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UNIDADE I Princípios ativos em estética Cosmetologia Aplicada à Estética FláviaGarramone Você está na unidade Cosmetologia Aplicada à Estética. Conheça aqui os conceitos e a evolução tecnológica da cosmetologia. Entenda a interação dos cosméticos com a biologia da pele. Compreenda as propriedades físico-químicas das formulações cosméticas destinadas aos procedimentos estéticos e aos cuidados diários da pele. Identifique as características dos principais princípios ativos (P.A) hidratantes, seu mecanismo de ação, as concentrações usuais, indicações e contraindicações. Conheça também algumas formulações básicas com princípios ativos hidratantes, amplamente utilizadas pelo profissional esteticista. Bons estudos! 1 Cosmetologia estética e a interação biológica com a pele Uma das principais ferramentas para o desenvolvimento dos cosméticos é a bioquímica, fisiologicamente, o conjunto de reações capaz de manter o organismo vivo e em equilíbrio. Estudar a cosmetologia e entender a biologia da pele é fundamental, pois as formulações têm predominância de compostos orgânicos que são compatíveis com as moléculas do corpo humano. A aparência da pele é uma preocupação que remonta, tanto nos cuidados para embelezar, como em atenuar as imperfeições e marcas do tempo. Com o desenvolvimento científico-tecnológico surgiu a cosmetologia, a ciência dos cosméticos (GOMES & DAMAZIO, 2013). 1.1 Cosmetologia e a história dos cosméticos Historicamente, o uso dos cosméticos tinha o objetivo de disfarçar defeitos físicos, sujeira e mau cheiro. Segundo Galembeck e Csordas (2019), os egípcios se destacaram na utilização de cosméticos e produtos de embelezamento, mesmo que de forma empírica e intuitiva, já que ainda não conheciam os conceitos atuais de princípios ativos e desfrutavam de seus efeitos terapêuticos. Como exemplo temos o clássico banho em leite de cabra, que Cleópatra usava para ter a pele macia e as substâncias derivadas de minérios e extratos vegetais que compunham suas maquiagens. Os cosméticos eram tão importantes para os egípcios que os cremes e azeites eram deixados em sarcófagos dos faraós. Na Era Moderna, a indústria cosmética cresceu muito e se aprimorou com o desenvolvimento científico- tecnológico. Surgiu a formulação dos cosméticos e a utilização dos produtos de embelezamento com o objetivo de melhorar a estética corporal, realizar a higiene pessoal e manter a saúde e beleza da pele. Era a origem da ciência dos cosméticos. A cosmetologia é a ciência que estuda a natura física, química, biológica e microbiológica de cada produto cosmético (Gomes & Damazio, 2013), desde sua preparação até a comercialização e aplicação nos indivíduos. Na atualidade, as fórmulas destinadas à manutenção do sistema tegumentar são todas baseadas em conceitos científicos e regulamentadas no Brasil pela ANVISA. AGÊNCIANACIONALDEVIGILÂNCIASANITÁRIA Segundo a ANVISA, os cosméticos são produtos utilizados para beleza, higiene, limpeza e tratamento da pele, dos cabelos e unhas. Ainda de acordo com a ANVISA: No cosmético natural, a formulação deve conter pelo menos 5% de matérias-primas certificadas orgânicas. Os 95% restantes da formulação podem ser compostos de matérias-primas naturais não certificadas ou permitidas para formulações naturais. Uma matéria-prima só será classificada como natural se for realmente 100% natural. Em se tratando de cosmético orgânico, a ANVISA estabelece que: A formulação deve conter pelo menos 95% de matérias-primas certificadas orgânicas, descontando-se a água e o sal. Os 5% restantes da formulação podem ser compostos de matérias-primas naturais, provenientes de agricultura ou extrativismo não certificadas ou permitidas para formulações orgânicas. Há regras específicas para definir o nome das substâncias/ingredientes presentes nos cosméticos. Segundo a ANVISA, trata-se de um sistema internacional de codificação para designar os ingredientes utilizados em produtos cosméticos, reconhecido e adotado mundialmente, conhecido por INCI, sigla para Internacional Nomenclature of Cosmetic Ingredients, ou seja, Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos. Assista aí Seguindo pela evolução histórica dos cosméticos, Galembeck e Csordas (2019) nos conta que na década de 1990 surgiu uma revolução quanto aos efeitos terapêuticos dos cosméticos, que passaram a acontecer em menos de tempo, originando os cosméticos multifuncionais. Uma tendência que perdura até os dias atuais, em busca do desenvolvimento de matérias-primas contendo várias funções. Corroborando com esses autores, Draelos (2005) afirma que com a descoberta dessas novas matérias-primas e a biotecnologia associada, a cosmetologia se evoluiu, tornando- se uma ciência multidisciplinar, originando assim, várias vertentes de cosméticos, classificados como: cosmecêuticos, biocosméticos, fitocosméticos, neurocosméticos e os nutricosméticos. Dessa forma, nos resta entender, afinal o que é um cosmético? COSMÉTICO Segundo Vanzin(2011)é um conjunto de diferentes substancias químicas, caracterizando em formulações compostas de uma base ou veículo, princípios ativos (P.A) e aditivos, que dao origem a diferentes tipos de cosméticos destinados a vários procedimentos estéticos. Os P.A, conforme Gomes & Damazio (2013), são as substâncias químicas, de origem orgânica ou natural, responsáveis pela ação do cosmético. Ou seja, pelo efeito terapêutico desejado. No entanto, para que possa cumprir seu papel com efetividade é preciso que ele esteja agregado às bases cosméticas, substâncias químicas carreadoras, conhecidas também, como veículos. Segundo Vanzin (2011), a parte mais importante de qualquer formulação é o veículo que transporta o P.A para a pele, pois pode aumentar a eficácia do ativo, tornar o ativo completamente inativo, aumentar a barreira cutânea ou, até mesmo, induzir efeitos adversos indesejados. Os aditivos são substâncias com função de estabilizar a formulação, dar cor e fragrância. Em nosso estudo, vamos aprofundar as características físico-químicas das bases cosméticas e dos P.A. Esses dois componentes das formulações são importantes para o profissional de estética na escolha adequada dos cosméticos, conforme as necessidades de cada biotipo cutâneo e a afecção estética que será tratada. A partir desse embasamento, um hábito que deve ser adquirido é ler a rotulagem do produto e estar familiarizado com a nomenclatura dos componentes cosméticos. Assim, será possível entender o objetivo fisiológico do produto e, principalmente, a forma de ação e propriedades do princípio ativo, evitando reações adversas indesejáveis. Os cosméticos utilizados nos procedimentos estéticos e na manutenção do cuidado diário da pele que está sendo tratada podem ser considerados cosmecêuticos, uma vez que têm funções mais complexas do que a limpeza ou o simples embelezamento. Segundo Draelos (2005, p.5), os cosmecêuticos contém substâncias biologicamente ativas, que atuam beneficamente sobre o organismo, causando modificações estruturais duráveis na saúde da pele. Nesse sentido, Vanzin (2011) aponta que o primeiro desafio na formulação cosmética, para que esses P.A alcancem as camadas mais profundas da pele, é vencer a função barreira cutânea da epiderme. Sendo assim, é preciso buscar uma interação adequada entre a biologia da pele e as propriedades físico-químicas das matérias-primas cosméticas. 1.2 Biologia da pele e interação cosmetológica A pele é o maior órgão do corpo humano e está exposta recobrindo e protegendo os tecidos e os órgãos internos. Segundo Guyton (2017, p. 5), o sistema tegumentar, composto de pele e anexos cutâneos, cria uma interface sensorial entre o corpo e seu ambiente externo, desempenhando várias funções fisiológicas, entre elas oferece uma barreira à entrada de substâncias exógenas e microrganismos patogênicos. Segundo Lupi (2012), a barreira cutânea tem função de defesa da pele, graças a proteção mecânicae permeação seletiva de moléculas. Ainda, restringe a proliferação de patógenos e mantém a concentração de água em níveis normais, necessários ao metabolismo desse órgão. Figura 1 - Barreira cutânea Fonte: yomogi1, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra a barreira cutânea, destacando o estrato córneo, camada mais superficial da epiderme, e a composição de lipídeos e água de suas estruturas lamelares. Nesse contexto, percebemos que se a pele pudesse absorver qualquer substância, teríamos sérios problemas. No entanto, o organismo é inteligente e permite que certos elementos consigam ultrapassar essa barreira graças a um mecanismo chamado permeabilidade celular e cutânea, que dispõem de vias de permeação pelas quais os princípios ativos cosméticos conseguem penetrar. Alguns termos são utilizados para a melhor compreensão dos mecanismos de passagem dos ativos das formulações cosméticas por meio da pele. Segundo Simão (2019, p.15), penetração indica o processo em que o ativo passa somente pela epiderme; permeação indica que o ativo alcançou a derme e absorção percutânea significa que o ativo atingiu a circulação sistêmica do organismo. Assista aí Segundo Gomes & Damazio (2013), a permeabilidade cutânea se refere ao comportamento físico-químico e fisiológico das camadas da epiderme. Ou seja, a capacidade que a pele possui de absorver, deixando penetrar ou não determinada substância até suas estruturas mais profundas. Como propriedade físico-química das células temos a permeabilidade celular seletiva, dada pelo comportamento da membrana plasmática. Dessa forma, percebemos que as principais vias de permeação cutânea, de substâncias ativas através da pele, segundo Lupi (2012), são: a transepidérmica, compreendendo a transcelular e a intercelular da epiderme; e a transanexial, representa uma rota alternativa, já que os folículos pilosos e as glândulas sudoríparas ocupam pequenas frações da superfície total da pele. Sendo assim, para que o P.A consiga atingir seu objetivo fisiológico, segundo Draelos (2005), tanto ele como a base cosmética que o transporta precisam possuir características e propriedades físico-químicas biocompatíveis para manter uma boa interação com as estruturas das diferentes camadas da pele. O estrato córneo é a camada mais superficial da epiderme. De acordo com Lupi (2012), representa a principal barreira para a permeação de substâncias ativas na pele. Isso por causa de seu arranjo morfológico, que se compara a uma parede de tijolos, estruturada pelos corneócitos; sendo o cimento, os lipídios intercelulares que se organizam em camadas lamelares, as quais acabam dificultando a difusão dos ativos. Segundo Draelos (2005), os lipídeos dessa matriz intercelular são compostos, em sua maior parte, de ceramidas e colesterol, em menor proporção, por ácidos graxos livres e ésteres e sulfato de colesterol. Destaca-se como uma região hidrofóbica, o que dificulta a passagem de substâncias por essa camada. Porém, a camada córnea, segundo Lupi (2012), também é responsável por garantir a hidratação natural da pele e a elasticidade da superfície cutânea. Em condições fisiológicas, ela forma uma barreira física contra a perda hídrica, retendo os níveis de água adequados. O fator de hidratação natural (NMF) ocorre dentro dos corneócitos e é derivado da conversão da proteína filagrina. De acordo com Draelos (2005), o NMF, que envolve os corneócitos, contém moléculas de propriedade higroscópica, umectantes, responsáveis pela atração de água na pele e prevenindo a perda de água da derme. Isso confere elasticidade e maciez para a camada córnea, favorecendo a permeabilidade cutânea. Também significa dizer que a hidratação cutânea favorece a permeação dos ativos cosméticos. Tabela 1 - Composição química do NMF Fonte: DRAELOS, 2005; GOMES; DAMAZIO, 2011 (Adaptado). #PraCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que descreve a composição química e a concentração de cada substância do fator de hidratação natural da camada córnea. Diante do exposto, segundo Vanzin (2011), P.A com elevada hidrofilia, quando incorporados em formulações cosméticas, terão dificuldade em penetrar o estrato córneo. Por outro lado, se apresentar elevada lipofilia, tendem a ficar retidos nas vias cutâneas. Sendo assim, é importante que tanto a base cosmética, quanto o ativo tenham um equilíbrio hidrófilo-lipófilo. No entanto, dentro de uma formulação cosmética, segundo Draelos (2005), é preciso que o veículo consiga ocasionar alteração nas estruturas do estrato córneo, com finalidade de baixar, reversivelmente, sua resistência, aumentando sua permeabilidade cutânea e celular seletiva para que haja a permeação do P.A nas camadas mais profundas da pele. Certamente, a natureza físico-química da substância da base influencia esse processo. Além do que, conforme Vanzin (2011), como as formulações cosméticas são compostas de solventes e solutos, as estruturas epidérmicas permitem a passagem do solvente por difusão passiva ou osmose. Assim, o princípio ativo (soluto) pode permear o meio intercelular ou o transcelular, ou seja, a própria membrana plasmática das células da epiderme. Entretanto, segundo Draelos (2005), o caminho comum para a permeação dos ativos pela barreira do estrato córneo é através da matriz lipídica. Todavia, há uma barreira adicional à permeação de substâncias, sobreposta ao estrato córneo, é o manto hidrolipídico. Conforme Lupi (2012), o manto hidrolipídico reveste a superfície cutânea formando uma espécie de película, uma emulsão fisiológica composta de sebo, secretado pelas glândulas sebáceas e a água/suor, proveniente das glândulas sudoríparas. Além desses elementos impermeabilizantes, contém uma flora bacteriana saprófita e células mortas da pele. Todos esses componentes do manto hidrolipídico tornam a pele ácida, com pH entre 3,5 e 5,0; fato que contribui na defesa contra a penetração dos microrganismos e previne a desidratação das células da pele. Diante desse fato, surge mais uma característica das formulações cosméticas, o pH. Substâncias com pH alcalino, segundo Galembeck e Csordas (2019) são capazes de emulsionar os lipídeos da pele, facilitando a sua remoção por dispersá-las em água. Por outro lado, substâncias com pH ácido, segundo Vanzin (2011), como os ácidos dos peelings, são capazes de favorecer a descamação epidérmica. Assim, favorecem a permeação do P.A na pele. Ainda, como a permeação dos ativos na epiderme ocorre pelo mecanismo de difusão passiva, segundo Gomes e Damazio (2013, p.184), sua velocidade de movimentação é definida pela concentração do ativo no veículo, sua solubilidade e o coeficiente de partição óleo/água no estrato córneo e no veículo, ou seja, sua biodisponibilidade e bioequivalência. No entanto, inúmeros outros fatores estão envolvidos no processo de transporte de ativos cosméticos através da pele. Fatores esses, que podem modificar a permeabilidade cutânea, facilitando ou interferindo na aplicação e função dos cosméticos. 1.3 Fatores que modificam a permeabilidade cutânea Os cosméticos utilizados para tratar as afecções/disfunções estéticas faciais e corporais são aplicados sobre a superfície cutânea, sendo o tecido-alvo dos seus princípios ativos, as camadas mais internas da epiderme e a derme. Locais onde os ativos podem atuar nos processos biológicos e favorecer o rejuvenescimento, por exemplo, ou amenizar a aparência da celulite. Entretanto, conforme Gomes e Damazio (2013, p.186), é possível melhorar a permeação/absorção dos ativos, ao considerar os fatores biológicos, fisiológicos, cosmetológicos e as propriedades físico-químicas das substâncias utilizadas nas formulações. Ainda, há vários procedimentos estéticos que modificam a permeabilidade cutânea, tornando mais eficaz a ação dos P.A. Entre os fatores biológicos e fisiológicos, Gomes e Damazio (2013) apontam a idade, espessura da epiderme e vascularização. A epiderme menos hiperqueratinizadaapresenta maior permeabilidade, assim como áreas mais vascularizadas, porém, é possível aumentar o fluxo sanguíneo, caso necessário, utilizando massagem, hiperemiantes ou eletroterapia. Com relação à idade, Draelos (2005) afirma que o envelhecimento torna a pele mais frágil e sensível, deixando-a suscetível a agressões que comprometem a função da barreira cutânea. Também há uma diminuição considerável da hidratação, o que a torna menos permeável. Pode ocorrer uma descamação anormal da pele, modificando a fisiologia e desajustando a permeabilidade cutânea. Já com relação aos fatores cosmetológicos e físico-quimicos, Gomes e Damazio (2013) se referem à concentração do ativo e seu peso molecular, sendo que substâncias de baixo peso molecular e em alta concentração apresentam maior permeabilidade cutânea. Assim como, a solubilidade, em que as substâncias lipossolúveis são mais permeáveis. Apontam, ainda, que quanto maior for o tempo de aplicação, maior será a permeação. É o caso das máscaras cosméticas, cujo tempo de contato é normalmente de vinte minutos. As substâncias iônicas, associadas à eletroterapia, possuem alta permeabilidade. E, por fim temos os tipos de veículos cosméticos responsáveis por carrear o ativo. Partindo desse último fator apontado por Gomes e Damazio (2013), vamos detalhar a seguir as propriedades físico-químicas das bases cosméticas, conhecendo as características dos principais tipos de veículos, como: creme, loção, emulsão, gel etc., em que os P.A são agregados. Agora, vamos para a introdução geral aos princípios ativos. Completando nosso estudo inicial de cosmetologia, conheceremos os mecanismos de ação dos principais ativos cosméticos destinados à hidratação cutânea, as formulações que os contém, bem como sua indicação e contraindicação. Dessa forma, contemplaremos todos os aspectos que orientarão a escolha do P.A adequado no seu procedimento estético. 2 Tipos de bases/veículos cosméticos A formulação de um cosmético é complexa e utiliza muita matérias-primas e substâncias diferentes, pois cada cosmético precisa apresentar várias propriedades físico-químicas, simultaneamente, ajustadas para as aplicações estética desejadas. De acordo com Draelos (2005, p.29), a base/veículo é a parte mais importante de qualquer formulação. Para que o veículo seja efetivo, no transporte do ativo, sua composição deve respeitar fatores físico-químicos como, peso molecular, polaridade, concentração, pH, para que haja biocompatibilidade e uma permeação cutânea eficiente, em que, de acordo com Gomes & Damazio (2013), a pele reconheça a necessidade da substância. Originando, assim, as diferentes bases cosméticas. Conforme Vanzin (2011), a base veicular cosmética é, também, um conjunto de substâncias que dão forma aos cosméticos. Estão disponíveis em forma de gel, emulsão, cremes, loção, pós e veículos vetoriais, como os lipossomas, nanosferas, nanocápsulas etc. Sua escolha é baseada na finalidade do ativo e conforme o biotipo cutâneo. Vamos conhecê-las! 2.1 Gel e gel-creme O gel é um veículo simples. Conforme Vanzin (2011), é composto de uma fase, predominantemente, líquida, representada pela água e uma fase sólida, dada pelos agentes gelificantes, geralmente polímeros. Devido a essas características, são bases cosméticas mais indicadas para peles oleosa e acneica. Tabela 2 - Matéria-prima utilizada nas formulações em gel Fonte: GOMES; DAMAZIO, 2013 (Adaptado). #PraCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que mostra algumas das principais matérias-primas utilizadas nas formulações cosméticas com base gel. As substâncias gelificantes suspendem a água, modificando seu estado físico, tornando o cosmético um sérum, fluido, gel ou goma. Isso depende da porcentagem, ou seja, da concentração do agente utilizado. Uma característica importante da base gel é que seu sensorial permite uma boa adesão do paciente ao tratamento. Além disso, segundo Vanzin (2011), em razão de sua faixa de pH para sua estabilidade ser predominantemente neutra, ou seja, acima de 5,0, admite vários tipos de ativos, desde ácidos e eletrólitos até os hidratantes e nutritivos. Comumente, para Gomes e Damazio (2013), existem dois tipos principais de formulações em gel, o gel aquoso e gel-creme, nos quais são acrescidos os P.A específicos. GEL-AQUOSO Composto essencialmente de uma fase aquosa constituída de um formador de gel, como um carbômero (polímero carboxivinílico), ou ainda uma hidroxietilcelulose, água e um glicol para diminuir a pegajosidade. GEL-CREME Segundo Vanzin (2011), o gel-creme é um dos veículos mais empregados em países tropicais, pois une as vantagens sensorial e refrescante do gel, com a emoliência e maciez proporcionada pelas emulsões. São cosméticos também conhecidos como “oil free”, especialmente indicados para peles oleosas e mistas. 2.2 Emulsão As emulsões são veículos amplamente utilizados para a incorporação de ativos. Possuem um toque e espalhabilidade agradáveis, o que facilita a adesão ao tratamento. Segundo Vanzin (2011), a emulsão é composta de uma fase oleosa e uma fase aquosa, estabilizadas por um agente emulsionante. Quimicamente, há um meio contínuo, chamado de fase externa/dispersante, no qual se distribuem as miscelas, denominadas fase interna/dispersa, ou seja, gotículas de pequenos diâmetros e imiscível. Como água e óleo não se misturam, é incorporado um emulsificador para unir as duas fases. Figura 2 - Estrutura físico-química da emulsão Fonte: Fonte: Designua, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra a estrutura físico-química da emulsão. Os emulsionantes estabilizam as emulsões, conforme Draelos (2005), reduzem a tensão entre as duas fases, agindo assim como uma barreira de aderência entre elas. Normalmente são tensoativos ou surfactantes, classificados como aniônicos, catiônicos e não iônicos, que apresentam estrutura anfifílica, ou seja, uma parte polar (hidrofílica) e uma parte apolar (lipofílica). A proporção entre a fase oleosa e a fase aquosa pode variar, originando basicamente dois tipos de emulsões, a óleo/água (O/A) e a água/óleo (A/O). O ativo pode ser incorporado entre as substâncias solúveis em água ou entre as solúveis em óleo. O pH das emulsões varia de 5,0 a 7,0. A emulsão óleo em água (O/A) apresenta uma composição com menor porcentagem de óleos e maior porcentagem de água. Conforme Draelos (2005), sua fase interna é constituída por substâncias lipófilas que não se misturam com a fase externa, formada por água e substâncias polares. São mais leves e com baixa untuosidade. A emulsão água em óleo (A/O) apresenta uma composição com porcentagem de fase oleosa maior do que a da fase aquosa, ou seja, a fase interna é constituída por água e substâncias polares e a fase externa é formada por óleo e compostos apolares. Essa base veicular apresenta maior oleosidade, por isso é preferida para formulações hidratantes. Tabela 3 - Componentes de uma emulsão Fonte: DRAELOS, 2005; GOMES; DAMAZIO, 2013 (Adaptado). #PraCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que descreve os principais componentes de uma emulsão, cita o tipo de substância, dá alguns exemplos das mais utilizadas e sua função na formulação. Além desses dois tipos de emulsões, há um terceiro chamado emulsões múltiplas. Para Draelos (2005), são emulsões que formam emulsões dentro de uma das fases das emulsões O/A ou A/O. Por exemplo, é possível em uma emulsão água em óleo, usar a fase oleosa para formar uma segunda emulsão óleo em água, resultando na emulsão múltipla A/O/A, ou seja, caracterizada como aquosa numa emulsão óleo em água. 2.3 Creme Os cremes são veículos que apresentam alta viscosidade e são constituídos basicamente de ceras, emolientes, conservantes e água. Segundo Galembeck e Csordas (2019), as ceras são ésteres de ácidos e álcoois graxos, derivados do coco, da carnaúba e da jojoba, por exemplo. Também podem ser obtidas de animais,como a cera de abelha e a lanolina ou sintetizadas a partir do petróleo, como a vaselina. Apresentam propriedades físico-químicas mais sólidas em temperatura ambiente, porém, em contato com a pele, que é mais quente, amolecem e oferecem um bom espalhamento. Normalmente seu pH está entre 5,5 e 6,5. O creme tem como característica formar um filme sobre a superfície da pele, tornando-a impermeável, contribuindo para reduzir a perda transcutânea de água. 2.4 Veículos vetoriais Os veículos vetoriais são estruturas capazes de carrear ativos hidrossolúveis e lipossolúveis até as camadas mais profundas da epiderme. Os principais são os lipossomos, nanosfera e silanóis. Segundo Gomes & Damazio (2013, p.166), a absorção do P.A dependerá do mecanismo de ação da forma selecionada. Tabela 4 - Principais veículos vetoriais para formulações cosméticas Fonte: GOMES; DAMAZIO, 2013; VANZIN, 2011 (Adaptado). #PraCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que descreve as características físico- químicas e o mecanismo de ação dos principais veículos vetoriais para formulações cosméticas. É importante observar que as bases cosméticas têm uma formulação que favorece a veiculação do ativo principal. No entanto, em sua composição físico-química, a maioria das substâncias presentes é de princípios ativos, por exemplo, os óleos e ceras. Isso porque outra importante função da base é garantir uma boa hidratação do estrato córneo, aumentando assim, sua elasticidade e permeabilidade. 3 Introdução aos princípios ativos Os princípios ativos são substâncias químicas ou biológicas com ação específica sobre as células e o tecido cutâneo. Segundo Draelos (2005), devem estar associados aos veículos cosméticos em perfeita afinidade e estabilidade química. Se enquadram em várias categorias, como: vitaminas, hidratantes, esfoliantes, peptídeos, antioxidantes, fatores de crescimento, filtros solares. Cada ativo tem seu mecanismo de ação e suas características físico-químicas dentro da formulação como, o peso molecular, pH, concentração, determinam seu efeito. Por exemplo, a ureia, com comprovado efeito hidratante e restaurador de barreira em concentrações de 2, 5 e 10%. Já em concentrações de 20% seu efeito evidente passa a ser o queratolítico. 3.1 Desidratação cutânea e alteração da função barreira Diversos fatores causam a desidratação da pele. Segundo Gomes e Damazio (2013), podem ser genéticos e endógenos, que alteram a integridade e função da barreira cutânea, ou fatores ambientais e comportamentais. Dentre as características da pele seca, denominada xerose, estão a descamação, pruridos, fissuras, vermelhidão, repuxamento e ocasionalmente, pode ocorrer sangramentos. Em sua fisiopatologia, conforme Lupi (2012), estão as alterações funcionais e mudanças no estrato córneo, anormalidades no processo de queratinização, alterações dos lipídeos da matriz intercelular, assim como do manto hidrolipidico, rompimento do metabolismo de água trasepidermica e mudanças do pH cutâneo. Dessa forma, a pele desidratada, segundo Draelos (2005), é caracterizada pela redução da água contida no estrato córneo, que ocasiona a perda da coesividade dos corneócitos, mas não altera a quantidade total de lipídeos, mas nota-se um aumento na quantidade de ácidos graxos livres. Com essa alteração, o pH da pele também se modifica. Sendo assim, a epiderme se desidrata, conforme Lupi (2012), pela desordem no processo de renovação celular e desequilíbrio entre a evaporação e reposição da água nas camadas inferiores, ou seja, o mecanismo de perda de água transepidermica (TEWL). A derme também, se desidrata, pois, macromoléculas da matriz, como o ácido hialurônico se decompõem, diminuindo a capacidade de retenção de água e, ainda, diminui a produção de filagrina, precursora do NMF. O que faz a pele permanecer saudável, com flexibilidade e elasticidade é o equilíbrio que existe no seu mecanismo de hidratação, na capacidade de promover a renovação celular e na qualidade e quantidade das substâncias do fator de hidratação natural e os lipídeos que compõem a epiderme, os responsáveis pela sua impermeabilização. Para o funcionamento adequado do mecanismo de hidratação, a camada córnea deve ser capaz de reter água, de maneira que a sua taxa de evaporação sempre se mantenha num nível normal. Assim, para evitar a desidratação é preciso manter a integridade da barreira cutânea. Segundo Gomes e Damazio (2013), as formulações e os agentes hidratantes atuam na restauração da barreira pelos mecanismos de oclusão, umectação e hidratação ativa. 3.2 Princípios ativos e os mecanismos de hidratação cosmética O equilíbrio adequado entre os componentes do filme hidrolipídico, do cimento intercelular e do NMF presente no estrato córneo, é fundamental para o balanço de hidratação da pele. Nesse sentido, as formulações cosméticas para a hidratação visam os mesmos objetivos, agindo por mecanismos de superfície e intracelulares. Conforme Gomes e Damazio (2005, p.193), o mecanismo de hidratação de superfície pode ocorrer por oclusão ou umectação, enquanto a hidratação ativa, representa o mecanismo intracelular ou osmolaridade. O mecanismo de oclusão impede a perda e reduz a evaporação de água do estrato córneo. Segundo Draelos (2005), isso é obtido com a aplicação de substâncias oleosas e emolientes, que formam uma fina camada lipídica sobre a pele, enriquecendo a ação do manto hidrolipídico, sem obstruir os óstios. Tabela 5 - Ativos cosméticos oclusivos e emolientes Fonte: DRAELOS, 2005 (Adaptado). #PraCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que descreve os principais ativos de mecanismo de ação oclusivos. Esses lipídeos cosméticos possuem a propriedade de difusão, segundo Gomes e Damazio (2005, p.194). Essa característica permite que eles se disseminem pela epiderme encontrando as moléculas de água que estão se evaporando, devido ao processo de maturação celular. Então, esses óleos capturam a água, impedindo sua saída e dessa forma mantem o grau hídrido da pele. Já no mecanismo de umectação, segundo Draelos (2005, p.101), as substâncias têm propriedades higroscópicas, porém, muitas também são emolientes. A principal característica dos umectantes é sua capacidade de atrair e absorver a água da atmosfera, bem como, de reter a água da derme, a qual hidrata a epiderme através dos processos fisiológicos. Como exemplo de ativos umectantes, Gomes e Damazio (2005, p.194), citam o colágeno, um ativo biológico cuja capacidade de absorção de água, chega a trinta vezes seu peso. Estruturalmente, essa proteína é uma macromolécula, por isso age na superfície cutânea. Os autores, alegam que devido a essa caraterística físico-química é quase improvável a absorção do colágeno pela pele. Figura 3 - Ativos cosméticos umectantes Fonte: DRAELOS, 2005 (Adaptado). #PraCegoVer: A imagem apresenta uma tabela descreve os principais ativos de mecanismo de ação umectante. Conforme Draelos (2005), é importante que na formulação hidratante umectante sejam incorporados ativos emolientes, agentes oclusivos, pois a aplicação do umectante isoladamente pode aumentar a perda de água transepidérmica. Por exemplo, ao glicerol pode ser adicionado álcoois emolientes, como o álcool cetil ou estearil, que não ressecam/alteram a textura suave da pele após a aplicação. Outro agente umectante importante é o ácido hialurônico, um biopolímero que pertence à classe dos glicosaminoglicanos, abundante no tecido conjuntivo do corpo, mas é na pele que se encontra em maior quantidade, pois é o componente maioritário da matriz extracelular da derme. Na epiderme, está presente no NMF, o que se revela agente higroscópico da manutenção da estrutura normal do estrato córneo e da função de barreira epidérmica. Segundo Gomes e Damazio (2005, p.194), o ácido hialurônico é um composto de elevado valor hidratante, de excelentes características higroscópicas e propriedades viscoelásticas. Quando hidratado, tem capacidadede reter cerca de mil vezes o seu tamanho em moléculas de água. Por ser integrante do NMF, o ácido hialurônico também tem a propriedade de realizar a hidratação pelo mecanismo ativo, ou seja, extra e intracelular. A hidratação ativa é diferente do mecanismo superficial, pois age nas camadas internas da epiderme, ou seja, o objetivo é permear o princípio ativo para aumentar a concentração dos fatores de hidratação natural. Dessa forma, as formulações cosméticas contêm os elementos formadores do NMF, como ureia, aminoácidos (prolina, hidroxiprolina, cistina), PCA-Na, entre outros. Além disso, conforme Gomes e Damazio (2005, p.194), as células também recebem esses nutrientes por meio da difusão simples ou facilitada, mecanismo denominado osmolaridade, e melhora suas funções metabólicas e a homeostasia orgânica da pele é garantida. Ainda, a membrana plasmática celular possui canais proteicos chamados de aquaporina. O mecanismo de ação hidratante da aquaporina, segundo Vanzin (2011), se deve pela sua característica de regulação da passagem de água, de glicerol e de solutos de baixo peso molecular para o interior das células, determinando, então, a hidratação tecidual. Acredita-se que uma única aquaporina transporte até três milhões de moléculas de água por segundo, melhorando o sistema de irrigação e a osmolaridade. Por todas as razões estudadas, uma formulação hidratante é um produto cosmecêutico capaz de restabelecer e contribuir para a manutenção das características de hidratação fisiológica do estrato córneo. Normalmente, não apresentam contraindicações, pelo contrário, já são formulados para diferentes biotipos. No entanto, reações adversas podem ocorrer. 3.3 Reações adversas dos hidratantes De modo geral, os hidratantes possuem segurança e raramente apresentam reações, efeitos indesejáveis ou risco à saúde. O que ocorre é que pessoas de pele sensível podem apresentar reações adversas, como ardência, coceira, queimação, logo após a aplicação tópica das formulações hidratantes. Cada organismo reage de uma maneira particular às substâncias que compõem o cosmético, algumas delas como conservantes e fragrância podem causar sensibilidade e certa irritação na pele. Galembeck e Csordas (2019) advertem que alguns agentes, como a ureia e ácido lático, podem fragilizar a função barreira, influenciando sua recuperação, enquanto outros a fortalece. 4 Aplicação dos cosméticos hidratantes no procedimento estético Dois processos básicos que funcionam em conjunto para manter a saúde geral da pele são a limpeza e a hidratação. Segundo Draelos (2005, p.100), a limpeza permite a remoção de sujidades externas, secreções cutâneas naturais e microrganismos. Os hidratantes são aliados importantes no cuidado básico da pele, devido às alterações constantes da barreira epidérmica. Além das condições fisiopatológicas, fatores climáticos, ambientais e comportamentais, como baixa umidade do ar, exposição solar frequente, ar condicionado e, até o sabonete do nosso banho, provocam a redução do conteúdo de água e lipídeos da epiderme. Sendo assim, conheceremos a seguir as formulações adequadas para a hidratação, inclusive conforme o biotipo cutâneo. 4.1 Formulações cosméticas para hidratação A limpeza da pele é importante para favorecer a penetração dos ativos hidratantes das formulações cosméticas que serão aplicados e, consequentemente, obter o efeito terapêutico desejado nos procedimentos estéticos. Segundo Vanzin (2011, p.56), uma boa formulação destinada para higiene e limpeza da pele precisa ter um balanceamento, ou seja, ter um equilíbrio hidro-lipofílico. Esse equilíbrio é obtido pela combinação de diferentes tipos de tensoativos que contribuem para a biocompatibilidade, além de conferir bom sensorial. Por exemplo: lauril sulfato de amônio, que possui alto poder umectante associado a ação detergente e cocoil glutamato de sódio, substância derivada de aminoácidos, com maior biocompatibilidade. Esses agentes ativos desestabilizam o pH ácido da pele e por essa razão, logo após a higienização, utilizam-se formulações tônicas. Conforme Draelos (2005, p.105), tônicos são formulações líquidas cujo objetivo é promover a neutralização do pH da pele. Para essa função são adicionados princípios ativos orgânicos ácidos, retornando o pH ao nível fisiológico de 5,5. Segundo Vanzin (2011, p.76), aos tônicos podem ser associados princípios ativos hidratantes e nutritivos, entre os quais os extratos naturais obtidos de frutas, como o bioextrato de abacate que contém lipídeos; vitaminas A, B, C; proteínas, aminoácidos e sais minerais, com função emoliente e hidratante. O autor também cita o bioextrato de abacaxi composto de polissacarídeos, sais minerais, vitaminas, flavonoides, ácidos orgânicos e enzima proteolítica, que além de hidratante e emoliente, é renovador da camada córnea. Entre outros, como o extrato de aveia, cacau, camomila, coco, lavanda, cuja composição predominante são as vitaminas lipo e hidrossolúveis, óleos essenciais e oligoelementos, fundamentais para a manutenção da função do manto hidrolipídico e da camada córnea. Dessa forma a pele está preparada para receber os ativos hidratantes das outras formulações. Segundo Gomes e Damazio (2005) as emulsões são os principais agentes oclusivos utilizados para a hidratação da pele. Tanto a óleo em água, como a água em óleo, pois os componentes de suas fases assemelham-se ao conteúdo do manto hidrolipídico. São indicadas para o tratamento de peles alípicas e mistas. Segundo Vanzin (2011), para a umectação são utilizadas substâncias hidrossolúveis em diferentes pesos moleculares como, os oligo e polissacarídeos, polímeros e proteínas. São escolhidas em especial para o tratamento de peles oleosas e acneicas, em formulações gel, gel-creme ou emulsões O/A. Ainda indica que outra estratégia de hidratação é aumentar as expressões das aquaporinas da pele. Para Draelos (2005), uma formulação hidratante é considerada boa quando consegue em um bom período apresentar baixos valores de TEWL. Há vários ativos com alta capacidade hidratante, como: gluconolactona (polihidroxiácido), os α-hidroxiácidos (ácido lático; tartárico; glicólico), além dos clássicos: ureia, glicerina, ceramidas, óleos vegetais, fosfolipídios, entre outros. Tabela 6 - Princípios ativos hidratantes utilizados em formulações cosméticas Fonte: VANZIN, 2011 (Adaptado). #PraCegoVer: A imagem apresenta uma tabela que descreve o mecanismo de ação e propriedades de alguns princípios ativos hidratantes frequentemente utilizados nas formulações cosméticas hidratantes. Há também formulações fluidas ionizáveis, compostas de ativos, como o fator de crescimento TGF e outros eletrólitos que associados a eletroterapia, ionização, fonoforese etc., auxiliam na hidratação cutânea. Concluindo o processo de hidratação estética, a aplicação da máscara cosmética é de fundamental importância, pois é o momento de sedimentar e incorporar mais princípios ativos hidratantes e nutritivos na pele. Segundo Draelos (2005, p.187), as máscaras são formulações em cremes ou pastas aplicadas sobre a pele por período variável de 5 a 30 minutos, seguido de sua remoção. As máscaras, de acordo com Simão (2019), possuem mecanismo de ação por oclusão e podem ser formuladas com polímeros de secagem rápida, ou seja, aquelas conhecidas como “peel off”, ou em base cremosa compostas de ativos cosméticos argilosos, extratos botânicos, oligoelementos. Finalizando o tratamento, indispensável é a aplicação do filtro solar. Vejamos agora as características do procedimento de hidratação, conforme os diferentes biotipos cutâneos. 4.2 Hidratação dos diferentes biotipos cutâneos A hidratação é muito importante, independente do tipo de pele. Segundo Gomes e Damazio (2013, p. 195), as diferenças estão nos veículos e adição de ativos que não sejam somente para a hidratação.. PELE LIPÍDICA Apresenta excesso de oleosidade, hiperqueratosee óstios dilatados, por isso as melhores formulações são as de base emulsão O/A, gel ou gel-creme. PELE MISTA O veículo em gel-creme proporciona maior suavidade, sem comprometer as regiões lipídicas. PELE ALÍPICA Por ser seca, desidratada e com fina descamação, a formulações, segundo Draelos (2005, p.103), priorizam veículos cosméticos com propriedades umectantes e emolientes, como os cremes, emulsão A/O, e uma maior quantidade em ativos hidratantes, nutritivos, antioxidantes e regeneradores. Na hidratação para peles sensíveis, devemos preferir formulações hipoalergênicas em base emulsão O/A ou gel-creme, com a menor quantidade de princípios ativos, porém priorizando aqueles com propriedades calmantes e descongestionantes. Esse biotipo tem como característica reações excessivas a estímulos, apresentando hiperemia, ardor e ressecamento. Agora chegamos a um dilema, como convencer um biotipo acneico aceitar a hidratação? Por ser uma patologia que afeta o folículo pilossebáceo, a presença de oleosidade é grande e por essa razão, ao ouvir falar em hidratação, logo imagina que o excesso de sebo irá aumentar. No entanto, a pele acneica também desidrata e as melhores formulações são as em base gel, com princípios ativos não comedogênicos, porém capazes de impedir a perda de água transepidermica. Para saber mais sobre o processo de formulação dos cosméticos, os critérios para seleção da matéria-prima, as condições do processamento industrial, toxicidade, riscos ambientais e as normas de órgãos reguladores, como a ANVISA, aqui no Brasil, leia na íntegra o artigo “Cosméticos: a química da beleza” de Galembeck e Csordas (2019). Você encontrará esse artigo disponível na internet, o link de acesso foi indicado nas referências desta unidade. Os hidratantes para a pele masculina, segundo Gomes e Damazio (2013, p. 195), precisam ter uma textura leve, como o gel e o gel-creme, já que em razão das diferenças hormonais e algumas estruturais, é uma pele mais lipídica que a feminina. Outro biotipo cutâneo que apresenta diferenças histológicas é a pele negra, requerendo alguns cuidados diferenciados. A pele negra necessita hidratação diária, pois fisiologicamente está mais propensa a perda de água transepidérmica, devido ao maior calibre de seus vasos sanguíneos e linfáticos, deixando a pele com tonalidade acinzentada e ressecamento excessivo. Apesar disso, é um biotipo com maior secreção lipídica, sendo então recomendado formulação cosmética em base não oleosa, ou seja, o gel e o gel-creme. O profissional esteticista precisa conhecer profundamente a anatomofisiologia da pele e as características físico-químicas dos cosméticos, bem como suas propriedades e mecanismo de ação para aplicá-los em seus procedimentos e indicar corretamente aos seus pacientes. Assista aí é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: conhecer os principais conceitos da cosmetologia; compreender as características físico-químicas e as funções da barreira epidérmica e conhecer os aspectos das vias de permeação cutânea; compreender as características das formulações cosméticas e conhecer as bases/veículos de transporte dos princípios ativos; aprender sobre os mecanismos de hidratação cutânea por oclusão, umectação e hidratação ativa; conhecer os principais princípios ativos hidratantes em formulações cosméticas para os procedimentos estéticos. Referências DRAELOS, Z.D. Cosmecêuticos. Rio de Janeiro: E!sevier, 2005. GALEMBECK, F.; CSORDAS, Y. Cosméticos: a química da beleza. Fisio sala de leitura, 2019. Disponível em: http://fisiosale.com.br/assets/9no%C3%A7%C3%B5es-de- cosmetologia-2210.pdf . Acesso em: 06 abr. 2020. GOMES, R.K.& DAMAZIO, M.G. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos. 4 ed. São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2013. GUYTON, A. C. & HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. LUPI, O et al. Rotinas de diagnóstico e tratamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia - SBD. 2. ed. São Paulo: AC Farmacêutica, 2012. SIMÃO, D. Cosmetologia aplicada I. Porto Alegre: SAGAH, 2019. VANZIN, S. B. & CAMARGO, C. P. Entendendo cosmecêuticos: diagnósticos e tratamentos. São Paulo: Santos, 2011. PARTE 2 Formulações em cosmetologia Introdução às formulações cosméticas Aline Andressa Matiello http://fisiosale.com.br/assets/9no%C3%A7%C3%B5es-de-cosmetologia-2210.pdf http://fisiosale.com.br/assets/9no%C3%A7%C3%B5es-de-cosmetologia-2210.pdf Você está na unidade Introdução às formulações cosméticas. Nesta unidade, você, estudante, irá conhecer as formulações cosméticas, compreendendo como os produtos cosméticos interagem com a pele, como eles permeiam por meio dela e quais os compostos básicos presentes nas formulações. Serão, também, descritas as formas de apresentação dos produtos cosméticos, assim como as características de cada uma delas. Ao final desta unidade, serão discutidos os riscos relacionados ao uso de produtos cosméticos, bem como as legislações vigentes, elaboradas pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que regulamentam o mercado de cosméticos no Brasil, desde a produção desses produtos até sua comercialização e seu uso. Bons estudos! 1 Formulações cosméticas e a interação com a pele As formulações cosméticas são produtos produzidos de modo a atuarem sobre a pele e as mucosas externas. Podem possuir diferentes finalidades, de acordo com o objetivo, que pode ser de limpar, de perfumar, de alterar a aparência, de corrigir odores, de tratar, ou ainda, de proteger a pele (COSTA,2012). Tais produtos cosméticos podem ser produzidos pelo uso de substâncias naturais ou sintéticas, e se destinam ao uso externo em diversas partes do corpo humano, como, por exemplo, na pele, nas unhas, nas mucosas, nos lábios, nos cabelos, dentre outros (COSTA, 2012). A cosmetologia é a ciência que faz o estudo de diversos fatores importantes como, por exemplo, as formulações cosméticas, a escolha das matérias-primas utilizadas, a produção, da comercialização, o controle de qualidade, e a segurança dos cosméticos. Segundo Ribeiro (2010), a cosmetologia é uma área multidisciplinar, que é empregada de modo a melhorar as condições dos tecidos, sem, no entanto, ter função curativa, uma vez que não é um medicamento. Pode ainda ser empregada de modo a aprimorar quadros de disfunções estéticas, amenizando ou prevenindo sinais e sintomas. Por isso, as formulações cosméticas são amplamente utilizadas em diversas áreas, incluindo a estética, tanto de maneira isolada quanto associada a outras modalidades de tratamento. Os primeiros cosméticos desenvolvidos ao longo da história foram produzidos pelos egípcios, que desenvolveram produtos cosméticos com o uso associado de mel, ceras vegetais, óleos vegetais, óleos essenciais, ervas e sais para criar produtos com finalidade estética. Posteriormente, os gregos e os romanos também desenvolveram outros produtos cosméticos (RIBEIRO, 2010). No Brasil, a indústria de cosméticos vem apresentando um crescimento importante, com o desenvolvimento de produtos cada vez mais efetivos, modernos e seguros. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), a área de cosmetologia tem se mostrado promissora no Brasil, dando ao país o título de terceiro maior consumidor de produtos e serviços de beleza do mundo (RÓS, 2016). Considerando esse importante crescimento, é fundamental que o estudante, futuro profissional de estética, conheça esses produtos cosméticos e saiba como utilizá-los de modo a proporcionar tratamentos estéticas cada vez mais modernos e efetivos. Assista aí 1.1 Interação de formulações cosméticas com a pele Esses produtos cosméticos, a fim de gerarem os efeitos desejados, precisam atuar sobre estruturas específicas da pele, gerando modificações químicas, físicas ou biológicase, dessa forma, proporcionando os efeitos esperados do cosmético. A pele humana é o maior órgão do corpo humano. Ela recobre toda a superfície externa do corpo e constitui 16% do peso corporal de um indivíduo. Dentre as principais funções desempenhadas pela pele, pode-se mencionar a proteção contra radiação solar e lesões externas, as sínteses de vitaminas, a absorção e a eliminação de substâncias químicas, além das funções sensoriais e de controle de temperatura (RIBEIRO, 2010). Histologicamente, a pele humana é constituída por inúmeras células, organizadas em camadas e que conferem a ela a capacidade de proteção. Há duas camadas muito importantes para a configuração da pele: a derme e a epiderme. Abaixo dessas duas camadas, há ainda a camada chamada de hipoderme. A figura, a seguir, mostra uma representação esquemática da estrutura da pele humana. Figura 1 - Representação esquemática da pele Fonte: Shutterstock. #PraCegoVer: Representação esquemática da pele. Nela, é possível visualizar a disposição das camadas da hipoderme e da derme, além das cinco camadas que formam a epiderme. A hipoderme, localizada abaixo da pele humana, é uma camada formada por células adipócitos. Essa camada recebe também o nome tecido subcutâneo, adiposo ou tecido hipodérmico. Para alguns autores, a hipoderme também faz parte da pele. Tal camada, localizada imediatamente abaixo da derme, permite o contorno das superfícies corporais, ao mesmo tempo que funciona como reservatório energético e de proteção contra danos físicos, servindo também de suporte à derme e à epiderme (FRANGIE et al, 2016). A derme é a camada mais profunda da pele, localizada abaixo da epiderme e acima da hipoderme. É uma camada considerada, segundo Ribeiro (2010), como sendo extremamente resistente e elástica, e, por isso, essa camada está relacionada à função de nutrição dos tecidos, de proteção contra agressões mecânicas. É nessa camada que ficam alojadas estruturas importantes como apêndices, glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, vasos sanguíneos, linfáticos, dentre outras estruturas. A parte mais superficial da derme é chamada de derme papilar, encontrada em contato direito com a epiderme. Ela possui, em sua estrutura, uma quantidade importante de fibras de proteínas, como, por exemplo, o colágeno e a elastina, assim como a matriz extracelular, que garante a configuração dessa camada. Além disso, é nela que se encontram importantes células como os melanócitos, por exemplo, isto é, células responsáveis pela síntese de melanina, substancia que dá cor à pele humana. A parte mais profunda da derme é chamada de derme reticular e se encontra em contato com a hipoderme. As células mais importantes da camada da pele chamada de derme são os fibroblastos, que são as células responsáveis pela síntese de fibras de colágeno e de elastina, que garantem elasticidade e resistência a esse órgão. Ademais, a maior parte dos vasos sanguíneos e linfáticos fica localizada nessa camada, o que garante à pele o fornecimento adequado de oxigênio e de nutrientes (FRANGIE et al, 2016). Logo acima da derme, há a camada chamada de epiderme. Tal camada, que fica em contato direto com o meio externo, é formada por outras 5 subcamadas denominadas de: camada basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea, dispostas de mais profunda para mais superficial (TORTORA, 2017). Em cada uma dessas camadas, as células apresentam características específicas, todavia, em geral, de maneira conjunta, atuam de modo a garantir todas as funções da pele. Dentre as camadas da epiderme, a camada córnea possui uma importância muito grande. Essa camada é também chamada de estrato córneo e, por ser a parte mais externa da epiderme, permanece em contato direto com o ambiente (FRANGIE et al, 2016). 1.2 Barreira estabelecida pela pele para a permeação de cosméticos A ação de diferentes tipos celulares dispostos em diferentes camadas, permite que a pele desempenhe todas as suas funções. Mais especificamente, a função de proteção desempenhada por meio da pele permite que o corpo evite lesões causadas pela invasão de microrganismo e evite danos ocasionados por penetração de substâncias químicas. Isso ocorre devido à camada mais externa da epiderme ser muito resistente à água e possuir uma camada hidro lipídica em sua estrutura. Essa camada, formada por água e lipídeos, permite que apenas algumas substâncias químicas consigam penetrar na pele, evitando danos teciduais. Vale ressaltar que as células presentes na epiderme são constantemente renovadas ao longo dos dias, pois novas células são produzidas na camada mais profunda da epiderme, ou seja, na camada basal. E com o passar dos dias, essas células vão sendo direcionadas à superfície da pele, proporcionando uma renovação constante das células, que recebem o nome de corneócitos. Os corneócitos existentes nessa última camada da epiderme, na camada córnea, em geral, são células mortas, compostas principalmente por proteínas, ácido graxos e colesterol, unidos entre si. Sua disposição permite que sua estrutura se assemelhe a vários tijolos dispostos lado a lado e fortemente unidos. A figura, a seguir, mostra a estrutura da pele. Figura 2 - Representação esquemática da estrutura da epiderme em forma de tijolos fortemente unidos, o que garante a resistência dessa camada celular Fonte: Shutterstock. #PraCegoVer: Representação esquemática da estrutura da epiderme em forma de tijolos fortemente unidos, o que garante a resistência dessa camada celular. O cosmético aplicado para atingir as camadas mais profundas precisa ultrapassar essa camada. Além disso, essas células são revestidas por uma fina camada, chamada de manto hidrolipidico, que é formada por uma quantidade de sebo eliminado pelas glândulas sebáceas, associado a bactérias e células mortas, o que permite uma barreira adicional à penetração de substâncias químicas (SOARES et al 2015). A figura, a seguir, mostra a membrana celular das células da camada córnea. Figura 3 - Representação esquemática da barreira existentes para permeação de cosméticos na pele Fonte: Shutterstock. #PraCegoVer: Representação esquemática da barreira existentes para permeação de cosméticos na pele. Ela demonstra a camada hidro lipídica, que serve de barreira a penetração de substâncias. A camada hidrolipídica, presente nas células da camada córnea, permite que a pele seja considerada uma barreira química e física muito eficaz, controlando a entrada e a saída de substâncias por ela. Contudo, essa camada não garante uma barreira total, uma vez que ela é semipermeável e, portanto, algumas substâncias são capazes de penetrar na camada córnea e atingir camadas mais profundas (SILVA, 2018). Na prática, essa barreira imposta pela camada córnea tem uma relação direta com a cosmetologia. A pele, por meio de sua camada mais externa da epiderme, a camada córnea, é considerada uma resistência à penetração de cosméticos aplicados topicamente à pele, uma vez que essa camada seleciona e impede parcialmente que substâncias químicas atinjam as camadas mais profundas. Contudo, como a barreira imposta pela camada córnea é semipermeável, é possível que alguns produtos cosméticos, quando aplicados à pele topicamente, possam penetrar na camada córnea e serem absorvidos por camadas mais profundas. Entretanto, para que isso seja possível, é necessário que os produtos cosméticos sejam formulados de modo a vencer esse obstáculo físico e químico imposto pela camada córnea. Quando vencidos esses obstáculos, as formulações cosméticas podem atingir camadas mais profundas da pele, promovendo os efeitos terapêuticos desejados com o uso do produto cosmético. 2 Permeação de ativos cosméticos por meio da pele Como a camada córnea da epiderme é semipermeável, algumas substâncias, quando aplicadas topicamente à pele, são facilmente absorvidas, enquanto outras encontram dificuldades ou não conseguem penetrar através dessa barreira.De acordo com as características das substâncias presentes nos cosméticos, elas podem penetrar em diferentes intensidades na pele e por diferentes mecanismos de permeação. A permeação de formulações cosméticas por meio da pele, ainda pode ser influenciada por uma série de fatores que envolvem as características da pele do paciente e também do produto cosmético utilizado. Vale ressaltar que dependendo da finalidade de uso, cada produto cosmético atuará em uma camada especifica da pele, existindo cosméticos destinados à epiderme, à derme, à hipoderme ou ao tecido muscular que se encontra logo abaixo da hipoderme. 2.1 Tipos de substâncias e a relação com a permeação cutânea As substâncias presentes em formulações cosméticas, ao entrarem em contato com as células da camada córnea, são reconhecidas por essas células. Algumas delas terão características que possibilitarão que passem facilmente por essa barreira imposta pela pele, enquanto outras substâncias podem ter dificuldades ou, até mesmo, impossibilidade de permearem as demais camadas mais profundas da pele. As substâncias denominadas permeáveis conseguem ultrapassar essa camada muito facilmente. Segundo Kede e Sabotovick (2009), produtos como a água, o etanol, assim como as moléculas hidro e lipossolúveis de baixo peso molecular são exemplos de substâncias muito permeáveis. Na prática da cosmetologia, o ácido glicólico, muito utilizado em tratamentos faciais, é um exemplo de substância permeável. Em contrapartida, algumas moléculas maiores de proteínas, eletrólitos ou hidrofílicas, que possuam peso molecular mais elevado, dificilmente conseguem atravessar a barreira cutânea. Exemplos dessas substâncias impermeáveis, são moléculas de colágeno e de elastina. Figura 4 - Representação das diferentes permeabilidades de substancias conforme o peso molecular Fonte: Shutterstock. #PraCegoVer: Representação das diferentes permeabilidades de substancias conforme o peso molecular. Como visualizado na figura, as moléculas de maior peso molecular possuem maior dificuldade em penetrar na pele, enquanto as moléculas de baixo peso molecular conseguem penetrar mais facilmente. Além dessas situações, em certos casos, algumas substâncias podem passar por essa barreira com o auxílio de algumas moléculas especificas. Isso acontece, por exemplo, nos casos de algumas vitaminas ou de alguns hormônios, que sozinhos não conseguiriam penetrar a camada córnea. Todavia, quando eles estão presentes em uma formulação de maneira associada a algumas proteínas carreadoras, são levados para as camadas mais profundas da pele. Nesses casos, as substâncias são denominadas semipermeáveis, porque somente conseguirão romper a barreira com o auxílio dessa molécula carreadora. Essas substâncias permeáveis, semipermeáveis ou não permeáveis estão presentes comumente em produtos cosméticos utilizados. 2.2 Principais rotas de permeação cutânea De acordo com os caminhos que as substâncias percorrem normalmente para atingir as camadas mais profundas da pele, são apresentadas diferentes rotas de permeação cutânea: as rotas intercelulares, transcelulares, transglandulares ou transfoliculares. Tais rotas são, na verdade, caminhos pelos quais os cosméticos precisam passar para atingir os tecidos-alvos do tratamento. Essas rotas podem ser visualizadas na figura a seguir. Figura 5 - Rotas de permeação cutânea Fonte: Rotas de permeação cutânea #PraCegoVer: A figura mostra as principais rotas encontradas pelos produtos cosméticos para atingirem as camadas mais profundas da pele. A permeação chamada de intercelular acontece quando o produto cosmético chega aos tecidos mais profundos por meio de pequenos espaços existentes entre as células queratinócitos, também chamados de espaço intercelular. A rota transcelular permite que o produto cosmético penetre as camadas mais profundas pela permeação por dentro da estrutura celular, também chamada de permeação intracelular. A figura, a seguir, mostra o exemplo de um produto cosmético aplicado com a finalidade de clarear a pele. Figura 6 - Rota de permeação cutânea transcelular Fonte: Shutterstock. #PraCegoVer: A figura mostra como acontece a permeação de produtos cosméticos pela via transcelular, por meio da qual o produto consegue penetrar a pele via intracelular e causar o clareamento do tecido. A permeação pela rota transglandular acontece quando a formulação cosmética permeia na pele por meio de estruturas glandulares existentes na pele. A permeação de substâncias pela da rota transfolicular acontece pelo folículo piloso, ou seja, ao aplicar topicamente um produto cosmético que atua por essa rota, esse produto irá atingir o folículo piloso e penetrar a pele por ele. Cada produto cosmético, dependendo de sua composição, de seu mecanismo de ação e de suas substâncias utilizadas na formulação, permeará na camada córnea por uma dessas vias de permeação e poderá atingir o tecido desejado, sejam as camadas mais profundas da epiderme, da derme ou, até mesmo, da hipoderme. 2.3 Fatores que influenciam a permeação cutânea A aplicação de uma formulação cosmética tem por objetivo atuar exatamente no tecido alvo, e, para isso, precisa alcançá-lo por meio das diferentes rotas de permeação. Algumas características das formulações cosméticas, como o tipo de substâncias utilizadas na formulação e algumas características da pele humana podem facilitar ou dificultar essa permeação. Em relação as características da pele, fatores como a hidratação, a espessura e a integridade do tecido estão diretamente relacionadas às taxas maiores ou menores de permeação cutânea. Peles com taxas de hidratação dentro do normal se encontram mais flexíveis e elásticas, o que permite melhor absorção das formulações cosméticas, quando comparadas a peles menos hidratadas. Segundo Kede e Sabotovick (2009), peles de maior espessura, com a camada córnea maior representam uma barreira adicional a permeação de ativos, enquanto peles com a camada córnea menos espessa absorvem mais facilmente os produtos cosméticos aplicados sobre ela. Peles excessivamente oleosas costumam possuir uma camada córnea mais espessa o que limita a permeação dos cosméticos. Em relação à integridade da pele, uma pele não integra, com presença de alguma lesão, como, por exemplo, corte, têm sua barreira de proteção rompida e, portanto, aumenta as taxas de permeação cutânea. Quanto à formulação cosmética, a presença de algumas substâncias no produto pode auxiliar ou dificultar que o cosmético consiga permear a camada córnea e atingir os tecidos desejados. A presença de alguns produtos, a natureza deles, a concentração das substâncias e o meio de permeação vão definir, por exemplo, a velocidade de permeação do cosmético. Como o objetivo é, sobretudo, aumentar a permeação, na área da cosmetologia, podem ser utilizados produtos específicos que aumentam as taxas de permeação desses produtos cosméticos, chamados de promotores de permeação químicos. O uso desses promotores de permeação permite uma penetração eficiente do cosmético pela camada córnea, por meio do uso de substâncias químicas especificas que fornecem uma força motriz extra para que o produto consiga atravessar a barreira imposta pela camada córnea (SOARES et al, 2015). No geral, esses promotores permitem uma redução temporária e reversível das propriedades de barreira impostas pela camada córnea e, consequente, asseguram um aumento da permeabilidade celular, facilitando a entrada do produto cosmético. Quanto ao mecanismo de ação dos promotores de permeação químicos, eles podem atuar de diferentes maneiras para promover o aumento da permeação. Segundo Soares (2015), os promotores podem atuar sobre a estrutura da epiderme, reduzindo as concentrações de lipídeos e de oleosidade local; podem atuar sobre os corneócitos, hidratando-os ou removendo parte dessas células de forma a tornar a camada córnea mais fina, ou podem gerar alteraçõesde temperatura local, elevando a temperatura tecidual e facilitando a entrada de algumas substâncias. Além do uso de promotores de permeação químicos, há uma série de promotores físicos de permeação à disposição. Na área da estética, algumas técnicas terapêuticas possibilitam um aumento da permeação de cosméticos por alterações físicas promovidas na pele. Há exemplos de tratamentos como a iontoforese, a microdermoabrasão, a ablação por radiofrequência e o microagulhamento. Em geral, esses tratamentos geram algumas mudanças na estrutura da barreira cutânea e, com isso, permitem uma melhor absorção dos cosméticos aplicados posteriormente (SOARES et al, 2015). Atualmente, a indústria de cosméticos conta com uma série de tecnologias que proporcionam a melhoria da permeação dos ativos na pele, por meio de características especificas apresentadas pelas formulações cosméticas. Um exemplo dessa tecnologia é o uso da nanotecnologia como método de aumentar a permeação cutânea das formulações cosméticas. Conhecer os fatores que estão relacionados à melhoria da permeação de ativos cosméticos na pele permite que o profissional de estética possa utilizá-los a fim de aumentar a permeação dos ativos e, com isso, tornar o tratamento mais efetivo. Assista aí 3 Componentes de uma formulação cosmética As formulações cosméticas são formadas pela junção de sustâncias especificas. Normalmente, as formulações cosméticas são compostas por substâncias chamadas de princípios ativos, por substâncias excipientes e veículos e, bem como adjuvantes, que juntas, dão origem ao produto cosmético (FRANGIE et al, 2016). Conhecer tais componentes presentes nas formulações cosméticas e quais as funções desempenhadas por eles é essencial para o entendimento dos produtos cosméticos. 3.1 Princípios ativos Os princípios ativos presentes em produtos cosméticos são também chamados de ativos cosméticos, e são, na verdade, matérias-primas que garantem ao cosmético uma ação específica ao atingirem o tecido desejado (FRANGIE et al, 2016). Cada princípio ativo possui, desse modo, uma função, que pode ser antienvelhecimento, antiacne, clareador, dentre outras. A figura, a seguir, mostra alguns exemplos de princípios ativos utilizados na estética. Figura 7 - Exemplos de princípios ativos Fonte: Shutterstock. #PraCegoVer: A figura mostra exemplos de alguns princípios ativos comumente utilizados em produtos cosméticos utilizados em estética. A cafeína é um ativo cosmético empregado para melhoria da circulação local, o ácido hialurônico é utilizado como um potente hidratante tecidual, assim como o pantenol, o ácido lático é encontrado em cosméticos com finalidades umectantes, o ácido salicílico é um princípio ativo comumente utilizado em tratamentos de acne, e a vitamina E pode ser um princípio ativo empregado de forma a reduzir os sinais de envelhecimento facial. Um mesmo cosmético pode atuar por meio da ação de mais de um princípio ativo. Contudo, na prática, normalmente um produto cosmético possui mais de um princípio ativo, destinado à mesma função. Por exemplo, um cosmético antiacne pode conter dois ou mais princípios ativos antiacne, que atuarão de maneira associada, promovendo efeitos mais efetivos. 3.2 Substâncias excipientes e veículos As substâncias excipientes têm por função solubilizar e aumentar o volume do conteúdo, de modo que o princípio ativo fique dissolvido nessa substância. Segundo Frangie (2016), as substâncias excipientes são utilizadas para garantir uma maior homogeneidade ao cosmético e são formuladas a partir de matérias-primas sólidas, como, por exemplo, o talco e o amido. Enquanto os veículos possuem função de aumentar a forma e o volume do produto, nesse caso, são utilizadas matérias-primas líquidas, como a glicerina e a água (FRANGIE et al, 2016). Juntos, as substâncias excipientes e os veículos garantem um produto cosmético mais homogêneo, que facilita o uso, uma vez que o princípio ativo fica dissolvido nessas substâncias. 3.3 Substâncias adjuvantes Em geral, pode-se dizer que as substâncias adjuvantes presentes em cosméticos possuem a função de modificar ou de corrigir algumas características químicas ou físicas do produto cosmético, de maneira que elas fiquem estáveis (FRANGIE et al, 2016). Dentre as substâncias adjuvantes com a finalidade de modificação, pode-se citar: os tensoativos, os espessantes e as matérias graxas. Tensoativos: são substâncias adicionadas aos cosméticos com o objetivo de reduzir a tensão superficial dos líquidos, porque possuem capacidade hidrofílica. Essa capacidade permite que tais substâncias tenham afinidade tanto com água quanto com óleo de maneira associada. De acordo com a carga que possuem, os tensoativos podem ser classificados em: aniônicos, catiônicos, não iônicos, anfóteros ou ainda, naturais. De acordo com Frangie (2016), os tensoativos aniônicos possuem carga negativa e desempenham funções relacionadas à solubilização, ao emulsionante e ao antimicrobiano. Os tensoativos catiônicos possuem caga positiva e são inclusos em produtos cosméticos com finalidade condicionante, hidratante e antimicrobiana. Os tensoativos não iônicos possuem uma carga neutra e, por isso, possuem ação tensoativa mais suave, aliada à função emulsionante. Os tensoativos anfóteros possuem carga que varia conforme o Ph do produto cosmético, portanto, têm ação solubilizante e emulsionante, e, por fim, os tensoativos naturais, que podem possuir diferentes cargas, uma vez que produzem efeito tensoativo variável. Os tensoativos, no geral, são empregados em cosméticos com a finalidade de gerar espuma e auxiliar na limpeza, por isso, estão presentes em produtos cosméticos destinados à limpeza, como sabonetes e xampus, por exemplo. Espessantes: são substâncias presentes em cosméticos que possuem a capacidade de atrair água e, desse modo, possibilitam o intumescimento do produto (FRANGIE et al, 2016). Ao aumentar o intumescimento, aumenta-se a viscosidade do produto, tornando-o mais estável, ao mesmo tempo que ele atua melhorando os aspectos sensoriais e táteis promovidos pela aplicação do produto. Matérias Graxas: são substâncias presentes nos cosméticos que possuem uma estrutura oleosa e uma estrutura aquosa. Essas matérias graxas possibilitam melhorar a estabilidade do produto, a ação emulsionante e contribui para o aprimoramento da percepção sensorial do produto (FRANGIE et al, 2016). Dentre as substâncias adjuvantes com finalidade de correção do produto cosmético, pode-se mencionar: os corantes, conservantes e as fragrâncias. Corantes: estão presentes em produtos cosméticos quando o objetivo é possibilitar, modificar ou intensificar a cor que o produto se apresenta (FRANGIE et al, 2016). Podem estar presentes em diferentes produtos e em diferentes concentrações, de acordo com a finalidade de uso. Conservantes: são substâncias adicionadas aos cosméticos com o objetivo de melhorar a capacidade de conservação e, com isso, prevenir a deterioração do produto por um tempo maior (FRANGIE et al, 2016). Dentre os conservantes utilizados, eles podem possuir diferentes mecanismos de ação. Exemplos de conservantes são os agentes reguladores de Ph que atuam de modo a evitar a proliferação bacteriana; os agentes antioxidantes que atuam evitando a oxidação da formulação; e os foto protetores, que atuam reduzindo os efeitos da radiação solar sobre a conservação do produto. Fragâncias: são utilizadas com a finalidade de mascarar ou de neutralizar odores presentes no produto cosmético (FRANGIE et al, 2016). Dentre as opções de fragrâncias disponíveis atualmente nos cosméticos, destacam-se os óleos essenciais, vegetais, essenciais artificiais ou animais. Vale ressaltar que em alguns casos a fragrância pode ser também, além de uma substância adjuvante, um princípio ativo do cosmético, como nos casos dos perfumes (FRANGIE et al, 2016). Esses compostos são encontrados nos produtos cosméticos disponíveisno mercado. Atualmente, uma nova classe de formulações cosméticas também vem sendo encontrada no mercado e se tratam dos cosmecêuticos. Você já ouviu falar deles? 4 Formas farmacêuticas das formulações cosméticas Segundo Costa (2012), as formas farmacêuticas são consideradas o estado final de apresentação dos cosméticos, após o término da formulação. Para isso, podem possuir diferentes formas a fim de facilitar a manipulação e de obter o efeito terapêutico desejado, por meio de formas que tenham características adequadas ao uso do cosmético. Essas formas farmacêuticas podem ser classificadas em sólidas, semissólidas ou liquidas, de acordo com o estado final do produto. 4.1 Formas sólidas Nas fórmulas sólidas, encontram-se cosméticos em pó, em barra e em sticks. Os pós são formulações cujas substâncias se encontram no formato solido, mas com partículas pequenas que são mantidas secas, com pouca umidade. Exemplos de pós utilizados em cosméticos são o pó facial utilizado em maquiagem e os talcos. Os cosméticos em barra se encontram num formato sólido, de tamanhos variados. Um exemplo é o sabonete em barra. Os sticks, também chamados de bastões, são apresentações cosméticas semelhantes a barras, mas formuladas em tamanhos e em formatos específicos de acordo com o local de uso. Possuem em sua composição ceras e agentes oleosos, que garantem uma maior dureza ao produto, ao mesmo tempo em que garantem uma maleabilidade para não quebrarem facilmente durante o uso (RIBEIRO, 2010). Alguns batons e protetores labiais são encontrados na forma sólida de sticks. A figura, a seguir, mostra exemplos de formas de apresentação sólidas de cosméticos. Figura 8 - Exemplos de formas cosméticas sólidas Fonte: Shutterstock. #PraCegoVer: . Na figura, é possível visualizar um cosmético na forma de bastão, e, na sequência, um cosmético na forma de barra e, por último, um cosmético na forma em pó. 4.2 Formas semissólidas Pomadas, creme e gel são exemplos de formas de apresentação de cosméticos semissólidas. As pomadas são formulações semissólidas gordurosas, com base de hidrocarbonetos, ceras ou polióis. Isso possibilita que tenham característica solida, todavia, ao mesmo tempo, pela adição de componentes oleosos, permanecem com forma semissólida. São mais oleosas que os cremes, uma vez que possuem menor quantidade de água em sua formulação. Segundo Costa (2012), as pomadas, por possuírem pouca água em sua formulação, apresentam poucos problemas de estabilidade e de contaminação microbiana. No entanto, em relação aos atributos sensoriais, os cremes são mais bem aceitos pelos consumidores. Um exemplo de pomadas aplicada aos cosméticos, são as pomadas labiais. Em virtude de serem mais dificilmente espalhadas pela pele, as pomadas estão indicadas para cosméticos destinados ao tratamento de pequenas áreas da pele e, por possuírem capacidade oclusiva na pele, são formulações indicada para peles mais secas (FERREIRA, 2011). Os cremes são formas cosméticas muito comuns e se caracterizam por possuírem um ou mais ativos dissolvidos em uma base específica que garante a consistência. Dependendo da consistência dos cremes, eles podem ser chamados de sérum ou de loção cremosa. São consideradas formas emulsionadas muito utilizadas em cosméticos, em virtude de sua grande aceitabilidade pelo consumidor e pela facilidade de conter inúmeros princípios ativos (COSTA, 212). Os cremes são formas cosméticas emulsionadas, muito utilizadas em produtos cosméticos e cosmecêuticos. Além disso, eles possuem diversas outras finalidades, devido à grande aceitabilidade pelo consumidor e à facilidade de veicular diferentes substâncias ativas. Os géis possuem em sua estrutura um agente gelificante que garante consistência e firmeza ao produto cosmético. São predominantes compostos por água e por agente gelificante associados, sendo que dependendo da concentração do agente gelificante, as formulações em gel podem possuir diferentes consistências. São formas muito utilizadas nos cosméticos, pois permitem a veiculação de várias substâncias para cuidados com a pele (COSTA, 2012). A figura, a seguir, mostra exemplos dessas três formas de apresentação de cosméticos semissólidas. Figura 9 - Formas cosméticas semissólidas: creme, gel e pomada Fonte: Shutterstock. #PraCegoVer: A figura mostra exemplos de três formas cosméticas utilizadas em produtos cosméticos, os cremes, os géis e as pomadas. Conhecer as principais apresentações cosméticas das formulações semissólidas permite que o profissional de estética indique corretamente a melhor forma a seu cliente e possibilita que faça a utilização das formas mais adequadas nos tratamentos estéticos realizados. 4.3 Formas Líquidas Dentre as formas de apresentação de cosméticos líquidos, destacam-se: a espuma, a emulsão, a solução, os esmaltes e os xampus. As espumas são apresentações que se caracterizam por um grande volume de gás que se encontra disperso numa substância liquida, e que, pela ação de um agente propelente, tem a capacidade de gerar a produção de uma espuma. As formulações em espuma são utilizadas normalmente em cosméticos para limpeza facial, corporal ou ainda, em xampus. As emulsões são compostas por componentes aquosos e oleosos, associados a um emulsionante, de modo que esses componentes se misturem de maneira homogênea. De acordo com a viscosidade das emulsões, elas podem ser chamadas de cremes, quando possuem maior viscosidade, ou de loção, quando possuem menor viscosidade (COSTA, 2012). As formas de apresentação de cosméticos em solução consistem em cosméticos líquidos, com boa homogeneidade e de aspecto límpido, tendo como base solventes específicos, sendo que, de acordo com o solvente utilizado, as soluções podem ser alcoólicas, glicéricas, hidro alcoólicas ou aquosas. Esmaltes são também considerados formas de apresentação de cosméticos líquidos.Tratam-se de formulações liquidas que são aplicadas sobre as unhas, criando uma espécie de película sobre elas. Os xampus também são formas liquidas de cosméticos, nesse caso, destinados ao tratamento de cabelos. A formulação em xampu é feita com o uso de tensoativos que garante a função principal de higienizar os cabelos, mas pode ser utilizado também para veicular princípios ativos destinados ao tratamento do couro cabeludo. Segundo Costa (2012), são formas cosméticas utilizadas para tratamento de afecções capilares como queda e casos de seborreia, por exemplo. Além dessas formas de apresentação, podem ainda ser encontrados cosméticos em aerossol. Tais produtos possuem uma formulação embalada sob pressão específica, que inclui gás propelente e outras substâncias liberadas após a ativação de um sistema de válvulas (COSTA, 2012). Atualmente, as formas em aerossóis estão sendo utilizadas em produtos cosméticos antitranspirantes e em protetores solares. 5 Riscos associados ao uso de cosméticos As formulações cosméticas são utilizadas para limpar, perfumar, alterar a aparência, proteger ou corrigir odores da pele. Contudo, como agem diretamente com a pele, uma vez que atuam sobre o tecido cutâneo, interferindo e modificando a fisiologia e a química local, essas formulações podem interagir de maneira benéfica, ou em alguns casos, de maneira nociva nos tecidos (CHORRILI, SCARPA, CORREA, 2007). Nesses casos, após o uso da formulação cosmética, o cliente pode apresentar algum tipo de reação adversa. Essas reações ao uso de produtos cosméticos variam desde reações muito simples, como coceira na pele, eritema, mas podem evoluir para reações mais agressivas como formação de bolhas e queimaduras (CHORRILI, SCARPA, CORREA, 2007). 5.1 Reações adversas ao uso de formulações cosméticas Em geral, ao se utilizar formulações cosméticas é importante que o profissional esteja atento, sobretudo, à segurança no uso dessas formulações. Apesar de não ser desejável, há a possibilidade do surgimento de reações adversas ao uso de produtos
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