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MONOGRAFIA VERSÃO FINAL

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMANET 
POLO UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – SANTA INÊS 
CURSO: LICENCIATURA EM GEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
ERIVALDO PEREIRA RAMOS 
 
 
 
A URBANIZAÇÃO, OS ALAGAMENTOS E AS INUNDAÇÕES NA CIDADE DE 
SANTA INÊS - MA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Inês – MA 
2021
 
 
 
ERIVALDO PEREIRA RAMOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A URBANIZAÇÃO, OS ALAGAMENTOS E AS INUNDAÇÕES NA CIDADE DE 
SANTA INÊS - MA 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao curso de Graduação Licenciatura em 
Geografia da Universidade Estadual do 
Maranhão, como requisito parcial para obtenção 
do título de Licenciatura em Geografia. 
 
Orientador: Prof.º. Me. Igor Breno Barbosa de 
Sousa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Inês – MA 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ramos, Erivaldo Pereira 
 
A urbanização, os alagamentos e as inundações na cidade de Santa Inês 
- Ma. / Erivaldo Pereira Ramos. – Santa Inês, 2021. 
 
57 f. 
 
Orientador: Prof.Me. Igor Breno Barbosa de Sousa 
 
Monografia (Graduação) – Curso de Geografia, Universidade Estadual do 
Maranhão, Núcleo de Tecnologia para Educação, 2021. 
 
1.Alagamentos. 2.Inundações. 3.Santa Inês. 4.Urbanização. 
I.Título. 
 
CDU: 911.3 
 
 
 
ERIVALDO PEREIRA RAMOS 
 
 
A URBANIZAÇÃO, OS ALAGAMENTOS E AS INUNDAÇÕES NA CIDADE DE 
SANTA INÊS - MA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao curso de Graduação Licenciatura em 
Geografia da Universidade Estadual do 
Maranhão, como requisito parcial para obtenção 
do título de Licenciatura em Geografia. 
 
Orientador: Prof.º. Me. Igor Breno Barbosa de 
Sousa. 
 
 
 
Aprovado (a) em: 23/07/2021. 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_______________________________________________ 
Prof. Me. Igor Breno Barbosa de Sousa 
Universidade Estadual do Maranhão 
 
_______________________________________________ 
Prof.ª. Me. Jucélia Maria Rocha Oliveira 
Universidade Estadual do Maranhão 
 
_______________________________________________ 
Prof.ª. Me. Jéssica Neves Mendes 
Universidade Estadual do Maranhão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, por me proporcionar essa grande 
conquista. 
Ao meu pai in memoriam Amilton Lopes 
Ramos, a minha mãe e familiares que sempre 
acreditaram em mim. 
A minha esposa Andreia Rodrigues e a minha filha 
Izys Vallentina pela paciência, incentivo e apoio 
em todos os momentos. 
E aos colegas de turma pela parceria durante esses 
04 anos. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, que me proporcionou esta oportunidade em vivenciar esta grandiosa 
experiência neste curso. 
A instituição UEMA, e ao Polo UAB de Santa Inês, não só por me proporcionar 
essa oportunidade, mas pela sua importância na formação, não só de profissionais, 
mas pela formação de cidadãos, papel este que está conceituada Universidade tem 
desenvolvido com presteza. 
A minha família que sempre esteve me estimulando não deixando desanimar 
nesta empreitada. 
A todos que em algum momento se fizeram importantes e presentes nesta 
trajetória. 
Em especial aos tutores e ao orientador Igor Breno, que desde o primeiro 
momento acreditaram neste trabalho, sempre generosos e gentis no auxílio desta 
atividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Neste trabalho foi desenvolvido um estudo cujo objetivo principal foi analisar os 
impactos oriundos da urbanização, alagamentos e inundações na cidade de Santa 
Inês – MA, pois esses eventos naturais tem sido intensificados, em sua maioria em 
áreas urbana, fruto das alterações antrópicas juntamente com os altos níveis de 
precipitação das chuvas. Este estudo visou primariamente fazer uma abordagem 
bibliográfica acerca da temática no intuito de se referenciar com embasamento teórico 
cientifico acerca do problema objeto de estudo deste trabalho, visto que o processo 
de desenvolvimento urbano demográfico tem uma crescente, associada ao aumento 
dos níveis de impactos ambientais, sociais, econômicos, políticos entre outros. Além 
da abordagem bibliográfica foi realizada uma pesquisa de campo no intuito de se obter 
dados que vislumbrem as causas e consequências da urbanização, alagamentos e 
inundações no referido município. No decorrer do desenvolvimento da pesquisa foi 
constatado que as variantes causadoras dos alagamentos e ou inundações vai muito 
além dos altos índices e intensidade das chuvas, fatores como nível de precipitação, 
a grande extensão dos canais de escoamento fluvial, um número de interseções no 
canal principal elevado, a alteração, obstrução e redução da capacidade de 
escoamento dos canais devido a urbanização desordenada, a topografia do relevo 
local, a ineficiência do sistema de drenagem existente, o descarte irregular dos 
resíduos sólidos, o alto nível de impermeabilização do núcleo urbano, da falta de uma 
política de desenvolvimento urbano sustentável, da ausência de planejamento e 
controle do uso do solo no núcleo urbano por parte do poder público, além da falta de 
consciência da população sobre as suas ações no meio em que vive. Foi observado 
ainda os aspectos acerca dos parâmetros legais acerca da urbanização a nível 
nacional e regional, além da degradação socioambiental, assim como as 
características de uso e ocupação do solo e as características e aspectos do sistema 
de drenagem existente. 
 
Palavras-Chave: Alagamentos. Inundações. Santa Inês. Urbanização. 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
In this work, a study was developed whose main objective was to analyze the impacts 
arising from urbanization, flooding and flooding in the city of Santa Inês - MA, as these 
natural events have been intensified, mostly in urban areas, as a result of 
anthropogenic changes along with the high levels of rainfall. This study aimed primarily 
at making a bibliographical approach on the subject in order to reference with a 
scientific theoretical basis about the problem object of study of this work, since the 
process of demographic urban development has a growing, associated with the 
increase in the levels of environmental impacts, social, economic, political, among 
others. In addition to the bibliographical approach, a field research was carried out in 
order to obtain data that glimpse the causes and consequences of urbanization, 
flooding and flooding in that municipality. During the development of the research, it 
was found that the variants causing flooding and/or inundations go far beyond the high 
rates and intensity of rainfall, factors such as the level of precipitation, the large 
extension of river flow channels, a number of intersections in the main channel high, 
the alteration, obstruction and reduction of the flow capacity of the channels due to 
disorderly urbanization, the topography of the local relief, the inefficiency of the existing 
drainage system, the irregular disposal of solid waste, the high level of waterproofing 
of the urban core, the lack of a sustainable urban development policy, lack of planning 
and control of land use in the urban core by the government, in addition to the 
population's lack of awareness about their actions in the environment in which they 
live. Aspects about the legal parameters about urbanization at national and regional 
level were also observed, in addition to socio-environmental degradation, as well as 
the characteristics of land use and occupation and the characteristics and aspects of 
the existing drainage system. 
 
Keywords: Flooding. Floods. Santa Inês. Urbanization. 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Classificação do aumento do nível das águas em um canal. ............ 17 
Figura 2 – Ciclo de impactos da Urbanização desordenada. .............................. 25 
Figura 3 - Construções sobreos canais de escoamento e o descarte irregular 
de resíduos sólidos. .............................................................................................. 39 
Figura 4 - Rua inundada devido às fortes chuvas e a falta de um sistema de 
drenagem e escoamento das águas. .................................................................... 39 
Figura 5 – Avenida Muniz, no Bairro do Céu inundada após fortes chuvas ...... 44 
Figura 6 – Construções irregulares as margens e sobre os leitos dos canais de 
escoamento ............................................................................................................ 46 
Figura 7 – Sistema de drenagem fluvial do centro comercial da cidade de Santa 
Inês ......................................................................................................................... 47 
Figura 8 - Rua do Comercio Alagada .................................................................... 48 
Figura 9 – Canais Obstruído, poluídos e assoreados ......................................... 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE MAPAS 
 
Mapa 1 – Mapa do Núcleo Urbano de Santa Inês – MA ....................................... 13 
Mapa 2 – Mapa da Cidade de Santa Inês – MA ..................................................... 28 
Mapa 3 – Ocupação do Solo Urbano da Cidade de Santa Inês – MA ................. 33 
Mapa 4 – Canais de Escoamento .......................................................................... 45 
Mapa 5 – Pontos de Inundações e/ou Alagamentos ............................................ 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10 
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 15 
1.2. Conceitos: alagamentos, inundações e enchentes ................................ 15 
1.2.1 Alagamentos ....................................................................................... 15 
1.2.2. Inundações.......................................................................................... 16 
1.2.2.1. Inundações Graduais ......................................................................... 18 
1.2.2.2. Inundações Bruscas ........................................................................... 18 
1.2.3. Enchentes ........................................................................................... 19 
1.3. O processo de Urbanização Brasileira .................................................... 20 
1.3.1. Consequências do Crescimento Urbano desordenado ...................... 23 
1.3.2. Degradação Socioambiental decorrente da Urbanização ................... 26 
2 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................... 28 
2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.................................................. 28 
2.2.1. Breve Histórico ...................................................................................... 29 
2.2.2. Plano diretor x realidade da urbanização da cidade de Santa Inês ... 32 
2.3. Características do uso e ocupação do solo no núcleo urbano da cidade 
de Santa Inês....................................................................................................... 35 
2.4. Drenagem fluvial da cidade de Santa Inês .............................................. 41 
2.5. Situação diagnostica dos impactos da urbanização, alagamentos e 
inundações na área de estudo ........................................................................... 42 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 52 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 54 
 
 
 
 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
A análise dos cenários urbanos das cidades Brasileiras consegue revelar a 
forma desordenada de como ocorre o desenvolvimento dos municípios, norteados 
pela falta de planejamento e principalmente pela ausência de políticas públicas que 
visem a expansão dos centros urbanos de forma ordenada, organizada e 
politicamente planejada pensando no bem estar da população. Desse modo, esses 
fatores impactam, não somente na qualidade de vida, mas na saúde, economia, 
segurança, além dos altos níveis de impactos ambientais, fruto da ação do ser humano 
para com o meio em que vive. 
De acordo com Mello (2002), o crescimento do município se estabelece 
paralelo a um processo crescente de degradação ambiental, onde são praticadas 
constantemente agressões contra a boa climatização, a correta drenagem, as áreas 
verdes, os cursos hídricos e a topografia original. Fatos como estes reforçam ainda 
mais a necessidade da realização de estudos de impacto ambiental, visando 
estabelecer estratégias que auxiliem na criação de instrumentos que possibilitem uma 
gestão integrada das áreas ambiental, social e econômica, de forma que se obtenha 
ganhos significativos tanto em questões ambientais quanto na qualidade de vida da 
população destes centros urbanos. 
A ocorrência de enchentes, alagamentos e inundações em áreas urbanas pode 
ser simplesmente explicada pelo agravamento do escoamento superficial natural das 
águas, devido aos grandes níveis de precipitação sendo esse um fator natural, assim 
como devido a urbanização desordenada fruto da ação humana sobre o meio em que 
vive. O acúmulo momentâneo de água pode ser definido em três aspectos principais 
sendo eles: alagamentos, inundações e enchentes. Alagamentos podem ser 
caracterizados como a extrapolação da capacidade de escoamento de sistemas de 
drenagem urbana e consequente acúmulo de água em ruas, calçadas ou outras 
infraestruturas urbanas, em decorrência de precipitações intensas. Inundações são 
caracterizadas pelo o extravasamento das águas sobre a cota do canal de drenagem, 
que acaba por atingir a planície de inundação. E as enchentes são fenômenos naturais 
no qual os cursos d’água são ocupados em seu leito maior, em decorrência de 
períodos de fortes precipitações atmosféricas e agravados principalmente pela 
intervenção do ser humano. 
 
11 
 
Na cidade de Santa Inês, um dos principais acontecimentos decorrentes das 
chuvas intensas e do crescimento desordenado da cidade, que tem seus canais de 
escoamento obstruídos pelo descarte irregular de lixo e construções as margens dos 
canais, trata-se dos alagamentos e inundações em áreas urbanas. Estes que agravam 
a fluidez natural do escoamento superficial das águas, uma vez que sofrem alterações 
substanciais, em decorrência do crescimento da urbanização sem planejamento e a 
consequente impermeabilização da superfície urbana. 
Diante deste e de tantos outros fatos é que o desenvolvimento de trabalhos 
como este torna-se extremante importantes, e pelo fato de envolver a qualidade de 
vida das pessoas, e a sociedade como um todo além da busca por melhorias para o 
meio ambiente. Diante disso, a pesquisa parte do seguinte problema: quais os efeitos 
da urbanização desordenada para as ocorrências de alagamentos e ou inundações, 
no núcleo urbano de Santa Inês? 
Assim, neste trabalho será abordado a problematização acerca da urbanização 
desordenada, os alagamentos e inundações na cidade de Santa Inês - MA, visto que 
a cidade vem em um crescimento constante de forma espontânea, no entanto sem 
planejamento e, ou diretrizes de bases legais urbanísticas previamente planejadas, 
criando assim diversas situações onde há confronto entre a natureza em seu estado 
natural e a ação do homem sobre o meio em que vive. 
O trabalho tem como objetivo geral, analisar os efeitos da urbanização 
desordenada nos alagamentos e inundações que ocorrem no núcleo urbano de Santa 
Inês. E objetivos específicos: compreender o processo de urbanização do núcleoda 
cidade de Santa Inês; analisar o sistema de drenagem existente e identificar os efeitos 
da urbanização desordenada no núcleo urbano de Santa Inês. 
A pesquisa científica, conforme Costa (2018, p. 39), é “um processo em 
contínua evolução e demanda uma metodologia que é o estudo sistemático e lógico 
dos métodos empregados nas ciências, seus fundamentos, sua validade e sua relação 
com as teorias científicas”. É um processo de teste das teorias existentes através de 
métodos teóricos e práticos que vão pôr a prova aquilo que se quer estudar. 
Este trabalho foi desenvolvido a partir do método hipotético-dedutivo, método 
esse que tem seu início a partir de um problema ou uma lacuna no conhecimento 
cientifico, que vai desde a formulação de hipóteses, permeando a indução dedutiva, 
que visa testar a ocorrência de fenômenos que estão intrinsecamente interligados a 
 
12 
 
referida hipótese. O referido método foi proposto por Karl Popper, Gil (2008) aborda 
em seu livro que o método segue a seguinte linha de raciocínio: 
 
[...] quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são 
insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para 
tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas 
conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se 
consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa 
tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no 
método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método 
hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para 
derrubá-la. (GIL, 2008, p. 12). 
 
Na prática, a pesquisa, utilizando o método hipotético-dedutivo, tem seu início 
na formulação de um problema, de forma que se tenha a descrição clara e objetiva, e 
se obtenha um modelo simplificado de pesquisa através de instrumentos eficientes na 
realização do trabalho. Na fase de observação o pesquisador realiza testes, onde é 
observado um determinado aspecto do universo da pesquisa. Em seguida é feito a 
formulação das hipóteses que poderão ser comprovadas ou não, por meio dos testes. 
A fase inicial da pesquisa foi constituída pela busca de materiais bibliográficos 
pertinentes ao tema. As leituras são oriundas de teses, dissertações, monografias, 
livros e artigos científicos de periódicos. Tendo base em uma análise e investigação 
de uma situação real da cidade de Santa Inês – MA. Sendo as pesquisas bibliográfica, 
documental, hipotético dedutiva e pesquisa de campo o ponto principal para a 
realização deste estudo. 
De acordo com Bonotto, Scheller e Kripka (2015, p. 58), “a pesquisa 
bibliográfica e documental coletam dados através de documentos já existentes no 
âmbito científico-acadêmico, objetivando a extração de informações e buscando a 
compreensão de um determinado fenômeno”. 
Basicamente a pesquisa aconteceu em duas fases sendo a primeira o 
levantamento de dados bibliográficos disponibilizados por instituições como (IBGE) 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Livros e trabalhos científicos acerca do 
tema, esse procedimento levantou dados secundários que subsidiaram a segunda 
fase da pesquisa. 
Na segunda fase, a pesquisa de campo, que para Lakatos e Marconi (2012), 
pesquisa de campo é aquela que “está voltada para o estudo de indivíduos, grupos, 
comunidades, instituições e outros campos, visando a compreensão de vários 
 
13 
 
aspectos da sociedade”, podendo ser feita com a aplicação de questionários, 
entrevistas e observação. 
Neste trabalho a pesquisa de campo objetivou observar os fenômenos em sua 
realidade, presenciando o ocorrido e coletando seus dados para posterior análise e 
interpretação, fundamentando-se em teorias existentes em documentos prévios, 
sempre em busca da compreensão e explicação do problema estudado. 
Foi realizada uma observação da área de estudo (Mapa 1), que são os canais 
de escoamento dos efluentes domésticos e fluviais da cidade, cujo seu ponto inicial é 
no centro da cidade até o seu local de desague que é no lago (Palmora), regiões 
fortemente afetadas por alagamentos e inundações, com o intuito de mensurar os 
acontecimentos e os problemas causados por estes fenômenos. 
 
Mapa 1 – Mapa do Núcleo Urbano de Santa Inês – MA 
 
Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2021). 
 
A área de estudo desta pesquisa é constituída basicamente por toda a extensão 
dos canais de escoamento, que vai desde o centro da cidade (área comercial), e de 
 
14 
 
classe média alta até os bairros de periferia por onde passam os canais de 
escoamento, áreas essas de grande vulnerabilidade social, ambas regiões 
urbanizadas por classes sociais diferentes, no entanto atingidas pelo mesmo 
problema alagamentos e inundações. 
Após a coleta de dados, os mesmos foram analisados e interpretados visando 
a verificação da problemática, buscando encontrar possíveis possibilidades de 
resolução e/ou amenização dos possíveis problemas e ou melhorias dos pontos 
positivos. 
Este trabalho foi divido em duas seções principais no primeiro capitulo foi 
trabalhada toda a parte de fundamentação teórica acerca da temática alagamentos, 
inundações, urbanização tanto a nível nacional quanto regional, foi abordado ainda as 
consequências do avolumado crescimento urbano brasileiro e suas consequências 
tanto nas questões socioeconômicas, quanto ambientais. 
Na seção secundaria, foi abordado os resultados e discussões com uma breve 
abordagem da caracterização da área de estudo, o histórico da fundação da cidade 
objeto de estudo neste trabalho, foi feito ainda uma abordagem acerca das questões 
especificas acerca da temática do trabalho como, plano diretor, urbanização da 
cidade, as características de uso e ocupação do solo, drenagem fluvial e a 
contextualização com a situação diagnostica obtida através dos resultados da 
pesquisa de campo, com a análise dos impactos da urbanização, alagamentos e 
inundações na cidade de Santa Inês. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
Na base teórica desta pesquisa é importante esclarecer alguns conceitos que 
se assemelham, de forma que fique claro o seu real significado como o conceito de 
alagamentos, inundações e enchentes. 
Os conceitos dos referidos termos naturalmente são confundidos por tratarem 
de impactos ocasionados pela água, impactos esses que podem ou não ser de origem 
natural. 
 
1.2. Conceitos: alagamentos, inundações e enchentes 
 
1.2.1 Alagamentos 
 
Os alagamentos ocorrem geralmente em áreas planas, ou com depressões 
acentuadas e fundos de vales, devido ao comprometimento do escoamento superficial 
que é agravado pela topografia atrelada a insuficiência ou inexistência de um sistema 
de escoamento pluvial urbano. Braga (2016), Ressalta que: 
 
A COBRADE (Codificação e classificação Brasileira de Desastres), por sua 
vez, classifica alagamentos como a extrapolação da capacidade de 
escoamento de sistemas de drenagem urbana e consequente acúmulo de 
água em ruas, calçadas ou outras infraestruturas urbanas, em decorrência de 
precipitações intensas. (BRAGA, 2016, p. 06). 
 
Os alagamentos ocorrem geralmente em áreas distantes dos rios e mares, com 
suas principais ocorrências sendo registradas em áreas urbanas e em terenos de 
baixa declividade. Tucci e Bertoni (2003), destacam que muitos dos alagamentos 
ocorridos em áreas urbanas tem suas incidências, motivadas não ao 
dimensionamento inadequado dos condutos hidráulicos (Canais de escoamento), mas 
sim pela obstrução destes por detritos sólidos descartados inadequadamente pela 
população, geralmente em vias públicas. 
No perímetro urbano, onde a incidência de impermeabilização do solo, de 
poucas áreas verdes e consequentemente menor infiltração de água no solo, esses 
são os principais fatores que agravam ainda mais a recorrência de alagamentos. De 
acordo com Castro (2003, apud CAPRARIO,2017). 
 
 
16 
 
[...} os principais fatores que desencadeiam essa redução de infiltração são: 
compactação e impermeabilização do solo, pavimentação de ruas e 
construção de calçadas, construção adensada de edificações, desmatamento 
de encostas e assoreamento de rios, acumulação de detritos em galerias 
pluviais, canais de drenagem e cursos d’água, e insuficiência da rede de 
galerias pluviais. CASTRO (2003, apud CAPRARIO, 2017, p. 34). 
 
As enchentes, alagamentos e inundações são frutos de uma combinação de 
fatores tanto de origem natural quanto antrópica. Segundo Caprario (2017), dentre os 
fatores de origem natural pode se destacar: a forma de relevo, rede de drenagem, 
intensidade, quantidade, distribuição e frequência das chuvas, características do solo, 
teor de umidade e presença ou não de cobertura vegetal. 
Já quando se trata de condicionantes oriundos da ação do homem, ou seja, de 
origem antrópica Caprario (2017), destaca que: 
 
[...] uso e ocupação irregular nas planícies e margens de cursos d’água; 
disposição irregular de lixo nas proximidades dos cursos d’água; alterações 
nas características da bacia hidrográfica e nos cursos d’água, e intenso 
processo de erosão dos solos e assoreamento dos cursos d’água. 
(CAPRARIO, 2017, p. 35). 
 
Muito se tem destacado os fatores antrópicos, mas é importante destacar que 
o aumento das precipitações intensas que são fatores naturais agrava e muito esses 
acontecimentos, assim como a ocupação de planícies de inundação, esses são 
fatores primordiais para a ocorrência do referido evento climatológico. 
 
1.2.2. Inundações 
 
O conceito de inundação, é o mais utilizado quando se refere a eventos em 
áreas urbanas. Assim, Braga (2016), diz que: 
 
[...] a ocorrência de inundações em centros urbanos é tão antiga quanto às 
cidades ou qualquer aglomerado urbano. A inundação ocorre quando as 
águas dos rios, riachos, galerias pluviais saem do leito de escoamento devido 
à falta de capacidade de transporte de um destes sistemas e ocupa áreas 
onde a população utiliza para moradia, transporte, recreação, comércio, 
indústria, entre outros. (BRAGA, 2016, p. 05). 
 
Acontecimentos como estes citados pelo autor podem ser ocasionados tanto 
pela ação natural, como pelos efeitos da ação do ser humano sobre o meio em que 
vive, através dos impactos decorrentes da urbanização, sendo eles a 
impermeabilização do solo, canalização dos córregos e canais de escoamento das 
águas. 
 
17 
 
Os termos recorrentemente utilizados como binôminos enchentes e inundações 
não devem ser utilizados desta forma, e sim usados com diferenciação, para 
Kobiyama et. al. (2006), os referidos termos se diferem entre si quanto a 
fenomenologia, de acordo com o autor, a enchente é caracterizada basicamente pelo 
aumento do nível d’agua no canal de drenagem, sem a ocorrência do 
transbordamento das águas a áreas próximas, ou seja, ficando dentro da cota máxima 
do canal. Já no evento inundação há o extravasamento das águas sobre a cota do 
canal de drenagem, que acaba por atingir a planície de inundação, como pode ser 
visto na Figura 1, abaixo, que visa demonstrar da forma explicativa a evolução do 
aumento do nível das águas do leito do canal. 
 
Figura 1 - Classificação do aumento do nível das águas em um canal. 
Fonte: Kobiyama et at. (2006). 
 
Como demonstrado na imagem acima o fenômeno de elevação das águas faz 
parte do ciclo normal da natureza, no entanto tem se agravado principalmente devido 
a ação do homem sobre o meio ambiente, que causa impactos tanto ao meio ambiente 
quando a vida social das pessoas que vivem em áreas vulneráveis a enchentes, 
alagamentos e inundações. 
As áreas suscetíveis a ocorrência dos fenômenos até aqui estudados neste 
trabalho, podem ser caracterizadas de acordo com a análise de Galvão (2014), como 
áreas com as características de: 
 
[...] terrenos marginais a cursos d’água ocupados por núcleos habitacionais 
precários sujeitos ao impacto direto desses fenômenos. As pessoas que 
habitam essas áreas estão sujeitas a danos na integridade física, perdas 
materiais e patrimoniais, e em alguns casos a perda humana. (GALVÃO, 
2014, p. 31). 
 
 
18 
 
As inundações popularmente conhecidas como enxurrada, ocorrem devido às 
chuvas intensas e concentradas principalmente em microrregiões de relevo 
acidentado, ou levemente inclinado, associado a outros fatores. 
As inundações podem ser classificadas quanto a três tipos, sendo as 
inundações costeiras, graduais e bruscas. A primeira está intrinsecamente 
relacionada a um local especifico, no caso a zona costeira, e as demais ligadas a 
velocidade do próprio fenômeno, podendo ocorrer em quaisquer locais. Sendo essa a 
abordagem mais específica nesta seção do trabalho. 
 
1.2.2.1. Inundações Graduais 
 
As inundações graduais, como a própria nomenclatura já diz, são as 
inundações que ocorrem gradualmente, onde o nível das águas e consequentemente 
o transbordamento vai ocorrendo lentamente. De acordo com Castro (1996), as águas 
elevam-se de forma paulatina e previsível, mantém-se em situação de cheia durante 
algum tempo e, a seguir, escoam-se gradualmente. Normalmente, as inundações 
graduais são cíclicas e nitidamente sazonais. 
Apesar de cíclicas e sazonais, existem exceções da sazonalidade das 
inundações graduais, pois fatores climáticos como El Nino e as grandes, intensas e 
constantes precipitações de chuva podem alterar esse ciclo. Tucci e Bertoni (2003) 
define inundação gradual quando há as seguintes características, quando a 
precipitação é intensa e o solo não tem capacidade de infiltrar, grande parte do volume 
escoa para o sistema de drenagem, superando sua capacidade natural de 
escoamento. 
Nos visão dos autores é possível observar que algumas características são 
comuns, pois elas ocorrem nas áreas as margens de canais de escoamento fluvial, e 
por um determinado período, o excesso de volume que não consegue ser drenado 
ocupa a várzea inundando de acordo com a topografia das áreas próximas aos rios. 
 
1.2.2.2. Inundações Bruscas 
 
As inundações Bruscas são caracterizadas pela velocidade em que ocorrem, 
pois são repentinas, totalmente diferente das graduais. Como a própria nomenclatura 
 
19 
 
diz, elas ocorrem bruscamente, ou seja, próximo ao momento da ocorrência do evento 
que as causam e são conhecidas popularmente como enxurradas. 
Por serem eventos que ocorrem bruscamente, atingem fácil e rapidamente as 
áreas susceptíveis a ela de surpresa, não permitindo assim que a população destas 
áreas possa tentar qualquer reação no intuito de se protegerem, assim como seus 
bens. Kobiyama e Goerl (2005), aponta que: inundações bruscas geralmente ocorrem 
em pequenas áreas, passado apenas algumas horas (as vezes minutos), e elas tem 
um inacreditável potencial de destruição. Elas são produzidas por intensas chuvas 
sobre uma pequena área. 
Kobiyama e Goerl (2005), cometam que as inundações bruscas estão 
associadas a vários fatores que implicam diretamente na sua ocorrência pois: 
 
[...] as inundações bruscas não estão associadas apenas ao rápido fluxo de 
água em terrenos íngremes, mas também com inundações de áreas planas. 
Por causa da intensa urbanização ocorrida principalmente nas últimas 
décadas, cidades de médio e grande porte, independente da declividade, vêm 
possuindo locais de ocorrências de inundações com maior velocidade. 
(KOBIYAMA e GOERL, 2005, p. 06). 
 
A realização de uma distinção entre inundações bruscas e graduais, se faz 
necessária pois cada localidade dispõe de uma determinada resposta hidrológica, 
visto que de acordo com a quantidade de chuva, assim como as condições da área 
onde ocorre o evento o tempo deste pode variar, não podendo haver uma 
diferenciação de um tipo de inundação para o outro por um tempo determinado de 
duração do evento climatológico para os diferenciar. 
 
1.2.3. EnchentesAs enchentes são fenômenos naturais no qual os cursos d’água são ocupados 
em seu leito maior, em decorrência de períodos de fortes precipitações atmosféricas 
e agravados principalmente pela intervenção do ser humano. Por isso, existem duas 
principais classificações para enchentes sendo elas pela urbanização e enchentes em 
áreas ribeirinhas, assim Tucci (1999), destaca: 
 
Enchentes em áreas ribeirinhas: os rios geralmente possuem dois leitos, o 
leito menor onde a água escoa na maioria do tempo e o leito maior, que é 
inundado em média a cada 2 anos. O impacto devido a inundação ocorre 
quando a população ocupa o leito maior do rio, ficando sujeita a inundação. 
 
20 
 
Enchentes devido à urbanização: as enchentes aumentam a sua frequência 
e magnitude devido a ocupação do solo com superfícies impermeáveis e rede 
de condutos de escoamentos. O desenvolvimento urbano pode também 
produzir obstruções ao escoamento como aterros e pontes, drenagens 
inadequadas e obstruções ao escoamento junto a condutos e assoreamento. 
(TUCCI, 1999, p. 01 - 02). 
 
Os dois tipos de enchentes ocorrem e causam uma série de danos provocados 
pela população principalmente devido à ocupação inadequada do espaço urbano, 
evento este ocasionado por diversos fatores que serão explanados neste trabalho 
mais a frente e com uma maior riqueza de detalhes. 
Após a conceituação dos principais termos objeto de estudo deste trabalho é 
importante ainda destacar de forma simplificada que o pensamento dos autores sobre 
o referido tema, define muito bem o conceito de cada ocorrência na visão de diferentes 
estudiosos, neste trabalho serão utilizadas as referências acerca de alagamentos e 
inundações, que de acordo com Galvão (2014). 
 
As inundações são fenômenos naturais que ocorrem nos cursos d'águas, 
principalmente deflagrados por uma combinação de chuvas fortes e rápidas 
ou chuvas de longa duração, onde há deficiência dos canais de drenagem 
em escoar todo esse volume de água, propiciando o transbordamento das 
águas. (GALVÃO, 2014, p. 28-29). 
 
Visto que são os conceitos considerados mais adequados ao tipo de evento 
estudado nesta pesquisa, pois são eventos ocasionados no meio urbano, em 
decorrência de intensas precipitações de chuvas, o autor ressalta ainda que, os 
alagamentos, que em sua maioria, estão relacionados com o aumento momentâneo 
das águas em uma dada porção urbana, decorrente de problemas na micro drenagem, 
ou seja, na rede pluvial das áreas urbanas. 
O uso dos termos alagamentos e inundações neste trabalho se deu, devido a 
um estudo acerca dos conceitos de cada palavra, sendo os referidos termos utilizados 
nesta pesquisa, pois são os que mais se enquadram na realidade do universo 
estudado, além de ser um fator recorrentemente presenciado nos centros urbanos 
brasileiros e que impactam seriamente na vida das pessoas moradoras das áreas 
atingidas pelos referidos fenômenos sejam em pequenas ou grandes proporções 
devido a sua natureza e os fatores antrópicos que há originam, principalmente 
causados pelo processo de urbanização, que será estudado na unidade seguinte. 
 
1.3. O processo de Urbanização Brasileira 
 
21 
 
 
A ocupação urbana no Brasil tem seus principais e mais marcantes registros 
após a revolução industrial, devido à falta de perspectivas de trabalho na zona rural, 
o que levou os trabalhadores a iniciar uma migração massiva principalmente para as 
grandes cidades na busca por empregos e consequentemente melhores condições 
de vida. 
A urbanização é um fenômeno que ainda está em progresso não só nas 
pequenas cidades do Brasil, mas em todo o mundo, e é importante ressaltar como se 
deu este processo. Para Santos (1993, p.23), “a urbanização teve seu início a partir 
do século XVIII, com o deslocamento da população, denominada por ele, de elite rural, 
para as cidades”. A busca por melhorias pelas classes menos favorecidas traz um 
grande contingente de pessoas para os centros urbanos, que consequentemente 
alavanca consideravelmente a urbanização que raramente vêm acompanhada da 
infraestrutura necessária. 
O processo de urbanização Brasileira segundo Pacheco e Santos (2013), teve 
como fator principal o crescimento econômico das cidades polos, principalmente as 
capitais, que inicialmente eram apenas aglomerados, que foram atraindo ainda mais 
pessoas, em 1872 no início dos primeiros registros do crescimento da urbanização no 
Brasil apenas três cidades tinham mais de 100 mil habitantes, que eram as capitas: 
Rio de Janeiro, Salvador e Recife. 
Segundo Villaça (1999, apud COLET, 2012, p. 07), “o Brasil passou por três 
períodos principais, sendo o primeiro entre 1875 a 1930, que tem como marco 
principal os planos de embelezamento”. O segundo marco foi compreendido de 1930 
a 1990, período marcado pelo planejamento com padrões e parâmetros técnicos que 
visavam solucionar os problemas urbanos. O terceiro período compreendido de 1990 
até os dias atuais que é conhecido como pós reforma urbana, ou reação a etapa 
anterior. 
As etapas da urbanização brasileira demonstram um longo período de mais de 
150 anos, no entanto quando se observa os números, é a partir de 1960, onde 
segundo Rolnik (2000), a população brasileira urbana representava 44,7% da 
população total, enquanto 55,3% da população residia em áreas rurais, Dez anos 
depois os números se inverteram em 1976 a população urbana passou a ser 55,9% e 
rural 44,1%. Em 1996 o percentual da população Brasileira que vivia em áreas 
 
22 
 
urbanas era de 78,4%, quando se observa os números absolutos é possível ver o 
quão grande foi o crescimento populacional do país que no período de 1960 a 1996, 
em um curto espaço de tempo de 36 anos a população urbana aumentou de 31 
milhões para 123 milhões. Crescimento esse que atrelado à problemas econômicos, 
sociais, estruturais entre outros, deixou de ser um sinônimo de desenvolvimento e 
progresso, e passou a retratar as injustiças e desigualdades da sociedade com muito 
mais frequência. 
No final do século XX, com a consolidação da urbanização Brasileira, surge 
uma segregação dentro da área urbana, que são as áreas centrais e periféricas, 
setores da sociedade com diferenças discrepantes, diferenças essas conhecidas nas 
cidades grandes como São Paulo, Rio de Janeiro entre outras, como a divisão entre 
morro e asfalto, se retratando as áreas da elite e bairros periféricos dos grandes 
centros urbanos. Rolnik (2000), cita em seu trabalho que: 
 
[...] Essa situação de exclusão é muito mais do que a expressão da 
desigualdade de renda e das desigualdades sociais: ela é agente de 
reprodução dessa desigualdade. Em uma cidade dividida entre a porção 
legal, rica e com infraestrutura e a ilegal, pobre e precária, a população que 
está em situação desfavorável acaba tendo muito pouco acesso a 
oportunidades de trabalho, cultura ou lazer. Simetricamente, as 
oportunidades de crescimento circulam nos meios daqueles que já vivem 
melhor, pois a sobreposição das diversas dimensões da exclusão incidindo 
sobre a mesma população fazem com que a permeabilidade entre as duas 
partes seja cada vez menor. Do ponto de vista espacial, essa progressiva 
separação entre as partes ricas e pobres da cidade potencializa ainda mais 
as tensões, à medida que os pontos de interface social vão sendo cada vez 
mais mediados por aparatos de controle e segurança, fragmentando e 
cerceando ainda mais o espaço urbano. (ROLNIK, 2000, p. 02 - 03). 
 
A dispersão urbana pode ser compreendida como uma expansão desenfreada, 
onde há um desequilíbrio entre o crescimento populacional e a expansão física do 
espaço central das cidades, característico pelo espalhamento ou descentralização do 
crescimento urbano como reflexo de um planejamento inadequado, ou até mesmo a 
ausência deste no desenvolvimento dos grandes centros. 
São situações como essa que resultam na grande extensão das cidades, pois 
elas sempre tendema ter um crescimento urbano descentralizado, devido as regiões 
bem centralizadas custarem bem mais caro. De acordo com Holz (2012), esse é um 
dos fatores que leva a população de baixa renda a ocupar terras periféricas, com um 
custo bem menor, pois não dispõem de infraestrutura básica, ou os leva a ocupar 
áreas ambientalmente frágeis, como nos leitos dos rios, córregos, encostas entre 
 
23 
 
tantas outras áreas, pois áreas como essas tem um baixo custo de aquisição, porém 
áreas como essas necessitariam de um trabalho de base para ter condições de serem 
urbanizadas. 
No entanto, é possível observar que não é apenas o mercado em si que acaba 
expulsando as classes menos favorecidas dos centros urbanos. Segundo Rolnik 
(2000), a própria política de desenvolvimento urbanos faz isso, um simples e grande 
exemplo é a construção de conjuntos habitacionais onde o poder público busca 
instalar essas habitações em terrenos baratos e periféricos, agravando ainda mais os 
fatores de desigualdades, sejam elas sociais, econômicas dentre tantas outras. 
 
1.3.1. Consequências do Crescimento Urbano desordenado 
 
A urbanização é um processo constante e que traz uma série de complicações 
para as cidades, como alagamentos, enchentes, inundações dentre tantos outros 
impactos que são recorrentes nas zonas urbanas e causam danos e prejuízos à 
população e ao meio ambiente. Este intenso desenvolvimento urbano que vem 
ocorrendo no Brasil que de acordo com Tucci (1997), tem causado vários problemas 
socioambientais, impactando diretamente na frequência com que ocorrem enchentes, 
alagamentos, inundações, e o aceleramento da produção de sedimentos, assim como 
na deterioração da qualidade da água tanto superficial quanto subterrânea. 
A produção de sedimentos e o descarte irregular de resíduos sólidos aumenta 
de forma significativa os impactos ao meio em que o homem vive, sendo um destes a 
causa do aumento da vazão máxima dos córregos de escoamento atrelada a 
impermeabilização do solo nos centros urbanos e consequentemente a ocorrência de 
enchentes, alagamentos e inundações. 
Estes transtornos resultam em um meio ambiente principalmente degradado e 
que afeta diretamente a qualidade de vida com consequências negativas para a saúde 
da população não somente das áreas afetadas, mas da região como um todo. É 
mensurado que esse acontecimento está atrelado à falta de amparo de políticas 
públicas voltadas a solucionar ou ao menos reduzir esses impactos que trazem a 
previsão de um agravamento de uma situação muito mais caótica. 
A dinâmica ambiental do planeta é composta por diversos fenômenos e dentre 
eles, alagamentos e inundações, fazem parte e ganham destaque, pois são 
 
24 
 
fortemente influenciados por condicionantes naturais, climáticas e geomorfológicas, 
que são os fatores determinantes da frequência de ocorrência, tipologia e dinâmica 
de escoamento superficial desses processos. Existem dois principais tipos de 
condicionantes sendo elas naturais como: relevo; intensidade, frequência e 
distribuição das precipitações e presença ou ausência de cobertura vegetal. E a 
condicionante antrópica que segundo Galvão (2014), é um dos principais agentes, se 
não o principal, de modificação do espaço e consequentemente dos processos de 
inundação. 
O principal fenômeno gerador de alagamentos e inundações tem como principal 
fato causador as condições meteorológicas que não podem ser contidas. Assim como 
ocorrem de forma aleatória, e quando acontecem de forma e intensidade muito 
elevadas, em regiões que apresentam áreas de planícies fluviais, agravada pela 
presença de aglomerados urbanos, a incidência de alagamentos e inundações torna-
se mais frequente e altamente impactante tanto ao meio ambiente quanto aos seres 
humanos. 
Alagamentos, e inundações são eventos naturais e que ocorrem 
periodicamente, principalmente, em épocas de chuvas fortes ou chuvas de longa 
duração. Esses acontecimentos tem sido registrados com maior frequência e 
intensidade nas áreas urbanas, devido as alterações antrópicas e podem ser 
explicados pelo crescimento acelerado e desordenado das cidades, e pelo fato de não 
haver um planejamento desse acelerado desenvolvimento. Braga (2016), ressalta 
que: 
 
[...] muitas cidades desenvolveram suas malhas urbanas ao longo dos leitos 
dos rios colocando em risco populações que periodicamente, em 
consequência de chuvas intensas e concentradas, sofrem problemas com as 
inundações e/ou com acúmulo de águas pluviais nas vias urbanas. (BRAGA, 
2016, p. 01). 
 
Como já pontuado o acentuado, crescimento populacional e principalmente o 
crescimento urbano, que torna evidente o aumento da frequência e intensidade, assim 
como o crescimento no número de pessoas atingidas por alagamentos e inundações 
dentre tantos outros desastres naturais. 
Os impactos fruto da urbanização, não estão atrelados exclusivamente as 
questões de habitação, saneamento dentre tantas outras, mas estão diretamente 
ligados a uma série de outros fatores, como as desigualdades sociais que é um dos 
 
25 
 
principais fatores que levam a população a uma habitação menos igualitária e sem 
condições de moradia digna, ou seja, os levam a construírem suas moradias em 
lugares inapropriados, De acordo com Pacheco e Santos (2013). 
 
As desigualdades sociais levam a falta da habitação igualitária; e a falta de 
moradia digna leva as pessoas a morarem em locais inapropriados, 
consequentemente sem acesso a saneamento; a falta de mobilidade e as 
questões de trânsito estão ligadas diretamente ao inchaço das cidades e à 
falta de um planejamento urbano adequado. (PACHECO e SANTOS, 2013, 
p. 06). 
 
Na Figura 2, abaixo é exposto o ciclo gerado pelo processo de urbanização 
desordenada, sobre a incidência de enchentes, alagamentos e inundações urbanas. 
 
Figura 2 – Ciclo de impactos da Urbanização desordenada. 
Fonte: Caprario (2017, p. 35). 
 
O processo de uso e ocupação do solo em áreas urbanas, é fruto de uma série 
de fatores e dentre eles é importante destacar o risco social que de acordo com Galvão 
(2014), risco este que: 
 
[...] resulta das carências socioeconômicas que se materializam no espaço 
urbano como más condições de habitação e saneamento, a crescente 
ocupação legal ou ilegal de áreas naturalmente suscetíveis (fundos de vales 
e várzeas por exemplo) e em alguns casos áreas de proteção permanente 
(APP's), asseguradas por legislação estadual e federal. (GALVÃO, 2014, p. 
40). 
 
26 
 
 
O alto custo de aquisição de terras nos centros urbanos é um dos fatores que 
mais motiva o surgimento do povoamento das periferias consideradas áreas de risco 
e sem infraestrutura básica, até mesmo sem o básico do básico (água e esgoto). 
O processo de urbanização, assim como seus impactos envolvem diversos 
fatores como muito bem já abordado até aqui, sendo eles ambientais, sociais, 
econômicos, culturais entre tantos outros. Todas essas ocorrências que envolvem o 
processo de desenvolvimento da urbanização reforçam a atenção necessária para 
este ponto tão importante da globalização, é necessária uma atenção principalmente 
por parte de políticas públicas, tanto no setor de infraestrutura e zoneamento urbano 
quando nas questões sociais, que os afetam diretamente, de forma que se reduza os 
impactos e aumente a qualidade de vida da população. 
Os problemas decorrentes do processo de povoamento dos centros urbanos 
sendo eles, (ecológicos, ambientais, sociais entre outros), não atingem de forma 
igualitária todo o espaço urbano, atingem muito mais os espaços onde há a ocupação 
das classes sociais menos favorecidas do que classes sociais mais elevadas, Coelho 
(2011 apud COLET 2012). 
A maioria das cidades sofrem constantemente nos períodos de chuvas intensas 
ou até mesmo no período de estiagem quando ocorrem chuvas fortes, com 
alagamentos e inundações em suas áreas urbanas, pois além dascidades possuírem 
características geográficas que favorecem esses fenômenos climáticos e devido a um 
crescimento acelerado, porém desordenado, que resulta no agravamento do 
escoamento superficial natural, decorrente da impermeabilização da superfície e das 
demais ações antrópicas decorrentes da vivência humana. 
 
1.3.2. Degradação Socioambiental decorrente da Urbanização 
 
O meio ambiente pode ser entendido como um sistema composto tanto por 
elementos sociais quanto físicos, Sousa (2017), afirma que assim como pode ser 
formado por espaços naturais e espaços modificados, devido as relações interativas 
e dinâmicas entre os seres humanos e o espaço, que resultam em processos de 
criação cultural, tecnológicas além de processos históricos e sociais de transformação 
do meio natural e construído. 
 
27 
 
Meio ambiente e urbanização são dois fenômenos que tem uma relação 
intrinsecamente direta, pois a urbanização por resultar na concentração de atividades 
produtivas e consequentemente pessoais em um restrito espaço, implica em impactos 
que degradam o meio ambiente com efeitos extremamente sinérgicos. Muito se tem 
abordado até aqui sobre a ação do homem como principal agente de degradação do 
meio ambiente, no entanto é importante ressaltar que atividades como a agricultura, 
pecuária, a mineração e a geração de energia, são tão impactantes quanto a 
urbanização, no entanto esta por gerar impactos de forma concentrada e difundi-los 
além dos limites do território urbano, ela ganha um destaque especial, Jatobá (2011). 
Os impactos negativos ao meio ambiente decorrentes da urbanização são 
vários, cabendo um maior destaque a poluição, contaminação do solo e 
consequentemente do lençol freático devido a ação humana, a queima de 
combustíveis fosseis e emissão de gazes poluentes emitidos por automóveis, a 
destruição de habitats e paisagens naturais, entre outros. Sousa (2017), ressalta que: 
 
[...] é possível compreender os impactos ambientais, como todas as 
alterações físicas, químicas, biológicas e inclusive paisagísticas, provocadas 
por atividades antrópicas, que provoquem quaisquer efeitos negativos aos 
sistemas ambientais. Tais efeitos ocorrem frequentemente associados uns 
aos outros, havendo uma interligação, uma relação sistêmica como as que 
ocorrem em um organismo (no contexto atual, podendo ser representado pela 
cidade). (SOUSA, 2017, p. 32-33). 
 
As transformações ocorridas no ambiente urbano são frutos das relações 
socioeconômicas e ambientais constituídas ao longo do tempo visando atender os 
anseios da sociedade. Resultando na segregação social e de intensos impactos 
ambientais. 
Como abordado até aqui é possível observar que os impactos ambientais 
produzidos por uma determinada população urbana, devido ao seu padrão de 
consumo e consequentemente a geração de rejeitos pode implicar em um impacto 
aos recursos naturais em muito mais que área onde estes são produzidos. Jatobá 
(2011) afirma que: 
Estudos comprovam que a pegada ecológica de algumas cidades chega a 
superar em mais de 100 vezes o seu tamanho. As regiões mais urbanizadas 
do mundo são, em geral, as maiores consumidoras de recursos naturais. Este 
padrão, contudo, vem se alterando nas últimas décadas, pois atualmente as 
regiões mais pobres do planeta são as que mais se urbanizam à medida que 
se desenvolvem. (JATOBÁ, 2011, p. 142). 
 
 
28 
 
Os efeitos dos impactos até aqui relatados podem ser de curto e longo prazo, 
assim como não se restringem apenas ao âmbito local, mas podem colocar em risco 
a existência de toda a humanidade. 
Os resultados provenientes dos impactos da urbanização tem sido, cada vez 
mais frequente, e com consequências cada vez mais drásticas, provocando grandes 
perdas materiais até as perdas irreparáveis onde vidas são ceifadas, em desastres 
naturais de grande magnitude. 
 
2 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 
 
Este trabalho foi desenvolvido na cidade de Santa Inês – MA (Mapa 2), 
município Situado na Microrregião da Bacia Hidrográfica do Pindaré, a 250 KM, da 
capital do estado São Luís, a 45° 22’ 48” de Longitude Oeste e 3° 40’ 1” de Latitude 
Sul, possui uma Área Territorial de 768 km2. 
 
Mapa 2 – Mapa da Cidade de Santa Inês – MA 
 
Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2021). 
 
 
29 
 
Seus limites são com os seguintes Municípios Pindaré e Igarapé do Meio ao 
Norte, com Santa Luzia e Brejo de Areia ao Sul, com Vitorino Freire e Bela Vista ao 
Leste e com os Municípios de Pindaré e Tufilândia a Oeste. Segundo dados do IBGE, 
Santa Inês em 2010 tinha 77.282 pessoas, no entanto de acordo com as últimas 
estimativas que são de 2020, a cidade possui 89.489 habitantes. 
Inicialmente este estudo foi projetado para uma análise dos impactos em dois 
bairros da cidade o centro e bairro do céu, no entanto com o desenvolvimento da 
pesquisa de campo, foi constado a necessidade de se expandir a pesquisa para a 
cidade como um todo, pois na realização do mapeamento dos canais de escoamento 
de efluente domésticos e fluviais constatou-se essa necessidade, conforme será 
exposto através de mapas no decorrer deste capitulo. 
 
2.2.1. Breve Histórico 
 
O Livro Um Tributo à Classe Política, de autoria da Câmara municipal de Santa 
Inês, destaca que o engenho Central de Pindaré mirim, foi uma fábrica de açúcar, 
construída pelos ingleses no início dos anos 1880, sua inauguração ocorreu em 16 de 
agosto de 1884, todo o material de sua construção foi trazido da Inglaterra de navio 
até o porto em São Luís e da capital até Pindaré através do Rio Pindaré. 
A plantação da cana de açúcar era situada na então aldeia dos prestos povoado 
de Pindaré mirim, hoje cidade de Santa Inês, por conta dos canaviais foi construída 
uma linha férrea para o transporte da produção até o engenho e seu final se dava no 
referido povoado que passou a ser chamado de ponta da linha. 
Com registros de fundação em 1987, por senhores de escravos, a nos dias 
atuais cidade de Santa Inês, no início era chamada de Aldeia dos Pretos, que passou 
a ser Ponta da Linha, em seguida Conceição e por fim Santa Inês. 
A cidade de Santa Inês tem o princípio de sua história segundo Mendes (2009), 
marcado por ser o trecho final da estrada de ferro, criada pela empresa Companhia 
Progresso Agrícola para percorrer as plantações de cana de açúcar que abasteciam 
o engenho Central na cidade de Pindaré Mirim. 
Com a decadência do referido empreendimento os moradores do então 
povoado “Ponta da Linha”, iniciaram o cultivo de outras culturas, dando o início ao 
desmembramento comercial com a cidade de Pindaré. O povoado teve um rápido 
crescimento na década de 60, até que em 1966, o povoado ganhou autonomia através 
 
30 
 
da Lei 2.723, de 19 de dezembro, sendo emancipado em 14 de março de 1967, 
Mendes (2009). 
A cidade está localizada em um ponto estratégico do Estado, cortada pelas 
rodovias BR 222, BR 316 e pela estrada de ferro Carajás, sendo um polo regional para 
diversos municípios da região, pois dispõem de um comercio arrojado, clinicas 
médicas, hospital municipal e regional, rede bancaria entre tantos outros atributos que 
atraem a população de toda a região. 
A cidade teve um crescente e constante crescimento tanto populacional, quanto 
em extensão da área urbana construída, devido a privilegiada localização do 
município de Santa Inês, que é um eixo rodoferroviário, como acima citado a cidade é 
cortada pelas rodovias federais BR 316 e 222, estadual MA 320 e pela estrada de 
ferro Carajás que liga Canaã dos carajás no Pará ao porto da ponta da madeira em 
São Luís no MA. 
Com a sua emancipação política em 1967, a jovem cidade de Santa Inês, 
iniciou um crescimento muito rápido e constante, principalmente em seu núcleo 
urbano, pois já em 1980, apenas 13 anos após sua emancipação a cidade já contava 
com uma população de mais de 49 mil habitantes,sendo destes mais de 80% 
moradores da zona urbana. 
Este alto índice de urbanização ocorreu por diversos fatores sendo eles: a 
localização estratégica da cidade, o futuro promissor do desenvolvimento 
socioeconômico, o aumento no número de empresas se instalando na região, o 
consequente crescimento no número de postos de trabalho, a busca por melhores 
condições de vida entre tantos outros fatores, que contribuíram para o grande 
desenvolvimento urbano de Santa Inês. 
A população da cidade de Santa Inês de acordo com dados do IBGE, teve uma 
taxa média de crescimento anual de 1,59%, no período de 1980 a 2010, passando de 
49.522 em 1980, para 77.282 em 2010. 
Na década de 80, no auge da redemocratização do Brasil, vieram significativos 
avanços no tocante a questão do desenvolvimento da política urbana habitacional. Na 
visão de Rolnik, Cymbalista e Nakano (2008): 
 
[...] a democratização do país veio acompanhada de avanços no campo da 
política urbana, especialmente no reconhecimento do direito à moradia e à 
cidade, ao incremento dos processos de participação cidadã e na 
incorporação dos mais pobres como interlocutores das políticas urbanas. 
Entretanto este movimento em direção às periferias não foi imediatamente 
 
31 
 
acompanhado pela formulação e revisão de uma nova política de 
desenvolvimento urbano a nível federal. (ROLNIK, CYMBALISTA e 
NAKANO, 2008. p. 05). 
 
É possível observar que com o grande desenvolvimento dos centros urbanos 
Brasileiros, o direito à moradia de forma digna é assegurado, no entanto, não havia, e 
até nos dias atuais não é posto em pratica a efetivação desse direito, e o resultado é 
uma grande expansão de forma desordenada dos centros urbanos, com impactos 
tanto no centro das cidades quanto nas regiões periféricas. 
Com destaque para o período de 1991 a 2000, quando houve um crescimento 
populacional urbano expressivo, a taxa de urbanização no período de 1991 a 2000 
cresceu de 83,6% para 92,9%, uma elevação 9,3% no referido período. Se 
comparados com os índices nacionais é possível observar que o crescimento é 
semelhante nesse mesmo período. Os dados utilizados no (quadro 01), fazem 
referência até o ano de 2010, pois foi o ano da realização do último censo demográfico 
realizado no país. 
 
Quadro 01 – Índice Populacional da Cidade de Santa Inês – MA 
Índice Populacional no período de 1980 a 2020 
População 1980 1991 2000 2010 2018 2020 
Urbana 40.236 54 006 63.030 73.197 - - 
Rural 9.286 10 649 4.808 4.085 - - 
Total 49.522 64 655 67.838 77.282 88.590* 89.489* 
Taxa de 
Urbanização 
81,24% 83,62% 92,9% 94,7% - - 
Fonte: Mendes (2009, adaptado pelo autor). 
* Estimativa populacional estipulada pelo IBGE. 
 
Com o expressivo crescimento populacional, principalmente no núcleo urbano 
de Santa Inês, é importante destacar os dados referentes aos índices econômicos e 
de desigualdade, pois a migração entre as zonas rural e urbana gera um certo 
impacto, no período de 1991 a 2010, foi possível observar os dados conforme 
expresso no (quadro 02). 
 
Quadro 02 – Indicadores Socioeconômicos de Santa Inês – MA 
Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade, 1991 a 2010 
Indicadores 1991 2000 2010 
Renda per capita média (R$) 90,5 125,5 358,00 
 
32 
 
Proporção de Pobres (%) 66,1 57,7 59,6 
Índice de Gini 0,54 0,59 0,44 
Fonte: Mendes (2009, adaptado pelo autor). 
 
A análise comparativa do período de 1991 a 2010, demonstrou indicadores 
como renda per capita média que teve um aumento significativo ao longo do período 
passando de R$ 90,5 em 1991 para R$ 358,00 em 2010. A pobreza que de acordo 
com Mendes (2009), é medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per 
capita inferior a R$ 75,50, esse índice que na série histórica da cidade vem sofrendo 
oscilações com registros de um total de 66,1% da população se enquadrando como 
famílias na linha da pobreza em 1991, caindo para 57,7% em 2000, com um leve 
crescimento para 59,6% em 2010. 
Na educação, segundo dados do IBGE (2010), a taxa de escolarização é de 
97,1% da população de 6 a 14 anos, e uma taxa de analfabetismo de 17,6%, da 
população maior de 15 anos, o IDEB em 2017, nos anos iniciais do ensino 
fundamental foi de 4,2 e 3,6 nos anos finais, com um total de 63 estabelecimentos de 
ensino fundamental em 2018, e 13 estabelecimentos com oferta do ensino médio. 
No campo da saúde, a cidade dispõe de 33 estabelecimentos públicos de 
saúde, e um IDH (índice de desenvolvimento humano) de 0,674, ocupando o 8º lugar 
no ranking estadual de acordo com o último censo realizado em 2010 pelo IBGE. 
A desigualdade econômica medida pelo índice de Gini, responsável pela 
aferição do grau de distribuição da renda entre os indivíduos em uma economia, seu 
índice varia de zero (0), quando não há desigualdade a um (1) quando a desigualdade 
é máxima, os registros indicam assim como a pobreza houve uma oscilação onde em 
1991 o índice era 0,54, passando para 0,59 em 2000, havendo uma acentuada queda 
para 0,41 em 2010. 
Os dados até aqui apresentados demonstram um número expressivo quanto a 
desigualdade socioeconômica na cidade de Santa Inês, fato que é apontado como um 
dos principais fatores do crescimento do núcleo urbano de forma desordenada e que 
consequentemente gera uma série de impactos tanto na paisagem urbanística quanto 
na vida social de toda uma comunidade. 
 
2.2.2. Plano diretor x realidade da urbanização da cidade de Santa Inês 
 
 
33 
 
O plano diretor participativo foi instituído como obrigatório, visando acabar com 
a exclusão territorial urbana, por esse ser um dos principais desafios da sua 
implantação. A ocupação das terras no Brasil ocorre de forma desproporcional, pois a 
maioria das pessoas de baixa renda ocupam áreas periféricas, enquanto as pessoas 
de classes mais alta, ocupam áreas bem localizadas e de grande especulação 
imobiliária. 
O plano diretor pode ser visto como a principal lei do município, pois este é o 
resultado de um conjunto integrado de processos políticos, que visam mobilizar todos 
os setores da sociedade, no intuito de construir um pacto sobre como deve ocorrer o 
desenvolvimento do município. A seguir serão tratados alguns aspectos do plano 
diretor da cidade de Santa Inês. 
O uso e ocupação do solo, tanto em território urbano expresso no (Mapa 3), 
quanto rural na cidade de Santa Inês – MA, é regido pelos capitulo II, art. 78 a 86, da 
lei orgânica do referido município, onde é assegurado no art. 78 que a política urbana 
e rural atenderá ao pleno desenvolvimento das funções sociais e a garantia do bem-
estar da comunidade e do município Santa Inês (1990). 
 
Mapa 3 – Ocupação do Solo Urbano da Cidade de Santa Inês – MA 
 
Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2021). 
 
34 
 
O detalhamento do uso e ocupação do solo fica disposto na Lei nº 335, 18 de 
março de 2002, que dispõe sobre o Plano Diretor Participativo do Município de Santa 
Inês, que em seu capitulo II, art. 15, que trata dos instrumentos da política de 
desenvolvimento urbano, e regulamenta o sistema integrado de políticas setoriais que 
com base nos objetivos estratégicos e nas diretrizes de desenvolvimento expressam: 
a ordenação do território; o controle do uso do solo; a infraestrutura, os equipamentos 
e os serviços entre outros Santa Inês (2000). 
No art. 16, que trata o conjunto de ações públicas e privadas acerca do 
ordenamento do território urbano, que visa a observância dos aspectos funcionais, 
morfológicos, construtivos, sanitários e ambientais da ocupação do solo, o respeito ao 
zoneamento e a escolha dos eixos de expansão urbana, um fator importantíssimo que 
é a correção de distorções do crescimento urbano, (SANTA INÊS, 2002). No entanto 
pela ótica de Lima, Viana (2017): 
 
[...] a acelerada urbanização brasileira “ocorreu sob a égide de um modelo de 
desenvolvimento urbano que privou as faixas de menor renda de condições 
básicas deurbanidade, de inserção efetiva à cidade”, contribuindo dessa 
forma, para a acentuação dos problemas de desigualdade do uso da terra e 
do acesso à infraestrutura urbana. (LIMA, VIANA, et. Al. 2017. p. 146). 
 
O ano de 2006 foi a data limite para que municípios com mais de 20 mil 
habitantes implantassem o plano diretor municipal, em Santa Inês o plano foi criado 
em 2002, no entanto a sua efetiva aplicabilidade encontra barreiras até os dias atuais, 
tanto pela ausência de imposição por parte do poder público quanto pelo 
desconhecimento ou até mesmo negligencia por parte da população do município. 
O plano diretor tem por objetivo ainda a ordenação e controle do uso do solo 
que modo que se possa proporcionar a melhoria das condições de vivencia e 
convivência urbana, uma melhoria na qualidade de vida da população e a 
consolidação do direito universal a educação, saúde, habitação, ao saneamento 
básico, a cultura, ao bem estar e ao convívio com a natureza Santa Inês (2002). 
Na realidade o crescimento demográfico de acordo com Paulo (2018): 
 
[...] provoca impactos não só ambientais, mas também sociais. Em outras 
palavras, a falta de planejamento das cidades no controle desse alto índice 
de crescimento acarreta nas degradações ambientais e contribuem para a 
marginalização da população. (PAULO, 2018, p. 30). 
 
Foi assegurado ainda o compromisso no art. 21 inciso V, a erradicação das 
condições subumanas de habitação e o combate a localização da população de baixa 
 
35 
 
renda em núcleos periféricos e aos processos discriminatórios, provocados pela 
especulação imobiliária. (SANTA INÊS, 2002). 
No entanto não somente na cidade de Santa Inês, mas por todo o país, de 
acordo com Lima, Viana et al. (2017), a forma acelerada como tem ocorrido a 
urbanização “[...] faz com que os aglomerados urbanos cresçam de maneira 
desordenada e caótica, com infraestrutura física, habitações e serviços altamente 
vulneráveis, avolumando ainda mais os problemas ambientais”. 
Os pontos acima discutidos retratam os principais pontos abordados acerca da 
política de desenvolvimento urbano do referido município, constante na Lei nº 335, 18 
de março de 2002, que instituiu o Plano Diretor Participativo, de forma a demonstrar 
que do ponto de vista legal, existe toda uma doutrina a ser seguida visando o 
desenvolvimento sustentável e equilibrado da cidade, em busca da qualidade de vida 
e o mínimo de impactos ambientais, ou seja, o plano busca uma harmonia entre poder 
público, sociedade civil e meio ambiente. 
Infelizmente cotidianamente por todo o Brasil o que vemos é um desequilíbrio 
no desenvolvimento urbano, Kobiyama e Goerl (2005) afirma que: 
 
As inundações vêm fazendo parte da história da humanidade. Nos últimos 
anos, o número de ocorrências e o número de pessoas afetadas vêm 
aumentando significativamente. Este aumento está acompanhando a 
tendência relacionada a todos os tipos de desastres naturais. Este fato pode 
ser atribuído às alterações antrópicas, principalmente relacionadas como a 
intensa e desordenada urbanização, ocupação de áreas de risco e 
desmatamento. (KOBIYAMA e GOERL, 2005, p. 02). 
 
A legislação, assim como os planos diretores buscam uma harmonia 
principalmente na relação desenvolvimento e sustentabilidade. No entanto, o que se 
nota é que a realidade do dia a dia, ou seja, no desenvolvimento diário da cidade é 
totalmente divergente do que propõem a legislação. Uma série de problemas podem 
ser apontados no desenvolvimento urbano como, construções irregulares, descarte 
inadequado de lixo em via pública, ineficiência na racionalização do uso do solo, assim 
como tantas outras medidas previstas no plano diretor que são ignoradas pelas partes 
envolvidas. 
 
2.3. Características do uso e ocupação do solo no núcleo urbano da cidade de 
Santa Inês 
 
 
36 
 
A área objeto de estudo deste trabalho fica localizada no núcleo urbano da 
cidade de Santa Inês, região essa com relevo característico de planície, pois é um 
relevo que possui menor altitude se comparada aos planaltos e montanhas. Elas estão 
praticamente no nível do mar, sem ultrapassar os 200m de elevação. O município de 
Santa Inês se situa na microrregião de Pindaré, com latitude 03º46’S, longitude 
45º29’W e altitude de 38 metros. 
O clima regional, segundo a classificação de KOEPPEN (1948), é Aw (quente 
e úmido). A temperatura média anual é de 26,0ºC, com média mínima anual de 22,3ºC 
e máxima de 33,5ºC, ou seja, o seu relevo pode ser denominado de Planície e uma 
parte da área de estudo de Planície Pluvial por se tratarem de áreas que segundo 
Feitosa (2006): 
 
Planície fluvial - Os terrenos aluviais ocupam grandes extensões do território 
maranhense, distribuindo-se ao longo da planície litorânea, formada por 
aluviões marinhos e fluviomarinhos, avançando em direção ao interior do 
Estado, na planície costeira, onde predominam aluviões fluviais com 
influência eólica, na costa de dunas e restingas, e com influência lacustre na 
Baixada Maranhense. 
Como planícies fluviais mais expressivas do Estado do Maranhão destacam-
se algumas áreas da margem direita dos rios Tocantins e Manuel Alves 
Grande, margem esquerda do rio Parnaíba, e nos baixos cursos dos vales 
dos rios Itapecuru, Mearim, Grajaú e Pindaré. (FEITOSA, 2006, p. 09). 
 
Parte do relevo da cidade é característico de áreas de planície pluvial, pois 
ficam em áreas mais baixas e que fazem fronteiras com a cidade de Pindaré Mirim, 
banhada pelo Rio Pindaré que nos períodos de cheia invade os campos inundáveis 
que inclusive atinge o lago conhecido popularmente como (Palmora), onde ocorre o 
desague dos canais de escoamento fluvial da cidade de Santa Inês. 
O relevo da cidade de Santa Inês, está geograficamente dentro do território da 
baixada maranhense, pois possui características de um ambiente plano e suavemente 
ondulado contendo extensas áreas de formação sedimentar recente, ponteadas de 
relevos residuais que formam outeiros e superfícies tabulares, cujas bordas decaem 
em colinas de declividade variada. Feitosa (2006, apud CORREIA FILHO, GOMES, et 
al., 2011) 
O uso e ocupação do solo na cidade de Santa Inês como brevemente, mas 
muito bem explanado na seção anterior é regido pela lei orgânica e mais 
especificamente pelo plano diretor do município. Onde são traçadas todas as 
diretrizes e norteamentos acerca do desenvolvimento urbano tanto da zona urbana 
quanto da zona rural da cidade. 
 
37 
 
No decorrer do desenvolvimento da pesquisa foi possível observar que o 
município possui um sistema de escoamento superficial dos efluentes domésticos e 
pluviais que são lançados diretamente em cursos d’água permanentes, os resíduos 
sólidos são descartados de forma inadequada em um lixão, enquanto deveria ser 
destinado a um aterro sanitário, aterro esse inexistente no município, ou seja, nesta 
breve analise é possível observar uma presença da abrasiva intervenção do homem 
sobre o meio ambiente. 
É importante ter o entendimento de como se comporta os elementos naturais 
em uma determinada condição temporal e a intervenção do homem após o uso e 
ocupação do solo, em um determinado espaço, que consequentemente sofrera 
alterações em sua estrutura, dando origem a uma nova paisagem. 
Este trabalho tem ainda como proposito debater a problemática sobre algumas 
intervenções humanas sobre o meio ambiente urbano e sobre o saneamento básico 
na cidade de Santa Inês – MA, demonstrando assim os resultados Paisagísticos da 
intervenção do homem sobre o espaço em que vive. 
Devido ao crescimento da cidade e a exploração de novos espaços 
principalmente para a construção de novas edificações, a natureza é modificada cada 
vez mais no ambiente urbano, fato esse que acaba originando uma nova paisagem 
geográfica, oriunda da grande variedade de impactos ambientais que advém da ação 
do homem. Segundo Souza (2002): 
 
[...] um dos pontos mais vulneráveisda crise ambiental, interferindo 
diretamente no espaço da cidade e na dinâmica dos territórios urbanos, 
particularmente nas áreas dos bairros pobres, cuja situação é das mais 
graves. Neste processo, salientam-se as contradições e os conflitos de 
ações, competências de planejamento, normatização e execução dos 
serviços de saneamento, quanto à definição das responsabilidades dos 
estados e municípios no processo da gestão. (SOUZA, 2002. p. 43). 
 
Segundo a fala de Souza é possível observar que a dinâmica dos territórios, 
dos bairros de Santa Inês segue esta mesma perspectiva, onde em bairros pobres 
cuja população vive em situação de vulnerabilidade, territórios estes oriundos de uma 
falta de planejamento, normatização e fiscalização, favorece com que os serviços de 
construção civil sejam cada vez mais crescentes e de forma desordenada. A geografia 
do território de Santa Inês característico de (picos e vales) que é propicia a ocorrência 
de inundações e alagamentos em vários pontos da cidade, fatores esses que 
impactam ainda mais as áreas afetada pela falta de planejamento e de uma 
 
38 
 
fiscalização, do cumprimento do código de postura que regulamenta a construção civil 
no município, situação esta que torna propicio o crescimento desordenado de 
construções irregulares nas áreas dos (canais) de escoamento das águas pluviais do 
núcleo urbano da área de estudo. Nesse contexto Ribeiro, Barbosa, et al. (2009), 
evidencia que: 
 
Os sistemas de drenagem urbana são essencialmente sistemas preventivos 
de inundações, principalmente nas áreas mais baixas das comunidades 
sujeitas a alagamentos ou marginais de cursos naturais de água. É evidente 
que no campo da drenagem, os problemas agravam-se em função da 
urbanização desordenada e de sistemas antigos adaptados para a realidade 
local. (RIBEIRO, BARBOSA, et. al. 2009, p. 02). 
 
O processo de intervenção sobre o espaço em que vivemos, é resultante da 
relação entre paisagem natural e os acréscimos artificiais, ou seja, o espaço como os 
vemos é o resultado da articulação entre a forma natural e artificial. Dentro deste 
processo ocorre a remodelação da paisagem que deixa de ser natural e passa a ser 
artificial e urbana pelo fato da grande concentração dos povos, que age sobre o 
espaço com uma diversidade de construções e obras, onde cada indivíduo intervém 
para a construção de um espaço urbano singular. Segundo Brauwers e Callai (2015): 
 
[...] o homem modela a paisagem de cada fragmento do espaço urbano, 
dando a cada local uma identidade própria e única, que serve como 
identificador dentro do espaço urbano total. Diversas pessoas quando 
chegam em alguma cidade nova e procuram por um familiar ou conhecido, 
loja ou empresa, quando solicitam informações geralmente recebem a 
descrição da paisagem do fragmento do espaço urbano. (BRAUWERS e 
CALLAI, 2015, p. 12). 
 
É possível observar na Figura 3, abaixo que o crescimento da cidade de forma 
desordenada agrava ainda mais a situação, pois devido o município não dispor de um 
sistema eficiente de drenagem das águas das chuvas, o escoamento dessas águas 
fica comprometido, pois as construções desordenadas avançam cada vez mais, 
ficando próximas demais ou até mesmo praticamente dentro dos canais de 
escoamento, é importante ressaltar ainda que a coleta de resíduos sólidos tem papel 
primordial para um melhor escoamento das águas das chuvas, fato esse que impacta 
diretamente na organização do espaço assim como na paisagem urbana. 
O uso da paisagem como georreferencia é comumente utilizado pelas pessoas, 
infelizmente paisagem com características negativas também são utilizadas como 
referência de localização. No caso de Santa Inês os pontos de alagamentos e 
 
39 
 
inundações são comumente utilizados quando vai se referir a uma determinada região 
da cidade. 
 
Figura 3 - Construções sobre os canais de escoamento e o descarte irregular 
de resíduos sólidos. 
 
Fonte: ASCOM, (2018). 
 
Essa é uma característica resultante de uma série de fatores como geografia 
do lugar favorável por serem áreas baixas, falta de um sistema de drenagem urbana, 
impermeabilização do solo, descarte irregular dos resíduos sólidos, construção civil 
desordenada entre outros fatores, e o resultado de tudo isso configura a paisagem 
expressa na Figura 4 abaixo. 
 
Figura 4 - Rua inundada devido às fortes chuvas e a falta de um sistema de 
drenagem e escoamento das águas. 
 
40 
 
 
Fonte: Autor (2018). 
 
As figuras 3 e 4, visam demonstrar uma série de problemas, sendo eles, 
ambientais, paisagísticos, sociais, estruturais, de saúde, de gestão entre outros, no 
entanto este é um problema não somente dos entes públicos responsáveis, mas 
também da população que faz o descarte irregular de lixo, que constrói em áreas 
inapropriadas, e obtém como resultado inundações, alagamentos, uma paisagem 
negativa além de problemas de saúde entre outros. De acordo com Ascom (2018): 
 
Estamos com alguns obstáculos devido algumas construções feitas em cima 
dos bueiros e as máquinas não conseguem entrar para fazer a limpeza, 
pedimos encarecidamente também, para que não joguem materiais 
descartáveis nos bueiros. Encontramos televisão, colchão e até sofá. Isso faz 
com que os bueiros entupam e a água invada as casas”. (ASCOM, 2018, p.?). 
 
O ser humano é o principal responsável pelas intervenções, pois este detém 
um poder no processo de modificação da paisagem, pois comanda as ações 
realizadas sobre o espaço. Brauwers e Callai (2015), faz uma abordagem 
mencionando que estas intervenções são intencionais, ou seja, não acontecem por 
acaso, mas advém de um planejamento antecipado. Devido a isso, é possível 
assegurar que as paisagens que conhecemos não foram sempre dessa forma como 
a vemos, mas sim alterada pelo homem que através de suas ações transformou o 
espaço natural, ou seja, surgiu ao longo do processo histórico e cultural do lugar, uma 
nova paisagem formada e que está em constante transformação. 
 
41 
 
Cabe ressaltar ainda que estas alterações do homem sobre o espaço em que 
vive aconteceram com o propósito de melhorar as condições de habitação, 
locomoção, assim como o acesso a itens básicos de consumo, Brauwers e Callai 
(2015, p.15), “a diversidade urbana não é resultado de interesses estéticos, mas sim, 
da sobrevivência humana”. Essas ações do homem que visam a busca pelo novo, 
por melhorias, ações essas que acabam resultando em impactos positivos e 
consequentemente com o advento de impactos negativos. 
Apesar deste trabalho fazer uma abordagem acerca do uso e ocupação do solo 
é importante salientar todas essas questões no intuito de que melhorias sejam 
implementadas para a mudança e melhoria da realidade local. 
 
2.4. Drenagem fluvial da cidade de Santa Inês 
 
Os sistemas de drenagem urbana são essencialmente sistemas que visam 
prevenir inundações e alagamentos, principalmente em áreas mais baixas dos cursos 
naturais de água. Os sistemas são ainda mais agravados devido à grande e crescente 
urbanização com sistemas antigos e inadequados para a realidade de um 
determinado local. (BARBOSA, RIBEIRO, et al., 2009) 
O sistema inicial de drenagem existente no município de Santa Inês, é 
denominado de micro drenagem, pois é responsável pela drenagem dentro do centro 
urbano, no referido município o sistema tradicional é composto por meio fio, sarjetas 
de escoamento que desaguam diretamente em canais de escoamento superficial 
pluvial a céu aberto e consequentemente no seu destino provisório que é no lago 
conhecido popularmente como do Palmora, porem seu nome cientifico nas bases 
hidrológicas é lago Grajaú. 
As características do sistema de drenagem da cidade de Santa Inês, são 
constituídas basicamente pela conjugação das ruas, sarjetas, meio fio, bocas-de-lobo, 
galerias celulares e/ou bueiros e canais de escoamento natural. 
A drenagem das águas em cerca de 99% do município

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