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Vict�ria K. L. Card�so Ne�plasia e rim Introdução Neoplasia: ● É a principal causa de morte nos EUA, sendo a nefrotoxicidade uma das complicações mais temidas da quimioterapia → grande impacto a longo prazo. ○ Na presença de nefrotoxicidade, o tratamento deve ser interrompido, então há menores taxas de remissão, menor duração do controle da doença e aumento da mortalidade. ● Com maior sobrevida, há maiores taxas de pctes que desenvolvem doença renal (nefrotoxicidade) associada à malignidade ou ao tratamento. ● Espectro: qualquer segmento do néfron → glomérulo, túbulo, interstício, vasculatura… ○ Não há segmento preferencial. ● Possíveis quadros: ○ Lesão renal aguda. ○ Doença renal crônica com necessidade permanente de diálise. ○ Proteinúria. ○ Glomerulopatia. ○ Síndrome nefrótica. ○ Síndrome nefrítica. ○ Distúrbios hidroeletrolíticos de ácido-base. ● Emergências comuns: ○ Síndrome da lise tumoral. ○ Hipercalcemia da malignidade. ○ Glomerulopatias. Causas de lesões renais: ● Causas pré-renai: ○ Infecções graves e sepse. ○ Hipovolemia (diarréias e vômitos). ○ Hipercalcemia. ○ Medicamentos → IECA e BRA. ○ Uso de diuréticos, de contraste e de AINHs. ● Causas intra-renais: ○ Lesões glomerulares. ○ L. tubulares. ○ L. intersticiais. ○ L. vasculares. ● Causas pós-renais: (são todos fatores mecânicos) ○ Obstruções agudas, sub agudas e crônicas. ○ Neoplasias de próstata, útero e bexiga. ○ Fibrose retroperitoneal (incomum). @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Hipercalcemia da malignidade Características gerais: ● É uma urgência oncológica → ocorre em 20 a 30% dos pctes oncológicos → indica mau prognóstico. ● Mecanismo: produção autônoma de PTHrP (receptor de peptídeo de PTH) pelas células malignas. ○ Esse PTHrP mimetiza o PTH, tendo a mesma ação do PTH nos ossos, aumentando a hipercalcemia. ● Ação óssea do PTHrP: aumenta a remodelação óssea, aumenta a reabsorção mineral óssea → elevando a calcemia. ● Ação renal do PTHrP: ○ Aumenta a reabsorção de Ca+ na alça de henle e no túbulo contorcido distal = diminuição da calciúria = isso justifica a necessidade do corpo de fazer mais hipercalcemia. ○ Inibição da reabsorção de fosfato no túbulo contorcido distal = fosfatúria. Patogênese: (devido a produção de PTHrP) ● Hipercalcemia humoral: (80%) diminuição da excreção de cálcio pelos rins. ○ Ocorre principalmente em CA de pulmão (tumores escamocelulares), cabeça e pescoço, rins, ovários e endométrio. ● Hipercalcemia osteolítica: (60%) pela fragmentação óssea → aumento da movimentação de cálcio do osso. ○ Ocorre principalmente em CA de mama, próstata, linfomas, mieloma múltiplo e pulmão. ○ Esqueleto axial: é a parte óssea mais envolvida com o processo osteolítico. ■ Vértebras, bacia, parte proximal de ossos longos e crânios. Quadro clínico: ● Poliúria → deficiência no mecanismo de concentração urinária. ● Desidratação. ● Dor óssea. ● Sintomas neuro-cognitivos (paciente sonolento, apático…) ● Alterações cardíacas → bradicardia, encurtamento de QT e bloqueio átrio-ventricular. ● Lesão renal aguda na hipercalcemia: ○ Outros fatores: hipovolemia e uso de agentes nefrotóxicos no tratamento. Alterações laboratoriais: ● Principal: AUMENTO DE CÁLCIO ○ Leve: Ca sérico de 12 mg-dl e Ca iônico de 3 mmol. ○ Moderada: Ca sérico de 12-14 mg-dl e Ca iônico de 3 a 3,5 mmol. ○ Grave: Ca sérico > 14 mg-dl e Ca iônico > 3,5 mmol. ● Obs: o cálcio pode ser falseado pela albumina baixa (< 3,5), por isso se possível é @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so melhor preferir a avaliação pelo cálcio iônico. Tratamento: ● Revisão da terapêutica e da terminalidade. ● Expansão volêmica, com hidratar vigorosa as custas de solução salina. ○ Manter o débito urinário de 200-500 ml-h. ● Iniciar diurético de alça → APÓS a expansão, não ao mesmo tempo. ● Rever a terapêutica: ○ Verificar o anti-hipertensivo. ○ Tirar antiinflamatório. ○ Procurar fazer analgesia com opióide. ● Ocasionalmente: iniciar terapia de reposição renal. Acometimento renal Classificações: ● Alterações glomerulares: ○ Mais frequentes: CA de órgãos sólidos, especialmente pulmão. ○ Glomerulonefrites membranosas: geralmente quando há proteinúria, há glomerulopatia associada. ○ Glomerulonefrite de lesão mínima: pode preceder a ocorrência de neoplasias. ■ É mais comum em pessoas mais novas, então esse achado em adultos sugere a pesquisa de neoplasia. ○ Glomerulonefrite membranoproliferativa: está associada com as neoplasias hematológicas (ex: linfoma não hodgkin e leucemia linfóide crônica). ● Alterações tubulares: ○ Síndrome da lise tumoral. ○ Cisplatina. ○ Ciclofosfamida. ● Alterações vasculares: ○ Síndrome hemolítico-urêmica (SHU-PTT) → obstrução vascular das céls malignas. ○ Ocorrência → é secundária a CA de TGI, pâncreas e pulmão. ○ Drogas associadas: gencitabina e mitomicina → também causam a síndrome hemolítica urêmica. Síndrome da lise tumoral: ● É uma urgência oncológica. ○ O atendimento com tentativa de resolução do quadro deve ser em 6-8h. ● Definição: síndrome metabólica caracterizada por destruição maciça de células malignas, que pode ocorrer pelo tratamento ou espontaneamente. ○ É muito comum acontecer com 24-72h do início do tratamento → ou seja, já se inicia o tratamento com atenção. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Lesão renal aguda: há hipercalemia, hiperfosfatemia e hiperuricemia. ● Patogênese: ○ A destruição das células tumorais expõe vários elementos na circulação. ■ Ác. úrico → hiper uricemia. ■ Fosfato → hiperfosfatemia e hipocalcemia. ■ Potássio → hipercalemia. ■ Lactato → acidose. ○ Esse acúmulo de elementos propicia a lesão renal aguda. ■ A LRA ocorre principalmente pela deposição de ác. úrico nos túbulos renais e, como esses uratos são pouco solúveis, eles têm uma tendência a precipitar. ■ Já quanto a deposição de fosfatos, essa ocorre por conta da degradação das células malignas, ao ponto que a capacidade renal de excretar fosfato satura e ai começa uma excreção de fosfato de cálcio, gerando uma hiperfosfatemia e hipocalcemia (pq o cálcio se depositou no parênquima renal). ■ Precipitação de fosfatos de cálcio = nefrocalcinose → obstrução urinária e depósito em tecidos. ● Tratamento: ○ Hidratação vigorosa com solução salina antes de iniciar o tratamento da neoplasia. ○ Administração de alopurinol ou rasburicase ANTES da quimioterapia. ■ Transforma o ácido úrico em alantoína, que é mais solúvel na urina. ○ Diálise contínua ou sled (se o restante não der certo). Fármacos nefrotóxicos: ● Metotrexato: ○ É usado em doenças reumatológicas, leucemias, linfomas e cânceres em órgãos sólidos. ○ Patogenia: cristalização de seus metabólitos no interior do lúmen tubular → causando diminuição da taxa de filtração glomerular (obstrução mecânica) → ação intra renal (túbulo). ■ Há uma precipitação exacerbada, devido ao baixo pH urinário (< 7,0). ○ Tratamento: alcalinização da urina com bicarbonato e soro, deixando o pH urinário em 7,0 → diminuindo a precipitação. ■ O início da alcalinização deve ser antes do uso da droga, mantendo-o por mais 24-48h após o uso do MTX. ■ Caso a alcalinização não dê certo, inicia-se a diálise. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Cisplatina: ○ Toxicidade relacionada com a dosagem → causa acúmulo no interior do córtex, alterando a funcionalidade do glomérulo e gerando lesão renal aguda. ■ Síndrome semelhante a FANCON → patologia na qual os túbulos ficam abertos para a maioria das substâncias que circulam pelo sangue → ex: o paciente tem glicosúria, sem ser diabético. ■ Há maior vazamento de solutos. ○ Consequências: aumento de creatinina, hipomagnesemia, fosfatúria, aminoacidúria e glicosúria. ■ EAS “rico”, com glicosúria, fosfatúria, aminoacidúria…. ○ Tratamento: hidratação venosa vigorosa + uso da menor dose possível. ■ Carboplatina → pode ser usada com menor risco. ● Ciclofosfamida: ○ Pode ser usada em lúpus, pacientes com neoplasias… ○ Age obstruindo células tubulares proximais ou age diretamenteno epitélio vesical da bexiga. ○ Consequência: cistite hemorrágica (principal complicação) e hiponatremia causada pela SIHAD. ■ Cistite hemorrágica: o paciente urina sangue vivo, não é hematúria, é sangue puro (por origem vesical e não renal, então é trato urinário inferior). ■ SIHAD - Síndrome Inapropriada do Hormônio Antidiurético: o paciente urina muito e fica hiponatrêmico. ○ Tratamento: hidratar ANTES de usar o medicamento, deixando o paciente hipervolêmico como uma forma de melhorar a diurese, para que a droga fique o menor tempo possível circulando para gerar a cistite hemorrágica. Causas de lesões pós-renais: ● Principais causas: neoplasias de útero, próstata e bexiga. ○ Comum em idosos e em mulheres com CA de útero. ● Clínica: bexigoma, oligúria ou anúria. ● Exames laboratoriais: há uma lesão renal aguda → aumento de uréia e de creatinina. ● Exame de imagem: USG com hidronefrose → uni ou bilateral. ● Tratamento: desobstrução do trato urinário até a viabilidade do tratamento específico. ○ Sondagem vesical → nem sempre consegue. ○ Sondagem dentro da bexiga. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Nefrostomia → sonda dentro do rim. Obs: todos esses casos podem se transformar em doença renal crônica. @p�sitivamed
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