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SAÚDE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL - APOSTILA 1

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1 
 
 
 
 
 
 
Saúde e Educação Ambiental 
 
 
Unidade I 
 
 
Prof.ª Elaine Cristina da Silva Colin 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO PROF.ª ELAINE CRISTINA DA SILVA COLIN 
 
Doutora e Mestre em Ciências (área de concentração – Serviços de Saúde pública) 
pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP). 
Especialista em Educação Ambiental pela Faculdade de Saúde Pública da 
Universidade de São Paulo (FSP/USP). Graduada em Ciências Biológicas pela 
Universidade São Judas Tadeu (USJT). 
 
Atuou como Encarregada de Educação Ambiental do Departamento de Meio 
Ambiente da Prefeitura de Santo André de 2001 a 2007. Como Gerente de Recursos 
Naturais, responsável pela gestão do Parque Natural Municipal Nascentes de 
Paranapiacaba de 2008 a 2010 e Gerente de Educação e Extensão Ambiental, 
responsável pela gestão e coordenação de Projetos de Educação Ambiental voltados 
a crianças, jovens e adultos no ensino formal e não formal e pelas ações de 
recuperação de áreas degradadas na região de Paranapiacaba e Parque Andreense 
de 2010 a 2017. Foi parecerista do Comitê de Ética e Pesquisa - CEP da Secretaria 
de Saúde da Prefeitura Municipal de Santo André de 2012 a 2018. Atualmente é 
Editora Associada da Revista Ambiente e Sociedade, Encarregada de Extensão 
Ambiental no Departamento de Gestão Ambiental do Serviço Municipal de 
Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa) e Professora convidada da 
Universidade Paulista (UNIP). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................04 
 
UNIDADE I 
 
1. SAÚDE PÚBLICA E MEIO AMBIENTE ......................................................06 
1.1 Determinantes sociais da saúde ........................................................ 08 
1.2 Abordagem ecossistêmica da saúde ..................................................13 
1.3 Saúde ambiental ................................................................................ 15 
 
2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA RELAÇÃO COM AS CONFERÊNCIAS DE 
MEIO AMBIENTE E PROMOÇÃO DA SAÚDE .............................................. 17 
 
3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA............................. 30 
 
3.1 Indicadores de Políticas Públicas de Educação Ambiental ................ 35 
 
UNIDADE II 
 
4. ABORDAGENS E CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.......... 42 
4.1 Correntes e tendências em Educação Ambiental ...............................44 
4.2 Abordagens e teorias de aprendizagem nos processos de educação 
ambiental.................................................................................................. 50 
 
5. PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.............................................. 52 
5.1 Diagnóstico em projetos de educação ambiental ...............................54 
5.1.1. Técnicas e métodos de diagnóstico ................................................57 
5.2 Intervenção em educação ambiental no âmbito da Promoção da Saúde 
...................................................................................................................62 
5.3. Projetos de educação ambiental e alguns conceitos importantes..... 66 
5.3.1. Educação ambiental para qual participação?.................................. 68 
5.3.2 Educação ambiental, promoção à saúde e empoderamento........... 69 
5.3.3 Temas ambientais nos projetos de educação ambiental ................ 72 
5.3.4 Educação ambiental para mudança de atitude ou 
comportamento?....................................................................................... 73 
 
 
 
 
4 
INTRODUÇÃO 
 
Apesar das questões de saúde e meio ambiente terem suas raízes na 
antiguidade, o reconhecimento de sua interligação é recente. A partir do século XVIII, 
muitos estudiosos já manifestavam preocupações sobre o ambiente natural, mas foi 
apenas em meados do século XIX, quando diversas catástrofes ambientais 
começaram a interferir na saúde humana e consequentemente no sistema econômico 
vigente, é que as questões ambientais começaram a ser discutidas por toda a 
sociedade. 
 
Ainda que as questões ambientais e de saúde estivessem relacionadas, na 
década de 1970 emergiram destas áreas movimentos em diversas regiões do mundo 
que apesar de terem sido realizados de forma desconexa, ao longo do tempo 
contribuíram positivamente para os avanços e o estabelecimento de relações entre as 
duas áreas. 
 
A partir de documentos gerados em Conferências, Congressos e Encontros 
sobre esses assuntos, nota-se um esforço em tornar os conceitos de saúde e meio 
ambiente mais amplos e principalmente colaborar para a construção de políticas 
públicas efetivas que possam estimular o envolvimento da população na identificação, 
planejamento e implementação de ações que colaborem para a criação de ambientes 
mais saudáveis e a melhoria da qualidade de vida. Neste contexto, a educação 
ambiental surge como uma importante estratégia para tentar reverter o quadro de 
degradação ambiental provocado pela lógica desenvolvimentista. 
 
 Se se considerar a ampliação pela qual o conceito de saúde passou nas últimas 
décadas, ainda é comum associar a educação em saúde aos processos educativos 
relacionados à promoção da saúde. É importante destacar que independente da 
adjetivação, o processo educativo como processo político e transformador certamente 
é essencial e condição sine qua non para o alcance dos objetivos da promoção da 
saúde. Tanto na educação em saúde como na educação ambiental o processo 
educativo é baseado na teoria crítica da educação, pois seus objetivos contemplam a 
formação de cidadãos críticos, reflexivos e atuantes. O que muda é a abordagem: 
educação voltada para a saúde ou para o ambiente. 
 
Diante do exposto, este livro texto tem como objetivo a problematização e 
discussão sobre as relações entre saúde pública e meio ambiente, destacando a 
Educação ambiental como estratégia de Promoção à Saúde. 
 
No primeiro capítulo são apresentados alguns fatos históricos que 
contextualizam a inserção da questão ambiental como um fator determinante de 
saúde alinhada à ampliação do conceito de saúde, às abordagens ecossistêmicas e 
à saúde ambiental. 
 
5 
O segundo capítulo traça uma linha do tempo identificando os avanços tanto 
na área da promoção da saúde quanto na área da educação ambiental por meio das 
principais conferências internacionais realizadas em ambas as áreas. 
 
Em seguida, são trazidas as principais características teóricas e práticas da 
educação ambiental sob o ponto de vista legal destacando sua relevância como 
política pública e de seu monitoramento por meio de indicadores. 
 
O quarto capítulo apresenta as diferentes concepções e tendências da 
educação ambiental bem como as possíveis abordagens educacionais de acordo com 
a principais teorias clássicas de ensino aprendizagem. 
 
Para finalizar são tratados aspectos quanto a elaboração de projetos de 
educação ambiental destacando as etapas de diagnóstico e de intervenção 
educacional à luz da promoção da saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
1. SAÚDE PÚBLICA E MEIO AMBIENTE 
 
Figura 1 
 
 
Fonte: Freepik 
 
Poluição, desmatamentos, queimadas, perda de biodiversidade, aquecimento 
global, mudanças climáticas, pobreza, desigualdades sociais, fome, pobreza, 
violência são algumas das características da crise civilizatória em que vivemos. E 
quais seriam os limites entre os problemas ambientais e sociais? Como se interligam 
e como afetam a saúde individual e coletiva? 
 
Grande parte dos agravos à saúde, está relacionada à degradação ambiental, 
não é possível estabelecer uma linha divisória entre um e outro. Apesar de estarem 
intimamente ligadas, historicamente as questões ambientais passaram a ter maior 
importânciajustamente a partir do momento em que começaram a afetar a saúde 
humana. 
Desde a antiguidade são encontrados exemplos dessas relações: 
 
 Período Clássico: no século V a.C, Hipócrates em um dos seus postulados 
mais importantes “Sobre ares, as águas e os lugares” já mencionava uma 
ligação causal entre os fatores ambientais e as doenças, representando um 
importante avanço no entendimento do processo saúde-doença e seus 
determinantes. 
 
 
7 
 Idade Moderna: No século XVII, com o desenvolvimento das ciências 
começaram a acontecer mudanças significativas na medicina, sobretudo com 
o avanço da microbiologia. Neste período acreditava-se que as doenças eram 
causadas por “miasmas”, ou seja, os odores nocivos que emanavam do solo, 
da água e do ar, sobretudo, onde havia matéria orgânica em decomposição. 
Nesta época, atribuiu-se a causa da malária ("maus ares") ao contato com 
gases infecciosos. 
 
 Idade Contemporânea: foi no início do século XIX que os maiores avanços 
nas ciências ocorreram. Nesse período incluem-se a revolução pasteuriana, o 
nascimento da epidemiologia, os estudos pioneiros do médico John Snow 
sobre a cólera em Londres e a utilização de dados estatísticos nos estudos 
sobre os processos de saúde-doença. A relevância dos estudos de Snow 
esteve vinculada principalmente às suas contribuições no entendimento do 
processo de transmissão da cólera vinculando-o ao consumo de água 
contaminada. Em meados deste século, a medicina social se fortaleceu e 
passou a relacionar o estado de saúde de uma população com suas condições 
de vida. Com a Revolução Industrial, as condições de vida dos trabalhadores 
incluindo mulheres e crianças tornaram-se cada vez piores. Neste período se 
sobressaíram os dados do relatório The Sanitary Conditions os the labouring 
population of Great Britain, elaborado em 1842 por Edwin Chadwick, um dos 
pioneiros da saúde pública inglesa que demonstrou a relação das doenças 
com as condições de limpeza do ambiente e a ausência de saneamento 
básico. Também foi notória a atuação do patologista alemão Rudolf Virchow, 
que por meio de seus estudos declarou que as causas ou determinantes das 
patologias se relacionavam com as condições de vida da população, 
sobretudo, dos pobres. 
 
 
 
 
 
 
 
É importante destacar que apesar da relação entre as questões de saúde e 
meio ambiente terem suas raízes na antiguidade, o reconhecimento de sua 
interligação do ponto de vista jurídico, institucional e prático é recente, pois eram 
tratadas de forma desconexa e reducionista, ou seja, a saúde era vista apenas como 
ausência de doença e o meio ambiente como natureza. 
 
Segundo WESTPHAL (2006), historicamente o conceito de saúde como 
ausência de doença, característico do modelo biomédico de medicina, predominou na 
chamada “era bacteriológica”, quando tomou corpo a ideia da existência de agentes 
As relações ambiente-saúde mencionadas refletiam o contexto histórico de cada 
época e ainda que a principal preocupação tenha sido a descoberta das causas 
das doenças, tais fatos foram fundamentais para evolução histórica do conceito 
de saúde. 
Lembrete 
 
8 
patogênicos como causa das doenças. Com o avanço da medicina por volta de 1930, 
foram produzidos os primeiros fármacos dando início à “era terapêutica”, quando esse 
conceito reducionista de saúde foi reforçado. Apenas após alguns anos quando foi 
criada a Organização Mundial de Saúde, na década de 1940 que o conceito foi 
ampliado, considerando além dos fatores físicos, os mentais e os sociais. 
 
 No que diz respeito à incorporação institucional das questões ambientais no 
campo da saúde pública, é essencial lembrar que foi a partir da década de 1970 em 
virtude do agravamento dos problemas ambientais decorrentes da industrialização 
(retomaremos esse assunto no capítulo 2) que começaram a ser criados os primeiros 
órgãos de meio ambiente, mas sem nenhum vínculo direto com o Sistema de Saúde. 
Somente na década de 1990 que houve a incorporação mais efetiva da temática 
ambiental na Saúde Coletiva, tendo contribuído significativamente para isso os 
resultados da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92 e a Conferência Pan-americana 
Saúde, Ambiente e Desenvolvimento organizada pela OPAS – Organização Pan-
americana da Saúde em 1995 (FREITAS, 2003). 
 
As Conferências e Cúpulas Mundiais dessas duas áreas realizadas desde a 
década de 1970 contribuíram tanto para ampliar o marco conceitual, como também 
produziram recomendações de políticas de enfrentamento dos determinantes sociais 
de saúde, no intuito de diminuir as iniquidades, promover a saúde e a sustentabilidade. 
 
1.1 Determinantes sociais da saúde (DSS) 
 
Pouco mais de três anos depois da chamada Tragédia da Mineração, ... o 
Brasil se viu novamente aturdido, triste e revoltado com outro desastre 
provocado por uma mineradora... Os danos que afetam e deverão continuar 
afetando, nos próximos anos, os municípios do entorno de Brumadinho ainda 
não são totalmente conhecidos, embora os especialistas prevejam cenários 
desoladores. O tempo vai revelar a extensão e as consequências dessa nova 
tragédia humana e ambiental, que vai permanecer gerando problemas 
graves, para a saúde pública, para o Sistema Único de Saúde (SUS), para o 
meio ambiente, para as famílias e para as comunidades, nos próximos anos. 
 
 (VALVERDE, 2019) 
 
O texto acima trata do desastre provocado pela empresa mineradora Vale em 
Brumadinho (MG) em 2019, fato que envolve aspectos econômicos, políticos, sociais 
e ambientais. Além das perdas materiais e imateriais, do abalo à saúde psíquica e 
emocional das pessoas que ali residiam, o impacto ambiental gerado pela quantidade 
de contaminantes espalhados para além da área afetada (no solo e nos cursos 
d´água) se refletem e continuarão se refletindo na saúde da população a médio e 
longo prazo (Figura 2). 
https://agencia.fiocruz.br/tragedia-da-mineracao
 
9 
 
Figura 2 - Potenciais efeitos relacionados aos impactos e riscos causados pelo desastre. 
 
 
Fonte: Freitas, CM et al, 2019. 
 
Esse é um exemplo claro da complexidade e da relação intrínseca entre meio 
ambiente e saúde pública. Oriundas de desastres ou não, as condições econômicas, 
sociais, políticas, culturais, psicológicas, comportamentais e ambientais que 
influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população 
são identificadas como “determinantes sociais da saúde”. 
 
É possível encontrar na literatura, diversos agrupamentos, categorias e 
interrelações para melhor entendimento da multicausalidade que envolve os 
determinantes sociais da saúde. Destacaremos nesta unidade, dois dos modelos 
explicativos mais citados na literatura: 
 
 Dahlgren e Whitehead (figura 3): incluem os determinantes sociais 
dispostos em diferentes camadas, considerando uma camada que 
engloba os determinantes individuais (idade, sexo, fatores genéticos) até 
uma camada mais distante na qual são colocados os macrodeterminantes 
(condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais). Este modelo 
não explica em detalhes essas relações e a gênese das iniqüidades, 
porém para cada camada é possível prever determinadas ações, por 
exemplo, a primeira camada, por estar mais relacionada ao individual e 
ao comportamental, pode-se prever ações relacionadas a práticas 
educativas, acesso facilitado a alimentos saudáveis, entre outras. Em 
cada nível é possível uma ação diferenciada e específica para ela. 
(coesão social, política macroeconômicas etc). 
 
10 
 
Figura 3 – Modelo de determinação social da doença por Dahlgren e Whitehead 
 
Fonte: 
CNDSS (2008) 
 
 Diderichsen e Hallqvist (Figura 4): enfatiza a estratificação social gerada pelo 
contexto social, que confere aos indivíduos posições sociais distintas, as quais 
provocam diferenciais de saúde.De acordo com esse modelo a posição social 
determina as vulnerabilidades do indivíduo em relação à exposição ao risco. 
 
Figura 4 – Modelo de determinação social da doença por Diderichsen e Hallqvist 
 
 
 
Fonte: BUSS e FILHO (2007) 
 
11 
 
 
 
 
Estes modelos, apesar de abordagens diferentes, se complementam e 
reforçam a ideia de saúde como um fenômeno social. Tratando especificamente da 
questão ambiental, apenas o modelo de Dahlgren e Whitehead explicita as condições 
ambientais como um macrodeterminante da saúde. Mesmo com todo o avanço que 
houve quanto ao entendimento das relações entre os determinantes sociais e as 
iniquidades em saúde, os problemas ambientais também contribuem com a ocorrência 
de doenças, porém, têm sido pouco considerados como determinantes ambientais da 
saúde em conjunto com os sociais (SOBRAL E FREITAS, 2010). 
 
Um exemplo desta limitação pode ser observado no marco teórico para estudo 
dos DSS (Figura 4) estabelecido pela Organização Mundial da Saúde em seu relatório 
“A Conceptual Framework for Action on the Social Determinants of Health” (OMS, 
2010). 
 
Figura 5 - Estrutura conceitual dos determinantes sociais da saúde proposto pela OMS 
 
 
 
Fonte: OMS, 2010 
O estudo dos determinantes sociais da saúde tem como principal objetivo 
possibilitar não apenas o entendimento das relações das diversas 
condições que envolvem a sociedade e sua situação de saúde, mas 
sobretudo dar subsídios para criação e implementação de políticas 
públicas que efetivamente reduzam as iniquidades em saúde e favoreçam 
a melhora da qualidade de vida e o bem estar da população . 
Lembrete 
 
12 
É importante ressaltar que esta estrutura conceitual é baseada no modelo de 
Diderichsen e Halqvist e envolve uma complexidade maior, incluindo a questão do 
capital social como um fator determinante em que uma tarefa fundamental para as 
políticas de saúde é fomentar relações de cooperação entre cidadãos e instituições, 
além de estimular a participação social. Apesar dos fatores ambientais não estarem 
presentes na figura 4, no mesmo documento da Organização Mundial da Saúde, as 
estratégias para a ação contemplam o ambiente como um dos contextos a serem 
considerados nas iniciativas de combate às iniquidades em saúde. Ainda assim, tal 
estrutura não permite tratar de modo integrado as inter-relações existentes entre os 
determinantes sociais e ambientais e as condições de saúde ambiental, pois se 
apresenta desarticulado dos indicadores sociais e econômicos (SOBRAL E FREITAS, 
2010). 
 
Apesar da questão ambiental não ser incluída como deveria nos estudos e 
ações voltadas aos DSS, vem havendo avanços que ratificam a relevância do estudo 
das determinações sociais e a saúde. Do ponto de vista institucional e político, convém 
destacar a criação pelo Governo federal brasileiro da Comissão Nacional sobre 
Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) em 2006, seguindo recomendação da 
Organização Mundial da Saúde. 
 
Esta Comissão foi criada com objetivos de produzir informações e 
conhecimento sobre os determinantes sociais da saúde, articular a atuação e 
mobilizar diferentes segmentos da sociedade (poder público, sociedade civil, 
instituições de pesquisa) em prol da melhoria da saúde e redução das iniquidades 
(OMS, 2006). 
 
Para o alcance desses objetivos, a CNDSS desenvolveu diversas ações das 
quais se destacam: 
 
1) Realização e apoio a diversas pesquisas sobre os DSS que incluem entre 
seus resultados as implicações políticas relacionadas ao tema por meio da 
promoção, apoio e avaliação de programas e intervenções governamentais 
e não governamentais em nível, local, regional e nacional. 
 
2) Participação de seus membros em congressos e reuniões nacionais e 
internacionais e utilização dos meios de comunicação de massa para 
mobilizar os diversos setores da sociedade quanto as áreas relacionadas 
com os DSS. 
 
3) Criação e manutenção do Portal dos Determinantes Sociais da Saúde e 
Observatório de iniquidade em saúde que reúnem um conjunto de 
indicadores demográficos, econômicos, sociais, de situação de saúde e de 
serviços de atenção à saúde, relatórios de análise das tendências de alguns 
 
13 
indicadores, buscando identificar seus determinantes e os efeitos de 
políticas de intervenção sobre eles, além de notícias, entrevistas e outras 
experiências relacionadas ao tema DSS. O Portal é mantido por uma rede 
de colaboradores promovida e coordenada pelo Centro de Estudos, 
Políticas e Informação sobre Determinantes Sociais da Saúde da Escola 
Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) da Fundação Oswaldo 
Cruz (FIOCRUZ). 
Pelo que vimos até aqui, percebemos que ainda é um desafio trabalhar saúde 
e ambiente de forma integrada e interdisciplinar. Dessa forma, novas áreas de 
conhecimento e ação procuram aproximar os estudos e as práticas que considerem 
efetivamente o meio ambiente como fator determinante de saúde. Entre elas se 
destacam a abordagem ecossistêmica da saúde e a saúde ambiental. 
 
1.2 Abordagem ecossistêmica da saúde 
 
A saúde pública tem o objetivo de estudar e buscar soluções para os problemas 
que agravam a saúde e interferem na qualidade de vida da população, considerando 
os sistemas sociocultural, ambiental e econômico. Sendo assim, as áreas de saúde e 
meio ambiente são indissociáveis e o que temos visto é que essa relação ocorre mais 
no discurso do que na prática. 
 
A fim de aproximar estes dois conceitos como uma construção teórico-prática 
que tem como marco a sustentabilidade ecológica e social, a democracia, os direitos 
humanos e a qualidade de vida, surge o conceito de abordagem ecossistêmica da 
saúde. 
 
 A abordagem ecossistêmica da saúde, envolve o entendimento dos processos 
de saúde-doença considerando-os sob a perspectiva de sistemas complexos e das 
relações entre a natureza e a sociedade humana. Trata-se de uma abordagem 
holística que reconhece a saúde como parte dos sistemas biológicos e sociais 
variando os seus níveis de complexidade. Deste modo, explora as relações entre os 
vários componentes destes sistemas para definir e avaliar os determinantes da saúde 
humana e a sustentabilidade do ecossistema. Dessa forma, permite o estudo de 
diferentes níveis da sociedade: o microssocial (indivíduo, família e comunidade) e o 
macrossocial (cidade, região, país), uma vez que todos os problemas de saúde se 
relacionam com tais níveis (FORGET E LEBEL, 2001). 
 
Essa abordagem tem como objetivo desenvolver novos conhecimentos sobre 
a relação saúde-meio ambiente, em realidades concretas, de forma a permitir ações 
adequadas e saudáveis das pessoas que aí vivem, de acordo com esta concepção a 
gestão do ecossistema deve estar atrelada à responsabilidade individual e coletiva 
sobre a saúde (MINAYO, 2006). Em termos metodológicos a utilização desta 
abordagem envolve: 
 
14 
 o mapeamento da história das interações entre os problemas ambientais e seus 
reflexos na saúde considerando também o contexto atual; 
 realização de diagnósticos interdisciplinares considerando aspectos biológicos, 
econômicos, antropológicos, culturais, sociais, históricos, químicos e outros, 
incluindo instrumentos que garantam a participação social. 
Para que as ações citadas tenham efetividade devem se basear nos três pilares 
fundamentais da abordagem ecossistêmica da saúde: 
 
 Transdisciplinaridade: implica em entender a complexidade das relações 
saúde e ambiente de forma integrada e sob diferentes perspectivas. 
 
 Participação: demanda que os estudos e projetos integrem métodos 
participativos para compreensão da realidade e ao mesmo tempo criem 
condições para transformação da situação problema encontrada incluindo o 
empoderamento dos envolvidos. 
 
 Equidade: exige que qualquer intervenção em uma dada realidade seja 
realizada de acordo com as necessidades de cada indivíduo, reconhecendoas 
diferenças de opiniões e também de condições de vida e saúde respeitando a 
diversidade existente. 
 
 Um fator importante e que deve ser considerado nessa abordagem é que os 
ecossistemas são complexos e apresentam certa imprevisibilidade, sendo assim, a 
gestão ecossistêmica da saúde deve ser adaptativa e levar em conta a conexão entre 
os seus diferentes componentes, para isso deve ajudar as comunidades a 
estabelecerem metas sustentáveis a partir da construção de conhecimentos 
(NIELSEN, 2002). 
 
 
 
 
Pelo que foi exposto depreende-se que o enfoque ecossistêmico da saúde se 
relaciona com o conceito de sustentabilidade, pois integra ambiente, economia e 
comunidade de forma a contribuir com a promoção da saúde. 
 
 
 
 
Os mapeamentos e diagnósticos necessários aos estudos que utilizam a 
abordagem ecossistêmica, têm o componente educativo como 
fundamental. Isto significa que o processo não demanda apenas a 
identificação de informações, mas também a construção de conhecimentos 
junto aos envolvidos. 
Lembrete 
 
15 
5.3 Saúde ambiental 
 
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005) a saúde ambiental é definida 
como: 
Área da saúde pública afeta ao conhecimento científico e à formulação de 
políticas públicas relacionadas à interação entre a saúde humana e os fatores 
do meio ambiente natural e antrópico que a determinam, condicionam e 
influenciam, com vistas a melhorar a qualidade de vida do ser humano, sob o 
ponto de vista da sustentabilidade. 
 
Portanto, é formada por todos os aspectos da saúde humana, incluindo a 
qualidade de vida, que estão determinados por fatores físicos, químicos, biológicos, 
sociais e psicológicos no meio ambiente. 
 
A saúde ambiental também se refere à teoria e à prática de valorar, corrigir, 
controlar e evitar fatores do meio ambiente que possam prejudicar a saúde de 
gerações atuais e futuras, dessa forma, integra os fatores determinantes da saúde 
humana e dos ecossistemas (OPAS, 1993). 
 
As ações de saúde ambiental envolvem: 
 
 identificação e caracterização de fatores de risco para a saúde originados no 
ambiente; 
 
 planejamento de ações de prevenção e promoção da saúde; 
 
 desenvolvimento de ações de controle e vigilância sanitária de sistemas, 
estruturas e atividades tenham interação no ambiente. 
 
No que diz respeito às ações de controle e vigilância, um avanço importante foi 
a criação da Vigilância em Saúde Ambiental pelo Ministério da Saúde no ano 2000, 
que consiste em um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a 
detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente 
que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de 
prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou a 
outros agravos à saúde. 
 
De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (BRASIL, 2002), os objetivos 
da vigilância em saúde ambiental incluem: 
 
A) produzir, integrar, processar e interpretar informações a serem 
disponibilizadas ao Sistema Único de Saúde, que sirvam como instrumentos 
para o planejamento e execução de ações relativas às atividades de 
 
16 
promoção da saúde e prevenção e controle de doenças relacionadas ao meio 
ambiente; 
 
B) estabelecer parâmetros, atribuições, procedimentos e ações relacionadas à 
vigilância ambiental nos diversos níveis de competência; 
 
C) identificar os riscos e divulgar as informações referentes aos fatores 
ambientais condicionantes e determinantes das doenças e de outros agravos 
à saúde; 
 
D) promover ações de proteção à saúde relacionadas ao controle e recuperação 
do meio ambiente; 
 
E) conhecer e estimular a interação entre ambiente, saúde e desenvolvimento a 
fim de fortalecer a participação popular na promoção de saúde e qualidade de 
vida. 
 
A área de vigilância em saúde ambiental é um campo multidisciplinar 
relativamente novo e para cumprir seus objetivos, os instrumentos e métodos de 
estudo são os mais variados, incluindo avaliação e gerenciamento de riscos, 
epidemiologia ambiental, indicadores de saúde e ambiente, sistema de informações 
em vigilância ambiental e desenvolvimento de pesquisas na área de saúde e 
ambiente, portanto, a variedade de temas de pesquisa e intervenção que envolvem a 
saúde ambiental é vasta, entre elas podemos citar: 
 
 poluição do ar, da água e do solo e seus efeitos na saúde humana; 
 
 pesquisas epidemiológicas relacionadas a alterações terrestres e do 
ecossistema aquático; 
 
 desastres naturais; 
 
 condições de moradia e saneamento básico; 
 
 gestão de resíduos sólidos; 
 
 mudanças climáticas e seus efeitos sobre os ecossistemas e a saúde humana; 
 
 acidentes com produtos perigosos; 
 
 a interação entre ambiente, desenvolvimento e saúde humana; 
 
17 
 entre outras. 
É importante destacar que apesar de todo o aporte teórico e institucional que 
envolve a vigilância em saúde ambiental, em um contexto de incertezas quanto às 
mudanças ambientais globais e locais, essa área ainda necessita de avanços para 
que se consolide no Sistema Único de Saúde. 
 
Como vimos brevemente nesse capítulo, a complexidade e a amplitude das 
possibilidades de pesquisa e atuação que envolvem as relações saúde e meio 
ambiente demandam uma abordagem holística, intersetorial e transdisciplinar. Nesse 
contexto, além de políticas públicas integradas, a educação se configura como um 
importante meio de promoção à saúde. 
 
 
6. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA RELAÇÃO COM AS CONFERÊNCIAS DE 
MEIO AMBIENTE E PROMOÇÃO DA SAÚDE 
 
Para entender o surgimento da Educação Ambiental, seus conceitos e sua 
importância no contexto atual, é necessário fazer uma reflexão sobre a questão da 
relação do homem com o meio ambiente. Ao contrário do que muitos pensam os 
problemas ambientais não tiveram suas origens ligadas apenas aos fatos que se 
sucederam após a Revolução industrial, pois estes problemas estão atrelados ao 
próprio processo de consolidação das civilizações e, portanto, são muito antigos. 
 
O meio foi sendo modificado à medida que o homem foi aumentando a sua 
capacidade de intervir na natureza para atender às suas necessidades. Em tempos 
 
Os links e as referências bibliográficas abaixo podem propiciar maior 
aprofundamento sobre alguns dos conteúdos abordados até aqui: 
 Portal de Determinantes Sociais da Saúde: www.dssbr.org 
 Biblioteca Virtual em Saúde sobre DSS: www.bvsdss.icict.fiocruz.br 
 Ministério da saúde: www.saude.gov.br/vigilancia-em-
saude/vigilancia-ambiental 
 FREITAS C.M. Saúde, ambiente e sustentabilidade. Rio de Janeiro: 
Editora Fiocruz; 2006. 
 MINAYO M.C.S.; MIRANDA A.C. Saúde e ambiente sustentável: 
estreitando nós. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2002. 
 OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Determinantes 
ambientais e sociais da saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2011. 
 
http://www.bvsdss.icict.fiocruz.br/
 
18 
remotos já havia problemas com erosões do solo decorrentes do desmatamento. 
Essas ações ao longo do tempo tiveram reflexos além dos aspectos ecológicos ou 
naturais, pois gradativamente foram provocando alterações nas esferas social, 
política, econômica e cultural das civilizações, ocasionando problemas 
socioambientais. 
 
Os efeitos desta relação com o meio foram se manifestando aos poucos de 
forma negativa, fazendo com que os primeiros sinais de preocupação com a questão 
ambiental surgissem em meados da década de 1950 com a ocorrência de diversas 
catástrofes ambientais que começaram a interferir na saúde humana e 
consequentemente no sistema econômico vigente. Essas catástrofes contribuíram 
para que que houvesse certa mobilização social (Figura 6). 
 
Figura 6 - Principais acontecimentos que relacionam meio ambiente e saúde a partir de 1952. 
 
 
Fonte: Baseado em DIAS (2010) 
1952
 morte de centenas de pessoas em Londres em decorrênciado ar
densamente poluído, o grande nevoeiro formado ficou conhecido como Big
Smoke, ocasionado pelo incontrolado aumento da queima dos
combustíveis fósseis nos transportes e na indústria.
1953-1965
 ocorrência de diversos problemas neurológicos na população,
nascimento de crianças com mutações genéticas e casos fatais por
intoxicação com mercúrio em Minamata e Niigata (Japão).
1962
• lançamento do livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson que trazia 
uma série de narrativas demostrando que o uso de pesticidas e o modelo 
de desenvolvimento econômico estava prejudicando a qualidade do ar, da 
água, do solo e provocando diversos desmatamentos.
1968
• formação do Clube de Roma que reunia cerca de 30 especialistas de
várias áreas para discutir a crise vivida naquela época e o futuro, incluindo
questões ambientais e de saúde.
1972
 publicação do relatório Limites do Crescimento elaborado pelo Clube de
Roma que alertava quanto aos perigos do desenvolvimento desenfreado
tanto para a sociedade quanto para o ambiente.
 
19 
 
Como vimos, as questões ambientais e de saúde tem estado sempre 
relacionadas, mas foi apenas a partir da década de 1970 que essas conexões 
começaram a ser efetivamente discutidas. A partir desse período emergiram destas 
duas áreas movimentos em diversas regiões do mundo que apesar de terem sido 
realizados de forma desconexa, ao longo do tempo contribuíram positivamente para 
os avanços e o estabelecimento de relações entre ambas. 
 
A seguir, serão destacados os principais documentos e encontros 
internacionais que ocorreram de 1972 a 2016 tanto na área da promoção à saúde 
como na área ambiental e que nos ajudam a compreender suas interrelações, assim 
como a importância da educação como processo que contribui tanto com o 
desenvolvimento de habilidades para que os indivíduos tenham maior controle sobre 
sua saúde como para criação de ambientes favoráveis à saúde. 
 
1972 - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano 
 
Esse evento ocorreu em Estocolmo, Suécia em 1972 e foi um marco na questão 
ambiental, pois foi a primeira vez que representantes de diversos países se reuniram 
para discutir o tema. Os principais resultados dessa Conferência incluem: 
 
 a elaboração da Declaração de Estocolmo contendo 26 princípios sobre a 
necessidade de proteção e gestão adequados dos recursos naturais para que 
não se esgotem e possam garantir a qualidade de vida, incluindo a 
responsabilidade da sociedade e dos governos em seus diferentes níveis nesse 
processo. 
 a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apesar dos primeiros registros quanto a utilização do termo Educação Ambiental 
datarem do final da década de 1940 em um encontro da União Internacional para 
a Conservação da Natureza (UICN) em Paris, a Conferência de Estocolmo 
representou um marco para a área. Foi a partir dela que a Educação Ambiental 
passou a ser incluída na agenda internacional, visto que foi considerada como uma 
das estratégias para a promoção do uso mais equilibrado dos recursos naturais 
contribuindo para a superação da crise ambiental mundial (HENRIQUES e 
TRAJBER, 2007). 
Atenção 
 
20 
 
1974 - Informe Lalonde 
 
Em 1974, a partir da divulgação do documento “A New Perspective on the 
health of Canadians” (Informe Lalonde) surgiu um novo conceito de campo da saúde, 
no qual, todas as causas de doenças e mortes decorrem de quatro fatores 
determinantes e interligados: as características biofísicas do indivíduo, o estilo de vida, 
a inadequação dos serviços de saúde e do ambiente. 
 
 
 
 
1975 – Carta de Belgrado 
 
Em 1975, em Belgrado, na Iugoslávia foi promovida pela UNESCO o I 
Seminário Internacional de Educação Ambiental reunindo representantes de cerca de 
65 países. Esse evento resgatou diversos assuntos discutidos na Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, entre eles, o impacto que o processo 
tecnológico vinha trazendo ao ambiente e a saúde a necessidade de se adotar um 
novo modelo de desenvolvimento e de educação baseados em uma nova ética global. 
 
A Carta de Belgrado, documento resultante deste evento estabeleceu que a 
meta da ação ambiental seria melhorar todas as relações ecológicas, incluindo as 
relações do ser humano entre si e com os demais elementos da natureza, bem como 
desenvolver uma população consciente e preocupada com o meio ambiente e com os 
problemas associados a ele. Definindo assim o público das ações de educação 
ambiental, suas diretrizes básicas e objetivos como orientações para a criação do 
Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA). 
 
1977 - Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental 
 
Organizada pela Unesco em parceria com o Programa das Nações Unidas para 
o Meio Ambiente (Pnuma), a Conferência Intergovernamental sobre Educação 
Ambiental foi realizada em Tbilisi, na Geórgia. Esse evento teve grande importância 
na história da educação ambiental, pois a partir de 41 recomendações definiu uma 
série de diretrizes que são consideradas mundialmente até hoje como base para os 
trabalhos em educação ambiental. O documento gerado nessa conferência enfatizou 
O Informe Lalonde foi publicado dois anos após a realização da Conferência das 
Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Ambiente Humano em Estocolmo, 
evento que representou um marco nas discussões dos problemas ambientais, 
pois considerou a influência humana e o histórico de problemas que o 
desenvolvimento econômico estava acarretando ao ambiente e 
consequentemente à saúde. 
Lembrete 
 
21 
a importância de se trabalhar os aspectos sociais, econômicos, científicos, 
tecnológicos, culturais, ecológicos e éticos, dentro de um enfoque global e 
interdisciplinar, de forma permanente tanto na educação formal quanto na educação 
não formal (DIAS, 2010). 
 
1978- Declaração de Alma Ata 
 
No ano de 1978, em Alma Ata na antiga URSS, foi realizada a Conferência 
Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde que resultou na Declaração de 
Alma-Ata. Este documento enfatizou o conceito ampliado de saúde, considerando o 
bem estar físico, mental e social e teve como meta o alcance de saúde para todos no 
ano 2000, sendo os cuidados primários de saúde essenciais para o seu alcance. Foi 
destacada nessa Declaração, a importância da participação individual e coletiva no 
planejamento e na execução dos cuidados de saúde. Ressaltou que ações no sentido 
de diminuir a desigualdade social deveriam ser estimuladas e adotadas por todos os 
países, para que a meta de saúde universal fosse atingida, diminuindo a lacuna 
existente entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos. 
 
1986- Carta de Ottawa 
 
A I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde ocorreu em 1986, no 
Canadá. Esse evento produziu entre seus resultados a Carta de Ottawa no qual se 
propôs como estratégias de ação prioritárias a criação de políticas públicas saudáveis; 
o reforço à ação comunitária; a criação de ambientes favoráveis à saúde, o 
desenvolvimento de habilidades pessoais e a reorientação dos serviços de saúde. 
Além disso, destacou como “condições e recursos fundamentais para a saúde: paz, 
habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos 
sustentáveis, justiça social e equidade” (BRASIL, 2002, p.20). 
 
 No mesmo ano, foi realizada no Brasil a VIII Conferência Nacional de Saúde 
que foi um marco entre os eventos realizados no país, por proclamar a saúde como 
direito e ampliar seu conceito considerando além dos fatores sociais, também o meio 
ambiente como um de seus determinantes, por declarar a importância ao estímulo à 
participação da população nos processos decisórios e expandir a responsabilidade 
sobre a saúde também para os governos locais. Estas recomendações e outras, dois 
anos depois foram incorporadas à Constituição Federal Brasileira.1987 – Relatório Brundtland 
 
A fim de avaliar os avanços obtidos após a realização da Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, a ONU criou em 1983, a Comissão 
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD, que foi presidida por 
Gro Harlem Brundtland. Além de primeira-ministra da Noruega à época, segunda 
dados da ONU, Brundtland era médica e mestre em saúde pública e tinha uma visão 
 
22 
ampliada que considerava entre outros fatores as questões ambientais e de 
desenvolvimento humano como determinantes de saúde. Após quatro anos de 
trabalho desta Comissão, os resultados foram publicados por meio do Relatório 
Brundtland, conhecido também como “Nosso Futuro Comum”. Nesse documento, foi 
enfatizado novamente a necessidade de uma nova relação entre o ser humano e o 
meio ambiente e a incompatibilidade entre os padrões de produção e consumo com o 
desenvolvimento sustentável, alertando para problemas globais como a destruição da 
camada de ozônio e o aquecimento global e ao mesmo tempo indicando possíveis 
ações no intuito de garantir o desenvolvimento, mas aliando as questões sociais, 
econômicas e ambientais. 
 
1988 - II Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde 
 
Em 1988, durante a II Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde 
realizada em Adelaide, Austrália, foram resgatados os pressupostos de Alma-Ata e 
Ottawa e apresentado o conceito de Políticas Públicas Saudáveis, caracterizadas pelo 
“interesse e preocupação explícitos de todas as áreas das políticas públicas em 
relação à saúde e à equidade e pelos compromissos com o impacto de tais políticas 
sobre a saúde da população”. Além disso, ressaltando a importância da equidade em 
saúde, definiu-se como áreas prioritárias de ações o apoio à saúde da mulher, 
alimentação e nutrição, combate ao consumo de álcool e tabaco e a criação de 
ambientes saudáveis, destacando que “políticas que promovam a saúde só podem ter 
sucesso em ambientes que conservem os recursos naturais, através de estratégias 
de alcance, global, regional e local” (BRASIL, 2002, p. 35). 
 
 
 
 
 
 
 
 
No mesmo ano de realização da II Conferência Internacional sobre 
Promoção da Saúde, no Brasil foi promulgada a Constituição Federal que 
dedicou artigos específicos à saúde e ao meio ambiente. Nela destacam-
se: o artigo nº196 que define saúde como o direito de todos e dever do 
estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à 
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação 
e o artigo nº 225, que dispõe sobre o direito de todos “ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” 
(BRASIL, 1988). 
Lembrete 
 
23 
1991 - III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde 
 
 Em 1991, em Sundsvall (Suécia), ocorreu a III Conferência Internacional de 
Promoção da Saúde nela foi salientada a interdependência entre meio ambiente e 
saúde e o papel de cada ator social na criação de ambientes favoráveis e 
promotores de saúde. A Declaração produzida a partir dos seus resultados trouxe 
quatro aspectos fundamentais para um ambiente promotor de saúde: a dimensão 
social que inclui as relações sociais, a perda de valores e herança cultural, a 
dimensão política relacionada à participação democrática nos processos 
decisórios e compromisso com os direitos humanos e a paz; a dimensão 
econômica baseada nos princípios do desenvolvimento sustentável e a dimensão 
de gênero, enfatizando a importância de se reconhecer e utilizar a capacidade e o 
conhecimento das mulheres em todos os setores. A Declaração de Sundsvall foi 
um importante documento que subsidiou inclusive grande parte das discussões da 
Conferência sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de 
Janeiro em 1992. 
 
1992 – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento 
 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento 
foi realizada no Rio de Janeiro e ficou conhecida como Rio 92 ou Cúpula da Terra. 
Considerada a mais importante das conferências de meio ambiente, por meio da 
participação de mais de 180 chefes de estado demonstrou a relevância que a temática 
ambiental alcançou em nível mundial. 
 
Os principais documentos resultantes desse evento, foram: 
 
 Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – 
contemplou 27 princípios como orientação aos países nas suas políticas de 
desenvolvimento sustentável, mostrando que as responsabilidades dos 
países são comuns, porém diferenciadas. 
 
 Agenda 21 – se configurou como um programa de transição para o 
desenvolvimento sustentável, em seus 40 capítulos detalhava áreas de 
atuação divididas em quatro seções: dimensões sociais e econômicas; 
conservação e gestão de recursos para o desenvolvimento; fortalecimento 
do papel de grupos importantes; e meios de execução. Contribuiu como 
base para a elaboração das Agendas 21 nacionais e locais. 
 
 Declaração de Princípios sobre Florestas – foi o primeiro acordo global 
a respeito da gestão, da conservação e do desenvolvimento sustentável de 
todos os tipos de florestas. 
 
24 
 Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – 
foi assinada na Rio 92, mas começou a vigorar apenas em março de 1994, 
reconhecendo que o sistema climático é um recurso compartilhado e que 
depende de cooperação técnica e política internacional para a redução da 
emissão de gases que causam o aquecimento global. 
 
 Convenção sobre Combate à Desertificação – foi uma solicitação da Rio-
92 à Assembleia Geral da ONU. Se relaciona às demandas e desafios 
quanto a superação da pobreza nas regiões áridas e semiáridas, incluindo 
ainda medidas de controle da desertificação. 
 
 Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica – foi 
assinada na Rio 92, mas entrou em vigor apenas em 1993. Suas bases se 
referem a conservação da biodiversidade, o seu uso sustentável e a 
distribuição justa e equitativa dos benefícios advindos dos seus recursos 
genéticos. Tem sido utilizada como referência para elaboração de diversas 
outras convenções que incluem assuntos relacionados à biodiversidade. 
 
 
 
 
 
Durante a realização da Rio 92, vários outros eventos ocorreram 
simultaneamente, entre eles o Fórum Global das ONGs e Movimentos Sociais 
resultando na elaboração do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades 
Sustentáveis e Responsabilidade Global, documento que destacou a importância 
de se promover processos educativos críticos a partir de um olhar sistêmico e voltado 
à transformação social (BRASIL, 2005). O tratado estabeleceu 16 princípios que 
resumidamente destacam: 
 
 a educação ambiental como direito de todos; 
 
 pensamento crítico e inovador como base da educação ambiental; 
 
Um dos desdobramentos da Rio 92, foi a realização da Conferência Pan-
americana Saúde, Ambiente e Desenvolvimento que ocorreu em 
Washington em 1995. Os documentos produzidos como resultado desse 
evento, serviram de base para a elaboração no Brasil do Plano Nacional de 
Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável. Uma das diretrizes do 
Plano se referiu à promoção de ações conjuntas de educação ambiental e 
educação em saúde voltadas às questões relativas ao desenvolvimento 
sustentável que considerassem a interdependência entre saúde e ambiente 
e demais áreas do conhecimento para diversos públicos. 
 
Lembrete 
 
25 
 formação de cidadãos com consciência local e planetária; 
 
 educação ambiental como um ato político e ideológico; 
 
 perspectiva holística e interdisciplinar aos trabalhos de educação 
ambiental. 
 
 estimular a solidariedade,a igualdade e o respeito aos direitos humanos; 
 
 a educação ambiental deve tratar as questões globais sob uma perspectiva 
sistêmica incluindo suas causas e inter-relações de forma contextualizada; 
 
 a educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e equitativa nos 
processos de decisão; 
 
 promoção da diversidade cultural; 
 
 a educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas 
populações por meio da participação social; 
 
 valorização das diferentes formas de conhecimento; 
 
 formação dos cidadãos para lidarem com conflitos de forma justa e 
humana; 
 
 promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e instituições a fim de 
criar novos modos de vida; 
 
 democratização dos meios de comunicação de massa; 
 
 promover a integração entre conhecimento, valores, atitudes e ações; 
 
 desenvolver consciência ética sobre todas as formas de vida. 
 
Este documento é utilizado até os dias atuais como referência dos trabalhos de 
educação ambiental, inclusive trouxe subsídios para a elaboração de programas e 
políticas públicas de educação ambiental no Brasil. 
 
 
 
26 
1997- IV Conferência Internacional de Promoção da Saúde 
 
A IV Conferência Internacional de Promoção da Saúde foi realizada em Jacarta, 
na Indonésia, em 1997, onde se destacou como determinantes da saúde as relações 
sociais, a paz, renda, justiça social, ecossistemas estáveis, uso sustentável dos 
recursos, equidade e a pobreza como a maior ameaça à saúde. Como ações 
prioritárias foram indicadas: a promoção da responsabilidade social para com a saúde; 
o aumento dos investimentos, a expansão de parcerias, o aumento da capacidade 
comunitária e a necessidade de se obter infraestrutura para a promoção da saúde. 
 
2000 - V Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde 
 
Em 2000, na cidade do México, foi realizada a V Conferência Internacional 
sobre Promoção da Saúde. A declaração do México partiu de uma série de 
constatações, entre elas a necessidade urgente de abordar os determinantes sociais, 
ambientais e econômicos da saúde como prioridade fundamental das políticas em 
todos os seus níveis. Nela reforçou-se a importância da participação social ativa e a 
necessidade de elaboração de planos de ação nacionais para promoção da saúde. 
 
 
 
 
 
2002 – 2ª Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável - Rio +10 
 
A 2ª Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável ocorreu na África 
do Sul e teve como objetivo avaliar as mudanças que ocorreram no mundo em virtude 
dos compromissos assumidos na Rio 92. Nesse evento, foram reafirmados tais 
compromissos, sendo que a redução da pobreza e o acesso à água e ao saneamento 
foram alguns dos temas de maior destaque, porém não foram estabelecidos novos 
prazos e metas e muitos dos países desenvolvidos não procederam de forma a 
cumprir com todos os compromissos assumidos. 
 
No mesmo ano da V Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, 
a ONU após análise dos maiores problemas mundiais baseando-se nas 
grandes conferências realizadas até aquele momento, criou os Objetivos de 
Desenvolvimento do Milênio (ODM) trazendo a proposta de inúmeras ações 
como um compromisso global de reduzir a pobreza a partir de oito objetivos 
que deveriam ter sido alcançados até 2015. Tais objetivos se referiam à 
redução da fome, da pobreza e da mortalidade infantil, educação básica 
universal, igualdade de gênero, saúde materna, combate ao HIV, malária e 
outras doenças, sustentabilidade ambiental e parceria mundial para o 
desenvolvimento. 
 
Lembrete 
 
27 
É importante ressaltar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou 
um documento específico para as discussões da Rio +10, intitulado “Saúde e 
desenvolvimento sustentável: abordando questões e desafios”. Neste documento, 
foram evidenciadas por meio de estudos de caso a importância de ações intersetoriais 
e planejamento em escala nacional e local para o combate à pobreza, prevenção de 
doenças e combate às ameaças ambientais globais, incluindo a Promoção da Saúde 
das presentes e futuras gerações como uma das premissas para que o 
desenvolvimento seja sustentável (WHO, 2002). 
 
2005 – VI Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde 
 
A VI Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, aconteceu em 
Bangkok, na Tailândia, em 2005 e identificou como fatores críticos o aumento das 
desigualdades, os padrões de consumo, as mudanças no meio ambiente global e a 
urbanização. Como estratégia de ação definiu-se a promoção da Saúde no contexto 
da globalização ressaltando a importância da advocacia em saúde, o investimento em 
políticas sustentáveis, construção de capacidades, regulamentação de legislações, 
viabilização de parcerias. Foram definidos nesse evento quatro compromissos: o 
desenvolvimento da agenda global, a promoção da saúde como responsabilidade de 
todos os governos, o foco na construção de capacidades da comunidade e da 
sociedade civil e a necessidade de uma boa prática administrativa. 
 
 
 
 
 
2009 - VII Conferência Mundial sobre Promoção da Saúde 
 
A VII Conferência Mundial sobre Promoção da Saúde foi realizada em Nairobi 
(Quênia), em 2009, onde as estratégias e ações prioritárias propostas se 
relacionaram com o fortalecimento de lideranças e forças de trabalho, fortalecimento 
dos sistemas de saúde, priorização de alianças e ações intersetoriais, 
No mesmo ano de realização da Conferência em Bangkok, foi publicado 
pela Organização Mundial da Saúde a Avaliação Ecossistêmica do Milênio 
que alertou sobre a magnitude das mudanças na estrutura e funcionamento 
dos ecossistemas mundiais em decorrência das ações humanas. Três dos 
resultados mais significativos se relacionaram com a degradação dos 
serviços dos ecossistemas (produção de água, alimentos, entre outros), 
maior probabilidade de mudanças não lineares (ocorrência abrupta de 
desastres naturais, mudanças climáticas) e exacerbação da pobreza para 
algumas populações, todos esses fatos se relacionam a mudanças 
socioambientais que têm consequência direta na saúde humana (WHO, 
2005). 
Lembrete 
 
28 
empoderamento de comunidades e indivíduos, ampliação dos processos 
participativos, construção e aplicação do conhecimento. 
 
2012: Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio 
+20 
 
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio 
+20) visou à renovação do compromisso político assumido nas duas Cúpulas (Rio 92 
e Rio +10) que a antecederam e a avaliação dos resultados já obtidos, bem como o 
compromisso com novos desafios. O documento resultante da Conferência com o 
tema “O futuro que queremos” destacou a saúde como condição, resultado e indicador 
das três dimensões do desenvolvimento sustentável, reforçando a necessidade de 
ações sobre os determinantes sociais e ambientais como forma de criar sociedades 
inclusivas, equitativas e economicamente produtivas (ONU, 2012). 
 
2013 - VIII Conferência Mundial sobre Promoção da Saúde 
 
Em junho de 2013, ocorreu em Helsinque, na Finlândia, a VIII Conferência 
Mundial sobre Promoção da Saúde. Neste evento, foi reforçada a importância da 
inclusão e integração da saúde como prioridade em todas as políticas. Uma das 
recomendações que se destacou ao final da Conferência foi a sugestão de que a 
população devidamente esclarecida analise criticamente e se posicione contra os 
interesses de mercado que mantém um modo de produção e de consumo inadequado 
e insalubre (PELICIONI, 2013). 
 
2016 - IX Conferência Mundial sobre Promoção da Saúde 
 
A IX Conferência Mundial sobre Promoção da Saúde ocorreu em Xangai, na 
China. O documento resultante desse evento destacou as relações entre saúde, bem-
estar e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, 
enfatizando a necessidade de as pessoas terem maior controle sobresua saúde, 
incluindo a escolha de um estilo de vida mais saudável, realização de ações de 
alfabetização em saúde e a concretização de políticas públicas urbanas saudáveis 
que estejam focadas na inclusão social, na cobertura universal de saúde e no controle 
de produtos que afetem o bem estar da população. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
Este breve resgate histórico dos principais documentos e conferências sobre 
saúde e meio ambiente, mostram que a interligação dessas áreas na prática por meio 
de políticas públicas mais intersetoriais, holísticas e participativas ainda se constitui 
como um grande desafio. Muitos dos documentos mencionados nesse capítulo 
destacam o investimento em capital humano como um fator de impacto sobre a 
qualidade de vida das pessoas e a sua saúde. Neste cenário, é preciso, portanto, criar 
condições para que as pessoas desenvolvam novas habilidades, possam ter maior 
controle sobre suas vidas e contribuam efetivamente com a criação de ambientes 
favoráveis à saúde. Nesse processo a educação ambiental se constitui como uma das 
estratégias para a promoção da saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
As publicações e links abaixo podem propiciar maior aprofundamento sobre os 
documentos e conferências mencionadas nesse capítulo: 
 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto 
Promoção da Saúde. As Cartas da Promoção da Saúde / Ministério da 
Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Projeto Promoção da Saúde. – 
Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartas_promocao.pdf 
 https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/Agenda21.pdf 
 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_mexico_2000.pdf 
 http://www.iasaude.pt/attachments/article/66/Carta_de_BangKoK-2005.pdf 
 https://sustainabledevelopment.un.org/rio20 
 http://www.agenda2030.org.br/saiba_mais/publicacoes 
A partir na necessidade da criação de uma nova agenda pós-2015 que fosse 
mais ampla e inclusiva que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, foi 
adotado pela Assembleia Geral da ONU, o documento “Transformando Nosso 
Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Construído com 
a participação de cerca de 190 países com representação de diversos 
segmentos da sociedade, estabeleceu 17 objetivos integrados que agregam 
questões sociais, econômicas e ambientais em 169 metas. 
Lembrete 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartas_promocao.pdf
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/Agenda21.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_mexico_2000.pdf
http://www.iasaude.pt/attachments/article/66/Carta_de_BangKoK-2005.pdf
https://sustainabledevelopment.un.org/rio20
http://www.agenda2030.org.br/saiba_mais/publicacoes
 
30 
 
7. EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA 
 
Como vimos no capítulo anterior, as discussões e documentos resultantes das 
conferências internacionais de meio ambiente, promoção da saúde e educação 
ambiental trouxeram subsídios para formulação de programas e políticas públicas 
nessas áreas. No que diz respeito a educação ambiental, apesar de se tornar uma 
política pública no Brasil apenas em 1999, a partir da Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente Humano a abordagem educativa foi sendo inserida aos poucos 
nas políticas públicas de meio ambiente e educação (Figura 7). 
 
Figura 7 - Inserção da educação ambiental nas políticas públicas brasileiras 
 
 
Fonte: elaborado pela autora 
 
Em 1999, foi instituída a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), 
segundo esta lei (nº 9.795/99) a educação ambiental compreende: "os processos por 
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, 
habilidades, atitudes, competências para a conservação do meio ambiente, bem do 
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade". 
1973
 Criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente uma de suas atribuições se
relacionava à “educação do povo brasileiro para o uso adequado dos recursos
naturais, tendo em vista a conservação do meio ambiente” (Decreto nº
73.030/1973)
1981
•A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), inclui em seu artigo 2º “a
educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio
ambiente” (Lei nº 6.938/1981).
1988
•A constituição brasileira em seu artigo nº 225º inclui como atribuição do Estado
o dever de “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (Constituição
Brasileira, 1988).
1994
•Criação pelo Governo Federal do Programa Nacional de Educação Ambiental
(ProNEA) visando à promover processos educativos voltados às múltiplas
dimensões da sustentabilidade incluindo a participação social na melhoria das
condições ambientais e de qualidade de vida.
 
31 
Em relação ao conceito de educação ambiental citado, é pertinente mencionar 
que esta definição teve como base os objetivos da educação ambiental estabelecidos 
na Carta de Belgrado em 1975, que incluíam aspectos afetivos, cognitivos e sociais 
do processo de ensino e aprendizagem (Figura 8). 
 
Figura 8 - Objetivos da Educação Ambiental conforme a Carta de Belgrado. 
 
 
 
Fonte: elaborado pela autora 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os objetivos mencionados estão interrelacionados e são 
interdependentes. Nesse processo o educador é um mediador, pois deve criar 
condições para que os indivíduos se conscientizem e se sensibilizem não só quanto 
aos problemas ambientais, mas sobretudo sobre a influência que exercem sobre eles. 
Para isso é preciso rever valores, desenvolver habilidades tanto para entender a 
complexidade que os envolve quanto para avaliar o papel de cada segmento da 
sociedade nesse processo e participar de ações que permitam minimizá-los ou 
solucioná-los com vistas à melhoria da qualidade de vida. Nota-se que tais objetivos 
Lembrete 
A conscientização assim como a educação é um processo interno, o 
educador cria condições para que as pessoas se conscientizem. 
 
 
32 
são comuns tanto nos processos de educação ambiental como nos processos de 
promoção da saúde. 
 
Em seus princípios e objetivos, a Política Nacional de Educação Ambiental 
também apresenta artigos e incisos que resgatam as recomendações da Conferência 
de Tbilisi (1977) e do Tratado Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e 
Responsabilidade Global (1992). 
 
Figura 9 - Princípios da Educação Ambiental conforme a PNEA 
 
 
 
Fonte: Fluxograma elaborado pela autora baseado em BRASIL (1999) 
 
Os objetivos da educação Ambiental segundo a lei nº 9795/99, envolvem: 
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio 
ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo 
 
33 
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, 
econômicos, científicos, culturais e éticos; 
II – a garantia de democratização das informações ambientais; 
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a 
problemática ambiental e social; 
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e 
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, 
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor 
inseparável do exercício da cidadania; 
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em 
níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma 
sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da 
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, 
responsabilidade e sustentabilidade; 
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a 
tecnologia; 
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e 
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. 
 
Quanto às linhasde atuação, essa política prevê capacitação de recursos 
humanos incluindo a educação ambiental na formação de profissionais e educadores 
de todas as áreas e modalidades de ensino, desenvolvimento de estudos, pesquisas 
e experimentações produção e divulgação de material educativo, acompanhamento e 
avaliação. 
 
Além desses aspectos, na PNEA também são incluídas as responsabilidades 
de diversos segmentos da sociedade quanto à implementação da educação ambiental 
no ensino formal e não formal, cabendo: 
 
 ao poder público incluir a educação ambiental não só na formação em 
todos os níveis de ensino como também inclui-la em todas as políticas 
públicas; 
 
 às instituições educativas garantir que a educação ambiental seja 
promovida de forma integrada aos programas educacionais que já 
desenvolvem. 
 
34 
 às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, 
promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, 
visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, 
bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio 
ambiente; 
 
 aos meios de comunicação de massa contribuir com a disseminação de 
informações e práticas educativas sobre meio ambiente; 
 
 aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - 
Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos 
programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; 
 
 à sociedade manter atenção permanente à formação de valores, 
atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva 
voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas 
ambientais. 
 
 
 Considerando que estamos tratando a educação ambiental como política 
pública, além da definição da Lei nº 9795/1999 trazemos também o conceito de 
REIGOTA (2010, p.10) que afirma que “a educação ambiental deve ser entendida 
como educação política, no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para 
exigir justiça social, cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações 
sociais e com a natureza.” 
 
Esta definição é pertinente, pois traz uma visão ampliada do campo de ação da 
educação ambiental, sobretudo, porque é ideológica e intencional e é voltada também 
à participação social. Para LUZZI (2013, p. 399), “a educação ambiental marca uma 
nova função social da educação, não constitui apenas uma dimensão, nem um eixo 
transversal, mas é responsável pela transformação da educação como um todo, em 
busca de uma sociedade sustentável”. 
 
Se lembrarmos o conceito de Promoção da Saúde definido como o “processo 
de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e 
saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo” (BRASIL, 2002), 
 
Para conhecer a Política Nacional de Educação Ambiental na íntegra, acesse: 
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm
 
35 
percebemos que a educação e a participação aparecem aí como condições 
indispensáveis à promoção da saúde. 
 
 
 
 
Tendo em vista que historicamente as ações de educação ambiental eram 
realizadas de forma pontual pautadas apenas em práticas conservacionistas e que 
nas últimas décadas temos visto a realização de ações mais amplas inseridas em 
projetos e programas, pode-se dizer que houve um ganho qualitativo para o campo 
da educação ambiental, mas apesar de tantas iniciativas e de todo seu contexto de 
mobilização e engajamento as mesmas têm se mostrado insuficientes para sua 
consolidação como política pública (ANDRADE et al., 2014). 
 
Mas se a problemática socioambiental tem estado em diferentes espaços, 
discursos e iniciativas, porque a crise socioambiental continua aumentando 
cotidianamente? Para BIASOLI e SORRENTINO (2018, p.8 e p.9), apesar da 
“massificação” da questão ambiental tanto nos espaços públicos como nos privados, 
a mesma ainda é marginal. A educação ambiental se constitui como um dos caminhos 
para reversão dessa crise, mas desde que seja feita de forma crítica “enquanto política 
pública estruturante, radicalmente democrática, participativa, dialógica e 
comunicativa” não apenas se inter-relacionando com outros campos de conhecimento 
e prática, mas sobretudo, sendo materializada no cotidiano das pessoas em prol do 
bem comum. 
 
3.1 Indicadores de Políticas Públicas de Educação Ambiental (PPEA) 
 
Das primeiras conferências sobre meio ambiente até a atualidade, muito se tem 
discutido sobre a complexidade do tema, suas dimensões sociais, políticas e a 
responsabilidade dos cidadãos perante o planeta. Notícias não faltam para alertar 
sobre os desmatamentos, aquecimento global, poluição, perda da biodiversidade 
entre outros assuntos. A legislação brasileira preconiza ações e programas de 
educação ambiental no ensino formal e no não-formal. Estimula-se a transversalidade 
e a transdisciplinaridade, experiências de educação ambiental em escolas, empresas, 
comunidades são muitas, mas qual a avaliação e o resultado dessas práticas? A 
população finalmente está se reconhecendo como parte do meio ambiente, está 
agindo em prol de sua conservação, está percebendo as relações do meio com as 
políticas públicas, a economia e o desenvolvimento social ou isto ainda é uma 
característica presente apenas nos discursos institucionais? A questão é muito 
Lembrete 
Ao longo do tempo, educação e participação têm se mantido como 
requisito básico dos documentos resultantes das Conferências e 
Políticas de Saúde. 
 
 
36 
complexa e os resultados dos processos educativos são vistos muitas vezes, apenas 
em longo prazo. 
 
Considerando toda trajetória histórica da educação ambiental, a avaliação e o 
monitoramento de seus projetos, programas e políticas públicas tem sido um grande 
desafio. No período de 2015 a 2017, por meio de uma parceria do Laboratório de 
Política e Educação Ambiental da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da 
USP, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas 
Espaciais (CCST/ INPE) e o Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA) por 
meio da Articulação Nacional de Políticas Públicas de Educação Ambiental (ANPPEA) 
foi realizado um processo de diagnóstico e planejamento participativo por todas as 
regiões do Brasil para construção de indicadores de monitoramento e avaliação de 
políticas públicas de educação ambiental. Esse processo resultou na criação do 
Sistema Brasileiro de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas de Educação 
Ambiental, a Plataforma Monitora EA (RAYMUNDO, 2018). 
 
Esse Sistema, por meio de um banco de dados composto por um conjunto de 
27 indicadores quali-quantitativos tem como objetivo cadastrar, monitorar e analisar 
projetos e políticas públicas de educação ambiental no país (Figura 10). De acordo 
com RAYMUNDO et al. (2019), estes indicadores contemplam 8 dimensões a saber: 
 
a) Dimensão diagnóstica: refere-se à contextualização do território da ação, 
incluindo uma leitura socioambiental da realidade. 
 
b) Dimensão da participação e da construção coletiva: se relaciona às 
estratégias e resultados ligados à mobilização social, incluindo também a 
existência de espaços coletivos para construção e implementação da política 
pública de educação ambiental (PPEA). 
 
c) Dimensão da formação dialógica: inclui aspectos quanto a existência de 
espaços formadores voltados a um público diverso e baseados na 
problematização da realidade, no diálogo, na interatividade, no respeito, na 
cooperação, na integração entre teoria e prática, na avaliação contínua do 
processo de ensino e aprendizagem, na diversidade de estratégias educativas 
que favoreçam a participação e o comprometimento com a transformação 
socioambiental. 
 
d) Dimensão da intervenção socioambiental: envolve os resultados práticos 
da política pública de educaçãoambiental, ou seja, considera se as ações 
desenvolvidas como parte da política contribuem ou não para o exercício da 
cidadania e a transformação dos problemas encontrados. 
 
https://www.esalq.usp.br/
 
37 
e) Dimensão da subjetividade do indivíduo: engloba indicadores voltados à 
elevação da autoestima dos envolvidos, incluindo a valorização de sua cultura 
e a identificação de suas percepções quanto a este aspecto para que se possa 
criar estratégias adequadas que contribuam para aumentar o potencial de 
ação dos mesmos e simultaneamente favoreçam a criação e/ou 
fortalecimento do capital social e os vínculos com o território. 
 
 
 
 
f) Dimensão da complexidade: visa à verificação das ações coerentes com a 
complexidade da sociedade, portanto, inclui indicadores quanto à integração 
de diversos temas, políticas, setores e atores, bem como sua relação com os 
principais documentos internacionais de referência para a educação 
ambiental e as ações afirmativas de enfrentamento às desigualdades e 
discriminações. Além disso, considera a avaliação de aspectos vinculados à 
articulação regional, nacional e global da política pública numa perspectiva 
teórico-prática, estrutural, econômica e/ ou política. 
 
g) Dimensão institucional: considera a existência de instrumentos formais que 
institucionalizem a política pública de educação ambiental que tenham sido 
construídos por meio de processos pedagógicos participativos e contribuam 
com sua continuidade nos territórios. Inclui também indicadores quanto à 
existência de estrutura organizacional, recursos humanos, condições físicas 
e financeiras para viabilização da política e ações internas relacionadas ao 
uso racional dos bens naturais, patrimoniais e bens públicos contribuindo com 
a proteção ambiental e também com a redução de gastos. Além destes, esta 
dimensão inclui requisitos vinculados a estratégias de monitoramento e 
avaliação contínuos da política. 
 
h) Dimensão da comunicação: avalia a existência de um plano de 
comunicação próprio da política pública de educação ambiental, as 
ferramentas utilizadas, as possibilidades de interlocução interna e externa à 
instituição executora da política e se traz em sua execução fundamentos 
teóricos e práticos de comunicação social voltados ao protagonismo e a 
utilização de tecnologias diversas como forma de ampliar a expressão 
popular. 
 
 
Capital social se refere às formas de organização social que facilitam a 
cooperação para benefício mútuo. As sociedades que possuem maior 
coesão social e são mais equitativas apresentam altos níveis de saúde 
(BUSS e FILHO, 2007). 
 
 
 
Atenção 
 
38 
 
Figura 10 – Dimensões e indicadores da Plataforma Monitora EA 
 
 
 
Fonte: BRANCO, 2018. 
 
É relevante frisar que além da característica participativa da elaboração da 
Plataforma Monitora EA, sua construção teve como referenciais as definições de 
política pública multicêntrica e política pública estruturante. 
 
As políticas públicas multicêntricas incluem empresas privadas, ONGs e outros 
atores como protagonistas junto com o estado na definição e implementação das 
políticas públicas (SECCHI, 2013, p.03). As políticas públicas estruturantes são 
construídas com efetiva participação social, contribuem para formulação e 
implementação de outras políticas, fortalecem a continuidade dos processos, geram 
planos e programas permanentes, consolidam instâncias administrativas e 
operacionais possibilitando a realização do monitoramento e avaliação das mesmas 
(RAYMUNDO, 2018). 
 
Estas perspectivas ratificam o reconhecimento de que as políticas públicas não 
se configuram apenas como leis, mas incluem diversos atores em suas variadas 
dimensões compartilhando não só os problemas socioambientais ou de outra 
natureza, mas também as possibilidades de intervenção para o seu enfrentamento. 
 
39 
 Resumo 
 
As relações entre saúde e meio ambiente são antigas, porém a interrelação 
dessas duas áreas na prática continua sendo um desafio. Historicamente tais relações 
estiveram diretamente relacionadas ao contexto de cada época e se tornaram mais 
imbricadas conforme os conceitos de saúde e meio ambiente foram se tornando mais 
amplos. 
 
Um marco histórico para incorporação institucional das questões ambientais na 
saúde pública foi a década de 1970, quando diversas catástrofes ambientais 
decorrentes da industrialização começaram a afetar a saúde das populações. A partir 
destes acontecimentos, o meio ambiente evidenciou-se como um importante 
determinante de saúde. 
 
Nesse sentido, vimos que meio ambiente a saúde pública possuem uma 
relação intrínseca e que os determinantes sociais da saúde envolvem as condições 
econômicas, sociais, políticas, culturais, psicológicas, comportamentais e ambientais, 
portanto, envolvem grande complexidade. 
 
Como modelos explicativos da multicausalidade dos determinantes sociais da 
saúde destacamos os de Dahlgren e Whitehead que os incluem em camadas desde 
o aspecto individual até o coletivo e o modelo de Diderichsen e Hallqvist que analisa 
os determinantes a partir da estratificação social. 
 
 Diante da necessidade de aproximar as práticas em saúde e meio ambiente, 
foram apresentados os conceitos de abordagem ecossistêmica da saúde (os 
processos de saúde-doença são entendidos a partir da sua análise em um sistema 
complexo que envolve as relações entre a natureza e a sociedade) e de saúde 
ambiental (área da saúde pública que considera em seus estudos e práticas os fatores 
físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos do meio ambiente que afetam a 
saúde). 
 
No capitulo 2, a partir da descrição das principais Conferências de meio 
ambiente e promoção à saúde foi contextualizado o surgimento da educação 
ambiental. Entre tais eventos se destacaram a Conferência das Nações Unidas sobre 
o Meio Ambiente Humano, realizado em 1972 na Suécia como marco da inclusão da 
educação ambiental na agenda internacional, a Conferência Intergovernamental 
sobre Educação Ambiental realizada em Tbilisi, na Geórgia que definiu uma série 
diretrizes para as práticas de educação ambiental no ensino formal e não formal, a 
Rio 92 como uma das maiores conferências de meio ambiente destacando a 
relevância da temática ambiental em nível mundial e a I Conferência Internacional 
sobre Promoção da Saúde que destacou a criação de ambientes favoráveis à saúde 
 
40 
como uma de suas estratégias prioritárias de ação, em conjunto com a criação de 
políticas públicas saudáveis, reforço a ação comunitária, o desenvolvimento de 
habilidades pessoais e a reorientação dos serviços de saúde. 
 
Nesta unidade também vimos o contexto da educação ambiental como política 
pública, destacando seu conceito enfatizando-a como educação política voltada à 
transformação social, seus objetivos (compreensão integrada do meio ambiente, 
fortalecimento da consciência crítica, participação social, integração entre ciência e 
tecnologia e o fortalecimento da cidadania), princípios, linhas de atuação (formal e não 
formal) e responsabilidades de cada segmento da sociedade quanto à sua 
implementação. 
 
 A partir dos conceitos de políticas públicas multicêntricas (incluem outros atores 
além do Estado na definição e implementação das políticas públicas) e políticas 
públicas estruturantes (construídas com efetiva participação social) foram 
apresentadas as dimensões (diagnóstica, participação e construção coletiva, 
formação dialógica, intervenção socioambiental, subjetividade, complexidade, 
institucional e comunicação) que compõem os indicadores do Sistema Brasileiro de 
Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas de Educação Ambiental enfatizando 
que as políticas públicas de educação ambiental vão além dos documentos oficiais, 
pois envolvem também as práticas desenvolvidas por diversos atores sociais.

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