Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONSTITUCIONAL I V2 – AULA 4 REVISANDO Os direitos de primeira geração são os direitos que dizem respeito à liberdade pública (clássicas) e aos direitos políticos. A liberdade também estaria relacionada a uma atuação negativa do Estado. São exemplos os direitos constantes no art. 5º e os direitos políticos (arts. 14 a 16). Por isso, o direito de resistência e a liberdade formal seriam direitos de primeira geração, Já os direitos de segunda geração/dimensão contemplam os direitos sociais, econômicos e culturais. Fala-se, agora, em prestações positivas, na medida em que o Estado deveria intervir, deixando de lado a ideia de abstenção. Na CF atual, os direitos de 2ª geração/dimensão estão localizados, em larga medida, nos Direitos Sociais (arts. 6º a 11) e na Ordem Social (arts. 193 a 232). Por isso, o direito de greve é classificado como de segunda geração. Os direitos de terceira geração baseiam-se não mais na figura do indivíduo, e sim na coletividade. São por isso chamados de difusos, coletivos, meta ou transindividuais. Assim, o direito de comunicação, por pertencer a toda a coletividade de maneira geral faz parte dos direitos de terceira geração. IGUALDADE A igualdade se desdobra em formal e material. A primeira estaria centrada na ideia de tratar todos de maneira indistinta. Já a segunda é baseada no pensamento de Aristóteles, segundo o qual deveriam tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual, pois só assim haveria efetiva igualdade (ou equidade). É com base na igualdade material que se permite o estabelecimento das ações afirmativas, também chamadas de discriminações positivas ou reversas. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos • Princípio da Igualdade • STF entendeu que é inconstitucional a fixação de critério de desempate em concursos públicos que favoreça candidatos que já sejam servidores públicos de um determinado ente federativo. Nesse caso, podemos falar em violação aos princípios da isonomia, da impessoalidade, da proporcionalidade, sem contar na quebra do pacto federativo, ao permitir favorecimento de pessoas ligadas a um ente federativo em detrimento aos demais (STF, ADI n. 5.358). • É com base na igualdade material que se permite o estabelecimento das ações afirmativas, também chamadas de discriminações positivas ou reversas. É o caso das cotas em concursos públicos para deficientes e para pessoas negras e pardas. A ideia da cota é tornar menos difícil a tarefa daqueles que contaram com maior dificuldade imposta pela vida. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos • Princípio da Igualdade • O STF, entendeu que é era possível conciliar a igualdade material (cotas) com o princípio meritocrático, pois eram selecionados os melhores, de uma e de outra lista. Com isso, manteve-se a validade das cotas em universidades públicas (ADPF n. 186, STF). • Em 2021, o Congresso Nacional aprovou Projeto de Decreto Legislativo confirmando a adesão do Brasil à Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância. A internalização se completou em janeiro de 2022, com o Decreto Presidencial n. 10.932/2022. Com isso, as cotas raciais passaram a ser normas constitucionais, uma vez que o TIDH foi aprovado com status equivalente ao das ECs. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos • Princípio da Igualdade • O STF decidiu pela constitucionalidade do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015), que proibia a cobrança de valores extras e a recusa de vaga. Ou seja, não pode a instituição de ensino cobrar mensalidade mais cara de um aluno especial, ainda que justifique que ele demanda um professor a mais em sala de aula. escola não pode recusar a matrícula de alunos especiais, somente por conta de tal característica. Em seu voto, o relator da ação deixou claro que o respeito à pluralidade estava ligado ao princípio da igualdade, pois somente no convívio com a diferença e com o seu necessário acolhimento é que poderia haver a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, em que o bem de todos seja promovido sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (ADI n. 5.357, STF). Direitos e Deveres Individuais e Coletivos • Princípio da Igualdade • STF declarou a inconstitucionalidade da diferenciação de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do Código Civil (STF RE 646.721).). Princípio da Legalidade Art. 5º , II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; legalidade ampla, dirigida aos administrados. A amplitude se extrai da orientação segundo a qual os particulares podem fazer tudo aquilo que não seja proibido em lei. A legalidade administrativa (art.37 - “o administrador só poderia agir quando houvesse lei permitindo”. Tem-se adotado o no princípio da juridicidade em substituição à legalidade. Isso porque vários temas deixaram de ser tratados por meio de lei, editada pelo Poder Legislativo, passando ao Poder Executivo e suas agências reguladoras. Mais correto seria falar que o administrador deve agir de acordo com o ordenamento jurídico, não apenas com a lei. Tudo isso faz parte do movimento da deslegalização e agencificação, que ganhou força a partir da Emenda n. 19/1998. Princípio da legalidade – julgados importantes • AI n. 617.917, STF - exame psicotécnico previsto em lei; previsto no edital ;com critérios objetivos de correção; e que assegurar a possibilidade de recurso na via administrativa é válido e não pode ser questionado. • Art. 62,§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - relativa a: b) direito penal, processual penal e processual civil; não cabe MP em Direito Penal, nem mesmo se beneficiarem o réu. legalidade e reserva legal. • José Afonso da Silva aponta que o princípio da legalidade indica a submissão e o respeito à lei, ou a atuação dentro da esfera estabelecida pelo legislador. Oprincípio da reserva legal se exige que a regulamentação de determinadas matérias deve ser feita necessariamente por lei formal. RESERVA LEGAL A reserva legal se divide entre simples e qualificada: na simples, a CF não delimita o conteúdo da lei, não amarra a atuação do legislador. Na reserva legal qualificada há um cuidado maior, um direcionamento vindo do constituinte. Art. 5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; RESERVA LEGAL ABSOLUTA E RELATIVA RESERVA LEGAL ABSOLUTA RESERVA LEGAL RELATIVA Lei em sentido estrito Lei em sentido amplo Ex: Lei ordinária Ex: decreto Leis ordinárias e leis complementares • Para a doutrina e para o STF não há hierarquia entre elas; • Quando a Constituição quer LC ela “diz”. Ex: “na forma da lei complementar”, “nos termos da lei complementar”, “a lei complementar estabelecerá”. • Para a LO, a Constituição reserva todas as demais matérias. Ex: “na forma da lei”, “nos termos da lei” etc. Não se há na CF a expressão “lei ordinária”. • Para se editar uma lei ordinária, o quórum de aprovação é de maioria simples (art. 47), enquanto será de maioria absoluta para as leis complementares (art. 69). Leis ordinárias e leis complementares Pode uma Constituição Estadual exigir a edição de lei complementar para matérias nas quais a Constituição Federal só pedia lei ordinária? A Constituição do estado de Santa Catarina exigia a edição de lei complementar para o tratamento: (i) do regime jurídico único dos servidores estaduais e diretrizes para a elaboração de planos de carreira; (ii) da organização da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar e do regime jurídico de seus servidores; (iii) da organização dosistema estadual de educação; e (iv) do plebiscito e do referendo. Em nenhum desses casos a CF exigi lei complementar. Para o STF, se a CF não exigiu LC para aquele assunto, não pode a CE exigir. Basta lei ordinária (STF, ADI n. 5.003). VEDAÇÃO AO ANONIMATO Art. 5º ,IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; • jurisprudência entende pela validade de denúncias anônimas, tanto que legitima os disques denúncias. • Poderia ser autorizada a quebra do sigilo das comunicações telefônicas com base apenas em denúncia anônima? Na chamada Operação Castelo de Areia (2009 – Empresa Camargo Corrêa), o STJ anulou as provas que eram decorrentes de interceptação telefônica autorizada com base exclusivamente em denúncia anônima (HC n. 137.349, STJ). VEDAÇÃO AO ANONIMATO • a liberdade de expressão não admite o chamado hate speech, que em tradução livre significaria discurso de ódio. O STF entende que a incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão (STF, RHC n. 146.303). • Porta dos fundos – sátira envolvendo Jesus e Maria - atos estatais de quaisquer de suas esferas de Poder praticados sob o manto da moral e dos bons costumes ou do politicamente correto apenas servem para inflamar o sentimento de dissenso, de ódio ou de preconceito, afastando-se da aproximação e da convivência harmônica (STF, RCL n. 38.782) Liberdade de expressão • AP 1.044, STF – Caso Deputado Federal Daniel Silveira - o tribunal pontuou que a liberdade de expressão existe para a manifestação de opiniões contrárias, jocosas, satíricas e até mesmo errôneas. Porém, ela não protegeria opiniões criminosas, discurso de ódio ou atentados contra o Estado democrático de direito e a democracia. A imunidade parlamentar não pode ser usada como escudo para a prática de atividades ilícitas. Um dia após o julgamento do tribunal, o Presidente da República editou decreto concedendo graça (perdão individual) ao deputado. Estamos esperandoresposta que o tribunal dará aos questionamentos que foram levados a respeito da validade desse decreto.
Compartilhar