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9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/18 FINANCIAMENTO EM COMÉRCIO INTERNACIONAL AULA 1 Prof. Joni Tadeu Borges 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/18 CONVERSA INICIAL É muito comum e necessário que as empresas recorram às instituições financeiras em busca de recursos para manter ou expandir suas atividades comerciais e industriais. Portanto, a nossa conversa estará pautada nos diversos tipos de financiamentos, identificadas as aplicabilidades e características de cada um. São operações financeiras totalmente vinculadas às operações comerciais de exportação e importação. E é o gestor da empresa que decide se faz ou não um financiamento, e para decidir, é preciso ser subsidiado com informações corretas. Desta maneira, os profissionais envolvidos devem ter o conhecimento amplo sobre os temas ligados ao comércio exterior para apresentar à diretoria da empresa e os fatos relevantes para a contratação do financiamento. Os financiamentos envolvem riscos para o financiador (banco) e para o exportador ou importador (clientes). O banco tem instrumentos e expertise para proteger os seus ativos. Já as empresas, nem todas apresentam condições de avaliar uma situação de risco, principalmente as pequenas. Relacionaremos alguns tipos de riscos presentes nas operações de financiamentos, sejam eles para o banco ou para o cliente. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO São muitos os fatores envolvidos na contratação do financiamento ao comércio exterior. Começando pelo planejamento, mesmo antes da empresa receber o crédito, até o efetivo pagamento da dívida. Primeiro, vamos saber porque a empresa precisa do financiamento e como ela pode usar os recursos. Em seguida, apresentaremos temas relacionados ao comércio exterior que devem ser de conhecimento dos profissionais envolvidos na contratação de um financiamento. O terceiro tópico apresenta uma visão geral sobre a análise de crédito do cliente, o banco avalia se o cliente tem ou não condições de pagar a dívida nos prazos estabelecidos. E os dois tópicos, importantíssimos, são sobre os riscos envolvidos nas operações de financiamentos, riscos avaliados pelo banco na análise de crédito. Mesmo o banco tendo a responsabilidade de avaliar os 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/18 riscos, o cliente também deve se preocupar em entendê-los para traçar suas estratégias financeiras. TEMA 1 – INTRODUÇÃO AO FINANCIAMENTO AO COMÉRCIO EXTERIOR As empresas participantes do comércio exterior brasileiro também sentem o impacto econômico interno e externo causado em suas atividades produtivas e comerciais. Um cenário pessimista no mercado interno, no qual a taxa de juros e o índice inflação são altos, fatores que provocam a perda do poder de compra do consumidor e levam o empresário a reajustar os preços dos produtos devido ao aumento de todos os custos nos processos de produção, transporte e comercialização. No ambiente externo, acrescentam-se a alta da taxa de juros de outros países, a alta do preço do petróleo, pandemia, guerras que impactam negativamente o mercado global e atingem diretamente os negócios das empresas brasileiras com outros países. Desta maneira, fatores internos e externos desfavoráveis provocam um desaquecimento no comércio global impactando diretamente as empresas brasileiras. Por outro lado, quando o mundo convive dentro de um cenário otimista, as empresas procuram expandir suas atividades: comprar mais matéria-prima, modernizar o parque fabril, adquirir novas tecnologias, contratar mão de obra e consequentemente aumentar as vendas. Tanto no cenário pessimista como no otimista, as empresas precisam de recursos para se manter ou crescer no mercado. Recursos que podem ser obtidos por meio de empréstimos ou financiamentos no Brasil ou no exterior. No comércio exterior, as empresas brasileiras participantes das compras ou vendas de produtos e serviços com outros países têm à disposição várias linhas de financiamentos ofertadas pelas instituições financeiras. Vale destacar a diferença entre financiamento e empréstimo. O financiamento é uma linha de crédito que apresenta uma finalidade específica. Já os recursos obtidos por meio de um empréstimo, podem ser utilizados para qualquer finalidade. 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/18 Os financiamentos ao comércio exterior são específicos para empresas exportadoras e importadoras alavancarem os seus negócios internacionais. Os financiamentos ao comércio exterior proporcionam para o tomador do crédito vantagens financeiras e adequação ao fluxo de caixa. Mesmo com os vários problemas estruturais existentes no país e as influências externas que afetam diretamente a economia, fatores considerados relevantes para qualquer nação, o Brasil continua sendo um player no mercado internacional. Tabela 1 – Balança comercial Brasil ANO US$ FOB EXP US$ FOB IMP SALDO US$ FOB CORRENTE US$ FOB 2021 280.814.577.460 219.408.049.180 61.406.528.280 500.222.626.640 2020 209.180.241.655 158.786.824.879 50.393.416.776 367.967.066.534 2019 221.126.807.647 185.927.967.580 35.198.840.067 407.054.775.227 2018 231.889.523.399 185.321.983.502 46.567.539.897 417.211.506.901 Fonte: Brasil, 2022. A Tabela 1 apresenta quatro anos de comércio exterior brasileiro. Analisando o ano de 2021, o Brasil exportou US$ 280,8 bilhões e importou US$ 219,4 bilhões, obtendo um superávit de US$ 61,4 bilhões. A soma das exportações com as importações, denominada corrente de comércio, foi de US$ 500,2 bilhões. Por trás de todos os números apresentados, há milhares de empresas, desde as pequenas às grandes, que utilizam o financiamento ao comércio exterior. Contudo, como se trata de recursos obtidos de terceiros, é necessário que o profissional esteja preparado para saber qual tipo de financiamento está mais adequado às necessidades da empresa e onde buscar a linha de crédito, fatores determinantes para a escolha certa e sucessos nos negócios. Normalmente, o profissional que negocia o financiamento ao comércio exterior atua na área financeira da empresa, condição que exige o conhecimento dos temas e práticas do comércio exterior. TEMA 2 – CONHECENDO O COMÉRCIO EXTERIOR De maneira superficial, mas não menos importante, apresentaremos temas da exportação e importação brasileira totalmente relacionados aos financiamentos de comércio exterior. 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/18 2.1 COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL As realizações do comércio exterior brasileiro devem ser acompanhadas no dia a dia do profissional da empresa. São várias informações disponíveis em fontes institucionais (oficiais) que auxiliarão na preparação do planejamento para atuar no mercado internacional. Consultar a balança comercial brasileira, ferramenta que oferece o volume de exportação e importação realizado em determinado período, destinos e origens dos produtos negociados e muitas outras informações proporcionam uma visão geral das negociações comerciais brasileiras com outros países. O mercado cambial, outro ponto de destaque, principalmente porque envolve “dinheiro”, valor que a empresa recebe ou paga em moeda estrangeira. Variação da taxa de câmbio, prazos, contratos, legislações, riscos, endividamento, garantia são alguns dos itens presentes nos financiamentos. Acompanhar as políticas de comércio exterior implementadas pelo governo podem trazer benefícios tributários ou financeiros à empresa. Índices econômicos, como: taxa de crescimento, taxa inflação, taxa de juros interna e externa configuram o cenário atual e futuro permitindo uma visibilidade dos negócios. 2.2 PORTAL ÚNICO DE COMÉRCIO EXTERIOR Conhecer o sistema de comércio exterior facilita compreender os fluxos das operações de exportação e importação. Conciliar prazos e documentos dos processos registrados no Portal Único são pertinentes aos processos de financiamentos.A página oficial do Siscomex (Brasil, 2022) apresenta o objetivo do Portal Único do Comércio Exterior: “A criação do Programa Portal Único de Comércio Exterior – Portal Siscomex é uma iniciativa do Governo Federal com vistas a reduzir a burocracia, o tempo e os custos nas exportações e importações brasileiras. Foi lançado em 2014 com o objetivo de atender com mais eficiência às demandas do comércio exterior brasileiro de hoje e dos próximos anos, de modo a fazer com que o Siscomex se mantenha uma ferramenta efetiva. Os principais objetivos do Programa são reformular os processos de exportações e importações, tornando-os mais eficientes e harmonizados, e criar um guichê único 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/18 para centralizar a interação entre o governo e os operadores privados atuantes no comércio exterior”. O Portal Único compreende três pilares: Integração: entre setores públicos e privados; Redesenho dos processos: participam vários agentes do comércio exterior; Tecnologia da informação: aplicar novas tecnologias. São gestores do Portal Único de Comércio Exterior a Secretaria da Receita Federal (SRF) e a Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (SECINT). O objetivo do Portal Único é reduzir prazos, custos e proporcionar transparência e previsibilidade nas operações de comércio exterior. Sistema Câmbio. O Banco Central do Brasil (BACEN), órgão responsável pela regulamentação do mercado cambial, utiliza com os agentes autorizados em operar com câmbio no Brasil o sistema Câmbio para troca de mensagens (Brasil, 2022), “o sistema Câmbio implementou em outubro de 2011 a sistemática de troca de mensagens entre as instituições financeiras autorizadas a operar ou intermediar operações de câmbio e o Banco Central do Brasil. Cada instituição autorizada é responsável pela implantação do mecanismo de geração das mensagens a serem enviadas ao Banco Central e de leitura das mensagens recebidas” e o Sistema de Informações do Banco Central (Sisbacen), para registrar as operações de compra e venda de moeda estrangeira e outras funcionalidades relacionadas ao mercado cambial e financeiro. Desta maneira, a SRF, a SECINT e o BACEN são os três grandes agentes públicos que conduzem as políticas de comércio exterior e câmbio no país. 2.3 MODALIDADES DE PAGAMENTO A modalidade de pagamento estabelece a condição de pagamento do importador ao exportador referente a uma operação comercial. A escolha da modalidade é importante, pois atribui o risco que as partes assumirão na negociação. O exportador precisa da segurança do recebimento do valor pela venda, em contrapartida, o importador quer receber o produto comprado. No mercado internacional, praticam-se quatro modalidades de pagamento: pagamento antecipado, remessa sem saque, cobrança documentária e carta de crédito. 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/18 2.4 DOCUMENTOS As operações mercantis internacionais são formalizadas por meio de diversos documentos, muitos deles obrigatórios. A necessidade ou não de ter determinado documento na operação comercial depende das características da negociação e países envolvidos. Listamos alguns documentos utilizados no comércio exterior: fatura proforma, fatura comercial, conhecimento de embarque, packing list, certificado de origem, letra de câmbio, contrato de câmbio e outros. 2.5 INCOTERMS Os termos internacionais de negócios (incoterms) definem a responsabilidade do exportador e importador em relação ao transporte, seguro de transporte internacional e a entrega da carga. Os incoterms são termos padronizados pela Câmara de Comércio Internacional (CCI) e atualmente está em vigor a versão 2020 ou a Publicação 723-E. A empresa, ao contratar um financiamento ao comércio exterior, passará por todos os temas aqui mencionados e muitos outros. TEMA 3 – ANÁLISE DE CRÉDITO Toda empresa que precisa recorrer a um financiamento deve estar preparada para ser avaliada. Antes da aprovação do financiamento, a instituição financeira faz a análise de crédito por um simples motivo: precisa ter a garantia de que vai receber o valor liberado no financiamento do tomador do crédito. A partir da análise de crédito, o banco identifica o grau dos vários riscos existentes no segmento de atuação do cliente e o próprio risco que envolve o financiamento. Na análise de crédito, os bancos avaliam a capacidade econômica, financeira e outras informações inerentes a cada empresa. Após, atribuem uma classificação à empresa identificando o seu grau de risco, menor ou maior. Com base na análise de crédito, os bancos decidem se estão dispostos ou não a conceder o crédito. Se concederem, ainda especificarão em quais condições, como: nível de taxa de juros, prazo máximo para o financiamento, condicionamento de garantia para a operação. 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/18 Os bancos recorrem ao instrumento clássico para avaliar o cliente, normalmente aplicam os 5 Cs do crédito nas análises de crédito para as pessoas físicas e jurídicas, com base em metodologias objetivas e subjetivas, sendo: Caráter; Condições; Capacidade; Capital; Colateral. Veja na prática a aplicação dos 5 Cs do crédito quando simulamos um financiamento à importação. Situação: Determinada empresa atua no segmento automotivo e atua no mercado a um ano. Nos doze meses de atividade obteve um faturamento de R$ 4,8 milhões. Até o momento, a empresa não tem restrições e endividamento no mercado financeiro. Tem compromissos regulares com fornecedores no mercado interno e outros gastos fixos e variáveis, perfazendo um total de R$ 200 mil mensais. O imóvel utilizado pela empresa é alugado. A empresa (pessoa jurídica) não possui outros patrimônios. Os três dirigentes da empresa (pessoas físicas) possuem bens e imóveis em valores acima de dois milhões de reais, cada um. A empresa tem o interesse na compra de uma máquina injetora de tinta automotiva no valor de EUR 250 mil de um fornecedor italiano. A condição de pagamento é à vista, no máximo até 10 dias após a data do embarque da máquina no porto italiano. A empresa considerou a proposta excelente, porque conhece a procedência do produto e o preço é atrativo, fica em média 30% menor comparado aos preços de máquinas similares. Com a máquina, a empresa pretende aumentar o seu faturamento em 20%. Problema: A empresa não tem recursos para pagar a máquina à vista. Considerando a taxa do Euro no valor R$ 6,00, o valor total, considerando a carga tributária na importação (40%), ficaria em torno de R$ 2,1 milhões (R$ 1,5 milhões + R$ 0,6 milhões). Solução: Recorrer a uma instituição financeira para solicitar um financiamento à importação. Com base na proposta de financiamento apresentada pela empresa, o banco desenvolverá a análise de crédito para saber se concede ou não o financiamento. Para cada critério analisado, o 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/18 banco emite uma nota positiva ou negativa, se ao final da análise os pontos positivos se sobrepuserem aos negativos, é possível que conceda o crédito à empresa. Outro detalhe, o banco confronta as informações apresentadas com os documentos contábeis da empresa e outras fontes seguras. 3.1 ANÁLISE DOS 5 CS Caráter: aplica-se uma nota positiva. Apesar de pouco tempo de atividade, a empresa sempre pagou seus compromissos em dia, fator que demonstra a intenção da empresa pagar a dívida. Capacidade: a empresa tem pouco tempo de atividade, não tem o conhecimento ou tradição de trabalhar no comércio internacional. O valor total da importação de R$ 2.100.000,00, equivale a 5,25 meses de faturamento. Somente o valor para nacionalizar a máquina é de R$ 600 mil (impostos), representa um mês e meio do faturamento. Considerando a receita atual mais o incremento de 20%, a receita ficaria R$ 480 mil mensais. Os gastos atuais e projetando o gasto coma importação, a empresa assumiria um compromisso de R$ 375 mil mensais. A sobra prevista fica em R$ 105 mil mensais. Ainda deve ser considerada a taxa de juros do financiamento, tributação sobre a taxa de juros, variação da taxa cambial, outros gastos não previstos no planejamento da empresa. Provavelmente a nota seria negativa se considerar um financiamento de curto prazo. Já, para um financiamento a longo prazo (3 anos) com pagamento das parcelas semestralmente (comum nas operações de financiamento à importação), a capacidade de pagamento melhoraria, assim poderia melhorar a nota deste quesito Condições: os aspectos analisados estão relacionados ao momento atual da empresa e ao cenário do segmento em que a empresa está inserida (automotivo), se as perspectivas são de crescimento, estagnação ou queda. Considerando um cenário positivo para os próximos anos e que atualmente a empresa tem uma sobra de R$ 200 mil mensais, é possível estabelecer uma nota positiva no quesito. Capital: representado pelo potencial financeiro da empresa, principalmente pelo patrimônio líquido da empresa e dos sócios. Para pontuar este quesito, seria necessário analisar os demonstrativos contábeis da empresa. 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/18 Colateral: está na possibilidade de o tomador do crédito oferecer garantias para o banco financiador. Mesmo a empresa não tendo imóvel próprio, os dirigentes têm recursos patrimoniais para oferecer garantias pessoais ao financiamento. As considerações apontadas sobre a análise de crédito, representam somente uma ideia preliminar de como os bancos analisam o crédito para uma empresa. Em situação real, os bancos dispõem de modelos apropriados e programas automatizados de análise e gerenciamento de crédito, dispositivos que permitem os bancos trabalharem com segurança na avaliação de crédito e de risco de seus clientes. TEMA 4 – RISCO DE CRÉDITO, MERCADO E LIQUIDEZ Toda empresa está sujeita aos vários tipos de riscos presentes no mercado financeiro. Para mitigar a possibilidade de sofrer com impactos não desejados ou não previstos, a empresa deve manter um planejamento constante e sustentado em critérios confiáveis. Desta maneira, aumenta a possibilidade de enfrentar ameaças futuras. Ao relacionar os riscos às operações de financiamentos ao comércio exterior, veremos que o cedente e o tomador do crédito estão sujeitos a vários tipos de riscos. O risco de crédito, basicamente, é a possibilidade de o tomador de crédito não honrar o pagamento na data e condições previstas na linha de crédito. Segundo Pinheiro e Oliveira (2018, p. 158) reforça a responsabilidade do tomador de crédito “risco de crédito do tomador significa a possibilidade de não cumprimento (inadimplência total ou default), pelo tomador final do crédito (pessoas físicas, jurídicas – nestas incluídas as pessoas jurídicas de direito público), de obrigações relativas à liquidação de operações de crédito”. Além do risco que o tomador do crédito pode oferecer à instituição financeira, existe outro que independe do controle da gestão da empresa. Salanek Filho (2020, p. 67), expõe o conceito de risco de mercado, “é o mais externo de todos e também sobre o que o gestor possui menor capacidade de influência, alteração e gestão. Envolve os fatores mercadológicos e são considerados como um risco de conjuntura incontrolável. O risco de mercado também é definido como a probabilidade de ocorrerem prejuízos resultantes de movimentações mercadológicas 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/18 relacionadas à variação cambial, taxa de juros e variação significativa nos preços, entre outras variáveis de amplitude política ou econômica”. Antes de liberar um financiamento, o banco faz a análise de crédito e estabelece o valor do limite de crédito para uma empresa. Determina o prazo do limite que em regra geral é de um ano. Classifica a empresa em determinado grau risco, menor ou maior. Porém, os elementos definidos na análise de crédito inicial podem ser alterados com o surgimento de novos fatos que impactam o desempenho da empresa. No risco de crédito, pelo acompanhamento gerencial sobre determinada empresa, fica muito claro constar se existe ou não o risco. Vamos considerar que uma empresa contratou um financiamento à exportação, o adiantamento de contrato de câmbio (ACC) no valor de US$ 100.000,00, por um prazo de 180 dias. Conforme o contrato de ACC, a empresa teria 180 dias para embarcar a mercadoria ao exterior e liquidar a dívida com a moeda estrangeira recebida do importador. No prazo inicialmente concedido no financiamento, a empresa não conseguiu embarcar a mercadoria devido à desistência da compra por parte do importador. No ACC, não há a necessidade de informar para quem se destina a mercadoria. Portanto, a empresa pode procurar outro comprador (importador) para realizar a exportação. Porém, precisaria de mais prazo para negociar e embarcar a mercadoria para um novo comprador. Desta maneira, a empresa solicitou prorrogação do prazo do contrato por mais 180 dias, o novo prazo total ficou em 360 dias. Faltando 30 dias para o novo vencimento da dívida (360 dias), o banco financiador constatou que a empresa ainda não havia exportado a mercadoria e pior, não havia o produto para ser exportado. Fica evidente que existe o risco de crédito, porque há uma grande probabilidade da empresa tomadora do crédito (exportador) não honrar o compromisso na data acordada. Situação que leva o banco a aplicar novas medidas para recuperação do valor financiado. Um dos fatores que determina o risco de liquidez é o descasamento de valores e prazos no fluxo de caixa de ativos e passivos financeiros da empresa. Outro fator, é a possibilidade de a 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/18 empresa não transformar em dinheiro, determinado ativo que possua. Confirmando estas possibilidades, o devedor encontrará dificuldades para honrar as operações financeiras previstas e imprevistas. Para exemplificar o risco de liquidez, consideremos que a empresa Comex Ltda. realizou um negócio com um exportador chinês. Comprou a mercadoria e pagou à vista, dez dias após a data de embarque. A mercadoria estará disponível para venda em 90 dias após a data do embarque. A política de venda da empresa importadora estabelece um prazo médio de 90 dias de pagamento para o comprador. Considerando os prazos adotados nas negociações, o importador receberá os recursos da venda da mercadoria no mercado interno entre 160 e 180 dias da data do embarque. Com certeza, em algum momento, haverá um descasamento entre o pagamento e o recebimento, ocasionando um risco de liquidez. Caso esta empresa solicite um financiamento ao banco, provavelmente o banco irá orientá-la para ajustar o fluxo de caixa, antes de conceder o crédito. A prevenção contra outros riscos, como: risco comercial, risco operacional, risco de imagem, risco legal, risco país, são de extrema importância na condução das atividades de qualquer empresa. TEMA 5 – RISCO CAMBIAL E DE TAXA DE JUROS Se observamos o conceito de risco de mercado exposto anteriormente, veremos que a taxa de câmbio e a taxa de juros, entre outros índices, impactam diretamente nas atividades empresariais. No comércio exterior, principalmente em financiamentos em moeda estrangeira, câmbio e juros são as grandes preocupações dos envolvidos, seja a instituição financeira que cede o crédito ou exportador e importador tomadores do crédito. O risco cambial está presente em todos os países que adotam o regime de câmbio flutuante. A oferta e demanda da moeda estrangeira são influenciadas pela variação da taxa de juros, taxa de inflação, interesse dos investidores direcionar os seus recursos para determinados países, preço das commodities, políticas econômicas interna e externa, e crises internacionais. Portanto, se 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/13/18 houver mais moeda estrangeira em um determinado mercado, o preço deste ativo tende a ser menor. Ao contrário, se houver menor quantidade de moeda estrangeira, o preço do ativo será maior. O mercado de câmbio no Brasil é regulamentado pelo Bacen. Desde 1.999, convivemos com o regime de câmbio flutuante, também denominado de mercado de câmbio livre. No entanto, o Bacen pode intervir fazendo leilões de compra ou de venda do dólar americano, principal moeda estrangeira utilizada pelo país, quando considerar a oscilação do preço do dólar ficar fora dos padrões esperados para a economia brasileira. Figura 1 – Variação do dólar: 27/05/2021 a 27/05/2022 Fonte: Elaborado com base em Uol, 2022. Figura 2 – Variação do euro: 27/05/2021 a 27/05/2022 Fonte: Elaborado com base em Uol, 2022. Nas figuras 1 e 2, observamos a variação das duas principais moedas (período de um ano) utilizadas nos financiamentos de comércio exterior, moedas aceitas em quase todos os países do mundo. Fica simples entender que o mercado de câmbio no Brasil é totalmente volátil. 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/18 Desta maneira, o risco cambial está presente para todas as pessoas físicas ou jurídicas que possuem ativos ou passivos em moeda estrangeira. O exportador ou importador brasileiro que negocia a venda ou compra com empresas de outros países na condição de pagamento a prazo, está sujeito ao risco cambial. A mesma situação ocorre no financiamento ao comércio exterior, uma vez que é estabelecido um prazo para a liquidação da operação. As empresas que utilizam o financiamento ao comércio exterior, assim como o próprio mercado, não podem prever como estará a taxa de câmbio no futuro. O que se pode fazer é adotar estratégias direcionadas para cenários positivos e negativos. E uma delas é utilizar os vários mecanismos de proteção contra a variação da taxa de câmbio, podendo ser por meio das próprias operações de câmbio ou dos diversos tipos de derivativos. Na prática, a variação cambial pode impactar de maneira positiva ou negativa nas operações de financiamentos ao comércio exterior. Uma empresa faz um financiamento à importação no valor de US$ 100.000,00 pelo prazo de 180 dias com pagamento em uma única parcela no vencimento. A taxa de câmbio na data da contratação está R$ 5,00, significa que a dívida iniciou com R$ 500.000,00. No vencimento, 180 dias após a contração, a taxa de câmbio poderá estar maior ou menor, caso esteja R$ 5,50, o endividamento seria de R$ 550.000,00, representando uma variação cambial de 10%. Ou, a taxa de câmbio poderia estar R$ 4,80, a dívida em reais diminuiria para 480 mil. No exemplo, foi aplicada a variação cambial somente sobre o capital, ainda teria que aplicar a variação cambial ao valor dos juros sobre o financiamento. Outro componente de risco presente nos financiamentos ao comércio exterior é a taxa de juros. Quando os bancos financiam seus clientes, utilizam recursos captados no exterior. De maneira mais simples, os bancos brasileiros emprestam recursos em moeda estrangeira de bancos no exterior, mediante o pagamento de juros. Com estes recursos, financiam as empresas exportadoras e importadoras. O risco da taxa de juros está na possibilidade de haver um aumento neste índice, desta maneira compromete o valor dos juros a ser pago pelo financiado. Podemos comparar a variação da taxa de juros externa com a taxa de juros interna. Por exemplo, um financiamento no mercado interno no qual a taxa de juros praticada seja de (Selic + 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/18 3,0 a.a.). O valor dos juros dependerá da variação da taxa Selic. Tabela 2 – Taxa Selic Taxa Selic Data % a.a. mai/21 3,5% mai/22 12,75% Fonte: Brasil, 2022. A taxa de juros Selic é a taxa base oficial definida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) e é apresenta em (Brasil, 2022) como: “Define-se Taxa Selic como a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos públicos federais. Para fins de cálculo da taxa, são considerados os financiamentos diários relativos às operações com títulos públicos federais custodiados no Selic, registradas e liquidadas no próprio Selic e em sistemas operados por câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação de que trata a Lei n. 10.214, de 27 de março de 2001 (art. 1º do Regulamento anexo à Resolução BCB n. 61, de 13 de janeiro de 2021)”. No exemplo, caso o tomador de crédito tivesse contratado o financiamento em maio de 2.021, sofreria um grande impacto financeiro, a taxa de juros começaria com 6,5% a.a. e após o período de um ano estaria 15,75% a.a. A vantagem é que os indexadores (taxas de juros internacionais), em regra geral, são menores e têm pequenas variações. Mas, continua sendo um risco que deve ser gerenciado. TROCANDO IDEIAS Verifique no seu local de trabalho: os riscos que impactam a área financeira da empresa. como a administração da empresa gerencia os riscos? Comente com uma pessoa próxima. 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/18 NA PRÁTICA A empresa fez uma exportação de US$ 100 mil em 20/02/202X, quando a taxa do dólar estava a R$ 5,50. A venda foi a prazo de 180 dias a partir da data de embarque. Se a empresa recebesse o equivalente, em reais, no mesmo dia da exportação (data de embarque), receberia R$ 550 mil. No vencimento, 20/08/202X a empresa receberá os US$ 100 mil do importador. Quanto estará a taxa de câmbio em 20/08/202X? Há risco cambial? O que o exportador deve fazer? *A resposta está na seção Gabarito, após as Referências. FINALIZANDO Percebemos a importância do financiamento às empresas exportadoras e importadoras para se manterem no mercado competitivo interno e externo. Os financiamentos direcionados ao segmento exportador e importador são vantajosos porque proporcionam vantagens financeiras, taxas de juros menores e prazos para o pagamento. Observamos alguns detalhes que estão presentes na condução do financiamento ao comércio exterior. Conhecer o mercado e as práticas do comércio exterior são fatores determinantes para a tomada de decisão do gestor, contratar ou não um financiamento. Não é qualquer empresa exportadora ou importadora que pode se beneficiar do financiamento, os bancos fazem uma análise de crédito crítica sobre a situação econômico-financeira para decidir sobre a liberação ou não do crédito à empresa. Também, comentamos sobre os riscos que estão presentes nas operações de financiamentos ao comércio exterior. REFERÊNCIAS BANCO CENTRAL DO BRASIL. Bcb.gov.br. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/historicotaxasjuros>. Acesso em: 25 jul. 2022. _____. Bcb.gov.br. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado? url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fhtms%2Fselic%2Fconceito_taxaselic.asp>. Acesso em: 25 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/18 jul. 2022. BRASIL. Ministério da Economia. Balança Comercial - Dados consolidados. Disponível em: <https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio- exterior/estatisticas/balanca-comercial-brasileira-acumulado-do-ano>. Acesso em: 25 jul. 2022. O PROGRAMA Portal Único de Comércio Exterior. Siscomex. Disponível em: <https://www.gov.br/siscomex/pt-br/conheca-o-programa/o-programa-portal-unico-de-comercio- exterior>. Acesso em: 25 jul. 2022. PINHEIRO, J. L.; OLIVEIRA, V. I. de. Gestão de riscos no mercado financeiro: uma abordagem prática e contemporânea para as empresas. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. SALANEK FILHO, P. Análise de Crédito e Risco (recurso eletrônico). Curitiba: Contentus, 2020. UOL Economia. Uol.com.br. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/cotacoes/cambio/>. Acesso em: 25 jul. 2022. GABARITO A empresa exportadora realizou a venda a prazo, muito comum no mercado brasileiro. Na vendaa prazo, independentemente do prazo de pagamento negociado entre as partes, sempre haverá o risco cambial. No vencimento, a taxa de câmbio poderá estar mais alta ou mais baixa do que a taxa do dia do embarque da mercadoria. Portanto, não há como saber quanto estará a taxa do dólar em uma data futura. Sim, há o risco cambial. E a empresa pode ficar exposta à variação cambial e receber mais ou menos reais equivalentes aos US$ 100 mil ou fazer a proteção cambial, medida mais adequada. 9/15/22, 6:08 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/18 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/18 FINANCIAMENTOEM COMÉRCIO INTERNACIONAL AULA 2 Prof. Joni Tadeu Borges 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/18 CONVERSA INICIAL O financiamento ao comércio exterior é um importantíssimo instrumento colocado à disposição dos exportadores brasileiros. Há vários tipos de financiamentos para atender a empresas de todos os tamanhos e segmentos. Cada tipo de financiamento apresenta características próprias, podendo ser realizado em moeda estrangeira ou em reais, em curto ou longo prazo, na fase pré ou pós-embarque. Os financiamentos ao comércio exterior oferecem vantagens aos exportadores. Por meio do financiamento, empresas exportam mais, fator interessante para a economia do país, pois gera renda, emprego e divisas. Às empresas, proporcionam-se, assim, melhores condições de elas competirem no mercado global. O adiantamento sobre contrato de câmbio (ACC) é um financiamento com custo relativamente baixo, em relação aos outros tipos de financiamento praticados no mercado interno. O exportador precisa conhecer os seus procedimentos para ter acesso aos financiamentos dessa modalidade e usá-los, quando necessário. CONTEXTUALIZANDO As empresas exportadoras, na sua maioria, dependem de recursos de terceiros para permanecerem atuando no mercado global. O segmento exportador do Brasil demonstra números relativamente interessantes, para a economia brasileira. Os países precisam gerar renda, emprego e divisas. Por isso, é fundamental o apoio dos governos, em forma de suas políticas de comércio exterior; e, de certa maneira, das instituições financeiras, ao oferecerem linhas de crédito diferenciadas para esse público. O Banco Central do Brasil (Bacen) permite aos bancos brasileiros captarem recursos no exterior e os repassarem, em forma de financiamento, aos exportadores a um custo mais acessível. A empresa exportadora tem, com isso, a sua disposição financiamentos de curto ou longo prazo, recursos para serem aplicados na fase pré-embarque (produção) ou na fase pós-embarque (comercialização) de mercadorias. O exportador precisa saber o que é melhor para sua empresa. 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/18 Mas, nem toda empresa consegue as linhas de crédito, por não atender a alguma das condições exigidas pelo financiador ou não conhecer as práticas de mercado em relação aos financiamentos. Iniciaremos nossa abordagem com o ACC, financiamento mais utilizado pelos exportadores, apresentando seu conceito e os custos envolvidos na operação. TEMA 1 – PANORAMA DAS EXPORTAÇÕES NO BRASIL É importante se conhecer a realidade do comércio exterior brasileiro, entender as políticas direcionadas à exportação, a legislação vigente, as práticas adotadas pelo mercado internacional para saber se as instituições financeiras privadas ou o próprio governo têm interesse em disponibilizar recursos para financiar uma exportação. Para as instituições financeiras privadas, o financiamento de exportação é mais uma linha de crédito, como qualquer outra operação bancária. O seu objetivo é atender ao cliente e ter o retorno financeiro esperado, sobre o financiamento. Existe uma estratégia, adotada pelo setor privado, que pode representar maior ou menor interesse em financiar o comércio exterior, em relação à margem de lucratividade sobre o financiamento à exportação. Por outro lado, os bancos públicos ou estatais atendem ao segmento exportador com o objetivo de mantê-los no mercado e, principalmente, alavancar as vendas dos produtos nacionais para outros países. Isso não significa que realizam as operações de financiamentos com prejuízo, mas sim em condições mais atrativas para o exportador, consequentemente recebendo uma menor rentabilidade sobre as operações financeiras. Gráfico 1 – Balança comercial brasileira em 2021 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/18 Empresas exportadoras 2021 Faixa de valor exportador Quantidade Acima de US$ 100 milhões 478 Entre US$ 50 e US$ 100 milhões 432 Entre US$ 10 e US$ 50 milhões 1.510 Entre US$ 5 e US$ 10 milhões 1.037 Entre US$ 1 e US$ 5 milhões 3.595 Até US$ 1 milhão 24.957 32.009 Fonte: Balança, 2022. O Gráfico 1 representa as exportações brasileiras mensais no ano de 2021, com valores que variam de 15 a 28 bilhões de dólares, números interessantes para as instituições que ofertam crédito aos exportadores. E é claro que, por trás dos números, existe toda uma conjuntura analisada pelos bancos, levando em conta, principalmente, o custo da captação de recursos externos para financiar o comércio exterior. Mas, quem são essas empresas que exportaram US$ 280,4 bilhões no ano de 2021? São empresas que atuam nos mais diversos tipos de atividades, desde as grandes indústrias aos pequenos produtores; empresas com 9 empregados ou mais de 500; empresas que exportaram US$ 5 mil ou mais de US$ 100 milhões por ano. Tabela 1 – Empresas exportadoras, por faixa de valores 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/18 Total Fonte: Lista, 2022. Há uma proporção inversa: menos empresas exportam mais de US$ 100 milhões por ano e mais empresas exportam menos do que US$ 1 milhão. Apesar do valor menor, vale destacar que quase 25 mil empresas dessas empresas que exportam valores menores estão gerando emprego e renda, algo fundamental para o desenvolvimento de um país. Saiba mais Os números informados no Gráfico 1 e na Tabela 1 se referem ao ano de 2021. A qualquer momento, porém, você pode consultar as informações atualizadas nos sites oficiais do governo federal. As linhas de crédito são disponibilizadas para empresas de qualquer porte; porém, as grandes empresas estão mais preparadas para obter os recursos. Em pleno momento em que as informações são disponibilizadas em várias fontes de consulta, ainda há empresas exportadoras que desconhecem as variedades das linhas de financiamentos específicos à exportação e, para suprirem sua necessidade financeira, contratam outros tipos de crédito, em condições mais desvantajosas. Para realizar a exportação, a empresa ou pessoa física precisa se registrar/habilitar como declarante da mercadoria. A Instrução Normativa n. 1.984/2020 da Receita Federal do Brasil (RFB) dispõe sobre a habilitação de declarantes de mercadorias para atuarem no comércio exterior, estabelecendo alguns critérios (Brasil, 2020), como: quem pode ser declarante de mercadoria; quem pode atuar em nome dos declarantes de mercadoria; as modalidades de habilitação dos declarantes de mercadoria; os limites de operação, de acordo com a modalidade de habilitação dos declarantes de mercadoria; as situações em que há dispensa de habilitação dos declarantes de mercadoria, para atuarem no comércio exterior. 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/18 A empresa habilitada para exportar, pela Receita Federal, deve realizar as suas exportações e manter conta bancária em instituição financeira para ter acesso a várias linhas de crédito disponíveis para o comércio internacional. TEMA 2 – VANTAGENS DO FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO O mercado global possui economias diferentes: tem países que precisam comprar produtos para suprir suas necessidades internas e países produtores que podem fazer isso e ainda vender seus produtos. Aquelesque desenvolveram suas indústrias ou outras atividades podem ampliar seus negócios, expandindo o seu comércio para além das suas fronteiras. O Brasil, com uma população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em junho de 2022, de quase 215 milhões de habitantes, tem um mercado interno que não pode ser desconsiderado (IBGE, 2022). Logo, muitas empresas priorizam o mercado doméstico para vender seus produtos, por isso ser mais prático. Por outro lado, empresários brasileiros projetam nas exportações cenários estratégicos para incrementar seus negócios e, principalmente, para manter a sustentabilidade de seus empreendimentos. Portanto, buscar o caminho da exportação não é mais uma característica só das grandes empresas e, sim, de empresas que veem nessa forma de comércio um modo de se manter em atividade. Nesse cenário é que entram os financiamentos à exportação. Os bancos disponibilizam numerosos tipos de financiamento à exportação para atender à necessidade do exportador brasileiro. Com recursos mais baratos, o exportador pode reduzir a formação de preço final do seu produto e negociá-lo no mercado externo com maior competitividade. Assim, com a possibilidade de ter um financiamento, o exportador deixa de perder negócios no exterior, uma vez que dispõe de recursos para financiar o seu processo de produção ou comercialização e atender com qualidade aos seus clientes externos. A empresa brasileira pode financiar a sua exportação de duas maneiras: obtendo recursos do importador, por meio de um pagamento antecipado, situação em que o exportador utiliza os recursos recebidos pela venda no seu processo produtivo, podendo até dar um desconto ao importador, não precisando recorrer aos bancos e deixando o risco do negócio com o importador, que lhe paga antes de receber a mercadoria; ou, a mais comum, obtendo financiamentos 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/18 realizados pelas instituições financeiras para garantir os recursos necessários para produzir sua mercadoria e exportá-la. Os financiamentos à exportação têm várias formas de classificação. Em relação aos prazos, temos: financiamentos de curto prazo e longo prazo; financiamentos em fase pré e pós-embarque. Figura 1 – Tipos de financiamento em relação ao prazo Crédito: Joni Tadeu Borges. Uma das vantagens presentes no financiamento à exportação é o seu menor custo financeiro, se comparado às linhas de crédito praticadas no mercado interno. A referência da taxa de juros nas operações financeiras no Brasil é a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), ambiente em que os títulos do Tesouro Nacional são negociados. Os recursos utilizados nos financiamentos à exportação, na sua maioria, são captados em moedas estrangeiras, no exterior, a uma taxa de juros internacional. Desse modo, fica muito mais atrativo para o exportador o financiamento indexado à taxa de juros internacional. Figura 2 – Taxas de juros praticadas pelos Bancos Centrais no mundo, em junho de 2022 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/18 Fonte: Bancos, 2022. É simples entender por qual motivo o financiamento ao comércio exterior é mais vantajoso. Na Figura 2 estão as taxas de juros oficiais das principais economias do mundo. O banco brasileiro, quando financia uma empresa no mercado interno, acrescenta um spread sobre a taxa de juros para cobrir os custos operacionais e administrativos da operação, o pagamento de tributos, os riscos em relação à inadimplência e ainda a sua margem de lucro. Mesma situação ocorre quando um banco brasileiro capta (empresta) recursos de um banco alemão, por exemplo. O banco alemão não vai emprestar esses recursos a um custo de 0%, taxa de juros oficial do Banco Central Europeu: ele vai estipular um percentual para cobrir os custos da operação e a sua margem de lucro. Portanto, no financiamento à exportação, o banco brasileiro capta recursos a uma taxa de juros menor e a repassa para o exportador. Outra vantagem das operações de financiamento à exportação é a não incidência de Imposto de Renda (IR) e de Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a Títulos Imobiliários (IOF), diferentemente do que ocorre em linhas de crédito do mercado interno. A redução do custo financeiro para o exportador se torna um suporte para as empresas se manterem ativas e evoluírem cada vez mais no mercado globalizado. TEMA 3 – DIFICULDADES PARA SE FINANCIAR UMA EXPORTAÇÃO 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/18 Percebe-se que o financiamento à exportação proporciona vantagens para as empresas atuantes no comércio exterior, que podem fazer com que elas ofereçam melhores condições quando negociarem com o importador, como menores preços e maiores prazos de pagamento. Mas, nem todas as empresas conseguem obter uma linha de crédito. Algumas encontram dificuldades para atender às condições requeridas pelas instituições financeiras e perdem a oportunidade de vender sua mercadoria ao exterior. Em geral, os bancos são bem criteriosos para liberarem qualquer linha de crédito, especificamente a linha de crédito destinada à exportação, que tem algumas características diferenciadas. Em primeiro lugar, o banco realiza uma análise de crédito para estabelecer os parâmetros pelos quais poderá ou não conceder o crédito para uma determinada empresa exportadora. Para isso, serão considerados, além dos critérios utilizados para qualquer empresa que trabalha somente no mercado interno, outros aspectos sobre a atuação da empresa no mercado internacional, como: Performance de exportação :esse parâmetro demonstra qual é o volume de exportação da empresa em determinado período (mensal ou anual). É possível obtê-lo em sistemas oficiais do governo. Dessa maneira, a instituição financeira verifica se é a primeira exportação ou se a empresa já atua no mercado internacional. Provavelmente, se se tratar de uma primeira exportação ou constar na informação coletada que a empresa tem uma performance baixa de exportação, ficará mais difícil o banco liberar o limite de crédito que atenda à necessidade da empresa. Exemplo: determinada empresa tem US$ 60 mil de performance de exportação anual e recebeu uma proposta de um importador estrangeiro que tem o interesse em comprar dela US$ 180 mil, em mercadorias. Portanto, uma única compra equivale a três vezes mais o volume exportado pela empresa em um ano. O exportador conseguiria fechar o negócio com o importador se conseguisse um financiamento. Porém, mesmo que a empresa estivesse devidamente capitalizada e que seu produto fosse de qualidade comprovada no mercado interno, dificilmente o banco liberaria um limite para a empresa fazer um financiamento de US$ 180 mil. Tempo de atividade: empresas com pouco tempo de atividade, um ou dois anos, têm maior dificuldade de obter financiamentos. Nesse caso, mesmo que a empresa tenha toda a sua documentação em ordem, não tenha restrições no mercado financeiro, não há como o banco avaliar alguns critérios para liberação do crédito pretendido. 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/18 Garantias: o banco, ao financiar uma empresa, além de fazer a análise de crédito para avaliar as suas condições econômico-financeiras e demais riscos, certifica-se que o tomador do crédito possa conceder garantias para a operação. Caso o tomador do crédito (exportador) não honre o pagamento nas condições previstas no contrato, o banco aciona essas garantias. Exemplo: a empresa tem um volume de exportação mensal de US$ 300 mil e sempre utilizou recursos próprios, nos seus processos de venda ao exterior. Em determinado momento, precisou de capital de terceiros e, mesmo tendo uma boa performance de exportação e experiência no mercado internacional, não tinha garantias a oferecer em contrapartida a um financiamento. Nesse caso, a falta de garantia pode setornar um impeditivo para ela obter o financiamento. Situação cadastral dos sócios: uma situação irregular no cadastro da pessoa física do dirigente da empresa pode impedir que a instituição financeira conceda crédito à empresa. Exemplo: a empresa cumpre todos os requisitos para obter um financiamento e precisa financiar US$ 100 mil referentes à venda de seus produtos para um novo comprador estrangeiro. Essa empresa precisa dos recursos imediatamente pois, assim, poderia fechar o contrato concedendo melhor prazo de pagamento para o importador. Ao pedir o financiamento ao banco, contudo, constata-se que um dos sócios tem uma restrição impeditiva no mercado financeiro. Com isso, enquanto esse sócio não regularizar a sua pendência, o banco não libera o crédito para a empresa. O prazo para baixar uma restrição é de 5 a 10 dias, prazo suficiente para o exportador perder a venda para a empresa estrangeira por conta da não obtenção de um financiamento. Procedimentos operacionais: algumas opções de financiamento são muito simples de se operacionalizar e, no mesmo dia que a empresa solicita o financiamento, o crédito é liberado para o exportador; outras, porém, são mais burocráticas e envolvem muitas exigências como apresentação de documentos, preenchimento de propostas e informações adicionais, diversas alçadas de deferimento etc. e podem, por isso, levar de um a dois meses para serem liberadas. Destino do produto exportado: quando uma empresa concentra as suas exportações em único país, corre o risco de não obter o financiamento caso o país de destino sofra algum tipo de embargo econômico da Organização das Nações Unidas (ONU) ou, isoladamente, de algum outro país. O risco-país é medido pelas agências de rating que estabelecem o grau de confiança que os países apresentam em relação às suas atividades econômicas e financeiras 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/18 e serve de parâmetro para os investidores destinarem recursos para determinado país. Quanto mais alto for o risco-país, maior a probabilidade de o país não pagar suas dívidas. Por esse motivo, os bancos deixam de financiar as empresas quando há o risco iminente de ser bloqueada a saída de divisas do país importador, consequentemente com o importador não conseguindo efetuar o pagamento devido e o exportador não recebendo os valores para honrar o seu compromisso de financiamento. Desconhecimento do exportador: presente principalmente nas pequenas empresas. O motivo de não conhecer as linhas de créditos disponíveis, no mercado, para a exportação brasileira leva o exportador a recorrer a financiamentos ou empréstimos com uma taxa de juros maior. As empresas participantes do mercado internacional precisam estar preparadas e disporem de profissionais capacitados para definirem a melhor opção de financiamento, que atenda à necessidade de seus negócios, saberem em qual banco buscar a linha de crédito pretendida e como negociar as condições propostas. Somente dessa maneira a empresa poderá usufruir dos benefícios que os financiamentos à exportação oferecem. TEMA 4 – ADIANTAMENTO SOBRE CONTRATO DE CÂMBIO (ACC) O ACC é o financiamento à exportação mais utilizado pelo segmento exportador. Seu modo de formalização do contrato é simples e ele atende à necessidade do exportador que precisa imediatamente dos recursos, que creditados, em reais, na sua conta corrente no mesmo dia da contratação. É interessante lembrar que, previamente à contratação do ACC, o banco analisa os fatores econômicos e financeiros e estabelece um limite de crédito para a empresa atuar na área internacional, inclusive definindo a garantia que será vinculada à operação. Podemos comparar tal operação com o uso do cartão de crédito por parte de um cliente. Previamente, o banco analisa o cadastro do cliente, com base em critérios de análise de crédito e risco, e estabelece um limite para ele usar. A qualquer momento, o cliente pode utilizar o limite de crédito estabelecido para fazer compras, dentro do prazo de validade do cartão. O ACC consiste na: “[...] antecipação parcial ou total por conta do preço em moeda nacional da moeda estrangeira comprada para entrega futura, podendo ser concedido a qualquer tempo, a critério das partes.” (Brasil, 2013). Ele é formalizado por meio do contrato de câmbio de compra, 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/18 como o próprio nome o define. Seguindo a legislação cambial, “Contrato de câmbio é o instrumento específico firmado entre o vendedor e o comprador de moeda estrangeira, no qual são estabelecidas as características e as condições sob as quais se realiza a operação de câmbio” (Brasil, 2013). De maneira prática, Borges (2017, p. 113) assim comenta a aplicabilidade do ACC: O ACC é utilizado pelo exportador na fase pré-embarque e tem a finalidade de financiar a produção de mercadoria ou serviço a ser exportado. Os recursos provenientes do financiamento são utilizados como um capital de giro e empregados na compra de matéria- prima, pagamento de mão de obra e outros custos envolvidos na produção. O prazo máximo do ACC estabelecido pelo Bacen é de até 1,5 mil dias entre a contratação e a liquidação do contrato de câmbio. Portanto, a legislação permite a contratação do ACC em qualquer momento antes de o exportador embarcar a mercadoria com destino ao exterior, respeitado esse limite máximo. Mas, ainda que a legislação permita o prazo de até 1,5 mil dias, é a instituição financeira que vai estabelecer o prazo máximo do ACC, de acordo com as características de seus clientes – dificilmente o banco concederá o prazo total permitido, na contratação do financiamento. Na prática, o banco analisa previamente a atividade do cliente, verifica seu fluxo e prazos no processo produtivo e de negociação e, após isso, define, com uma certa margem adicional sobre esse fluxo, o prazo do contrato de financiamento. Por exemplo: determinada empresa tem o prazo médio de 60 dias para produzir. Considerando 20 dias de trâmites aduaneiros e para embarque da mercadoria e mais 10 dias, após o embarque, para pagamento da mercadoria pelo importador. Somando-se esses prazos, estima-se então que, em 90 dias, o exportador produz, embarca a mercadoria e recebe o pagamento do importador por ela. Nessa situação, o banco considera que pode haver algum atraso em uma das etapas da exportação, aplica uma margem e concede então um prazo de ACC de 120 dias, no máximo 150 dias. Figura 3 – Prazo do ACC 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/18 Crédito: Joni Tadeu Borges. A negociação do ACC ocorre na mesa de câmbio dos bancos autorizados a operar com câmbio pelo Bacen. A mesa de câmbio é o local (setor) da instituição financeira no qual se realizam as negociações de compra e venda de moeda estrangeira. Normalmente, nesse ambiente, as negociações são de valores expressivos e por isso o cliente recebe um atendimento personalizado e até mesmo condições mais favoráveis nas operações de câmbio. Também pode acontecer, de maneira padronizada, porém com níveis diferenciados de deságio, de acordo com a característica de cada cliente, de as operações de ACC serem contratadas no portal de negócios de cada banco, via internet. São negociados, no ACC, o prazo do financiamento, a taxa de câmbio e o deságio. O banco, ao comprar a moeda estrangeira que receberá em uma data futura, do exportador, e lhe adiantar os reais equivalentes, cobra o deságio (os juros) sobre a operação. O exportador tem a vantagem do custo menor, no financiamento. No entanto, ao contratar o ACC, o exportador assume a responsabilidade de embarcar a mercadoria no prazo previsto no contrato de câmbio e receber o pagamento em moeda estrangeira, do importador, para liquidar a sua dívida. Caso isso não ocorra, o exportador precisará regularizar o contrato de câmbio conforme as normas vigentes. O contrato de câmbio não pode ficar em situação irregularperante o Bacen. Se não for possível essa regularização, o exportador sofrerá as penalidades previstas na regulamentação pertinente. TEMA 5 – CUSTOS DO ACC Os recursos usados no ACC, assim como em outros financiamentos à exportação, podem ser repassados pelo governo federal aos bancos mediante a cobrança de uma taxa de juros menor; ou captados no exterior, por bancos brasileiros. O governo repassa linhas de crédito para a 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/18 exportação, normalmente quando há dificuldades de os bancos brasileiros captarem recursos no exterior. A captação de recursos no exterior por bancos brasileiros, de maneira simplificada, tem a seguinte estruturação: a. O banco brasileiro negocia o empréstimo (a linha de crédito) com um banco estrangeiro. Para exemplificar, vamos quantificar a operação: US$ 50 milhões, com prazo de 1 ano e taxa de juros de 2% a.a. b. O valor captado pelo banco brasileiro pode ficar depositado no próprio banco que cedeu o empréstimo ou ser transferido para a conta do banco brasileiro no exterior, em regra geral localizado em Nova York. c. O valor da linha de crédito pode ser aplicado nos vários tipos de financiamento à exportação. d. Com os recursos, o banco brasileiro financia vários exportadores, mediante operações com prazo de até 360 dias (prazo da linha de crédito) e com deságios (taxas de juros) mais favoráveis para os clientes. Por exemplo: para determinado cliente contratar um ACC de US$ 2 milhões, o banco irá lhe cobrar 2% de deságio sobre a operação, sem obter rentabilidade em relação aos juros. Porém, poderia fazer 20 operações de US$ 100 mil, a uma taxa de juros anual de 6%. e. Nesse período, o banco brasileiro recebe os dólares do exportador e, no vencimento, liquida a dívida com o banco estrangeiro. No ACC, o principal custo para o exportador é o deságio (a taxa de juros), formado por vários componentes, entre os quais estão: custo da captação de recursos no exterior (com base em juros internacionais); spread do banqueiro estrangeiro; prazo do financiamento ao exportador; valor do financiamento ao exportador; spread do banco brasileiro. A metodologia de cálculo dos juros no ACC é diferente da metodologia aplicada nos financiamentos utilizados para o mercado interno. No ACC, aplicam-se os juros simples, sob a fórmula: 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/18 onde: J = juros; C = capital (valor do financiamento); i = taxa de juros (deságio); t = tempo. O deságio tem a referência anual (X% a.a.) e o seu prazo é considerado em dias. Para facilitar o cálculo dos juros, o mercado adota a seguinte fórmula: Dessa maneira, a fórmula está pronta para ser usada, bastando substituir os dados da operação do ACC. Primeiro, então, o deságio é calculado em moeda estrangeira e depois convertido em reais com base na taxa de câmbio do dia do pagamento. O deságio é classificado em: Antecipado: o pagamento do deságio ocorre no dia da contratação do câmbio. Postecipado: o pagamento do deságio ocorre no dia da liquidação (pagamento) do ACC. Estanque: o pagamento do deságio ocorre periodicamente durante a vigência do contrato de ACC, por exemplo: um ACC de 360 dias, com pagamento do deságio em 90, 180, 270 e 360 dias. Nesse caso, o deságio é cobrado proporcionalmente ao prazo utilizado. Exemplo de cálculo do deságio : determinada empresa contratou um ACC de US$ 100 mil por um prazo de 180 dias. A taxa de deságio é de 6% a.a. O deságio é antecipado e com taxa de câmbio de US$ 1,00/R$ 5,00, no dia da contratação. Temos, nessa operação: a. Valor do adiantamento em reais para o exportador: é o valor do financiamento, em moeda estrangeira, convertido em reais com base na taxa de câmbio do dia da contratação (considera-se a taxa de câmbio do momento do fechamento do contrato de câmbio). Logo, valor do adiantamento = US$ 100.000,00 x 5,00 = R$ 500.000,00. b. O exportador recebe o crédito de R$ 500 mil, na sua conta corrente, no dia da contratação do câmbio (ACC) e tem o compromisso de entregar US$ 100 mil ao banco, no prazo acordado 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/18 (180 dias). c. Como o deságio é antecipado, no mesmo dia da contratação o banco debita da conta- corrente do exportador o valor do deságio: deságio = (C . i . t) / 36.000; deságio = (100.000,00 . 6 x 180) / 36.000; deságio = US$ 3.000,00; deságio em reais = US$ 3.000,00 x 5,00 = R$ 15.000,00. d. Valor líquido em reais recebido pelo exportador: R$ 485.000,00. e. Até o vencimento do ACC, o exportador precisará receber os US$ 100 mil do importador para liquidar a dívida em moeda estrangeira. O cálculo do deságio é simples. O importante é se estabelecer o prazo adequado para o ACC e conhecer os fatores que deixam a taxa de deságio maior ou menor. TROCANDO IDEIAS Pesquise, nas empresas exportadoras da sua região, quais delas utilizam o ACC. Qual o prazo e quais as taxas de deságio usados na operação e qual o benefício que a empresa identificou após o uso da linha de crédito? Comente-o no fórum da disciplina. NA PRÁTICA A empresa Export Ltda. contratou um ACC no valor de US$ 75.415,50, valor da exportação para o cliente chileno. O prazo do ACC é de 135 dias, a um deságio de 5,43% a.a., com pagamento postecipado. A taxa de câmbio na data da contratação estava US$ 1,00/R$ 5,455 e, na data da liquidação (vencimento do ACC), US$ 1,00/R$ 5,25. Assim sendo: a. Calcule o valor do adiantamento, em reais, creditado na conta corrente de exportador. b. Calcule o valor do deságio, em dólares, a ser pago pelo exportador, quando da liquidação do ACC. c. Qual o valor da dívida assumida pelo exportador? d. Calcule o valor do deságio, em reais, que o exportador pagou no vencimento do ACC. FINALIZANDO 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/18 Vimos, nesta abordagem, a importância e as vantagens dos financiamentos à exportação para a atividade econômica das empresas exportadoras. Os financiamentos à exportação contribuem para a sustentabilidade da empresa e o crescimento econômico do país e geram riquezas. O destaque desta abordagem foi o ACC: vimos a sua aplicabilidade e como é calculado o deságio, nessa modalidade de financiamento à exportação. Com os ensinamentos apresentados, é possível identificar, por meio de um planejamento, a melhor opção e as melhores condições para a empresa buscar o financiamento à exportação que supra as suas necessidades. REFERÊNCIAS BALANÇA comercial e estatísticas de comércio exterior. Ministério da Economia, maio 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio- exterior/estatisticas >. Acesso em: 30 jun. 2022. BANCOS Centrais. Investing, 2022. Disponível em: <https://br.investing.com/central-banks/>. Acesso em: 1 jul. 2022. BORGES, J. T. Financiamento ao comércio exterior: o que uma empresa precisa saber. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2017. BRASIL. Ministério da Economia. Banco Central do Brasil. Circular n. 3.691, de 16 de dezembro de 2013. Diário Oficial da União, Brasília, 17 dez. 2013. Disponível em: <https://normativos.bcb.gov.br/Lists/Normativos/Attachments/48815/Circ_3691_v26_P.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2022. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria da Receita Federal. Instrução Normativa n. 1.984, de 27 de outubro de 2020. Diário Oficial da União, Brasília, 29 out. 2020. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=113361>. Acesso em: 1 jul. 2022. LISTA de empresas brasileiras exportadoras e importadoras. Ministério da Economia, 7 fev. 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt- br/assuntos/comercio-exterior/estatisticas/empresas-brasileiras-exportadoras-e-importadoras>. Acesso em: 1 jul. 2022. 9/15/22, 6:09 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/18 RESPOSTAS a. Valor do adiantamentoem reais = US$ 75.415,50 x 5,455 = R$ 411.391,55. b. Deságio = (C. i. t) / 36.000; deságio = (75.415,50 x 5,43 x 135) / 36.000; deságio = US$ 1.535,65. c. US$ 75.415,35 (independentemente de quanto estiver a taxa de câmbio na liquidação do contrato, o exportador saldará a dívida com os dólares recebidos do importador). d. US$ 1.535,65 x 5,25 = R$ 8.062,16. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/16 FINANCIAMENTO EM COMÉRCIO INTERNACIONAL AULA 3 Prof. Joni Tadeu Borges 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/16 CONVERSA INICIAL O exportador brasileiro fica mais competitivo quando concede prazo para o importador pagar em suas vendas internacionais. É um diferencial para o importador, pois ele recebe e comercializa o produto no mercado interno, para depois pagar o exportador. Por outro lado, o exportador, vendendo a prazo, pode enfrentar dificuldades no fluxo de caixa, tendo de recorrer a bancos para obter recursos. Um dos itens negociado entre exportador e importador é o prazo de pagamento. Caso o exportador deixe de vender a prazo, o importador poderá deixar de comprar, procurando outro vendedor que atenda a sua necessidade. Ao vender a prazo, o exportador deve se preocupar com a possibilidade de que o importador não vai honrar o pagamento na data acordada, pois o risco de crédito é inerente às operações a prazo. Com isso, o exportador, antes de fechar o negócio, deve consultar as informações do importador. Com a venda a prazo, o exportador precisará de recursos para pagar os seus fornecedores no mercado interno. O Adiantamento de Cambiais Entregues (ACE) é o financiamento que apresenta a condição de o exportador adiantar o recebimento em seu banco. O ACE, financiamento utilizado na fase pós-embarque, será um dos tópicos da nossa etapa. Veremos como e por que as empresas exportadoras utilizam essa linha de financiamento, com as suas principais características, incluindo processo documental, garantias e aplicabilidade. CONTEXTUALIZANDO Na etapa de hoje, vamos estudar a alternativa de financiamento à exportação para situações de vendas a prazo. O ACE, financiamento na fase pós-embarque, possibilita ao exportador adiantar os recursos que receberia do importador no vencimento. Vamos analisar como a empresa pode fazer um ACC e transformá-lo em ACE. Nesse caso, o exportador obtém o financiamento na fase pré-embarque e concede um prazo para o que importador efetive o pagamento. Veremos as principais características do ACC e do ACE. Vamos ainda descrever as garantias tradicionalmente 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/16 utilizadas e as exigência dos bancos ao conceder um financiamento. Por último, destacaremos a aplicabilidade da letra de câmbio, documento muito utilizado em operações comerciais internacionais. TEMA 1 – ADIANTAMENTO SOBRE CAMBIAIS ENTREGUES O Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) é um instrumento que serve para financiar exportações com mercadorias já embarcadas. A Circular Bacen n. 3.691 (BCB, 2013), especifica: “ O adiantamento sobre contrato de câmbio constitui antecipação parcial ou total por conta do preço em moeda nacional da moeda estrangeira comprada para entrega futura, podendo ser concedido a qualquer tempo, a critério das partes”. A concessão do financiamento, portanto, pode ser concedida antes ou depois do embarque da mercadoria para o exterior. Na prática, o exportador realiza uma venda a prazo para o importador estrangeiro e, entre a data de embarque da mercadoria e a data de vencimento do pagamento, caso o exportador precise adiantar os recursos que receberá do importador, ele pode solicitar adiantamento do contrato de câmbio ao seu banco de relacionamento. Com a possibilidade de contratar o ACE, o exportador obtém uma vantagem competitiva. Em qualquer mercado comercial, seja interno ou entre países, uma das condições desejadas pelo comprador é a realização de pagamento a prazo. Dessa maneira, se o exportador brasileiro não apresenta essa opção, com certeza o importador vai procurar um outro vendedor. A liberação do financiamento (crédito) para o exportador por meio do ACE apresenta um procedimentos semelhantes ao ACC. Previamente, o banco financiador faz a análise de crédito e risco do cliente, observando: documentos de constituição da empresa; segmento de atuação da empresa; faturamento da empresa; tempo de atividade da empresa; experiência da empresa no mercado internacional; volume de exportação (performance); destino das exportações; 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/16 se há restrições por parte da empresa e de seus dirigentes; garantias e outros fatores pertinentes. Com o crédito aprovado pela instituição financeira, o exportador pode fazer a venda a prazo e solicitar o adiantamento dos reais, vendendo os dólares que receberá em uma data futura. A formalização do ACE é feita por meio da contratação do câmbio de compra. O exportador vende a moeda estrangeira ao banco para entregá-la em uma data futura. Por outro lado, o banco adianta os reais equivalentes, creditando o valor na conta corrente do exportador. Na negociação do ACE entre banco e exportador, ficam definidos: valor do contrato de câmbio (financiamento); prazo do financiamento; taxa do deságio (juros); taxa de câmbio; garantias. O prazo máximo permitido pelo Bacen para a contratação do ACE é de 360 a 390 dias. É importante ressaltar que o prazo do ACE inicia na data da contratação do financiamento e termina no vencimento, prazo estabelecido para que o importador realize o pagamento. Exemplificando: a empresa Finex Exportação Ltda fez uma venda a prazo de 180 dias para um importador da Austrália. O valor da exportação é de USS 100.000,00. Portanto, no período entre a data de embarque e a data do pagamento, o exportador utilizará recursos próprios para manter as atividades da empresa. Porém, 60 dias após a data de embarque da mercadoria, ocorreu um imprevisto financeiro na empresa, e o exportador precisou de capital de giro para cumprir alguns compromissos no mercado interno. Não seria possível esperar mais 120 dias para receber do importador. A solução foi contratar um ACE em seu banco de relacionamento. Figura 1 – ACE 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/16 Acompanhe as considerações sobre a operação de ACE: Exportação a prazo de 180 dias da data do embarque. O prazo de pagamento deve constar nos documentos representativos da exportação (fatura comercial e outros). O exportador deverá emitir um saque (letra de câmbio) em que conste o valor da exportação e a data de vencimento, caso a modalidade seja a cobrança documentária. Se a modalidade de pagamento for a remessa sem saque, a fatura comercial e o conhecimento de embarque são documentos suficientes para determinar o prazo do ACE. Para este exemplo, o prazo do ACE será de 120 dias. Na data da contratação do ACE, 60 dias após a data de embarque, o banco adianta o valor em reais, equivalentes a US$ 100.000,00. A taxa de câmbio para conversão considera o momento da contratação do câmbio. Pelo adiantamento dos reais, o banco cobrará o deságio (juros) do exportador referente ao valor financiado (US$ 100.000,00) no período de 120 dias. O valor do deságio será cobrado na data da contratação (antecipado) ou na data da liquidação (postecipado). No prazo acordado, 180 dias após a data do embarque, o importador paga US$ 100.000,00 ao exportador. O exportador recebe os US$ 100.000,00 e liquida (paga) o ACE ao banco financiador. TEMA 2 – TRANSFORMAÇÃO DE ACC EM ACE 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/16 O ACC e o ACE são financiamentos à exportação regulamentados pela legislação cambial. São formalizados por meio do contrato de câmbio de compra, no qual são adicionadas cláusulas específicas ao financiamento. O prazo do ACC e o ACE podechagar a 1500 dias, entre a contratação e a liquidação do contrato de câmbio de exportação. Teoricamente, uma empresa poderia contratar um ACC por um prazo de 1500 dias ou um ACE de 360 a 390 dias. Ou, ainda, iniciar um financiamento de ACC com 1140 dias e depois transformá-lo em um ACE com mais 360 dias, perfazendo um prazo total de 1500 dias. Em situações reais, os bancos financiam por um prazo menor. As instituições financeiras analisam os riscos envolvidos na operação. Considere que determinado banco concede um prazo inicial de 1500 dias para um ACC, prazo superior a 4 anos. O banco adiantaria os reais para a empresa e no período estabelecido a empresa teria que produzir, exportar e receber o pagamento do importador. Fica a incerteza. Será que a empresa ainda vai estar em atividade depois de quatro anos? Será que o importador vai realizar o pagamento? São vários riscos envolvidos. Provavelmente, o banco começaria o ACC com um prazo de 1 ano e, se necessário, poderia prorrogar o contrato por mais um ano, mediante nova análise de crédito da empresa exportadora. No dia a dia, os profissionais do mercado que negociam o ACC ou o ACE estabelecem outras denominações para os financiamentos. O ACC pode ser identificado como financiamento na fase pré-embarque ou financiamento para produção. Já, o ACE é conhecido como financiamento na fase pós-embarque ou financiamento para comercialização. O ACE pode ser contratado independentemente, por meio da contratação do câmbio de exportação após o embarque da mercadoria. A operação pode ainda ter início mediante contratação do ACC, que depois se transforma em um ACE. Vejamos uma situação prática. Uma empresa exportadora negociou a venda de US$ 100.000,00 em mercadorias para o exterior, concedendo 180 dias a partir da data do embarque para que o importador faça o pagamento. O exportador precisa de 120 dias para produzir e embarcar a mercadoria. Na fase de produção, precisará de capital de giro para pagar os gastos envolvidos no processo produtivo. Portanto, a empresa terá o prazo de 300 dias entre o início da 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/16 produção até o pagamento do importador estrangeiro. Vamos considerar que a empresa exportadora contrata o financiamento na data inicial “data zero”. Vejamos algumas considerações sobre o que ocorre nas datas indicadas. Data 0 (zero): Empresa exportadora fecha a venda de US$ 100 mil com o importador estrangeiro. Contratação do ACC de US$ 100 mil por um prazo total de 300 dias. Na data da contratação, o exportador informa ao banco que terá 120 dias para embarcar a mercadoria e 180 dias para receber o pagamento do importador. Prazo total de 300 dias. Na negociação do ACC com a empresa, o banco considera o prazo de 300 dias para estabelecer a taxa de deságio (juros). O banco adianta ao exportador os reais equivalentes aos US$ 100 mil (valor da exportação). Caso o deságio seja antecipado, o banco cobra o valor do deságio referente à operação. Assinatura do contrato de câmbio de exportação pelas partes. Observação: não há a necessidade de que a contratação do financiamento seja feita na mesma data em que o exportador fechou o negócio com o importador, pois tudo depende da urgência (necessidade) do exportador de receber o adiantamento dos reais para saldar os seus compromissos. Data 120: O exportador apresenta os documentos representativos da exportação ao banco, comprovando o embarque da mercadoria ao exterior;. O banco transforma o ACC em ACE por meio de um registro no Sistema Câmbio. Observação: o embarque da mercadoria pode ocorrer antes ou depois da data preestabelecida (120 dias). Nesses casos, é feito um ajuste nos prazos. Data 300: O importador paga US$ 100 mil ao exportador. O exportador liquida (paga) a dívida com o banco financiador. Caso o deságio seja postecipado, o banco cobra o valor do deságio referente à operação. No ACE, o deságio (juros) é calculado da mesma forma que o cálculo do ACC. Lembrando que a taxa de juros aplicada no ACC/ACE tem como referência as taxas de juros internacionais. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/16 TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS DO ACC E DO ACE O ACC e o ACE são financiamentos mais práticos usados pelos exportadores brasileiros. Apresentam vantagens financeiras em termos de custo. Os recursos podem ser usados como capital de giro nos empreendimentos da empresa. Várias características presentes nos financiamentos devem ser de conhecimento das empresas exportadoras: Previamente à contratação do ACC/ACE, a instituição financeira estabelece o limite de crédito que a empresa pode usar em operações de financiamento à exportação. A instituição financeira também indica quais garantias o exportador pode oferecer, vinculadas às operações de financiamentos. Para o ACC, as garantias podem ser pessoais ou reais. Para o ACE, as garantias podem ser pessoais, reais, carta de crédito, seguro de crédito à exportação e cambiais. Após definidos o limite de crédito e garantias, a empresa pode contratar o ACC/ACE a qualquer momento. O financiamento é formalizado por meio do contrato de câmbio de compra. Na contratação do ACC/ACE, são definidos: valor do ACC/ACE, prazo, taxa de câmbio, taxa e tipo de deságio. A contratação do câmbio, ACC/ACE, pode ser feita pela mesa de câmbio ou pela plataforma digital da instituição financeira. Ao contratar o ACC/ACE, o exportador assume uma dívida em moeda estrangeira com o banco financiador, que deve ser liquidada com a moeda estrangeira originada pelo pagamento do importador. O financiamento pode ser de até 100% da exportação. Financiamento concedido na fase pré-embarque – ACC. Financiamento concedido na fase pós-embarque – ACE. Não há restrições quanto ao tipo de mercadoria exportada, desde que respeitadas as legislações vigentes. Na contratação do ACC, não é necessário informar o importador e nem oferecer documentos que comprovem a operação comercial com a empresa estrangeira. Esse procedimento deve ser realizado na liquidação do contrato. No ACC, o exportador tem a responsabilidade de comprovar o embarque da mercadoria. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/16 O prazo do ACC pode ser de até 1500 dias antes da data de embarque da mercadoria. Na prática, o prazo é estabelecido com base no ciclo de produção da empresa exportadora. Na liquidação do contrato do ACC, a moeda estrangeira utilizada pode ser aquela do pagamento de diversos importadores. O prazo do ACE pode ser de 360 a 390 dias após a data de embarque. Na contratação do ACE, é obrigatório que o exportador apresente os documentos comprobatórios da exportação. Na liquidação do contrato e ACE, a moeda estrangeira utilizada tem que ser a do importador, conforme documentos de exportação apresentados na contratação do câmbio. O exportador recebe o adiantamento em reais na data da contratação do câmbio D-O ou em D-1 ou D-2, conforme a sua preferência. O adiantamento é feito por meio de crédito em conta corrente do exportador no banco financiador, após a assinatura do contrato de câmbio. Caso o exportador não consiga cumprir os prazos preestabelecidos nos contratos de ACC/ACE, é possível regularizar a operação por meio de prorrogação ou cancelamento do contrato. Pela contratação do ACC/ACE, o exportador trava a taxa de câmbio e se protege da variação cambial. O exportador também pode se beneficiar ao contratar o ACC/ACE, quando a taxa de câmbio está valorizada. Não há incidência de IR e IOF nas operações de ACC/ACE, desde que sejam liquidadas dentro do prazo estabelecido em contrato. O conhecimento das características apresentadas é fundamental para a formulação do planejamento financeiro da empresa. A empresa exportadora precisa estar preparada, caso tenha de recorrer aos financiamentos de exportação. TEMA 4 – GARANTIAS UTILIZADAS EM ACC E ACE Quando a instituição financeira libera recursos para umaempresa, seja por meio de empréstimo ou financiamento, procura diminuir ao máximo os riscos envolvidos na operação de crédito. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/16 Primeiramente, a instituição financeira verificará a capacidade econômico-financeira por meio de uma análise de crédito da empresa, para depois estabelecer o limite de crédito disponível ao cliente. Porém, mesmo que a empresa tenha um limite de crédito aprovado, com uma boa classificação de risco, ainda existe a possibilidade de que cliente não honre o compromisso de uma possível dívida na data acordada. Para eliminar o risco de crédito, a instituição financeira condicionará a liberação de recursos em contrapartida à vinculação de garantia fornecida pelo financiado. Tavares (2014, p. 222) confirma a necessidade de que o financiado apresente garantias ao financiador. As garantias representam a vinculação que assegurem a liquidação da operação de crédito. Ao analisar as alternativas de empréstimos e financiamentos, a empresa deve levar em consideração a necessidade de oferecer garantias às instituições financeiras. A exigência de garantias pode encarecer a operação de crédito ou, em alguns casos, requer que os sócios comprometam parte de seu patrimônio particular. No caso do ACC e do ACE, não é diferente, pois a instituição financeira financiadora exigirá do exportador garantias para se resguardar de uma possível inadimplência da empresa financiada. Para a instituição financeira, a garantia é um atributo acessório à operação de financiamento. O objetivo do banco é receber o valor financiado nos prazos acordados. Já para a empresa financiada, a garantia constituída aumenta o compromisso de honrar a dívida. A instituição financeira, ao estabelecer a garantia para o financiado, cumpre dois critérios principais: liquidez e suficiência. A liquidez representa o tempo ao longo do qual a garantia pode ser convertida em dinheiro. Por exemplo, a carteira de cobrança ou uma aplicação financeira apresentam alta liquidez. Já um imóvel oferecido em hipoteca tem baixa liquidez. O termo suficiência está relacionado ao valor da garantia, que deve ser o suficiente para cobrir a dívida e todos os encargos relacionados à operação de financiamento. No ACC, em geral, os bancos trabalham com dois tipos de garantias: a pessoal e a real. A garantia pessoal, ou fidejussória consiste na obrigação de que o coobrigado, pessoa física, honre a dívida com recursos provenientes do seu património, caso a empresa financiada (devedora) não o faça. São exemplos de garantias pessoais: aval, fiança, caução. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/16 A garantia real ocorre quando o ativo oferecido em garantia fica vinculado à operação de financiamento. O bem colocado em garantia não pode ser negociado enquanto a dívida não for liquidada. São exemplos de garantias reais: penhor, hipoteca e alienação fiduciária. Podem ser aceitas, ainda, outras garantias emitidas no exterior, como carta de crédito standby, aval ou fiança bancária. Para os financiamentos realizados por meio do ACE, além das garantias utilizadas no ACC, podem ser aceitas as garantias de carta de crédito e de seguro de crédito à exportação. A carta de crédito, segundo Fontes (2020, p. 143): A carta de crédito, em inglês, letter of credit ou L/C, é uma modalidade de pagamento muito difundida e utilizada no comércio internacional na aquisição de bens e mercadorias. Constitui- se de um contrato, por escrito, emitido por um banco geralmente no país do importador, considerado o “banco emissor”, com o aval de outro banco no país do exportador, sendo o “banco avisador” em nome de um “beneficiário”, que é o exportador, por solicitação e devidas instruções de um importador denominado “tomador”. Na prática, a carta de crédito é aceita como garantia porque o banco financiador do ACE tem o respaldo do banco emissor. O banco emissor tem o compromisso de honrar o pagamento ao exportador, mesmo que o importador não o faça. Dessa maneira, a carta de crédito é uma garantia de alta liquidez, desde que os procedimentos de embarque da mercadoria sigam as instruções da carta de crédito. O seguro de crédito à exportação é outra opção de garantia para o ACE. A seguradora de crédito indeniza o exportador caso o importador não realize o pagamento. Fontes (2020, p. 138) descreve: “O Seguro de Crédito à Exportação, também conhecido como SCE, é uma maneira de o exportador se resguardar quanto aos riscos inerentes ao recebimento do pagamento do exterior, no caso de o comprador não honrar com seus compromissos previamente acordados”. Considerando que o SCE é aceito como garantias pelas instituições financeiras, reconhecemos que ele facilita o acesso a financiamentos, como ACE, BNDES/EXIM e PROEX. De modo similar à garantia da carta de crédito, os bancos ficam mais confortáveis em receber a garantia do SCE. Se o importador não efetua o pagamento, a seguradora de crédito indeniza o banco financiador, uma vez que o exportador, ao contratar o ACE com a garantia do SCE, inclui na apólice de seguro uma cláusula que estabelece que o banco financiador é o beneficiário. Portanto, para liberar qualquer financiamento, em regra geral, as instituições financeiras exigem do financiado uma vinculação de garantia. Cabe à empresa exportadora oferecer a opção 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/16 mais adequada ao tipo de operação. TEMA 5 – LETRA DE CÂMBIO A letra de câmbio é um documento de uso internacional nas operações comerciais. Borges (2017, p. 72) contextualiza o uso da letra de câmbio: “Equivalente a uma duplicata utilizada no mercado interno, a letra de câmbio é emitida pelo exportador (sacador) contra o importador (sacado). O Sacado deverá pagar o valor ao beneficiário indicado no próprio documento em data e local especificados”. A letra de câmbio é encaminhada com os demais documentos representativos da exportação, a pedido do exportador, para o banco indicado pelo importador. A carta de cobrança, ou borderô de cobrança, estabelece como o banco do importador pode liberar os documentos ao sacado: se a exportação for feita com pagamento à vista (letra de câmbio à vista), o importador recebe os documentos para liberar a mercadoria, mediante o pagamento do valor especificado na letra de câmbio. Se a exportação for feita com pagamento a prazo (letra de câmbio a prazo), o importador retira os documentos para liberar a mercadoria mediante aceite na letra de câmbio. Ou seja, o importador, a partir do seu aceite, reconhece a dívida e o fato de que a letra de câmbio deve ser paga ao sacador (exportador) na data e no local especificados. Se o importador não realizar o pagamento na data acordada, o exportador pode solicitar o protesto da letra de câmbio. Para garantir que tudo isso ocorra no mercado global, o Decreto n. 57.663, de 24 de janeiro de 1966, promulgou os temas acordados nas Convenções Internacionais, para uniformizar o uso de letras de câmbio e notas promissórias, com o objetivo de evitar situações contrárias, por conta das várias legislações existentes nos países, considerando como as letras de câmbio são negociadas. Dessa maneira, visa padronizar e garantir maior segurança às operações de comércio internacional. Consta no Anexo I do referido Decreto (Brasil, 1966) a forma de emissão da letra de câmbio: A palavra "letra", no próprio texto do título, expressa na língua empregada para a redação desse título. O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada. O nome daquele que deve pagar (sacado). A época do pagamento. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/16 A indicação do lugar em que o pagamento deve ser efetuado. O nome da pessoa a quem (ou à ordem de quem) deve ser paga. A indicação da data em que (e do lugar onde) a letra é passada. A assinatura de quem passa a letra (sacador). Não é considerada umaletra de câmbio quando não constam algum dos requisitos relacionados anteriormente, a não ser nas seguintes situações: a letra de câmbio que não apresenta a informação da data de pagamento será considerada pagamento à vista; na falta de indicação especial para o local de pagamento, considera-se a praça (domicílio) do sacado; na falta da indicação do local onde foi emitida a letra de câmbio, considera-se a praça (domicílio) do sacador. Figura 2 – Letra de câmbio Legenda: �. Número da letra de câmbio �. Vencimento da letra de câmbio �. Valor em moeda estrangeira 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/16 �. Local e data de emissão �. Prazo de pagamento �. Beneficiário (sacador) �. Documento que originou a letra de câmbio �. Nome e endereço do sacado – importador (drawee) �. Nome e assinatura do sacador – exportador (drawer) ��. O importador (sacado) deve dar o aceite no verso da letra de câmbio Há outros detalhes que não foram mencionados. Assim, deixo como sugestão a leitura do Decreto n. 57.663, que apresenta todas os aspectos relevantes à aplicabilidade do documento. TROCANDO IDEIAS Nesta etapa, definimos que o ACC e o ACE são financiamentos à exportação, formalizados por meio do contrato de câmbio. São operações semelhantes, porém alguns pontos que as diferenciam. Em relação à garantia fornecida pelo exportador, explique por que a carta de crédito não serve como garantia para o ACC, e quais são as condições para que um banco aceite a carta de crédito no ACE. NA PRÁTICA Calcule o valor do deságio em dólares para o ACE contratado pela empresa Comex Ltda., com base nas seguintes informações: Valor da exportação: US$ 100.000,00 Condição de pagamento: 180 dias da data do embarque Data do embarque: 10/04/202X Vencimento: 10/10/202X Contratação do ACE: 30/04/202X Taxa de deságio: 5% a.a. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/16 FINALIZANDO A linha de crédito em destaque nesta etapa foi a de adiantamento de cambiais entregues, financiamento necessário às empresas exportadoras que vendem a prazo. Os exportadores têm a vantagem de obter o financiamento a um custo interessante, o que garante maior competitividade no mercado internacional. Com o ACE, o exportador aumenta a sua capacidade de venda e ainda pode usar outras garantias não permitidas para o ACC. É o caso da carta de crédito e do seguro de crédito à exportação. Porém, como acontece em qualquer linha de financiamento à exportação, é fundamental que o exportador tenha o conhecimento de procedimentos, legislações relacionadas e práticas de mercado. GABARITO O cálculo do deságio do ACE é igual ao ACC, com base na aplicação de juros simples. O prazo entre 30/04/202X e 10/10/202X é de 163 dias. Assim, o deságio é: (100.000,00 x 5 x 163) / 36.000 = US$ 2.263,89. REFERÊNCIAS BCB – Banco Central do Brasil. Circular n. 3.691, de 16 de dezembro de 2013. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 dez. 2013. BORGES, J. T. Financiamento ao comércio exterior: o que uma empresa precisa saber. Curitiba: InterSaberes, 2017. BRASIL. Decreto n. 57.663, de 24 de janeiro de 1966. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 31 jan. 1966. FONTES, K. Exportação descomplicada: o seu produto além das fronteiras brasileiras. São Paulo: Labrador, 2020. TAVARES, R. Operações de crédito: produtos e serviços bancários. Curitiba: InterSaberes, 2014. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/16 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/17 FINANCIAMENTO EM COMÉRCIO INTERNACIONAL AULA 4 Prof. Joni Borges 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/17 CONVERSA INICIAL Nesta etapa, trataremos da condução do financiamento à exportação formalizado por meio do contrato de câmbio, o ACC e ACE. Uma das condições negociadas e que deve ser de total acompanhamento por parte do exportador é o prazo definido para entregar os documentos e liquidar o contrato. O contrato de câmbio não pode ficar em situação irregular. Dessa maneira, se houver a percepção de que os prazos inicialmente acordados não serão respeitados, o exportador e o banco financiador devem negociar novas condições para manter o contrato de câmbio (financiamento) em situação regular. O Banco Central do Brasil (Bacen) permite a regularização do contrato de câmbio por meio da liquidação, prorrogação, cancelamento ou baixa. Cada situação de regularização cambial é analisada de maneira particular por parte do financiador. É fundamental que o exportador realize um planejamento para operar com linhas de crédito à exportação. No planejamento devem constar situações possíveis de ocorrer que sejam alheias à vontade do exportador. CONTEXTUALIZANDO Vamos conhecer conceitualmente os tipos de regularização cambial e, em seguida, vamos apresentar situações práticas vivenciadas pelas empresas exportadoras, desde a prorrogação do contrato de câmbio, fator que deixa o contrato regular perante o Bacen, ainda que haja uma majoração na taxa de deságio. No cancelamento do contrato de câmbio, o exportador tem que devolver o adiantamento recebido ao banco financiador com o pagamento de encargos financeiros, caso a mercadoria não tenha sido embarcada. A baixa do contrato de câmbio, medida tomada unilateralmente pelo banco financiador caso o exportador não tenha como liquidar ou cancelar o contrato de câmbio, implica que o exportador deve entregar as garantias oferecidas vinculadas à operação de financiamento. Nem sempre é um processo amigável, pois normalmente envolve aspectos judiciais que encarecem e prejudicam as atividades do financiado. Vamos conversar sobre a compra de performance de exportação, uma alternativa para que o exportador honre seus compromissos com gastos financeiros menores em relação ao cancelamento de contrato de 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/17 câmbio. Por fim, não há como não abordar as modalidades de pagamento que estão relacionadas diretamente ou não com os financiamentos de comércio exterior. TEMA 1 – REGULARIZAÇÃO DOS CONTRATOS DE ACC/ACE Sabemos que a formalização dos financiamentos à exportação nas modalidades de ACC e ACE se dão por meio do contrato de câmbio. Devido à praticidade operacional e negocial para a empresa contratar a operação, muitas vezes, o exportador contrata um ACC na expectativa de que vai exportar os seus produtos em determinado prazo, mas, posteriormente, vê-se obrigado a reconsiderar as condições inicialmente pactuadas no contrato de câmbio, seja por motivo alheio a sua vontade ou por falta de um planejamento adequado à exportação. Na formalização do ACC e ACE ficam definidas as condições contratuais, entre elas a data da entrega dos documentos e a data de liquidação do contrato. A data de entrega de documentos, como o próprio nome indica, é a data em que o exportador deve entregar (apresentar) os documentos representativos da exportação ao banco financiador. A data de liquidação vincula a data em que o exportador deve entregar a moeda estrangeira ao banco financiador para pagar o financiamento. Essa etapa só ocorre após o importador pagar o exportador. Os financiamentos de ACC e ACE não podem ficar em situação irregular perante o Bacen. Dessa maneira, o banco financiador controla os prazos de vencimentos estipulados no contrato para evitar as penalidades previstas na legislação. Para que o ACC e ACE não fiquem irregulares, é necessário liquidar o financiamento, prorrogar o prazo de entrega dos documentos e liquidação do financiamento, cancelar o financiamento ou proceder à baixa do contrato de câmbio. 1.1 LIQUIDAÇÃO DO CONTRATO DE CÂMBIO Consta no art. 69 da Circular Bacen n. 3.691 (Bacen, 2022): "A liquidação de contrato de câmbio ocorre quando da entrega de ambas as moedas, nacional e estrangeira, objeto da contratação ou de títulos que as representem". No ACC e ACE,quando o banco financiador faz o adiantamento ao exportador, significa que entregou a moeda nacional, valor equivalente à moeda estrangeira ao exportador. No vencimento do financiamento, o exportador deve entregar a moeda estrangeira ao banco financiador para liquidar o contrato de câmbio. A liquidação do contrato de câmbio ocorre somente com a entrega da moeda estrangeira por parte do exportador. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/17 1.2 PRORROGAÇÃO DO CONTRATO DE CÂMBIO A prorrogação do contrato de câmbio ocorre quando o exportador não consegue cumprir os prazos inicialmente pactuados no contrato de câmbio (prazo de entrega de documentos e liquidação). O exportador pode solicitar a prorrogação do ACC ou ACE quantas vezes forem necessárias, desde que não ultrapasse o prazo máximo permitido pelo Bacen. A prorrogação do contrato de câmbio envolve uma nova etapa de negociação entre o financiador e exportador. No processo de prorrogação de contrato de câmbio é analisada a justificativa do exportador (porque está solicitando maior prazo). Uma vez aceita a justificativa por parte do financiador, ficam definidos os novos prazos e a nova taxa de deságio para o período adicional. A prorrogação dos prazos é formalizada pela alteração do contrato de câmbio registrado no Sistema Câmbio. A alteração do contrato gera um novo contrato de câmbio que deve ser assinado pelas partes. 1.3 CANCELAMENTO DO CONTRATO DE CÂMBIO O cancelamento do contrato de câmbio é necessário quando o exportador não cumprir uma das obrigações estabelecidas nas condições do financiamento, tais como não embarcar a mercadoria ou não entregar a moeda estrangeira no prazo acordado. Para haver o cancelamento do contrato de câmbio é necessário o consenso das partes. Para o exportador, isso implica devolver o adiantamento em reais e pagar os encargos financeiros. O cancelamento é formalizado por meio de um contrato de câmbio de cancelamento. O cancelamento do contrato de câmbio não gera uma restrição cadastral para o exportador, desde que não se caracterize uma prática habitual. Porém, há uma penalidade financeira ao exportador. A finalidade do financiamento é a exportação, e havendo o cancelamento do contrato de câmbio, o exportador deixa de cumprir o que era obrigatório, exportar. Portanto, terá o encargo financeiro sobre a operação cancelada. Ao cobrar o encargo financeiro, o Bacen equipara o custo do financiamento à exportação (ACC) que tem a taxa de juros bem menor comparada às linhas de financiamentos praticadas no mercado interno. No cancelamento do contrato, o exportador ainda deve recolher o IR e o IOF, tributos isentos se a empresa realizasse a exportação. No caso do cancelamento de um ACE, fase pós-embarque, os procedimentos são semelhantes. A diferença é que não há a cobrança dos encargos financeiros IR e IOF em decorrência de já ter ocorrido o embarque da mercadoria. O exportador fez a parte dele, exportou. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/17 1.4 BAIXA DO CONTRATO DE CÂMBIO A baixa do contrato de câmbio ocorre quando esgotadas todas as possibilidades de regularização cambial: prorrogação, cancelamento ou liquidação. É a pior situação para o exportador que contratou um ACC e não embarca a mercadoria. Não há como prorrogar o contrato, não há expectativa de realizar a exportação e não há recursos (reais) para devolver o adiantamento ao banco financiador. Dessa maneira, o banco financiador, unilateralmente amparado na legislação cambial, solicita a baixa e protesta o contrato de câmbio, cobrando, ainda, as garantias fornecidas pelo exportador vinculadas ao contrato de financiamento. TEMA 2 – REGULARIZAÇÃO CAMBIAL SITUAÇÃO PRÁTICA (1) Vamos analisar situações que ocorrem na prática após a contratação de um financiamento à exportação por meio do ACC e quais são as alternativas para manter o contrato de câmbio regular. 2.1 CASO: EXPORTAÇÃO DE MÓVEIS DE MADEIRA A empresa Móveis Lar Ltda. fechou a venda de 100 unidades (jogos de quarto) para uma empresa mexicana. O valor total da venda corresponde a US$ 100.000,00 FOB Paranaguá. A empresa Móveis Lar Ltda. precisa de um prazo para preparar/finalizar a produção dos móveis para embarcar a mercadoria. A empresa também necessita de recursos para pagar os compromissos no mercado interno relacionados à produção dos móveis. O exportador tem o conhecimento das linhas de financiamentos à exportação disponíveis no mercado e solicitou ao seu banco de relacionamento o adiantamento dos reais por conta da exportação que iria realizar. O banco previamente analisou a situação cadastral da empresa, estabeleceu um limite de crédito e as garantias para vincular a operação de financiamento. Condições negociadas no ACC: Valor do ACC = US$ 100.000,00 Prazo = 180 dia Deságio = 5,0% a.a. (postecipado) Taxa de câmbio da contratação = US$ 1,00 = R$ 4,9000 Data da contratação = 20/04/202X 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/17 Data da liquidação (vencimento) = 17/10/202X Figura 1 – Caso Situação 1: A Móveis Lar Ltda. comprou a madeira para produzir os móveis de um fornecedor no mercado interno. Porém, o fornecedor não conseguiu entregar as peças de madeira para a montagem dos móveis no prazo determinado. Consequentemente, a empresa Móveis Lar Ltda não conseguiu finalizar a produção dos móveis e não poderia embarcar a mercadoria para o importador no prazo inicialmente acordado. Com base nos acontecimentos, o contrato de câmbio caminharia para uma situação irregular. Quais seriam as soluções para o exportador evitar possíveis problemas? Solução O exportador, ao perceber a possibilidade de atraso do embarque da mercadoria, deve renegociar o prazo de entrega do produto com o importador mexicano; O importador, aceitando as novas condições de entrega, permite ao exportador solicitar a prorrogação do prazo do contrato de financiamento (ACC) com o banco financiador; Inicialmente, o contrato é prorrogado por mais 180 dias, a uma nova taxa de deságio de 6% a.a. Em regra geral, na prorrogação, o banco financiador aumenta a taxa de deságio. No exemplo, houve 1% de aumento para o novo período; Na prorrogação é comum o deságio ser cobrado antecipadamente. Considerando uma taxa de câmbio de US$ 1,00 = R$ 5,10 na data da prorrogação do contrato, o exportador pagaria 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/17 US$ 2.500,00 = R$ 12.750,00 (referente ao primeiro período) e US$ 3.000,00 = R$ 15.300,00 (referente ao período da prorrogação). Considerações sobre a prorrogação �. O prazo máximo permitido pelo Bacen é de 1500 dias entre a data da contratação e a data da liquidação; �. Pode haver várias prorrogações, desde que não ultrapassem o prazo máximo permitido pelo Bacen e que seja de interesse da empresa e do banco financiador; �. A cada prorrogação, o deságio e as garantias serão renegociadas; �. Ao final do último prazo concedido, o exportador deve comprovar o embarque da mercadoria e liquidar o financiamento com moeda estrangeira recebida do importador. TEMA 3 – REGULARIZAÇÃO CAMBIAL SITUAÇÃO PRÁTICA (2) Vamos considerar uma nova situação para a empresa Móveis Lar Ltda. em relação à negociação com a empresa mexicana. Situação 2 Após a remarcação de uma nova data para embarque da mercadoria, o exportador encontra outras dificuldades para produzir os móveis encomendados pelo importador mexicano e novamente não conseguirá honrar o contrato. A empresa mexicana aplica seus direitos previstos no contrato comercial entre as partes e cancela a compra com a empresa brasileira. O que o exportador pode fazer para regularizar o contrato de câmbio (ACC), considerando que faltam alguns dias para o vencimento? Solução 1 Como não é necessário identificar o importador ao contratar o ACC, o exportador não fica obrigado (amarrado) a exportar para o importador mexicano. Com o cancelamento da compra peloimportador mexicano faltando alguns dias para o vencimento do ACC, o exportador teria como alternativa solicitar a segunda prorrogação do ACC para o banco financiador, justificando o ocorrido, renegociar a taxa de deságio e buscar no mercado internacional um novo comprador para o seu produto. O novo comprador pode ser de qualquer país que não tenha restrições comerciais 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/17 com o Brasil. O novo prazo de prorrogação deve ficar dentro do prazo máximo estabelecido pelo Bacen e de acordo com a negociação com o banco financiador. Considerações sobre a prorrogação �. Após o cancelamento do contrato comercial com a empresa mexicana, o exportador está livre para fazer outra negociação com um novo comprador estrangeiro. Por exemplo, pode vender outros modelos de móveis e a outros preços. Pode fazer exportações para um ou mais importadores; �. O exportador não pode desconsiderar a dívida de US$ 100.000,00 para pagar ao banco financiador. E essa dívida tem que ser liquidada com moeda estrangeira paga pelo(s) importador(es); �. Ao contratar o ACC, o exportador assumiu a responsabilidade de exportar US$ 100.000,00. Solução 2 Devido ao cancelamento do contrato comercial com o importador mexicano, o exportador não tem perspectiva de vender o seu produto para o mercado externo. Nesse caso, o exportador deve solicitar o cancelamento do ACC ao banco financiador o quanto antes, devolver em reais o valor equivalente a US$ 100.000,00, a taxa de câmbio do dia do cancelamento do contrato de câmbio e assumir as penalidades previstas no contrato: pagar os encargos financeiros, recolher o IR e o IOF. Considerações sobre o cancelamento �. O cancelamento do contrato de câmbio não é fator negativo para a empresa contratar futuras operações de ACC. Porém, não pode ser algo habitual; �. O exportador terá um gasto financeiro maior para cancelar o ACC; �. A garantia fornecida inicialmente pelo exportador contratar o ACC fica desvinculada da operação. Solução 3 Se após as prorrogações, o exportador não liquidar a dívida com moeda estrangeira ou não tiver os reais para devolver o adiantamento ao banco financiador, não haverá alternativa. O banco unilateralmente fará a baixa do contrato de câmbio, regularizando-o perante o Bacen, e acionará juridicamente o exportador para cobrar as garantias vinculadas à operação de AC. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/17 Considerações sobre a baixa de contrato de câmbio �. Pior cenário para a empresa exportadora, pois com a baixa do contrato de câmbio, o procedimento é registrado no sistema câmbio, e o exportador fica com restrições para fazer qualquer operação de crédito no mercado financeiro. TEMA 4 – COMPRA DE PERFORMANCE DE EXPORTAÇÃO A compra de performance de exportação não consiste numa regularização cambial, pois não consta da regulamentação do mercado de câmbio. Porém, é uma operação legal que apresenta vantagem para uma empresa que contrata um ACC e não tem mercadorias para exportar dentro do prazo previsto no financiamento à exportação. A operação de performance de exportação ocorre quando uma empresa exportadora vende o direito de exportar a uma empresa que não tem mercadoria para embarcar. A formalização ocorre por meio de um contrato de compra/venda de performance de exportação no qual ficam definidas as condições da negociação. A empresa vendedora da performance de exportação, empresa que tem o produto para exportar, realiza a exportação em nome da empresa compradora da performance exportação. A documentação representativa da exportação (fatura comercial, paking list e outros) é emitida em nome da empresa compradora da performance. Na prática, quem faz todo o processo documental, de negociação e logístico em relação ao embarque da mercadoria é a empresa vendedora da performance. A empresa compradora da performance tem seu nome nos documentos, portanto, tem direito sobre a mercadoria a ser exportada. Como os documentos da exportação estão em nome da empresa compradora da performance, será ela a beneficiária do crédito, a empresa que receberá o pagamento do importador estrangeiro. Está previsto no contrato de performance de exportação que a empresa compradora da performance faz o pagamento em reais para a empresa vendedora da performance (valor equivalente ao valor da exportação em moeda estrangeira). Em regra geral, dois dias úteis após receber os reais, a empresa vendedora da performance autoriza o importador estrangeiro a transferir a moeda estrangeira para a empresa compradora da performance. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/17 Normalmente, quem intermedeia a operação são empresas especializadas na compra e venda de performance ou corretoras de câmbio. A empresa, ao vender uma performance de exportação, cobra um percentual chamado de prêmio, e a corretora cobra uma comissão por intermediar o processo. Para o exportador, isso é vantajoso porque, se ele cancelasse um contrato de ACC, teria um custo adicional em torno de 30% sobre o valor do contrato em multas, encargos financeiros, impostos e outras taxas. Já na compra de uma performance, pagaria de 3% a 8% sobre o valor. Vale lembrar que os custos citados são indicativos, os custos adicionais dependem do valor da operação, das empresas envolvidas, prazos etc. Ao comprar uma performance de exportação, além de ter um custo financeiro menor, a empresa pode continuar operando no mercado de crédito sem problemas. Para o banco financiador, também é uma solução interessante, porque a empresa não ficará devedora. Vamos aplicar o uso da performance de exportação na situação da empresa Móveis Lar Ltda.: Empresa Móveis Lar Ltda.: tem um ACC de US$ 100.000,00 aberto e não embarcará a mercadoria porque não encontrou novo comprador para negociar; Empresa Projetos e Decorações S.A.: é uma empresa que exporta em média US$ 2 milhões por ano; Corretora de Câmbio Trade Ltda: empresa intermediadora na compra/venda de performance. A Móveis Lar Ltda. procura a Corretora Trade e informa a necessidade de comprar US$ 100.000,00 em performance de exportação. A Corretora Trade oferece uma proposta para a empresa Projetos e Decorações S.A, que aceita vender o direito de exportar. A Corretora Trade fica responsável por elaborar o contrato de compra/venda de performance entre as partes. No contrato, constarão todos os atributos relacionados à negociação: valor em moeda estrangeira, valor em moeda nacional, prazo de entregas das moedas, emissão dos documentos representativos da exportação, valor do prêmio, valor da comissão e outras particularidades relacionadas à operação. Assinado o contrato de performance entre as partes, a corretora de câmbio providenciará a emissão dos documentos (invoice, paking list, conhecimento de embarque) em nome da empresa Móveis Lar. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/17 Vale ressaltar que a mercadoria a ser embarcada é de produção da empresa Projetos e Decorações S.A. que passou o direito de exportar à Móveis Ltda. Após o embarque da mercadoria, a empresa Móveis Lar efetua o pagamento em reais, valor equivalente a US$ 100.000,00 para a empresa Projetos e Decorações S.A., paga o valor do prêmio (percentual sobre o valor da exportação) para a empresa Projetos e Decorações S.A. e a comissão pela intermediação da negociação para a corretora. Na sequência, a empresa Projetos e Decorações autoriza o importador estrangeiro a transferir os US$ 100 mil para a empresa Móveis Lar Ltda. Com o valor recebido em moeda estrangeira, a empresa Móveis Lar Ltda liquida o contrato de ACC. TEMA 5 – MODALIDADES DE PAGAMENTO NOS FINANCIAMENTOS O comércio global envolve o fluxo financeiro para pagar as compras de mercadorias entre empresas de países diferentes. A maneira como o comprador vai pagar o vendedor depende de vários fatores, principalmente o risco queas partes estão sujeitas a assumir. Para a escolha da modalidade de pagamento, também devem ser considerados: Valor da negociação; Tipo de mercadoria; Países envolvidos; Empresas envolvidas; Acordos comerciais. Em relação aos tipos de financiamentos disponíveis ao comércio exterior, uma outra modalidade de pagamento pode ser condição de exigência para liberação dos recursos para o exportador ou importador. De maneira resumida, vamos expor as quatro modalidades de pagamento usuais no comércio internacional: Pagamento antecipado: É a modalidade de pagamento que apresenta maior risco para o importador, uma vez que o comprador faz o pagamento antes do exportador embarcar a mercadoria. São características para a utilização do pagamento antecipado: 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/17 a. operações de pequeno valor: caso o comprador efetue o pagamento e não receba a mercadoria, o prejuízo não será tão grande; b. países que apresentam produtos com preços baixos: a China é um exemplo, há uma grande procura pelos produtos chineses, como a procura é maior que a oferta, o exportador chinês se vê na condição de impor a condição de receber antecipado; c. cabe ao importador, antes de fechar o negócio, pesquisar sobre a idoneidade do exportador. O mercado dispõe de várias práticas para obter informações cadastrais sobre fornecedores; d. os bancos envolvidos são utilizados para fazer a transferência do valor; e. a legislação cambial prevê o prazo máximo no pagamento antecipado para a importação e exportação brasileira. Etapas do pagamento antecipado: �. Negociação entre exportador e importador; �. Importador faz o pagamento ao Exportador; �. Exportador embarca a mercadoria; �. Exportador envia os documentos originais para o importador; �. Importador recebe os documentos e libera a mercadoria na alfândega de seu país. Remessa sem saque: ao contrário do pagamento antecipado, a modalidade apresenta maior risco para o exportador. O exportador faz o embarque e depois recebe o pagamento. São características para a utilização da remessa sem saque: a. o nome sem saque refere-se a não exigência do documento “saque ou letra de câmbio” na operação comercial; b. operações realizadas com empresas do mesmo grupo ou que tenham um bom grau de relacionamento; c. o exportador envia os documentos originais representativos da exportação diretamente ao importador; d. a remessa sem saque pode ser à vista ou a prazo; e. os bancos envolvidos são utilizados para fazer a transferência do valor. Etapas da remessa sem saque: �. Negociação entre exportador e importador; 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/17 �. Exportador embarca a mercadoria; �. Exportador envia os documentos originais para o importador; �. Importador recebe os documentos e libera a mercadoria na alfândega de seu país; �. Na data acordada, o importador faz o pagamento ao exportador. Cobrança documentária: modalidade de pagamento que apresenta risco mediano para o exportador, pois os documentos originais necessários para o importador retirar a mercadoria no país de destino são enviados em cobrança para o banco de relacionamento do importador. Esse banco só entrega os documentos ao importador após o importador cumprir as instruções contidas na cobrança. São características para a utilização da cobrança documentária: a. Fazem parte dos documentos representativos da exportação o “saque ou letra de câmbio” e o borderô de cobrança, documento no qual constam as instruções de cobrança impostas pelo exportador; b. operações realizadas por exportadores que querem diminuir o risco de receber por sua venda; c. o exportador envia os documentos originais representativos da exportação para o banco do importador; d. a cobrança documentária pode ser à vista ou a prazo; e. a cobrança documentária não elimina totalmente o risco para o exportador. Numa cobrança à vista, se o importador não efetuar o pagamento, não consegue os documentos originais, portanto, não terá a mercadoria. Cabe ao exportador vender a mercadoria para outro comprador ou solicitar o retorno da mercadoria para o país de origem. Tudo isso envolve custos adicionais para o exportador. Se for uma cobrança a prazo e o importador não efetuar o pagamento na data acordada, o exportador solicita o protesto da letra de câmbio, ou seja, do importador; f. os bancos envolvidos devem cumprir as instruções contidas no borderô de exportação, principalmente em relação à entrega dos documentos ao importador. Etapas da cobrança documentária: �. Negociação entre exportador e importador; �. Exportador embarca a mercadoria; 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/17 �. Exportador envia os documentos originais para o banco do importador; �. A instrução para o pagamento à vista é entregar os documentos originais ao importador mediante pagamento; �. As instruções para o pagamento a prazo são entregar os documentos originais ao importador mediante aceite no saque e protestar a letra de câmbio, caso não haja o pagamento; �. Na data acordada, o importador faz o pagamento ao exportador. Carta de crédito: A carta de crédito é uma garantia que o exportador vai receber por sua venda, desde que o exportador cumpra as instruções contidas na carta de crédito. Para o importador, também não deixa de ser uma garantia, pois a mercadoria deverá ser embarcada conforme negociação entre as partes e descritas na carta de crédito. A solicitação da carta de crédito é feita pelo importador (tomador do crédito) junto ao seu banco de relacionamento (Banco Emissor). O Banco Emissor é responsável por honrar o pagamento ao exportador na data definida. Mesmo que o importador não o faça, caso isso ocorra, o Banco Emissor paga o exportador e, depois, aciona as garantias fornecidas pelo importador vinculadas à carta de crédito. O exportador (beneficiário do crédito) receberá pela exportação desde que cumpra todas as instruções da carta de crédito. O Banco Designado negocia os documentos de exportação recebidos do exportador e mencionados na carta de crédito. Ainda há as figuras do Banco Avisador e Banco confirmador. A carta de crédito é modalidade que envolve muitos procedimentos e exige a atenção de todos os envolvidos. É um tema que pode ser explanado em várias etapas devido a sua complexidade, inclusive há uma publicação internacional específica para a carta de crédito. TROCANDO IDEIAS Pesquise junto às empresas exportadoras da sua região que contratam o financiamento para a exportação nas modalidades de ACC ou ACE: quais são os principais motivos pelos quais é necessária a regularização das condições inicialmente previstas no contrato de câmbio; e quais são os gastos adicionais para regularizar um contrato de ACC ou ACE? 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/17 NA PRÁTICA A empresa Compensados Ead Ltda. vendeu para um importador americano US $ 200.000,00 em compensados. O exportador precisa de capital de giro para utilizar no processo produtivo e, para isso, contratou um ACC com prazo de 360 dias pelo mesmo valor da exportação a realizar. Informações sobre a negociação do ACC: Valor: US$ 200.000,00 Deságio: 5,0% a.a. Data da contratação: 20/06/2022 Data da liquidação (vencimento): 20/06/2023 Situação 1. Considere que o exportador fez a exportação de US$ 200 mil dentro do prazo de validade do ACC e o importador pagou no prazo acordado. �. Pergunta 1. Quais são os procedimentos que o exportador deverá fazer com o banco financiador em relação ao ACC? Situação 2. Considere que o exportador fez a exportação de US$ 200 mil dentro do prazo do ACC e o importador não realizou o pagamento no prazo acordado. �. Pergunta 2. Quais os procedimentos que o exportador deverá fazer com o banco financiador em relação ao ACC? Situação 3. Considere que o exportador não realizará de maneira alguma a exportação de US$ 200 mil noprazo acordado. �. Pergunta 3. Quais os procedimentos que o exportador deverá fazer com o banco financiador em relação ao ACC? Situação 4. Considere que o exportador não realizará a exportação de US$ 200 mil e não tem como devolver os reais ao banco financiador. �. Pergunta 4.Quais os procedimentos que o banco financiador deverá fazer com seu cliente em relação ao ACC? FINALIZANDO 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/17 Nesta etapa, aprendemos que o financiamento para a exportação por meio do ACC e ACE são importantes para as atividades empresariais do exportador brasileiro. Por outro lado, ao contratar um financiamento, o exportador está assumindo a responsabilidade de exportar. Caso isso não ocorra, estará sujeito a arcar com gastos financeiros que impactarão o fluxo de caixa da empresa. Importante que o exportador conheça as legislações pertinentes aos financiamentos e riscos envolvidos na operação, mesmo aqueles que independam da sua vontade. REFERÊNCIAS BACEN – Banco Central do Brasil. Circular n . 3.691, de 16 de dezembro de 2013. Regulamenta a Resolução nº 3.568, de 29 de maio de 2008, que dispõe sobre o mercado de câmbio e dá outras providências. Brasília, DF, 16 dez. 2013. Disponível em: <https://normativos.bcb.gov.br/Lists/Normativos/Attachments/48815/Circ_3691_v26_P.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2022. GABARITO �. O exportador deve solicitar a liquidação do contrato de câmbio. �. Cobrar o pagamento do importador e solicitar a prorrogação do ACC. �. O quanto antes solicitar o cancelamento do contrato de ACC, devolver o adiantamento ao banco financiador e pagar os encargos financeiros. �. O banco financiador solicita a baixa do contrato de câmbio perante o Bacen e aciona a cobrança das garantias vinculadas à operação do exportador. 9/15/22, 6:10 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/17 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/17 FINANCIAMENTO EM COMÉRCIO INTERNACIONAL Aula 5 Prof. Joni Tadeu Borges 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/17 CONVERSA INICIAL Nesta abordagem, conversaremos sobre alguns tipos de financiamentos à exportação, principalmente aqueles disponibilizados com recursos públicos. As empresas exportadoras brasileiras, em regra geral, precisam de capital de giro, seja na fase pré ou pós-embarque. O governo, cumprindo a política de comércio exterior, atua de forma relevante, colocando à disposição das empresas exportadoras linhas de crédito por meio dos seus agentes financeiros, principalmente o BNDES e o Banco do Brasil. O BNDES tem em seu portfólio de produtos inúmeros tipos de financiamentos à exportação, que atendem empresas de todo o porte. Já o Banco do Brasil atua com o PROEX, financiamento que apresentam várias vantagens para o exportador brasileiro. As linhas de crédito são disponíveis na fase pré e pós-embarque, no curto e longo prazo, com ou sem limitação de valores e com diversos parâmetros de custos. É importante o exportador desempenhar com eficácia os assuntos referentes à área financeira da empresa. Torna-se obrigatório buscar o melhor tipo de financiamento que se ajuste à necessidade do exportador. Para isso, é imprescindível o conhecimento da prática de mercado e das legislações vinculadas aos financiamentos. CONTEXTUALIZANDO Primeiro, vamos apresentar alguns números da exportação brasileira no cenário nacional e internacional e como o governo, com sua estrutura administrativa, define as estratégias para o financiamento à exportação. Em seguida, conceituaremos o financiamento de Pré-pagamento Exportação, importante para as grandes empresas reduzirem o custo financeiro. Nos dois tópicos seguintes, trataremos do PROEX, financiamento com várias características que atendem empresas exportadoras de todos os portes. O PROEX financiamento será o destaque, pois está ao alcance das maiorias das empresas exportadoras. Por último, destacamos o BNDES, banco que fomenta a exportação pelas várias modalidades de financiamentos à exportação. Cada uma das suas linhas tem características diferenciadas, e assim podem atender à microempresa e à grande empresa de forma direcionada. Vamos nos concentrar em uma modalidade de financiamento. 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/17 Bons estudos! TEMA 1 – POLÍTICAS DE FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO Mensalmente, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divulga os números da balança comercial. Em 01/08/2022 apresentou os números referentes ao mês de julho de 2022. Tabela 1 – Balança comercial 2022 US$ bilhões Jul Jan-Jul Exportação 29,9 194,1 Importação 24,5 154,3 Saldo 5,4 39,8 Corrente de Comércio 54,4 348,4 Fonte: Ministério da Economia (2022a). Em relação ao comércio global, o Brasil alcançou uma posição melhor no ranking dos países exportadores. Uma reportagem mostra a melhora das exportações brasileiras: O Brasil subiu uma posição e tornou-se o 25º maior exportador mundial de mercadorias, segundo relatório anual divulgado nesta terça-feira (12) pela Organização Mundial do Comércio (OMC), com base nas transações globais de 2021. As exportações brasileiras somaram US$ 281 bilhões em 2021, o que correspondeu a uma alta de 34% na comparação com o ano anterior (US$ 210 bilhões). Com o resultado, o Brasil aumentou a sua participação nas vendas globais para 1,3%. Em 2020, tinha ficado na 26ª posição, com fatia de 1,2%. (G1, 2022) À frente do Brasil estão a China, com participação de 15,1%, Estados Unidos, com 7,9%, e na sequência outros 22 países. Ainda, segundo a OMC, 80% do comércio global é financiado por algum tipo de crédito ou seguro de crédito. No mercado de crédito brasileiro, há uma variedade de financiamentos que proporcionam ao exportador atuar no comércio internacional com maior competitividade. As instituições financeiras privadas têm uma participação importante no financiamento à exportação e o objetivo de alcançar uma receita suficiente para gerar lucro e cobrir os custos operacionais e administrativos da linha de crédito. 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/17 O Bacen autoriza os bancos privados a captar recursos no exterior. A taxa de juros praticada em empréstimos realizados em bancos no exterior é bem menor do que o custo de captação de recursos no mercado interno. Os bancos públicos têm o papel fundamental nos financiamentos de comércio exterior, principalmente o BNDES e o Banco do Brasil que atuam como agentes do governo para financiar as exportações das empresas brasileiras. Os financiamentos atendem desde a microempresa até a grande empresa e têm como finalidade promover o desenvolvimento da economia e alavancar o comércio exterior brasileiro. No âmbito do governo federal, cabe à Câmera de Comércio Exterior (CAMEX) implementar a política de financiamento à exportação. A CAMEX faz parte da estrutura administrativa do Ministério da Economia (ME) e tem como função (Ministério da Economia, 2022b): Camex tem a atribuição de formular, adotar, implementar e coordenar as políticas e atividades relativas ao comércio exterior brasileiro, à atração de investimentos estrangeiros diretos, a investimentos brasileiros no exterior, aos temas tarifários e não tarifários e ao financiamento às exportações com o objetivo de promover o aumento da produtividade e da competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional. A exportação é importante para o país porque torna as empresas brasileiras mais qualificadas e amplia os mercados de atuação trazendo benefícios para a economia nacional. Portanto, a política pública ao financiamento à exportação é estratégica e faz o Brasil ganhar mais espaço no cenário comercial global. A atuação da CAMEX em relação ao financiamento à exportação estabelece (Ministério da Economia, 2022c): A política brasileira de financiamento e garantia às exportações faz parte do esforço do governo brasileiro empromover a atividade exportadora, considerada importante vetor do desenvolvimento ao: garantir a geração de renda e emprego no país; promover ganhos de produtividade e escala; estimular a inovação e a qualificação da mão de obra; fortalecer as condições de concorrência e de resiliência econômica das empresas envolvidas; e gerar externalidades positivas para a economia como um todo”. Cabe ao exportador, pesquisar, conhecer e planejar a maneira adequada de utilizar os recursos obtidos com os financiamentos disponíveis no mercado para se tornar mais competitivo no mercado internacional. 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/17 TEMA 2 – PRÉ-PAGAMENTO EXPORTAÇÃO Os exportadores brasileiros sabem que o processo de exportação começa bem antes da negociação e pode terminar muito após o importador receber a mercadoria. Antes da negociação, porque deve haver o planejamento estabelecendo todos os procedimentos da operação. Após a entrega da mercadoria, tendo em vista o fluxo financeiro que envolve o pagamento da exportação pelo importador ou a liquidação total de uma operação financiada. Antes de explorarmos as linhas de crédito ofertadas com recursos públicos (linhas do BNDES e PROEX), vamos apresentar o financiamento Pré-pagamento exportação, linha de crédito utilizada, em regra geral, pelas grandes empresas exportadoras. O Pré-Pagamento Exportação (PPE) consiste na antecipação de recursos em moeda estrangeira pelo importador, instituições financeiras ou outras pessoas jurídicas no exterior ao exportador brasileiro. O desembolso do pagamento ao exportador deve ocorrer antes do embarque da mercadoria. A finalidade do financiamento é disponibilizar capital de giro à empresa exportadora para utilizar em todo processo produtivo, desde a compra da matéria-prima até o uso da logística para transportar o produto exportado até o local de destino. O PPE se diferencia do pagamento antecipado devido à origem dos recursos. No pagamento antecipado, o importador paga o exportador com recursos próprios. Já no PPE, o importador financia os recursos junto ao seu banco de relacionamento no exterior para pagar o exportador brasileiro ou o exportador brasileiro negocia diretamente com o banco no exterior para receber os recursos antecipados, sendo que os recursos pagos pelo importador serão destinados para pagar o banco financiador. As características do PPE, são: contempla a exportação de bens e serviços; valor financiado pode ser até 100% do valor da exportação; financiamento pode ser de curto ou longo prazo; incidência de IOF e IR sobre os juros, dependem do prazo do financiamento; custos: juros compatíveis com as taxas de juros praticadas no mercado internacional; custos: spread, comissões e tarifas bancárias. 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/17 O ingresso dos recursos em moeda estrangeira no Brasil é convertido em reais por meio da formalização do contrato de câmbio de compra entre o exportador e o seu banco de relacionamento. O exportador recebe os reais equivalentes e assume a responsabilidade de embarcar a mercadoria dentro do prazo previsto no contrato de PPE. No prazo previsto para o pagamento de juros, o exportador contrata um câmbio financeiro para fazer a remessa dos juros ao banco financiador. Interessante, no PPE, o exportador pode pagar os juros (valor equivalente) com a exportação de mercadorias. O PPE é liquidado com o pagamento do valor efetuado pelo importador ao banco financiador. Porém, se por algum motivo, o exportador não embarcar a mercadoria dentro do prazo previsto no contrato, o valor deverá ser devolvido ao banqueiro no exterior. Também há a possibilidade, desde que autorizado pelo importador, que o valor devido seja transformado em investimento direto de capital ou empréstimo em moeda estrangeira. Figura 1 – Fluxo do Pré-pagamento Exportação Crédito: Joni Tadeu Borges. �. Negociação entre exportador e importador(assinatura do contrato comercial); �. Banco brasileiro intermedeia a operação dePPE com o exportador; �. Exportador e banco do exterior assinamcontrato de PPE; �. Banco do exterior transfere o valor em moedaestrangeira para o banco brasileiro; �. Contrato de câmbio, exportador recebe osreais equivalentes à moeda estrangeira; �. Exportador embarca a mercadoria; �. Exportador entrega os documentosrepresentativos de exportação ao banco brasileiro; 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/17 �. Importador liquida o PPE com o banco do exterior; �. Nas datas previstas, o exportador, contratao câmbio para o pagamento de juros; ��. Banco brasileiro repassa os juros para obanco do exterior. TEMA 3 – PROEX (1) O Programa de Financiamento às Exportações (PROEX), criado em 1991, é um programa do Governo Federal com a finalidade de apoiar as exportações brasileiras de mercadorias e serviços. Os recursos utilizados na linha de crédito oriundos do Tesouro Nacional, dependem da aprovação anual do Orçamento da União pelo Congresso Nacional, sendo o Banco do Brasil o agente exclusivo da União para operar a linha de crédito. Os recursos da União são direcionados para a Secretaria do Tesouro Nacional que tem como história e atribuições (Tesouro, 2022): A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) foi criada em 10 de março de 1986, por meio doDecreto n. 92.452, para assumir as atribuições da Comissão de Programação Financeira e da Secretaria de Controle Interno do Ministério da Fazenda, incorporando, também, as funções fiscais até então exercidas pelo Banco Central e pelo Banco do Brasil. [...] Além disso, o Tesouro Nacional foi assumindo novas atribuições, fundamentais para o atingimento de seus objetivos, como, por exemplo, a programação financeira da União alinhada à Lei de Responsabilidade Fiscal, a administração da dívida interna e externa da União, o relacionamento financeiro do Governo Federal com estados e municípios, a gestão de fundos e de ativos da União e a consolidação e divulgação das estatísticas fiscais do setor público. São duas modalidades de linhas de crédito: PROEX financiamento e o PROEX equalização. Em nosso estudo, vamos dar ênfase ao PROEX financiamento, devido a sua maior abrangência junto às empresas exportadoras. O PROEX financiamento oferece diversas vantagens ao exportador brasileiro: taxa de juros do financiamento equiparadas às taxas de juros praticadas no mercado internacional; realizar uma venda a prazo e receber à vista; alavancar as exportações para diversos países; não incide IR e IOF; não há tarifas bancárias. O importador estrangeiro também tem a vantagem ao negociar com o exportador brasileiro. O comprador ganha maior prazo para pagar a importação, pagará taxa de juros semelhantes às praticadas no mercado internacional, poderá fazer o pagamento do principal e juros em parcelas semestrais e se o financiamento for até 360 dias, poderá pagar em uma única parcela. 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/17 Além das vantagens para o exportador e importador, o PROEX apresenta benefícios para o país e tem como objetivo: aumentar as exportações; gerar emprego e renda; inserir novas empresas no mercado internacional; proporcionar maior competitividade aos exportadores. O PROEX financiamento se enquadra na fase pós-embarque, isto é, o desembolso para o exportador é à vista (após o embarque) e o importador faz o pagamento conforme prazo acordado entre as partes (exportador e importador), respeitando os critérios estabelecidos na linha de crédito. Para ter acesso à linha de crédito, o exportador deve cumprir os pré-requisitos estabelecidos para a linha de crédito: o Programa beneficia as empresas com faturamento bruto anual de até R$ 600 milhões (Micro e pequenas empresas exportadoras, trading companies e comerciais exportadoras); a empresa não pode estar em débito com a União, tem que estar em situação regular com o Instituto Nacionaldo Seguro Social(INSS), Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Receita Federal do Brasil (RFB), Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal(CADIN) e não constar dos Cadastro Nacional de Empresas Punidas (CNEP) e Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) da Controladoria-Geral da União (CGU). estão contempladas as exportações de bens e serviços listados nos Anexos I e II à Resolução Gecex n. 166, de 23 de março de 2021; o exportador deve apresentar como garantia à operação de crédito: Carta de Crédito, Aval, Fiança de banco de primeira linha ou Seguro de Crédito à Exportação. As garantias devem ser analisadas e aprovadas pelo Banco do Brasil. O PROEX financiamento tem características ou condições que o diferencia das demais linhas de financiamentos à exportação: não há restrições quanto ao valor financiado; financia até 100% do valor da exportação para o prazo de até dois anos; 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/17 financia até 85% do valor da exportação para prazos maiores de 2 anos; financia qualquer incoterm; não financia a comissão de agente; exportação para o Mercosul, tem tratamento diferenciado em relação aos produtos elegíveis; a taxa de juros aplicada é a Commercial Interest Reference Rate (CIRR), o mesmo que Taxas de Juros Comerciais de Referência. A CIRR varia de acordo com o prazo e moeda estrangeira. Sempre é divulgada no dia 15 de cada mês com validade até o dia 14 do mês subsequente. Para o dólar americano, no período de 15/07/2022 a 14/08/2022 a CIRR para operações com prazo menores de 5 anos estava cotada em 4,15% a.a.; financiado em qualquer moeda conversível. O comércio exterior brasileiro dinâmico está amparado em legislações estabelecidas de acordo com a política pública de cada governo. Desta maneira, é necessário consultar sempre os procedimentos, normas e leis em fontes oficiais para saber se não houve alterações. TEMA 4 – PROEX (2) Apresentaremos de forma simplificada os procedimentos e fluxo que o exportador realiza ao solicitar o PROEX financiamento. Principalmente, deve estar atento à preparação dos documentos representativos da exportação, conforme negociação firmada com o importador. Para a liberação do financiamento, o exportador, primeiro deve registrar as Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos (LPCO) no Portal Único de Comércio Exterior. No módulo de LPCO são registradas (Siscomex, 2022a): As licenças, autorizações, certificados e outros documentos públicos exigidos para a realização de uma exportação, exceto os de natureza aduaneira, serão solicitados e emitidos pelo módulo de Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos (LPCO), do Portal Único de Comércio Exterior a que se refere o art. 9º-A do Decreto n. 660, de 25 de setembro de 1992. O exportador registra no módulo LPCO as informações relacionadas à operação comercial (valor, identificação do importador, cronograma de embarque, tipo de garantia, comissão do agente, tipo de taxa de juros, entre outras). Após, aguarda a análise e deferimento da LPCO pelo Banco do Brasil. 4.1 ETAPAS DO PROCESSO DE FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO PROEX 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/17 �. Classificação do produto a exportador: Identificar a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM); �. Consultar seo produto (NCM) é elegível; �. Verificar oprazo máximo de pagamento permitido negociar com o importador de acordo com o produto (NCM); �. Definir agarantia da operação. Para a carta de crédito, o exportador deve instruir o importador a abrir a carta de crédito em um banco primeira linha. Para o seguro de crédito à exportação, o exportador deve verificar quais as seguradoras estão aptas a fazer o seguro para garantir operações do PROEX; �. Negociaçãocomercial entre exportador e importador: define-se a quantidade, preço unitário, preço total, incoterm, modalidade de pagamento, prazos etc. O prazo de pagamento não pode ser maior do que o permitido para a NCM; �. O exportadorpreenche a LPCO com o enquadramento do PROEX e solicita a aprovação do Banco do Brasil. A LPCO pode ser registrada diretamente pelo exportador ou por seu representante legal no SISCOMEX; �. O exportadorregistra o Documento Único de Exportação (DU-E) no Portal Único SISCOMEX, vinculando-o à LPCO aprovada; �. O exportadorprepara os documentos de embarque da exportação; �. O exportadorembarca a mercadoria para o exterior; ��. O exportador entrega os documentos representativos da exportação ao Banco do Brasil: borderô de exportação, fatura comercial, conhecimento de embarque, letra de câmbio, certificados e outros exigidos na negociação. ��. O Banco do Brasil analisa os documentos conforme o tipo de garantia apresentada, carta de crédito ou seguro de crédito à exportação, se estiver tudo em ordem, solicita o recurso para o Tesouro Nacional; ��. O exportador, para receber o valor da exportação (desembolso), não pode estar em situação irregular com o INSS, FGTS, RFB, CADIN, CNElie CEIS. ��. O Banco do Brasil faz o desembolso em reais no valor correspondente da moeda estrangeira (valor da exportação); ��. Na data acordada, o importador faz o pagamento ao exportador; ��. O exportador repassa o valor para o Banco do Brasil, que por sua vez, repassa ao Tesouro Nacional. 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/17 Relatamos que a LPCO deve ser vinculada à DU-E (Siscomex, 2022b) A Declaração Única de Exportação (DU-E) instituída pelaPortaria Conjunta RFB/SECEX n. 349, de 21 de março de 2017,consiste em um documento eletrônico que define o enquadramento da operação de exportação e subsidia o despacho aduaneiro de exportação. Compreende informações de natureza aduaneira, administrativa, comercial, financeira, fiscal e logística, que caracterizam a operação de exportação dos bens por ela amparados. O PROEX equalização, outra modalidade de financiamento, ocorre quando o exportador brasileiro realiza uma venda a prazo e cobra juros do importador, parte desses juros é pago pelo Tesouro Nacional. Exemplificando, o exportador realiza uma venda a prazo e negocia com o importador a cobrança de juros de 5% anual. Dos 5% a.a., o importador pagaria 3% e o Tesouro Nacional 2%. Desta maneira, o importador precisaria menos recursos para pagar a compra realizada da empresa brasileira. O Proex financiamento é uma linha de crédito mais praticada pelos exportadores brasileiros, devido as suas características em relação ao Proex equalização, que atende as grandes empresas brasileiras negociadoras de altos valores de exportação. TEMA 5 – LINHAS DE FINANCIAMENTOS – BNDES O governo brasileiro considera o segmento exportador um grande canal para direcionar o país ao desenvolvimento, pois com a exportação são gerados empregos, renda e divisas. O crédito ao exportador é necessário para dar melhores condições às empresas brasileiras competir com seus produtos no mercado global. Desta maneira, a atuação de um banco público é fundamental. Na página oficial do banco (BNDES, 2022), está destacada a identificação da instituição: Somos o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), fundado em 20 de junho de 1952, uma empresa pública federal vinculada ao Ministério da Economia, sendo o principal instrumento do Governo Federal, nosso único acionista, para financiamento de longo prazo e investimento nos diversos segmentos da economia brasileira. No comércio exterior brasileiro, o BNDES financia a exportação de mercadorias e serviços nas fases pré e pós-embarque. São linhas de financiamentos com características diversas: curto e longo prazo; taxas de juros diferenciadas; 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/17 os produtos elegíveis se enquadram em grupos de mercadorias; são beneficiadas empresas de qualquer porte; participação total ou não do BNDES; várias opções de garantias. O tipode linha de crédito e características podem ser alterados de acordo com o interesse do governo em financiar a exportação. A empresa exportadora deve consultar previamente as linhas que estão disponíveis e as condições negociais apresentadas para cada uma. As opções, tradicionalmente, apresentadas pelo (BNDES, 2022), são: BNDES Exim Automático: Financiamento à comercialização de bens brasileiros no exterior, por meio de bancos estrangeiros. BNDES Exim - Crédito Exportação Pré-Embarque: Financiamento para viabilizar a produção de bens para a exportação. Pode ser realizado diretamente com o BNDES ou via agente financeiro parceiro. BNDES Exim Pré-embarque via Parceiros BNDES Exim Pré-embarque Direto BNDES Exim - Crédito Exportação Pós-Embarque: Financiamento para viabilizar as exportações de bens ou serviços de sua empresa. Exclusivo para bens e serviços brasileiros. BNDES Exim Automático BNDES Exim Pós-embarque Aeronaves BNDES Exim Pós-embarque Bens BNDES Exim Pós-embarque Serviços”. Dentro das modalidades pré e pós-embarque, as linhas de financiamentos são diferenciadas para atender a necessidade específica do exportador. Para exemplificar, vou apresentar somente as características de uma linha de crédito, a linha de crédito BNDES Exim Pré-embarque via Parceiros. As demais poderão ser consultadas no site do BNDES. 5.1 BNDES EXIM PRÉ-EMBARQUE VIA PARCEIROS 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/17 O financiamento é realizado por meio de um agente financeiro parceiro do BNDES, em regra geral, são os bancos brasileiros que atuam no mercado financeiro. Podem se beneficiar do financiamento empresas produtoras e exportadoras de todos os portes que estejam sediadas no Brasil. Tabela 2 – Classificação de porte de empresa Classificação Receita Operacional Bruta Anual Microempresa Menor ou igual a R$ 360 mil Pequena empresa Maior que R$ 360 mil e menor ou igual R$ 4,8 milhões Média empresa Maior que R$ 4,8 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões Grande empresa Maior que R$ 300 milhões Fonte: BNDES (2022). Nesta modalidade, podem ser beneficiadas as empresas comerciais exportadoras ou trading, conceituadas como empresas âncoras que realizam a exportação de mercadorias produzidas por outras empresas. A exportação direta ou pela empresa âncora tem as mesmas condições. A taxa de juros aplicada ao financiamento é composta pela soma de: Figura 2 – Composição da taxa de juros de financiamento O custo financeiro pode ser a taxa Selic, taxa de longo Prazo (TLP), taxa fixa do BNDES (TFB) ou uma taxa juros de referência internacional. A taxa do BNDES pode variar entre 1,20% a.a. a 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/17 1,45% a.a., e a taxa do agente financeiro é negociada entre a empresa exportadora e o banco. As condições informadas se referem ao mês de agosto de 2022, podem ser alteradas conforme as condições econômicas do país e internacionais. Ainda, para a composição da taxa de juros deve ser observado o porte da empresa e a qual grupo pertence a mercadoria a ser exportada. Tabela 3 – Grupo de mercadorias Grupo I (Bens de capital): máquinas, equipamentos, ônibus, caminhões, entre outros. Grupo II (Bens de consumo): calçados, vestuário, móveis, entre outros. Grupo III (Bens sob consulta): automóveis e motocicletas, equipamentos de defesa, entre outros. Fonte: BNDES (2022). Para as micro, pequenas e médias empresas, o BNDES pode financiar até 100% do compromisso da exportação do valor FOB, em dólares ou euro. Já, para as grandes empresas o limite se estabelece em 80%. Tabela 4 – Prazos Prazo máximo de financiamento Prazo máximo de embarque Prazo Máximo de amortização Grandes empresas 4 anos 4 anos 3 anos Demais empresas 3 anos 3 anos 2 anos Fonte: BNDES, 2022. Os prazos são estabelecidos de acordo com o porte da empresa. E por fim, sobre as garantias, o exportador negocia diretamente com o agente financeiro. Sendo que para as micro, pequenas e médias empresas podem utilizar o Fundo Garantidor do Investimento (BNDES FGI), caso seja necessário complementar a garantia oferecida ao banco. TROCANDO IDEIAS Como o BNDES disponibiliza vários tipos de financiamentos à exportação, solicito que você consulte na página oficial do Banco a modalidade BNDES Exim Automático e verifique quais são as 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/17 principais características da linha. Após troque ideia sobre o tema com seus colegas no fórum da aula. NA PRÁTICA Ao longo dos conteúdos, comentamos diversas vezes sobre os financiamentos ao comércio exterior, sejam eles de importação ou exportação, que têm os juros indexados às taxas de juros praticadas no mercado internacional. Entre os vários tipos de taxas existentes, pesquise o comportamento (oscilação) das taxas de juros indicadas durante os últimos 12 meses: Secured Overnight Funding Rate (SOFR) Commercial Interest Reference Rate (CIRR) Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) Após, compare-as e conclua porque o uso delas são importantes no financiamento ao comércio exterior brasileiro. CONVERSA FINAL A escolha da linha de financiamento correta pelo exportador brasileiro proporciona um menor custo, consequentemente resulta maior retorno financeiro nas atividades empresariais. É fundamental conhecer as principais linhas de financiamentos disponíveis no mercado, sejam elas oferecidas por meio de recursos privados ou públicos. Pesquisar a melhor proposta de financiamento das instituições financeiras, nesse quesito leva-se em conta o grau de relacionamento entre a empresa e o banco. Outro fator importante, conhecer o processo operacional (fluxo) de um financiamento, facilita e agiliza todas as etapas para a liberação dos recursos. O exportador muitas vezes tem a opção de usar as linhas do BNDES ou do Banco do Brasil, linhas de financiamento com recursos do governo federal que proporcionam condições favoráveis para o segmento exportador. Além disso, a participação do profissional qualificado na área para acompanhar o mercado, as legislações e as oportunidades de negócios facilitarão na condução das operações de financiamentos. REFERÊNCIAS 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/17 BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento. Quem somos. 2022a. Disponível em: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/quem-somos. Acesso em: 22 ago. 2022. _____. Financiamento. 2022b. Disponível em: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento. Acesso em: 22 ago. 2022. _____. BNDES Exim Pré-embarque via Parceiros. 2022c. Disponível em: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/produto/bndes-exim-pre-embarque. Acesso em: 22 ago. 2022. G1. Brasil sobe em ranking de maiores exportadores; participação nas vendas globais é de 1,3%. 2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/04/12/brasil-sobe- em-ranking-de-maiores-exportadores-e-agora-tem-participacao-de-13percent-nas-vendas- globais.ghtml>. Acesso em: 22 ago. 2022. Ministério Economia. Corrente de comércio brasileira alcança US$ 54,465 bilhões em julho. 2022a. Disponível em: https://www.gov.br/economia/pt- br/assuntos/noticias/2022/agosto/corrente-de-comercio-brasileira-alcanca-us-54-465-bilhoes- em-julho . Acesso em: 22 ago. 2022. Ministério da Economia. Sobre a Comex. 2022b. Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/camex/sobre-a- camex/sobre-a-camex. Acesso em: 22 ago. 2022. Ministério da Economia. Financiamento e garantia às exportações. 2022c. Disponível em: https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/camex/financiamento-ao- comercio-exterior. Acesso em: 22 ago. 2022. 9/21/22, 3:00 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/17 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/20 FINANCIAMENTO EM COMÉRCIO INTERNACIONAL AULA 6 Prof.Joni Borges 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/20 CONVERSA INICIAL O governo precisa incentivar a exportação brasileira, pois, por meio dela, há a geração de emprego, renda e divisas. Por outro lado, o atual cenário do comércio internacional exige o intercâmbio comercial. O país que exporta, também tem que importar. Para o Brasil a importação é e ainda será muito importante por diversos fatores, e, consequentemente, sempre haverá a necessidade de comprar produtos de outros países. Para efetuar os pagamentos das importações, as empresas têm a alternativa de usar os instrumentos financeiros disponibilizados no mercado bancário. Nem sempre o importador brasileiro tem recursos suficientes para pagar o exportador estrangeiro antecipado ou à vista. Outras vezes, não é interessante retirar o capital da empresa e gerar dificuldades para manter o fluxo de caixa equilibrado. Nestes casos, o importador precisa recorrer ao financiamento à importação e buscar a melhora alternativa no mercado financeiro. A empresa que utiliza ou venha a utilizar o financiamento à importação deve conhecer as práticas de mercado, legislações e os riscos envolvidos. CONTEXTUALIZANDO Começaremos com a abordagem conceitual sobre os temas que envolvem o financiamento à importação. É importante conhecer a política de comércio exterior que o país adota, quais as fontes de recursos utilizadas e os motivos que levam a empresa importadora a contratar um financiamento. O financiamento à importação está totalmente relacionado com a operação comercial de importação. Portanto, os profissionais responsáveis pela área financeira da empresa precisam conhecer os procedimentos da importação de mercadorias. As características e modalidades dos financiamentos serão pontos de destaque em nossa etapa. Existe o financiamento nas modalidades repasse e direto, os dois tipos de financiamentos exigem a intermediação dos bancos no Brasil. Ainda, o importador pode contratar um financiamento diretamente com um banco no exterior. Apresentaremos o fluxo básico e comentado de um financiamento à importação, assim como os principais custos envolvidos no processo, custos estes que o importador deve pagar para obter o financiamento. 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/20 Bons estudos! TEMA 1 – ABORDAGEM INICIAL AO FINANCIAMENTO À IMPORTAÇÃO O financiamento à importação é uma linha de crédito ofertada pelas instituições financeiras às empresas importadoras que precisam adquirir um produto no exterior. Figura 1 – Importação brasileira 2021 Fonte: Ministério da Economia, 2022. Entre os bilhões de dólares importados em 2021 pelas empresas brasileiras estão a matéria- prima utilizada na indústria, máquinas, equipamentos e produtos acabados para a revenda no mercado interno. O importador brasileiro pode comprar o produto no exterior em várias condições negociadas com o exportador, e, em relação ao prazo, poderá fazer o pagamento antecipado, à vista ou a prazo. Muitas vezes o prazo acordado com o exportador não atende a situação financeira da empresa importadora. Por exemplo, o exportador tem como política de venda, vender seus produtos 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/20 somente na condição à vista. Por outro lado, o importador não tem recursos para pagamento na condição proposta ou talvez não seja interessante usar os recursos próprios de imediato. Portanto, a empresa importadora que necessita alongar o prazo de pagamento recorre ao financiamento à importação, assim o exportador estrangeiro recebe no prazo pretendido e o importador faz o pagamento ao financiador dentro das condições estabelecidas no contrato de financiamento. Na página oficial do Banco Central (Bacen, 2022) encontramos a definição do financiamento à importação: “Como o próprio nome indica, é a operação por meio da qual um importador adquire bens (máquinas, equipamentos, bens e consumo etc.) no exterior, para pagamento a prazo, diferido no tempo. Tem-se, assim, nesse caso, uma operação de comércio exterior, caracterizada pela importação de bens, associada a uma operação financeira, creditícia, de pagamento a prazo do valor da importação. O financiamento de importação pode assumir duas formas básicas, a do supplierʼs credit, por meio da qual o fabricante ou o exportador concedem financiamento ao importador situado em outro país, e a do buyerʼs credit, quando o financiamento da importação é concedido por um terceiro, geralmente um banco do exterior em relação ao domicílio do importador”. Podemos perceber alguns termos novos no conceito apresentado pelo Bacen, que serão abordados detalhadamente no decorrer desta etapa. O importador procura obter as seguintes vantagens ao contratar o financiamento à importação: ✔ Alongar o prazo de pagamento; ✔ Não utilizar capital próprio para não descasar o fluxo de caixa; ✔ Aumentar o potencial de produção ou comercialização; ✔ Negociar taxas de juros similares às praticadas no mercado internacional; ✔ Manter-se competitivo no mercado interno ou externo para aquelas que se beneficiam do drawback; ✔ Não pagar o IOF em determinadas linhas de financiamento. O importador, ao contratar o financiamento à importação assume uma dívida (passivo) em moeda estrangeira. Desta maneira, é importante reconhecer que existe o risco cambial devido à desvalorização do real frente à moeda estrangeira e que existem no mercado financeiro vários 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/20 instrumentos de proteção cambial (hedge) que permitem fixar o preço da taxa de câmbio para uma data futura. O financiamento à importação pode ser obtido em três fontes: �. Exportador:Ocorre quando o exportador dá o prazo para o importador brasileiro pagar. Para que isto aconteça, o exportador deve ter confiabilidade na relação com o importador ou possuir um seguro de crédito à exportação.Quando o prazo de pagamento é de curto prazo, ou seja, até 360 dias, na prática o exportador não aplica a cobrança de juros separadamente do valor principal. Como o mercado internacional trabalha com uma taxa de juros muito menor do que no Brasil, o custo financeiro está inserido no preço da mercadoria. Já, para as operações de longo prazo, acima de 360 dias, deve ter a indicação do percentual da taxa de juros negociada entre as partes nos documentos representativos da operação comercial. O financiamento no qual o exportador concede o prazo é conhecido no mercado internacional como Supplierʼs Credit. �. Instituições financeiras no Brasil: É o procedimento mais comum. Os bancos brasileiros autorizados pelo Bacen podem captar recursos no exterior para financiar as importações das empresas brasileiras. O financiamento realizado pelos bancos pode ser classificado em financiamento de repasse ou financiamento direto. Cada banco tem a sua particularidade em fazer um financiamento à importação. Mas, em comum, o banco brasileiro paga diretamente o exportador no exterior e dá prazo para o importador pagar o financiamento. Este tipo de financiamento é conhecido no mercado internacional como Buyerʼs Credit. �. Instituições financeiras no exterior: O Bacen permite às empresas brasileiras contratar o financiamento à importação em qualquer banco diretamente no exterior. Na prática, são as grandes empresas que têm condições de negociar diretamente com um banco no exterior. Similar aos procedimentos de crédito no mercado interno, os bancos no exterior analisam o crédito da empresa brasileira. As empresas de menor porte encontram dificuldades ao acesso à linha de crédito diretamente em bancos estrangeiros, devido aos vários critérios de abertura de conta, documentais, de crédito e garantias que devem ser providenciados como condições para obter o financiamento. TEMA 2 – CARACTERÍSTICAS DO FINANCIAMENTO À IMPORTAÇÃO 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/6/20 O financiamento à importação é uma linha de crédito disponível para as empresas que compram produtos no exterior. O sistema bancário segue as normas estabelecidas pelos órgãos regulamentadores do Brasil e algumas recomendações internacionais para conduzir as operações de financiamentos à importação. Há diversas modalidades de financiamentos e cada banco pode adotar procedimentos diferentes para operacionalizar a linha de crédito. São várias características presentes no financiamento à importação: Origem dos recursos: Os recursos utilizados para os financiamentos são captados no exterior pelos bancos privados e públicos, e, dificilmente utiliza-se recursos do governo. Prazo: Os financiamentos podem ser de curto ou longo prazo. Considera-se operações de curto prazo até 360 dias contados da data do desembolso, do embarque da mercadoria no exterior ou da nacionalização da mercadoria importada. Para os financiamentos com prazo superior a 360 dias são os considerados de longo prazo. O prazo do financiamento é definido pelo banco e importador e depende de alguns fatores como: ✔ valor do financiamento; ✔ produto importado; ✔ critério de crédito estabelecido pelo banco; ✔ tipos de garantia exigidas para o financiamento. Valor do financiamento: o valor do financiamento pode ser até 100% do valor da importação. É possível financiar mais do que uma fatura comercial e de exportadores diferentes, veja o exemplo: A empresa Comex Ltda. tem três importações: Importação A - EUR 150.000,00 com o exportador da Holanda; Importação B - EUR 100.000,00 com o exportador de Portugal; Importação C - EUR 130.000,00 com o exportador da Alemanha. 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/20 Na negociação, o importador Comex Ltda. pagou 30% antecipado para cada exportador. O saldo de 70% financiou com o seu banco de relacionamento. Desta maneira, a empresa Comex Ltda. pagou com recursos próprios EUR 45 mil para o exportador da Holanda, EUR 30 mil para o exportador português e EUR 39 mil para o exportador da Alemanha. Para o saldo de EUR 266 mil, faz um único financiamento com seu banco de relacionamento. Por sua vez, o banco de relacionamento efetuará o desembolso (pagamento) para cada exportador, sendo: EUR 105 mil para a empresa da Holanda, EUR 70 mil para a empresa de Portugal e EUR 91 mil para o exportador da Alemanha. Produto: o financiamento à importação pode ser aplicado a qualquer produto constante na lista da Tarifa Externa Comum (TEC), são quase todas as NCM s̓, desde que atendam às normas administrativas do Comércio Exterior Brasileiro, conforme disciplina a Portaria SECEX n.º 23, de 14 de julho de 2011. Para alguns produtos, pode haver exigências diferenciadas de acordo com as características da linha de crédito. Por exemplo, há linhas de crédito para financiamento à importação somente para máquinas e equipamentos. Modalidades de pagamento: o financiamento à importação independe da modalidade de pagamento negociada entre o importador e o exportador. O financiamento pode ocorrer nas seguintes modalidades de pagamento: ✔ pagamento antecipado; ✔ remessa sem saque; ✔ cobrança documentária; ✔ carta de crédito. Incoterms:o financiamento pode ocorrer em qualquer condição de venda (incoterms) negociada entre as partes, desde que esteja declarado nos documentos comerciais. International Commercial Terms (Incoterms) ou Termos Internacionais de Comércio, são um conjunto de regras básicas e padronizadas que orientam as operações comerciais internacionais. O incoterm estabelece onde termina a responsabilidade do exportador e começa do importador quanto à entrega da mercadoria. Forma de pagamento: o importador, ao assumir a dívida de um financiamento à importação, poderá pagá-la em parcelas trimestrais, semestrais, anuais ou em uma única parcela. O prazo 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/20 para pagamento depende da negociação entre banco financiador e empresa. Dívida em moeda estrangeira: ao contratar um financiamento à importação, o importador assume uma dívida em moeda estrangeira, normalmente o dólar americano ou euro, portanto, está sujeito ao risco da variação cambial. No vencimento do compromisso, o importador contrata o câmbio para comprar a moeda estrangeira e pagar a dívida. A operação de câmbio é classificada como um "contrato de câmbio de venda" porque o banco vende a moeda estrangeira ao importador. Garantias: as garantias utilizadas dadas pelo importador nos financiamentos à importação são as tradicionalmente utilizadas no mercado bancário. As características presentes nos financiamentos à importação podem ser aplicadas conforme os procedimentos de crédito de cada instituição financeira, respeitando as legislações vigentes. Por exemplo, determinado banco financia a importação a longo prazo, outro pode financiar somente no curto prazo. Há bancos que financiam o pagamento antecipado, outros não. Isto é, liberam o recurso financiado para pagar o exportador antes do embarque da mercadoria. Dessa maneira, o importador deve analisar os tipos de financiamentos à importação que cada banco tem a oferecer e escolher a melhor alternativa que atenda a sua necessidade. TEMA 3 – MODALIDADES DE FINANCIAMENTOS À IMPORTAÇÃO – PARTE 1 Entre as linhas de créditos disponíveis para o financiamento à importação, existem duas modalidades mais utilizadas pelos bancos brasileiros; a modalidade direta e a modalidade por meio de repasse. Na modalidade direta, a instituição que financia o importador brasileiro é um banco no exterior, normalmente um banco brasileiro com sede no exterior. Já no financiamento repasse, é o banco brasileiro (no Brasil) que financia o importador. 3.1 BANCO DO EXTERIOR FINANCIA DIRETAMENTE O IMPORTADOR BRASILEIRO (MODALIDADE DIRETA) A modalidade direta estabelece que o financiamento será realizado diretamente entre um banco no exterior e o importador brasileiro. A intermediação da operacionalização do 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/20 financiamento é realizada por um banco com sede no Brasil. Como a operação de crédito ocorre no exterior, sustentadas nas legislações do país em que o banco está localizado, não há incidência de IOF. Fator diferencial no custo total da operação porque reduz, atualmente, 1,856% para operações com 360 dias de prazo. Assinam o contrato de financiamento à importação o importador e o representante do banco no exterior. 3.2 BANCO NO EXTERIOR FINANCIA O BANCO NO BRASIL QUE REPASSA PARA O IMPORTADOR BRASILEIRO (MODALIDADE REPASSE) O financiamento é formalizado entre o importador brasileiro e o seu banco de relacionamento no Brasil, e as condições são muitos semelhantes à modalidade direta. Porém, como o contrato de financiamento formalizado respeitando a legislação brasileira, nesse caso, há a incidência do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF). Atualmente a alíquota do IOF é de 0,38% na abertura da operação de crédito e 0,0041% ao dia sobre o saldo devedor do financiamento, limitando-se ao prazo máximo de 360 dias. Na modalidade repasse, após a formalização do contrato de financiamento à importação, o banco de relacionamento do importador no Brasil solicita ao banco no exterior que pague (repasse) o valor do financiamento ao banco do exportador. O contrato de financiamento é assinado pelo importador brasileiro e o representante do seu banco de relacionamento no Brasil. 3.3 CONTRATO DE FINANCIAMENTO À IMPORTAÇÃO O contrato de financiamento à importação é formalizado por meio de um instrumento particular de crédito e nele deve constar os dados da negociação, direitos e obrigações das partes contratantes. No contrato deve constar: ✔ Identificação e domicílio das partes: Banco Financiador e o Tomador do Crédito (importador); ✔ Identificação e domicílio dos avalistas, se houver, e dos respectivos cônjuges; ✔ Valor do financiamento em moeda estrangeira;9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/20 ✔ Data de desembolso no exterior (data que o valor estará disponível no banco do exportador); ✔ Identificação dos documentos representativos da operação comercial: fatura proforma, fatura comercial, conhecimento de embarque ou outros, conforme o caso; ✔ Comprovação da contratação de seguro de transporte internacional com cláusula beneficiária ao Banco Financiador; ✔ Taxa de juros, percentual ao ano, que poderá ser fixa ou variável; ✔ O spread, percentual ao ano, se a taxa de juros for variável (Ex.: taxa de juros internacional + 3,0%, os 3,0% equivalem ao spread); ✔ Comissão flat, percentual sobre o valor do financiamento (comissão cobrada pelo banco); ✔ Que o tomador tem a obrigação de recolher os tributos incidentes no financiamento (IR, IOF); ✔ Data de vencimento do principal e dos juros; ✔ Forma de como são aplicados os juros; ✔ Que o tomador (importador) deve pagar o valor em reais equivalentes ao valor da dívida em moeda estrangeira dois dias úteis antes do vencimento da dívida (contratar o câmbio); ✔ Que se não houver o pagamento conforme mencionado no item anterior, o banco poderá cobrar acréscimos de qualquer natureza ou despesas com a operação; ✔ Que o banco fica autorizado a debitar na conta corrente do importador os valores que se tornarem devidos pelo tomador; ✔ As penalidades, caso o importador não efetue o pagamento na data acordada: multa e juros de mora; ✔ A obrigatoriedade do tomador (importador) apresentar ao banco os documentos relacionados aos desembaraços aduaneiros; 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/20 ✔ A assinatura das partes contratantes, banco e o tomador do crédito. 3.4 PRÉ-REQUISITOS PARA O IMPORTADOR OBTER O FINANCIAMENTO Analise o crédito: previamente à negociação do financiamento à importação, o banco analisa o crédito de seu cliente, estabelece parâmetros para atuar com operações consideradas da área internacional, levando em conta o faturamento da empresa, tempo de atividade no mercado interno e internacional, se tem ou não restrições no mercado financeiro etc. Garantias: o importador deve apresentar garantias a critério do banco, compatíveis com o valor do financiamento. O importador, para realizar uma boa negociação, deve ter o conhecimento da prática de mercado para estabelecer parâmetros de custos e condições do financiamento. TEMA 4 – MODALIDADES DE FINANCIAMENTOS À IMPORTAÇÃO – PARTE 2 Vamos apresentar o fluxograma do financiamento à importação na modalidade repasse. É um fluxo básico, de forma simplificada de como ocorre a condução de um financiamento à importação, desde a captação (empréstimo) de recursos pelo banco brasileiro ou seu correspondente no exterior, até a liquidação (pagamento). Vale ressaltar que o fluxo apresentado é somente ilustrativo, podendo haver situações diferenciadas conforme os países envolvidos e as modalidades de pagamento negociadas entre exportador e importador. Legendas: Banco A = Banco de relacionamento do importador; Banco B = Banco correspondente do Banco A no exterior, podendo ser uma agência do banco brasileiro no exterior; Banco C = Banco que empresta recursos (US$) para o Banco B; Banco D = Banco de relacionamento do exportador. O Banco B, o Banco C e o Banco D podem estar sediados em países diferentes. 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/20 Figura 2 – Fluxo do financiamento (modalidade repasse) Fonte: Borges, 2022. �. O Banco B empresta recursos em moeda estrangeira, dólar americano ou euro, do Banco C. O Banco C cobrará pelo empréstimo, juros mais spread. Por exemplo, uma linha (empréstimo) de US$ 10.000.000,00, prazo de 2 anos à taxa de juros internacional + 1,0% a.a.; �. O Banco C credita o valor correspondente ao empréstimo em moeda estrangeira no Banco B; �. O Banco B comunica ao Banco A sobre a disponibilidade de uma linha de crédito para financiar as importações de empresas brasileiras; �. Importador negocia as condições da operação comercial com o exportador. Por exemplo, US$ 500.000,00 pagamento à vista; �. Importador não tem disponibilidades ($) para pagar à vista o exportador, ou não tem interesse em utilizar recursos próprios. Solicita ao Banco A um financiamento à importação no valor de US$ 500 mil por um prazo de 360 dias; �. O Banco A, após a análise de crédito e risco em relação ao seu cliente, análise documental e negocial, formaliza o contrato de financiamento à importação. As partes assinam o contrato de financiamento. Vamos considerar que o custo da operação ficou: 3,0% de comissão flat, juros internacionais + 3,0%, IR sobre juros e IOF; �. Exportador prepara os documentos representativos da exportação e libera a mercadoria na alfândega de seu país; �. Mercadoria segue para o destino, país do importador, Brasil; 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/20 �. Exportador envia uma cópia do conhecimento de embarque para o importador, pode ser por e-mail; ��. Importador comprova ao Banco A, por meio da cópia do conhecimento de embarque, que a mercadoria foi embarcada e solicita o pagamento (desembolso) para o exportador; ��. Banco A solicita para o Banco B creditar o Banco D o valor correspondente ao financiamento à importação para pagar o exportador; ��. Banco B credita o valor do financiamento à importação no Banco D; ��. O Banco D paga o exportador o valor correspondente da exportação; ��. O exportador, após receber o valor referente a sua venda, envia os documentos originais representativos da exportação para o importador; ��. O importador, de posse dos documentos originais, libera a mercadoria na sua alfândega; ��. Na data acordada, o importador paga o financiamento (principal e juros), por meio da contratação de câmbio de venda junto ao seu banco de relacionamento; ��. Banco A comunica e credita o Banco B o valor em moeda estrangeira referente ao financiamento à importação; ��. O Banco B, na data acordada, paga o Banco C. Os US$ 10 milhões captados pelo Banco B pelo prazo de 2 anos poderiam financiar as importações de várias empresas brasileiras. No exemplo, como financiou uma operação de US$ 500 mil pelo prazo de 1 ano, teria disponível ainda US$ 9,5 milhões. TEMA 5 – CUSTOS RELACIONADOS AO FINANCIAMENTO À IMPORTAÇÃO A empresa brasileira que financia a compra de produtos no exterior precisa conhecer os procedimentos operacionais, negociais e legais que envolvem o financiamento à importação. Previamente à contratação da linha de crédito deve estar ciente de todos os componentes que formarão o custo final do financiamento. Na prática, as instituições financeiras trabalham de maneiras semelhantes, uma vez que estão sujeitas às mesmas regras impostas pelas autoridades monetárias. Principalmente, os custos presentes são: 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/20 ✔ comissão de financiamento (comissão flat); ✔ juros ✔ impostos Ainda pode haver outras comissões ou denominações diferentes a critério de cada instituição financeira. Mas, o importante é que o importador saiba exatamente o que vai pagar pelo financiamento. A taxa de juros praticada na linha de crédito tem como base o custo da captação dos recursos no exterior mais o spread. Para calcular o valor dos juros, aplica-se a taxa de juros sobre o saldo devedor do financiamento utilizando a metodologia de cálculo dos juros simples. Os outros custos, como o imposto de renda sobre o valor dos juros e o IOF, são calculados conforme a legislação prevista pela Receita Federal. Também, podem ser cobradas outras comissões de financiamentos, normalmente aplicando-se um percentual sobre o valor do financiamento. O importador ainda tem que considerar a variação cambial, uma vez que a dívida é em moeda estrangeira, a variação pode ser positiva ou negativa. Somados todos os custos conhecidos que incidem na operaçãode financiamento, o custo final pode ficar menor se comparado aos custos praticados em financiamentos do mercado interno. Vamos simular o custo do financiamento à importação de uma empresa que contratou o valor de US$ 100.000,00 nas seguintes condições: ✔ Modalidade do financiamento: Repasse. ✔ Valor do financiamento: US$ 100.000,00. ✔ Prazo: 360 dias. ✔ Forma de pagamento do principal: em 02 parcelas iguais, semestrais e consecutivas . ✔ Forma de pagamento dos juros: junto com o principal. ✔ Comissão flat = 4,0% (pagamento na contratação). 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/20 ✔ IOF crédito = 0,38% (pagamento na contratação). ✔ IOF diário = 0,0041% a.d. (pagamento na contratação). ✔ Juros = Taxa SOFR + spread (pagamento no vencimento das parcelas). ✔ SOFR anual = 1,53% a.a. (taxa em 28/07/2022). ✔ Spread= 3,0% a.a. ✔ Juros = 1,53 + 3,00 = 4,53% a.a. ✔ Imposto de Renda sobre os juros = 15% (pagamento no vencimento das parcelas) Cálculo dos custos: a) Comissão flat: a comissão flat é o percentual calculado sobre o valor do financiamento e cobrada do importador na data da contratação. Comissão flat = US$100.000,00 x 4,0% b) IOF: como trata-se de um financiamento na modalidade de repasse, há a incidência do IOF e cobrado do importador na data da contratação. b.1) IOF crédito: aplica-se a alíquota sobre o valor do financiamento (crédito). US$ 100.000,00 x 038% = US$ 380,00. b.2) IOF diário: aplica-se a alíquota sobre o saldo devedor do financiamento referente aos dias utilizados. IOF diário 1 = Saldo devedor referente a 180 dias. IOF diário 1 = US$ 100.000,00 x 0,0041% x 180 dias = US$ 738,00 IOF diário 2 = Saldo devedor referente a 360 dias. IOF diário 1 = US$ 50.000,00 x 0,0041% x 360 dias = US$ 369,00 IOF total = US$ 380,00 + US$ 738,00 + US$ 369,00 IOF total = US$ 1.487,00 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/20 c) Juros: O valor dos juros é calculado sobre o saldo devedor da dívida e aplicado à taxa SOFR mais o spread aplicado pelo banco. c.1)Juros sobre a parcela 1 Juros = Saldo devedor x taxa de juros x prazo Juros = US$ 100.000,00 x 4,53% x 180 dias Juros = US$ 100.000,00 x 4,53/100 x 180/360 Juros = US$ 2.265,00 c.2) Juros sobre a parcela 2 Juros = Saldo devedor x taxa de juros x prazo Juros = US$ 50.000,00 x 4,53% x 180 dias Juros = US$ 50.000,00 x 4,53/100 x 180/360 Juros = US$ 1.132,50 A taxa SOFR, conforme citada em (Global-rates, 2022) é: “SOFR (Secured Overnight Financing Rate), uma taxa de juros publicada pelo Federal Reserve Bank of Nova York. SOFR pode ser visto como a taxa de juros média para empréstimos garantidos emitidos em dólares dos Estados Unidos (USD) com prazo de 1 dia (overnight). SOFR é uma taxa de juros de referência e uma alternativa àtaxa LIBOR do dólar americano”. A taxa LIBOR (London Interbank OfferedRate) ou taxa interbancária de Londres foi referência por mais de 30 anos para as operações financeiras internacionais e desde 01/20/2022 está sendo substituída por outras taxas. Figura 3 – Taxa de juros internacionais 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/20 Fonte: Banco do Brasil, 2022. d) Imposto de Renda: aplica-se, em regra geral, a alíquota de 15% sobre o valor dos juros. d.1) IR para a parcela 1 IR = US$ 2.265,00 x 15% IR = US$ 339,75 d.2) IR para a parcela 2 IR = US$ 1.132,50 x 15% IR = US$ 169,88 Tabela resumo dos custos (valor em US$) Data (dias) Valor Principal Comissão Flat Juros IR IOF Total 0 0,00 4.000,00 0,00 0,00 1.487,00 5.487,00 180 50.000,00 0,00 2.265,00 339,75 0,00 52.604,75 360 50.000,00 0,00 1.132,50 169,88 0,00 51.302,38 Total 100.000,00 4.000,00 3.397,50 509,63 1.487,00 109.394,13 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/20 Estes seriam os valores que o importador precisaria desembolsar nas datas 0, 180 e 360 do cronograma de pagamentos do financiamento à importação. Ressaltamos que os valores estão em dólares americanos e a cada pagamento, deve ser realizada a conversão para o real à taxa de câmbio do dia do pagamento. No exemplo, ainda o importador deve pagar 4 tarifas de fechamento de contrato de câmbio, pois são dois contratos de câmbio para o fechamento do valor principal e dois contratos de câmbio para o fechamento do valor dos juros. Sem considerar os valores das tarifas sobre contrato de câmbio, o importador pagaria US$ 9.394,13 de custos, equivalente a 9,39% do valor financiado. Percentual que deve ser comparado à taxa de juros praticada nas operações do mercado interno para verificar a viabilidade do financiamento à importação. TROCANDO IDEIAS Pesquise junto às empresas importadoras e obtenha informações sobre a contratação do financiamento à importação: ✔ Quais são os procedimentos operacionais e negociais? ✔ Em média, qual é o prazo do financiamento e custos envolvidos? ✔ Qual o prazo para a liberação do financiamento, desde a apresentação da proposta por parte da empresa importadora? Após, apresentem e discutam as respostas com alguém da sua comunidade. NA PRÁTICA Calcule o custo total de um financiamento à importação na modalidade repasse, considerando as informações a seguir: ✔ Valor do financiamento: USD 100.000,00. ✔ Prazo: 360 dias. ✔ Pagamento do principal e juros em uma única parcela no final. 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/20 ✔ Comissão flat: 2,00%. ✔ Juros fixo (Pré): 4,00% a.a. ✔ IR sobre juros: 15%. ✔ IOF: 0,38%. ✔ IOF diário: 0,0041% a.d. Forma de pagamento dos custos: ✔ Comissão flat no desembolso; ✔ IOF no desembolso; ✔ Principal no vencimento; ✔ Juros no vencimento; ✔ IR no vencimento. FINALIZANDO Espero que você tenha gostado e aprendido um pouco mais sobre o Comércio Exterior. Vimos que, as empresas brasileiras precisam de prazo para pagar as compras realizadas no exterior e podem conseguir esta condição por meio do financiamento à importação. O mercado financeiro disponibiliza várias linhas de crédito com a finalidade de financiar a importação. Há linha de crédito em reais, por não ser muito praticado e custo ser semelhante aos financiamentos do mercado interno, nem abordamos em nossa etapa. Mas, temos os financiamentos em moeda estrangeira na modalidade repasse e direta. Estes, bastante utilizados pelos importadores, sendo que o financiamento na modalidade direta não incide o IOF, fator importante na redução do custo. Considerando que o Brasil ainda tem grande necessidade de importar produtos por diversos motivos, é certo que a demanda pelo financiamento à importação deve continuar. Cabe ao importador conhecer as legislações e as práticas de mercado, assim poderá usufruir das vantagens que a linha de crédito oferece. 9/21/22, 3:01 PM UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/20 REFERÊNCIAS BACEN. Glossário. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado? url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fhtms%2Ffirce%2FConceitos.asp#t34>. Acesso em: 4 ago. 2022. BANCO DO BRASIL. Entenda a transição da Taxa LIBOR. Disponível em: <https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/empresas/produtos-e-servicos/comercio- exterior/entenda-a-transicao-da-taxa-libor#/>. Acesso em: 4 ago. 2022. GLOBAL-RATES.2022. Taxa de juros SOFR. Disponível em:<https://www.global- rates.com/pt/taxa-de-juros/sofr/sofr.aspx>. Acesso em: 4 ago. 2022. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Balança Comercial Brasileira: Acumulado do Ano. Disponível em: <https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio- exterior/estatisticas/balanca-comercial-brasileira-acumulado-do-ano>. Acesso em: 4 ago. 2022. GABARITO Data (dias) Valor Principal Comissão Flat Juros IR IOF Total 0 0,00 2.000,00 0,00 0,00 1.856,00 3.856,00 360 100.000,00 0,00 4.000,00 600,00 0,00 104.600,0 Total 100.000,00 2.000,00 4.000,00 600,00 1.856,00 108.456,00