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AO JUÍZO DA __ VARA DO TRABALHO DE VITÓRIA-ES 
 
 
 
 
 
MARIA ANTÔNIA LIMA SILVA, brasileira, solteira, vendedora, 
residente em São Luís/MA, vem perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado, 
infra-assinado e devidamente constituído, nos termos do art. 840, §1º da CLT, PROPOR 
a presente 
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA PELO RITO ORDINÁRIO 
em face de SPORTS SHOP, pessoa jurídica de direito privado, com sede na 
Rua vinte mil na cidade de Vitória/ES, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
I – DOS FATOS 
A Reclamante foi contratada pela Reclamada, para exercer função de 
vendedora. Recebia mensalmente 1 (um) salário mínimo mensal, realizando uma jornada 
das 07h30min às 17h, com 1 hora de intervalo, de segunda à sábado. A relação laboral 
permaneceu no período de 21/08/2017 a 19/12/2021, quando foi dispensada sem justa 
causa. 
No último trabalhado, houve uma Convenção Coletiva de trabalho da 
categoria que a Reclamante pertence, estipulando o piso salarial de R$ 1.500,00 (um mil 
e quinhentos reais), porém, a Reclamada fizera um acordo coletivo estipulando que o piso 
salarial seria de R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), correspondente a um salário 
mínimo. 
A Reclamante também observou que nos seus contracheques havia o 
lançamento de desconto de INSS e de 6% do vale-transporte, contudo, evidencia-se que 
a Reclamada oferecia transporte próprio. 
 Ocorre, Excelência, que muitos de seus direitos não eram observados pela 
Reclamada, tal como: o não recebimento das verbas rescisórias, razão pela qual propõe a 
presente reclamação trabalhista. 
 
II – DAS PRELIMINARES 
– DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
De acordo com o §3º do art. 790 e 790-A da CLT, deve ser concedido a 
Reclamante os benefícios da justiça gratuita, pois a mesma encontra-se desempregada, 
não podendo, portanto, arcar com as despesas da presente ação. 
Nesse sentido, o Código de Processo Civil também prevê a gratuidade da 
justiça nos termos do art. 98: 
 
III – DO DIREITO 
- DAS VERBAS RESCISÓRIAS 
1. DO SALDO DE SALÁRIO 
O saldo de salário é uma verba trabalhista referente ao número dos dias e 
horas trabalhadas que o empregado trabalhou no mês da rescisão do contrato de trabalho. 
Este é um direito do trabalhador em qualquer hipótese de rescisão do contrato de trabalho, 
previsto no art. 64 da CLT, senão vejamos: 
(artigo) 
No caso em tela, a Reclamante fora demitida no dia 19 de dezembro de 2021, 
sendo assim, no período de 01/12/2021 a 19/12/2021, há 16 (dezesseis) dias trabalhados. 
O cálculo base do saldo de salário do mensalista deverá ser feito dividindo o 
salário base por 31 (trinta e um) e multiplicando o resultado pelo número de dias 
trabalhados no mês da rescisão, sendo assim, a Reclamante recebera o valor mensal de 
R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais) e contém 16 (dezesseis) dias trabalhados, portanto, 
faz jus a R$ 619,35 (seiscentos e dezenove reais e trinta e cinco centavos). 
Nesse sentido, requer-se que a Reclamada seja condenada ao pagamento do 
saldo de salário pelos dias trabalhados no mês da rescisão do contrato de trabalho, ou seja, 
ao pagamento de R$ 619,35 (seiscentos e dezenove reais e trinta e cinco centavos). 
 
2. DAS FÉRIAS VENCIDAS E PROPORCIONAIS + 1/3 
A Reclamante tem a receber a diferença de suas férias proporcionais, 
conforme dispõe o artigo 7° inciso XVII da Constituição Federal/88, assim como também 
dispõe fundamentalmente nos artigos 129 a 153 da CLT, já que as férias proporcionais 
são devidas nas dispensas sem justa causa. 
(Artigo) 
(Súmula) 
Outrossim, a Reclamante faz jus ao recebimento das férias vencidas de 1/3, 
pois todo empregado terá direito ao gozo de um período de férias anualmente sem 
prejuízo a remuneração artigo 130 da CLT. 
Diante o exposto, requer-se o pagamento das férias vencidas acrescidas de 
1/3 constitucional, e pagamento de férias proporcional acrescido de 1/3 constitucional. 
(cálculo) 
3. DO PAGAMENTO DO 13° SALÁRIO PROPORCIONAL 
Adiante, vale ressaltar que o salário é a contraprestação paga pelo empregador 
ao empregado, em decorrência do contrato de trabalho, devendo ser pago após a prestação 
do serviço realizado, de acordo com a modalidade contratada (por mês, quinzena, semana 
etc.). Além disso, o salário deve ser pago periodicamente, normalmente, em módulo não 
superior a um mês, conforme o art. 459, CLT, in verbis: 
Art. 459 - O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, 
não deve ser estipulado por período superior a 1 (um) mês, salvo no que 
concerne a comissões, percentagens e gratificações. 
Neste seguir, imperioso observar a existência do décimo terceiro salário, 
guindado à condição de direito constitucionalmente assegurado aos trabalhadores, nos 
termos do art. 7º, VIII, CF. Vejamos: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: 
[...] 
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no 
valor da aposentadoria; 
Tal gratificação consiste no pagamento equivalente à remuneração devida no 
mês de dezembro, como resta disposto no art. 1º da Lei n 4.090/1962 e em seu parágrafo 
§ 1º, verbis: 
 Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, 
pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da 
remuneração a que fizer jus. 
 § 1º - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida 
em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente. 
Ocorre que, durante a continuidade da relação trabalhista, poderá haver a 
ruptura do contrato, a qualquer tempo, por qualquer uma das partes, antes mesmo que o 
empregado venha a receber o 13° salário pelo período completo de trabalho realizado. 
Nesses casos, deve ser pago ao empregado o valor proporcional ao período trabalhado 
por ele, tendo direito, assim, ao 13° salário proporcional, conforme disposto no artigo 3° 
legislação supracitada. Verbis: 
 Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de trabalho, o 
empregado receberá a gratificação devida nos termos dos parágrafos 1º e 2º do 
art. 1º desta Lei, calculada sobre a remuneração do mês da rescisão. 
Dessa maneira, resta evidente que no último ano da execução de suas 
atividades laborais, a Reclamante trabalhou até o dia 19 de dezembro de 2021 - quando 
foi dispensada sem justa causa -, isto é, trabalhou 11 (onze) meses e 16 (dezesseis) dias, 
sendo devido, então, o 13° salário proporcional referente a esse período de trabalho 
realizado. 
Diante do exposto, requer-se o pagamento do 13° salário proporcional, no 
valor de R$ 1.200 (um mil e duzentos reais), pelos 12 (doze) meses incompletos 
trabalhados antes da ruptura contratual, ressalvados os descontos referentes ao INSS. 
4. DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO 
 Atendendo ao fato de que a dispensa da Reclamante fora feita sem justa causa, 
evidenciasse o surgimento do aviso prévio indenizado, prorrogando o término do contrato 
para o mês de janeiro de 2022, tendo em vista que o §1º do at. 487 da CLT estabelece que 
a não concessão do aviso prévio pelo empregador dá direito ao pagamento dos salários 
do respectivo período, na qual irá se integrar, para todos os fins legais, ao seu tempo de 
serviço. 
 Tendo isso exposto, o período de aviso prévio indenizado será de 42 (quarenta e 
dois) dias de tempo de serviço, com fulcro no art.10, §1° da Lei 12506/11, contados a 
partir de Agosto de 2017. 
 A Reclamante faz jus, portanto, ao recebimento de Aviso Prévio Indenizado. 
 Seguem os cálculos: 
 Salário Total: R$ 1.200,00 / 30 (dias) = R$ 40,00 
 R$ 40,00 x 42 (dias) = R$ 1.680,00 
 Portanto, requer-se o pagamento do valor de R$ 2.100,00 (dois mil e cem) 
referente ao Aviso Prévio Indenizado. 
5. DO FGTS + MULTA DE 40% 
O Fundo de Garantia do Tempo e Serviço (FGTS) é um instrumento criadopara proteger o trabalhador demitido sem justa causa, faz parte das verbas rescisórias 
devidas ao empregado e corresponde a 8% (oito por cento) do salário de cada empregado. 
A multa rescisória de 40% sobre o saldo do FGTS deve ser aplicada ao 
empregado que possui carteira assinada e é dispensado sem justa causa, no presente caso, 
a Reclamante foi demitida sem justa causa, sendo assim, faz jus ao saque do seu FGTS 
que fora recolhido acrescido da multa de 40%. 
Reforça-se, nesse sentido, as jurisprudências abaixo: 
(jurisprudência) 
 
6. DAS HORAS EXTRAS 
A Reclamante, como já dito outrora, tinha como jornada contratual das 07:30 
às 17:00, com 1 (uma) hora de intervalo, de segunda à sábado. 
Sabe-se que a jornada de trabalho deve ser de 8h por dia, segundo o art. 58 da 
CLT: 
(artigo) 
 Contudo, a Reclamante saía da sede da Reclamada em torno das 17:00, 
durante todos os dias da semana e aos sábados também, ou seja, durante os 6 (seis) dias 
da semana, trabalhava 30 minutos a mais do que deveria ser a jornada habitual. 
Destarte, como restará provado em sede de instrução processual, faz jus a 
Reclamante à percepção do pagamento horas extras, equivalente a 3h semanais, referente 
a toda a relação laboral havida entre as partes, acrescido de 50% sobre a hora normal, 
conforme dispõe o parágrafo 1º do artigo 59 da CLT, senão vejamos: 
(artigo) 
Nesse sentido, a Reclamante tem direito a: 
(cálculo) 
Reforça-se, através dos entendimentos jurisprudenciais: 
(jurisprudências) 
 
 
7. DA IRREGULARIDADE DO DESCONTO DE 6% DO VALE-TRANSPORTE 
Sendo um benefício que o trabalhador recebe antecipadamente para 
utilização no deslocamento ao local de trabalho, a cobrança do vale-transporte tem suas 
exceções nas relações de trabalho. A Lei 7.418/1985 estabelece que o mesmo deve ser 
usado exclusivamente para este fim. 
 
Art. 1º Fica instituído o vale-transporte, que o empregador, pessoa 
física ou jurídica, antecipará ao empregado para utilização efetiva 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10759812/parágrafo-1-artigo-59-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10759850/artigo-59-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolidação-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
em despesas de deslocamento residência-trabalho e vice-versa, 
através do sistema de transporte coletivo público, urbano ou 
intermunicipal e/ou interestadual com características semelhantes 
aos urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou 
permissão de linhas regulares e com tarifas fixadas pela 
autoridade competente, excluídos os serviços seletivos e os 
especiais. 
 
Durante o período da relação de emprego, a reclamante teve descontado do 
seu salário os 6% do vale transporte, o valor da parcela equivalente ao salário recebido. 
No entanto a empresa reclamada fornecia transporte próprio, o qual era utilizado pela 
reclamante. Perdendo assim, o direito de efetuar o desconto no salário, uma vez que não 
está fornecendo vale-transporte. 
A empresa reclamada, ao fornecer o transporte ao empregado, recebe 
benefícios fiscais. Os benefícios fiscais da lei 7.418/85 quando da sua publicação, eram a 
dedução das despesas com vale-transporte do imposto de renda devido (art. 3º e parágrafo 
único – revogados pela lei 9.532/97) a não configuração do vale-transporte como salário 
ou remuneração (desde que atendidos os requisitos da lei), bem como a não incidência de 
contribuição previdenciária e FGTS (art. 2º, a e b da lei). Tais benefícios foram 
assegurados também ao empregador que, embora não fornecendo o vale-transporte, 
fornecesse transporte ao trabalhador, por meios próprios ou contratados, conforme 
disposto no art. 8º da lei e conforme constou também do art. 33 do Decreto 95.247/1987. 
Impondo assim, a irregularidade da cobrança do vale-transporte no contracheque da 
reclamante, sendo devido o ressarcimento do valor que fora descontado do salário da 
Reclamante. 
III- DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência: 
a) Preliminarmente a concessão e o deferimento da justiça gratuita nos termos dos 
arts. 790 e 790-A da CLT e no art. 98 do CPC; 
b) Requer-se que a Reclamada seja notificada para responder a ação no prazo legal; 
c) A condenação da Reclamada ao pagamento do saldo de salário pelos dias 
trabalhados no mês da rescisão do contrato de trabalho no valor de R$ 619,35 
(seiscentos e dezenove reais e trinta e cinco centavos), nos termos do parágrafo 
único do art. 64 da CLT; 
d) A condenação da Reclamada ao pagamento das férias vencidas e proporcional + 
1/3; 
e) Ademais, requer-se, ainda o pagamento do valor referente ao 13° salário 
proporcional, no montante de R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), com arrimo 
nos artigos 1° e 3° da Lei n 4.090/1962. 
f) A realização dos depósitos do FGTS de todo o período trabalhado acrescido de 
multa de 40% a título de indenização; 
g) A condenação da Reclamada ao pagamento de horas extras + 50%; 
h) A condenação da Reclamada ao pagamento do valor de R$ 1.680,00 (mil 
seiscentos e oitenta reais), referentes ao Aviso Prévio Indenizado, com fulcro no 
§1º do at. 487 da CLT; 
i) Requer, ainda, o ressarcimento dos descontos referidos ao vale-transporte. 
DAS PROVAS 
Protesta-se por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial os depoimentos 
testemunhais, provas testemunhais, documentais e periciais. 
VALOR DA CAUSA 
Dá-se à presente, para fins de distribuição, o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). 
 
 
Nestes Termos, 
Pede Deferimento. 
 
Vitória/ES, 31 de março de 2022. 
OAB/ADVOGADO

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