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Introdução: A bactéria Yersinia enterocolitica é pertencente à família Enterobacteriaccae e o seu gênero Yersinia inclui mais duas espécies de importância patogênicas para o homem, Yersinia pestis e Yersinia pseudotuberculosis. A Yersinia enterocolitica pode ser dividida em seis biotipos por conta das suas bioquímicas bastante variáveis (1A, 1B, 2, 3, 4, 5). As cepas de maior importância patogênica são 1B, 2, 3, 4, 5 enquanto o biotipo 1A é considerado ambiental e normalmente não tem relação com patogenia. Transmissão: A transmissão da bactéria se da via ingestão de comida ou água contaminadas e quanto isso os reservatórios (animais que alojam o agente sem ser prejudicado) são um fator de extrema importância e o principal deles são os suínos e inclui outros animais como javalis, ovinos, bovinos, aves, cães, gatos e peixes. Com base em Y. enterocolitica já foi identificada em leite e produtos lácteos, carne crua (bovina, suína e cordeiro), aves, ovos, vegetais, sucos, brotos de feijão, frutos do mar e cogumelos cozidos. Em miúdos suínos são detectadas de 67% a 83% de amostra positiva para a bactéria e 10% a 47% em carne suína crua e moída. Foi identificado que o corte com mais contaminação é a carne da bochecha de suínos. Epidemiologia: No Brasil não há dados oficiais de yersinose em humanos. O patógeno é considerado emergente devido ao aumento no número de casos identificados nos últimos anos. No ano de 2016 ela foi a terceira zoonose de origem alimentar mais comum na União Europeia. No manual de doenças transmitidas por alimentos organizado pela Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar em 2003 relatava cerca de 17 mil casos por ano nos Estados Unidos mas em 2016 de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA foi estimado aproximadamente 117mil casos de yersinose, 640 hospitalizações e 35 mortes por ano. http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/a http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/bacterias/2013yersi_entero.pdf reas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/bacterias/20 13yersi_entero.pdf https://www.cdc.gov/yersinia/index.html Fatores de virulência: Os fatores de virulência produzidos por cepas pertencentes a biotipos patogênicos (1B e 2 a 5) são determinados pela presença de genes cromossômicos e de um plasmídeo denominado pYV. Esse plasmídeo não é encontrado no biotipo 1ª Plasmídeo pYV Tem uma função de codificar o sistema de secreção do tipo III translocando proteínas conhecidas como Ysc e Yops da celula bacteriana para o citoplasma das células hospedeiras. As Yops são proteínas externas que agem contra o sistema imunilógico impedindo a fagocitose pelos macrófagos. Além disso o pYV produz adesina YadA (Yersinia adhesina A), uma proteína de membrana externa que permite a adesão às células hospedeiras que permite a invasão ligando-se a moléculas da matriz extracelular sendo um importante fator de colonização, além de proteger as bactérias contra a morte mediada pelo sistema complemento. Gene Ail (attachment invasion locus) Codifica uma proteína de membrana externa que ajuda na adesão, invasão e resistência a lise mediada pelo sistema complemento, esse gene é encontrado apenas em cepas patogênicas. Gene yst Codifica uma enterotoxina estável de Yersinia que ativa a forma particulada de guanilato ciclase aumentando a quantidade de monofosfato de guanosina cíclico (cGMP) no intestino que exerce um papel importante na regulação da homeostase intestinal de eletrólitos e líquidos o que causa a diarreia. Gene inv (invasion) http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/bacterias/2013yersi_entero.pdf http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/bacterias/2013yersi_entero.pdf https://www.cdc.gov/yersinia/index.html É altamente conservado, está presente no cromossomo de todas as cepas de Y. enterocolitica porem só é expresso em bio-sorotipos patogênicos. Ele é responsável por codificar a invasina, a proteína de membrana ext. que é necessária para a translocação eficiente de bactérias através do epitélio intestinal. A invasina é importante para colonização e internalização nas células hospedeiras. Gene hreP É um gene específico da espécie Y. enterocolitica. Ele codifica uma protease bacteriana de tipo subtilisina que exerce influência sobre proteínas das células do hospedeiro, inclusive as do sistema imune e por isso é necessária para a virulência total de Y. enterocolitica. Fimbrias São sintetizadas na superfície bacteriana e recebem o nome de mucoide Yersinia fibrillae (myf). As fimbrias conferem aspecto mucoide a celula bacteriana e só são expressas a 25˚C. Captação de Ferro Existem dois métodos para captação de ferro pela Y. enterocolitica. Através de moléculas quelantes de ferro, sideróforos, ou utilizando as moléculas de ferro ligadas à proteína heme. Os sideróforos quelam o ferro ligado a proteínas eucarióticas e transportam para receptores específicos na membrana externa bacteriana e liberando o ferro dentro do citoplasma. A bactéria pode sintetizar os sideróforos (endógenos) ou utilizados do meio externo (exógenos). Entre os endógenos o yersinóforo que é sintetizado apenas por Y. enterocolitica de alta virulência e codificado no locus do cromossomo denominado ilha de alta patogenicidade-HPI Lipopolissacarídeo (LPS) É um componente importante de bactérias Gram-negativas, compõe a parte mais externa da parede celular e tem a função de proteger as células dos fatores ambientais. Constituído basicamente de lipídio A, que é responsável pelo efeito endotóxico do LPS, e pela cadeia polissacarídica externa, que constitui a região antigênica “O” sendo esta a parte imunologicamente dominante da célula. Antígeno O Um fator de virulência essencial que está envolvido na colonização e invasão das células entéricas, e entre outras funções, desempenha um papel importante na resistência ao soro. E devido as cadeias somáticas alongadas(O) o LPS pode ocultar proteínas associadas a virulência.
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