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NIETZSCHE E A RECUSA DO PROJETO CLÁSSICO DE FILOSOFIA

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RESUMO TEÓRICO
	
ASSUNTO: NIETZSCHE E SUA RECUSA DO PROJETO CLÁSSICO DE FILOSOFIA 
Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um filósofo, escritor e crítico alemão. Nasceu em Röcken, na Alemanha, no dia 15 de outubro de 1844. Era filho, neto e bisneto de pastores protestantes. Durante a juventude pretendia seguir o exemplo do pai e dedicou-se à leitura da Bíblia. Destacou-se nos estudos religiosos, literatura alemã e estudos clássicos, porém começou a questionar os ensinamentos do Cristianismo.
Em 1869, com 25 anos, foi contratado pela Universidade da Basileia como catedrático de Filologia Clássica. Nessa época, compôs obras musicais à maneira de Schumann, fez amizade com Wagner e conheceu a filosofia de Schopenhauer. Sua obra mais conhecida é “Assim Falava Zaratustra”. O pensador teve influência para além da filosofia, penetrando na literatura, poesia e todos os âmbitos das belas artes.
Contexto Histórico
Surge num contexto de resistência ao movimento Iluminista francês o: Romantismo alemão. Que fará uma crítica ao modo excessivamente racionalista e materialista de conceber o homem e o mundo que gera reduções positivistas. Espalha-se pela Europa e rompe com a Modernidade, pois tira o homem do pedestal (antropocentrismo), e em relação ao universo o homem pode ser considerado insignificante. Inclusive, começa a duvidar da racionalidade pura. Inicia-se uma valorização dos aspectos irracionais: os sonhos, as emoções também fazem parte da realidade, e a razão como uma parte da realidade.
Para entendermos Nietzsche, precisamos entende rum pouco de Schopenhauer
O filósofo Arthur Schopenhauer exerceu considerável influência no pensamento de Nietzsche. Schopenhauer fazia uma crítica à Hegel: por que devemos sistematizar a realidade? E aponta a vontade como o que rege a todos os seres humanos, pois está acima das nossas preferências individuais. A vontade é um ímpeto cego, não preocupada com a ordem nem com o equilíbrio e muito menos com a plenitude/ aceitação da transitoriedade e da fatalidade. Para Schopenhauer não existe felicidade (no sentido filosófico, grego), um estado pleno do espírito, como se nada mais faltasse pro ser humano. 
Enquanto filósofos discutem caminhos para felicidade, Schopenhauer afirma que a vida é uma constante dor, pois a vida não tem nada de confortável. “Viver é sofrimento”. Para ele conhecimento é como percebemos. Exemplo: você e seu amigo vêem outra pessoa de formas diferentes, um acho bonito e outro acha feio. Pois nossa percepção é a representação do mundo para nós mesmos. Por isso existem discordâncias das coisas do mundo.
Sempre que nós agimos, para Schopenhauer, nós achamos que somos nós que estamos controlando as nossas ações. Mas existe algo que nos move, que faz a gente pensar e agir. Esse algo é a vontade. Ela é cega e irracional, que só quer, algo egoísta, por isso quando uma vontade não é satisfeita sentimos dor, frustração. Quantas vezes fazemos algo que nós não deveríamos fazer, mas fazemos pela vontade? Podemos fazer algo terríveis para nós mesmos, mas fazemos para saciar a vontade. Dará até o exemplo que o casamento é o martírio, apenas para nos reproduzir.
E para Schopenhauer, sempre ficaremos na busca da satisfação da vontade, mas essa satisfação sempre será passageira, então hora ou outra a infelicidade voltará. 
Então para fugir disso a solução é apresentada por Schopenhauer é: A arte e a compaixão, por exemplo. Pois precisamos nos livrar um pouco do querer. Liberdade, para ele, é aprender a sufocar a própria vontade, depender menos das coisas. Diferente de muitos filósofos que acreditam que liberdade é poder livremente satisfazer as vontades. A compaixão, nos ajuda a sofrer por outra pessoa. A arte, a música por exemplo, permitem acalmar esse espírito infantil da vontade, que só quer e quer.
Isso tudo vai influenciar muito Nietzsche, que irá discordar de muita coisa.
Um novo itinerário
Nietzsche ataca todos os pensadores que sustentam a necessidade de valores morais para o ser humano. Ele acredita que esse apego a valores morais é influenciado pela antiga tradição grega e a judaico-cristã. E os valores de tradições antigas não mais se justificam no mundo atual.
Mas sua principal crítica é ao vínculo que o ser humano desenvolveu aos valores morais que, segundo ele, derivam da aceitação de pressupostos metafísicos e religiosos. A filosofia durante o século XVIII e XIX era vista como fonte de conhecimento: da realidade que vivemos e além da realidade (metafísica). Nietzsche vai se tornar contra o pensamento metafísico, por considerar que é uma barreira do ser humano a vida, ao pensamento do homem. Criticando diretamente as teorias de Platão (que falava do mundo sensível e o mundo das ideias, o mundo perfeito não é na realidade, mas nas ideias). Ou seja, Nietzsche vai desprezar as crenças metafísicas. É a GENEALOGIA DA MORAL, a crítica à moral a partir do estudo da origem dos princípios morais que regem o Ocidente desde Sócrates.
Para ele o pensamento de Sócrates estimula a humildade e o conformismo, e também condena o orgulho, a confiança e a nobreza. Ele fará uma comparação a moral cristã com a moral antiga, a grega: Para os gregos, na sociedade aristocrática existia uma superioridade onde o mais forte e astuto era o “bom”. E o fraco, incapaz, era o “ruim”. Na moral de Sócrates e na cristã houveram uma inversão desses valores. Pois as pessoas que não conseguiram ser vistos como bons, pegaram o que era considerado ruim e colocaram como algo bom. Então: quem era fraco, incapaz, humilde, começa a ser considerado bom aqui na terra. E quem é forte, astuto, agressivo, começa ser considerado mau e ruim. Essa nova moral cria o bom e mau.
A moral para Nietzsche
Ele vai defender a fidelidade da vida humana aqui na terra. O indivíduo sempre deve dizer sim a vida, mesmo nos momentos mais difíceis. Pois para ele, os valores humanos herdados de sociedades antigas não servem mais, pois elas eram muito diferentes. Esses valores não podem ser admitidos como parâmetros para avaliar a conduta do ser humano de seu tempo. Ele pretende buscar um novo ponto de partida que viabilize novos valores como referência para nossas condutas. Mas para isso é necessário abandonar e enterrar os velhos valores. Postura que se recusa a aceitar valores importantes para reconhecer a natureza do homem, por exemplo. 
Se os valores filosófico-religiosos e também a fé no conhecimento científico são a camisa de força que torna o ser humano prisioneiro de sua própria consciência, Nietzsche propõe que os novos valores sejam criações propriamente humanas. Um ser humano criativo que se percebe como agente da história e não meramente reflexo desta. A não aceitação dos sistemas metafísicos-religiosos permite tornar o ser humano criador do seu próprio caminho.
Nietzsche discorda da metafísica porque ela deu legitimidade a uma moral superior, um mundo superior. A decadência da civilização ocidental começou com Sócrates e o cristianismo culminou, que provocou a “morte de Deus”, onde aconteceu a eliminação de todos os valores, um evento cósmico que todos nós somos responsáveis. Que nos libertou das cadeias do sobrenatural que nós mesmos criamos. 
Só que com a morte Deus nós ficamos sem ponto de referência, surgindo o Niilismo, uma consequência necessária. Em Nietzsche, o fim da metafísica representa a supressão da ideia de uma realidade superior ao mundo em que efetivamente vivemos, cujos valores orientariam as condutas humanas.
O além do homem
Em uma realidade não apoiada nas crenças metafísicas e num universo de valores, necessita-se da substituição do profeta, por uma figura que represente uma nova etapa da humanidade e que seja a personificação dos novos valores. Uma transformação de valores, valorizando mais a criatividade do que verdade. Inclusive para ele, a manutenção do bem estar e meio de auto realização dos indivíduos acontece pela ARTE.
A arte foi o primeiro objeto de atenção de Nietzsche. Evidenciando inclinação pelos trágicos consagrados da cultura grega, procura explicitar, mediante as figurasde Apolo e Dionísio, como elogio a vida. Desproporção e complexidade (na figura de Dionísio) e regra, o conceito, a medida (na figura de Apolo).
Nietzsche designa Dionísio como a representação da visão anticristã do mundo. Para ele, essa divindade representa o mais puro elogio à vida. A possibilidade de uma contradoutrina cristã, uma vez que tomada pela embriaguez que lhe é própria, essa postura ascenderia à alternativa que só os espíritos livres podem ter: a possibilidade de criar.
Seu contrário é representado por Apolo, que está diretamente vinculado ao poder da razão, a regra, o mundo organizado. A busca pelo dionisíaco se traduz como a alternativa de recolocar o ser humano em contato consigo mesmo. Mergulhando em sua própria existência, o ser humano assumiria seu compromisso com as coisas desta vida. Aceitaria que em seu próprio interior vivem duas forças que parecem distintas, mas viabilizam a plena natureza humana.

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