias anteriores 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. A presença de um delírio (ou mais) com 
duração de um mês ou mais. 
B. O Critério A para esquizofrenia jamais foi 
atendido. Nota: Alucinações, quando 
presentes, não são proeminentes e têm 
relação com o tema do delírio (p. ex., a 
sensação de estar infes-tado de insetos 
associada a delírios de infestação). 
C. Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de seus 
desdobramentos, o funcionamento não está 
acentuadamente prejudicado, e o com-
portamento não é claramente bizarro ou 
esquisito. 
D. Se episódios maníacos ou depressivos 
ocorreram, eles foram breves em 
comparação com a duração dos períodos 
delirantes. 
E. A perturbação não é atribuível aos efeitos 
fisiológicos de uma substância ou a outra 
condição médica, não sendo mais bem 
explica-da por outro transtorno mental, como 
transtorno dismórfico corporal ou transtorno 
obsessivo-compulsivo. 
 
Tratamento: 
Em uma emergência, indivíduos gravemente 
agitados devem rece-ber um antipsicótico por via 
intramuscular 
 
Transtorno psicótico breve 
 
O transtorno psicótico breve é definido como uma 
condição psicótica que envolve o início súbito de 
sintomas psicóticos que duram um dia ou mais, 
mas menos de um mês. A remissão é completa, e 
o indivíduo retorna ao nível de funcionamento 
pré-mórbido. É uma síndrome psicótica aguda e 
transitória. 
 
A característica essencial do transtorno psicótico 
breve é uma perturbação que envolve o início 
súbito de, pelo menos, um dos seguintes sintomas 
psicóticos positivos: 
 Delírios; 
 Alucinações; 
 Discurso desorganizado (descarrilamento ou 
incoerência frequentes); 
 Comportamento amplamente desorganizado 
ou catatônico. 
 
Um episódio de perturbação dura, no mínimo, 1 
dia e, no máximo, 1 mês, e o doente tem pleno 
retorno ao nível pré-mórbido de funcionamento. 
(A duração do episódio não deve ultrapassar três 
meses (CID-11) ou um mês (DSM-5), mas, de modo 
geral, dura de poucos dias a um mês) 
 
A perturbação não é mais bem explicada pela 
definição de transtorno do humor com aspectos 
psicóticos ou transtorno esquizoafetivo ou 
esquizofrenia, nem é atribuída aos efeitos 
fisiológicos diretos de uma substância 
(alucinógeno) ou condição médica geral 
(hematoma subdural). 
 
No transtorno psicótico breve, predominam, de 
característica, sintomas floridos, como ideias 
delirantes ou deliroides (em geral paranoides), 
alucinações visuais e/ou auditivas, muitas vezes 
com intensa perplexidade, certa confusão mental 
e turbulência emocional, e pode haver ansiedade 
acentuada e medos difusos. Sintomas catatônicos 
também podem estar presentes. Os sintomas 
tipicamente mudam muito, tanto em sua natureza 
como em sua intensidade, às vezes, de um dia 
para outro, ou no mesmo dia. 
 
Classificação quanto ao desencadeante do 
transtorno psicótico leve: 
 Pós-evento: estressor se os sintomas ocorrem 
logo após e aparentemente em resposta a 
eventos que, em particular ou em conjunto, 
seriam estressantes demais para qualquer 
pessoa em circunstâncias similares em seu 
contexto cultural; 
 Pós-ausência: evento estressor se os sintomas 
psicóticos não ocorrem logo após ou 
aparentemente não consistem em respostas a 
eventos que, em particular ou em conjunto, 
seriam estressantes demais para qualquer 
pessoa em circunstâncias similares; 
 Pós-parto: se o início ocorre em 4 semanas 
após o parto. 
 
Diagnostico diferencial: O transtorno psicótico 
agudo pode confundir-se com transtorno de 
estresse pós traumático ou com quadros graves e 
prolongados de transtorno dissociativo 
(frequentemente denominado na tradição 
psicopatológica de histeria). Transtornos ou traços 
de personalidade do grupo B (sobretudo 
transtornos da personalidade borderline e 
histriônica) e transtorno da personalidade 
Julia Paris Malaco – UCT18 
esquizotípica, além de traços de personalidade 
do tipo “psicoticismo”, podem preceder ou 
predispor as pessoas a apresentar transtorno 
psicótico agudo/breve. 
 
Tratamento: 
As duas principais classes de medicamentos a 
serem consideradas no tratamento de transtorno 
psicótico breve são os antipsicóticos e os 
benzodiazepínicos. 
 
Transtorno esquizofreniforme 
 
Uma condição com um início súbito e curso 
benigno associados com sintomas de humor e 
obnubilação da consciência. Os sintomas da 
doença são semelhantes aos da esquizofrenia; 
contudo, com o transtorno esquizofreniforme, os 
sintomas duram pelo menos um mês, mas menos 
de seis meses. Em contraste, para um paciente 
satisfazer os critérios diagnósticos para 
esquizofrenia, os sintomas devem estar presentes 
por pelo menos seis meses. Indivíduos com 
transtorno esquizofreniforme retornam a seu nível 
basal de funcionamento após a resolução do 
transtorno. 
 
Este é um transtorno psicótico agudo com um 
início rápido e com ausência de uma fase 
prodrômica longa. Embora muitos indivíduos com 
o transtorno possam vivenciar comprometi-mento 
funcional na época de um episódio, é improvável 
que relatem um declínio progressivo no 
funcionamento social e ocupacional. O perfil de 
sintoma inicial é o mesmo da esquizofrenia, uma 
vez que dois ou mais sintomas psicóticos 
(alucinações, delírios, discurso e comportamento 
desorganizados ou sintomas negativos) devem 
estar presentes. Sintomas schneiderianos de 
primeira linha são observa- dos com frequência. 
Além disso, uma maior probabilidade de turbi-lhão 
e confusão emocional é encontrada, cujapresença pode indicar um prognóstico positivo. 
Mesmo que sintomas negativos possam es-tar 
presentes, eles são um tanto raros no transtorno 
esquizofrenifor-me e são considerados aspectos 
prognósticos ruins. 
 
Por definição, pacientes com transtorno 
esquizofrenifor-me retornam a seu estado basal 
em seis meses. 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um 
presente por uma quantidade significativa de 
tempo durante um período de um mês (ou 
menos, se tratados com sucesso). Pelo menos 
um deles deve ser (1), (2) ou (3): 
 Delírios. 
 Alucinações. 
 Discurso desorganizado (p. ex., 
descarrilamento ou incoerência 
frequentes). 
 Comportamento grosseiramente 
desorganizado ou catatônico. 
 Sintomas negativos (i.e., expressão 
emocional diminuída ou avolia). 
B. Um episódio do transtorno que dura pelo 
menos um mês, mas menos do que seis meses. 
Quando deve ser feito um diagnóstico sem 
aguardar a recuperação, ele deve ser 
qualificado como “provisório”. 
C. Transtorno esquizoafetivo e transtorno 
depressivo ou transtorno bipolar com 
características psicóticas foram descartados 
porque 1) nenhum episódio depressivo maior 
ou maníaco ocorreu concomitantemente 
com os sintomas da fase ativa ou 2) se os 
episódios de humor ocorreram durante os 
sintomas da fase ativa, estiveram presentes 
pela menor parte da duração total dos 
períodos ativo e resi-dual da doença. 
D. A perturbação não é atribuível aos efeitos 
fisiológicos de uma substância (p. ex., droga 
de abuso, medicamento) ou a outra condi-
ção médica. 
 
Transtorno catatônico 
 
A catatonia é uma nova categoria diagnóstica no 
DSM-5, introdu-zida porque pode ocorrer ao longo 
de um amplo espectro de trans-tornos mentais, 
mais frequentemente nos transtornos psicótico e 
do humor graves. Também pode ser causada por 
uma condição clínica subjacente ou induzida por 
uma substância. 
 
A catatonia é uma síndrome clínica caracterizada 
por anormali-dades comportamentais 
impressionantes que podem incluir imo-bilidade 
ou excitação motora, negativismo profundo ou 
ecolalia (imitação da fala) ou ecopraxia 
(imitação de movimentos). Um diagnóstico de 
transtorno catatônico devido a uma condição 
mé-dica geral pode ser feito se houver evidência 
de que o problema se deve aos efeitos fisiológicos 
de uma condição médica geral. O diagnóstico 
não é feito se a catatonia for mais bem explicada 
por um transtorno mental primário, como 
esquizofrenia ou depressão psicótica, ou se os 
sintomas catatônicos ocorrem exclusivamente no 
curso de delirium. 
 
Julia Paris Malaco – UCT18 
Antipisicoticos 
 
Como se sabe, a superatividade das vias 
neuronais de dopamina (e a diminuição dos níveis 
de acetilcolina) em nível do sistema límbico 
cerebral é importante na patogenia da 
esquizofrenia. O receptor mais importante dessas 
vias é o receptor dopaminérgico D2. Os 
antipsicóticos funcionam como antagonistas do 
receptor D2, diminuindo a sua ativação pela 
dopamina endógena. Os efeitos de controle sobre 
os sintomas da esquizofrenia surgem quando 80% 
dos receptores D2 estão bloqueados pelo 
antagonista. Atualmente, certos neurolépticos 
têm a capacidade de atuar nos receptores 
serotoninérgicos, acetilcolinérgico, histamínico e 
noradrenérgico. 
 
Bloqueiam receptores na via da dopamina no 
cérebro que controla os músculos voluntários e 
determinados mecanismos de resposta emocional 
(via nigroestriada) 
 
Mecanismo de ação: Antagonista dos receptores 
D2 da dopamina, podendo bloquear outros 
receptores como D1 e D3 da dopamina, a1 e a2 
adrenérgicos, 5-HT2, H1 e receptores colinérgicos 
 
Neurolépticos “típicos” (clássicos ou de primeira 
geração): Os antipsicóticos de primeira geração 
são medicamentos que bloqueiam 
preferencialmente os receptores D2 da dopamina 
nos sistemas dopaminérgicos mesolímbico e 
mesocortical (objetivos do tratamento), 
nigroestriatal e túbero-infundibular (relacionados 
com os efeitos colaterais). São eficazes para tratar 
alucinações, delírios, desagregação do 
pensamento e agitação psicomotora, e 
produzem efeitos colaterais importantes (vide 
abaixo). 
São medicamentos eficazes para o tratamento de 
episódios psicóticos agudos ou crônicos. São 
predominantemente eficazes para os sintomas 
positivos e não têm ação importante nos 
negativos. 
Os principais são: 
 Fenotiazinas: Clorpromazina (Amplictil®), 
Flufenazina, Levomepromazina (Neozine®) 
 Butirofenonas: Haloperidol (Haldol®), 
Droperidol (Droperdal®) 
 Tioxantinas: Clopentixol, Tiotixeno 
Efeitos colaterais: 
 Prolactina aumentada (pois bloqueiam os 
receptores dopaminérgicos da via túbero-
infundibular), 
 Efeitos anticolinérgicos (porque bloqueiam os 
receptores muscarínicos, que inclusive reduz os 
efeitos extrapiramidais), 
 Sedação (porque bloqueiam receptores 
histaminérgicos), 
 Ganho de peso, 
 Sintomas extrapiramidais (bloqueio dos 
receptores dopaminérgicos da via nigro-
estriada), 
 Reações de hipersensibilidade (favorece e 
produção mastocitária de histamina), 
 Hipotensão (bloqueiam os receptores α-
adrenérgicos). 
 
Neurolépticos “atípicos” (recentes ou de segunda 
geração): 
Os antipsicóticos atípicos são os neurolépticos de 
segunda geração, que atuam em outros sítios da 
dopamina e que produzem menos efeitos 
parkinsonianos. São medicações mais bem 
toleradas, mais eficazes para sintomas negativos, 
porém, de alto custo. 
São medicamentos que constituem a primeira 
opção para o tratamento do primeiro episódio 
psicótico, quando há intolerância aos 
neurolépticos típicos ou predominância dos 
sintomas negativos. Os mais indicados são a 
Risperidona e a Olanzapina. 
Os principais representantes são: 
 Clozapina (Leponex®): seu uso está mais 
correlacionado à agranulocitose, e quando os 
leucócitos caem abaixo de 3.000, a 
medicação deve ser interrompida. 
 Olanzapina (Zyprexa®) 
 Risperidona: bloqueia os receptores 5-HT2 da 
serotonina e D2 da dopamina. Efeitos 
colaterais: insônia, agitação, ansiedade, 
efeitos extrapiramidais, pseudoparkinsonismo, 
discinesia, etc. 
 Sulpirida, Remoxiprida e Pimozida: manifestam 
menores efeitos piramidais 
 Sertindol (associado a arritmias) e Quetiapina 
(associado a taquicardia). 
 
Escolha do antipsicótico (neuroléptico): 
 Problema: alto risco de distonia (homem 
abaixo dos 30 anos, mulher abaixo de 25 
anos). Escolha: Risperidona. 
 Problema: Riscos geriátricos (muito 
anticolinérgico, ortostatismo, sedação), 
comprometimento cognitivo ou delirium. 
Escolha: Alta potência (exemplo: Haloperidol) 
ou Risperidona. Evitar Clozapina ou 
Olanzapina. 
 Problema: sintomas negativos predominantes 
ou severos. Escolha: Risperidona ou Clozapina. 
Julia Paris Malaco – UCT18 
 Problema: Resistente ao tratamento. Escolha: 
depois de potencializar o tratamento, optar 
por Risperidona ou Clozapina. 
 Problema: risco de convulsões. Escolha: alta 
potência (ex: Haloperidol). Evitar Clozapina. 
 Problema: obesidade. Escolha: Alta potência. 
Evitar neurolépticos de baixa potência. 
Aconselhar o paciente a perder peso. Evitar 
Clozapina, Risperidona e Quetiapina. 
 Problema: Arritmia cardíaca. Escolha: Alta 
potência; evitar Sertindol e Quetiapina. 
 Problema: agitação extrema. Escolha: Alta 
potência (Haloperidol). 
 Problema: aderência mínima ao 
medicamento. Escolha: Decanoato de 
Haloperidol ou Flufenazina (depósito, alta 
potência). 
 
Mecanismo de toxicidade: 
 Cardiovascular: bloqueio de receptores alfa-
adrenérgicos periféricos, Vasodilatação, 
depressão reflexa do centro vasomotor e 
depressão miocárdica 
 Gastrintestinal e geniturinário: bloqueio de 
receptores colinérgicos muscarínicos 
 Endócrino: bloqueio do receptor 
dopaminérgico 
 Hiperprolactinemia 
 SNC: efeito inibitório sobre neurorreceptores. 
Atividade dopaminérgica > colinérgica:distonias. 
Atividade colinérgica > dopaminérgica: 
reação extrapiramidal e parkinsonismo 
 
Efeitos adversos: 
Bloqueio dos neurorreceptores, podendo ser 
idiossincrásicos ou dose-dependentes 
 Síndromes extrapiramidais: 
o Reação distônicas agudas: espasmos 
intermitentes ou contraturas musculares 
involuntárias de músculos da face, lábios, 
língua, faringe, pescoço e tronco 
o Acatisia: inquietação e desconforto motor 
o Parkinsonismo (Acinesia): rigidez muscular, 
bradicinesia, tremor; síndrome de Rabbit 
(tremor de lábios) 
o Discinesia tardia: movimentos 
coreoatetoides 
 Síndrome neuroléptica maligna: evento raro, 
potencialmente fatal, com uso terapêutico de 
medicamentos, caracterizado por Tétrade de 
Febre (≥38ºC), Rigidez muscular, Mudança no 
estado mental (delírio), Instabilidade do 
sistema nervoso autônomo (taquicardia, 
hipertensão, hipotensão postural, sudorese, 
sialorreia ou xerostomia, taquipneia, disritmias) 
 
 
Luta antimanicomial 
 
O Movimento da Luta Antimanicomial se 
caracteriza pela luta pelos direitos das pessoas 
com sofrimento mental. Dentro desta luta está o 
combate à ideia de que se deve isolar a pessoa 
com sofrimento mental em nome de pretensos 
tratamentos, ideia baseada apenas nos 
preconceitos que cercam a doença mental. O 
Movimento da Luta antimanicomial faz lembrar 
que como todo cidadão estas pessoas têm o 
direito fundamental à liberdade, o direito a viver 
em sociedade, além do direto a receber cuidado 
e tratamento sem que para isto tenham que abrir 
mão de seu lugar de cidadãos. 
O Movimento da Reforma Psiquiátrica se iniciou no 
final da década de 70, em pleno processo de 
redemocratização do país, e em 1987 teve dois 
marcos importantes para a escolha do dia que 
simboliza essa luta, com o Encontro dos 
Trabalhadores da Saúde Mental, em Bauru/SP, e a 
I Conferência Nacional de Saúde Mental, em 
Brasília. 
Com o lema “por uma sociedade sem 
manicômios”, diferentes categorias profissionais, 
associações de usuários e familiares, instituições 
acadêmicas, representações políticas e outros 
segmentos da sociedade questionam o modelo 
clássico de assistência centrado em internações 
em hospitais psiquiátricos, denunciam as graves 
violações aos direitos das pessoas com transtornos 
mentais e propõe a reorganização do modelo de 
atenção em saúde mental no Brasil a partir de 
serviços abertos, comunitários e territorializados, 
buscando a garantia da cidadania de usuários e 
familiares, historicamente discriminados e 
excluídos da sociedade. 
 
Assim como o processo do Movimento da 
Reforma Sanitária, que resultou na garantia 
constitucional da saúde como direito de todos e 
dever do estado através da criação do Sistema 
Único de Saúde, o Movimento da Reforma 
Psiquiátrica resultou na aprovação da Lei 
10.216/2001, nomeada “Lei Paulo Delgado”, que 
trata da proteção dos direitos das pessoas com 
transtornos mentais e redireciona o modelo de 
assistência. Este marco legal estabelece a 
responsabilidade do Estado no desenvolvimento 
da política de saúde mental no Brasil, através do 
fechamento de hospitais psiquiátricos, abertura 
de novos serviços comunitários e participação 
social no acompanhamento de sua 
implementação. 
 
 
 
Julia Paris Malaco – UCT18 
Biopaiscossocial 
 
As residências terapêuticas constituem-se como 
alternativas de moradia para um grande 
contingente de pessoas que estão internadas há 
anos em hospitais psiquiátricos por não contarem 
com suporte adequado na comunidade. Além 
disso, essas residências podem servir de apoio a 
usuários de outros serviços de saúde mental, que 
não contem com suporte familiar e social 
suficientes para garantir espaço adequado de 
moradia. 
 
O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) – ou 
residência terapêutica ou simplesmente "moradia" 
– são casas localizadas no espaço urbano, 
constituídas para responder às necessidades de 
moradia de pessoas portadoras de transtornos 
mentais graves, institucionalizadas ou não. O 
número de usuários pode variar desde 1 indivíduo 
até um pequeno grupo de no máximo 8 pessoas, 
que deverão contar sempre com suporte 
profissional sensível às demandas e necessidades 
de cada um. O suporte de caráter interdisciplinar 
(seja o CAPS de referência, seja uma equipe da 
atenção básica, sejam outros profissionais) deverá 
considerar a singularidade de cada um dos 
moradores, e não apenas projetos e ações 
baseadas no coletivo de moradores. O 
acompanhamento a um morador deve 
prosseguir, mesmo que ele mude de endereço ou 
eventualmente seja hospitalizado. O processo de 
reabilitação psicossocial deve buscar de modo 
especial a inserção do usuário na rede de serviços, 
organizações e relações sociais da comunidade. 
Ou seja, a inserção em um SRT é o início de longo 
processo de reabilitação que deverá buscar a 
progressiva inclusão social do morador 
 
Suporte requerido: o acompanhamento 
terapêutico (AT) é muito utilizado no processo de 
reapropriação do espaço urbano e aquisição de 
autonomia para diversas tarefas. À medida que o 
usuário ganha autonomia, em vez de dispensar o 
suporte, passa a requerer modos mais refinados e 
complexos de acompanhamento. A atenção 
clínica geral pode ser feita por meio do Programa 
de Saúde da Família, assim como outros serviços e 
suportes na comunidade podem e devem ser 
utilizados pelos moradores. 
 
Em seus 12 artigos, a Lei 10.216/01 estabelece que 
o tratamento dos portadores de transtornos 
mentais visará como finalidade permanente a 
reinserção social do paciente em seu meio. A 
norma estabelece que é obrigação do Estado o 
desenvolvimento da política de saúde mental, a 
assistência e a promoção de ações de saúde aos 
portadores de transtornos mentais, com a devida 
participação da sociedade e da família, a qual 
será prestada em estabelecimento de saúde 
mental, assim entendidas as instituições ou 
unidades que ofereçam assistência em saúde aos 
portadores de transtornos mentais. 
A internação, em qualquer de suas modalidades, 
só será iniciada quando os recursos extra-
hospitalares se mostrarem insuficientes. O 
tratamento em regime de internação, de acordo 
com a lei, será estruturado de forma a oferecer 
assistência integral à pessoa portadora de 
transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de 
assistência social, psicológicos, ocupacionais, de 
lazer e outros. 
 
A internação psiquiátrica somente será realizada 
mediante laudo médico circunstanciado que 
caracterize os seus motivos. São considerados os 
seguintes tipos de internação psiquiátrica: 
voluntária (aquela que se dá com o 
consentimento do usuário); involuntária (aquela 
que se dá sem o consentimento do usuário e a 
pedido de terceiro); e compulsória (aquela 
determinada pela Justiça). 
 
Entre os direitos da pessoa portadora de transtorno 
mental estão o acesso ao melhor tratamento do 
sistema de saúde; ser tratada com humanidade, 
respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua 
saúde, visando alcançar sua recuperação pela 
inserção na família, no trabalho e na comunidade; 
ser protegida contra qualquer forma de abuso e 
exploração; ter garantia de sigilo nas informações 
prestadas; e ter direito à presença médica, em 
qualquer tempo, para esclarecer a necessidade 
ou não de sua hospitalização involuntária. 
A pessoa portadora de transtorno mental tem 
direito ainda a ter livre acesso aos meios de 
comunicação disponíveis; receber o maior 
número de informações a respeito de sua doença 
e de seu tratamento; ser tratada em ambiente 
terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; 
e ser tratada, preferencialmente, em serviços 
comunitários de saúde mental. 
 
Exames de imagem 
 
Os exames por tomografia computadorizada (TC) 
de pacientes com esquizofrenia têm mostrado 
consistentemente alargamento dos ventrículos 
laterais e do terceiro ventrículo e algumaredução 
no volume cortical. Volumes reduzidos da 
substância cinzenta cortical foram demonstrados 
durante os primeiros estágios da doença. Vários 
pesquisadores tentaram determinar se as 
Julia Paris Malaco – UCT18 
anormalidades detectadas por TC são 
progressivas ou estáticas. Alguns estudos 
concluíram que as lesões observadas na TC estão 
presentes no início da doença e não progridem. 
Outros estudos, entretanto, concluíram que o 
processo patológico visualizado em exames por 
TC continua a progredir durante a doença. 
Portanto, ainda não se sabe se um processo 
patológico ativo continua a se desenvolver em 
pacientes. Há uma simetria reduzida em várias 
áreas do cérebro na esquizofrenia, incluindo os 
lobos temporal, frontal e occipital. Alguns 
pesquisadores acreditam que essa simetria 
reduzida se origine durante a vida fetal e seja 
indicativa de uma interrupção na lateralização 
cerebral durante o neurodesenvolvimento.

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