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2
Fake News: Um estudo sobre a influência das habilitações académicas do autor na credibilidade da notícia
Ana Cláudia Rodrigues, a90173
Ana Eduarda Barbosa, a98617
Cristiana Nogueira, a96111
Raquel Ribeiro, a95304 
 ( Grupo 3 , PL3 )
Curso:
Licenciatura em Psicologia
Unidade Curricular:
Cognição Social
Universidade do Minho 
Com o aumento da utilização das redes sociais, qualquer pessoa pode partilhar ou mesmo escrever o que quiser sem que a informação venha de uma fonte fidedigna. Assim, estas plataformas digitais aumentam e estimulam a propagação de informações por vezes falsas. Isto é principalmente preocupante quando nos apercebemos que as pessoas cada vez mais utilizam as redes sociais para consultar as notícias: no ano de 2018, 68% dos adultos dos EUA consultavam as notícias através das redes sociais, enquanto que em 2012, apenas 49% o faziam (Halpern et al., 2019).
Segundo o artigo de Muller e de Sousa (2018), baseado no artigo de Allcott e Gentzkow (2017), estes definem fake news como sinais distorcidos e desconectados da verdade, que dificultam a visão da verdade ou do estado verdadeiro do mundo. São então artigos ou informações, com características de uma notícia mas que são comprovadamente falsos, com o objetivo deliberado de enganar os leitores. 
Estudos prévios mostram que é difícil contrariar a informação que é divulgada numa fake news de forma eficiente (Nythan & Reifler, 2010; Jon & Sander, 2019), em parte devido ao facto de se espalharem por vezes mais rapidamente do que as notícias verdadeiras (Vosoughi et al., 2019). Este tipo de desinformação é então perigoso, visto que, ao apresentar informações falsas com aparência de notícias pode levar à formação de crenças falsas (Horner et al., 2021). Um exemplo atual disso são os artigos que circularam no início da pandemia a sugerir que o uso da máscara era prejudicial para a saúde, pois diminui a quantidade de oxigênio, enquanto que o uso da máscara é completamente seguro (Horner et al., 2021). Neste caso, as consequências destas fake news podem mesmo ser fatais, o que demonstra a importância deste tema. A este perigo adiciona-se também o medo pelo risco que estas notícias representam para a democracia, o debate informado, entre outras.
Existem, pelo menos, duas motivações para a fabricação e circulação de fake news. Em primeiro lugar, fake news são um negócio lucrativo. Segundo Allcott e Gentzkow (2017), artigos de notícias que se tornam virais podem atrair uma receita significativa de publicidade para o site original e a venda dos serviços. A segunda motivação é ideológica. Pessoas que acreditam em uma determinada ideologia e querem atrapalhar, humilhar, desacreditar etc. a ideologia contrária, acabando assim por aumentar a credibilidade da ideologia que apoiam .
Na revisão de literatura realizada por Jon e Sander (2019), agruparam os seguintes métodos mais utilizados em fake news: deparamos a impessoalidade, a emocionalidade, a polarização e a conspiração. Para além destes fatores é também mencionado o efeito de mera exposição como um fenômeno chave nas fake news. Este efeito demonstra que ao aumentar a frequência com que vemos uma informação aumenta a sua veracidade percebida, desta forma ao ser frequentemente confrontado com fake news começamos a percebê-las como verdadeiras (Horner et al., 2021). Assim a repetição seria também um componente importante.
Sendo este um problema atual, algumas estratégias para o combater já foram desenvolvidas, existindo assim formas de diminuir o impacto das fake news e aumentar a probabilidade de as identificarmos. As duas estratégias mais óbvias são adotar uma atitude mais reflexiva e tentar verificar os fatos antes de divulgar a informação (Ali et al., 2022). Nos dias de hoje já existem estratégias mais avançadas desenvolvidas pela ciência, nomeadamente a ciência dos dados. Através de algoritmos, esta ciência tem vindo a estudar como identificar fake news e como estas são espalhadas (Pennycook & Rand, 2021).
Uma alternativa mais acessível, que é bastante promissora, é a “inoculação”. O estudo realizado por Jon e Sander em 2019 demonstra que as pessoas podem melhorar a sua capacidade de identificar e resistir à desinformação online quando estão familiarizadas com as técnicas de desinformação e as conseguem identificar. Esta capacidade pode ser obtida independentemente da idade, educação, ideologia política e reflexão cognitiva, ou seja, se é uma pessoa mais reflexiva ou mais impulsiva. Algumas ferramentas úteis são usar fortes habilidades de alfabetização de informações criadas pela Association of College Libraries and research (ACRL) assim como uma lista de sites que foram criados para analisar factos. Algumas abordagens consistem em reduzir o incentivo à criação de notícias falsas e também em aumentar a dificuldade do criador em divulgar a notícia. Todavia, este tipo de desinformação só representa um problema real se as pessoas verdadeiramente acreditarem nela. Mesmo adultos experientes em interpretar a verdade podem facilmente acreditar em fake news (Musgrove et al., 2018). 
Na literatura são sugeridas algumas soluções para este problema, as três principais são: uma estratégia educacional, uma estratégia normativa e uma estratégia instrumental. A primeira estratégia sugere uma aprendizagem sobre os recursos mediáticos e as suas funções para poder julgar as informações fornecidas de forma crítica, a segunda sugere a elaboração de regras de ética da informação e a terceira sugere a verificação da qualidade da informação. Eliminar todas as fake news já existentes é uma tarefa impossível, assim o principal objetivo deve ser minimizar o impacto das mesmas (De Muller & de Sousa, 2018). 
 Apesar destas estratégias, as fake news continuam a ser um grande problema atual. Vários estudos já tentaram explicar o porquê das pessoas partilharem este tipo de informação. Nas pesquisas efetuadas chegaram à conclusão que contrariamente ao que parece ser intuitivo, a veracidade de uma notícia não é a condição principal para que as pessoas a queiram partilhar. A partilha é motivada principalmente por identificação política, provocar o caos ou partilhar conteúdo que pensam ser interessante, independentemente de ser verdadeiro ou não (Pennycook & Rand, 2021). As pessoas parecem partilhar notícias que lhes parecem mais cativantes (Xi Chen et al., 2021). As notícias falsas ou enganadoras foram categorizadas como mais cativantes que as verdadeiras pelos participantes, o que pode explicar o porquê da partilha de fake news. Este estudo definiu dois fatores que influenciam a partilha de notícias: a evocação emocional, que é então o impacto que o título tem assim como até que ponto é considerado interessante, e a veracidade e familiaridade do mesmo (Xi Chen et al., 2021). Os investigadores chegaram à conclusão que o fator emocional do título tem menos importância para pessoas que demonstram mais reflexão cognitiva, mais conhecimento político e uma visão política menos conservadora. Esta afirmação é congruente com as descobertas segundo as quais os conservadores partilham mais fake news (Grinberg et al. 2019). No entanto, como já referimos, a exposição repetida a notícias falsas aumenta a sua credibilidade; esta falsa plausibilidade incentiva também a partilha de notícias e explica o porquê da familiaridade ser um dos fatores determinantes. 
Compreendemos então que a tomada de decisão é muitas vezes feita através de heurísticas ou atalhos mentais e as pessoas tendem a julgar a confiabilidade das informações com base na sua familiaridade. Muitas vezes é fácil acreditar em factos que fortalecem as nossas crenças. Podemos então concluir que o viés de confirmação está envolvido na identificação de notícias verdadeiras e falsas, portanto, esta heurística simples sugere que se a notícia corresponde ao que nós achamos, vamos qualificá-la como sendo verdadeira, e errada se não corresponder (Musgrove et al., 2018). Isto é particularmente importante, e estudado, quando nos referimos às motivaçõespolíticas. É identificada uma tendência em que as pessoas mantêm os seus ideais políticos, mesmo em prol da verdade (Van Bavel et al., 2018; Pennycook & Rand, 2021). Vários estudos encontraram uma relação positiva entre ter uma participação ativa na política e ser exposto ou acreditar em fake news (Halpern et al., 2019). Assim, a participação política tem sido tradicionalmente associada à formação de grupos fechados que acabam por funcionar como filtros de notícias. Estes grupos criam uma exposição seletiva de informações. Como resultado, pode ser difícil para indivíduos politicamente ativos distinguir a autenticidade de diferentes redes porque os seus vieses cognitivos filtram o tipo de informação a que são expostos. Com isto, reforçam-se as evidências em que os políticos de direita são mais propensos a acreditar em fake news do que os políticos de esquerda. (Halpern et al., 2019). 
Um outro aspeto que tem sido estudado é o tipo de reflexão cognitiva, e como este influencia a tomada de decisão na veracidade de uma notícia. Vários estudos apontam para que haja uma tendência para que as pessoas que são mais racionais e reflexivas neste processo de decisão conseguem identificar mais facilmente conteúdo falso e são menos influenciadas pelas heurísticas e pelas suas motivações, comparativamente com pessoas mais intuitivas e impulsivas (Pennycook & Rand, 2021).
Já no artigo de Halpern et al. (2019), o autor menciona três efeitos indiretos relacionados com a confiabilidade em fake news, a frequência do uso das redes sociais, mentalidade conspiratória e confiança na informação. Refere também que os sujeitos que mais usam as redes sociais podem desenvolver a capacidade de julgar a qualidade da informação nestas plataformas e por isso estariam menos expostos a esses tipos de notícias. No entanto, em alguns casos o uso frequente de redes sociais pode aumentar a confiança do indivíduo nas mesmas. Este fator também pode explicar a multiplicação de fake news nas redes sociais. O autor estabelece que os fatores mais importantes para explicar o porquê das pessoas acreditarem em fake news são a mentalidade conspiratória da pessoa, assim como, a confiança na fonte da partilha. 
A literatura existente demonstra que as fake news são um desafio atual de grande importância, mas não encontramos muitos estudos sobre a influência do autor da notícia na sua perceção de credibilidade pelos leitores. Pensamos ser relevante orientar o objetivo do estudo para a relação entre as habilitações académicas do autor, adequadas ao conteúdo da notícia, e a perceção de credibilidade da sua notícia, pois existe uma relação com a falácia do apelo à autoridade, que é um método de manipulação utilizado para dar maior credibilidade à notícia. Tentaremos no fim da investigação portanto responder à seguinte questão: Será que a credibilidade subjetiva de uma notícia é influenciada pelas habilitações académicas adequadas do seu autor? 
Método
Face à nossa questão de investigação, a hipótese que queremos testar é que “as notícias escritas por autores com maiores habilitações académicas, adequadas ao conteúdo da notícia, são consideradas mais credíveis”, mas, aceitamos por defeito, a hipótese de que “as habilitações académicas do autor não têm influência na perceção de credibilidade de uma notícia“, caso não haja evidências para rejeitar esta hipótese nula. A partir destas hipóteses identificamos duas variáveis independentes, que são a habilitação académica do autor e outra a veracidade da notícia, manipuladas intra participante, e temos a percepção de credibilidade da notícia como variável dependente. 
Participantes 
Nos dados que recolhemos, reunimos 71 participantes, dos quais, 55 são do sexo feminino (77,46%) e 16 são do sexo masculino (22,54%), com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos (M=21,04; DP=1,677). Destes, 95,8% têm nacionalidade portuguesa e 93% estudam na Universidade do Minho. 
Procedimento 
Para obter os dados necessários para o nosso estudo decidimos realizar um questionário. Antes de iniciar a experiência, irá aparecer a cada participante o respectivo consentimento informado, livre e esclarecido. O objetivo desta etapa é elucidar o participante sobre os objetivos do estudo e o procedimento, de modo a que o participante possa confirmar adequadamente a sua participação no estudo. O participante será também informado de que a sua identidade será preservada através do anonimato e que os dados do estudo serão utilizados apenas para fins acadêmicos, sendo eliminados aquando o término do estudo. O questionário aparece depois do participante aceitar o consentimento, que é inicialmente, composto por questões sociodemográficas, seguido de questões sobre o interesse do participante pelas notícias, como procuram a notícia e com que frequência a procuram. Isto para que, na análise de dados podermos avaliar se estas características, sociodemográficas ou de procura de notícias, podem ser variáveis parasitas, enviesando os resultados. 
Posteriormente, é apresentado o questionário de impulsividade de Barrat adaptada para português, uma vez que já vimos que a impulsividade/racionalidade pode influenciar a perceção de credibilidade da notícia.
Por fim, elaboramos um questionário, que consiste na apresentação de 30 títulos de notícias, com o respetivo autor descrito, em que os participantes terão de classificar numa escala de 1 a 5, desde “Pouco Credível” a “Muito Credível”. Neste questionário vamos manipular a veracidade da notícia e as habilitações académicas do autor. As notícias falsas vão ser criadas a partir da distorção de notícias verdadeiras. Para além disso, distinguimos entre habilitações académicas altas e baixas, vamos distinguir as habilitações altas em adequadas ao conteúdo da notícia e não adequadas. Isto para tentar perceber se altas habilitações académicas podem favorecer a perceção da credibilidade da notícia por si só, mesmo que não esteja relacionado com o conteúdo em questão. Assim sendo, as notícias vão ser separadas em dois grandes grupos: das trinta notícias, metade vão ser deturpadas, ou seja, serão notícias falsas, e outra metade serão notícias verdadeiras. Cada grupo irá conter cinco notícias cujo autor tem habilitações académicas baixas, outras cinco notícias cujo autor tem habilitações altas, mas que não estão relacionadas com o conteúdo da notícia, e outras cinco notícias cujo autor tem habilitações altas e também adequadas ao conteúdo da notícia. 
.Uma vez coletados os resultados, iremos organizar os dados em SPSS e fazer uma análise descritiva, para perceber como é composta e como está distribuída a nossa amostra de participantes dos diversos questionários realizados: quanto ao sexo, à idade e aos seus hábitos perante as notícias. Posteriormente, vamos analisar os resultados do questionário de credibilidade para cada grupo de notícias somando as pontuações obtidas e recorrendo a uma análise ANOVA para verificar se existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.
Resultados
Através das questões iniciais sobre a sua relação e hábitos com as notícias, 77,46% dos participantes pontuam o seu interesse por notícias entre 4 e 5 numa escala de Likert, e 71,83% pontuam a frequência com que procuram notícias também entre os 4 e 5 pontos.
Podemos também afirmar, conforme apresentado na figura 1, que os três métodos mais utilizados para a consulta da notícia nesta amostra são a televisão, as redes sociais e os sites de notícias e que, como está representado na figura 2, estes participantes valorizam principalmente a referência nas fontes, a divulgação da mesma notícia por mais de um meio de comunicação social e a especialização do autor no assunto da notícia, quando julgam a credibilidade de uma notícia O facto da especialização do autor ser indicada como das principais características que tornam a notícia mais credível é um indicador de que os dados que recolhemos podem estar de acordo com a nossa hipótese.
Figura 1
Percentagem de participantes que utilizam os diferentes meios de comunicaçãoFigura 2
Percentagem de participantes que considera cada característica como influenciadora da credibilidade da notícia 
De seguida, calculamos a média da pontuação de credibilidade obtida para cada grupo de notícias, assim como dependendo da veracidade da notícia e do tipo de autor, como está representado na tabela 1. Na figura 3, representamos essas pontuações graficamente, onde podemos comparar os grupos mais intuitivamente. As duas colunas maiores representam o grupo de notícias cujo autor tem maiores habilitações académicas e relacionadas com a notícia, o que significa que estes dois grupos pareceram mais credíveis para os participantes, que vai de acordo com a nossa hipótese. Para verificar se estas diferenças que observamos são estatisticamente significativas realizamos um teste ANOVA para medidas repetidas. 
Tabela 1
Classificação da credibilidade das notícias nas diferentes categorias
Figura 3
Classificação da credibilidade das notícias nas diferentes categorias
Verificámos uma violação do pressuposto da esfericidade, pelo que se utilizou uma correção de Greenhouse-Geisser que levou à rejeição da hipótese nula de que as médias são todas iguais (p < .01). Posteriormente, realizamos o teste "Post-Hoc'' para comparar os grupos entre si. Os resultados deste teste, como está representado na tabela 2, indicaram ausência de diferenças significativas entre os grupos cujos autores têm habilitações baixas, tanto para notícias verdadeiras como falsas, e o grupo de notícias falsas, cujo autor tem habilitações altas mas não relacionadas com a notícia (todos os p > .05). As restantes comparações foram significativas (todos os p < .01). 
Tabela 2
Resultados da análise Post-Doc
Discussão
Ao realizar a análise estatística pudemos concluir que o nosso estudo sugere que existem diferenças significativas entre a credibilidade dos títulos escritos por autores com baixas e altas habilitações académicas. Com base nos nossos resultados, parece existir uma maior credibilidade quando a notícia é escrita por um autor com habilitações académicas e adequadas ao conteúdo da notícia. Quando o autor da notícia tem habilitações académicas baixas, os resultados sugerem que os participantes não conseguem determinar a veracidade da notícia. Ao observar a pontuação de credibilidade obtida pelos títulos que pertenciam à categoria das "notícias falsas” no nosso estudo, podemos constatar que a credibilidade percebida face a notícias elaboradas por autores com baixas habilitações académicas e altas habilitações mas inadequadas é estatisticamente igual. Isto demonstra que para a nossa amostra, um autor com poucas habilitações ou que tenha altas habilitações que não sejam apropriadas ao assunto discutido tem a mesma probabilidade de escrever notícias falsas. Assim, deduzimos que não é só o nível de competências académicas que influenciam a credibilidade mas também a pertinência das mesmas face ao assunto. Já na situação em que um autor com habilitações altas apresenta uma notícia falsa, esta tem uma pontuação de credibilidade superior à pontuação das notícias verdadeiras elaboradas por autor com menos habilitações ou habilitações menos adequadas. Assim, podemos constatar que para a amostra as habilitações académicas altas e adequadas são realmente o fator que mais influencia a credibilidade de uma notícia. Isto vai de acordo com a nossa hipótese de investigação segundo a qual as notícias escritas por autores com maiores habilitações académicas, adequadas ao conteúdo da notícia, são consideradas mais credíveis.
Embora este estudo corrobore a nossa hipótese, existem alguns fatores que podem ter enviesado os resultados como por exemplo, a amostra reduzida, o cansaço causado pelo número de perguntas feitas no questionário, ou mesmo durante o questionário se o participante se apercebesse do objetivo do estudo poderia influenciar as suas respostas e consequentemente os resultados. Para além disto a amostra é constituída por estudantes universitários o que limita os resultados a este tipo de participantes. Este estudo não permite generalizar os resultados para a população em geral, sendo necessário efetuar outros estudos para saber se se os resultados seriam semelhantes noutras classes sociais, ou distintas. Por exemplo, se o facto de os participantes serem licenciados os faça valorizar mais as habilitações académicas dos autores da notícia. Por outro lado, não constatamos diferenças significativas relativamente ao sexo da amostra, mas uma vez que a nossa amostra era bastante desigual nesta categoria, estas conclusões podem não ser as mais corretas. Por último, apesar de sugerir que as habilitações do autor são relevantes para a credibilidade da notícia, não sabemos quão relevante são em comparação com outros fatores, uma vez que estudamos a habilitação académica do autor isoladamente, mas no dia-a-dia raramente uma notícia é apresentada desta forma, ou seja apresenta mais componentes capazes de alterar a credibilidade como o sexo do autor, a confiabilidade do rosto do autor, ou as imagens que acompanham a notícia, entre outros. 
Em conclusão, este estudo sugere que as habilitações académicas do autor são relevantes para a credibilidade de uma notícia, principalmente quando estas são adequadas ao conteúdo da notícia, mas não necessariamente, uma vez que há também indícios de que as pessoas acham mais credível aquilo que é publicado por autores de maior habilitação académica, mesmo que o assunto em questão não seja da área do autor. Este assunto é de extrema importância porque não só torna mais credível as notícias verdadeiras como as falsas, por isso, a investigação deste tópico é bastante relevante para a sociedade atual e já propusemos, no parágrafo anterior, alguns tópicos para a continuação do estudo deste tópico.
Referências
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